Buscar

Introdução á Neuroanatomia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA NEUROANATOMIA
I - Generalidades 
Quanto mais se estuda o sistema nervoso cada vez menos se 
pode dissociar o estudo anatômico da abordagem multidisciplinar 
neste contexto. Para acolher essa interdisciplinaridade, criou-se há 
alguns anos o dispensável nome de Neurociência.
Após uma longa evolução, as neurociências afirmam-se, hoje em dia, como o 
estudo do sistema nervoso, das suas composições moleculares e bioquímicas, e as 
diferentes manifestações deste sistema e do tecido através das nossas atividades 
intelectuais, tais como a linguagem, o reconhecimento das formas, a resolução de 
problemas e a planificação das ações. 
Até o século XVIII - função glandular, proposta de Galeno.
No final do século XIX seu estudo tornou-se mais preciso devido às técnicas 
histológicas, Camilo Golgi (MO) descreveu a célula nervosa com corpo, dendritos e 
axônio. Ramon e Cajal marcaram células individualizadas, demonstrando que o SN não é 
uma massa contínua de células, mas uma intrincada rede de células, o qual conecta-se 
ao outro somente em partes especializadas de interação chamada sinapse (doutrina do 
neurônio). Esta proposta foi sustentada pela embriologia (Harrison), achando que a ponta 
do axônio dá origem ao cone de crescimento, o qual chefia o avanço do axônio ao seu 
alvo.
 No final do século XVIII (Galvani) - surge a neurofisiologia, descobrindo que a 
atividade da célula nervosa fornece uma maneira de conduzir o sinal que transporta 
informações de uma célula a outra.
A farmacologia surge no final do século XIX, demonstrando que drogas interagem 
com receptores específicos sobre a célula, base da transmissão sináptica química.
A quinta disciplina para o entendimento do cérebro, a psicologia, foi inicialmente 
formulada por filósofos da Grécia, seguidos por René Descartes, David Hume e John 
Locke. Após a metade do século XIX teve início a observação individual do 
comportamento através de Charles Darwin, proporcionando a análise do comportamento 
científico: a psicologia experimental (estudo do comportamento em laboratório) e a 
etiologia ( estudo do comportamento na natureza).
II - Conceitos:
2.1 - Sistema Nervoso: É um conjunto de órgãos responsáveis pela coordenação e 
integração dos demais sistemas orgânicos, relacionando o organismo com as variações 
do meio externo e controlando o funcionamento visceral.
2.2 - Neuroanatomia: É à parte da Anatomia que estuda o sistema nervoso. VIII - 
Alguns conceitos importantes em neuroanatomia:
III - Alguns conceitos importantes em neuroanatomia:
1. Célula Nervosa (neurônio): são células altamente excitáveis, comunicam-se 
entre si ou com células efetuadoras usando basicamente uma linguagem elétrica. Nos 
vertebrados após a diferenciação os neurônios não se dividem, ou seja, após o 
nascimento não são mais produzidos novos neurônios. 
1.1 - Constituição:
1.1.1 - Corpo celular ou soma - tem tamanho 
muito variado, geralmente triangular ou piramidal; parte da célula 
que contém o núcleo-centro metabólico do neurônio. É rico em 
organelas citoplasmáticas.
1.1.2 - Prolongamentos:
 a) Dendritos - geralmente são curtos e ramificam-
se em prolongamentos cada vez mais fino. São especializados em 
receber o estímulo. 
 b) Axônio (fibra nervosa) - tem diâmetro de 0,2 a 
20 µm e estende-se até 1 metro; é especializado em gerar e conduzir 
o estímulo, é a unidade condutora, mantém a capacidade de um 
transiente elétrico que quando modificado determina o potencial de 
ação. 
 c) Bainha de mielina: é uma bainha de tecido gorduroso que envolve 
as fibras nervosas agindo como meio isolante
2 - Tipos de células:
2.1 - Quanto à função:
2.1.1 - Neurônio sensitivo: levam informações ao sistema nervoso central.
2.1.2 - Neurônio motor: levam a resposta elaborada ao orgão efetuador da 
resposta.
2.1.3 - Neurônio de associação: analisa as informações, armazena sob a 
forma de memória, elabora padrões de resposta ou geram respostas espontâneas. 
Quanto maior o número de neurônio de associação participando melhor o padrão da 
resposta.
2.2 - Quanto à morfologia:
2.2.1 - Pseudo-unipolar - tem o corpo celular localizado no gânglio 
 (neurônios sensitivos)
2.2.2 - Bi-polar - possui dois prolongamentos que deixam o corpo celular 
(dendrito e axônio) São encontrados na retina e no gânglio espiral do ouvido interno 
(neurônios sensitivos).
2..2.3 - Multi-polar - Possui vários dendritos e apenas um axônio 
(neurônios motores).
3 - Sinapses:
1.3.1 - Elétricas
1.3.2 - Químicas
4 - Cadeia neuronal: é a disposição dos neurônios no circuito ou vias 
nervosas.
5 - Neuróglia: tem como funções sustentação, revestimento ou isolamento, 
modulação da atividade neural e defesa (fagocitose). Conserva a capacidade de realizar 
mitose (crescimento)
5.1 - No sistema nervoso central: Oligodendrócitos (produzem a 
bainha de mielina)
5.2 - No sistema nervoso periférico: Células de Schwann (produzem a 
bainha de mielina)
6 - Substância branca e cinzenta:
6.1 - Substância branca: formada pelo predomínio de fibras nervosas 
envolvidas por bainha de mielina.
6.2 - Substância cinzenta: formada pelo predomínio de corpos celulares dos 
neurônios.
IV - Considerações sobre algumas propriedades fundamentais das células:
3.1 - Irritabilidade
3.2 - Conductibilidade
3.3 Contratilidade
V - Filogênese do sistema nervoso:
1 - Seres unicelulares (protozoários) - possuem apenas reações rudimentares, 
não se especializaram.
2 - Fibras neuromusculares primitivas (espongiários)
3 - Neurônios primitivos (celenterados) - células especializadas em irritabilidade 
ou excitabilidade e condutibilidade
3.1 - Receptores
4 - Centralização do sistema nervoso (anelídeos):
4.1 - Neurônios sensitivos
4.2 - Neurônios motores
4.3 - Neurônios de associação
4.4 - Arcos reflexos:
4.4.1 - Intra-segmentares
4.4.2 - Inter-segmentares
5 - Evolução dos três neurônios fundamentais:
5.1 - Neurônios sensitivos - superficiais. Diferenciam-se em células capazes 
de receber os estímulos do meio ambiente.
5.2 - Neurônios motores - nos metazoários passam a ser mais profundos. 
Levam a resposta elaborada ao órgão efetuador da resposta (músculo ou glândula). 5.3 - 
5.3 - Neurônios de associação - profundos. Analisa as informações, 
armazena sob a forma de memória, elabora padrões de resposta ou geram respostas 
espontâneas. Quanto maior o número de neurônios de associação participando em uma 
via nervosa, mais elaborada será a resposta. (anelídeos)
VI - Divisão do sistema nervoso:
1. Critério Morfológico:
1.1 - Sistema Nervoso Central: a parte do sistema nervoso situado dentro da 
caixa craniana e no canal vertebral. Analisando as informações, armazena sob a forma de 
memória, elabora padrões de resposta ou geram respostas espontâneas.
1.1.1 - Encéfalo
1.1.2 - Medula espinhal
1.2 - Sistema Nervoso Periférico: É a parte do sistema nervoso situada fora 
da caixa craniana e do canal vertebral, interligando o SNC a todas as regiões do corpo.
2. Critério Funcional:
2.1 - Sistema Nervoso Somático (SNS) - aquele que relaciona o indivíduo 
com o meio externo (meio ambiente). Sistema de vida de relação. 
2.2 - Sistema Nervoso Visceral (SNV)- se relaciona com a inervação e 
controle das estruturas viscerais (meio interno). Sistema de vida vegetativa.
 
3. Critério por Segmentação:
3.1 - Sistema Nervoso Segmentar - é aquele sistema que se relaciona com 
os nervos espinhais e nervos cranianos (M.E e T.E).
3.2 - Sistema Nervoso Supra-segmentar - aquele que não se relaciona aos 
nervos. Cérebro e cerebelo. Obs - O I e II nervos não são nervos típicos.
VII - Sistema nervoso central:
É aquele que se localiza dentro do 
esqueleto axial.
1. Encéfalo: dentro do crânioneural.
1.1 - Cérebro ( Hemisférios Cerebrais D e 
E )
1.1.1 - Telencéfalo
1.1.2 - Diencéfalo
1.2 -Tronco cerebral (encefálico):
1.2.1 - Mesencéfalo
1.2.2 - Ponte
1.2.3 - Bulbo (Medula Oblonga)
1.3 - Cerebelo ( Hemisférios 
Cerebelares D e E )
2. Medula espinhal: dentro do canal 
vertebral.
VIII - Sistema nervoso periférico:
1. Terminações Nervosas: estruturas 
situadas na extremidade livre das fibras nervosas 
com capacidade de transformar energia em 
impulso elétrico (receptor) e vice-versa) (efetor)
1.1 - Sensitivas (receptores) - podem 
ser classificados em gerais e especiais/somáticas 
ou viscerais. Localizam-se na superfície (pele, 
neuroepitélio) ou no interior (músculos, tendões 
ou vísceras)
1.2 - Motoras (efetores) - somáticas ou viscerais
2. Nervos: são cordões esbranquiçados constituídos por um conjunto de fibras 
nervosas envolvidas por bainha de mielina.
2.1 - Espinhais
2.2 - Cranianos
2.3 - Classificação quanto à função das fibras nervosas:
a - Nervos sensitivos
b - Nervos motores
c - Nervos mistos 
3. Gânglios: São aglomerados de corpos de neurônios fora do SNC.
3.1 - Sensitivos 
3.2 - Motores (viscerais)
IX - Distribuição da substâncias branca e cinzenta no SNC:
1 - Substância Cinzenta:
 
1.1 - Distribuição na medula espinhal
1.2 - Distribuição no tronco cerebral
1.3 - Distribuição no cérebro e cerebelo:
1.3.1 - Córtex 
1.3.2 - Núcleos
2 - Substância Branca:
2.1 - Distribuição na medula espinhal:
2.1.1 - Funículos
2.1.2 - Fascículos
2.1.3 - Tratos
2.2 - Distribuição no tronco cerebral:
2.2.1 - Fascículos
2.2.2 - Tratos
2.2.3 - Lemniscos 
2.3 - Distribuição no cérebro e cerebelo:
2.3.1- Centros brancos 
medulares
X - Organização morfo-funcional do sistema 
nervoso:
1. Concepção Clássica:
1.1 - Vias aferentes: trazem 
informações ao sistema nervoso central
 
1.1.1 - Receptor
1.1.2 - Gânglio sensitivo
1.2 - Vias de Associação: analisa as informações, armazena sob a forma 
de memória, elabora padrões de resposta ou geram respostas espontâneas. Quanto mais 
neurônios de associação mais refinada será a resposta.
1.2.1 - No sistema nervosos central
1.3 - Vias eferentes: levam a resposta elaborada ao órgão efetuador da 
resposta (músculo ou glândula)
1.3.1 - Efetor (efetuador)
2. Concepção Moderna ( LÚRIA)
2.1 - Bloco Energético (de regulação do tônus cortical, da vigília):
2.1.1 - Formação Reticular
2.1.2 - Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA)
2.1.3 - Área de controle do comportamento emocional
2.2 - Bloco Sensitivo (de recebimento, elaboração e conservação de 
informações):
2.2.1 - áreas primárias (análise)
2.2.2 - áreas secundárias (síntese)
2.2.3 - áreas terciárias (integradora)
2.3 - Bloco Motor (de planejamento, de elaboração, execução e 
acompanhamento):
2.3.1 - áreas primárias (aprendizagem motora)
2.3.2 - áreas secundárias (automatiza movimentos)
2.3.3 - áreas terciárias (elabora padrão motor)
X - O Cérebro de Lúria
O neurologista soviético A. R. Lúria encara o 
cérebro como um sistema dinâmico desdobrado 
em três blocos funcionais. Lúria tem-se 
posicionado contra um enfoque localizacionista 
estreito, postulando a abordagem do estudo do 
cérebro dentro de um princípio holístico, baseado 
na idéia de que os processos psicológicos em 
larga escala operam em sistemas funcionais. Isto 
significa que em qualquer lesão que determine 
uma deficiência numa capacidade cerebral específica atuaria determinando repercussões 
também no sistema.
Os três blocos principais do cérebro luriano estão intimamente integrados e cada um 
desempenha papel especial na atividade psíquica. O primeiro bloco funcional está 
relacionado com a manutenção do tono do córtex, estado indispensável para o correto 
processamento do recebimento e elaboração da informação, assim como dos processos 
de formação de perguntas e controle de execução. O segundo bloco é responsável pelo 
reconhecimento, elaboração e conservação da informação a partir dos aparelhos do 
próprio corpo do indivíduo. E, finalmente, o terceiro bloco elabora os programas de 
comportamento, responde pela sua realização e participa do controle de sua execução. 
É fundamental para o funcionamento do primeiro bloco a intervenção do sistema 
ativador reticular ascendente (SARA), localizado nas projeções superiores do tronco 
encefálico, que assegura o tono geral do cérebro ou do estado de vigília e atenção do 
córtex. O sistema reticular mantém o indivíduo em vigília, e até em estado de alerta, tanto 
para o recebimento das informações como para a formação de programas. A essa 
vertente incorpora-se o sistema límbico, cujo papel é fundamental na regulação dos 
processos vegetativos, na vida ativa e na conservação dos vestígios da memória. O 
comprometimento do sistema límbico (em animais e no homem) modifica 
substancialmente o tono do córtex e determina profundo comprometimento da memória.
Se o sistema reticular ativador ascendente (primeiro bloco) é fundamental para a 
ativação do córtex cerebral e manutenção da vigília, igualmente importante é a existência 
de um controle cortical da atividade reticular. Este circuito córtico-retículo-cortical 
(reverberante) seria responsável não só por uma “vigília de escolha” mas, até mesmo, 
pelo estado de atenção do organismo. Segundo Lúria: “O funcionamento deste bloco não 
está relacionado especialmente com os outros órgãos dos sentidos e tem um caráter 
“modal* não específico”, assegurando o tono geral do córtex. * (referente à modalidade sensorial: 
dor, tato, pressão, visão, audição)
Já o segundo bloco está ligado ao trabalho de análise e síntese dos sinais 
provenientes do meio externo, através do recebimento, processamento e conservação da 
informação que chega ao organismo humano. Este bloco é composto por áreas situadas 
nas sessões posteriores do córtex cerebral (área parietal, temporal e occipital) em íntima 
relação com os órgãos dos sentidos e sua atuação tem caráter “modal específico”. Esta 
unidade funcional atua mediante um sistema de dispositivos centrais que registram as 
informações visuais, auditivas e táteis, processam-na ou “codificam-na” e conservam na 
memória os vestígios da experiência adquirida. As áreas deste bloco podem ser 
consideradas extremidades centrais (corticais) dos sistemas perceptivos (analisadores), 
sendo que as extremidades corticais do analisador visual estão situadas na região 
occipital, as auditivas na região temporal e as áreas táteis na região parietal. As áreas 
primárias ou de projeção do córtex cabe a função de fracionar (analisar) a informação 
recebida, enquanto às áreas secundárias cabe a função de unificar (sintetizar) ou 
preceder a uma elaboração complexa da informação que chega ao indivíduo. Nesse 
sentido, as estimulações das áreas primárias do córtex visual (campo 17*) determinam no 
indivíduo sensações visuais sem forma definida, por assim dizer elementares, sob forma 
de “luzes coloridas”, “bolas luminosas”, etc.
Entretanto, a estimulação das áreas visuais secundárias (campo 18 e 19*) determina a 
sensação de objetos com formas definidas ou de seres animados (televisor, margarida, 
cachorro, rosto conhecido, etc. ). O mesmo ocorre por ocasião da estimulação da área 
auditiva primária, que provoca a audição de ruídos, zumbidos ou de sons isolados, 
diversamente da excitação das áreas secundárias, que tem como corolário a audição de 
melodias, palavras ou frases.
Na opinião de Lúria, as áreas primárias e secundárias não esgotam os aparelhos 
corticais deste bloco. Sobre elas edificam-se as áreas terciárias do córtex, que asseguram 
as formas mais complexas de funcionamento deste bloco. Estas áreas terciárias 
aparecem nasetapas mais tardias do desenvolvimento filogenético e parecem ser 
formações especialmente humanas, as áreas terciárias localizam-se na encruzilhada 
parieto-têmporo-occipital e compreende os campos 39, 40 e 37 das áreas parietais 
inferiores do córtex. O comprometimento dessas áreas determina uma dificuldade para 
realizar uma codificação complexa da informação recebida, particularmente de unificar em 
esquemas espaciais simultâneos as estimulações sucessivas que chegam ao cérebro. 
Em virtude disso, os indivíduos com lesão dessas áreas têm dificuldades de se orientar no 
espaço, de estruturar figuras geométricas, de localizar países no mapa geográfico, além 
de confundir os lados direito e esquerdo. Enfim, ocorrem nestes indivíduos sérios 
distúrbios do esquema corporal, além de dificuldades também com operações 
matemáticas. 
A atividade consciente do indivíduo começa com o recebimento e processamento de 
informações e termina com a formação do respectivo programa de ação mediante a 
execução de atos exteriores (motores) ou interiores (mentais). O terceiro bloco do cérebro 
responde pela programação, a regulação e o controle do desempenho do indivíduo. O 
funcionamento deste bloco depende das áreas anteriores do cérebro, particularmente dos 
lobos frontais.
As áreas anteriores do córtex, de modo análogo às posteriores, guardam uma estrutura 
hierárquica, com a diferença de que as áreas primárias do córtex motor não são as 
primeiras a serem acionadas, mas sim as últimas. A área primária ou de projeção deste 
bloco é a região motora do córtex (área 4 de Brodmann). Esta região é responsável pela 
exteriorização do ato motor. No dizer de Lúria: “Essa região prepara o lançamento dos 
impulsos motores e cria a “melodia cinética” que põe em funcionamento as “teclas” da 
área motora do córtex. A região pré-motora (área 6 de Brodmann). tem uma participação 
importante na criação de habilidades motoras, de tal sorte que um elo motor seja 
adequado e harmoniosamente substituído por outro. A desintegração funcional dessa área 
não determina paralisia, como ocorre nas lesões da área motora (área 4 ), mas 
desorganiza o ato motor de tal sorte que o mesmo perde a sua “seqüência e harmonia”.
Sobre a área pré-motora estruturam-se as áreas terciárias do córtex cerebral, também 
denominadas de região pré-frontal (áreas 9, 10, 11 e 46 de Brodmann), de formação 
completamente diferente. Esta região pré-frontal está apenas esboçada em certos 
vertebrados, tem representação modesta nos símios e apresenta desenvolvimento 
exuberante no homem. Representando aproximadamente um terço dos hemisférios 
cerebrais, o córtex pré-frontal pode ser considerado formação específica humana. As 
áreas da região pré-frontal estão conectadas a todas as áreas do cérebro e à formação 
reticular. 
Este interrelacionamento conspícuo com as demais áreas do cérebro e, em especial, 
com a formação reticular permite aos lobos frontais a manutenção do tono do córtex 
cerebral. O papel ativador dos lobos frontais pode ser demonstrado mediante um estímulo 
de tensão intelectual (a elaboração de um cálculo complexo, por exemplo) que induz ao 
aparecimento nas áreas frontais de ondas lentas especiais, que se propagam a outras 
áreas do córtex e que foram denominadas ondas da expectativa por Grey Walter.
Esse papel ativador dos lobos frontais decai no indivíduo com patologias dessas áreas. 
Efetivamente, uma afecção frontal bilateral costuma determinar apatia e perda da 
iniciativa, ficando o indivíduo incapaz de conservar as intenções, de manter os programas 
complexos de ação, de inibir os impulsos não-correspondentes aos programas e de 
regular a atividade sujeita a esses programas. Isso tudo consubstancia a importância do 
terceiro bloco na criação de intenções e na formulação de programas de ação que 
concretize essas intenções.
OS TRÊS BLOCOS PRINCIPAIS DO CÉREBRO
Como já indicamos, o cérebro humano, que assegura o recebimento e a elaboração das 
informações e a criação de programas de suas próprias ações bem como o controle da 
execução destes, trabalha sempre como um todo único. Contudo o cérebro é um aparelho 
complexo e altamente diferenciado, composto de várias partes: a perturbação do 
funcionamento normal de cada parte se reflete fatalmente no seu trabalho.
Em resumo: 
- O primeiro bloco mantém o necessário tônus do córtex cerebral, indispensável 
para o bom andamento dos processos de recebimento e elaboração da informação, bem 
como os processos de formação de programas e controle da execução destes; 
- O segundo bloco assegura o próprio processo de recebimento, elaboração e 
conservação da informação que chega ao homem do mundo exterior (dos aparelhos do 
seu próprio corpo);
- O terceiro bloco elabora programas de comportamento, assegura e regula sua 
realização e participa da atividade do controle do seu cumprimento.
Todos os três blocos se instalam em órgão isolados de cérebro e só o trabalho bem 
organizado leva a uma acertada organização da atividade consciente do homem.
SensaçãoSensação PercepçãoPercepção IntegraçãoIntegração DecisãoDecisão ProgramaçãoProgramação ExecuçãoExecução
CORTEX CORTEX -- GNOSIAGNOSIA CORTEX CORTEX -- PRAXIAPRAXIA
SISTEMA NERVOSO CENTRALSISTEMA NERVOSO CENTRAL
ÁREASÁREAS ÁREASÁREAS ÁREASÁREAS ÁREASÁREAS
1ª1ª 2ª2ª 3ª3ª 3ª3ª 2ª2ª 1ª1ª
SISTEMASISTEMA
LÍMBICOLÍMBICO
FORMAÇÃOFORMAÇÃO
RETICULARRETICULAR
ESTÍMULOESTÍMULO
((visual, auditivo,visual, auditivo,
gustativo, etc.)gustativo, etc.)
RESPOSTARESPOSTA
((Expressão corporal: Expressão corporal: 
fala, escrita, postura, etc.)fala, escrita, postura, etc.)
Bloco Bloco 
EnergéticoEnergético
PRIMEIRA PRIMEIRA 
UNIDADEUNIDADE
Tônus cortical, Tônus cortical, 
vigília,vigília,
estados mentais.estados mentais.
Bloco SensitivoBloco Sensitivo
SEGUNDA SEGUNDA 
UNIDADEUNIDADE
Recebimento, Recebimento, 
análise eanálise e
conservação de conservação de 
informaçõesinformações
Bloco MotorBloco Motor
TERCEIRA UNIDADETERCEIRA UNIDADE
Programação, regulação Programação, regulação 
ee
verificação da atividadeverificação da atividade
 
 
 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO:
1. Conceitue Sistema nervoso e neuroanatomia.
2. Comente sobre a evolução dos três neurônios fundamentais.
3. Cite os três principais tipos de neurônios.
4. O que se entende por cadeia neuronal ?
5. Divida o Sistema nervoso pelos critérios morfológico e funcional.
6. Como se organiza funcionalmente o sistema nervoso ?
7. Como se divide o Sistema nervoso central ?
8. Conceitue substância branca e cinzenta e como se distribuem no SNC ?
9. Que partes constituem o cérebro?
10.Que partes constituem o SNP?
11.Que fenômeno se dá nas áreas secundárias da segunda unidade de LURIA?
12. Segundo a concepção clássica, o que fazem as vias de associação?
	INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA NEUROANATOMIA
	I - Generalidades 
	II - Conceitos:
	III - Alguns conceitos importantes em neuroanatomia:
	IV - Considerações sobre algumas propriedades fundamentais das células:
	V - Filogênese do sistema nervoso:
	VI - Divisão do sistema nervoso:
	VII - Sistema nervoso central:
	VIII - Sistema nervoso periférico:
	X - Organização morfo-funcional do sistema nervoso:
	
X - O Cérebro de Lúria

Outros materiais