Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
01/04/2013 1 BACTÉRIAS ANAEROBIAS E INTOXICAÇÃO ALIMENTAR Profª. Drª. Thayza Christina Montenegro Stamford thayza.stamford@ufpe.br / thayzastamford@yahoo.com.br Universidade Federal de Pernambuco 1 OBJETIVOS DA AULA • Características gerais das bactérias anaeróbias • Classificação das bactérias quanto atmosfera gasosa • Classificação das bactérias quanto a utilização do oxigênio • Efeitos tóxicos no oxigênio nos microrganismos anaeróbios • Mecanismos de proteção aos produtos tóxicos do oxigênio • Processo de Fermentação • Principais habitats e distribuição no corpo das bactérias anaeróbias • Infecções exógenas e endógenas por bactérias anaeróbias • Patogenia das infecções por bactérias anaeróbias • Fatores predisponentes para infecções por bactérias anaeróbias • Indícios clínicos e bacteriológicos das infecções por bactérias anaeróbias • Dados clínicos sugestivos das infecções por bactérias anaeróbias • Isolamento e identificação das bactérias anaeróbias • Principais tipos de intoxicação alimentar por bacterias anaerobias facultativas e anaerobias obrigatórias 2 01/04/2013 2 ATMOSFERA GASOSA RESPIRAÇÃO É o processo metabólico de obtenção de Energia de moléculas orgânicas, na presença de aceptores de elétrons. 3 ATMOSFERA GASOSA AEROBIOS AEROBIOS/ ANAEROBIOS FACULTATIVOS ANAEROBIOS 4 01/04/2013 3 Utilização do oxigênio • Exigem e utilizam o oxigênio como aceptor final de elétrons Aeróbios Obrigatórios • Suportam a presença do oxigênio 2-8%, mas não utilizam Aerotolerantes • Necessitam de baixos teores de oxigênio Microaerófilo • Crescem na presença ou ausência de oxigênio Anaeróbio/Aeróbio Facultativo • Não toleram oxigênio em concentração maior do que 0,5%, fermentam Anaeróbios estritos ou obrigatórios 5 Anaerobias obrigatorias, aerotolerantes ou anaerobias facultativas ausência de citocromos ausência ou pequena quantidade de catalase, peroxidase e superoxido desmutase Microbiota normal da pele e de mucosas Infecções endogenas Infecções mistas Sintetizam lipases, colagenases, proteases, lecitinases Características gerais 6 01/04/2013 4 Toxicidade do O2 para anaeróbios Adição de um único elétron à molécula de O2 formando um radical superóxido: O2 + e- O2 - radical superoxido (I) Os radicais hidroxila são produzidos a partir dos radicais superoxido por meio de duas reações: 2 O2 - + 2H+ O2 + H2O2 (II) No segundo passo, os radicais superóxido reagem com o peróxido de hidrogênio na presença de complexos de ferro para formar radicais hidroxila: O2 - + H2O2 O2 + OH -2 + OH- (III) 7 Tóxicidade Causam danos no DNA Destroem componentes lipídicos das células Inativam enzimas essenciais para as atividades metabólicas Bactérias aeróbias e anaeróbias facultativas têm enzimas protetoras Catalase Peroxidase Superoxido dismutase Conceito clássico – toxicidade do O2 nos anaeróbios dependia da ausência destas enzimas protetoras. Espécies reativas do O2 peróxido de hidrogénio radicais hidroxila Anións/radicais superóxido 8 01/04/2013 5 Catalase 1- Esfregar uma alçada da cultura em uma lâmina de vidro e pingar de 2 a 3 gotas de peróxido de hidrogênio 2- Observar o despreendimento de bolhas Mecanismos de proteção O2 9 RESPIRAÇÃO ANAERÓBICA • molécula orgânica que está sendo metabolizada não é completamente oxidada, • Aceptor final de elétrons é uma substância inorgânica. Ex: NO3 - , SO4 -2, CO3 -2 • Rendimento de ATP é menor do que na respiração aeróbica • Os substratos mais comum são açúcares ou moléculas orgânicas (aa, ac. Orgânico, purinas, pirimidinas) • A fermentação não requer oxigênio nem o ciclo de krebs ou a cadeia transportadora de elétrons 10 01/04/2013 6 11 Os produtos dos processos fermentativos dependem do substrato inicial e incluem ácidos orgânicos, álcoois, cetonas e gases como dióxido de carbono e hidrogênio molecular (H2). Muitos processos fermentativos conduzidos por bactérias são de importância econômica: produção de iogurtes (Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus) queijos (bactérias láticas em geral) vinagre (Acetobacter). RESPIRAÇÃO ANAERÓBICA 12 Solo, lagos, rios, pântanos, animais bacilos Gram + esporolados Organismo humano (cavidade oral, Sistema respiratório superior, estômago, intestino delgado e cólon, Sistema urogenital e pele) cocos Gram -/+, Bacilos Gram + não esporolados e bacilos Gram - Habitat – bactérias anaeróbias 01/04/2013 7 13 Infecções exógenas (Clássicas) 14 Infecções endógenas Bactérias que fazem parte da flora indígena de determinado órgão, que quando saem do seu habitat originam infecções em outro local onde provocam doença. 01/04/2013 8 Flora anaeróbia Autóctone A principal função da flora autoctone é impedir a colonização e infecção por microrganismos de fontes exógenas. Cocos Gram (-): Vellonella Bacteroides Fusobacterium Porphyromonas Provonella Cocos Gram (+) Peptococcus Peptostreptococcus Bacilos Gram (-) Propionibacterium 16 Vaillonella: boca, Sistema respiratorio, Intestino, Sistema genito-urinario Bacteroides: boca, Sistema respiratorio superior, Vías biliares, Intestino, Genitais externos Fusobacterium: pele e mucosas Propionibacterium: boca, pele e intestino Peptococcus: boca e intestino Peptostreptococcus: Sistema genito-urinario e pele Porphyromonas: boca e sistema genito-urinario Distribuição da flora anaeróbia Autóctone 01/04/2013 9 17 Estas infecções são devidas, principalmente, pela combinação sinérgica de várias espécies de microrganismos que atuam em conjunto A maior parte das infecções anaeróbias se devem por contaminação do tecido pela flora autóctone presente nas mucosas da boca, faringe e sistemas gastrointestinal e geniturinário Patogenia de das infecciones anaerobias Geralmente o patógeno não apresenta Fatores de Virulência evidentes Geralmente existem FATORES PREDISPONENTES característicos Geralmente existem DADOS CLÍNICOS SUGESTIVOS 18 FATORES PREDISPONENTES DAS INFECÇÕES POR ANAERÓBIOS 01/04/2013 10 19 Dados clínicos SUGESTIVOS de infecções por anaeróbios Gás Liquído aminas biogénicas (putrescina ou cadaverina) 20 Dados clínicos SUGESTIVOS de infecções por anaeróbios 01/04/2013 11 21 Dados clínicos SUGESTIVOS de infecções por anaeróbios 22 Quadros clínicos SUGESTIVOS de infecções por anaeróbios 01/04/2013 12 Indícios bacteriológicos de infecção por anaeróbios Morfologia singular na coloração de Gram Nenhum crescimento em cultura rotineira Vestígio de crescimento em aerobiose Crescimento em 100 μg/ml de canamicina ou neomicina, ou 7,5 μg/ml de vancomicina. Cultura com produção de gás e/ou odor pútrido Colônias fluorescentes avermelhada sob UV (Bacteroides ou Porphyromonas ) 23 24 Principais tratamentos para infecções por bactérias anaeróbias 01/04/2013 13 Para que isolar anaeróbios? • Conhecer os diferentes tipos microbianos • Informação microbiológica completa e rápida • Identificaçãodos organismos • Susceptibilidade a antimicrobianos ISOLAMENTO DE ANAERÓBIOS 25 Crescimento de anaeróbios em laboratório 26 01/04/2013 14 27 28 1. SUBSTÂNCIAS REDUTORAS Placas de Brewer Jarras com catalizadores de H2 - Paladium (Gaspak) Absorção pelo Pirogalol 2. CONSUMO BIOLÓGICO DO OXIGÊNIO LIVRE Técnica de Fortner 3. PROCESSO MECÂNICO DE MISTURA DE GASES 90% N2 + 10% CO2; 5% H2 + 85% N2 + 10% CO2 4. ESTUFAS E CÂMARAS DE ANAEROBIOSE MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE ANAEROBIOSE 01/04/2013 15 tubos contendo tampas seladoras 29 Portagel – Gel que tem um indicador de atmosfera que muda para azul. tioglicolato de sódio Enzima oxidase 30 01/04/2013 16 Ideal para amostras provenientes de periodontites, abscessos, tratamento radicular Inserção do swab (lado) ou do cone de papel (abaixo) no interior do meio de cultura pré-reduzido Ideal para amostras provenientes da saliva e placa periodontal 31 Meios e soluções 32 01/04/2013 17 33 Devem ser transportadas a 37ªC, evitar refrigeração- inativa algumas bactérias 34 01/04/2013 18 35 36 01/04/2013 19 Cultivo de anaerobios BD GasPak™ EZ Anaerobic Pouch System Gaspak ez jarra retangular para 15 placas 37 Câmaras de anaerobiose Controla a atmosfera [H2] ou [CO2] 38 01/04/2013 20 Testes presuntivos Coloração de GRAM: morfologia celular Morfologia colonial Pigmentação natural ou a luz UV F. nucleatun B. fragilis 39 Cultura pura de bactéria produtora de pigmento negro Área de dupla hemólise C. perfringens A. israelii Meio fluido Tioglicolato Aparência de migalha de pão 40 01/04/2013 21 41 Testes definitivos 42 Aspectos bioquímicos e Fisiológicos Imunológicos- EIA (métodos imunoenzimáticos) Detecção toxina A e B do C. difficile – maior valor. Cromatografia gasosa Biologia molecular: sondas, PCR, sequenciamento Susceptibilidade a drogas antimicrobianas colistina, vancomicina, kanamicina, metronidazol 01/04/2013 22 43 Sistema Mini-API 32-A (bioMérieux) 44 Cromatógrafo gasoso A variedade de bactérias, em conjunto com a existência de material purulento, faz com que este método seja pouco sensível. Sendo também dispendioso, não é utilizado no diagnóstico de anaeróbios. Contudo, tem algum valor nas infecções do Sangue, pois estas são normalmente monomicrobianas. métodos de referência para a identificação de isolados em meio de cultura 01/04/2013 23 45 REA: análise com enzima de restrição Hibridização usando sondas de DNA ou RNA RFLP: polimorfismo tamanho fragmentos restrição Polymerase Chain Reaction (PCR) PFGE: eletroforese gel em campo pulsado Sequenciamento CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR 46 INTOXICAÇÃO ALIMENTAR 01/04/2013 24 47 Toxinfecções alimentares HIGIÊNE TÉCNICA de armazenamento TEMPERATURA TEMPO Fatores de disseminação MANIPULAÇÃO Ingestão de alimento contendo toxina produzida pelo microrganismo 48 Bactérias anaerobias facultativas Bacillus cereus Bastonetes, móveis, esporulados, Gram positivos e anaeróbios facultativos. Encontrada no meio ambiente Enterotoxina: Natureza protéica, Termolábel e Destruída a uma temperatura de 60º C durante 20 minutos, 01/04/2013 25 49 Contamina facilmente alimentos como: • Grãos, cereais, • Vegetais, • Condimentos • Animais, como produtos cárneos e lácteos Consequentemente, os alimentos podem ser importantes veículos desse microrganismo Bacillus cereus 50 Sintomas: Bacillus cereus Vômitos Diarréias Dores abdominais Aparecem entre 1 a 5 horas após a ingestão do alimento contaminado. 01/04/2013 26 51 Bactérias anaerobias facultativas Staphylococcus aureus Cocos, arranjos irregulares (cacho de uva), Imóveis, não esporulados, Gram positivos, Anaeróbios facultativos Habitat : Cavidade nasal e Pele de pessoas e animais normais 52 Staphylococcus aureus É capaz de produzir enterotoxinas termorresistentes que causam uma doença no homem, denominada intoxicação estafilocócica A quantidade necessária para desencadear a intoxicação 1 micrograma corresponde à quantidade encontrada no alimento quando a contaminação por Staphylococcus aureus atinge 100.000 células por grama 01/04/2013 27 53 Intoxicação estafilocócica Ingestão de alimentos contendo enterotoxinas produzidas por cepas enterotoxigênicas de Staphylococcus aureus. Há sete tipos de enterotoxinas que Staphylococcus aureus é capaz de produzir. 54 Super antígenos Moléculas altamente potentes estimuladoras do sistema imune Estimulam a proliferação de linfócitos T não específicos Mecanismo bem conhecido Liga-se ao nervo vago e Estimula o centro do vomito Maior produção durante a fase exponencial de crescimento Termorresistentes ENTEROTOXIXA: Staphylococcus aureus 01/04/2013 28 55 Aparecimento dos sintomas: Intoxicação estafilocócica 20 minutos a 2 horas após a ingestão do alimento com a enterotoxina. Sensibilidade às enterotoxinas Quantidade de toxina produzida no alimento Quantidade de alimento ingerido e saúde geral Sintomas e intensidade Sintomas característicos: Náusea, Ânsia de vômito, Vômitos, Cólicas abdominais, Sudorese e prostração. 56 Intoxicação alimentar: Toxina produzida pelo S. aureus Início abrupto e violento, com náusea, vômitos e cólicas, pressão baixa e temperatura subnormal. Alterações na frequência cardíaca podem também ser observadas. A recuperação ocorre em torno de dois dias, porém, alguns casos podem levar mais tempo ou exigir hospitalização. A morte é rara; contudo, pode ocorrer em crianças, idosos e indivíduos debilitados. 01/04/2013 29 57 Síndrome de choque tóxico: É devido à produção de toxina que age como superantígeno. Caracteriza-se por diarreia aquosa e profusa , eritema difuso semelhante à queimadura solar, com inchaço de mãos e pés, seguido de descamação também em mãos e pés. Há também eritema de membranas mucosas, febre e hipotensão. Pode haver surgimento de sintomas gastrintestinais, comprometimento da função renal, elevação das enzimas hepáticas e trombocitopenia. 58 BACTÉRIAS ANAEROBIAS ● Genero Clostridium: Bacilos Gram positivos microrganismos ubíquos anaeróbios estritos ou aerotolerantes mais de 150 espécies Produzem endosporos Moveis (flagelo) 01/04/2013 30 59 Botulismo Clostridium botulinum É um tipo de intoxicação alimentar. Adquirida por meio de alimentos contaminados, principalmente em conservas. Podem ocorrer também o botulismo com origem em feridas e colonização intestinal. O contagio é feito através da exposição do ferimento ao agente causador É causado por uma potente neurotoxina de origem protéica. É uma doença grave e de rápida evolução, levando a óbito 30-60% dos casos. São descritos sete tipos de Clostridium botulinum, possuindo então sete tipos de neurotoxinas (A-G). 60 Botulismo: patogênese 01/04/2013 31 61 A Toxina botulínica age seletivamente no final do nervo,inibindo a liberação de acetilcolina e provocando desenervação química reversível. Botulismo: patogênese 62 Botulismo 01/04/2013 32 63 Tratamento Existem antitoxinas que visam a neutralização das toxinas A, B e E. A recuperação requer que as terminações nervosas se regenerem, ocorrendo então lentamente. Pode ocorrer também uma assistência respiratória prolongada. Botulismo Clostridium botulinum 64 São conhecidos sete tipos de toxinas botulínicas sorologicamente distintas e altamente potentes (de A a G). Tipo G: Admite-se estar relacionado com alguns casos de morte súbita Toxina botulinica 01/04/2013 33 65 Doenca: gangrena gasosa, gastroenterite, intoxicação alimentar, outras Fatores de Virulência: Enzimas degradativas (colagenase, hialuronidase, proteases) Exotoxina (tóxina teta: necrose e hemolise) Enterotoxinas (perda de água e eletrólitos) Clostridium perfringens 66 Período de incubação - de 6 a 24 horas, em geral, de 10-12h Clostridium perfringens Patogenia: Área lesada Ingesta de alimento/água contaminada Germinação dos esporos crescimento (CO2 e H2); síntese de enzimas e toxinas distensão do tecido, interferência no fluxo sanguíneo Anemia hemolítica morte toxemia 01/04/2013 34 Enterotoxina proteína formada durante o processo de esporulação no interior do intestino interferência no transporte de água, sódio e cloretos através da mucosa intestinal Característica peculiar dos surtos de intoxicação alimentar por C. perfringens é que eles frequentemente envolvem um número grande de pessoas simultaneamente 68 FIM
Compartilhar