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Wa2 - Ciências Contábeis - Contabilidade e Planejamento Tributário

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Wa2 - Ciências Contábeis - Contabilidade e 
Planejamento Tributário 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E FORMAS DE TRIBUTAÇÃO 
Unidade 2 
Introdução 
Vamos estudar, neste momento, a tributação nas esferas municipal, estadual e federal. Para isso, relembraremos o 
que é imposto. 
Vamos buscar o conceito para responder ao nosso questionamento no artigo 16 do Código Tributário Nacional, Lei n. 
5.172, de 25 de outubro de 1966, o qual trata das disposições gerais, com a seguinte redação: “Art. 16. Imposto é o 
tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal 
específica, relativa ao contribuinte”. 
A cobrança dos impostos e a sua respectiva competência e autonomia são estipuladas pela Constituição Federal de 
1988, através dos seus artigos, sendo que cabe à União, no artigo 153, instituir os impostos sobre importação e 
exportação, tanto de produtos nacionais, quanto de produtos nacionalizados, disciplinar impostos sobre a renda ou 
proventos independente de sua natureza, se posicionar quanto aos impostos dos produtos que forem industrializados, 
cuidar das operações de câmbio, dos títulos e de valores mobiliários, assim como as respectivas operações de crédito, 
os seguros, atribuir impostos aos proprietários de terras que se encontrem em áreas rurais, entre outros, como, por 
exemplo, a incidência sobre as grandes fortunas. 
Em consonância com o artigo 155, é de competência dos Estados e do Distrito Federal estabelecer impostos quanto à 
transmissão de causa mortis e doações, disciplinar quanto às operações envolvendo a circulação de mercadorias, 
inclusive no que se refere à prestação de serviços de transporte, tanto o interestadual quanto o intermunicipal, 
prestação de serviços de comunicação e as operações vinculadas ao mercado internacional, instituir os impostos e 
valores a serem cobrados dos contribuintes proprietários de veículos automotores. 
Questão para reflexão: Quando estudamos a competência tributária dos entes federativos nos deparamos com o 
ICMS, que é um imposto de competência dos Estados e do Distrito Federal. Neste sentido, o que vem a ser o 
diferencial de alíquotas? 
Quando nos referimos às Leis Complementares, quanto à competência dos Estados e ao Distrito Federal, cabe, ainda, 
identificar seus contribuintes, se pronunciar quanto à substituição tributária, como proceder em casos de compensação 
de impostos, delimitar a área de atuação quanto às operações de circulação de mercadorias ou prestações de 
serviços, tratar das regras e regulamentar quanto a isenções, ou incentivos concedidos, assim como benefícios fiscais, 
como também, se for o caso, a sua revogação, entre outras regulamentações necessárias quanto aos assuntos de sua 
competência. 
 E agora, o quê está faltando? 
Os municípios, tratados no artigo 156 da Constituição Federal de 1988, quanto à cobrança de seus impostos, tratando 
da sua competência e autonomia, determinando a forma e os valores de cobrança quanto ao IPTU vinculado à 
propriedade predial e territorial urbana levando em consideração as alíquotas diferenciadas quanto à localização e o 
tipo de uso do imóvel. Cada município disciplinando logicamente as suas condições e critérios, bem como o imposto de 
transferência de propriedade de forma “inter vivos”, estipular o valor dos impostos sobre os serviços de qualquer 
natureza quanto ao ISS ou ISSQN, entre outros. 
1. Formas de Tributação 
Agora chegou a hora de estudarmos as formas de tributação nas quais as empresas podem ser tributadas. Temos 
algumas opções para optar na hora de decidirmos em termos de tributação da pessoa jurídica, lembrando, é claro, das 
limitações impostas pela lei, as quais nós estaremos estudando nos tópicos logo abaixo – ok?! 
Legal.... Então vamos lá... 
Começaremos com a tributação conhecida como Lucro Real, a qual se apresenta em duas formas distintas, anual e 
trimestral, acompanhe: 
 
1.1 Lucro Real Anual 
As empresas que vendem acima de R$ 78.000.000,00 são obrigadas a tributar pelo lucro real. Esse regime tributário 
exige que a empresa tenha uma contabilidade bem executada em relação às contabilizações de receitas e despesas. 
O lucro contábil não é o que vai ser tributado pelo chamado Imposto de Renda e Contribuição Social, esses são dois 
impostos federais. O lucro contábil é ajustado pelas adições que são despesas não dedutíveis e diminuídas pelas 
receitas tributadas anteriormente e outras permitidas em lei, chamadas de exclusões do lucro contábil, e também tem 
as compensações. 
Esse regime exige um bom contador, para que não se tribute além do que a lei exige. A empresa vai antecipando 
mensalmente o Imposto de Renda por estimativa, que é um cálculo que leva em conta o faturamento. No final do ano 
temos o balanço anual, calculando o Lucro Real e descontando o que você já pagou por estimativa mensalmente. 
 
1.2 Lucro Real Trimestral 
No Lucro real trimestral, o Imposto de Renda e a Contribuição Social são calculados com base no balanço apurado 
no final de cada trimestre. 
O lucro real do trimestre não pode ser totalizado (acumulado) ao prejuízo fiscal de trimestres futuros, ainda que dentro 
do mesmo ano civil. O prejuízo fiscal de um trimestre só poderá deduzir a título de compensação, respeitando o limite 
de 30% do lucro real dos trimestres seguintes ao ocorrido. Cada trimestre é como se fosse um ano. 
 
1.3 Lucro Presumido 
No Lucro Presumido, de acordo com o art. 223, do RIR/1999, o lucro presumido pode ser definido da seguinte forma: 
Lucro Presumido é o montante determinado pela soma do valor resultante da aplicação dos preceitos fixados pela 
legislação em vigor, sobre a receita bruta de cada atividade, auferidos em cada período de apuração trimestral, mais os 
ganhos de capital, os rendimentos e os ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras e demais valores 
determinados pela lei e auferidos no mesmo período. Lucro Presumido é uma forma de arrecadação que tem a 
finalidade de facilitar o pagamento do Imposto de Renda. 
Todas as pessoas jurídicas podem optar pelo Lucro Presumido, salvo aquelas sujeitas à apuração pelo Lucro Real. 
Entretanto, para cercar-se de que esse é o melhor regime de tributação para a empresa, se faz necessário realizar 
simulações projetadas. Basta lembrar que se a empresa possua valores consideráveis de despesas dedutíveis para a 
apuração do IRPJ, é muito provável que o lucro real seja mais econômico que o lucro presumido. 
A seguir temos um quadro da presunção de lucro por ramos de atividade: 
Quadro 2.1 – Demonstrativo dos Percentuais de Presunção por Atividades 
 
1.4 Lucro Arbitrado 
Já no Lucro Arbitrado, este é assunto do art. 47 da Lei nº 8.981/95, enumerando as hipóteses em que o lucro da 
pessoa jurídica será arbitrado. A escrituração imprestável, não apresentação de livros comerciais e fiscais, não 
apresentação de arquivos ou sistemas de escrituração, não apresentação de Livro Razão, não escriturar ou não 
apresentar os livros ou registros auxiliares. 
O parágrafo segundo do art. 21 da Lei nº 8.541, de 1992, veio dispor excepcionalmente, nos casos fortuitos ou de força 
maior, como definido na lei civil e, devidamente comprovados, a pessoa jurídica poderá calcular o imposto sobre a 
renda com base no lucro arbitrado. 
No arbitramento de lucro de empresa comercial, por exemplo, será aplicado o percentual de 9,6% sobre a receita bruta, 
que corresponde a 8% mais 20% de 8%. São majoradas as alíquotas do Lucro Presumido em 20% com penalidade por 
não ter escrituração regular. 
1.5 Simples Nacional 
O Simples Nacional é um Regime Especial Unificado de Arrecadação de Impostos e Contribuições devidos pelas 
Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), a partir de 1º de julho de 2007, de acordo com a Lei 
Complementar n. 123, de 2006. Foram estabelecidas normas gerais relativas ao tratamentodiferenciado e favorecido a 
ser dispensado às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte no âmbito dos poderes da União, dos Estados, do 
Distrito federal e dos Municípios, especialmente no que se refere à apuração e recolhimento dos impostos e 
contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, 
inclusive obrigações acessórias, bem como ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive 
obrigações acessórias, e ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e 
serviços pelos poderes públicos, à tecnologia, ao associativismo e as regras de inclusão. 
 A Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006) instituiu o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e 
Contribuições devidos pelas microempresas e empresas de pequeno porte, também conhecido como Simples 
Nacional, que, a partir de 1º de julho de 2007, substituiu o Simples da Lei nº 9.317/1996 (BRASIL, 1996). 
Questão para reflexão: Como são definidas as obrigações fiscais acessórias e quem são os sujeitos passivos delas? 
Figura 2.1 – Objetivos do Simples Nacional 
 
Fonte: CGSN (2008) 
O Simples Nacional é um regime de arrecadação, de caráter facultativo para o contribuinte, que implica o recolhimento 
mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições devidos por 
microempresas ou empresas de pequeno porte (Art. 13, Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006). 
Figura 2.2 – Impostos arrecadados 
Fonte: CGSN (2008). 
Abrangência do Simples Nacional 
O Simples Nacional é um regime facultativo para o contribuinte. Mesmo que a empresa esteja enquadrada na condição 
de ME e EPP, ela pode decidir não fazer a opção pelo Simples Nacional. Se a empresa fizer a opção pelo Simples 
Nacional, ela vale para o ano todo, só podendo ser modificada no ano seguinte. 
Figura 2.3 – Abrangência do Simples Nacional 
 
Fonte: CGSN (2008). 
 
Consideram-se microempresas (ME) ou empresas de pequeno porte (EPP) a sociedade empresária, a sociedade 
simples e o empresário a que se refere o art. 966 do Código Civil Brasileiro, devidamente registrados no Registro de 
Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: 
1. no caso das ME, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita 
bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); 
2. no caso das EPP, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita 
bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três 
milhões e seiscentos mil reais). 
No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, as empresas deverão observar o limite da receita bruta 
proporcional ao número de meses do ano em que exerceu atividade comercial, ou seja, de R$ 300.000,00 (trezentos 
mil reais), multiplicado pelo número de meses compreendido entre o início da atividade e o final do respectivo ano-
calendário, consideradas as frações de meses como um mês inteiro.Caso a receita bruta acumulada no ano-calendário 
de início de atividade, obtida pelas operações comerciais realizadas no mercado interno ou em exportação de 
mercadorias, for superior a R$ 300.000,00, multiplicados pelo número de meses do período, a EPP estará 
automaticamente excluída do Simples Nacional; desta forma, ela deverá pagar a totalidade ou a diferença dos tributos 
devidos de conformidade com as normas gerais de incidência, com efeitos retroativos ao início de atividade (Lei 
Complementar nº 123/06, art. 3º, § 10) (BRASIL, 2006). 
Não podemos esquecer que a referida exclusão não retroagirá ao início de atividade se o excesso verificado em 
relação à receita bruta acumulada não for superior a 20% do limite referido, nesta condição os efeitos da exclusão 
somente irão ocorrer a partir do ano-calendário subsequente. (Lei Complementar nº 123/06, art. 3º, § 12). 
Vamos a um exemplo, acompanhe: 
Determinada empresa comercial deu início a suas atividades em 01/01/2015. Sua atividade principal é comércio 
varejista de roupas, e obteve o seguinte faturamento no seu início de atividade: 
Receita bruta de jan/2015 = R$ 30.000,00 
Para verificarmos o enquadramento no Simples, anualizamos o faturamento mensal: 
R$ 30.000,00 x 12 meses = R$ 360.000,00 
Alíquota a ser aplicada (Anexo I) = 5,47% 
Imposto a recolher, competência jan/2014 = R$ 30.000,00 x 5,47% = R$ 1.641,00. 
 
 
Atenção 
Na hipótese de início de atividade no ano-calendário imediatamente anterior ao da opção, deverá ser 
observado o limite da receita bruta anual de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), multiplicados pelo número de 
meses no período. 
Considera-se receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos 
serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, excluídas as vendas canceladas e os descontos 
incondicionais concedidos (BRASIL, 2006). 
Resumo 
Nesta unidade de estudo aprendemos sobre a competência tributária, vimos que a Constituição Federal de 1988 atribui 
a competência tributária à União, Estados, Distrito Federal e Municípios de instituírem e administrarem seus tributos. 
Estudamos também sobre os regimes de tributação nos quais as pessoas jurídicas podem ser tributadas, ou seja, as 
empresas podem optar por um destes regimes tributários de acordo com a sua atividade empresarial e também quanto 
ao seu faturamento. Os regimes tributários são lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado e Simples Nacional, cada um 
com suas características, formas de tributação e também com suas obrigações acessórias. 
Para Fazer 
Vamos regionalizar um pouco? 
Agora que aprendemos muito sobre o planejamento tributário, convoco para um trabalho de campo. Você terá que 
escolher três empresas de sua cidade ou região, de preferência do mesmo ramo de atividade, e entrevistar os seus 
proprietários com as seguintes indagações: 
1 - Qual o regime tributário de sua empresa? 
2 - Você sabe o que vem a ser planejamento tributário? 
3 - Sua empresa realiza planejamento tributário? 
4 – Qual a importância da contabilidade para sua empresa?

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