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Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia EMPREENDEDORISMO Gabriela de Andrade Vieira* Júlia Maria Holanda Almeida** Maria Tatiana Peixoto*** Maria Clara Alves**** RESUMO O empreendedorismo consiste em um ramo que atualmente ganha espaço no amplo comércio, e tem sido bastante explorado por jovens empresários que buscam uma maneira criativa de se inserir no mercado. Com isso, o trabalho a seguir tem por finalidade a pesquisa, a busca por critérios que destaquem todo o processo do que seja empreender. Traz uma definição do que seja este termo, além de uma analise histórica que nos permite analisar minuciosamente todo o processo de evolução do empreendedorismo até os dias atuais, pretende ainda anali- sar os aspectos que um empreendedor possui suas habilidades, perfil e características. Além de ressaltar as diferenças e as semelhanças entre o administrador e um empreendedor. Sendo assim, nota-se o quão este ramo vem evoluindo ao longo de todos esses anos, ganhando re- conhecimento e começando a ser visto com o grau de importância que lhe é devido. Pode chegar a assemelhar-se em alguns aspectos com a administração, no entanto deve-se ressal- tar que não são em sua totalidade sinônimos, pois apresentam algumas divergências entre si, o empreendedor é um administrador, mas os empreendedores são mais visionários do que os administradores. Conclui-se dessa forma que o empreendedor possua habilidades que fazem jus ao trabalho que se dedicam e executam com grande habilidade. Palavras-Chave: Empreendedorismo, Criatividade, Administrador, Espírito Empreendedor. 1. INTRODUÇÃO O assunto empreendedorismo tem sido muito estudado atualmente, sendo alvo de mui- tas publicações de autores tanto brasileiros quanto estrangeiros, porem pouco ou nada diferem a conceituação desse termo de um para o outro. Apesar de o termo empreendedorismo estar em constante estudo nas ultimas décadas, segundo Hashimoto (2006, p.1) “há muitos anos atrás autores já tentavam conceitua-lo o primeiro uso do termo “empreendedorismo” foi regis- trado por Richard Cantillon, em 1755, para explicar a receptividade ao risco de comprar algo * Acadêmica do 2º período do curso de Administração UERN/CAMEAM, e-mail: gaby.rsb@gmail.com ** Acadêmica do 2º período do curso de Administração UERN/CAMEAM, e-mail: juliamelo9214@hotmail.com ***Acadêmica do 2º período do curso de Administração UERN/CAMEAM, e-mail: tatiana.adm@gmail.com ****Acadêmica do 2º período do curso de Administração UERN/CAMEAM, e-mail: clara_life@hotmail.com por um determinado preço e vende-lo em um regime de incertezas”. Em contra partida Dorne- las (2005, p. 29-30), em relação ao primeiro uso da palavra empreendedorismo pode ser credi- tado a Marco Polo, que tentou estabelecer uma rota comercial para o Oriente. Segundo Dornelas (2005, p. 39) empreendedorismo “É o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades”. Empreen- dedorismo surge do empreendedor, onde o mesmo seria o indivíduo que apresenta determina- das habilidades e competências para criar, abrir e gerir um negócio, gerando resultados positi- vos. Os empreendedores possuem características marcantes conhecidas também por com- petências e habilidades que os diferenciam das demais pessoas, tais como: a busca de oportu- nidades, iniciativa, persistência, corre riscos calculados, comprometimento, busca informa- ções sobre o negócio, estabelece metas, planeja e monitora o seu trabalho, sabe persuadir, possui autoconfiança, busca alcançar a independência, tem paixão pelo que faz e tem espirito de liderança. As razões pessoais que levam uma pessoa a ser empreendedora normalmente são as mesmas entre os que decidem investir o seu capital em um sonho planejado, dentre elas é de relevante importância destacar o desejo de ser seu próprio patrão e a vontade de conquistar prosperidade e independência financeira. Quando o empreendedorismo ganhou força no Brasil, isso por volta de 1990, às condi- ções para criação de pequenas e novas empresas principalmente por conta do ambiente politi- co e econômico não eram nada favoráveis, pois o ambiente para pequenos negócios era hostil não havia incentivos para sua criação e manutenção dava-se importância apenas a grandes empresas. Por conta das dificuldades enfrentadas tomou força no Brasil o mito do empreendedor “herói” que se mantem até os dias atuais, seria aquele que iria enfrentar as grandes empresas em um ambiente desfavorável para abertura de pequenos negócios. “A visão de “herói” faz muito sentido ao designar os empreendedores brasileiros, pois conseguiram sobrepujar as dificuldades de se iniciar um empreendedorismo próprio sem o menor apoio ou incentivo, apenas com uma ideia na cabeça e muita disposição, tanto para aprender quanto para trabalhar e até mesmo para falhar e, em muitos casos, recomeçar. Lidar com a falta de credibilidade, lutar contra a inércia do passado, ter paciência para enfrentar os entraves da burocracia de abrir uma empre- sa, obter recursos financeiros, trabalhar com o mínimo de infra-estrutura, depender de clientes e fornecedores, aprender a administrar um negócio na base da tentativa e erro, tudo sempre da maneira mais difícil (HASHIMOTO, 2006, p. 5-6)”. Desde o surgimento do termo até os dias atuais os empreendedores são frequentemente confundidos com os administradores, normalmente por serem analisados meramente do ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, sempre objetivando o lucro. 2. SURGIMENTO DO EMPREEDEDORISMO: CONTEXTO E DEFINIÇÃO Muito se fala em empreendedorismo atualmente, mas apesar de se discutir este assunto muitas pessoas ainda não conseguem definir o que é ser um empreendedor. Este fato pode se dar através das diversas concepções ou por ser um assunto novo, tendo em vista que se popu- larizou no Brasil, apenas, a partir da década de 90. Empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades, e a perfeita implementação destas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso. No Brasil os principais motivos pelos quais esse assun- to vem se destacando é, além da preocupação com a criação de pequenas empresas, a necessi- dade da diminuição das taxas de mortalidade destas tornando-as mais duradouras. Em curtos períodos de tempo, o mundo tem sofrido diversas mudanças, muito delas causadas pela in- venção e desenvolvimento de vários tipos de tecnologias, que facilitavam a vida das pessoas. Dornelas (2005, p. 21) pondera da seguinte forma sobre este assunto: “Por trás dessas invenções, existem pessoas ou equipes de pessoas com características especiais que são visio- narias, questionam, arriscam, querem algo diferente, fazem acontecer e empreendem”. O fato é que o empreendedorismo vem ganhando reconhecimento e começando a ser visto com o grau de importância que lhe é devido, seguindo o exemplo ocorrido em vários países desenvolvidos, como nos Estados Unidos, onde o empreendedor é tido como o grande propulsor da economia. Segundo Dornelas (2005, p. 23) “O contexto atual é propício para o surgimento de um número cada vez maior de empreendedores. Por este motivo a capacitação dos candidatos a empreendedor está sendo prioridade em muitos países, inclusive no Brasil”. O mercado competitivo é um dos propulsores que faz com que os novos empresários adotem novas mediadas, por isso que o empreendedorismo vem crescendo tanto na eraatual, pois são os empreendedores que eliminam barreiras comerciais gerando riquezas para a socie- dade. A palavra empreendedor (entrepreneur) surgiu na França por volta dos séculos XVII e XVIII, com o objetivo de designar aquelas pessoas ousadas que estimulavam o progresso econômico, mediante novas e melhores formas de agir, porem foi apenas no inicio do século XX que a palavra empreendedorismo foi utilizada pelo economista Joseph Schumpeter, como sendo uma pessoa com criatividade e capaz de fazer sucesso com inovações. Mais tarde, K. Knight e Peter Drucker foi introduziram o conceito de risco, acrescentando que para se tornar uma pessoa empreendedora precisaria arriscar em algum negocio. E em 1985 com Pinchot foi introduzido o conceito de intra-empreendedor, uma pessoa empreendedora, mas dentro de uma organização. A figura do empreendedor pode ser utilizada para classificar aquele individuo que de- tém uma forma especial, inovadora, de se dedicar as atividades de organização, administra- ção, execução; principalmente na geração de riquezas, na transformação de conhecimentos e bens em novos produtos ou serviços. Para J. B. Say (apud Drucker, 1987, p.27) empreendedor é aquele que “transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento”. Mas esta definição ainda não deixa uma definição muito clara do que é ser empreendedor. Kirzner (apud Dornelas, 2005, p. 39) tem uma abordagem diferente, para ele o empreendedor é aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente. Dolabela (1999, p.67) ressalta que o conceito de empreendedor está relacionado ao de- senvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades de negócios. No entanto foi à definição de Elion (apud Dolabela, 1999, p.68) que define o empreendedor de forma mais abrangente sendo: “Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Uma das mais antigas e que talvez melhor reflita o espírito empreendedor seja a de Jo- seph Schumpeter (apud Dornelas, 2005, p. 39) “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas for- mas de organização ou pela exploração de novos recursos materiais”. Pode se perceber então que empreendedor não é somente aquele que constitui um ne- gocio próprio, mas sim aquele que consegue atentar para oportunidades e destas oportunida- des constituir negocio. Dornelas (2001) relata o empreendedor como sendo aquele que detecta uma oportuni- dade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados. Caracterizan- do a ação empreendedora em todas as suas etapas, isto é, apoiando que o empreendedor é aquele que cria algo novo mediante a identificação de uma oportunidade, contendo dedicação e persistência na atividade que se propõe e ousadia para assumir os riscos que deverão ser calculados. Chiavenato (2006, p.3) diz que o empreendedor é a energia da economia, pois ele não é apenas um fundador de novas empresas ou o construtor de novos negócios, “ele é a energia da economia, a alavanca de recursos, o impulso de talentos, a dinâmica de ideias”. É visto desta forma já que devido constituição de novos negócios fornecem empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento econômico, se transformando assim no principal fator promotor do desenvolvimento econômico do país. Portanto pode se definir empreendedor como sendo aquele que detecta uma oportuni- dade e cria um negocio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados. 3. O EMPREENDEDOR Apesar de existir varias definições para definir o empreendedor, nota-se que em todas as observações, encontram-se pelo menos, aspectos como: iniciativa para criar/inovar utiliza recursos disponíveis de forma criativa para transformar o ambiente social e econômico como, também, aceita assumir riscos e a possibilidade de fracassar. Dornelas aborda o processo da seguinte forma “O processo empreendedor envolve todas as funções, atividades e ações associadas com a criação de novas empresas. em primeiro lugar, o empreendedorismo envolve o processo de criação de algo novo, de valor. Em segundo, requer a devoção, o comprometimento de tempo e o esforço necessário para fazer a empresa crescer. E em terceiro, que riscos calculados sejam assumidos e decisões criticas tomadas; é preciso ousadia e animo apesar de falhas e erros (2005, p. 40)”. O empreendedor não vê a possibilidade de fracasso como algo ruim que possa o des- motivar, mas como uma oportunidade de crescer com os erros cometidos aprendendo para melhorar e se alcançar o objetivo. Por isso são vistos como indivíduos diferenciados, pois possuem motivação singular, são apaixonados pelo que fazem, querem de destacar, ter reco- nhecimento, admiração, serem referenciadas e imitadas. No entanto, o empreendedor não é apenas alguém que possui visão de algo novo, de uma oportunidade, este deve saber persuadir terceiros, sócios, colaboradores, investidores, ter a capacidade de convencê-los de que sua visão poderá leva-los para uma situação confortável no futuro. Destaca-se como principais atributos do empreendedor identificar oportunidades, agar- ra-las e buscar recursos para transforma-las em negocio lucrativo. Por isso pode se considerar como exemplo de empreendedores os indivíduos que criam qualquer empresa, que compram uma empresa e implanta inovações, assumindo riscos seja em qualquer forma (administrar, vender, fabricar, entre outros) ou até mesmo um empregado que introduz inovações na orga- nização em que trabalha gerando o aparecimento de valores adicionais. O processo empreen- dedor inicia-se, portanto, com a geração da oportunidade que possibilite o inicio de um novo negocio. Palmieri (1997) relata que um bom analista é autocritico, elimina seus gostos e prefe- rencias, possui calma e enxerga os detalhes, registra todos os fatos e não se engana, pois não se alimenta de fantasias, mas sim enxerga a dura e crua realidade dos fatos. Pode se compre- ender que o que conta não é ser o primeiro a pensar e ter uma ideia revolucionaria, mas sim o primeiro a identificar uma necessidade de mercado e saber como atende-la, pois uma ideia não possui valor se não for transformada em algo viável para atender a necessidade. Até alguns anos atrás, acreditava-se que o empreendedor era inato, que nascia com um diferencial e era predestinado ao sucesso nos negócios, com características necessárias para empreender, isto é, nascem com certo nível de inteligência, porem empreendedores de sucesso acumulam relevantes habilidades, experiência e contatos com o passar dos anos, assim com sua capacidade de ter visão e perseguir oportunidades aprimora-se com o tempo. Dornelas (2006, p.40) diz que as habilidades requeridas em um empreendedor podem ser classificadas em três áreas: técnicas (envolve saber escrever, ouvir as pessoas e captar in- formações, ser um bom orador, ser organizado, saber liderar e trabalhar em equipe e possuir know-how técnico de sua área de atuação), gerenciais (incluem as áreas envolvidas na cria- ção, desenvolvimento e gerenciamento da empresa: marketing, administração, finanças, ope- racional, produção, tomada de decisão, controle das ações da empresa, ser um bom negocia- dor e ter habilidades nos atos de planejar e controlar) e características pessoais (já abordadas anteriormente). O empreendedor possui, sim, algumas características que são inatas, que fazem parte da personalidade deles, no entanto muitas destas característicaspodem ser aprimoradas, de- senvolvidas e aprendidas. Para Dolabella (1999, p. 12), relata que para se aprender a empreender, faz-se necessá- rio um comportamento proativo do indivíduo, o qual deve desejar “aprender a pensar e agir por conta própria, com criatividade, liderança e visão de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse ato também em prazer e emoção”. Deverá ser destemido para enfrentar os desafios que surgirão, dentro destes o fracasso, que para Ford (apud Dolabela, 1999, p.123), “é a oportunidade de começar de novo inteligen- temente”. Nota-se, então, que para a pessoa que desejar se tornar um empreendedor, esta arte, a de empreender, pode sim ser aprendida deste que se tenha disposição, vontade e coragem para aprender. No Brasil, o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas) oferece o suporte e apoio para a formação de empreendedores e criação de empresas. Além de oferecer cursos, palestras, feiras e exposições, está sempre promovendo desafios e projetos para incentivar o empreendedorismo. Com isso, nota- se que apesar do empreendedor possuir algumas de suas característi- cas que nascem com eles há a possibilidade de se aprender a empreender, se tiverem a dispo- sição necessária e desejo, levando em consideração que deverá estar disposto a errar e apren- der com estes como melhorar. 3.1 Espirito empreendedor Embora não haja a concepção de que todos os empreendedores nascem com caracterís- ticas necessárias, para que seja um empreendedor de sucesso é necessário sim que este apre- sente características típicas de empreendedores, tendo em vista que algumas podem ser inatas e podem ser ainda mais trabalhadas e outras podem ser aprendidas, dando vida ao espirito empreendedor. Este perfil de profissional de sucesso está em pessoas que conseguem harmo- nizar esforços individuais ou coletivos e que criam algo novo e criativo. Segundo Leite (2000) as qualidades pessoais de um empreendedor, pode se destacar entre muitas, a sua iniciativa, visão, coragem, firmeza, decisão, atitude de respeito humano, capacidade de organização e direção. O espirito empreendedor é um conjunto de aspectos e qualidades que se completam e não podem ser separadas, como sua característica de inovar, ser criativo, pesquisador e possuir, acima de tudo, a disposição de assumir riscos. Para Druc- ker (2003, p.36), “o empreendedor sempre está buscando a mudança, reage a ela, e a explora como sendo uma oportunidade”. Tem em vista, portanto, que a inovação é o ponto central do espirito empreendedor tendo o pressuposto que não há empreendedor sem inovação, notando que este inova continu- amente e a inovação propõe recursos para os empreendedores. Outro aspecto importante para o espirito empreendedor é o conhecimento, pois amplia a inovação, segundo Drucker (2003, p.149), a inovação baseada no conhecimento é a “superestrela” do espírito empreendedor, e se difere das demais inovações em suas características básicas: “duração, taxa de perdas, predi- cabilidade e nos desafios que apresentam para o empreendedor”. Todas as pessoas que apresentem as características básicas de um empreendedor pos- suem o espirito empreendedor, conforme afirma Chiavenato (2006, p.3): “O espírito empre- endedor está também presente em todas as pessoas que mesmo sem fundarem uma empresa ou iniciarem seus próprios negócios estão preocupadas e focadas em assumir riscos e inovar continuamente”. Conclui-se que o espirito empreendedor é o conjunto de aspectos e características que compõem a personalidade de um empreendedor, tornando se a chave para o caminho do su- cesso. 3.2 Características do empreendedor O empreendedorismo se sustenta em três ideias, sendo elas: iniciativa, inovação e dis- posição de assumir riscos. Estas características são essenciais para se empreender com suces- so, pois te possibilita a capacidade de não ter medo e aprender com os erros. Segundo Dolabela (1999, p.45), um dos principais atributos do empreendedor é identi- ficar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio lucrativo. O empreendedor deve ser capaz de atrair tais recursos, demonstrando o valor do seu projeto e comprovando que tem condições de torná-lo realidade. Ainda que o empreendedorismo seja desenvolvido, para se tornar um empreendedor de sucesso deve possuir algumas características básicas que componham sua personalidade, po- dendo ser aprendidas ou aprimoradas. Muitos autores abordam sobre as características do em- preendedor, cada um de forma diferente. Segundo o livro “Oficina do empreendedor”, de Fernando Dolabela (1999, p.71-72), vinte e sete são as características típicas de um empreendedor: 1. ter um “modelo”, uma pessoa que o influencia; 2. ter iniciativa, autoconfiança, autonomia, otimismo, necessidade de realização; 3. trabalhar sozinho (o processo visionário é individual); 4. ter perseverança e tenacidade para vencer obstáculos; considerar o fracasso um re- sultado como outro qualquer, pois pode aprender com os próprios erros; 5. ser capaz de dedicar-se intensamente ao trabalho e concentrar esforços para alcan- çar resultados; saber fixar metas e alcançá-las; 6. lutar contra padrões impostos; 7. diferenciar-se; 8. ter a capacidade de descobrir nichos; 9. ter forte intuição; 10. ter alto comprometimento, crendo no que faz; 11. criar situações para obter feedback sobre seu comportamento e saber utilizar tais in- formações para seu aprimoramento; 12. saber buscar, utilizar e controlar recursos; 13. ser um sonhador racional; 14. criar um sistema próprio de relações com empregados; 15. ser orientado para resultados, para o futuro, o longo prazo; 16. aceitar o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho; 17. tecer “rede de relações” (contatos, amizades) utilizando-a intensamente como su- porte para alcançar os seus objetivos e considerar a rede de relações internas (só- cios, colaboradores) mais importante que a externa; 18. conhecer muito bem o ramo de atuação; 19. cultivar a imaginação e aprender a definir visões; 20. saber traduzir pensamentos em ações; 21. ser proativo: definir o que quer e aonde quer chegar, buscando o conhecimento que permitirá o alcance de seus objetivos; 22. criar um método próprio de aprendizagem: aprender a partir do que se faz; 23. ter capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida; 24. assumir riscos moderados; 25. ser inovador e criativo; 26. ter alta tolerância à ambiguidade e à incerteza; 27. manter um alto nível de consciência do ambiente em que vive. Apesar de haver autores que caracterizam o empreendedor com muitos atributos, há aqueles que os caracterizam com poucas palavras, resumindo de forma objetiva e direta, as características mais importantes que estes devem conter. Chiavenato (2006, p.6-7) resume o espírito empreendedor em três características bási- cas: necessidade de realização, disposição para assumir riscos e autoconfiança. Em muitas definições, compreendesse que muitos dos autores caracterizam os empre- endedores com a característica de obter a disposição de assumir riscos já que estes são inevi- táveis na vida de um empreendedor de sucesso. Já Dornelas (2005, p.33-34) afirma que para ser um empreendedor de sucesso, são fundamentais características tais como: ser visionário; saber tomar decisões; fazer a diferença; explorar ao máximo as oportunidades; ser determinado, dinâmico, dedicado, otimista; gostar do que faz; ser independente; ser líder e formador de equipe; ser bem relacionado; organizar, planejar, assumir riscos calculados e agregar valor para a sociedade.Embora tenha varias abordagens sobre as características do empreendedor que concor- dam com certos aspectos como iniciativa, inovação, criatividade, oportunidade e disposição de assumir riscos. Mas ainda se encontra dentro destas características atribuídas aos empreen- dedores atributos que também são dos profissionais de administração, os empreendedores por muitas vezes são confundidos com o administrador por conter atributos como planejar, con- trolar e dirigir, entre outras. 4. ADMINISTRADOR X EMPREENDEDOR Apesar de muitas pessoas assimilarem o papel do empreendedor com o do administra- dor, existe uma grande diferença entre estes papeis. De fato, há similaridades entre estes, co- mo as responsabilidades e funções de ambos, porém as diferenças entre eles são muito gran- des. O administrador tem sido objeto de estudo já muito mais tempo do que o empreende- dor e mesmo assim, ainda persistem dúvidas sobre o que o administrador faz. Desta forma, foi proposto, pela abordagem clássica, que o ato de administrar consistia, segundo Dornelas (2005, p.31) em planejar, organizar, dirigir e controlar, sendo que o principal divulgador deste princípio foi Henry Fayol, no inicio do século XX. Assim o administrador é conhecido como gerente tradicional que se concentra em uma determinada posição hierárquica da organização. Mintzberg (1986, apud Dornelas, 2005, p.31) diz que o trabalho do administrador está focado em três papéis gerenciais: interpessoal (representante e líder), informacional (monitor, disseminador e interlocutor) e decisório (em- preendedor, solucionador de distúrbios, “alocador” de recursos e negociador). Kotter (1982, apud Dornelas, 2005, p.31) afirma que os gerentes geralmente são ambiciosos, buscam o po- der, são especializados, têm temperamento imparcial e muito otimismo. Tendo em vista que o empreendedor não é apenas aquele que abre o seu próprio nego- cio, mas sim toda pessoa que está preocupado e focalizado no que deseja, levando em consi- deração os riscos e sempre buscando inovação. Observa que diante destes aspectos surge nas organizações um novo perfil de liderança, o empreendedor corporativo, caracterizado como sendo aquele funcionário que apresenta características empreendedoras e utiliza sua criativi- dade para promover mudanças no âmbito organizacional. Já Rosemary Stewart (1982, apud Dornelas, 2005, p.31), acredita que o trabalho do administrador se semelhava com o do empreendedor, já que ambos compartilhavam de três características principais: demandas (o que tem de ser feito), restrições (fatores internos e ex- ternos da organização) e alternativas (identificam as opções que o responsável tem na deter- minação do que e de como fazer). De fato os administradores e empreendedores compartilham destas características ci- tadas por Stewart já que os dois trabalham para, de uma forma direta ou indiretamente, com a satisfação de necessidades, sejam essas de seus clientes, fornecedores, funcionários e suas próprias necessidades. Já para Hampton (apud Dornelas, 2005, p. 31) “os administradores, diferem em dois aspectos: o nível que eles ocupam na hierarquia, que define como os processos administrati- vos são alcançados, e o conhecimento que detém segundo o qual são funcionais ou gerais”. Isto é, o administrador exerce suas funções de acordo com sua posição hierárquica na organi- zação, onde esta se dá pelo seu conhecimento para executar as tarefas desejadas, tornando-se um administrador de sucesso aquele que alcança as expectativas da organização fazendo seu trabalho de força eficaz e eficiente. De acordo com Dornelas (2005, p. 32) “O empreendedor de sucesso possui características extras, além dos atributos de um administrador, e alguns atributos pessoais que, somados a características sociológi- cas e ambientais, permitem o nascimento de uma nova empresa. De uma ideia, surge uma inovação, e desta, uma empresa”. Quando as funções do administrador e do empreendedor são analisadas, verificam-se pontos semelhantes, ou seja, o empreendedor é um administrador, mas com consideráveis distinções com relação aos gerentes ou executivos de organizações tradicionais, pois os em- preendedores são mais visionários do que os gerentes. “As diferenças existentes com relação ao domínio empreendedor e administrativo podem ser comparadas em cinco dimensões distintas de negócio: orientação estraté- gica, análise das oportunidades, comprometimento dos recursos, controle dos recur- sos e estrutura gerencial (DORNELAS, 2005, p. 34)”. Outro fator que distingue um empreendedor de sucesso de um administrador consiste no constante planejamento a partir de uma visão futura. De acordo com Dornelas (2005. p. 35) “este talvez seja o grande paradoxo a ser analisado já que o ato de planejar é considerado uma das funções básicas do administrador desde os tempos de Fayol”, citando também que “o empreendedor seria um administrador completo, que incorpora as várias abordagens existen- tes sem se restringir a apenas uma delas e interage com seu ambiente para tomar as melhores decisões”. Na visão de Dolabela (1999, p.120-121), o empreendedor deve ser um gerente para re- alizar com sucesso sua visão complementar. Dornelas (2005), também realiza um paralelo sobre as diferenças e semelhanças entre empreendedores e gerentes, sendo que as característi- cas que mais se destacam são as seguintes: o trabalho dos gerentes implica uma análise racio- nal, enquanto o trabalho dos empreendedores implica imaginação e criatividade; os gerentes buscam aquisição de conhecimentos gerenciais e técnicos, enquanto os empreendedores bus- cam adquirir saber fazer e saber identificar a pessoa certa para determinada tarefa; e por últi- mo é que os gerentes se adaptam às mudanças e os empreendedores são os agentes que fazem as mudanças. Todavia, pode concluir-se que para ser um bom administrador este deverá ir além dos atos definidos como planejar, organizar, dirigir e controlar deverá, também, ser visionário e inovador, promover mudanças, ou seja, devem conter em sua personalidade um pouco de em- preendedorismo, buscando desta forma o desenvolvimento e lucratividade da organização. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ultimamente vem se notando o crescimento do empreendedorismo e sua importância dentro da administração e negócios, se transformando em um diferencial desejável para qual- quer organização. Tendo visto que não existem empreendedores que nascem prontos, mas sim, que estes são pessoas que aprimoram suas habilidades e desenvolvem características necessárias para se tornarem empreendedores de sucesso, bastando ter disposição para aprender a empreender. Notando, também, que o conceito de que os empreendedores são apenas aqueles que abrem seu próprio negocio ou funda uma empresa foi contrariada já que foi visto que existe o em- preendedor corporativo, que promove dentro da empresa em que trabalha mudanças empreen- dedoras, vendo a necessidade de inovação e detectando oportunidade para melhorar o funcio- namento desta. A busca de empreendedores corporativos dentro das organizações vem aumento sua importância tendo em vista que, apesar de possuir características parecidas com a dos admi- nistradores, estes apresentam características além daquelas direcionadas aos administradores, pois são visionários, estão sempre procurando inovação e são determinados, aceitam os riscos de forma calculada e não possuem medo da mudança. Portanto, para se destacar em um mercado cada vez mais competitivo é necessário apresentar características e habilidades além daquelas esperadas pelas organizações, busca-se um profissional que apresente um diferencial, que promova mudanças e promova o desenvol-vimento econômico. Este novo profissional tem que inovar trazer ideias que mudem o modo de administrar e tomem decisões que tragam o sucesso para a empresa, sendo este perfil tra- çado facilmente encontrado nos empreendedores. Deduz, então, que para um administrador tenha sucesso é necessário que seja empre- endedor, pois já não é mais suficiente apenas administrar, deve-se saber empreender, inovar, se arriscar de forma calculada, não ter medo dos erros e sim aprender com eles, saber liderar, buscar, utilizar e controlar os recursos, buscando o aperfeiçoamento desta nova forma de ad- ministrar. 6. REFERENCIAS BARROS, A. A. de; PEREIRA, C.M.M. de A. Empreendedorismo e Crescimento Econômi- co: uma Análise Empírica. RAC, Curitiba, v. 12, n. 4, p. 975-993, Out./Dez. 2008. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rac/v12n4/05.pdf> Acesso em 23 ago. 2013 CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: Dando asas ao espírito empreendedor. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. DOLABELA, F. Oficina do Empreendedor: A metodologia de ensino que ajuda a transfor- mar conhecimento em riqueza. 1. ed. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 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