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Prática Simulada IV (Recursos Cíveis) Agravo de Instrumento Agravo de Instrumento Previsão Geral: art. 994, inciso IV, do CPC Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: II - Agravo de Instrumento Previsão Específica: art. 1.015 do CPC Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º XIII - outros casos expressamente referidos em lei. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art373%C2%A71 Rol taxativo mitigado do art. 1015 do CPC ● Significa que, em tese, o recurso somente pode ser interposto se verificada alguma das situações previstas no dispositivo, sendo inadmissível o emprego da analogia. ○ A taxatividade, por outro lado, não elimina a interpretação do texto, sempre sujeita aos métodos de integração e hermenêutica do direito. ● Além disso, o Superior Tribunal de Justiça (tema 998) possui entendimento de que a taxatividade pode ser mitigada (relativizada) nos casos em que a discussão do tema somente no recurso de apelação pode ser inútil: ○ O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação. Tutelas Provisórias ● O agravo de instrumento é cabível tanto no caso de deferimento como de indeferimento do pedido de tutela provisória. ● Mesmo no caso de postergação da análise da tutela provisória é cabível a interposição de agravo de instrumento, uma vez que, nesse caso, é exarado juízo a respeito da urgência. Redistribuição do ônus da prova ● Similar ao que ocorre com a tutela provisória, tanto a decisão que concede a redistribuição do ônus probatório, como também aquela que o nega, é suscetível de enfrentamento por meio de Agravo de Instrumento. ○ Em ambos os casos, há vantagem para alguma das partes. Outros Casos de Interposição ● Julgamento Parcial do Mérito ○ Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. ● I - não houver necessidade de produção de outras provas; ● II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349. § 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento. ● Extinção Parcial do Processo ○ Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 [sem resolução] e 487, incisos II [decadência e prescrição] e III [homologação de reconhecimento de pedido ou reconvenção e acordo], o juiz proferirá sentença. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art355 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art344 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art349 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art487ii https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art487ii Direcionamento e Requisitos da Peça Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos: I - os nomes das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. Instrução (Instrumento que deve acompanhar o recurso) Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. § 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. Ausência de peça ou vício de inadmissibilidade § 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. § 4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original. Autos Eletrônicos § 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art932p Prazo para Interposição Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. Efeitos Devolutivo - devolve toda a matéria para análise pelo órgão colegiado (ex: câmara do Tribunal de Justiça) Suspensivo - é possível solicitar a atribuição de efeito suspensivo da decisão de primeiro grau Antecipação dos Efeitos da Tutela Recursal - é possível solicitar, em agravo de instrumento, antecipação dos efeitos da tutela do recurso, demonstrada a plausibilidade do direito e o risco na demora. Modelo - Peça de Interposição Modelo - Peça de Razões Caso Concreto XIV Exame da OAB Unificado Prova D. Civil Pedro, brasileiro, solteiro, jogador de futebol profissional, residente no Rio de Janeiro/RJ, legítimo proprietário de um imóvel situado em Juiz de Fora/MG, celebrou, em 1º de setembro de 2023, contrato por escrito de locação com João, brasileiro, solteiro, professor, pelo prazo de 48 (quarenta e oito) meses, ficando acordado que o valor do aluguel seria de R$ 3.000,00 (três mil reais) e que, dentre outras obrigações, João não poderia lhe dar destinação diversa da residencial. Ofertou fiador idôneo. Após um ano de regular cumprimento da avença, o locatário passou a enfrentar dificuldades financeiras. Pedro, depois de quatro meses sem receber o que lhe era devido, ajuizou ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis perante a 2ª Vara Cível da Comarca de Juiz de Fora/MG, requerendo, ainda, antecipação de tutela para que o réu/locatário fosse despejado liminarmente, uma vez que desejava alugar o mesmo imóvel para Francisco. O magistrado recebe a petição inicial, regularmente instruídae distribuída, e defere a medida liminar pleiteada, concedendo o prazo de 72 (setenta e duas) horas para João desocupar o imóvel, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Desesperado, João o procura para que, na qualidade de seu advogado, interponha o recurso adequado (excluídos os embargos declaratórios) para se manter no imóvel, abordando todos os aspectos de direito material e processual pertinentes. Lei nº 8.245/91 - Lei das Locações Folha de Rosto 1) Endereçamento: o Agravo de Instrumento é interposto diretamente na instância superior (geralmente o Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal Competente): 2) Qualificação: em razão da autuação em apartado (em instrumento), o Agravo de Instrumento deve contar com a qualificação completa das partes, além do nome e endereço completo dos advogados (art. 1.016, I e IV) Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais João, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob o n. xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado na Rua X, Bairro Y, CEP xxxxx-xxx, vem, por meio de seu advogado, com endereço profissional na Rua X, Bairro Y, CEP xxxxx-xxx, inconformado com a decisão de ev. xx proferida nos autos da Ação de Despejo n. xxxxxxxxxxx, movida por Pedro, brasileiro, solteiro, jogador de futebol, inscrito inscrito no CPF sob o n. xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado na Rua X, Bairro Y, Rio de Janeiro/RJ, CEP xxxxx-xxx, representado por advogado, [nome e endereço], com fulcro no art. 994, II, e art. 1.015, I, ambos do CPC, interpor o presente Agravo de Instrumento, nos termos expostos a seguir: Folha de Rosto 3) Requerimento de recebimento e provimento, nos termos das razões expostas a seguir: 4) Requerimento de efeito devolutivo e suspensivo (ou antecipação da tutela recursal), se for o caso. Requer-se seja o presente Agravo de Instrumento recebido, uma vez que devidamente recolhido o preparo, tempestivo e presentes cópias dos documentos descritos no art. 1.017, incisos I e III, do CPC, bem como provido, nos termos das razões a seguir. Postula, ainda, que o presente recurso seja recebido no efeito devolutivo e suspensivo, uma vez que a decisão agravada afronta a ordem jurídica vigente e pode causar danos irreparáveis ao Agravante. Folha de Rosto 5) Data e Assinatura: Termos em que pede deferimento, Juiz de Fora, 24 de abril de 2025 Advogado OAB/MG/SC n. xxxxx Folha de Rosto Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais Autos n. xxxxxxxx João, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob o n. xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado na Rua X, Bairro Y, CEP xxxxx-xxx, vem, por meio de seu advogado, com endereço profissional na Rua X, Bairro Y, CEP xxxxx-xxx, inconformado com a decisão de ev. xx proferida nos autos da Ação de Despejo n. xxxxxxxxxxx, movida por Pedro, brasileiro, solteiro, jogador de futebol, inscrito inscrito no CPF sob o n. xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado na Rua X, Bairro Y, CEP xxxxx-xxx, representado por advogado, [nome e endereço], com fulcro no art. 994, II, e art. 1.015, I, ambos do CPC, interpor o presente Agravo de Instrumento, nos termos das razões anexas. Requer-se seja o presente Agravo de Instrumento recebido, uma vez que devidamente recolhido o preparo, tempestivo e presentes cópias dos documentos descritos no art. 1.017, incisos I e III, do CPC, bem como provido, nos termos das razões a seguir. Postula, ainda, que o presente recurso seja recebido no efeito devolutivo e suspensivo, uma vez que a decisão agravada afronta a ordem jurídica vigente e pode causar danos irreparáveis ao Agravante. Termos em que pede deferimento, Juiz de Fora, 24 de abril de 2025 Advogado OAB/MG/SC n. xxxxx Razões do Agravo de Instrumento 1) Após a apresentação do Recurso, seguem as razões da peça, em que serão demonstrados os fatos, o direito que ampara a pretensão, eventual pedido de suspensão dos efeitos ou antecipação da tutela recursal e os requerimentos. 2) Título, dados do processo e endereçamento aos julgadores: Razões do Recurso de Agravo de Instrumento Agravante: João [nome completo] Agravado: Pedro [nome completo] Autos: Ação de Despejo n. xxxxxxxxxxxxxx Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais Colenda Turma Eméritos Julgadores Razões do Agravo de Instrumento 3) Exposição dos fatos e decisão agravada I) Contexto Fático e Processual Tratam os autos de Agravo de Instrumento interposto em face da decisão de ev. xx, que liminarmente determinou o despejo do Agravante do imóvel localizado no endereço X, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais). O imóvel em questão foi locado ao Agravante, mediante contrato escrito, em 1º de Outubro de 20xx, por prazo determinado de 48 (quarenta e oito meses), no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) mensais, garantido por fiança. Não obstante, após o transcurso de um ano do contrato, em decorrência de dificuldades financeiras ocasionadas por [razão], o Agravante não foi capaz de honrar com o valor avençado, deixando de pagar ao Agravado as últimas quatro parcelas do aluguel. Após diversas tentativas de composição amigável, as partes não chegaram a um acordo quanto ao valor em aberto, de modo que o Agravado ajuizou a presente Ação de Despejo c/c Pedido Liminar, a fim de forçar a desocupação do Imóvel. O Douto juízo de 1º Grau, ao analisar a tutela de urgência, deferiu o pleito liminar de despejo, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Ocorre que, conforme demonstrar-se-á a seguir, o contrato de locação possui garantia por fiança, circunstância que, nos termos do art. 62, II, da Lei de Locações (Lei nº 8.245/91), obsta a liminar de despejo, sendo garantido ao locatário a possibilidade de pagamento ou apresentação de contestação no prazo de 15 (quinze) dias. Razões do Agravo de Instrumento 4) Demonstração do Direito II) Impossibilidade de Despejo Liminar - Previsão de Fiador Conforme mencionado anteriormente, prevê o art. 62, II, alíneas “a” até “d”, da Lei nº 8.245/91, que, nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, o locatário poderá evitar a rescisão da locação efetuando, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, incluídos os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; os juros de mora; as custas e os honorários do advogado do locador, fixados em dez por cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa: Art. 62. Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou somente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o seguinte: II – o locatário e o fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, incluídos: a) os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; b) as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; c) os juros de mora; d) as custas e os honorários do advogado do locador, fixados em dez por cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa; No caso, a despeito da existência de garantia por fiança, o magistrado singular não se ateve à previsão legal e determinou liminarmente o despejo do Agravante no exíguo prazo de 72 (setenta e duas) horas. Veja, nem mesmo o Locatário foi citado, uma vez que a liminar foi deferida inaudita altera pars. Assim, a decisão agravada também descumpre o disposto no art. 59, § 1º, inciso IX, da Lei de Locações, que permite o despejo no prazo de 15 (quinze) dias - e não apenas 3 (três) - emcaso de falta de pagamento nos contratos em que não há garantia, situação que não ocorre nos presentes autos. Diante do exposto, requer-se seja a decisão reformada, a fim de garantir ao Agravante a possibilidade de permanência no imóvel, bem como a possibilidade de, no prazo de 15 dias previsto no art. 62, II, da Lei de Locações, efetuar o pagamento ou apresentação de contestação. Razões do Agravo de Instrumento 4) Pedido de Suspensão da Decisão 5) Pedidos e Requerimentos III) Necessidade de Suspensão da Decisão Como amplamente demonstrado no tópico anterior, a decisão agravada viola frontalmente o disposto nos artigos 59, § 1º, e art. 62, II, ambos da Lei de Locações, uma vez que presente garantia de fiança e não oportunizado o pagamento ou apresentação de contestação no prazo legal de 15 (quinze) dias. Além disso, a decisão agravada tem o potencial de causar gravíssimos danos ao Agravante, uma vez que, além de determinar a desocupação de sua moradia, o faz no exíguo prazo de 72 (setenta e duas) horas, incompatível com o disposto na Lei das Locações ou do próprio princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, nos termos do art. 1.019, I, do CPC, requer-se seja concedido efeito suspensivo ao recurso, a fim de suspender os efeitos da decisão proferida pelo juízo singular, com a consequente manutenção do Agravante no imóvel até ulterior decisão de mérito da Ação de Despejo. IV) Pedidos e Requerimentos Diante do exposto, requer-se seja o presente recurso conhecido e deferido deferido pelo desembargador relator o efeito suspensivo e ao final de provimento para reformar a decisão interlocutória proferida pelo Juízo a quo. Razões do Recurso de Agravo de Instrumento Agravante: João [nome completo] Agravado: Pedro [nome completo] Autos: Ação de Despejo n. xxxxxxxxxxxxxx Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais Colenda Turma Eméritos Julgadores I) Contexto Fático e Processual Tratam os autos de Agravo de Instrumento interposto em face da decisão de ev. xx, que liminarmente determinou o despejo do Agravante do imóvel localizado no endereço X, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais). O imóvel em questão foi locado ao Agravante, mediante contrato escrito, em 1º de Outubro de 20xx, por prazo determinado de 48 (quarenta e oito meses), no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) mensais, garantido por fiança. Não obstante, após o transcurso de um ano do contrato, em decorrência de dificuldades financeiras ocasionadas por [razão], o Agravante não foi capaz de honrar com o valor avençado, deixando de pagar ao Agravado as últimas quatro parcelas do aluguel. Após diversas tentativas de composição amigável, as partes não chegaram a um acordo quanto ao valor em aberto, de modo que o Agravado ajuizou a presente Ação de Despejo c/c Pedido Liminar, a fim de forçar a desocupação do Imóvel. O Douto juízo de 1º Grau, ao analisar a tutela de urgência, deferiu o pleito liminar de despejo, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Ocorre que, conforme demonstrar-se-á a seguir, o contrato de locação possui garantia por fiança, circunstância que, nos termos do art. 62, II, da Lei de Locações (Lei nº 8.245/91), obsta a liminar de despejo, sendo garantido ao locatário a possibilidade de pagamento ou apresentação de contestação no prazo de 15 (quinze) dias. II) Impossibilidade de Despejo Liminar - Previsão de Fiador Conforme mencionado anteriormente, prevê o art. 62, II, alíneas “a” até “d”, da Lei nº 8.245/91, que, nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, o locatário poderá evitar a rescisão da locação efetuando, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, incluídos os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; os juros de mora; as custas e os honorários do advogado do locador, fixados em dez por cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa: Art. 62. Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou somente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o seguinte: II – o locatário e o fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, incluídos: a) os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; b) as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; c) os juros de mora; d) as custas e os honorários do advogado do locador, fixados em dez por cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa; No caso, a despeito da existência de garantia por fiança, o magistrado singular não se ateve à previsão legal e determinou liminarmente o despejo do Agravante no exíguo prazo de 72 (setenta e duas) horas. Veja, nem mesmo o Locatário foi citado, uma vez que a liminar foi deferida inaudita altera pars. Assim, a decisão agravada também descumpre o disposto no art. 59, § 1º, inciso IX, da Lei de Locações, que permite o despejo no prazo de 15 (quinze) dias - e não apenas 3 (três) - em caso de falta de pagamento nos contratos em que não há garantia, situação que não ocorre nos presentes autos. Diante do exposto, requer-se seja a decisão reformada, a fim de garantir ao Agravante a possibilidade de permanência no imóvel, bem como a possibilidade de, no prazo de 15 dias previsto no art. 62, II, da Lei de Locações, efetuar o pagamento ou apresentação de contestação. III) Necessidade de Suspensão da Decisão Como amplamente demonstrado no tópico anterior, a decisão agravada viola frontalmente o disposto nos artigos 59, § 1º, e art. 62, II, ambos da Lei de Locações, uma vez que presente garantia de fiança e não oportunizado o pagamento ou apresentação de contestação no prazo legal de 15 (quinze) dias. Além disso, a decisão agravada tem o potencial de causar gravíssimos danos ao Agravante, uma vez que, além de determinar a desocupação de sua moradia, o faz no exíguo prazo de 72 (setenta e duas) horas, incompatível com o disposto na Lei das Locações ou do próprio princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, nos termos do art. 1.019, I, do CPC, requer-se seja concedido efeito suspensivo ao recurso, a fim de suspender os efeitos da decisão proferida pelo juízo singular, com a consequente manutenção do Agravante no imóvel até ulterior decisão de mérito da Ação de Despejo. IV) Pedidos e Requerimentos Diante do exposto, requer-se seja o presente recurso conhecido e deferido deferido pelo desembargador relator o efeito suspensivo e ao final de provimento para reformar a decisão interlocutória proferida pelo Juízo a quo. Termos em que pede deferimento, Juiz de Fora, 15 de março de 2023 Advogado OAB/MG/SC n. xxxxx