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RESUMO - DIREITO CIVIL

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DIREITO CIVIL – PARTE GERAL–
 (PESSOAS E BENS). 
PROFª MARIA ISABEL MARCONI ZAGO RIBEIRO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA. 
Direito Civil – Conjunto de normas reguladoras das relações sociais entre as pessoas, desde o nascimento ( e mesmo antes dele) até a morte (inclusive, depois dela).
É o ramo do direito privado destinado a reger as relações familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos. É o direito comum a todas as pessoas, disciplinado o seu modo de ser e de agir. É, pois, o direito da vida do homem.
Importância – É importante para a defesa da personalidade humana e dos direitos patrimoniais e extrapatrimoniais da pessoa. Possui normas reguladoras de pessoa física e da pessoa jurídica. Trata das regras disciplinadoras de um negócio jurídico, como um contrato ou um testamento. Normatiza a responsabilidade civil e o dever de reparação do prejuízo causado às vitimas. Estabelece normas protetivas do proprietário e da posse. Regula as relações conjugais, as não conjugais e as de parentesco.
O direito civil estuda: 
– Os sujeitos do direito – considerando-se sujeito ativo aquele que possui um crédito e sujeito passivo o que tem uma obrigação ou um dever a ser cumprido.
– A coisa – que é o objeto do direito.
- Os atos e os negócios jurídicos - que se constituem em instrumento de aquisição, modificação e extinção de direitos.
– As relações jurídicas – existentes entre os particulares: de família e de herança; contratual e obrigacional; de posse e de propriedade; buscando-se sempre a defesa da personalidade humana, para atendimento da função social do direito.
* Segundo Maria Helena Diniz – “ Toda a vida social está impregnada de direito civil”. 
DIVISÃO DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO.
O Código Civil Brasileiro, esta dividido em parte GERAL e ESPECIAL: 
GERAL - I – Do artigo 1º ao artigo 103. 
 II –Do artigo 104 ao artigo 232.
ESPECIAL – Dto. Das Obrigações – do artigo 233 ao artigo 965.
- Dto. Empresarial - do artigo 966 ao artigo 1.195. 
- Dto. Das Coisas - do artigo 1.196 ao artigo 1.510.
- Dto. De Família – do artigo 1.511 ao artigo 1.783.
- Dto. Das Sucessões – do artigo 1.784 ao artigo 2.027.
Obs. Apresenta ainda um livro complementar que encerra as disposições finais e transitórias – artigo 2.028 ao 2.046.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. 
Este conteúdo será ministrado no primeiro semestre de 2015/2.
Noção de Direito.
Princípios e Conteúdo do Direito Civil.
Codificação – Histórico do Código Civil Brasileiro (Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002) – Técnicas de Codificação.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro(Dec. Lei n° 4.657, de 4 de setembro de 1942). Redação determinada pela Lei n.12.376, de 30 de dezembro de 2010.
Código Civil Brasileiro – Parte Geral (Pessoas e Bens). 
Livro I – Das Pessoas. 
Titulo I – Das Pessoas Naturais.
Capitulo I - Da personalidade e da capacidade – arts. 1º a 10.
Capitulo II – Dos direitos da personalidade – arts. 11 a 21.
Capitulo III – Da ausência – arts. 22 a 39.
Seção I – Da curadoria dos bens do ausente – arts. 22 a 25.
Seção II – Da sucessão provisória – arts. 26 a 36.
Seção III – Da sucessão definitiva – arts 37 a 39. 
Título II – Das Pessoas Jurídicas. 
Capítulo I – Disposições gerais – arts. 40 a 52.
Capítulo II – Das associações- arts. 53 a 61.
Capítulo III – Das fundações – arts. 62 ao 69.
Título III – Do Domicílio – arts. 70 a 78.
Livro II - Dos bens.
Título Único – Das Diferentes Classes de Bens. 
Capítulo I – Dos bens considerados em si mesmos – arts. 79 a 91.
Seção I – Dos bens imóveis – arts. 79 a 81.
Seção II – Dos bens móveis – arts. 82 a 84.
Seção III – Dos bens fungíveis e consumíveis – arts. 85 e 86.
Seção IV –Dos bens divisíveis – arts. 87 e 88.
Seção V – Dos bens singulares e coletivos – arts. 89 a 91.
Capítulo II – Dos bens reciprocamente considerados – arts. 92 a 97.
Capítulo III – Dos bens públicos – arts. 98 a 103. 
NOÇÃO DE DIREITO
A vida em sociedade só é possível com a organização, daí a necessidade do direito. A sociedade cria o direito para formular as bases da justiça e segurança.
DIREITO= Vem do latim DIRECTUM – isto é de acordo com aquilo que é reto. Aquilo que está conforme a norma, o que não desvia da regra.
DIREITO = Conjunto de normas jurídicas elaboradas a partir de princípios naturais e da razão humana, que atribui ou autoriza uma série de condutas em sociedade.
“É a ciência social que só pode ser imaginada em função do homem vivendo em sociedade” (Silvio Rodrigues).
“É o conjunto das normas gerais, que regulam a vida social”.
Para que haja essa disciplina social, para que as condutas não tornem a convivência inviável, surge o conceito de NORMA JURÍDICA, que é a expressão formal do direito, disciplinadora das condutas enquadradas no direito.
Norma = regra abstrata sobre algo que pode ser analisado pelo homem.
Norma física = (lei física) regula a natureza e seus fenômenos (estuda a norma cujo conteúdo é o SER).
Norma ética = (lei ética), regula a conduta humana.
* Enquanto a ciência física estuda as normas da existência, a ciência ética que estuda as normas comportamentais é o DEVER SER
Norma é geral, divide-se em:
Leis – regra que deriva do poder legislativo, obrigação imposta. 
Princípios – momento em que alguma coisa tem origem, começo, teoria.
Há uma trilogia da qual não se afasta nenhuma expressão da vida jurídica: 
FATO SOCIAL – VALOR – NORMA, chamada Teoria Tridimensional do Direito, descrita por Miguel Reale -1.973. (a medida de valor que se atribui ao fato transporta-se inteiramente para a norma).
DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E JUSTIÇA.
JUSTIÇA= Dar a cada um o que é seu. Um ideal a ser buscado por cada um de forma diferente, variando conforme seja a pessoa que o expressa em face da educação e cultura recebida, da religião e da convivência social (de acordo com a situação, valores éticos, morais, religiosos). 
DIREITO= Criado com a finalidade de fazer justiça (somos cientes que muitas leis podem até ser injustas).
Portanto, o direito visa: garantir a harmonia social, preservando a paz e a boa fé, mediante o estabelecimento de regras de conduta.
* Quando há conflito o direito opera por dois lados:
Prevenindo.
Solucionando.
Segundo Aristóteles “O homem é um animal social, dizendo que a união entre homens é natural, pois os indivíduos são naturalmente carentes, que necessitam de outras pessoas para alcançar a plenitude. Dessa forma, a sociedade cria o Direito para formular as bases da justiça e segurança”.
DISTINÇÃO ENTRE O DIREITO E A MORAL.
PODER = Aptidão que o individuo ou um grupo possui de exercer a sua vontade.
SANÇÃO = Pena patrimonial ou corporal, pelo descumprimento determinado no ordenamento jurídico.
MORAL = Conjunto de normas éticas sociais que, uma vez transgredidas, acarretam uma responsabilidade social.
* Moral = O campo da moral é mais amplo. Sanção= Somente pela consciência do homem traduzida pelo remorso, pelo arrependimento, porém sem coerção. Visa conter o mal – praticar o bem.
* Direito = O campo do direito é mais restrito. Sanção = Imposta pelo Estado para constranger os indivíduos a observância da norma. Evita que lese ou prejudique a outrem.
Obs. O que diferencia fundamentalmente a Moral do Direito é a Sanção imposta a quem transgredir as regras.
 
DIREITO POSITIVO= conjunto de princípios que pautam a vida social de determinado povo em determinada época. Ex. dto. Alemão, dto. Francês, dto. Brasileiro (Cód. Civil 1.916 a 2002), não importando seja escrito ou não escrito. É o direito legislado que ninguém pode escusar de cumprir sob pena da respectiva sanção (é o direito posto).
DIREITO NATURAL= É a idéia abstrata do direito, ordenamento ideal corresponde a uma justiça superior e suprema (jus naturalismo) “Expressão de princípios superiores ligados a natureza racional e social do homem”. Defendido por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
Direito que difere de qualquer legislador e destina-se a satisfazer exigências naturais do ser humano, fundadonum conjunto de princípios e anseios necessários, e não de regras, ex: vida, igualdade, liberdade, fraternidade, os direitos dos homens.
DIREITO OBJETIVO= Conjunto de normas impostas pelo Estado, de caráter geral, que regem o comportamento humano, de modo obrigatório, prescrevendo uma sanção ao caso de sua violação (norma agendi).
 
DIREITO SUBJETIVO= (permissão dada por meio da norma jurídica). Faculdade decorrente da norma jurídica para o indivíduo a fim de que faça ou não algo, para ter ou não ter autorização para exigir, por meio dos órgãos competentes do poder público ou por meio de processo legal, em caso de prejuízo causado por violação da norma, o cumprimento da norma infringida ou a reparação do mal sofrido (facultas agendi). 
DIREITO PÚBLICO = Destinado a disciplinar os interesses gerais da coletividade, diz respeito à comunidade, estruturando-lhe organização, serviços, tutela dos direitos individuais e repressão dos delitos temos: Dto. Constitucional, Dto. Administrativo, Dto. Econômico, Dto. Financeiro, Dto. Penal, Dto. Processual Penal, Dto. Processual Civil, Dto. Internacional. 
DIREITO PRIVADO = Disciplina as relações jurídicas entre os indivíduos entre si, onde predomina imediatamente o interesse de ordem particular.
-Dto. Civil. – Dto. Comercial (Empresarial) – 
 Dto. Do Trabalho, Dto. Do Consumidor.
Obs. Os princípios que regem o Dto. Público difere do Dto. Privado: no Dto. Privado, há o princípio que diz ser permitido tudo aquilo que a lei não proíbe (interesse das partes, igualdade, equilíbrio). No Dto. Público, só é permitido àquilo que estiver previsto em lei (sempre visa o interesse da sociedade). 
As normas de Direito Público não podem ser afastadas pela vontade das partes.
DIREITO POTESTATIVO = Atribuir ao titular a possibilidade de produzir efeitos jurídicos em determinadas situações mediante um ato próprio de vontade, inclusive atingindo terceiros interessados nessa situação, que não poderão se opor, ex: possibilidade de o mandante, a qualquer tempo, revogar o mandato concedido, o poder de o empregador despedir o seu empregado, a prerrogativa do sócio de retirar-se da sociedade constituída, de o herdeiro reconhecido de aceitar ou não a herança que lhe foi transmitida (art. 1.804 do CC). 
PRINCÍPIOS E CONTEÚDO DO DTO. CIVIL. 
No vasto campo do Dto. Privado destaca-se o Dto. Civil como o direito comum a todos os homens, no sentido de disciplinar o modo de ser e de agir das pessoas. Costuma-se dizer que o Cód. Civil é a Constituição do Homem Comum, por reger as relações mais simples da vida cotidiana, os direitos e deveres das pessoas, na sua qualidade de esposo ou esposa, pai ou filho, credor ou devedor, alienante ou adquirente, proprietário ou possuidor, condômino ou vizinho, testador ou herdeiro, etc. Como se nota, toda a vida social está impregnada do Dto. Civil, que regula as ocorrências do dia-a-dia.
A noção de Dto. Civil como Dto. Privado comum remonta ao direito romano. Em princípio o Dto. Privado era um só, sendo as relações entre particulares reguladas por um conjunto de normas, sem diferenciação.
Numa fase posterior o dto. Romano passou a fazer a distinção entre o jus civile, o Dto. Civil aplicado aos súditos romanos, e os jus gentium, o direito das gentes, aplicados aos estrangeiros e às relações entre os estrangeiros e romanos.
Mais tarde a divisão passou a ser tripartida:
* O jus civile – como direito privado comum, aplicável dentro das fronteiras do Império Romano.
* O jus gentium – aplicável às nações estrangeiras.
* O jus naturale – o direito natural, uma espécie de ideal jurídico para o qual deveriam evoluir os demais.
Na Idade Média, o Dto. Civil identificou-se com o dto. Romano (individualista), contido no Corpus Júris Civilis, sofrendo concorrência com o dto. Germânico (social) e também do dto. Canônico (espiritualização), devido a autoridade legislativa da igreja que, por sua vez, comitantemente, invocava os princípios gerais do direito romano.
Na Idade Moderna, tem especial importância para o estudo do Dto. Civil, pelo surgimento do Estado moderno e pela racionalização do pensamento e da cultura. Aparece inicialmente como o Estado absoluto, caracterizado pela ascensão da burguesia e culto da vontade do rei como lei. A substituição do Estado absoluto pelo Estado liberal, próprio do liberalismo econômico, tem como antecedentes causais a Revolução Francesa, a Declaração dos Dtos. de Virginia (EUA) de 1776 e a Declaração dos Dtos. do Homem e do Cidadão de 1789. O primado da lei e a subordinação desta à Constituição passam a ser característica fundamental.
No início, designava as instituições opostas ao Dto. Público. A partir do séc.XIX tomou um sentido mais estrito, passando a concernir às disciplinas no Código Civil. Posteriormente, os comerciantes para atender à rapidez necessária em suas atividades, exigiram normas especiais, não se satisfazendo mais com os princípios rígidos do Dto. Civil. Houve, então, o desmembramento dessa disciplina especializada, surgindo o Dto. Comercial, pertencente também ao Dto. Privado.
Essa divisão se consolidou depois que a França em 1807, publicou o Código Comercial, influenciando outros paises, inclusive o Brasil, que veio a elaborar o seu Código Comercial em 1850, quando não havia ainda conseguido efetivar a codificação do Direito Civil.
Embora seja dito que o Dto. Civil seja o ramo principal do Dto. Privado, sua noção extravasa essa afirmação. É na técnica do Dto. Civil que aprendemos melhor a técnica legislativa, a forma de apresentação das leis, e sua estrutura fundamental. É no Dto. Civil que tomamos conhecimento da filosofia jurídica de um povo, do valor dado por ele ao casamento, aos bens, a propriedade, enfim. No dizer de Caio Mário da Silva Pereira:
“É consultando o direito civil que um jurista estrangeiro toma conhecimento da estrutura fundamental do ordenamento jurídico de um país, e é dentro dele que o jurista nacional encontra aquelas regras de repercussão obrigatória a outras províncias de seu direito”.
As noções fundamentais do Direito Civil estendem-se a todas as áreas do direito, não apenas ao direito privado, mas igualmente ao direito público. Ninguém pode arvorar-se em especialista em uma área de direito público se não conhecer solidamente as noções de: fato jurídico, ato jurídico, negócio jurídico, os defeitos desses atos, os contratos, etc.
OBJETO DO DIREITO CIVIL
Noção objetiva: o Direito civil disciplina as relações jurídicas pertencentes às pessoas, aos bens e as suas relações.
Noção subjetiva: é uma faculdade reconhecida pelo direito objetivo; é um poder de ação que tem cada indivíduo. À medida que alguém diz: “tenho determinado objeto”, sou casado, tomei emprestada determinada quantia em dinheiro, está estampada uma faculdade que lhe foi atribuída pelo direito civil como norma. 
 
FONTES DO DIREITO CIVIL
A fonte primária do Direito Civil e de todo ordenamento jurídico é a Constituição da República.
O Código Civil (Lei nº 10.406, de 10-01-2002, que entrou em vigor em 11-01-2003) é, logo após a incidência constitucional, o diploma legal básico na regência do Direito Civil. Ao seu lado (e sem relação de subordinação ou dependência), figuram inúmeras leis esparsas, que disciplinam questões especificas.
O DIREITO CIVIL E A CONSTITUIÇÃO
A Constituição Federal brasileira é detalhista. Ela procura disciplinar uma vasta gama de assuntos não somente em seus contornos genéricos e fundamentais, mas também, muitas vezes, em relação a aspectos bem específicos. Os pormenores com que se preocupa são mais numerosos do que costumeiramente encontrados na maioria das constituições dos outros países.
Enquanto, no passado, todas as normas de Direito Civil se encontravam no respectivo código e legislação complementar, atualmente princípios relevantes e importantes disposições na matéria constam na Constituição Federal de 1988. Que se trate da função social de propriedade ou da empresa e de uma nova perspectiva da autonomia davontade quer se examine o princípio constitucional da dignidade humana, os direitos da personalidade e a própria estrutura da família, prevalece sempre o texto constitucional e é de acordo com ele que devem ser interpretadas as demais normas de direito privado. Ex.art. 226 da CF. e art. 25 do CC. 
PRINCÍPIOS BÁSICOS QUE NORTEIAM TODO O CONTEÚDO DO DIREITO CIVIL
a) Da Personalidade: Ao aceitar que todo ser humano é sujeito de direitos e obrigações, pelo simples fato de ser homem.
b) Da Autonomia da Vontade: Pelo reconhecimento de que a capacidade jurídica da pessoa humana lhe confere o poder de praticar ou abster-se de certos atos, conforme sua vontade.
c) Da Liberdade de Estipulação Negocial: Devido à permissão de outorgarem direitos e de aceitar deveres, nos limites legais, dando origem a negócios jurídicos.
d) Da Propriedade Individual: Pela idéia de que o homem pelo seu trabalho ou pelas formas admitidas em lei pode exteriorizar a sua personalidade em bens móveis ou imóveis que passam a constituir seu patrimônio.
e) Da Intangibilidade (intocável) Familiar: Ao reconhecer a família como uma expressão imediata de seu ser pessoal.
f) Da Legitimidade da Herança e do Direito de Testar: Pela aceitação de que entre os poderes que as pessoas têm sobre seu bem, se inclui o de poder transmiti-los, total ou parcialmente, a seus herdeiros.
g) Da Solidariedade Social: Ante a função social da propriedade e dos negócios jurídicos, a fim de conciliar as exigências da coletividade com interesses particulares.
CODIFICAÇÃO:
É um processo de organização, que reduz a um único diploma diferentes regras jurídicas da mesma natureza, agrupadas segundo um critério sistemático.
Após ter transformado os costumes em lei, o legislador parte para uma ambição mais elevada: Reunir em texto único e conexo todo o Direito em vigor. Trata-se da criação de um código. (Código = trata-se de uma lei que busca disciplinar integral e isoladamente uma parte substanciosa do direito positivo).
ETIOLOGIA HISTÓRICA DO CÓDIGO CIVIL (estudo sobre a origem de alguma coisa).
A idéia de codificar o direito surgiu entre nós com a proclamação da Independência Política em 1.822. Ante o fato de não termos leis próprias, a Assembléia Constituinte da Lei nº 20 de 10 de outubro de 1.823, determinando que continuassem a vigorar, em nosso território, as Ordenações Filipinas, de Portugal, embora alteradas por leis e decretos, principalmente na seara civil, até que se elaborasse o nosso código.
A Constituição Imperial de 1.824 referiu-se à organização de um Código Civil “baseado na justiça e na equidade”.
Em 1858 foi apresentado um trabalho de consolidação das leis civis.
 Em 1865 - Projeto denominado de esboço do Código Civil – que influenciou o Código Civil Argentino.
Várias outras tentativas foram feitas, mas somente após a Proclamação da República (15/11/1889). Com a indicação de Clóvis Beviláqua, foi o projeto de Código Civil por ele elaborado, depois de revisto e encaminhado ao Presidente da República, que remeteu ao Congresso Nacional, 1900, mas não obteve as boas graças do legislativo.
Na câmara dos deputados o projeto Beviláqua sofre algumas alterações determinadas por uma comissão especialmente nomeada para examiná-la, merecendo, no senado, longo parecer de Rui Barbosa. Aprovado em 1916 entrou em vigor em 1º de janeiro de 1917.
A complexidade e o dinamismo das relações sociais determinaram a criação de leis especiais de elevado alcance sociais e de grande abrangência, como a Lei do Divórcio (Lei n.6.515/77), o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8069/90), a Lei de Registros Públicos (Lei n. 6015/73), e outras. 
A evolução social, o progresso cultural e o desenvolvimento científico pelos quais passou a sociedade brasileira no decorrer do século passado provocaram transformação que exigiram do direito uma contínua adaptação, mediante crescente elaboração de leis especiais, que trouxeram modificações relevantes ao Dto. Civil, sendo o direito de família o mais afetado.
Em 1967 reúne uma nova comissão de juristas para promover a revisão do Código Civil. Essa comissão apresentou em 1972 um anteprojeto, com a disposição de preservar, no que fosse possível e no aspecto geral, a estrutura e às disposições do Código Civil de 1916.
A demorada tramitação fez com que fosse atropelado por leis especiais modernas e pela própria Constituição Federal. Assim foi feita uma nova reestruturação em 1984. Por essa razão, foi apresentado à Câmara dos Deputados pelo Deputado Ricardo Fiúza, relator da comissão especial encarregada da elaboração do novo diploma, o projeto de Lei n. 6960/2002.
O novo Código Civil Lei n.10.406/2002, publicado no dia 10 de janeiro de 2002, entrando em vigor no dia 11 de janeiro de 2003. O Código Civil de 2002 apresenta, em linhas gerais as seguintes características:
* Preserva a estrutura do Cód. De 1916, atualizando-o com novos institutos e redistribuindo a matéria de acordo com a moderna sistemática civil.
Mantém o Cód. Civil como lei básica, embora não global.
Incluem no Sistema do Código, com a necessária revisão, as matérias das leis especiais posteriores a 1916.
Obs. Continuam em vigor, no que não conflitarem com o novo Cód. Civil, a lei do Divórcio, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Código de Defesa do Consumidor, etc.
ESTRUTURA E CONTEÚDO
Estrutura = O novo código manteve, como já referido a estrutura do Cód. Civil de 1916, seguindo o modelo germânico preconizado por Savigny, colocando as matérias em ordem metódica, divididas em Parte Geral e Parte Especial, num total de 2046 artigos.
A Parte Geral cuida das pessoas, dos bens e dos negócios jurídicos.
A Parte Especial ficou dividida em cinco livros: Dto. das Obrigações, Dto. de Empresa, Dto. das Coisas, Dto. de Família e Dto. das Sucessões.
Obs. Assinale-se que o Dto. de Empresa não figura, como tal, em nenhuma codificação contemporânea, constituindo, pois uma inovação original.
Conteúdo = Pode-se dizer que é ele o conjunto de direitos, relações e instituições que formam o seu ordenamento jurídico, o seu sistema legal. Sob o ponto de vista objetivo, compreende às regras sobre a pessoa, a família, o patrimônio, ou de modo analítico, os direitos da personalidade, o direito de família, o direito das obrigações e o direito das sucessões, ou, ainda, a personalidade, as relações patrimoniais, a família e a transmissão dos bens por morte. Pode-se assim dizer que o OBJETO DO DIREITO CIVIL é a tutela da personalidade humana, disciplinando a personalidade jurídica, a família, o patrimônio e sua transmissão.
PRINCÍPIOS BÁSICOS
* Socialidade = Reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os indivíduos, sem perda, porém, do valor fundamental da pessoa humana.
- Revisão dos direitos e deveres dos cinco principais personagens: o proprietário, o contratante, o empresário, o pai de família e o testador. (emancipação plena da mulher, pátrio poder para poder familiar = poder de ambos os pais). 
* Eticidade = Funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores. Prioriza a equidade, a boa-fé, a justa causa e demais critérios éticos. Confere maior poder ao juiz para encontrar a solução mais justa ou equitativa.
* Operabilidade = Leva em consideração que o direito é feito para ser efetivado, para ser executado.
Obs. No princípio da operabilidade está implícito o da Concretude, que é a obrigação que tem o legislador de não legislar em abstrato, mas tanto quanto possível, legislar para o individuo situado: para o homem enquanto marido; para a mulher enquanto esposa; para o filho enquanto um ser subordinado ao poder familiar.
LEI DE INTRODUÇÃO ÁS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO.
Ementa com redação determinada pela Lei n. 12.376, de 30 de dezembro de 2010.
O Decreto Lei n.º 4657/42, que revogou a antiga LICC, continua vigente: 
 É autônoma ou independente, tendo-se em vista que seus artigos têm numeração própria. Não é uma lei introdutória ao Código Civil. Se o fosse conteriaapenas normas de direito privado comum e, além disso, qualquer alteração do Código Civil refletiria diretamente sobre ela. Na verdade, a LINDB – É um conjunto de normas sobre normas, porque disciplina as próprias normas jurídicas, como: maneiras de aplicação e entendimento, predeterminando as Fontes de Direito Positivo, indicando-lhe as dimensões espaço – tempo.
Essa lei ultrapassa o âmbito do Direito Civil, vinculando o Direito Privado como um todo e alcançando o Direito Público. A LINDB contém normas sobre direito ou de apoio que disciplinam a atuação da ordem jurídica.
CLASSIFICAÇÃO DOS ASSUNTOS DA LEI DE INTRODUÇÃO PODE SER APRESENTADA DA SEGUINTE FORMA:
I – Da vigência e cessação da Lei (art. 1º e 2º) (início da obrigatoriedade da lei e tempo de obrigatoriedade da lei).
II- Da impossibilidade de não cumprimento da Lei alegando-se desconhecimento (art. 3º). (não admitindo a ignorância da lei vigente).
III- Da aplicação da Lei e quando ela se apresenta com lacuna (art. 4º) (mecanismos de integração das normas, quando houver lacuna). 
IV- Da interpretação da Lei (art. 5º) (dos critérios de hermenêutica jurídica).
V - Da aplicação da Lei no tempo (art. 6º) (dto. intertemporal, para assegurar a certeza, segurança e estabilidade do ordenamento jurídico positivo, preservando situações consolidadas em que o interesse individual prevalece). 
VI - Da aplicação da Lei no espaço (art. 7º ao 19).
Obs. Da aplicação da Lei no espaço é estudada em outra disciplina denominada Direito Internacional Privado.
FONTES DO DIREITO
Tem dois sentidos:
FONTE = * Origem Histórica
 *Diferentes Maneiras de Realização do Direito.
ORIGEM HISTÓRICA = Nascedouro do Direito. No início da Revolução Social, o Costume era a principal fonte. Posteriormente a Lei ganhou lugar de Fonte Principal.
DIFERENTES MANEIRAS DE REALIZAÇÃO DO DIREITO.
* FORMAIS DIRETAS IMEDIATAS:
Fonte Primária = Lei. 
Fonte Secundária: Analogia, Costumes e Princípios Gerais de Direito.
*NÃO FORMAIS: Doutrina, Jurisprudência.
 
 LEI = Decorre do verbo legere que significar eleger, escolher. Lei norma escrita, elaborada por órgão competente, que estabelecem direitos e obrigações. São nas leis que em primeiro lugar, buscamos soluções para os problemas que surgem no nosso dia-a-dia. São as leis que trazem soluções para conflitos e traçam vários dos caminhos a serem percorridos pela sociedade.
A lei possui dois elementos: o preceito e a sanção.
Preceito = (ou dispositivo) - declara a conduta a ser observada pelo seu destinatário, consistente em uma conduta comissiva (uma obrigação de fazer, ou seja, uma conduta positiva) ou omissiva (uma obrigação de não fazer, isto é, uma conduta de abstenção ou negativa).
Sanção = É pena fixada ordinariamente na segunda parte da estrutura da norma, pelo descumprimento da parte dispositiva. 
Há três momentos essenciais na formação da lei: a elaboração, a promulgação e a publicação.
A publicação de uma lei junto à imprensa oficial é ato pelo qual a existência e a promulgação da norma são levadas ao conhecimento dos seus destinatários.
Com a publicação e a entrada concomitante ou posterior da lei em vigor, incidem outros princípios aplicáveis à norma jurídica. São eles:
Princípio da Publicidade = somente a publicação na imprensa torna oficial o ato e dá conhecimento a todos do teor da lei.
Princípio da Territorialidade = a lei que se encontra em vigor se estende sobre todo o território no qual a autoridade que a sancionou possui competência, sujeitando, a partir de então, todos os que ali se encontram.
Princípio da Obrigatoriedade = decorrente do poder de império do Estado, a lei vincula ou obriga a todos os que se encontram em território nacional, a partir de sua entrada em vigor.
Princípio da Inescusabilidade = não se permite a qualquer pessoa a alegação de desconhecimento da lei para justificar o seu descumprimento.
Princípio do Efeito Imediato = a partir do instante em que a lei entra em vigor torna-se ela eficaz. Essa eficácia atinge de imediato todas as relações jurídicas por ela reguladas, que passam, desde então, a se vincular ao comando legal.
Princípio da Continuidade = a lei tem efeitos contínuos ou ininterruptos sobre a matéria nela versada, até a data da cessação de sua eficácia.
Princípio da Incompatibilidade = toda lei anterior incompatível com a posterior é por esta última revogada.
Princípio da Irretroatividade = a norma jurídica possui sua eficácia sobre os negócios existentes a partir de sua entrada em vigor. Este princípio viabiliza a segurança jurídica e a pacificação social, impedindo a instabilidade das situações jurídicas já consumadas ao tempo da lei velha. 
I – DA VIGÊNCIA E DA CESSAÇÃO DA LEI:
Início da obrigatoriedade da Lei no tempo e sua cessação: LER art. 1º da LINDB.
Tem um ciclo vital:
Nascem.
Aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas.
Temos: *Inicio de sua vigência.
 *Continuação de sua vigência.
 *Cessação de sua vigência.
Inicio da Vigência: Processo de Criação: Três fases:
* Elaboração ou Iniciativa – Competência atribuída – CF/88 Art. 61, caput. 
*Promulgação – Atestado da existência da lei.
*Publicação – Através da publicação tomamos conhecimento da lei.
VIGÊNCIA – É uma qualidade temporal da norma, prazo com que se delimita o seu período de validade. 
Tempo de duração da lei – data da publicação até ser revogada.
Se nada dispuser a respeito do prazo da entrada em vigor, aplica-se a regra do art. 1º da LINDB.
Obs. O prazo de 45 dias não se aplica aos decretos e regulamentos, sua obrigatoriedade determina-se pela publicação oficial, salvo se dispuser em contrário, não alterando a data da vigência da lei a que se referem. A falta de norma regulamentadora é suprida pelo Mandado de Injunção.
Critério do Prazo Único 
VACATIO LEGIS – Espaço de tempo entre a data da publicação da lei até a entrada em vigor (durante o qual vigora a lei anterior sobre o mesmo assunto).
Uma vez que a lei entra em vigor é para todo o país, sendo simultânea a sua obrigatoriedade.
Obs. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada.
VIGÊNCIA e VIGOR: Segundo Tércio Sampaio Ferraz “ o texto relaciona claramente vigência ao aspecto temporal da norma, a qual, no período (de vigência) tem vigor. Ora, o vigor de uma norma tem a ver com sua imperatividade, com sua força vinculante. Tanto que, embora a citada regra da LINDB determine o vigor da norma até a sua revogação, existem importantes efeitos de uma norma revogada (e que, portanto, perdeu a vigência ou tempo de validade) que nos autorizam dizer que vigor e vigência designam qualidades distintas.
Vigência – Está relacionada ao tempo de duração da lei (data da publicação até revogação).
Vigor – Está relacionada à sua força vinculante (obrigatoriedade da lei).
Ex. A lei não têm mais vigência, por estar revogada, embora ainda possua vigor.
Obs. Não podemos confundir vigor e vigência com a eficácia da lei, que é uma qualidade da norma que se refere à sua adequação, na produção concreta de seus efeitos.
Eficácia = Considera-se uma lei ineficaz quando ela não é aplicada. Existe, vigora, vale, mas sua observância pelas pessoas a ela submetidas não é exigida pelos órgãos aplicadores do direito. A ineficácia é, por certo, uma anomalia, porque, se a lei foi regularmente aprovada e publicada, entrou em vigor e não apresenta vicio de inconstitucionalidade, os juizes devem aplicá-la sempre que verificado o fato nela descrito.
Essa anomalia deriva, normalmente, da inadequação da lei à realidade que pretende regular. A lei ineficaz deve ser aperfeiçoada, alterada ou revogada.
A ineficiência da lei pode ser total ou parcial: Total – é aquela que nenhum advogado ou promotor pleiteia a aplicação e nenhum juiz aplica. Parcial – aplicada em certa medida por alguns juízes.
Obs. A perda da eficácia da lei pode decorrer, também, da decretação de sua inconstitucionalidadepelo STF, cabendo ao senado suspender-lhe a execução (CF/88 art. 52, X).
REPUBLICAÇÃO DO TEXTO LEGAL
Se durante a vacatio legis ocorrer nova publicação do texto legal para correção de erros, o prazo da obrigatoriedade começará a correr da nova publicação. O novo prazo para entrada em vigor da lei só corre para a parte corrigida ou emendada, ou seja, apenas os artigos republicados terão prazo contado da nova publicação.
Se a lei já entrou em vigor (força obrigatória), tais correções são consideradas LEI NOVA, tornando-se obrigatória após o decurso da vacatio legis se houver. Mas, pelo fato de a lei emendada, mesmo com incorreções, ter adquirido força obrigatória, os direitos adquiridos na sua vigência têm de ser resguardados, não sendo atingidos pela publicação do texto corrigido.
Obs. Admite-se que o juiz, ao aplicar a lei, poderá corrigir erros evidentes, especialmente os de ortografia, mas não erros substanciais, que podem alterar o sentido do dispositivo legal, sendo imprescindível, nesse caso, nova publicação.
CONTAGEM DO PRAZO
De acordo com a LC n 95/98, com redação da LC n 107/2001, “Far-se á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral”.
REVOGAÇÃO DA LEI
REVOGAÇÃO: tornar sem efeito uma norma, retirando a sua obrigatoriedade. É a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a eficácia, o que só pode ser feito por outra lei da mesma hierarquia ou de hierarquia superior.
Em regra a lei tem caráter permanente: mantém-se em vigor até que outra a modifique ou a revogue. Nisso consiste o princípio da continuidade.
Em alguns casos especiais, todavia, a lei pode ter vigência temporária e cessará, tais como:
* Advento do Termo fixado para sua duração. Algumas leis, por sua natureza, são destinadas a viger apenas durante certo período, como as leis orçamentárias.
* Implemento de Condição Absoluta. A lei perde sua vigência em virtude de condição quando se trata de lei especial vinculada a uma situação determinada, como ao período de guerra, por exemplo, estando sujeita a uma condição resolutiva, qual seja, o término desta. Leis dessa espécie são chamadas de circunstanciais.
* Consecução de seus Fins. Cessa a vigência da lei destinada a um determinado fim quando este se realiza. Assim, por exemplo, a que concedeu indenização a familiares de pessoas envolvidas na revolução de 1.964, perdeu sua eficácia no momento em que as indenizações foram pagas. 
A revogação da lei (gênero). Quanto a sua EXTENSÃO, podem ser de duas espécies:
Total ou Ab-rogação – Supressão integral (total) da norma.
Parcial ou Derrogação – Atinge só uma parte da norma, que permanece em vigor o restante.
Princípio da Hierarquia
Uma lei é revogada por outra lei. A revogação deve emanar da mesma fonte que aprovou o ato revogado.
Ex. se for de natureza constitucional, somente pelo processo de emenda à Constituição (CF/88 Art. 60).
Um decreto revoga-se por outro decreto, mas também pode ser revogado pela lei, que é de hierarquia superior. A nova lei que revoga a anterior revoga também o decreto que a regulamentou.
O princípio da hierarquia não tolera que uma lei ordinária sobreviva a uma disposição constitucional que a contrarie ou que uma norma regulamentar subsista em ofensa à disposição legislativa.
Com a CF/88 Art. 5º, LXXI, é possível suprir a falta de regulamentação subsequente da lei mediante a impetração de Mandado de Injunção junto ao Poder Judiciário, por todo aquele que se julgue prejudicado pela omissão legislativa e pela impossibilidade de exercer os direitos constitucionais previstos.
Quanto a sua FORMA DE EXECUÇÃO, a revogação pode ser:
 Expressa – Quando a lei nova declara, de modo taxativo e inequívoco, que a lei anterior, ou parte dela, fica revogada.
A revogação expressa é a mais segura, evitam duvidas e obscuridades (LC n 95/98, Art 9º).
Tácita – Quando não contém declaração nesse sentido, mas mostra-se incompatível com a lei antiga ou regula inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Na impossibilidade de coexistirem normas contraditórias, aplica-se o critério da prevalência da mais recente. Ex. o CDC com o CC/16 deixaram de aplicar as relações de consumo do CC/16. (critério cronológico).
Ex. quando incompatível com a mudança havida na CF, em face da supremacia desta sobre as demais leis. (critério hierárquico).
Ex. É possível que haja incompatibilidade entre uma geral e especial. A existência de incompatibilidade conduz à possível revogação da lei geral pela especial ou da lei especial pela geral.
Para Giuseppe Saredo, a disposição especial revoga a geral quando se referir ao mesmo assunto, alterando-a. Não a revoga, contudo, quando, em vez de alterá-la, se destina a lhe dar força. Não se pode colher de modo absoluto a fórmula “Lei especial revoga a geral”, pois nem sempre isso acontece, podendo perfeitamente ocorrer que a especial introduza uma exceção ao princípio da geral, que deve coexistir ao lado desta.
Em caso de incompatibilidade, haverá revogação tanto da lei geral pela especial como da especial pela geral.
ANTINOMIAS - (conflito de normas). Decorre da existência de duas ou mais normas relativas ao mesmo caso.
LER art. 2.º, § 1.º da LINDB.
 Três são as hipóteses:
– Critério cronológico = A lei posterior revoga a anterior quando expressamente a ela se refere. Estabelece a prevalência da lei posterior de mesma hierarquia cujo conteúdo se afigure absolutamente incompatível com o da lei anterior. Se a incompatibilidade for absoluta, a revogação da lei velha será total; mas, havendo incompatibilidade em apenas determinadas passagens, será parcial. (norma posterior prevalece sobre norma anterior). 
– Critério hierárquico = A lei posterior revoga igualmente a anterior quando é com ela incompatível. Havendo incompatibilidade absoluta, prevalecerá a norma superior. Assim, a norma constitucional prevalece sobre a ordinária. Se a norma inferior for a lei velha, haverá revogação. Porém, tratando-se a lei nova de forma inferior, o caso será de não recepção. (norma superior prevalece sobre norma inferior). 
– Critério da especialidade = Determina o afastamento da incidência da norma geral toda vez que a norma trata de situações especificas que abrangem aquelas reguladas pela norma geral contemplar dispositivos e soluções divergentes com a lei geral. Exemplo: a lei do inquilinato afasta os dispositivos do CC contraditório com seu conteúdo. 
LER art. 2.º, § 2.º da LINDB.
Se a lei nova não é incompatível, podendo atuar lado a lado com a antiga, estabelecendo disposições a par das já existentes a anterior também continua a viger.
LER art. 2.º, § 3.º da LINDB.
Quando o legislador derroga ou ab-roga uma lei que revogou a anterior, surge a questão de se saber se a norma que fora revogada fica restabelecida, recuperando sua vigência, independentemente de declaração expressa.
O referido dispositivo estabelece em termos decisivos que a lei, uma vez revogada, não mais retorna á vida, mesmo quando a lei revogadora desaparece, salvo se houver disposições contrárias. (mediante declaração expressa de lei nova que a estabeleça).
Repristinação - (restauração do antigo). Restauração da antiga lei, quando a norma revogadora tiver perdido a vigência. “Recuperação da vigência de uma lei que já fora revogada”. (José Acir Lessa Giordani). 
Este efeito é condenável, juridicamente, por colocar em risco a segurança jurídica, causando sérias dificuldades á aplicação do direito.
Obs. Tal repristinação só é possível se houver expressa disposição normativa nesse sentido.
II - DA IMPOSSIBILIDADE DO NÃO CUMPRIMENTO DA LEI ALEGANDO QUE NÃO A CONHECE.
A lei, depois de publicada, decorrido o prazo da “vacatio legis” se tiver, tornando-se obrigatória para todos, sendo inescusável o erro e a ignorância. Uma vez publicada a lei obrigará a todos, sendo aplicada tanto aos que a conhecem como aos que não a conhecem, por ser isso necessário à administração da justiça. 
LER art. 3º da LINDB.
É uma necessidadepara que haja estabilidade social jurídica, pois se fosse admitida à exceção da ignorância, tornaria inútil a existência da lei, comprometendo-se, assim a força da norma com prejuízo para a comunidade.
No direito nada é absoluto, pois tudo depende da análise do caso concreto.
Ex. No Dto. Penal, art. 21 e art. 65, II – São circunstâncias que atenuam a pena: a ignorância ou a errada compreensão da lei penal, quando escusável (desculpável).
III - DA APLICAÇÃO DA LEI E QUANDO SE APRESENTA COM LACUNA.
O poder jurisdicional, do Estado é exercido através do juiz. Para proferir uma sentença que, como todo o direito, vise o bem comum, a segurança e a justiça. O juiz aplica e respeita a lei objetiva existente.
Acontece, entretanto, que algumas vezes o magistrado não encontra dentro do direito positivo, uma norma para aplicar ao caso “sub judice”, em virtude, principalmente, da imperfeição dos códigos ou das leis não codificadas, mesmo porque o legislador jamais pode prever todas as hipóteses.
Por outro lado, não é lícito, ao juiz eximir-se de proferir despachos ou sentenças, sob pretexto de lacuna ou obscuridade da lei. 
Os meios de que o juiz deve prevalecer para o preenchimento das lacunas da lei estão no art. 4º da LINDB. 
Obs. Analogia, Costumes e Princípios Gerais de direito. 
ANALOGIA = Trata-se de um processo de raciocínio lógico pelo qual, o juiz aplica um preceito legal a casos não diretamente compreendidos (previstos) na descrição legal. O juiz não pode em hipótese alguma, deixar de proferir sentença, nas causas que lhe são apresentadas. O juiz pesquisa a vontade da lei, para transportá-la aos casos que a letra do texto não havia compreendido.
Para que esse processo tenha cabimento é necessária a omissão (lacunas no ordenamento).
O seu fundamento encontra-se no direito romano, que expressa o princípio da igualdade de tratamento, quer dizer que a situações semelhantes deve-se aplicar a mesma regra de direito. “Quando se verifica a mesma razão da lei, deve haver a mesma solução ou mesma disposição legal”. Se um dos fatos já tem, no sistema jurídico, a sua regra, é essa que se aplica.
Requisitos para o emprego da ANALOGIA:
*Inexistência de dispositivo legal – prevendo e disciplinando a hipótese do caso concreto.
*Semelhança – entre a relação não contemplada e outra regulada pela lei.
*Identidade de fundamentos – lógicos e jurídicos no ponto comum às duas situações.
ANALOGIA (Legis – Legal) – Consiste na aplicação de uma norma existente, destinada a reger caso semelhante ao previsto. A sua fonte é a norma jurídica isolada, que é aplicada a casos idênticos.
ANALOGIA (Juris – Jurídica) – Baseia-se em um conjunto de normas para obter elementos que permitam a sua aplicação ao caso sub judice não previsto, mas similar. É um processo mais complexo, em que se busca a solução em uma pluralidade de normas. É considerada a autêntica analogia, por envolver todo o ordenamento jurídico. 
COSTUMES = Brotam da própria sociedade, da repetição de usos de determinada parcela do corpo social. Quando o uso se torna obrigatório, converte-se em costumes. O costume é uma fonte jurídica, porém em plano secundário.
Condições indispensáveis à sua vigência:
a) Sua Continuidade = Uso Contínuo (passa de geração para geração).
b) Sua Uniformidade = Praticado por uma parte da sociedade.
Sua Diuturnidade = Todos os dias se repete (cotidiano).
Sua Moralidade = Tido como certo.
Sua Obrigatoriedade = Pelo fato de ser tido como certo e aceitável.
Classificação dos Costumes:
a) Secundum Legem = Já foi absorvido pela lei (transformado em lei), perdurando a característica de costume propriamente dito.
b) Praeter Legem = Serve para preencher lacunas.
c) Contra Legem = Torna uma lei não utilizada (desuso). Entretanto deve prevalecer a opinião de que a lei é suprema, não se podendo reconhecer validade ao costume contra a norma.
Diferença entre Costume e a Lei:
* Quanto a origem: a lei nasce de um processo legislativo, tendo origem certa e determinada, enquanto o costume tem origem incerta e imprevista.
* Quanto a forma: a lei apresenta-se sempre como texto escrito, enquanto o costume é direito não escrito, consuetudinário.
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO = São regras que não foram ditados explicitamente pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma imanente (inseparável dele) no ordenamento jurídico. (proteção à vida, a liberdade dos povos).
São princípios que permeiam todas as relações e vivências jurídicas em sociedade. Ex. a boa fé, ninguém pode dar mais do que tem, ninguém enriquece sem ter uma causa, quem paga mal para duas vezes, viver honestamente, não lesar a ninguém, dar a cada um aquilo que é seu.
EQUIDADE = É uma forma de manifestação de justiça que tem o poder de atenuar o caráter rude de uma regra jurídica. São frequentes as situações com que se defronta o juiz ao ter de aplicar uma lei, oportunidade em que percebe que, no caso concreto se afasta da noção do que é justo. A equidade se traduz na busca constante e permanente do julgador da melhor interpretação legal e da melhor decisão para o caso concreto.
Espécies de Equidade:
*Legal = Contida no texto da norma, que prevê várias possibilidades de soluções, CC, art 1.584, §5º.
*Judicial = Aquela que o legislador, explicita ou implicitamente, incumbe o magistrado de decidir por equidade, CC, art. 1.740, II.
Obs. Decidir “COM EQUIDADE” = decidir com justiça, como sempre deve acontecer.
 “POR EQUIDADE” = decidir sem ater à legalidade estrita, mas apenas a sua convicção intima autorizado pelo legislador em casos específicos. 
DOUTRINA = É a opinião dos doutos chamados juristas (jurisconsulto, autoridade cujos pareceres sobre problemas jurídicos merecem acatamento). Conjunto de princípios que servem de base a um sistema. O valor dela baseia-se, no fato de não limitar a repetir conceitos, mas a buscar novas soluções, criticar as injustiças e as lacunas da lei, trazendo sempre um novo sopro a aplicação do direito.
JURISPRUDÊNCIA = É o conjunto de decisões dos tribunais. Consiste em aplicar, a casos semelhantes, a orientação uniforme dos tribunais. (interpretação que os tribunais dão as leis). Fonte informativa, dinâmica, as leis envelhecem, perdem a atualidade e distancia-se dos fatos sociais para as quais foram editadas. Cumpre a jurisprudência atualizar o entendimento da lei, dando-lhe uma interpretação atual que atenda às necessidades do momento do julgamento.
IV – DA INTERPRETAÇÃO DA LEI.
LER art. 5.º da LINDB.
“A melhor interpretação da lei é a que se preocupa com a solução justa, não podendo seu aplicador esquecer que o rigorismo na aplicação dos textos legais pode levar as injustiças”.
“A interpretação das leis não deve ser formal, mas sim, antes de tudo, real, humana, socialmente útil se o juiz não pode tomar liberdade inadmissíveis com a lei, julgando contra legem, pode e deve, por outro lado, optar pela interpretação que mais atenda às aspirações da justiça e do bem comum”.
Se a norma se apresenta obscura ou ambígua, necessário se faz a sua interpretação, isto é determinar-lhe o sentido, à vontade, a extensão.
As nossas leis oferecem infinitos problemas, pela ambiguidade do texto, pela má redação, pela interpretação técnica. Por outro lado, a sociedade evoluiu, o progresso cria situações novas, as leis tendem a envelhecer, por não acompanharem esse desenvolvimento, esse progresso.
Comentador: Pode apreciar a norma, compará-la com a estrangeira, considerá-la boa ou má, oportuna ou não, bem elaborada ou não.
Ao Aplicador da Lei: Compete julgá-la. Seu dever é procurar a sua vontade, o seu sentido, sua extensão, sua melhor aplicação. (deverá atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum).
A interpretação nada mais é do que uma operação mental que praticamos a cada momento. Tudo se interpreta. Interpretam-se os gestos, os fenômenos da natureza, as palavras, o silêncio, os sonhos (os sonhos são interpretados em psicologia profunda como meio de colhero que se passa no nosso subconsciente).
No Sentido Jurídico Interpretar é: Processo lógico pelo qual se precisa e determina o sentido da lei. É procurar o pensamento, o alcance do texto, a vontade da lei.
Hermenêutica Jurídica: Ciência da interpretação de textos de lei tem por objetivo o estudo e a sistematização dos processos a serem aplicados para fixar o sentido e o alcance das normas jurídicas, seu conhecimento adequado, adaptando-as aos fatos sociais.
Assim sendo, existe a interpretação autêntica (legislador), a doutrinária (estudiosos), a jurisprudencial (julgados), a lógica (dedução), a sistemática (analisa todo o ordenamento jurídico).
V – DA APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO OU CONFLITO DAS LEIS NO TEMPO.
LER art. 6º da LINDB.
Diz respeito á existência de duas leis de data diferentes, regulando de modo diverso o mesmo assunto e incidindo, a segunda, sobre efeitos ou situações resultantes da primeira.
* Uma pergunta salta á nossa mente: qual das duas leis deverá regular determinada situação?
A razão deste fenômeno é em virtude do tempo se decompor em três momentos: presente, passado e futuro. É o motivo pelo qual há três posições possíveis para a aplicação de uma lei no tempo: 
Se sua aplicação alcança o passado, ela tem efeito retroativo.
Se sua aplicação é no presente, seu efeito é imediato.
Quando ela se projeta para o futuro, já sob o império de outra lei, seu efeito é prorrogado.
I - IRRETROATIVIDADE DA LEI NOVA.
As leis são feitas para regular caso futuro, não abrangendo, portanto os casos passados. Apesar do princípio da Irretroatividade da Lei ser regra geral, a caso em que a lei nova retroage ao passado, alcançando consequências jurídicas de fatos ou atos efetuados sob o domínio de uma lei antiga.
Desse modo, excepcionalmente cabe a retroatividade em algumas situações, porém não pode haver ofensa ao ato jurídico perfeito, direito adquirido e a coisa julgada. (art. 6º da LINDB).
Ato Jurídico Perfeito: O que já se consumou segundo a norma vigente ao tempo em que se efetuou.
Ex.: Os efeitos de um contrato ficarão condicionados à lei vigente no momento em que foi firmado pelas partes.
Direito Adquirido: É o que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e a personalidade de seu titular, de modo que nem a lei e fato posterior possam alterar tal situação jurídica.
Coisa Julgada: Decisão judiciária de que já não caiba mais recurso. É a decisão definitiva do Poder Judiciário, trazendo a presunção absoluta de que o direito foi aplicado corretamente ao caso sub judice (caso em que está sendo examinado judicialmente).
Ex.: sentença transitada em julgado não pode ser mais modificada. 
II – EFEITO IMEDIATO DA LEI NOVA.
A lei nova domina a partir de sua vigência e não tolera a sobrevivência da lei antiga, sendo que a lei nova respeita as consequências jurídicas relativas ao passado. Portanto, as leis novas, a partir de sua vigência são de aplicação imediata, especialmente, para situações em cursos. 
Ex.: A sucessão da pessoa que falece é regulada pela data de sua morte. Se falecer antes 11/01/2003 será regulado pelo CC/16, com tudo falecendo no dia ou após está data a sucessão será regulada pelo CC/02, ainda que haja um testamento formulado pela Lei n 3071 de 1º de janeiro de 1916 (CC/16).
III – SOBREVIVÊNCIA DA LEI ANTIGA
É a situação em que a lei nova concede a antiga o domínio sobre os fatos e situações iniciadas anteriormente à sua promulgação. 
É uma ocasião excepcional, posto que as leis sejam feitas para regular os casos futuros a sua vigência. 
Ex.: CC art. 2031. 
DAS PESSOAS NATURAIS
Da personalidade e da capacidade. (CC, art. 1° a 10).
A palavra pessoa vem do latim = persona.
Como o direito regula a vida em sociedade e esta é composta por pessoas, o estudo do direito deve começar por elas, que são sujeitos da relação jurídica.
Relação Jurídica = (toda relação da vida social regulada pela lei).
Vínculo entre pessoas, em razão do qual uma pode pretender um bem a que a outra é obrigada.
A relação jurídica é formada por três elementos:
1) Sujeitos: Ativo = titular do direito subjetivo de ter ou de fazer o que a norma jurídica não proíbe.
 Passivo = sujeito de dever jurídico é o que deve respeitar o direito do ativo.
2) Objeto da relação: é o bem sobre o qual recai o direito subjetivo do sujeito ativo (pode ser uma prestação).
3) O vínculo jurídico: é o elemento que diferencia a relação jurídica da mera relação social. Vínculo jurídico que decorre da previsão legal.
Obs. A relação jurídica poderá ser: 
 Simples = quando se constitui de um só direito subjetivo, cada sujeito ocupando uma posição: um, a ativa, e outro, a passiva.
 Complexa = quando tiver vários direitos subjetivos, caso em que as pessoas ocupam simultaneamente, as duas posições, figurando, ao mesmo tempo, como sujeito ativo e sujeito passivo.
PESSOA NATURAL = É o ser humano considerado como sujeito de direitos e deveres. Para qualquer pessoa ser assim designada, basta nascer com vida, e desse modo, adquiriu a personalidade.
Obs. No direito moderno todo ser humano é pessoa.
Mas, além dos homens e mulheres, são também dotadas de personalidade certas organizações ou coletividades, que tendem a consecução de obter fins comuns. 
Duas são as espécies de pessoas reconhecidas pela ordem jurídica:
a) Pessoa Natural = o ser humano, também chamado de pessoa física.
b) Pessoa Jurídica = agrupamento de pessoas naturais, visando alcançar fins de interesse comum (pessoa moral, pessoa coletiva).
NEM TODO SUJEITO DE DIREITO É PESSOA E NEM TODAS AS PESSOAS, PARA O DIREITO SÃO SERES HUMANOS.
Ao lado de homens e mulheres que nasceram com vida (pessoa natural), o direito confere titularidade de direitos e deveres a pessoas jurídicas entes não humanos, incorpóreos, mas dotados de aptidão para a prática de atos jurídicos em geral.
Obs. Os animais não são considerados sujeitos de direitos, embora mereçam proteção. Por essa razão, não têm capacidade para adquirir direitos. Ex. não podem ser beneficiados em testamento, a não ser indiretamente, sob forma de encargo imposto ao herdeiro testamentário, de cuidar deles. Do mesmo modo estão excluídas do conceito de sujeitos de direitos as entidades místicas, como as almas e os santos. 
 
PERSONALIDADE JURÍDICA = Aptidão reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para exercer direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil, indispensáveis para a configuração da pessoa. 
Obs. para ser pessoa basta que o homem exista e para ser capaz, o ser humano precisa preencher os requisitos necessários para agir por si só como sujeito ativo ou passivo de uma relação jurídica. 
Obs. não devemos confundir personalidade jurídica com capacidade jurídica: personalidade jurídica = é conceito absoluto, uma vez que dela ninguém possui graus (ela existe, ou não existe). 
CAPACIDADE JURÍDICA = conceito relativo (pode ter mais capacidade jurídica ou menos). 
Todo aquele que tem personalidade jurídica tem também capacidade jurídica. Uma está vinculada à outra sendo que a capacidade jurídica representa uma limitação da personalidade jurídica. 
A capacidade jurídica que delimitam quais direitos e quais obrigações poderá ser exercida conforme requisitos específicos a serem preenchidos pela pessoa (incapaz, inteligência, distinguir lícito do ilícito, o conveniente, o prejudicial, a maturidade, etc.).
A capacidade, que é elemento da personalidade é a medida jurídica da personalidade, podendo ser classificada em: 
CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO = é aquela comum a toda pessoa humana, sem qualquer distinção, e que só se perde com a morte prevista no texto legal. Estende-se aos privados de discernimento e aos infantes em geral, independentemente de seu grau de desenvolvimento mental. 
CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO = é aquela relacionada com o exercício próprio dos atos da vida civil. Aptidão para exercer por si só, os atos da vida civil. Por faltarem a certas pessoas alguns requisitos, como a maioridade, saúde,desenvolvimento mental, etc. A lei com o intuito de protegê-las não lhes negue a capacidade de adquirir direitos, só nega-lhes o de se autodeterminarem, de exercê-los pessoalmente e diretamente, exigindo sempre a participação de outra pessoa que os representa ou assiste. 
Obs. toda pessoa tem capacidade de direito, mas não necessariamente a capacidade de fato, pois pode lhe faltar a consciência sã para o exercício dos atos da vida civil. Desse modo, a capacidade de direito não pode de maneira alguma ser negada a qualquer pessoa, podendo somente sofrer restrições quanto ao seu exercício. Assim sendo, a INCAPACIDADE consiste na restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, devendo ser sempre encarada estritamente, considerando-se o princípio de que a capacidade é regra e a incapacidade a exceção. 
Obs. quem tem as duas espécies de capacidade tem a capacidade civil plena. Quem só tem a capacidade de direito tem capacidade limitada. 
Obs. não se pode confundir capacidade com legitimação. 
Legitimação = condição especial para celebrar um determinado ato ou negócio jurídico, uma espécie de capacidade especial exigida em certas situações (CC art. 496, 1749, I e 1647). A falta de legitimação alcança pessoas impedidas de praticar certos atos jurídicos sem serem incapazes. 
NASCITURO = é o ser concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno por isso não possui personalidade jurídica. A lei não lhe confere o título de pessoa, mas resguarda-lhe desde logo os seus direitos futuros. Ex: CC art. 542, 1.779, parágrafo único. ECA, Lei n 8.069/90 art. 7° ao 14. CPC, art. 877. CP, art. 124 ao 128.
TEORIAS:
a) NATALISTA = Afirma que a personalidade civil somente se inicia com o nascimento com vida.
b) PERSONALIDADE CONDICIONAL = Confere direitos ao nascituro, desde a concepção, que estarão condicionados ao nascimento com vida.
c) CONCEPCIONISTA = A personalidade se inicia com a concepção, portanto o nascituro é pessoa, e possuirá direitos da personalidade.
Tutela = encargo (incumbência, responsabilidade, obrigação), conferido por lei a alguém para dirigir a pessoa e a administrar os bens dos menores, que não se acham sobre a autoridade de seus pais. Instituto de caráter assistencial que tem por finalidade de substituir o poder familiar. CC, art. 1.728 e s. 
Curatela = encargo conferido por lei a alguém para dirigir a pessoa e a administrar os bens dos maiores que por si só não possam fazê-lo: 
Curatela dos adultos incapazes. CC, art. 1.767 e s. 
Curatela do ausente, a do nascituro. CC, art. 22 e 1.779.
Curadoria especial ou oficial = distingue-se pela finalidade específica: 
Instituída pelo testador para os bens deixados a herdeiro menor. CC art. 1.733, parágrafo segundo.
A que se dá herança jacente. CC, art. 1.819.
A que se dá ao filho, sempre que no exercício do poder familiar colidir os interesses do pai com os daqueles. CC, art. 1.692. ECA, art. 142 parágrafo único e art. 148, parágrafo único.
A que se dá ao revel citado por edital ou com hora certa, que se fizer revel. CPC, art. 9°. 
Representação = (CC art. 115 ao 120 fixam apenas alguns princípios gerais abrangentes as duas modalidades de representação: a legal e a voluntária ou convencional).
A representação dos menores, por seus pais, se estende até aos dezesseis anos quanto aos atos da vida civil. Para os adolescentes, entre dezesseis e dezoito anos, a lei prevê a assistência nos atos em que forem partes, não a representação, pois a vontade dos menores é apenas acrescida pela participação de quem detém o poder familiar e não substituída. CC art. 1.634, V (Paulo Nader). 
a) Legal = pela representação legal que se especificam em judicial quando a nomeação se dá por ato do juiz, o poder de representar vem conferido pela lei, que expressamente descrimina a sua forma, a extensão e a finalidade. Decorrem especialmente da incapacidade do sujeito de declarar a própria vontade ou de realizar um negócio em face de sua menoridade, ou da enfermidade ou deficiência mental. 
Os limites da representação constam apontados na lei: CC art. 1.634, V, 1.747, 24, 32, 1.772. 
b) Voluntária ou convencional = depara-se com uma convenção por meio da qual uma pessoa encarrega outra pessoa a substituí-la na realização de um negócio, declarando o ato de vontade em seu lugar. Normalmente, essa outorga de poder, se opera por meio um mandato, ou procuração, onde se inserem os poderes concedidos. 
SÃO ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (ler CC, art. 3°).
Aqueles que não podem por si mesmo, praticar quaisquer atos jurídicos. 
Obs. representarão o absolutamente incapaz: os pais, tutores, curadores – de forma que o absolutamente incapaz não comparece ao ato jurídico que envolve manifestação de sua vontade. Outra pessoa o faz representando-o. 
SÃO RELATIVAMENTE INCAPAZES (ler CC, art. 4°)
A lei parte do princípio de que o grau de imaturidade do menor com 16 anos é menor que a dos incapazes absolutos.
Obs. os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito anos podem praticar certos atos sem a assistência:
Servir de testemunha. CC, art. 228, I.
Testar. CC art. 1.860, parágrafo único.
Alistar-se como eleitor. CF, art. 14.
Casar com autorização dos pais ou responsável legal. CC, art. 1.517.
Não se eximir de obrigação quando dolosamente ocultar a sua idade. CC, art. 180. 
Obs. outros atos têm que estar assistido sob pena de ser anulado. CC, art. 171, I.
Pródigo = aquele que comprovada, habitual e desordenadamente gasta e dilapidam seu patrimônio fazendo gastos excessivos, reduzindo-se a miséria. É tradicional no direito luso-brasileiro a curadoria ao pródigo. E ela se inspira num interesse social relevante, ou seja, de proteger a sua família. Com a interdição do pródigo privado estará ele dos atos que possam comprometer seus bens, não podendo, sem a assistência de seu curador alienar, dar quitação, hipotecar. CC, art. 1.767, V e 1.782.
Obs. atos praticados por ele que serão válidos: casamento, dar autorização para que os filhos menores contraiam matrimônio, emancipação. 
 
ÍNDIOS (denominação atual), no Código Civil de 1916, usava o vocábulo Silvícolas = habitantes da selva. Devido a sua educação ser lenta e difícil, no CC, Art. 4°, parágrafo único, remete a legislação especial, que poderá regular automaticamente a matéria. Lei n. 5371 de 19/12/1967 – institui a FUNAI (fundação nacional do índio). Que exerce poderes de representação e apoio ao indígena. Lei n. 6001 de 19/12/1973 (estatuto do índio), considera o indígena em princípio, agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação. (CF, art. 22, XIV, 231 e 232).
Conclusão: os pais detentores do poder familiar irão representar os filhos menores de dezesseis anos, ou assisti-los se maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Se tratar de menor, que não esteja sob o poder familiar competirá ao tutor representá-lo até os dezesseis anos, nos atos da vida civil e assisti-lo após essa idade, até que atinja a maioridade civil, nos atos em que for parte.
E, em se tratando de maior declarado interdito por deficiência mental, por incapacidade de exprimir sua vontade por alcoolismo, toxicomania, por desenvolvimento mental incompleto ou por prodigalidade, se for declarado absolutamente incapaz o seu curador irá representá-lo nos atos da vida civil, e se considerado relativamente incapaz seu curador irá assisti-lo.
Interdição = medida de proteção – procedimento especial de jurisdição voluntária, mediante o qual se apura a capacidade ou incapacidade de pessoa maior de dezoito anos. Constatada a incapacidade, decretar-se-á a proibição absoluta ou relativa, para que o interditado pratique, por si, ato jurídico, bem como lhe será nomeado curador, que deverá representar ou assisti-lo. 
EMANCIPAÇÃO = (ler CC, art. 5º).
Consiste na aquisição (antecipação) da capacidade civil antes da idade legal.
Extingue o poder familiar. CC, art. 1.635, II.
Cessa a condição de pupilo. CC, art. 1.763, I.
Obs. somente aos dezesseis anos completos. 
A emancipação poderáser: 
Voluntária = CC, art. 5°, I – 1ª parte. 
Judicial = CC, art., 5°, I – 2ª parte. 
Legal ou automática = CC, art. 5°, II, III, IV e V.
FIM DA PERSONALIDADE = (Ler CC, art. 6°). 
A existência da pessoa natural termina com a morte. A parada do sistema cardiorrespiratório com a cessação das funções vitais indica o falecimento do indivíduo. Tal aferição deverá ser feita por médico com base em seus conhecimentos clínicos. 
A morte deverá ser atestada por profissionais da medicina se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas (testemunhas) qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte (Lei n. 6015/1973, art. 77 ao 88). 
Morte real = extinção do sopro de vida do ser humano.
Com a morte:
Dissolução do vínculo conjugal. CC, art. 1571, § 1º.
A dissolução do poder familiar. CC, art. 1635, I.
Abertura da sucessão. CC, art. 1784.
Extinção dos contratos personalíssimos, como locação de serviços. CC, art. 607.
Extinção da obrigação de pagar alimentos, que se transferem aos herdeiros do devedor. CC, art. 1700. 
Obs. Todavia não é completo o aniquilamento do “de cujus”. Sua vontade sobrevive por meio do testamento, ao cadáver é devido respeito. Certos direitos produzem efeitos pós morte. Ex: direito moral, direito do autor. 
Morte civil = na antiguidade, aquele que perdia status liberatis (sua liberdade) reduzido à condição de escravo, os condenados a pena perpétua, eram considerados mortos para o mundo e assim tratados pelo direito. 
Obs. ainda hoje, no nosso direito positivo, podemos encontrar algum vestígio de morte civil. (CC, art. 1.814 ao 1.816). Indignidade – pena civil que priva do direito de herança o herdeiro, legatário que cometeu atos criminosos ou reprováveis, taxativamente numerados em lei, contra a vida, a honra e a liberdade do “de cujos”. 
Morte presumida = (ler CC, art. 7°).
Dá-se pela decretação judicial da ausência de uma pessoa. (CC, arts. 22 ao 39 – CPC, arts. 1161 e 1168). 
Se uma pessoa desaparece sem deixar notícia qualquer interessado na sua sucessão ou Ministério Público, poderá requerer ao juiz a declaração de sua ausência e a nomeação de curador. 
Ausência = é quem desaparece de seu domicílio sem que dele se tenha notícias. (ausência = não presença + falta de notícia + sentença judicial). 
COMORIÊNCIA = (ler CC, art. 8°).
 O vocábulo comoriência provém do latim, commorientia, e significa morte simultânea de duas ou mais pessoas. Para efeitos jurídicos, notadamente em matéria de sucessões, às vezes é relevante à definição da ordem cronológica de falecimento, quando parentes são encontrados mortos. A questão tratada pelo Art. 8º do CC tem aplicação apenas quando as pessoas consideradas mantêm vínculo entre si capaz de influenciar na sucessão (Paulo Nader). 
Comoriência é a morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião e por força do mesmo evento ou acontecimento, sendo elas reciprocamente herdeiras uma das outras (Washington de Barros Monteiro). 
Comoriência ou morte simultânea é a morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião em razão do mesmo acontecimento. Embora o problema da comoriência, em regra, alcance casos de morte conjunta ocorrida no mesmo acontecimento, ele se coloca, com igual relevância, no que diz respeito ao efeito dependente de sobrevivência, à hipótese de pessoas falecidas em locais e acontecimentos distintos, mas em datas e horas simultâneas ou muito próximas (Maria Helena Diniz). 
ATO DO REGISTRO CIVIL (ler CC, art. 9°).
Registro = conjunto de atos autênticos que demonstram prova segura e certa do estado das pessoas.
SERÃO AVERBADOS EM REGISTRO PÚBLICO (ler CC, art. 10).
Importância da averbação = (escrever a margem do registro). 
Ao lado do registro, surge um ato específico, a averbação, ante a necessidade de se fazer exarar todos os fatos que venham atingir o estado da pessoa e, consequentemente o seu registro civil, alterando-o por modificarem ou extinguirem os dados dele constantes (Lei n. 6015/73, Art. 97, 98, 100 e 101). 
OBSERVAÇÃO:
Este conteúdo foi elaborado com base nos seguintes doutrinadores:
CARLOS ROBERTO GONÇALVES;
MARIA HELENA DINIZ;
PABLO STOLZE GAGLIANO;
SILVIO DE SALVO VENOSA.
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