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1 Derivação simples das transformações de Lorentz O texto abaixo é de um apêndice do livro de Einstein ’A Teoria da Relatividade Especial e Geral’. Verifiquem a clareza dos argumentos. Na orientação relativa dos sistemas de coordenadas indicada na figura 2, os eixos dos x dos dois sistemas coincidem permanentemente. Aqui, nós podemos dividir o problema, considerando de início apenas os eventos localizados sobre o eixo dos . Um tal evento, em relação ao sistema de coordenadas , é dado pela abscissa e pelo tempo , e em relação a 0 pela abscissa 0 e o tempo 0. Trata-se de encontrar 0 e 0 quando são dados e . Um sinal luminoso que avança ao longo do eixo positivo dos se propaga segundo a equação = ou − = 0 (1) Como o mesmo sinal luminoso deve propagar-se também em relação a 0 com a velocidade , a propagação em relação a 0será descrita pela fórmula análoga 0 − 0 = 0 (2) Os pontos do espaço-tempo (eventos) que satisfazem à equação (1) também devem satisfazer à equação (2). Isto manifestamente há de ocorrer se, de maneira geral, a relação (0 − 0) = (− ) (3) for satisfeita, onde designa uma constante; pois, de acordo com (3), o fato de − ser nulo acarreta que também 0 − 0 será nulo. Uma consideração inteiramente análoga aplicada a raios luminosos que se propagam ao longo do eixo negativo fornece a condição: 0 + 0 = (+ ) (4) 1 Somando e subtraindo as equações (3) e (4), onde por razões de comodidade introduzimos as constantes = + 2 = − 2 em lugar das constantes e , obtemos 0 = − 0 = − (5) Com isso, nosso problema estaria resolvido, se as constantes e fossem conhecidas; estas resultam das seguintes considerações. Para a origem de 0 temos permanentemente que 0 = 0, e por conseguinte, de acordo com a primeira das equações (5): = Designando por a velocidade com que a origem de 0 se movimenta em relação a , temos que = (6) Obtém-se o mesmo valor da equação (5) quando calculamos a velocidade, em relação a , de um outro ponto de 0, ou então a velocidade (dirigida segundo o eixo negativo) de um.ponto de em relação a 0. Em resumo, podemos considerar como a velocidade relativa dos dois sistemas. Além disso, de acordo com o princípio da relatividade, é claro que o com- primento (observado a partir de ) de uma régua unitária que está em repouso em relação a 0 deve ser exatamente o mesmo que o comprimento (observado de 0) de uma régua unitária em repouso relativamente a . Para ver como os pontos do eixo 0 se apresentam quando observados de K, basta fazermos um "instantâneo" de 0 a partir de ; isto significa que devemos introduzir para (tempo de ) um valor determinado, por exemplo, = 0. Para este valor, obtemos da primeira das equações (5): 0 = Em nosso instantâneo, dois pontos do eixo 0 que medidos em 0 estão separados por uma distância 0 = 1 têm, por conseguinte, a distância ∆ = 1 (7) 2 Mas se fizermos o instantâneo a partir de 0(0 = 0),obtemos de (5), quando eliminamos t e levando em conta (6): 0 = µ 1− 2 2 ¶ Concluímos daí que dois pontos do eixo que (em relação a ) estão separados pela distância igual a 1 têm em nosso instantâneo a distância ∆0 = µ 1− 2 2 ¶ (7a) Como, pelo que já ficou dito, as duas fotografias instantâneas têm que ser iguais, ∆ em (7) tem que ser igual a ∆0 em (7a), de modo que temos: 2 = 1 1− 22 (7b) As equações (6) e (7b) determinam as constantes e . Introduzindo em (5), obtemos a primeira e a quarta das equações indicadas no item 11 do livro de Einstein. 0 = − 1− 22 0 = − 2 1− 22 (8) Com isto obtivemos as transformações de Lorentz para eventos sobre o eixo . Elas satisfazem à condição 02 − 202 = 2 − 22 (8a) Para estender este resultado aos eventos que ocorrem fora do eixo , con- servamos as equaçoes (8) e acrescentamos as relações 0 = 0 = (9) Com isto satisfazemos ao postulado da constância da velocidade da luz no vácuo para raios luminosos de direção arbitrária, tanto para o sistema 0 como também para o sistema , como podemos ver da seguinte maneira. Suponhamos que no tempo = 0 seja emitido da origem de um sinal luminoso. Sua propagação se dá segundo a equação =p2 + 2 + 2 = 3 ou, se elevamos esta equação ao quadrado, de acordo com a equação 2 + 2 + 2 − 22 = 0 (10) A lei da propagação da luz, juntamente com o postulado da relatividade, exige que a propagação do mesmo sinal — observado a partir de 0 — se dê de acordo com a fórmula correspondente 0 = 0 ou 02 + 02 + 02 − 202 = 0 (10a) Para que a equação (10a) seja uma conseqüência da equação (10), temos que ter: 02 + 02 + 02 − 202 = ¡2 + 2 + 2 − 22¢ (11) Como a equação (8a) deve ser válica pontos sobre o eixo deve ser igual a um. Reconhecemos facilmente que as transformações de Lorentz satisfazem à equação (11) com = 1; com efeito, (11) é uma conseqüência de (8a) e (9), portanto também de (8) e (9). Assim estão deduzidas as transformações de Lorentz. As transformações de Lorentz representadas por (8) e (9) ainda precisam ser generalizadas. Evidentemente, não é importante que os eixos de 0 sejam escolhidos paralelos aos de . Também não é importante que a velocidade de translação de 0 em relação a tenha a direção do eixo . Podemos considerar as transformações de Lorentz, neste caso geral — como o mostra uma consideração simples —, como compostas de transformações de duas espécies, a saber, de transformações de Lorentz no sentido restrito e de transformações puramente espaciais, o que corresponde a substituir o sistema de coordenadas retangulares por outro cujos eixos tenham uma orientação diferente. Do ponto de vista matemático as transformações generalizadas de Lorentz podem ser caracterizadas da maneira seguinte: elas exprimem 0, 0, 0, em termos de funções lineares homogêneas de , , , tais que a relação 02 + 02 + 02 − 202 = 2 + 2 + 2 − 22 (11a) seja identicamente satisfeita. Isto quer dizer: se no primeiro membro substi- tuirmos 0 etc. por suas expressões em , o primeiro membro de (11a),se torna idêntico ao segundo. 4
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