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RESUMO sbv
C – Circulação e controle de sangramentos
No A, B, C, D, E, a Circulação representa o 3º passo do exame primário ao paciente de trauma.
Anatomia
É importante lembrar das principais artérias do corpo humano.
Artéria Carótida comum
Artéria Subclávia
Artéria Axilar
Artéria Braquial
Artéria Radial
Aorta
Artéria Ilíaca Comum
Artéria Femoral
Artéria Poplítea
Artéria Fibular
Fisiologia
Débito Cardíaco = Frequência Cardíaca x Volume Sistólico
Pressão de Pulso = Pressão Sistólica – Pressão Diastólica
Pressão Arterial Média (PAM) = Pressão diastólica + 1/3 Pressão de Pulso
Pré carga = volume sanguíneo que chega no coração. (Aprox. 7% do peso corporal)
Pós carga = volume sanguíneo que sai do coração.
A Pressão de Pulso corresponde à pressão gerada pelo pulso do coração. O sangue chega no coração com uma certa pressão, a Diastólica. O coração pulsa e ejeta o sangue com essa pressão aumentada, que é a pressão Sistólica. O “aumento de pressão” é chamado Pressão de Pulso. Para que o coração trabalhe de uma forma efetiva, deve haver um volume de sangue adequado nos vasos que recebem o sangue (a veia cava e a veia pulmonar) e deve haver pressão sistólica suficiente para fazer que o líquido flua para os átrios, quando estas câmaras se relaxam. Se não houver sangue com pressão nos vasos que o recebem, apenas uma quantidade mínima de sangue passará para os átrios. A pressão na veia cava junto do coração é chamada de pré carga, e é determinada pela capacitância venosa, volemia e a diferença entre a pressão média do sistema venoso e a pressão atrial direita, enquanto que a pressão contra a qual o ventrículo esquerdo deve bombear o sangue para o sistema vascular é chamada de pós-carga.
Choque Circulatório
Choque circulatório é perda generalizada de sangue pelo paciente. A perda de sangue resulta em grave diminuição da pressão, o que leva a um rebaixamento expressivo do suprimento de O2 aos tecidos. A isso dá-se o nome de isquemia tecidual. Apesar de que nenhum tecido consegue funcionar de forma eficiente em situação de isquemia, a sensibilidade varia de acordo com a atividade do tecido em questão. Órgãos como o Coração, o Cérebro e os Pulmões, por exemplo, aguentam apenas 4 a 6 minutos sem oxigenação eficiente. Em comparação, a pele, os músculos e os ossos podem aguentar até algumas horas em isquemia. Além desse tempo, há dano tecidual irreversível.
O processo fisiopatológico do choque ocorre em 3 estágios:
Isquemia: caracteriza-se pela redução do fluxo sanguíneo capilar e pela conversão para metabolismo anaeróbico, com produção de subprodutos tóxicos ao organismo
Estagnação: nessa fase, os esfíncteres pré-capilares abrem-se, mas os pós-capilares se fecham, resultando em um aumento de pressão nos capilares. O aumento de pressão força líquido para fora dos capilares, levando a um edema tecidual.
Depuração (washout): Abrem-se os esfíncteres pós-capilares, liberando os produtos tóxicos na circulação. Resulta em acidose sistêmica. 
Tipos de choques circulatórios
Choque Hipovolêmico (Hemorrágico)
É a causa mais comum de choque no trauma. Considera-se que todo choque é hemorrágico até que se prove o contrário. Deve-se atentar para hemorragias externas, e cuidar prontamente destas. Porém, é importante lembrar que também podem ocorrer hemorragias internas. Como não vemos o sangramento, temos que prestar atenção a alguns sinais externos, para poder diagnosticar e encaminhar a vítima ao tratamento médico imediatamente, evitando, assim, o estado de choque. É importante que se observe: a pulsação – se o pulso está fraco e acelerado; a pele – se está fria, pálida e se as mucosas dos olhos e da boca estão brancas; as extremidades do corpo (mãos e dedos) – ficam arroxeados pela diminuição da circulação sanguínea nessas áreas.
Choque Ditributivo (neurogênico e Séptico)
No choque distributivo, há vasodilatação sem aumento do volume circulante de sangue. O resultado é uma diminuição na pré carga e no Débito Cardíaco. Ocorre pela liberação de substâncias vasodilatadoras em resposta alérgica (Séptico) ou pelo relaxamento dos vasos periféricos decorrentes de uma perda da atividade do SNA simpático (Neurogênico). O choque neurogênico é o único choque quente.
Choque Cardiogênico
Ocorre por disfunção miocárdica, em infartos do miocárdio, arritmias, disfunções valvares, ou pneumotórax hipertensivo ou tamponamento cardíaco. O pneumotórax hipertensivo deve ser tratado com punção no 2o espaço intercostal na linha hemiclavicular na borda superior da costela inferior para alívio da pressão intrapleural, até que se possa realizar a drenagem pleural. O tamponamento deve ser tratado, inicialmente com o acoplamento do monitor cardíaco, seguido pelo puncionamento do saco pericárdico, enquanto se observa o monitor. Punciona-se até perceber alívio ou leves arritmias, nesse caso deve-se recuar levemente a agulha, pois atingiu-se o pericárdio e o risco de dano cardíaco é alto.
 Classificação do choque hemorrágico
A classificação clínica tem por objetivo dar uma estimativa da gravidade do choque circulatório, correlacionando-a com o tipo e quantidade de solução a ser infundida, necessidade de hemotransfusão e de possíveis indicações cirúrgicas, logo na admissão do paciente. Há vários fatores que podem alterar a resposta hemodinâmica clássica da hemorragia e devem ser reconhecidos em todos os indivíduos envolvidos: 1) idade do paciente, 2) gravidade da lesão, com especial atenção ao tipo e localização anatômica do trauma, 3) intervalo de tempo entre o trauma e o tratamento, 4) reposição volêmica pré-hospitalar e 5) medicações utilizadas em condições crônicas.
A distinção entre as classes de choque nem sempre é muito aparente em um determinado paciente e o tratamento deve ser orientado mais pela resposta individual à infusão volêmica do que pela classificação inicial.
Complicações do Choque
RIM: Insuficiência renal aguda (IRA) -> Hipoperfusão renal, leva a necrose tubular aguda (acima de 60min em isquemia). Resulta em acidose e hipercalemia.
PULMÃO: Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA). -> Ocorre lesão do endotélio dos capilares pulmonares, o que leva ao extravasamento de líquido para alvéolos e interstício, resultando em um edema pulmonar não-cardiogênico. 
SANGUE: Coagulopatia -> Rebaixamento dos fatores de coagulação pela infusão de líquidos (coagulopatia dilucional); Rebaixamento dos fatores de coagulação pelo gasto na tentativa de controlar o sangramento (coagulopatia de consumo).
FÍGADO: Insuficiência hepática -> Hipoglicemia persistente; Acidose láctica; Icterícia (olhos amarelados).
FMI: (Falência de múltiplos órgãos) -> se há falência simultânea de 4 órgãos: BYE.
Como fazer a avaliação circulatória no paciente chocado?
O colapso circulatório, uma vez totalmente estabelecido, é facilmente reconhecido, sendo importante o reconhecimento precoce, não devendo se confiar, exclusivamente, na pressão arterial como indicador do choque. Deve-se atentar para variações no nível de consciência, coloração da pele muito pálida, baixa temperatura, tempo de enchimento capilar (deve ser de 2 a 3 segundos).
A atenção específica (exame secundário) deve ser dirigida à frequência cardíaca, à frequência respiratória, a perfusão cutânea e a pressão de pulso (diferença entre a pressão arterial sistólica e diastólica). Os sinais precoces de choque são:
a) Taquicardia
b) Vasoconstricção cutânea - palidez e frialdade de extremidades, com lentificação do enchimento capilar após compressão digital.
A frequência respiratória deve estar entre 16 e 20ipm e a frequência cardíaca de 60 a 100bpm.
Atentar-se para possíveis variáveis: idosos, bebês/crianças, atletas, grávidas, pessoas que acabaram de usar medicamentos como β-bloqueadores ou β-ativantes terão seus dados vitais diferentes do comum.
Controle de hemorragias
Toda hemorragia deve ser identificada e controlada o mais rápido possível. A hemorragia externa deve ser controlada com a aplicaçãode curativo de pressão no local do extravasamento e, se necessário, uso de torniquete logo acima do local da hemorragia. A hemorragia interna pode ser contida ao imobilizar as extremidades e relaxar ao máximo o corpo do paciente. O uso de um cobertor para aquecer o corpo do paciente também ajuda nas hemorragias, pois o corpo tente a bombear mais sangue para áreas frias na tentativa de aquecê-las.
Reposição volêmica
A reposição volêmica deve ser feitar por meio de 2 acessos venosos, 1 em cada braço, com injeção 1L de cristaloide 3:1 em cada acesso. A reposição deve ser controlada, evitando a reposição excessiva.
RCP
Algoritmo RCP:
Importante!
Relação massagem cardíaca/respiração boca-a-boca = 30:2
Não pode parar a massagem cardíaca exceto se for desfibrilar ou intubação. Se conseguir VA definitiva, a massagem cardíaca se torna contínua até estabilização do paciente.
D: Avaliação neurológica e Traumatismo crânio encefálico
No A, B, C, D, E, a Avaliação Neurológica (Disability) representa o 4º passo do exame primário ao paciente de trauma.
Anatomia
SCALP = Skin, Connective tissue, Galea Aponeurotic, Loose Aoreolar Connective tissue e Pericranium.
Em português: Pele, Tecido Conjuntivo, Gálea Aponeurótica, Tecido Areolar Frouxo e Periósteo
Meninges
Dura-máter: aderida ao osso;
Aracnoide: aderida frouxamente à Pia-máter e aos vasos cerebrais que passam por cima dela;
Pia-máter: aderida ao cérebro.
Espaço Epidural (acima da dura-máter): Virtual; Presença da Artéria meníngea média, que pode dar origem a hematoma epidural.
Espaço Subdural (abaixo da dura-máter): Real; Presença de veias comunicantes, que podem dar origem a hematoma subdural.
Encéfalo
O Encéfalo ocupa cerca de 80% do volume craniano. O Cérebro possui 2 hemisférios, 4 lobos (frontal, parietal, temporal e occiptal). O Cerebelo é a parte do encéfalo que controla a coordenação e equilíbrio. O Tronco é dividido em 3 partes (mesencéfalo, ponte e bulbo). Do Encéfalo, saem 12 pares de nervos, 2 do Cérebro e 10 do Tronco. O 3º par, Oculomotor, é importante na atenção neurológica do paciente de trauma, pois ele controla o fechamento da pupila. O não-fechamento da pupila em resposta à luz (foto-resposta) indica dano no N. Oculomotor.
Fisiologia
A PPC, a Pressão de Perfusão Cerebral é importante pois é ela que define se o tecido cerebral está sendo devidamente oxigenado. A PPC é calculada pela diferença entre PAM e PIC (Pressão Intracraniana) -> PPC = PAM – PIC. A PPC tem valor normal maior que 60mmHg, e a PIC menor ou igual a 15mmHg. Quando a PPC é inferior a 50mmHg, há falência do mecanismo autorregulador do cérebro
FSC, o Fluxo Sanguíneo Cerebral, é diretamente proporcional à demanda metabólica do tecido nervoso, acoplamento este denominado autorregulação metabólica, também dependente da viscosidade sanguínea, sendo o valor normal do fluxo de aproximadamente 750ml/min e corresponde à cerca de 15 a 20% do débito cardíaco, devido à intensa atividade metabólica do SNC. Nas primeiras 24 horas após a lesão, o FSC é muito baixo e se restabelece progressivamente nos três dias subsequentes.
Hiperventilação
Na hiperventilação, o paciente ventila acima do necessário, mesmo que esteja com FR normal. Há rebaixamento das pressões de CO2 e de O2, pois elimina-se CO2 em excesso, e inala-se pouco O2. O baixo nível de CO2 acarreta uma alcalose respiratória.
Fisiopatologia�
lesão cerebral primária e secundária
A Lesão Cerebral Primária é um trauma direto no encéfalo, ou seja, é aquela que ocorre no momento do trauma. 
A Lesão Cerebral Secundária é todo processo desencadeado pela Lesão Primária. O socorrista deve agir no sentido de evitar a LSC.
A LSC pode ser: Hipóxia, Hipotensão e FSC inadequado, efeito de massa (alta PIC), mecanismos celulares indutores de apoptose (inflamação, baixo nível de substratos energéticos)
Efeito de Massa e Herniação
São as causas intracranianas de lesões secundárias mais comuns. A crânio e as estruturas intracranianas possuem volume constante e, até certo ponto, fixo. Quando algo (hematoma, edema, tumor) se encontra na caixa craniana, esse algo “empurra” alguma estrutura “para fora”. Esse é o Efeito Massa (ou Efeito de Massa).
A Herniação ocorre quando alguma estrutura é forçada para fora do lugar onde normalmente está, geralmente criando uma “bola” no local onde ocorreu a herniação.
Características clínicas da herniação
A herniação causa dilatação ou lentidão na foto resposta da pupila ipsilateral ao lado da lesão, fraqueza motora contralateral, decorticação (o paciente “aponta para cima”), descerebração (o paciente aponta para baixo) e flacidez.
Causas extracranianas de lesão secundária
Hipotensão: PA abaixo de 90mmHg, fazendo com que as áreas cerebrais lesadas percam capacidade de autorregulação. Deve-se fazer reposição volêmica e manter a PA efetiva, para garantir a PPC.
Hipóxia: leva a dano cerebral irreversível em 4-6 minutos. Deve-se manter a saturação em 90% e garantir a ventilação adequada.
Anemia: há rebaixamento da distribuição de O2 para os tecidos. A reposição volêmica deve regular esse causa também.
Hipo e Hipercapnia: Hipocapnia (baixa PaCO2), leva a vasoconstrição cerebral, comprometendo o FSC. Hipercapnia (alta PaCO2), leva a um aumento da PIC.
Hipo e Hiperglicemia: as duas condições põem em risco os tecidos cerebrais. Hipoglicemia: neurônios são incapazes de estocar glicose (demanda contínua de açúcar). Hiperglicemia também é perigosa e deve ser evitada, a Diabete do Trauma pode ser sinal de vítimas de TCE severo.
Convulsões: as convulsões são causadas pela hipóxia, hipoglicemia, alterações eletrolíticas e tecido cerebral lesado.
Glasgow coma scale
A GCS é um método confiável e objetivo de registrar o nível de consciência de uma pessoa, para avaliação inicial e contínua após um traumatismo craniano. Seu valor também é utilizado no prognóstico do paciente e é de grande utilidade na previsão de eventuais sequelas.
Avaliação Pontos
Abertura Ocular
	Abertura espontânea
	4
	Abre sob comando verbal
	3
	Abre sob estímulo doloroso
	2
	Sem abertura ocular
	1
Melhor resposta verbal
	Resposta adequada (orientado/conversa)
	5
	Resposta confusa (frases)
	4
	Resposta inapropriada (palavras soltas)
	3
	Sons ininteligíveis
	2
	Sem resposta verbal
	1
Melhor resposta motora
	Obedece a commandos
	6
	Localiza estímulo doloroso
	5
	Retira o membro à dor
	4
	Decorticação (aponta pra cima)
	3
	Descerebração (aponta pra baixo)
	2
	Sem resposta motora
	1
A análise do paciente pela GCS deve ser feita em série, para detectar processo de rebaixamento da consciência. Da pontuação 8 e abaixo, há a necessidade de intubação imediata.
Análise secundária
Palpar cabeça e face (atentar para crepitações/ferimentos/depressões)
Saída de fluido pelo ouvido ou nariz (halo amarelado característico)
Tamanho/resposta pupilar
Pescoço–dor/ deformidades ósseas
Exame neurológico (pares cranianos, sensibilidade, força motora)�
Fraturas da base do crânio: Deve-se atentar para três principais evidências de fraturas da base do crânio: saída de líquido (sangue ou líquor) pelo nariz ou ouvido; olhos de guaxinim; sinal de Battle (equimose mastoidea).
Lesões cerebrais
As principais concussões cerebrais são a concussão cerebral e o hematoma intracraniano.
Concussão Cerebral é um TCE com alteração transitória da função neurológica, causa dor de cabeça (cefaleia) intensa, náuseas e vómitos. 
Os hematomas intracranianos podem ser: hematoma epidural; hematoma subdural; contusão cerebral; hemorragia subaracnoide. 
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Esquema do PHTLS
TRAUMA RAQUIMEDULAR
Introdução:
No paciente politraumatizado, sempre que houver manipulação ou movimentos intempestivos e imobilização inadequada, a coluna pode sofrer lesões adicionaise piorar o prognóstico do paciente.
A existência de uma lesão da coluna vertebral não pode ser excluída, até que seja realizado o estudo radiológico adequado, portanto, o paciente deve ser mantido em imobilização total.
Todo paciente com traumatismo acima da clavícula ou que esteja inconsciente devido o TCE é considerado como tendo trauma associado da coluna cervical, bem como, acidentes envolvendo veículos em alta velocidade, deve-se suspeitar de lesão concominante de coluna e medula espinhal.
Avaliação
Exame Físico:
 Tem como objetivo primordial a imobilização total, não só a cabeça e pescoço, mas também o tórax, a pelve, e as extremidades inferiores.
Quando o paciente está consciente, pode identificar a dor no local do trauma, porque a perda da sensibilidade é abaixo do nível da lesão. A palpação da coluna deve-se observar a expressão facial de dor.
A perda da sensibilidade pode mascarar lesões intra-abdominais e de extremidades inferiores.
Quando há inconsciência, deve-se procurar sinais clínicos que sugiram a existência de lesão medular ao nível cervical.
Arreflexia flácida
Respiração diafragmática
Flexão antebraço com incapacidade para estendê-lo
Resposta a estímulo doloroso acima clavícula
Hipotensão com bradicardia sem hipovolemia
Priapismo
Uma vez confirmada a lesão, a consulta imediata com neurocirurgião e/ou ortopedista são essenciais, bem como a transferência para uma instituição de referência.
Avaliação da Coluna Vertebral:
Deve-se associar se há dor espontânea, dor a palpação ou deformidades na região posterior. A irradiação da dor também deve ser pesquisada, edema, equimoses, espasmos musculares e inclinação da cabeça também.
O paciente é rodado para o lado somente o mínimo necessário para permitir o exame, sempre com auxílio de pelo menos mais quatro pessoas.
Avaliação Neurológica da Lesão Medular:
Alteração Motora – Trato Córtico-Espinhal
Observar:
Contração muscular voluntária
Resposta involuntária a estímulos dolorosos.
 Alteração Sensibilidade – Trato Espinotalâmico
Observar:
Estímulo com objeto pontiagudo na pele.
Alteração dos Reflexos – Trato Posterior
Observar:
Percepção da posição dos dedos da mão ou do pé
Percepção da vibração de um diaposão.
Disfunção Autonômica
Observar:
Perda do controle esfincteriano bexiga e do reto
Priapismo.
Quando a lesão é completa ocorre perda da função motora ou da sensibilidade, situação muito desfavorável porque a possibilidade de recuperação é mínima, diferente das lesões incompletas.
Choque Associado ao Trauma Raquimedular:
Neurogênico:
Resulta da lesão das vias aferentes do sistema simpático da medula espinhal levando a perda do tônus vasomotor e perda da inervação simpática do coração.
Ocorre vasodilatação dos vasos das extremidades inferiores e vísceras provocando hipotensão relativa e conseqüentemente hipotensão, com bradicardia.
A pressão sangüínea é restaurada nestes casos, através do uso criterioso de drogas vasoativas e não com a reposição volêmica que pode resultar em sobrecarga.
Medular:
 Condição que ocorre imediatamente após o trauma (lesão medula espinhal), fazendo com que o paciente se apresente sem nenhuma função motora e sensitiva, produzindo flacidez e perda dos reflexos ao invés da espasticidade, hiperreflexia e sinal de Babinski como seria esperado. Mais tarde, quando o choque desaparece, a espasticidade substitui a flacidez nas áreas nas quais não houve recuperação de função.
Efeitos sobre outros órgãos e sistemas:
 A lesão da medula ao nível cervical baixo ou torácico alto pode levar a hipoventilação por paralisia dos músculos intercostais. Se a lesão for a nível de cervical alto ou médio, pode também paralisar o diafragma.
Lesões intra-abdominais podem passar desapercebidas, pela incapacidade de sentir dor.
Tratamento:
Imobilização:
A lesão da coluna cervical requer que o paciente seja imobilizado continuamente por inteiro, com colar semi-rígido, prancha longa, faixas e cintos antes e durante o transporte para o hospital de referência, principalmente para aqueles que não querem deitar-se, estão agitados ou são violentos.
Líquidos Intravenosos:
Limitado à manutenção. Deve-se manter a euvolemia do paciente. A infusão de líquidos deve ser realizada a fim de manter a pressão sangüínea dentro dos parâmetros normais.
 Medicação:
Determinado de comum acordo com o neurocirurgião. O uso de corticóides está limitado ao trauma fechado e de acordo com a orientação do neuro.
Pode-se lançar mão da metilpredinisolona, onde sua administração pode ser feita em bolus de 30 mg/kg nos primeiros 15 minutos e manter a dosagem de 5,4 mg/kg/h nas 24h. o tratamento deve ser iniciado dentro das primeiras 8 horas pós-trauma.
Transferência:
Deve-se evitar retardo desnecessário para transferir o paciente.
As condições do paciente devem ser restabelecidas e estabilizadas.
Lembrar que uma lesão alta da coluna cervical pode resultar em perda parcial ou total da função respiratória.
 
Exposição com controle ambiental
No A, B, C, D, E, a E – Exposição e Controle do Ambiente representa o 5º e último passo do exame primário ao paciente de trauma.
Nessa etapa, é imprescindível que se retire as roupas do paciente, para expor todas as lesões. O sangue também pode se acumular e ser absorvido pela roupa do paciente, e, assim, passar despercebido. Após a inspeção de todo o corpo do paciente, este deve ser coberto para impedir hipotermia. A regra geral é que se retire toda a roupa necessária para determinar presença ou ausência de lesão. As lesões devem ser vistas para poderem ser tratadas, portanto, o socorrista não deve ter medo de retirar a roupa do paciente para examiná-lo.
Exame secundário
O exame secundário é a avaliação da cabeça aos pés do doente. O socorrista deve completar o exame primário, identificar e tratar todas as lesões de risco de vida, e iniciar a reanimação antes de começar o exame secundário. No exame secundário, deve-se rever todo o paciente (da cabeça aos pés), procurando por lesões ou problemas não identificados no exame primário. Levando-se em consideração que um exame primário bem feito foi realizado, o exame secundário deve apenas cuidar de problemas menores. Um paciente traumatizado grave não deve permanecer na cena, pois sua vida corre risco, deve ser levado o mais rápido possível para o hospital. As lesões são achadas e relacionadas região por região, não com uma olhada geral pelo corpo. “Veja. Ouça. Sinta. Veja, não apenas olhe. Ouça, não apenas escute. Sinta, não apenas toque.”
Sinais vitais
O socorrista deve sempre rever os sinais vitais do paciente, para identificar um possível processo de recaimento devido a alguma condição do paciente. Dependendo da situação, um segundo socorrista pode obter os sinais vitais enquanto o primeiro completa o exame primário a fim de não haver demora adicional. Muito embora, "valores" exatos de frequência de pulso, ventilação ou pressão arterial não são cruciais no tratamento inicial do traumatizado grave.
O conjunto completo de sinais vitais inclui pressão arterial, frequência e qualidade do pulso, frequência circulatória, incluindo murmúrio vesicular, e temperatura e cor da pele. Deve ser obtido e registrado um conjunto completo de sinais vitais a cada 3 a 5 minutos, ou a cada mudança na condição ou problema médico.
Amplas
É importante, durante o atendimento secundário, obter um histórico rápido do paciente. Para isso, usa-se o método mnemônico AMPLAS:
A – Alergias
M – Medicações
P – Passado Médico / Cirúrgico
L – Líquidos e Alimentos Ingeridos
A – Ambiente
S – Sintomas
Cabeça e face
O exame superficial da cabeça e da face revelará condições superficiais do paciente. É importante palpar o couro cabeludo procurando lesões ou partes moles, checar a resposta à luz das pupilas e palpar toda a cabeça procurando crepitação, desvios, depressão ou mobilidade anormal.
pescoçoO exame visual do pescoço para identificar contusões, abrasões, lacerações e deformidades alertarão o socorrista sobre a possibilidade de lesões subjacentes. A palpação pode revelar enfisema subcutâneo de origem traqueal, pulmonar ou Iaríngea. Ausência de dor na região cervical pode ajudar a descartar lesão cervical, enquanto dor em resposta à palpação pode ser sinal de fratura, luxação ou lesão ligamentar. A palpação deve ser feita com cuidado, sempre deixando o pescoço na posição linear neutra (não machucar a cervical do paciente!!!)
Tórax
O exame visual de perto para identificar deformidades menores, pequenas áreas de movimento paradoxal, contusões e abrasões é necessário para encontrar lesões subjacentes. Outros sinais para 0s quais o socorrista deve ficar especialmente atento são posições de defesa contra dor, excursão torácica bilateral desigual e saliência ou retração intercostal, supra-esternal ou supra clavicular. Um ferimento perfurante perto do esterno pode ser o sinal inicial do tamponamento cardíaco.
O estetoscópio é o instrumento mais importante que o socorrista pode usar para o exame do tórax. O doente estará mais na posição supina, de modo que somente as faces anterior e lateral do tórax ficam disponíveis para ausculta. O socorrista deve aprender a reconhecer o murmúrio vesicular normal e diminuído, com o doente nesta posição.
Qualquer tipo de lesão por compressão do tórax pode resultar em pneumotórax. Murmúrio vesicular diminuído ou ausente indica Um possível pneumotórax simples ou hipertensivo, ou hemotórax. Crepitações ouvidas posteriormente (quando o paciente é rodado em bloco) ou lateralmente podem indicar contusão pulmonar. O tamponamento cardíaco é caracterizado por sons abafados; no entanto, pode ser difícil de determinar devido à movimentação na cena ou ruído do transporte. Deve ainda ser palpado o tórax para perceber enfisema subcutâneo.
Abdome
Abrasões e equimoses indicam a possibilidade de lesão subjacente. A área abdominal perto do umbigo deve ser examinada cuidadosamente à procura do “sinal do cinto de segurança”. Uma alta incidência de fraturas da coluna lombar também está associada ao "sinal do sinto de segurança".
O exame do abdome também inclui palpação de cada quadrante para verificar se há dor, posição de defesa do músculo abdominal ou massas. Quando palpar, verifique se o abdome está mole e se existe rigidez ou posição de defesa. Não há necessidade de continuar palpando o abdome depois que a sensibilidade ou a dor foram identificadas.
Pelve
A pelve é avaliada pela observação e palpação. O socorrista deve procurar abrasões, contusões, lacerações, fraturas expostas e sinais de distensão. Fraturas pélvicas podem produzir hemorragia interna maciça, resultando em deterioração rápida da condição do doente. A pelve deve ser palpada uma só vez, à procura de instabilidade, durante o exame secundário. Já que a palpação pode agravar a hemorragia, esta etapa do exame não deve ser repetida.
Dorso
A região posterior do tronco deve ser examinada para evidência de lesão. O exame é realizado quando o paciente é lateralizado para realizar o rolamento para a prancha longa. Procede-se à ausculta do murmúrio vesicular na face posterior do tórax e a coluna deve ser palpada para identificar sensibilidade e deformidade.
Extremidades
O exame das extremidades deve se iniciar na clavícula na extremidade superior e na pelve na extremidade inferior e prosseguir em direção à porção mais distal de cada membro. Cada osso e articulação individuais devem ser avaliados por exame visual à procura de deformidade, hematomas, ou equimose, e por palpação para determinar se crepitação, dor, sensibilidade, ou movimento incomum estão presentes. Qualquer suspeita de fratura deve ser imobilizada até que seja possível a c0nfirmação radiográfica de sua presença ou ausência. A verificação da circulação, função dos nervos motores e sensitivos também deve ser realizada na parte distai de cada extremidade.
Queimaduras
A pele é composta por 2 camadas: epiderme e derme. A epiderme é a parte mais superficial e também é a mais fina, mede cerca de 0,05mm, podendo medir até 1mm nas plantas dos pés. A derme é mais profunda, é cerca de 10x mais grossa que a epiderme e é inervada e vascularizada, ao contrário da epiderme.
A pele dos homens é geralmente mais grossa que a das mulheres, e a das crianças e idosos é mais fina que a de um adulto médio.
Em uma queimadura, as altas (ou baixíssimas) temperaturas, radiação ou agentes químicos fazem com que as proteínas da pele se desnaturem. As queimaduras podem ocorrer em duas fases (imediata e tardia) e apresentam 3 zonas de lesão tecidual: A zona de coagulação, mais central, que apresenta necrose; Zona de estase, intermediária, onde o tecido apresenta lesões reversíveis, providenciado correto aporte de oxigênio e sangue; Zona de hiperemia, mais externa, onde o tecido apresenta pouca lesão tecidual e aumento do fluxo sanguíneo, secundário a uma reação inflamatória iniciada pela queimadura.
As queimaduras podem ser classificadas de acordo com sua profundidade em queimaduras de 1º, 2º, 3º e 4º grau.
As queimaduras de 1º grau envolvem somente a epiderme e são caracterizadas por serem vermelhas e dolorosas. Resolvem-se em cerca de 1 semana, sem aparecimento de cicatrizes. Somente é necessário tratamento no caso de queimadura extensa.
As queimaduras de 2º grau envolvem a epiderme e a derme. Essas queimaduras apresentam bolhas ou áreas com aparência brilhante ou base úmida. O ferimento cicatriza com cerca de 2 a 3 semanas, se receber o devido cuidado. Se for profundo, pode necessitar de tratamento cirúrgico. Deve ser rigorosamente cuidadas, pois podem evoluir para 3º grau.
As queimaduras de 3º grau envolvem toda a espessura da pele. Podem apresentar diversas aparências, frequentemente os ferimentos são espessos, secos, esbranquiçados e com aparência semelhante a couro. Podem ser debilitantes e fatais. É necessário que se realize excisão cirúrgica e reabilitação intensiva do paciente.
As queimaduras de 4º grau envolvem toda a espessura da pele e tecido adiposo subjacente, músculos, ossos ou órgãos internos.
As bolhas ocorrem devido a desprendimento da epiderme. Líquidos extravasam para o espaço criado entre a epiderme e a derme, fazendo pressão sobre o tecido lesionado, fazendo dor no local.
O tamanho da queimadura pode ser estimado utilizando-se da “regra dos 9”: as grandes regiões do corpo de um adulto possuem 9% da superfície corporal.
Transporte
O paciente que apresente outras lesões além das queimaduras deve ser prontamente transportado a um centro especializado em traumas, para que as lesões sejam analisadas e tratadas. Só então deve ser levado a uma unidade de tratamento de queimados, se apresentarem: lesão por inalação; queimaduras de 2º sobre 10% ou mais de ACST; queimaduras de 3º grau; queimaduras na face, mãos, pés, genitália, períneo ou articulações principais; queimaduras elétricas; queimaduras químicas; condição preexistente que possa complicar o tratamento; risco elevado de morbimortalidade por outras lesões.
Tratamento
No tratamento do paciente com queimaduras, deve-se primeiramente impedir que o processo de lesão continue a alastrar, sendo o método mais eficaz o de passar água corrente a temperatura ambiente no local. Não se deve utilizar gelo ou água fria. É importante remover a roupa e joias do paciente, pois podem reter calor e machucar ainda mais.
Uma forma eficaz de tratamento de queimaduras recentes é a aplicação de curativos estéreis e não aderentes. Pomadas e antibióticos convencionais tópicos não devem ser aplicados, pois impedem a inspeção direta da queimadura. Deve-se cobrir os ferimentos com curativos de forma a impedir a contaminação do paciente e o fluxo de ar sobre o ferimento.
É importante a reposição volêmica do paciente, sendo necessária a administração de grande quantidade de volume intravenoso para evitar choque hipovolêmico. 
É necessário repor o fluídoperdido, mas tendo sempre em mente que o paciente continua a perder fluidos, portanto é necessária uma reposição constante de fluidos, mesmo após se atingir a volemia adequada.
Fórmula de Parkland:
K x m x %ACST queimada, onde K é a constante de Parkland, que corresponde a 4ml/kg/%ACST queimada. ACST = área corpórea superficial total.
A fórmula é usada para saber quantos ml de fluído deve ser reposto para o paciente nas primeiras 24h a partir do momento da lesão, sendo que 50% disso deve ser administrado nas primeiras 8 horas.
Exemplo: um homem adulto de 85kg que apresenta 20% de ACST queimada necessita de 4 x 85 x 20 = 6800ml
No caso do paciente pediátrico, deve-se administrar maior quantidade de fluídos, em comparação a um adulto que sofra de ferimento semelhante. A reposição segue a fórmula de Parkland, adicionado a reposição por fluído com glicose a 5%, em taxa de manutenção padrão. 
Casos especiais
Inalação de Fumaça
O paciente que apresente queimaduras e tenha inalado fumaça requer uma quantidade maior de fluídos. Os três elementos da inalação de fumaça são a lesão térmica, asfixia e a lesão pulmonar tardia induzida por toxina.
Os dois gases com importância clínica como asfixiantes são o monóxido de carbono e o gás cianeto. O CO liga-se à hemoglobina com maior afinidade do que o O2. Pacientes vítimas de inalação de CO devem ser acometidos a oxigênio 100%. O CN é produzido pela queima de plásticos ou poliuretano, e ao ser inalado, intoxica o metabolismo celular, impossibilitando que as células utilizem o O2, mesmo que tenha aporte suficiente. O paciente intoxicado por CN deve ser transportado para um centro de emergências que possa trata-lo com antídoto.
A lesão pulmonar induzida por toxina pode passar despercebida pois pode só manifestar sintomas dias após a intoxicação. As substâncias químicas da fumaça reagem com o revestimento da traqueia e dos pulmões e lesam as células que revestem as vias aéreas e os pulmões.
Queimaduras Elétricas
Em uma queimadura elétrica, a destruição e a necrose tecidual são excessivas quando comparadas ao trauma visualmente aparente, uma vez que grande parte ocorre internamente, conforme a eletricidade é conduzida através do paciente.
Doentes com queimaduras elétricas devem ser transportados com sonda urinária. Deve ocorrer diurese de mais de 100ml/h em adultos ou 1ml/kg/h em crianças, para evitar desenvolvimento de insuficiência renal. O paciente pode também apresentar lesões associadas.
Queimaduras Circunferenciais
As queimaduras circunferenciais fazem efeito semelhante ao do torniquete, podendo abolir o pulso do membro/área afetado.
Devem ser sempre tratadas como emergência, e o paciente deve ser levado diretamente ao centro de atendimento de queimados. 
Queimaduras Químicas
As lesões decorrentes de substâncias químicas são, frequentemente, resultado da exposição prolongada ao agente agressor. A gravidade da lesão química é determinada por quatro fatores: natureza, concentração, mecanismo de ação e duração do contato com a substância. 
TRAUMA ABDOMINAL
Introdução:
O advento da arma de fogo e o transito automobilístico elevaram o número de pacientes politraumatizados exigindo, pela equipe de saúde, um amplo e eficaz atendimento do paciente. Porém, a lesão intra-abdominal não diagnosticada continua sendo causa freqüente de morte evitável em trauma no tronco. Logo, qualquer doente com trauma contuso ou penetrante em tronco deve ser considerado como portador em potencial de lesão abdominal.
Anatomia do Abdome:
Externa:
Abdome Anterior: área delimitada superiormente pela linha transmamilar, inferiormente pelos ligamentos inquinais e sínfise púbica e lateralmente pelas linhas axilares anteriores.
Flancos: compreendido pelas linhas axilares anteriores e posteriores, desde o 6º espaço intercostal até as cristas ilíacas.
	Dorso: delimitado pelas linhas axilares posteriores, ponta das escapulas e cristas ilíacas.
Interna:
Cavidade Peritoneal: podendo ser dividida em superior, contendo a região tóraco-abdominal com o diafragma, estômago baço, fígado e cólon transverso e inferior com o delgado e sigmóide.
Cavidade Pélvica: contem reto, bexiga, vasos ilíacos e genitália interna
Espaço Retroperitoneal: tendo a aorta abdominal, cava inferior, duodeno, pâncreas, rins, ureteres, cólon ascendente e descendente. Lesões nesta área são de difícil diagnóstico e escapam ao LPD.
Mecanismo de Trauma:
Trauma Contuso:
Causados por impacto direto, levando a compressão ou esmagamento, podendo ocasionar ruturas com posterior hemorragia ou peritonite. Outro tipo de lesão são as causadas por desaceleração com deslocamento desigual de orgãos +/- fixos, onde podem ocorrer lacerações dos ligamentos de suporte (fígado e baço).
Trauma Penetrante:
Causam lesões por corte ou laceração, onde os projeteis de alta velocidade transferem energia cinética às vísceras provocando efeito de cavitação temporária podendo causar lesões mais graves.
Avaliação:
Diante de um trauma abdominal, há necessidade de se identificar se a causa da hipotensão é abdominal. Em pacientes estáveis, a observação com reavaliações freqüentes ajudará a determinar a provável lesão.
História:
Em trauma fechado é fundamental a obtenção de informações. Em acidentes automobilísticos de como ocorreu, velocidade, condições do automóvel, estado do paciente ao ser resgatado, tipo de colisão, uso de medidas de segurança.
No trauma penetrante, informações como tipo de arma, distância, número de facadas ou tiros, a quantidade de sangue no local e as condições do doente no local são muito importantes.
Exame Físico:
Deve ser meticuloso e sistemático com registro de todos os dados.
Inspeção: ver todo o abdome anterior, posterior e períneo, observando a presença de abrasões, ferimentos, contusões, corpos estranhos, evisceração.
Ausculta: pesquisar ruídos hidroáereos.
Percussão: pesquisar timpanismo, macicez ou dor.
Palpação: pesquisar irritação peritoneal.
Em ferimentos penetrantes pode ser optar pela exploração digital local do ferimento, porém, em ferimentos acima do rebordo costal é contra-indicada a exploração devido ao risco de pneumotórax.
Deve ainda ser testada a estabilidade pélvica na suspeita de fratura de bacia.
É tempo importante e fundamental no exame do abdome a avaliação do pênis, períneo e reto. Deve-se pesquisar sangue no meato urinário, hematomas no períneo, sangue ou próstata elevada ao toque retal, além de avaliar o tônus do esfíncter. Em mulheres, o toque vaginal é importante para avaliação de ferimentos ou fraturas. A avaliação da região glútea deve ser realizada pela possibilidade de lesão do reto em sua porção pélvica.
TRAUMA TORÁCICO
Introdução:
A rápida expansão no conhecimento dos efeitos fisiopatológicos da biocinética do trauma, o avanço tecnológico no tratamento intensivo do politraumatizado aliado ao refinamento da técnica operatória, tornaram-se perfeitas combinações na abordagem terapêutica atual das lesões torácicas. Hoje, cerca de 25% das mortes por trauma, são de natureza torácica e três aspectos clínicos são tidos como questões vitais: insuficiência respiratória, choque hipovolêmico e tamponamento cardíaco. Assim, jamais poderia ser deixado de lado, este relevante capítulo da traumatologia.
Como cerca de 85% dos pacientes precisam de toracotomia, por isso, este tema tem papel relevante na formação médica geral, principalmente àqueles que venham a trabalhar em plantão de emergência.
Lesões com Risco Iminente de Vida:
Obstrução da Via Aérea:
Trauma na parte superior do tórax pode resultar em luxações ou em fratura-luxações que podem levar a lesão da via aérea.
O reconhecimento da obstrução da via aérea deve ser realizada de maneira rápida através de sinais como: estridor, modificação na qualidade da voz e sinais óbvios de trauma na base do pescoço.
O tratamento deve ser instituído de imediato através do restabelecimento da via aérea,seja desobstruindo-a, seja através da intubação do paciente. Dependendo da gravidade pode-se ate partir para uma via aérea cirúrgica.
Pneumotorax Hipertensivo:
Lesão que ocorre devido a entrada de ar para o espaço pleural sem a saída do mesmo (sistema unidirecional). Esse mecanismo unidirecional leva a um colapso do pulmão afetado e desvio do mediastino, levando a uma diminuição do retorno venoso e comprimindo o pulmão contra-lateral, levando ao quadro de insuficiência respiratória, que se não tratada de maneira eficaz, pode levar a morte do paciente.
A causa mais freqüente de pneumotórax hipertensivo é a ventilação mecânica com pressão positiva quando de lesão em parênquima pulmonar não diagnosticado precocemente.
O diagnostico do pneumotórax hipertensivo é de caráter clínico e não radiológico. Sinais e sintomas presentes são: insuficiência respiratória, enfisema subcutâneo, desvio de traquéia, turgescência jugular, hipertimpanismo à percussão, murmúrio vesicular ausente a ausculta torácica, hipotensão, taquicardia.
O tratamento imediato do pneumotórax hipertensivo exige descompressão imediata com inserção de um cateter calibroso a nível do 2º espaço intercostal na direção da linha hemiclavicular do lado afetado. Após o alivio do pneumotórax pode-se proceder a drenagem torácica e/ou radiografia.
Pneumotorax Aberto:
Trata-se de um ferimento na parede torácica que tenha, no mínimo, 2/3 do diâmetro da traquéia. Essa lesão leva a um estado de hipoxia devido ao ar sair pelo local do ferimento, não chegando oxigênio em quantidade suficiente ao lado são.
O tratamento do pneumotórax aberto deve ser iniciado com a oclusão do ferimento com um curativo em C, ou seja, fechado em três pontas afim de que, durante a inspiração não haja entrada de ar pelo ferimento, e durante a expiração, o ar presente no espaço pleural saia para o meio ambiente.
Após esse procedimento realiza-se a drenagem torácica e em seguida o fechamento do ferimento da parede torácica.
Tórax Instável com Contusão Pulmonar:
Lesão que ocorre quando um segmento da parede torácica não tem continuidade óssea. Isso ocorre quando da fratura de 2 ou mais costelas com fraturas cominutivas, onde um segmento do tórax fica “solto”, levando a respiração com movimento paradoxal. 
Esta situação leva a restrição respiratória devido a dor provocada pelo trauma, que, quando associado à contusão pulmonar, piora o quadro de hipoxia do paciente.
O tratamento necessita de pronto reconhecimento do quadro clínico, através do movimento paradoxal. O tratamento inclui: analgesia, oxigenação suplementar e, se necessário, intubação com ventilação positiva, além da drenagem torácica, se necessário. A reposição volemica deve ser cuidadosa, pois a área de contusão pulmonar, dependendo da extensão, pode levar a um quadro de edema agudo de pulmão.
Hemotorax Volumoso:
O hemotórax volumoso é uma entidade clínica que leva a um estado de choque hipovolêmico, com todos os sinais e sintomas de choque. È definido quando a drenagem torácica tem volume de 1.500 ml ou mais de sangue, ou quando há drenagem de sangue de 200 ml/h em duas a quatro horas pós drenagem.
A causa mais freqüente do hemotórax volumoso é a lesão de grandes vasos.
Não há turgescência jugular e na ausculta o murmúrio vesicular está ausente, na percussão há macicez.
O tratamento do hemotórax volumoso inicia-se com a drenagem torácica, reposição volemica agressiva, o que pode inclui transfusão sangüínea. Nesta situação vale lembrar da possibilidade de auto transfusão, já realizada em alguns serviços. 
Nesses casos é obrigatória a avaliação do cirurgião para definir a necessidade de toracotomia de urgência. 
Tamponamento Cardiaco:
Entidade clínica geralmente resultante de ferimento penetrante no tórax com lesão do miocárdio. Como o saco pericárdico é uma serosa de tecido inelástico, pequenas quantidades de sangue entre o coração e o saco pericárdico levam a restrição da contratilidade miocárdica, levando a diminuição do retorno venoso, diminuição do debito cardíaco e conseqüentemente sinais e sintomas de choque hipovolêmico.
O diagnostico do tamponamento cardíaco é difícil. A tríade de Beck, caracterizada por abafamento de bulhas, hipotensão arterial e turgescência jugular, é difícil de ser encontrada, muitas vezes, só sendo suspeitada a lesão miocárdica, quando de ferimentos em precórdio. 
Entre os meios de diagnostico pode-se lançar mão do ultrassom (ecocardiograma), afim de se visualizar se há a presença de liquido em saco pericárdico.
Uma vez diagnosticado o tamponamento cardíaco, há a necessidade de tratamento imediato, através da pericardiocentese. Para a realização da pericardiocentese é necessário a monitorização cardíaca do paciente.
Deve-se consultar um cirurgião precocemente para que possa ser realizada a toracotomia de urgência.
Toracotomia na Sala de Urgência:
Procedimento realizado na sala de urgência, onde, um cirurgião experiente, realiza uma toracotomia, acessa o tórax e clampeia a aorta, abre o saco pericárdico e realiza massagem cardíaca direta. Procedimento que deve ser realizado apenas por profissional experiente, onde mesmo assim o índice de insucesso é alto, ficando seu uso extremamente restrito.
Lesões Torácicas com Potencial de Risco de Vida:
Trata-se de lesões torácicas que podem ser identificadas no exame primário, podendo ser tratadas no exame primário, ou após realização de radiografias para sua confirmação ou durante o exame secundário. Porém, são lesões que se não diagnosticadas e tratadas podem levar a risco iminente de vida. São elas:
Pneumotorax simples: cujo o diagnóstico pode ser confirmado pelo raio-x e o tratamento realizado a qualquer momento do atendimento do paciente, porém se não tratado, pode evoluir par pneumotórax hipertensivo.
Hemotorax: onde a causa mais comum é a laceração pulmonar ou ruptura de vaso intercostal. Seu diagnostico é confirmado pelo raio-x e o tratamento realizado pela drenagem torácica.
Contusão Pulmonar: lesão de padrão pneumônico ao raio-x, que deve ser monitorizada através de radiografias.
Lesão de árvore traqueo-bronquica: incomum, porém fatal, se não suspeitada. Chama a atenção quando da drenagem torácica, há escape de ar persistente e sem melhora clínica ou radiológica do pneumotórax, podendo ser necessário um segundo dreno torácico até a avaliação do cirurgião.
Rutura de Aorta: suspeitada quando de raio-x de tórax há alargamento do mediastino. Lesão que deve ter alto índice de suspeição, consulta com cirurgião precoce e tomografia helicoidal do tórax.
Hérnia diafragmática: ocorre quando da rutura do diafragma. Em casos duvidosos pode lançar mão de contraste ou sonda gástrica com radiografia posterior para confirmação da lesão.
Ferimento transfixante do mediastino: lesão com grande potencial de risco de vida. Procedimento a ser executado deve ser a drenagem torácica bilateral, tomografia do tórax e consulta precoce com o cirurgião.
ACESSO VENOSO
Introdução:
A venopuncão é um dos procedimentos mais importantes durante a assistência ao paciente vítima de choque ou qualquer ocorrência que requeira reposição rápida de líquido.
A venopunção é necessária para:
Obtenção de amostras de sangue para exames laboratoriais.
Para administração de drogas injetáveis via intravenosa.
Para estabelecer uma via para anestesia intravenosa e para monitorização da pressão venosa central e alterações da bioquímica sangüínea.
Para transfusões sangüíneas e para administrações de emergência de drogas durante cirurgias ou na unidade de terapia intensiva.
Para manutenção rotineira de fluidos e eletrólitos.
Para alimentação artificial de nutrientes por via intravenosa, quando a via oral não for viável.
A infusão intravenosa substitui quase que por completo as outras vias de administração para tratamento de líquidos e eletrolíticos. Sua popularidade se deve ao autodesenvolvimento da manipulação e ao desenvolvimento de técnicas altamentesofisticadas para sua realização.
Cateterismo Venoso Periférico:
Escolha do local do cateterismo:
Condições das veias superficiais: Elas podem ser tortuosas, retas, endurecidas pela idade ou com cicatrizes devido ou uso anterior, ferimento ou inflamação devido a recente venopunção. Uma veia não usada, facilmente visível que esteja relativamente reta é geralmente preferida.
Durante a manipulação: Um lugar que permite maior liberdade de movimentos é mais importante durante as infusões prolongadas. Consequentemente uma veia transversal numa junta não é ideal para uso prolongado porque limita os movimentos e podem causar rigidez dolorosa ao paciente, devido a necessidade de imobilizar a junta. Por outro lado, a fossa anticubital é mais conveniente durante uma emergência, pois as veias nesta área são em geral relativamente grandes e superficiais tornando-as de acesso imediato.
Tipo de Procedimento Intravenoso: Se o paciente for receber fluido hipertônico ou qualquer outro contendo elementos químicos ou drogas que sejam altamente irritantes para as veias, o tamanho da veia para o tratamento com a venopunção torna-se importante.
Técnicas do Cateterismo Periférico:
Escolha do dispositivo apropriado (Agulha, Jelco, Scalp, etc...).
Posicionar o paciente de forma confortável.
Escolha do local disponível mais apropriado.
Garrotear acima do local escolhido para punção com o objetivo de distender os vasos para melhor visualização.
Proceder a anti-sepsia do local com bolas de algodão umedecidas em álcool.
Introduzir o dispositivo escolhido com cuidado de não transfixar o vaso, posicionando o bisel da agulha voltado para cima.
Aspirar o catéter certificando-se de que o acesso esta funcionando.
Retirar o garrote e proceder com a medicação.
Vasos Periféricos de Escolha:
Rede venosa dorsal e metacarpiana do dorso da mão.
Veias dos MMSS (veia basílica, veia cefálica, veia mediana, veia cubital mediana, veia cefálica antebraqueal, veia basílica antebraqueal mediana).
Veias do MMII: Geralmente não são indicadas.
Punção da Veia Sub-Clavia:
A veia subclávia repousa logo abaixo da veia superior da clavícula em seu terço mediano logo acima da pleura. Posteriormente é separado da artéria subclávia pelo músculo escaleno anterior e plexo braquial se encontra ainda mais posteriormente, paralelo aos dois vasos. A veia subclávia deixa a axila para cruzar por cima da primeira costela e a baixo da clavícula no triângulo prontamente palpável, onde estes dois ossos anteriormente se encontram e, neste ponto, assume o curso de certa forma arqueado, cuja elevação esta na direção geral da cartilagem cricóide.
Técnica Para Punção da V.S.C:
Colocar o paciente em posição de Trendelemburg com uma inclinação de 15 graus aproximadamente, para distender as veias do pescoço e evitar embolia gasosa. A cabeça do paciente pode ser rodada para o lado oposto ao local de punção somente depois que a coluna cervical tiver sido radiografada e tiverem sido afastadas lesões.
Limpar bem a pele ao redor do local de punção e colocar campos. Luvas estéreis devem ser utilizadas na realização deste procedimento.
Se o paciente estiver acordado, usar um anestésico local na área da punção.
Introduzir uma agulha de grande calibre, encaixada a uma seringa de 10 ml com 0,5 a 1 ml de solução salina, 1 cm abaixo da junção do terço médio da clavícula.
Após puncionar a pele, e com o bisel da agulha voltada para cima, expulsar o fragmento de pele que por ventura estejam ocluindo a agulha.
A seringa e a agulha devem ser mantidas paralelas ao plano frontal.
Dirigir a agulha medialmente, em direção levemente cranial, para trás da clavícula e em direção Ao ângulo póstero-superior da extremidade esternal da clavícula. 
Introduzir a agulha levemente, ao mesmo tempo tracionando gentilmente o êmbolo da seringa.
Quando o sangue fluir livremente para dentro da seringa, girar o bisel da agulha caudalmente, remover a seringa, e ocluir a agulha com o dedo para evitar embolia gasosa.
Introduzir rapidamente o catéter até a profundidade pré-determinada (a ponta do catéter deve estar acima do átrio direito para a administração do líquido).
Remover a agulha e conectar o equipo de soro.
Fixar o catéter com fio de sutura, cobrir a área com curativo.
Solicitar uma radiografia de tórax para identificar a posição do catéter intravenoso e um possível pneumotórax.
Punção da Veia Jugular Interna:
Embora a veia subclávia pareça ser a abordagem mais popular para a colocação percutânea de um catéter venoso central, alguns médicos preferem evitar os perigos potenciais deste método, e usam tanto a jugular externa quanto a interna para colocação do catéter, apesar da dificuldade de colocação de um curativo oclusivo.
Técnica de Punção da Veia Jugular:
Colocar o paciente em posição de trendelemburg com uma inclinação de 15º, para distender as veias do pescoço e evitar embolia gasosa. A cabeça do paciente pode ser rodada para o lado oposto ao local da punção somente depois que a coluna cervical tiver sido radiografada e tiverem sido afastadas as lesões.
Limpar bem a pele ao redor do local da punção e colocar campos. Luvas estéreis devem ser utilizadas na realização deste procedimento.
Se o paciente estiver acordado, usar anestésico local na área da punção.
Introduzir uma agulha de grande calibre e encaixada a uma seringa de 10 ml com 0,5 a 1 ml de solução salina, no centro do triângulo formado pelos dois feixes de músculo esternocleidomastóideo e pela clavícula.
Após puncionar a pele, com bisel da agulha voltado para cima, expulsar os fragmentos de pele que por ventura estejam ocluindo a agulha.
Direcionar a agulha caudalmente, paralelamente ao plano sagital, em um ângulo posterior de 30º em relação ao plano frontal.
Introduzir a agulha lentamente e tracionando gentilmente o êmbolo da seringa.
Quando o sangue fluir para dentro da seringa, remover a seringa e ocluir a agulha com o dedo para evitar embolia gasosa. Se não se conseguir puncionar a veia, retroceder a seringa e redirecionar a punção lateralmente em um ângulo de 5º a 10º.
Introduzir rapidamente o catéter até a profundidade pré-determinada.
Remover a agulha e conectar o catéter ao equipo de soro.
Fixar o catéter com fio de sutura e cobrir a área com curativo.
Solicitar uma radiografia de tórax para identificar a posição do catéter intravenoso e um possível pneumotórax.
Complicações da Punção Venosa Central.
Hematoma.
Celulite.
Trombose.
Flebite.
Secção de Nervos.
Punção Arterial.
Pneumotórax.
Hemopneumotórax.
Punção de Nervos.
Fistula Arteriovenosa.
Neuropatia Periférica.
Perda do catéter.
Posição incorreta do catéter.
CINEMÁTICA DO TRAUMA
O Trauma é uma entidade nosológica que necessita de uma história clínica completa, precisa e objetiva, e que, se for corretamente interpretada poderá nos levar a 90% do diagnóstico das lesões traumáticas.
A história clínica deverá ser dividida em 2 fases. A primeira fase é chamada de fase pré-impacto, a segunda fase chama-se fase de impacto. Da fase pré-impacto é importante que a história clínica nos forneça dados que aconteceram antes do impacto, tais como uso de drogas e/ou álcool, se houveram sinais clínicos de doenças neurológicas, cardíacas, etc...
Na fase impacto, a história deve nos fornecer o tipo de evento traumático, por exemplo: ferimento penetrante, acidente automobilístico ou com motocicleta.
Estimativa de quantidade da transferência de energia, por exemplo altura da queda, a velocidade no momento do impacto e finalmente tipo de colisão ou impacto do paciente com objeto.
As lesões traumáticas de modo geral são classificadas em contusão, lesões penetrantes e explosões. Para podermos entender as conseqüências da agressão temos que entender os princípios da física que regem o evento.
1º - a energia nunca é criada ou destruída, entretanto, sendo força; 2º – um corpo em repouso ou movimentonunca saindo deste estado a não ser que outra fonte de energia externa atue sobre ele; 3º – a energia cinética é igual a massa multiplicada pelo quadrado da velocidade dividido por dois; 4º – uma força é igual a massa multiplicada pela desaceleração (ou aceleração). 
Para que o objeto em movimento perca velocidade é necessário que transmita sua energia de movimento para outro objeto. A rápida fuga dos tecidos determinada pela área de impacto leva a um esmagamento tecidual. A transferência de energia ocorre com deslocamento brusca e violenta dos tecidos para longe do local de impacto e com isto determinando lesão à distância (cavitação).
A dimensão da lesão é melhor avaliada quando há penetração cutânea. Para melhor entendimento exemplificamos da seguinte maneira: bata com uma barra de ferro sobre uma lata de metal e sobre uma espuma com as mesmas dimensões da lata, a lata demonstra claramente o local e a profundidade do impacto, o que já não acontece com a espuma.
O conceito aplica-se ao paciente com trauma. Como exemplo do trauma abdominal fechado que pode deformar profundamente a parede abdominal, porém não deixar marcas visíveis. Quando existem fraturas o significado do impacto se torna visível. O tamanho da cavitação está diretamente ligado pela quantidade de energia transferida. A transferência de energia é determinada por sua vez pelo número de partículas dos tecidos que são impactados pelo objeto em movimento. O número de partículas impactadas são determinadas pela densidade do tecido no trajeto do objeto impactante..
História
As informações fornecidas pelo pessoal de resgate pré-hospitalar a respeito das deformações externas e internas constatados no veículo orientam as possíveis lesões encontradas na vítima.
Trauma Contuso
Os padrões mais comuns e os tipos de lesões mais encontradas nos traumas contusos são:
Trauma automobilístico com passageiro no interior do veículo;
Atropelamento;
Acidentes com motocicleta;
Agressões;
Quedas
Explosões
As colisões automobilísticas são divididas em 2 grupos: colisão entre a vítima e o veículo, colisão dos órgãos da vítima e a estrutura externa do seu corpo.
Tipos de Trauma:
Impacto Frontal:
É considerado quando o objeto encontra-se a frente do veículo e o impacto faz com que haja redução brusca da velocidade. Se o ocupante do veículo não se encontrar corretamente contido seu corpo continuará o movimento até que seja parado ao chocar-se com as estruturas do carro. No impacto o indivíduo pode escorregar e o primeiro ponto de impacto será suas extremidades inferiores, de modo que o pé ou joelho recebam a transferência inicial da energia. Nessas condições a projeção anterior do tronco em direção à extremidade poderá causar as seguintes lesões:
1º - Fratura e luxação do tornozelo;
2º - Luxação do joelho;
3º - Fratura do fêmur;
4º - Luxação posterior do cotovelo.
O segundo componente deste tipo de trajetória e rotação anterior do tronco contra o volante e painel e cabeça contra o pára-brisa ou contra a moldura que o sustenta, isto é, o que chamamos de “míssil humano”.
Impacto Lateral:
Define-se como uma colisão contra o lado lateral de um veículo capaz de imprimir uma aceleração no sentido inverso do da desaceleração, ou seja, desloca o ocupante do ponto de impacto. O motorista que leva o impacto do seu lado (esquerdo) tem tendência maior em fazer lesões de vísceras que topograficamente se localizam na metade esquerda como o baço, fratura de arcos costais à esquerda.
As lesões que ocorrem na cabeça tem os mesmos princípios para o mecanismo do impacto frontal.
Impacto Traseiro:
O impacto traseiro tem conotação biomecânicas diferentes, tal impacto ocorre quando o veículo está totalmente parado. O veículo e seus ocupantes são jogados para frente à medida que absorve energia. Devido a proteção dos bancos todo tronco costuma sofrer aceleração para frente juntamente com o carro. Já a cabeça do ocupante não acompanha esta aceleração devido o encosto estar mal posicionado e com isso a cabeça é jogada para trás fazendo a hiperextensão do pescoço estirando os mecanismos de sustentação produzindo uma lesão em chicote.
Impacto Angular:
Obedece variante dos padrões observados nas colisões frontais e laterais ou poterior e laterais.
Capotamento:
É dos mais graves, pois se deve ao fato de múltiplos deslocamentos violentos que ocorrem durante a capotagem. 
Ejeção:
Lesões decorrentes da ejeção de dentro do veículo podem ser em si maiores do que aquelas ocasionadas pelo trauma em contato com o solo.
Lesões Orgânicas:
Por compressão:
Ocorrem quando a parte anterior do tronco deslocar-se para frente enquanto que a parte posterior continua a mover-se em direção anterior. Sendo assim as vísceras ficam aprisionadas entre a parede tóraco-abdominal posterior coluna vertebral que continuam seu deslocamento anterior e a parede tóraco-abdominal anterior que está impactada. Lesão miocárdica é típica deste tipo de ocorrência.
Por desaceleração:
As lesões por desaceleração ocorrem quando os ligamentos de sustentação das vísceras passam a se deslocar juntamente com o corpo, com a parada brusca parte móvel do corpo continua o movimento. Exemplo: rim, baço e fígado.
Devido aos meios de contenção:
A disponibilidade do Air Bag vem diminuindo em muito as lesões orgânicas por colisão, no entanto vale chamar atenção que não oferece nenhuma proteção para os choques subseqüentes, pois desacelera rapidamente isto quer dizer que não se pode prescindir do cinto de três pontas.
O cinto quando usado corretamente evita uma série de lesões, no entanto quando sua posição está incorreta poderá causar lesões, porém os danos globais serão menores. Para cumprir sua finalidade ele deverá estar posicionado abaixo da espinha ilíaca antero superior e acima do fêmur, tem que ficar apertado o suficiente para evitar deslocamentos que dependem de sua utilização correta.
Lesões de Pedestre:
Ocorrem 03 fases do impacto:
Impacto com pára-choque dianteiro
Impacto com pára-brisa ou capô
Impacto com o solo
Colisões de motocicletas:
O motociclista pode sofrer lesões por compressão, aceleração, desaceleração e cisalhamento.
Impacto Frontal / Ejeção:
No impacto frontal o motociclista é ejetado para frente podendo ocorrer trauma tóraco-abdominal ou de membros inferiores quando sofrem o impacto com o guidom da moto além do trauma quando choca-se contra outro objeto ou solo.
Impacto Lateral:
Ocorrem lesões de fratura de membros inferiores e se este impacto for contra um carro ou caminhão existem lesões semelhantes.
Derrapada Lateral:
Encontra-se lesões graves de abrasões ou avulsões extensas.
Quedas:
Nos EUA as quedas representam a causa mais freqüente de trauma não fatal e a segunda causa de lesão da coluna vertebral e TCE.
Se o corpo está caindo e colide com uma superfície rígida, a gravidade da lesão depende da capacidade do objeto estacionário tem para interromper o movimento do corpo.
Certas características do corpo são levadas em consideração especialmente a capacidade coesiva de elasticidade e viscosidade dos tecidos. Portanto a gravidade das lesões estão relacionadas a combinação da desaceleração vertical, a combinação com propriedades coesivas do corpo e consistência da superfície do impacto. 
Lesão por Explosão:
Podem ser classificadas em:
Lesão Primária: resultam dos efeitos diretos da onda de pressão e são mais nocivos aos órgãos que contem gás. Lesões mais comuns: ruptura do tímpano, contusão pulmonar, lesão veia pulmonar e desmembramento de retina.
Lesão Secundária: resulta de objetos lançados a distância que atinge indivíduos que se encontram na área.
Lesão Terciária: é quando o indivíduo se transforma num verdadeiro míssil e é lançado contra um objeto sólido ou mesmo o solo.
Trauma Penetrante:
A cavitação, já descrita previamente é o resultado do formato de energia entre o objeto em movimento e os tecidos.A extensão da cavitação é diretamente proporcional à superfície da área do ponto de impacto, a densidade, o tecido e a velocidade do projétil na hora do impacto.
O ferimento no ponto de impacto é determinado pelos seguintes fatores:
1º - Formato do projétil
2º - Relação e posição do local do impacto
3º - Fragmentação do projétil
Ferimentos de entrada e saída:
Deve-se ter muito cuidado com a caracterização do orifício de entrada ou saída sob o ponto de vista médico legal é muito importante.
Em virtude dos mais variados tipos de projéteis de arma de fogo fica difícil a caracterização dos orifícios. Um orifício de entrada por arma de fogo só pode ser confirmado com certeza quando: só tem um orifício (ferimento) e quando há vestígio de pólvora em torno do ferimento comprovado histologicamente.
Dois orifícios podem significar dois ferimentos produzidos por projéteis diferentes ou mesmo por um só projétil quando isto ocorre é de grande ajuda, pois podemos imaginar sua trajetória e com isto termos idéia topográfica das vísceras que por ventura tenham sido lesadas.
TRAUMA DE EXTREMIDADES
Introdução:
O traumatismo de extremidades é o principal motivo de admissão em qualquer hospital que se dispõe a tratar urgências e emergências traumáticas. Corresponde à cerca de 42% das vítimas de trauma atendidas no Hospital de Pronto Socorro Municipal de Belém (Normando e cols, 1997), porém são poucos os pacientes graves com risco de vida. De uma maneira geral o que oferece risco de vida são as lesões associadas, quando fazem parte de um paciente politraumatizado. A maior atenção deve ser dada às lesões esqueléticas, que podem levar invalidez definitiva se não forem atendidas corretamente.
Lesões com hemorragia intensa e incontrolável são as lesões que oferecem risco de vida, por isso, a identificação exata da estrutura anatômica lesada é quem vai definir o tipo de tratamento. As lesões mais graves são as ocasionadas por fraturas de bacia pélvica e bilateral de fêmur, que embora possa não apresentar nenhuma aparência durante a inspeção, podem levar ao choque hipovolêmico.
O esmagamento de extremidades com fraturas abertas e contaminadas apresentam sérios riscos pelo acúmulo de tecido necrótico podendo levar a insuficiência renal ou infecção secundária incontrolável (gangrena). Isto também é verdade para as amputações traumáticas proximais, que podem ser completas ou incompletas. A presença de grandes fraturas aumenta o risco de ocorrencia da sindrome de insuficiencia de multiplos orgãos e sistemas. Tal risco pode ser reduzido por um planejamento abrangente de tratamento precoce, incluindo intervenções para a estabilização de fraturas. 
As lesões de extremidade com risco de perda do membro incluem lesões vasculares com isquemia distal, síndrome compartimental com isquemia neurovascular localizada, fraturas abertas, lesões por esmagamento e luxações de grandes articulações. 
As lesões de extremidades usualmente envolvem mais do que um elemento tecidual. A gravidade é refletida pela extensão da lesão de cada um destes elementos. Assim, uma fratura fechada grave pode resultar em contusão significativa de pele e de músculos, possível lesão de nervos e/ou vasos, marcada fragmentação e desalinhamento de ossos, com grande risco de ocorrência de uma síndrome compartimental. Neste capitulo, as fraturas são discutidas depois de outras lesões de extremidades como lembrete para evitar que a presença de uma fratura de diagnóstico obvio atraia a atenção do médico, prejudicando uma avaliação completa do membro lesado como um todo. 
Exame Primário e Reanimação: 
Durante o exame primário, as extremidades são avaliadas rapidamente para controlar possível hemorragia profusa e avaliar a perfusão. Pacientes com uma lesão aparentemente isolada da extremidade serão avaliados e tratados como qualquer paciente com traumas potencialmente múltiplos. De fato, podem estar presentes lesões ocultas e a avaliação e os cuidados precoces das lesões de extremidades devem ser parte integrante de uma abordagem abrangente do paciente. 
Medidas Auxiliares ao Exame Primário:
Imobilização de Fraturas:
A imobilização das fraturas tem por objetivo o realinhamento da extremidade e prevenção de movimentação excessiva do membro. Deve-se realizar a imobilização por tração e imobilização a fim de diminuir a dor local. Não deve-se reduzir fratura exposta para dentro da ferida.
Exame Secundário: 
História:
Mecanismo de Trauma:
Procurar obter informações da equipe de resgate sobre o mecanismo de trauma. Deve-se determinar o mecanismo de trauma. Investigar: qual a localização do paciente no veículo, se foi ejetado, condições do veículo, se usava mecanismo de segurança, em caso de queda qual a altura, como foi a queda, tem esmagamento, teve explosão, como foi, foi lançando e assim por diante. Deve-se investigar essas informações a fim de se determinar o mecanismo de trauma e auxiliar no tratamento.
Ambiente:
Obter da equipe de resgate informações sobre exposição do paciente, fragmentos e fontes de contaminação.
Condições pré-trauma:
É importante saber das condições de saúde do paciente pré-trauma. Na história AMPLA deve-se incluir estes achados em relação ao estado do paciente antes do trauma. 
Exame Físico:
Usar o seguinte algoritmo: olhe, pergunte, palpe, avalie a circulação e realize as radiografias.
Olhe e pergunte:
Avaliar a perfusão, presença de ferimentos, deformações, edema, hematomas ou manchas. Através desses parâmetros deve-se investigar esses sinais a fim de procurar por alterações nas extremidades que mereçam tratamento.
Palpe:
As extremidades devem ser palpadas e avaliadas para pesquisar sensibilidade, pontos dolorosos, crepitações ou hiperestesia. 
Avalie a circulação:
Avaliar os pulsos distais das extremidades, enchimento capilar. Quando de dificuldades para a avaliação, pode-se usar o Doppler e ausculta dos pulsos artérias.
Lesões de Extremidade com risco de vida:
Fratura pélvica:
Lesão Pélvica:
As fraturas pélvicas geralmente são acompanhadas de hemorragia devido a rutura do complexo ósteo-ligamentar posterior em decorrência de fratura, luxação sacro-ilíaca ou fratura sacral.
Avaliação:
A presença de hemorragia ocorre de maneira rápida e seu diagnóstico deve ser reconhecido prontamente a fim de se iniciar o tratamento. Presença de hipotensão sem explicação pode ser devido a uma fratura pélvica com instabilidade dos ligamentos. Deve-se procurar por edema, escoriações, hematomas.
Ferimentos em pelve com evidencia de fratura, em especial nas nádegas, investigar lesão em reto. Se presente próstata alta, sangue em meato urinário, hematoma de períneo e instabilidade podem indicar fratura instável do anel pélvico.
A instabilidade pélvica é realizada pelo manuseio ântero-posterior ou latero-lateral da bacia. Esse procedimento só pode ser realizado uma vez durante o exame físico. Deve-se perguntar a equipe de resgate se o procedimento já foi realizado, não devendo, neste caso, ser realizado novamente para evitar sangramento pélvico maior ou destamponamento do hematoma.
Tratamento:
O tratamento da fratura pélvica exige controle da hemorragia e reposição volêmica agressiva. O controle da hemorragia pode ser realizado através da estabilização do anel pélvico. Essa estabilização pode ser feita através do dispositivo pneumático antichoque (PASG) ou do uso do emprego de um lençol colocado ao redor da pelve a fim de manter a sua estabilidade. Esses métodos são temporários até o paciente ser levado para tratamento definitivo.
Lesão Arterial:
Lesão:
Os ferimentos penetrantes em extremidade pode haver lesão vascular, assim como traumas fechados, onde pode levar a síndrome compartimental
Avaliação:
A avaliação baseia-se na pesquisa dos pulsos em extremidades, bem como o uso do Doppler, para se avaliar lesões arteriais. Faz parte também a avaliação de hematomas nas lesões de extremidade.
Tratamento:
A confirmaçãode lesão arterial necessita de correção cirúrgica imediata, pela avaliação de um cirurgião. Como tratamento imediato inclui a compressão direta do ferimento e reposição volêmica agressiva. É contra-indicado o uso de pinças hemostáticas ou de torniquetes. O uso da pinça fica restrito quando da visualização direta da lesão. O torniquete apenas em casos extremos como amputação traumática.
Síndrome de Esmagamento:
Lesão:
Resulta da musculatura lesada, que se não tratada, pode levar a insuficiência renal aguda por liberação de mioglobina.
Avaliação:
A mioglobina provoca uma urina escura, cor âmbar, que pode ser confirmada pelo laboratório. A rabdomiólise pode resultar em hipovolemia, acidose metabólica, hipocalcemia e CIVD.
Tratamento:
Com o objetivo de evitar a insuficiência renal é fundamental a reposição volêmica agressiva, indução da diurese com diurético osmótico (manitol) e até a alacalinização da urina com bicarbonato.
Lesões com Risco para o Membro:
Fratura Exposta e Lesão Articular:
Lesão:
A fratura exposta representa a comunicação entre o osso e o meio ambiente. A lesão pode levar a infecção juntamente com problemas de cicatrização e de função do membro.
Avaliação:
O diagnóstico é dado pelo mecanismo de trauma e pelo exame físico da extremidade. Ou seja, em caso ferimento próximo a fratura exposta ou articulação lesada tem potencial de ser exposta.
Tratamento:
Uma vez reconhecida a lesão procede-se um curativo local com remoção de corpos estranhos no local, imobilização adequada, profilaxia contra o tétano. O uso de antibióticos deve ficar a cargo do cirurgião.
Lesão Vascular e Amputação Traumática:
História e avaliação:
A suspeita de lesão vascular é baseada na insuficiência vascular do membro. A amputação é avaliada pelas condições do membro e sempre que possível com o acompanhamento da parte amputada.
Tratamento:
 Deve ser diagnosticado e acionado o cirurgião para tomar as condutas devidas ao caso, a fim de se restabelecer o fluxo em até 6 horas antes que se inicie o processo de necrose.
A amputação o parecer e a intervenção cirúrgica. A possibilidade de reimplante deve ser considerada. A parte amputada deve ser lavada com solução isotônica e deve ser transportada de maneira adequada para que possa se pensar no reimplante.
Outras Lesões dos Membros:
Lesões como contusões, lacerações, lesões em articulações menores e demais fraturas devem ter pronto reconhecimento e tratamento adequados para evitar seqüelas para o membro.
Princípios da Imobilização:
As lesões de extremidade devem ser imobilizadas após a avaliação do paciente quanto a lesões com risco de vida. Devem ser sempre imobilizadas antes do transporte. O uso do PASG fica restrito quando da presença de hemorragia. 
O paciente deve ser imobilizado em prancha longa, principalmente quando há suspeita de lesão de coluna.
A imobilização tem por função realinhar a fratura diminuir a dor local.
Controle da Dor:
O controle da dor em trauma de extremidade pode ser feita através da imobilização do membro e o uso de opiáceos em doses para controlar a dor.
SÍNDROME COMPARTIMENTAL
É o aumento da pressão intersticial de um tecido acima do normal. Pressões intersticiais acima de 35-45 mmHg sugerem comprometimento do fluxo sangüíneo capilar, levando a isquemia local de nervos e músculos. Isso pode resultar em paralisia permanente e/ou necrose.
Esse aumento na pressão intersticial se dá por derramamento de líquido no interstício e conseqüente compressão de músculos e nervos dificultando o retorno venoso. Quando a pressão intersticial atinge níveis mais elevados ainda, compromete o suprimento arterial para nervos e músculos resultando em isquemia celular, dano tecidual e necrose. Esse derrame ocorre em um ou mais compartimentos aponeuróticos da perna, antebraço, coxa, pé, mão, etc.
O imediato reconhecimento da síndrome compartimental é essencial para que se possa fazer a fasciotomia, com objetivo de liberar os compartimentos musculares, diminuído a pressão intersticial e restaurando a perfusão antes que ocorra a necrose.
A síndrome compartimental desenvolve-se em várias horas e pode estar oculta quando o paciente chega ao atendimento médico. Ocorre em função da interrupção do suprimento arterial para os músculos e nervos devido a ligadura venosa proximal, trauma direto sobre os músculos com conseqüente edema, infecção, injeção intra-arterial de drogas; queimaduras; compressão imediata mantida em paciente comatoso ou após restauração súbita de um membro previamente isquêmico. O uso de dispositivo pneumático anti-choque PASG por tempo prolongado em membros traumatizados, assim como a aplicação em extremidade sã.
Os sinais e sintomas da síndrome compartimental são: 
Dor, que aumenta quando se estira os músculos envolvidos.
Diminuição da sensibilidade dos nervos que atravessam os compartimentos envolvidos.
Edema e endurecimento regional
Fraqueza ou paralisia dos músculos envolvidos.
A diminuição dos pulsos distais e o retardo no enchimento capilar não são confiáveis para definir diagnóstico, posto que tais achados só ocorrem na fase avançada, quando o comprometimento tecidual é irreversível.
A medida da pressão intracompartimental acima de 35 mmHg sugerem comprometimento do fluxo sangüíneo capilar. Há necessidade imediata de fasciotomia descompressiva, quando a pressão ultrapassa 45 mmHg.
Uma interpretação crítica se faz necessária quando, apesar da pressão elevada, isto é, acima de 35 mmHg e o membro afetado encontrar-se sem sinais clínico (edema e endurecimento) de síndrome compartimental.
A fasciotomia inclui incisão desde a pele até fáscia muscular e deve descomprimir todos compartimentos anatômicos conhecidos, principalmente os compartimentos anterior e posterior, por incisões separadas. Em contrapartida, fasciotomias nas extremidades superiores raramente são requeridas.

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