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Capitalismo, Mineração e Dependência Econômica

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Capitalismo e Mineração
Do Lucro a Lama
Marcilene Silvia do Carmo
Serviço Social 15.1
 
	
Universidade Federal de Ouro Preto, 26 de fevereiro 2016
Resumo
Este ensaio aborda um olhar teórico sobre a sociedade capitalista e a mineração 
Para tanto, a metodologia simples utilizada foi de caráter exploratório baseado nas concepções marxista estudadas ao longo desde período.	
 Um Confronto entre a teoria e a pratica diante de um capitalismo contemporâneo, sistema econômico que visa somente o lucro estando estritamente ligados a uma dinâmica de gerenciamento, controle e acumulação de capital, ignorando totalmente a historia e a vida de quem vive a margem desse processo econômico.
Introdução
Entendermos lógica Capitalista de produzir mercadorias ,acumular capital, e intensificar a extração da mais valia ,se torna necessário compreendermos as transformações no processo da lei orgânica do capital e do trabalho na contemporaneidade .Sob a luz da economia política marxista se faz essencial para o profissional de Serviço Social, buscar respostas em relação ao fato de como se configura a as expressões da questão social diferenças decorrentes entre capital,trabalho,acumulação de capital etc.
A indústria extrativa mineral e a intensificação da exploração ambiental nas últimas décadas vêm levantando questões ambientalistas, sindicalistas, e sociais, pois desse processo histórico surge uma economia totalmente dependente dos royalties do minério e uma população local sob risco eminente de desastres ambientais como o que ocorreu em Mariana mais precisamente no distrito de Bento Rodrigues e outras comunidades ribeirinhas próximas a área de mineração.
A mineração apresenta grande valor devido a sua considerável arrecadação econômico no cenário econômico atual das cidades pertencentes a este ciclo de minério.
A relevância econômica da indústria extrativa na contemporaneidade e a confirmada queda economia local, o aumento do desemprego em massa, e da baixa assustadora da arrecadação nos cofres públicos, denota a dependência econômica da frágil economia marianense. 
Segundo o prefeito de Mariana Duarte Eustáquio Gonçalves Junior após o desastre de lama tóxica que atingiu a cidade e arredores e a possibilidade de encerramento das atividades da empresa Samarco, Mariana que possui a 80% da sua arrecadação advindas dos royalties do minério, alerta que com o encerramento das atividades de mineração as demissões do quadro de funcionários ocorrerão em massa, não haverá mais rotação de capital na economia local, além da dificuldade de manter programas sociais. ”Mariana se tornaria uma cidade morta, quebrada, fantasma, pois não conseguiríamos viver somente do repasse do governo e do turismo local,uma vez que o município errou muito em não ter planejado uma outra fonte rentável capaz de substituir a mineração.”
O preço por uma economia dependente da extração de minério.	
Historicamente para garantir rendimentos, a indústria mineradora conta com o apoio do Estado, que promove uma estratégia neocolonial que atravessa o século ,acirrando os impactos do avanço do capital sobre o meio ambiente e sobre os territórios ,como respostas a diversos tipos de conflitos entre empresas ,proletariados ,e comunidades afetadas direta e indiretamente pela extração mineral e pela sua rede logística
O Neocolonialismo produz um modelo de ocupação que ao mesmo tempo apossa do patrimônio natural, da biodiversidade, culturas e saberes das populações tradicionais, concentrando riquezas, terras, e violando os direitos humanos.
Para se chegar ao objetivo proposto, o diálogo com autoridades municipais de Mariana foi necessário para que pudéssemos conhecer os estragos que o rio de lama provocou tanto socialmente, como economicamente, impactando centenas de pessoas e a destruição de uma história vivida por aqueles que habitavam no distrito atingido, além de deixar evidente a fragilidade de uma economia dependente a extração de minério.
	
Foi uma fatalidade? Ou uma tragédia anunciada?
Partindo do pressuposto da dialética marxista em que historicamente o trabalho representa a concretização da relação estabelecida pelo homem e a natureza para a satisfação de suas necessidades, um processo continuo em que o homem modifica a natureza para um fim determinado.
“O trabalho é, antes de tudo, um processo entre o homem e a natureza, processo este em que o homem, por sua própria ação, medeia, regula e controla seu metabolismo com a natureza. Ele se confronta com a matéria natural como uma potência natural. A fim de se apropriar da matéria natural de uma forma útil para sua própria vida, ele põe em movimento as forças naturais da sua corporeidade [...] (MARX, 2013, p. 255).
O que diferencia os homens dos animais é o fato de que os animais executam suas atividades de forma instintiva,ao contrario dos homens que possuem a capacidade de pensar nas ações nas conseqüências, resultados dela produzindo durante esse processo seus meios de subsistência.
Em seu sentido ontológico o trabalho e o intercambio entre o homem e a natureza em processo quem ele a transforma teologicamente ao produzir valores de uso;
[...] os homens, ao desenvolverem sua produção material e seu
Intercâmbio material transforma também com esta sua realidade,
seu pensar e os produtos de seu pensar. Não é a consciência que
determina a vida, mas a vida que determina sua consciência (MARX; ENGELS, 19
A sociedade capitalista, ao mercantilizar toda a vida humana, acaba por ocultar a atividade do indivíduo de sua própria consciência, transformando-a em aparência reificada. Com isso as relações entre os homens, transformam-se em relação entre coisas, os produtos de sua atividade mostram-se como algo autônomo, alheio em sua essência. 
As relações sociais convertem-se em algo “coisificado”, revela-se uma separação entre a práxis criadora, a essência humana e a vida social, isto é, a existência. Com isso, a sociedade capitalista consegue romper o vínculo entre indivíduo e comunidade, a vida social transforma-se em um fetiche vazio, onde a aparência adquire autonomia e universalidade que não possui.
Nesse sentido, a práxis, atividade essencialmente criadora e criativa, onde o homem exerce de forma racional ação sobre um objeto, desloca seu sentido na sociedade dominada pelo capital, tendo em vista que o trabalho aparta-se da referência de criativo, livre e racional, tornando-se atividade imposta pela lógica burguesa. 
Partindo desse pressuposto marxista a tragédia foi fatalidade?Algo casual? Imprevisível? Uma vez que o ser humano possui a capacidade de agir teologicamente, tendo consciência dos resultados que ira obter e com tanta tecnológica imposta, incrementada no processo de industrialização ao longo da expansão industrial não foi possível prever tecnicamente um vazamento de resíduos tóxicos uma vez que umas das barragens já estavam sobrecarregadas tecnicamente de com rejeito de minério?
Se a causa imediata do rompimento tivesse sido um abalo sísmico de 2,5 graus, que pouca gente sentiu na região, e que não derrubou sequer uma telha, isso seria apenas mais uma prova do crime e da sua autoria. Seria a comprovação incontestável de que a barragem não recebeu o reforço estrutural necessário para suportar o crescente acúmulo dos resíduos e, ao contrário, há indicações de que ela foi sobrecarregada com obras para aumentar a sua altura. Abalos sísmicos dessa magnitude já estão previstos na margem de segurança nos cálculos de qualquer construção de médio ou grande porte.
 A tragédia dos rompimentos das barragens da Samarco ,em Mariana ,e suas conseqüências dentro da perspectiva de valores da sociedade contemporânea,denota que cada ação e conseqüência foram frutos de escolhas feitas entre valores e valores do mundo capitalista . Certamente que nossas ações são orientadas por valores, o que escolhemos fazer e a maneira que conduzimos este processo resulta da valoração,um processo que corresponde aos nossos interesses.
Este fator sucede tanto o ponto de vista individual ou coletivo atendendo a parâmetros estabelecidos pela sociedade capitalista que vivemos que não importa os meios ,o que importa são os valores,o lucro,a exportação de capital em um mundo em que o capitalismo em suas inúmeras faces ignora diversos fatores racionais.
A mineração é um espelho disto, a exploração mineral e altamente impactante, se utiliza de elementos químicos produzindo um alto grau de poluição ambiental,comprometendo flora,fauna e a saúde da população local destruindo valores com um alto preço relacionados aos direitos humanos e ambientais.
Os municípios que vivem da extração de minério se encontram entre a cruz e a espada, pois a mineração também e uma fonte geradora de riquezas, de emprego, embora enriqueça alguns grupos ela aumenta a arrecadação de impostos, outro fator é o fato de que os minerais extraídos são matérias primas de grande parte daquilo que constitui o mundo contemporâneo, exemplos como carro, celulares, computador, enfim um conjunto de valores que complementam outros.
 Em Mariana a Samarco um dos inúmeros problemas da atividade mineradora e a geração de detritos tóxicos em grandes quantidades, sua acumulação pode ser feita utilizando filtros que garantam a drenagem,os custos podem da implantação desses filtros podem encarecer a exploração de minério em ate seis vezes,a Samarco nos optou por esta técnica como forma de economizar no processo de produção escolhendo um tratamento liquido ,otimizando recursos e fazendo frente a concorrência da China no mercado de aço.
Laudos técnicos apontam que as barragens já havia atingindo a marca de segurança, fruto da aceleração capitalista, uma forma da empresa Samarco responder a produção chinesa. Uma boa administração não pode negligenciar a curva de lucros de sua empresa e deve saber defender sua posição no mercado. De novo, valores em conflito: correr riscos ou assegurar o lucro? O jogo estava sendo jogado dentro de suas regras, e predominou o valor mais forte, a submissão as regras do capital
Impactos Sociais
Entrevista com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania de Mariana:
 Regiane Maria de Oliveira Gonçalves.
Esta entrevista tem como objetivo contextualizar a situação dos programas socias, uma vez que se torna notável a queda de arrecadação municipal após o rompimento das barragens e da paralisarão das atividades da empresa Samarco.
1-É desafiador este contexto histórico pelo qual Mariana está transitando, o desastre socioambiental ocorrido no dia 5 de novembro de 2015,deixou marcas ,destruição e mortes por onde passou...economicamente falando como este acontecimento afetou e ainda afeta a estrutura econômica de Mariana?
Resposta- O município se encontra em uma situação de instabilidade total...
Um acontecimento para nós inesperado que nos causou muita dor e comoção. A estrutura econômica de Mariana já se encontrava em queda permanente, este desastre veio culminar diversos os fatores que estávamos tentando contornar diante da crise capitalista que estamos vivendo não só em Mariana mais no pais inteiro.
Os programas sociais foram duramente afetados... Estamos medindo a água e o fubá para que possamos atender da melhor forma possível a demanda social, as necessidades das pessoas que nos procuram diariamente.
2- Houve a extinção de algum Programa Social?
Resposta: Não.. Como te disse estamos tentando equilibrar gastos, este foi o pedido do prefeito, mais inevitavelmente ao reduzir gastos, você reduz no numero de funcionários, você reduz nas demandas atendidas pelo setor.
3 - Qual Programa teve mais redução, sofreu mais com essa necessidade?
Resposta: Programas como Aluguel Social, reduzimos em 30% o número de famílias que viviam amparados por mais de 7 anos pelo município,,o Programa Renda Mínima reduzimos o quadro de funcionarias, dentre outros cortes feitos ate mesmo no quadro de pessoas contratadas.
4 - Você considera que o Município de Mariana possui outras formas econômicas de gerar emprego, enfim de agir a este contexto?
Resposta: Mariana, como outros municípios mineiros no se contexto rentável, possui sua geração de renda focada, dependente da extração de minério, uma economia... digamos primitiva,atrasada ,se a Samarco encerra suas atividades ,evidentemente Mariana perde seu poderio econômico,pois o turismo e o repasse do governo não será suficiente para sustentarmos as demandas não só dos programas sociais ,mais da saúde,educação,enfim diversos setores que prestam serviço de qualidade para a população.
5- A Samarco foi omissa, negligente, ou no seu ponto de vista a Samarco também foi uma vitima deste desastre?
Resposta: Vitima com certeza não foi e o Município através dos meios legais vai cobrar a reparação de danos materiais causados às famílias daquele distrito. Considero que conforme as investigações técnicas ficarão provadas se houve negligencia por parte desta empresa que assim como muitas visam somente o lucro, mais que fornecia emprego, rotatividade para nosso município.
6- Trabalhei em 2013 neste distrito de Bento Rodrigues realizando visitas domiciliares e convidando as famílias a participarem do Programa de Controle da Esquistossomose..durante as visitas domiciliares varias pessoas estavam reclamando revoltados que a Samarco estava querendo comprar de certa forma o lugarejo,e na estrada que liga Mariana a Bento Rodrigues já não haviam mais fazendas,todas demolidas e compradas pela Samarco...Considerando este fato ,já não era um prenuncio do que viria a acontecer?
Resposta: Não tinha conhecimento deste fato... Estou há pouco tempo a frente dessa secretaria.. Difícil falar... Mais se levarmos por este lado!
Enfim não sei, mais diante dessa pressão... admito...pode ser sim uma tragédia anunciada,algo previsto e que poderiam ser impedido com segurança e responsabilidade pela Samarco.
Conclusão
Negligência, maldade por parte da diretoria da empresa? Não necessariamente; apenas a submissão às regras do capital, um capital contemporâneo, tendo como principal característica o neoliberalismo e sucessivas crises devido à alteração e incrementarão dos modos de produção.
Evidentemente a Samarco vai arcar legalmente com as conseqüências de um dos maiores desastres ambientais dos últimos anos, porem a dimensão do mal é muito maior, e tem bens que dificilmente serão recuperados, a historia de vida da população atingida.	
Devemos sim, nos sensibilizarmos com a dor das mortes e da destruição que o mar de lama causou por passou, e um dever moral, básico de todo e qualquer ser humano, entretanto não podemos ser omissos ao contexto em que a humanidade esta inserida como um todo. 
Temos que nos comover, termos consciência, uma visão critica do que a sede por poder econômico é capaz de destruir e dizer: Não foi um acidente!
Esta empresa é apenas uma peça do sistema e este desastre anunciado é um dos resultados do modelo de sociedade capitalista no qual vivemos atualmente, onde o que vale e o lucro, o poder dominante.
A barbárie do capitalismo, a sociedade de consumo que seu sistema implantou nos leva a exaustão e ao transbordamento do mundo natural.
Temos que lutar contra a Samarco sim... Mais temos que combater o regime ditatorial, ao qual ela obedece.
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Bibliografia:
Marx, O capital,Neto José Paulo ;Economia Política
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