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Direito das Sucessões Carla Sofia da Costa Cunha 1 HERANÇA NO CASAMENTO HERANÇA NA UNIÃO ESTÁVEL Pode concorrer com os descendentes (1ª Classe) Sempre concorre com os ascendentes (3ª Classe) O cônjuge sobrevivente participa da UNIVERSALIDADE PATRIMONIAL deixada pelo falecido; Art. 1790, CC: “A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável.” O companheiro sobrevivente apenas participa de determinados bens adquiridos em determinado tempo (BENS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE) A) Sucessão Legitimária: Se o falecido deixar descendentes, em regra, o cônjuge está excluído da sucessão hereditária mesmo sendo herdeiro necessário; A) Sucessão Legitimária: O art. 1845, CC, traz o rol de herdeiros necessários do qual não consta o companheiro. No entanto pelo art. 1790, CC, o elemento normativo “participará” indica a necessidade de participação do companheiro na sucessão principalmente diante da concorrência com os outros herdeiros. B) Sucessão Legitima (analise da vocação hereditária): a. Concorrência do cônjuge com ascendentes: Basta coexistirem para dividirem a herança deixada pelo falecido b. Concorrência com os descendentes: analise dos regimes de bens No casamento há a quota reservatária, que atribui ao cônjuge sobrevivente pelo menos ¼ da herança em concorrência com os seus descendentes. Regimes que não permitem: • Comunhão Universal de bens: universalidade patrimonial entre os cônjuges, com a dissolução do casamento (morte) existe a probabilidade da meação. Havendo meação não se justifica o cônjuge sobrevivente participar da divisão da metade patrimonial que pertencia ao cônjuge falecido. Quem o receberá por inteiro são os descendentes do falecido. • Separação obrigatória dos bens: regime imposto aos que casam com infração do art. 1523, CC, ás pessoas que casam com mais de 70 anos e para quem precisa de autorização judicial (menores). Nestes casos a suposta pretensão é uma suposta proteção. Regimes que permitem: • Separação Total de bens convencional: escolhido por pacto antenupcial, formando-se duas massas patrimoniais, a do homem e a da mulher. Existe a hipótese real do cônjuge sobrevivente não ter meação e assim concorrer com os descendentes. • Participação final dos aquestos: durante o casamento valem as regras do regime da separação total de bens e no final as regras da comunhão parcial de bens. Como regra permite-se a concorrência do cônjuge B) Sucessão Legitima: a. Concorrência com descendentes comuns: Segundo o art. 1790, inciso I, CC o companheiro sobrevivente concorre com os descendentes do falecido e terá uma quota de herança igual à quota dos descendentes. Na União estável não há quota reservatária. No inciso II do art. 1790, CC, tem-se a concorrência do companheiro sobrevivente com descendente somente do falecido: “ se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles”, nesta regra o companheiro sobrevivente receberá metade do que vier a receber cada descendente do falecido. Na união estável não interessa o regime de bens para se estabelecer a concorrência, ela sempre ocorrerá. b. Concorrência com outros parentes (ascendentes e parentes colaterais até 4º grau): no casamente o cônjuge sobrevivente exclui da sucessão os parentes colaterais até 4º grau Direito das Sucessões Carla Sofia da Costa Cunha 2 sobrevivente com os descendentes, no entanto deve-se analisar as regras do regime parcial de bens para a sucessão. • Comunhão Parcial de bens: permite-se a concorrência apenas quando o falecido deixa bens particulares (doações, heranças, instrumentos de trabalho, joias de família, etc.) para serem partilhados. � Doutrina: Permite a concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes quando houver bens particulares. a) Maria Helena Berenice: o cônjuge concorre em relação aos bens particulares, mas, também em relação aos bens comuns, posto que aquele não pode ter quota hereditária inferior à quota dos descendentes. Ele é herdeiro nos bens particulares e meeiro e herdeiro nos bens comuns. A herança é dividida em partes iguais entre o cônjuge e o descendente. b) Carlos Roberto Gonçalves: o cônjuge sobrevivente somente participa da divisão dos bens particulares, tendo em vista que em relação aos comuns já possui meação: “ Se tem meação não necessita de sucessão”. � STJ: Para o cônjuge sobrevivente concorrer com os descendentes do falecido não pode deixar bens particulares. Neste entendimento o cônjuge sobrevivente além de ter meação também tem sucessão. C) Sucessão Pura e Simples: Ocorre quando o cônjuge é convocado para, isoladamente, receber a herança deixada pelo falecido; isto ocorre quando este não deixa ascendente e nem descendente. É nesta hipótese que reside a importância de considerarmos o cônjuge herdeiro necessário, pois como ele não concorre á divisão da herança com as outras classes de herdeiros, poderia ser excluído da sucessão, se não fosse herdeiro necessário. C) Sucessão Pura e Simples: O companheiro sobrevivente recebe sozinho a totalidade da herança. Regra do art. 1790, CC: “A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguinte: IV – não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.” D) Sucessão no Direito Real de Habitação: Trata-se de direito real sobre coisa alheia, ou seja, o cônjuge sobrevivente tem direito de residir em imóvel (imóvel que residia com o falecido) que pode pertencer, em decorrência da sucessão, aos descendentes do falecido. D) Sucessão no Direito Real de Habitação: Inicialmente não, pois não está previsto pelo CC, diferentemente do que é previsto para o cônjuge. Por outro lado, pela lei 9.278/96, defere o direito real de habitação ao companheiro até que ele constitua nova união estável ou se case. Direito das Sucessões Carla Sofia da Costa Cunha 3 1. Aceitação da Herança: Praticamente automática devido ao princípio de Saisine que transfere imediatamente os bens deixados aos herdeiros, nos limites de sua força, ou seja, os herdeiros não precisam se manifestar para dizer que o seu patrimônio não responde pelas obrigações do falecido. A aceitação irretratável na legislação vigente (ao ocorrer a morte recolhe-se o ITCMD). Na legislação anterior �aceitando a herança incidia o imposto ITCMD, retratando recolhia-se o ITBI. 2. Renúncia da Herança: É o ato de se abdicar do direito de receber a herança. A renúncia também é irretratável. Para se voltar a ter a herança apenas pela cessão de direitos pelos outros herdeiros. Natureza Jurídica: a herança aberta é bem imóvel por disposição legal (art. 82, II, CC), assim a renúncia deve ser feita por escritura ou termo nos autos do processo de inventário. Ninguém pode representar herdeiro renunciante, se o herdeiro permanecer em silencio em relação à herança, sem aceitar ou sem renunciar, os interessados podem requerer que o juiz intime para que este se manifeste. Mantendo-se em silencio é tido como aceita a herança (silencia como manifestação da vontade). Se o herdeiro renunciar e prejudicar credores, estes com autorização judicial podem aceitar a herança em nome do herdeiro renunciante. Restando bens após a aceitação pelos credores, são divididos entre os demais herdeiros. A renúncia depende de autorização conjugal: - Separação total: não exige a autorização conjugal - Comunhão parcial: exige a autorização - Participação final dos aquestos:exige autorização - Comunhão Universal: exige avaliação com cuidado, pois a herança comunica- se entre os cônjuges. Deste modo para que haja renúncia, ambos os cônjuges devem participar da elaboração da escritura pública de renúncia. Espécies de Renúncia: � Renúncia Translativa: o renunciante indica quem vai receber o seu patrimônio. Com o evento morte � Gera-se o ITCMD Com o evento transferência � Gera-se ITBI � Renúncia Abdicativa: a renúncia é entregue a todos os demais herdeiros. Gera apenas o ITCMD 3. Indignidade: Instituto de sucessão legitima Excluir qualquer espécie de herdeiro, devendo praticar uma das condutas típicas previstas no art. 1814, CC (atentado contra a vida, contra a honra e contra a liberdade). Ex.: pode ser declarado indigno o herdeiro que praticou homicídio doloso, tentado ou consumado contra o autor da herança. Necessidade de ação declaratória de indignidade para garantir o contraditório ao herdeiro imputado indigno. Geralmente os interessados nesta ação são os outros herdeiros (interesse econômico) uma vez que a quota do indigno acresce nas demais. A indignidade por ficção gera o direito de representação na sucessão pelos seus parentes que receberão tudo aquilo que o indigno receberia. A indignidade é uma pena civil, sendo assim a representação não permite que a pena ultrapasse a figura do infrator. Efeitos da Indignidade: 1. O herdeiro indigno não poderá receber os bens que foi privado de receber em outro processo sucessório; 2. O herdeiro indigno não poderá usufruir ou administrar os bens, que não pode receber por conta da indignidade; 3. Pela teoria da aparência o herdeiro que ainda não foi declarado indigno, se praticar negócios jurídicos, envolvendo bens da herança com 3º de boa-fé serão reputados válidos. 4. Deserdação: Instituto de sucessão testamentária apenas de herdeiro necessário. Direito das Sucessões Carla Sofia da Costa Cunha 4 Necessidade de confecção de testamento com constando causa expressa e prevista em lei – Principio da causalidade (art. 1961 a 1965, CC). Mesmo com testamento há a necessidade de ação judicial, para que se garanta o contraditório e para se declarar se a causa apontada pelo testador é uma das causas apontadas pela lei Espécies de Deserdação: a) Deserdação propriamente dita: fundamentada no princípio da causalidade e com o objetivo de excluir herdeiro necessário; b) Deserdação “Bona Mente” ou benéfica: não exclui herdeiro da sucessão, porém impõe ao patrimônio por eles recebidos as cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade (art. 1911, CC). Por este art. A clausula de inaliabilidade pressupõe a existência da clausula de impenhorabilidade e incomunicabilidade, existe para dar eficácia á inalienabilidade. c) Deserdação imprópria (teoria do Prof.): não observa o princípio da causalidade e serve para excluir da sucessão herdeiros que não são necessários. Para tanto basta o testador destinar a titularidade de seus bens para terceiros que exclui os parentes colaterais até 4º grau. Esta espécie independe de ação judicial pois não se imputa ao herdeiro excluído conduta que o leva à exclusão, é mero cumprimento de testamento. DIFERENÇA Indignação Deserdação Sucessão Legitima e independe de vontade do falecido para excluir herdeiro Sucessão testamentária, necessitando de um testamento para excluir o herdeiro Exclui qualquer espécie de herdeiro Apenas exclui herdeiro necessário; porque para os demais herdeiros basta que o testador deixe 100% de seus bens para um estranho. As duas precisam de ação judicial. 5. Herança Jacente e Herança Vacante: Quando se desconhece a existência de herdeiros ou quando herdeiro não reclama herança, ou o “de cujos” não deixa testamento. Diante desta situação dá-se a abertura de inventário para a arrecadação dos bens do falecido nomeando-se um curador para administrar o acervo hereditário. O objetivo do estado é conservar o patrimônio dos herdeiros. Segundo regra do CPC há a publicação de 3 editais convocando os herdeiros para receber e herança. Decorrido um ano da publicação do primeiro edital e não comparecendo herdeiros, o juiz declara a herança vacante. Com a declaração de vacância os herdeiros colaterais não poderão mais reclamar a herança, estando afastados definitivamente. Decorridos 5 anos da abertura da sucessão e mesmo assim nenhum herdeiro reclamou a herança o acervo hereditário é recebido pelo Município ou pelo DF. Ainda que o processo de vacância se tenha encerrado e o acervo hereditário transferido para o estado, os herdeiros ainda poderão reclamar a herança por meio da denominada ação de petição de herança, tendo um prazo prescricional de 10 anos a contar da abertura da sucessão hereditária. Esta ação é proposta contra o Estado, ou seja, os herdeiros não podem mais reclamar o acervo hereditário no processo de inventário de jacência e vacância. DIFERENÇA Herança Jacente (1ª fase do processo) Herança Vacante (2ª fase do processo) Quando não há herdeiro certo e determinado, quando não se sabe da existência dele ou quando o mesmo existe, mas a repudia. A partir do momento em que todos os chamados a suceder repudiarem a herança renunciando a esta. Quando o bem é devolvido à fazenda pública por se ter verificado não haver herdeiros que se habilitasses no período da Jacência.
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