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A_VIOLENCIA_NO_MUNDO_DO_TRABALHO_O_ASSEDIO_MORAL_E_SEXUAL_NA_VIDA_DAS_MULHERES (1)

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A VIOLÊNCIA NO MUNDO DO TRABALHO: o assédio moral e sexual na vida 
das mulheres 
Fernanda Marques de Queiroz 1 
Maria Ilidiana Diniz2 
Antônia Mônica Souza Melo3 
 
 RESUMO 
Este artigo é resultado da pesquisa em andamento 
intitulada - A violência contra a mulher na esfera do 
trabalho: a realidade das comerciárias no Rio Grande 
do Norte a qual buscamos identificar as diversas 
violências que perpassam a esfera do trabalho 
feminino. A princípio recorremos a uma revisão 
bibliográfica e a dados empíricos, identificando as 
principais características da feminização do mundo do 
trabalho, materializada nas diferenças salariais, na 
precarização do trabalho feminino e no desemprego. 
Além dessas dimensões, analisaremos as violências 
que acometem as mulheres na esfera do trabalho, 
sendo as mais incidentes o assédio sexual e moral. 
Palavras chave: Trabalho. Mulher. Violência. Assédio. 
 
ABSTRACT 
This article is the result of a search in progress entitled 
violence against women in the sphere of labour - The 
reality of workers women`s of comerce in Rio Grande do 
Norte which we seek to identify the various violence that 
permeate the sphere of women's work. Initially we used 
a literature review and empirical data, identifying the 
main features of the feminization of the labour market, 
wage differences materialized in precarization of 
women's work and unemployment. In addition to these 
dimensions, we'll review the violence who attack women 
in the sphere of work, being the most incidents of sexual 
and moral harassment. 
Keywords: Work. Woman. Violence. Harassment. 
 
1
 Doutora. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). fernandamq@uol.com.br 
2
 Mestre. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). ilidianadiniz@gmail.com 
3
 Estudante. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). 
 
 
 
01 INTRODUÇÃO 
O artigo que ora apresentamos expõe os resultados preliminares da 
pesquisa em andamento intitulada A violência contra a mulher na esfera do 
trabalho: a realidade das comerciárias do Estado do Rio Grande do Norte4 em que 
buscamos identificar as principais violências que perpassam a esfera do trabalho 
produtivo feminino, bem como mapear as políticas públicas para seu 
enfrentamento. 
A pesquisa é natureza qualitativa visto que a mesma nos permite captar os 
significados, valores, projetos políticos e ideológicos dos fenômenos e dos sujeitos 
para além da imediaticidade (MINAYO, 1998), possibilitando um viés interpretativo 
para os dados tendo como pressuposto a singularidade do sujeito, compreendido 
como um ser histórico-social, inserido em relações sociais, sendo, portanto, 
privilegiada para estudos que abordam sujeitos coletivos. 
Serão utilizados dados quantitativos para conhecimento da realidade da 
violência contra a mulher na esfera do trabalho nos municípios de Mossoró e 
Natal, devido serem as cidades que mais empregam mão de obra feminina5. 
O processo investigativo é constituído por pesquisas: bibliográfica, em que 
realizamos uma revisão da literatura relacionada à temática em estudo, mediante 
a leitura de autoras como Saffioti, Barreto, Felker, Queiroz, Bruschini, Hirigoyen, 
dentre outras que embasam a fundamentação do objeto de pesquisa; documental, 
por meio da análise dos artigos que compõe as Leis do assédio sexual e moral, o 
Código Penal Brasileiro, a Consolidação das Leis do Trabalho, a Constituição 
Federal de 1988 e as demais legislações referentes às violências no âmbito do 
trabalho, especificamente as resoluções da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT) e uma pesquisa de campo na qual aplicamos até o presente momento 23 
 
4
 A pesquisa teve início em janeiro de 2011. É financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico- CNPq e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da 
República- SPM. 
5
 Segundo dados fornecidos pela Delegacia Regional do Trabalho do Estado do Rio Grande do Norte de 
2010. 
 
 
questionários contendo questões abertas e fechadas com mulheres em situação 
de violência que trabalham no comércio. 
A organização e análise dos dados será realizada por intermédio da leitura 
analítica do material produzido nos questionários. 
 
02 AS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO E O IMPACTO NA 
VIDA DAS MULHERES 
 A história das mulheres no mundo do trabalho remete a relações de 
opressão e discriminação que as coloca na condição de desigualdade em todas as 
esferas da vida social, sendo que nos deteremos à esfera do trabalho. Essa 
realidade tem sido constatada mediante investigações que desvendam como 
homens e mulheres se inserem no mercado formal de trabalho. Acrescente-se a 
isso a segmentação deste mercado por gênero, que muito interessa ao capital no 
sentido da preservação do seu sistema de dominação se apropriando das 
relações desiguais de gênero para intensificar a exploração das mulheres no 
espaço produtivo e reprodutivo. 
Segundo Saffioti (1976), 
O trabalho não pago que a mulher desenvolve no lar contribui para a 
manutenção da força de trabalho tanto masculina quanto feminina, 
diminuindo para as empresas capitalistas, o ônus do salário mínimo de 
subsistência cujo capital deve pagar pelo emprego da força de trabalho 
(p.41-42). 
 
Nesse sentido, podemos afirmar que a divisão sexual do trabalho se 
apresenta tanto no espaço produtivo como no reprodutivo com implicações diretas 
de opressão/exploração no interior das relações patriarcais. Como afirma Kergoat: 
“[...] a exploração, tradução bem conhecida da relação antagônica capital/trabalho 
se exerceria mais fortemente (e não diferentemente) sobre as mulheres” (apud 
HIRATA, 1989, p. 89). Ademais, apreender analiticamente a divisão sexual do 
trabalho é fundamental para desvelar o processo de acumulação capitalista e, ao 
 
 
mesmo tempo, compreender a exploração das mulheres nesta sociedade. Ou 
como defende Lobo (1991), é preciso “desomogeineizar” a classe trabalhadora, 
identificando que ela tem “dois sexos”. 
Dentre o conjunto de mudanças que ocorreram no processo de 
industrialização encontra-se a inserção feminina no espaço produtivo. Segundo 
Nogueira (2006, p.168-169) “[...] a mulher se transforma em trabalhadora 
assalariada, fazendo parte da engrenagem de um processo que substitui os 
trabalhadores qualificados por não qualificados”, de modo que a inserção das 
mulheres ao mercado de trabalho era vinculada à “feminização” de profissões “que 
lhes permitissem desempenhar seus tradicionais papéis de mães e donas de 
casa” (VELOSO, 2001, p.85). 
Destarte, o sistema capitalista se apropria da subordinação das mulheres 
para obter mais lucro, pois sendo “inferiores aos homens”, estão mais sujeitas a 
receber salários baixos, aceitar trabalhos precarizados, sem garantias trabalhistas, 
além da desvalorização e invisibilidade do trabalho doméstico. Portanto, se o 
modo de produção regido pelo capital é perpetuado por meio da exploração dos 
seres humanos, é importante frisar que uma das categorias mais atingidas são as 
mulheres. 
 Sobre essa perspectiva Nogueira aponta, 
No mundo produtivo contemporâneo um dos setores que mais absorve a 
força de trabalho feminina é o de serviços. Setor esse que permite 
evidenciar que frequentemente a força de trabalho feminina tem como 
característica a atribuição de tarefas monótonas, repetitivas e 
estressantes, de trabalho part-time, etc (2006, p.67). 
 
 
Nesse sentido, fica patente que as relações de gênero condicionam a ideia 
de masculino e feminino perpassadas nomundo do trabalho, como aponta Lobo: 
As tradições de masculinização e feminização de profissões e tarefas se 
constituem, às vezes, por extensão de práticas masculinas e femininas: 
homens fazem trabalhos que exigem força; mulheres fazem trabalhos que 
reproduzem tarefas domésticas. Mas, mais do que a transferência de 
tarefas, são as regras de dominação de gênero que se produzem e 
reproduzem nas várias esferas da atividade social (1991, p.152). 
 
 
 
 
 É importante ressaltar que apesar das mulheres terem conquistado avanços 
por intermédio da sua inserção no mundo do trabalho e em outros espaços da vida 
social, esta ainda se dá de forma precarizada e subordinada aos homens, a 
exemplo das atividades desenvolvidas pelas mulheres estarem voltadas à 
dimensão da prestação de serviços a outrem, terem um caráter complementar ao 
trabalho dos homens, pouco prestígio social e aferirem baixa remuneração em 
relação ao trabalho masculino6. 
 Outro aspecto relevante para a análise da mulher no espaço produtivo 
revela-se nas transformações que atingiram o mercado de trabalho nas últimas 
décadas que se refletem na realidade dos trabalhadores como um todo, com 
especificidades na vida das mulheres. A reestruturação produtiva e a 
mundialização do capital provocou um aumento significativo no desemprego, bem 
como nas novas formas de contratação, mais flexibilizadas e inseguras 
demandando inúmeros desafios no interior dessa nova dinâmica produtiva. 
Portanto, o aumento da participação feminina na força de trabalho que tem 
caracterizado as últimas décadas aponta um cenário de degradação das 
condições de trabalho e de crescente desemprego, como aponta Nogueira (2006): 
 
O crescimento das taxas de participação no mundo do trabalho das 
mulheres casadas ou na situação de filhas na composição familiar está 
claramente associado também ao aumento da taxa de desemprego dos 
chefes de família masculinos. As mulheres, mesmo tendo as tarefas 
domésticas sob sua responsabilidade, buscam a sua inserção no espaço 
produtivo em boa parte para compensar o desemprego masculino 
(p.125). 
 
 Acrescenta ainda a referida autora que as consequências desse tipo de 
inserção subordinada só será superada mediante a construção de uma nova 
divisão sexual do trabalho no espaço reprodutivo que supere a vulnerabilidade e a 
precarização da sua força de trabalho no espaço produtivo. Os reflexos dessa 
 
6
 Segundo dados do IBGE, em 2010 as mulheres ganhavam em média 43% do rendimento dos homens. 
 
 
opressão recaem sistematicamente no espaço reprodutivo, em que a mulher ver 
relegado para si a dupla jornada de trabalho. 
As mulheres são, portanto, as principais vítimas da precarização no mundo 
do trabalho. Acrescente-se a isso as expressões de violência que perpassam tal 
esfera. Dentre as mais incidentes estão o assédio moral e assédio sexual, que na 
maioria das vezes permanecem invisibilizados, já que as assediadas pouco 
denunciam e quando o fazem, as decisões judiciais têm sido na maioria das 
vezes, desfavoráveis às vítimas, além da falta de políticas públicas para este 
segmento. É importante destacar que apesar das acepções sobre assédio sexual 
e moral se constituírem indistintamente entre os gêneros, a pesquisa ora em tela 
abordará o assédio sexual e moral dos homens sobre as mulheres devido a alta 
incidência7 e gravidade. 
 
03 AS EXPRESSÕES DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHER NO ÂMBITO DO 
TRABALHO – DESVENDANDO O ASSÉDIO SEXUAL E MORAL 
 
 A introdução das mulheres no mercado formal de trabalho originou um 
maior relacionamento entre homens e mulheres na atividade produtiva, essa 
convivência por sua vez, tem desencadeado diversas formas de violência, a 
exemplo do assédio sexual e assédio moral, tendo na maioria dos casos as 
mulheres como vítimas, aspectos que intensificam a divisão sexual do trabalho e 
trazem sérias implicações para a vida deste segmento. Vale ressaltar que o 
assédio sexual e moral se dão tanto no âmbito das relações hierarquicamente 
superiores, como no âmbito das relações sem hierarquia superior, contudo em 
ambos os casos, a maioria das vítimas são mulheres. 
Na realidade brasileira, existe uma violência social disfarçada que se reflete 
fortemente no dia adia das mulheres dentro e fora de suas casas, que faz com que 
sejam discriminadas na vida pública: a exemplo dos salários inferiores aos dos 
homens, na maior dificuldade de ingresso no mercado de trabalho formal, na 
 
7
 Segundo dados da OIT de 2006, mais de 80% dos casos de assédio sexual e moral são praticados contra 
mulheres. 
 
 
precarização do trabalho feminino, bem como nas diversas formas de violência as 
quais são submetidas cotidianamente na esfera do trabalho. 
No Brasil esta problemática é muito comum, embora, a maioria das vítimas 
não denuncie o fato às autoridades. As causas da não-objetivação das denúncias 
são as mais diversas. Na maioria das vezes, as vítimas não denunciam por temor 
de perder; medo de sofrerem retaliação por parte do empregador acusado e de 
serem rebaixadas; de serem transferidas; não querem se expor ao ridículo frente 
aos colegas, familiares e amigas; medo de perderem a carta de referência; por 
simples dificuldade de falar e por acreditar que não há recursos para tratar de 
maneira eficaz o problema. Entretanto, acreditamos que a causa determinante 
sejam as relações desiguais entre os gêneros, fundamentada no sistema 
capitalista - patriarcal que naturaliza e acentua a opressão e a subordinação das 
mulheres aos homens. 
Vale salientar que no mundo do trabalho o poder dos homens foi 
culturalmente construído pela possibilidade que o mesmo tem de infligir às 
mulheres uma relação que ultrapasse os limites do profissional e se estenda para 
a cama, já que estas se encontram historicamente em situação de opressão e de 
vulnerabilidade. 
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define o assédio sexual 
como atos de insinuações, contatos físicos forçados, convites impertinentes, 
desde que apresentem umas das características a seguir: “a) ser uma condição 
clara para dar ou manter o emprego; b) influir nas promoções na carreira do 
assediado; c) prejudicar o rendimento profissional, humilhar, insultar ou intimidar a 
vítima”. Assim, o assédio sexual compreende uma forma específica das relações 
desiguais de gênero no espaço de trabalho, em que a maioria significativa das 
vítimas são mulheres devido ao fato deste segmento ocupar posições 
subalternizadas no mercado de trabalho. Neste sentido, se constitui numa forma 
 
 
de discriminação e de abuso de poder e, sobretudo, se constitui como uma 
violência contra as mulheres8. 
A prática de assédio sexual no ambiente de trabalho somente foi integrada 
ao Código Penal Brasileiro em 2001 (Lei 10.224)9. Tal lei demonstra 
amadurecimento dos legisladores, que acabaram por render-se aos reclamos da 
sociedade, em especial aos dos movimentos feministas. A Consolidação das Leis 
Trabalhistas (CLT) prevê que o empregado poderá considerar rescindido o 
contrato e pleitear a devida indenização caso o empregador não zele pela 
segurança e decência no local de trabalho, preservando o respeito à vida privada 
do empregado e ocorra ato lesivo da honra e da boa fama do empregado. 
O assédio sexual traz sofrimentos físicos e psíquicos, tais como: depressão, 
crises de choro, problemas de memória, abatimento, irritabilidade, isolamento, 
perda de confiança e auto-estima, náuseas, dificuldades de dormir, crises de suor, 
tremores, dificuldades de respiração, pânico, etc. Esta extensa lista, por sua vez, 
pode desencadear uma série de doenças ou até mesmo o suicídio. 
Com relação ao assédio moral, segundo Hirigoyen (2002, p. 65) se refere a 
“Toda conduta abusivaque possa trazer danos à personalidade e à integridade do 
assediado colocando em risco o seu emprego ou o ambiente de trabalho”. É um 
ato perverso que envolve a prática de humilhações, perseguição e ameaças, se 
constituindo num processo de violência psicológica. Este tipo de assédio se 
transforma em guerra psicológica, envolvendo abuso de poder e manipulação 
trazendo prejuízos à saúde mental e física das pessoas. É um ato intencional. Os 
termos mobbing, bullying, assédio psicológico, terror psicológico ou assédio moral 
 
8Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) referente ao ano de 2006 estimam que, no Brasil, 
52% das mulheres economicamente ativas já foram assediadas sexualmente. Pesquisa realizada em 2001 
pela Fundação Perseu Abramo abrangeu 2.502 entrevistas estratificadas em cotas de idade e em áreas 
urbana e rural, distribuídas geograficamente em 187 municípios de 24 estados das cinco regiões do país, 
abordou as situações de violência vivenciadas pelas mulheres. Cerca de 11% afirmaram que já tinham sofrido 
assédio sexual, 10% dos quais envolvendo abuso de poder tipificado como assédio sexual em ambientes de 
trabalho. 
9Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da 
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerente a exercício de emprego, cargo ou função (Art. 
216-A). 
 
 
são utilizados como sinônimos para definir a violência pessoal, moral e psicológica 
no ambiente de trabalho. 
No Brasil, a expressão assédio moral surgiu no campo do direito 
administrativo municipal, em 1999, no Projeto de Lei sobre Assédio Moral da 
Câmara Municipal de São Paulo, voltado para o funcionalismo, inspirado na 
pesquisa de Hirigoyen (2002, p.22), que o define como: “exposição prolongada e 
repetitiva a condições de trabalho que, deliberadamente, vão sendo degradadas”. 
Segundo pesquisas realizadas pela OIT (2006), o setor do comércio é o que 
mais registra casos de assédio sexual e moral contra mulheres, justificando por si 
só o locus de nossa pesquisa. Vale ressaltar que é preciso resguardar as 
especificidades de cada um desse tipo de violação de direitos, visto que, enquanto 
o assédio sexual tem a finalidade de dominar a vítima sexualmente reforçando a 
dimensão de poder que perpassa as relações de desiguais de gênero presentes 
na sociedade, o assédio moral visa à eliminação dos sujeitos do mundo do 
trabalho adotando medidas de abuso de poder, manipulação, vexames e 
humilhações, não tendo necessariamente um corte de gênero. 
Tal distinção é fundamental, todavia, tanto o assédio moral quanto o 
assédio sexual guardam relações, visto que existem casos em que o assédio 
sexual pode desencadear uma ação de abuso moral, ou ainda casos em que no 
assédio moral o caráter da investida do agressor, tem um caráter sexual. 
 
CONCLUSÃO 
 A feminização do mundo do trabalho é indiscutivelmente um avanço na 
busca pela emancipação feminina, contudo, tal inserção ainda se dá de forma 
subalternizada e precarizada demandando a construção de relações igualitárias, 
principalmente no que concerne à dupla jornada de trabalho das mulheres e o 
combate às diversas expressões de violência contra a mulher presentes na esfera 
produtiva. 
 
 
 Preliminarmente a presente pesquisa produziu alguns dados acerca das 
violências mais incidentes na esfera do trabalho no estado do Rio Grande do 
Norte - a fofoca e a revista nas bolsas ao final do expediente foram as formas de 
assédio moral mais identificadas pelas entrevistadas. Em relação ao assédio 
sexual, gracejos ou conversas de duplo sentido e perguntas indiscretas sobre a 
vida privada foram apontadas pelas entrevistadas como algo bastante recorrente 
no seu cotidiano de trabalho. 
É importante destacar que mesmo diante da identificação das violências as 
quais as mulheres estão submetidas, as vítimas não denunciaram alegando como 
impedimento a dificuldade de expor os constrangimentos sofridos, o medo de 
perder o emprego e de rebaixamentos salariais, demonstrando relações de 
hierarquia e controle perpetrados sobre elas. 
Destarte o assédio moral e o assédio sexual na vida das mulheres 
comprometem várias dimensões da sua sociabilidade, criando um espaço de 
fragilidades e opressão que refletem diretamente na relação da mulher no espaço 
de trabalho. 
As entrevistadas apontaram ainda que as relações assimétricas no espaço 
de trabalho tem sido sistematicamente um dos aspectos que reforçam as 
expressões de assédio. Ou seja, os homens ao ocuparem os principais cargos e 
funções nas empresas, abusam do “poder” para subjugar suas vontades, tentando 
infligir às mulheres relações que extrapolem o âmbito do trabalho e se estendam 
para as dimensões sexuais. 
Outro importante elemento que perpassa esta problemática é a certeza da 
impunidade que ainda é muito recorrente no imaginário social fazendo com que 
milhares de mulheres convivam cotidianamente com estas formas de violência 
acentuando a precarização e a vulnerabilidade contra este segmento no âmbito do 
trabalho. 
 A partir dessas breves considerações sobre o assédio sexual e moral na 
vida das mulheres, fica patente que a prevenção e o combate a este tipo de 
 
 
violência passa necessariamente pela implementação de políticas públicas que 
garantam assistência às mulheres vitimizadas, maior rigor do judiciário na punição 
dos agressores e fundamentalmente uma política de igualdade formal no mundo 
do trabalho que garanta a homens e mulheres o acesso a um espaço livre de 
opressão, dominação e sem violência. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Código Penal Brasileiro. Brasília-DF, 1940. 
 
BRASIL. Lei 10.224/01. Brasília-DF, 2001. 
 
FARIA, Nalu e NOBRE, Miriam. Gênero e desigualdade. São Paulo, SOF, 1997 
(Cadernos Sempreviva). 
 
HIRATA, Helena. Crise mundial e o impacto da reestruturação produtiva na divisão 
sexual do trabalho. In: Divisão Sexual do Trabalho, Estado e Crise do 
Capitalismo. Ed. Editora SOS Corpo. Recife, 2010. 
 
HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio Moral: a violência perversa no cotidiano. Rio 
de Janeiro. Bertrand Brasil, 2002. 
 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Censo demográfico, 
2010. 
 
LOBO, Elizabete de Souza. A classe operária tem dois sexos. São Paulo, 
Brasiliense, 1991. 
 
MINAYO, Maria. Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa 
qualitativa em saúde. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 1998. 
 
NOGUEIRA, Cláudia Mazzei. O trabalho duplicado: a divisão sexual do trabalho 
na reprodução – um estudo das trabalhadoras do telemarketing. São Paulo, 
Expressão Popular, 2006. 
 
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Homens e mulheres na 
esfera do trabalho. 2006. 
 
SAFFIOTI, Heleieth I. B. Gênero, patriarcado, violência. Editora Fundação 
Perseu Abramo. São Paulo, 2004. Coleção Brasil Urgente. 
 
 
 
VELOSO, Renato. No caminho de uma reflexão sobre Serviço social e gênero. 
In: Revista Praia Vermelha: estudo de política e teoria social.VER.2 nº 4. Rio de 
Janeiro, UFRJ, 2001. 
 
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