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Profa. Débora de Gois Santos 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Aula: Conceitos Gerais de Administração: A administração e suas perspectivas, Antecedentes históricos. Disciplina: Administração de Obras– 101292 Professora: Débora de Gois Santos São Cristóvão, Sergipe Versão6 Profa. Débora de Gois Santos 2 A administração Em termos históricos a administração de organizações (indústrias e empresas) passou por diversas mudanças até evoluir para a administração moderna. As principais mudanças foram provocadas por quebra de paradigmas e caracterizam-se pelas formas de produção: Seus principais personagens são os engenheiros Taylor e Gilbreth, com o estudo dos Tempos e Movimentos, e Ford, com a indústria automobilística. Em termos gerais, a tarefa da administração no mundo moderno é fazer as coisas de forma eficiente e eficaz, por meio das pessoas, com os melhores resultados. Além disso, considera-se que a organização do trabalho dá-se na forma de Produção de bens ou Prestação de serviços. Sendo assim, o administrador deve ter as seguintes funções: Direção, Coordenação, Controle e Planejamento. Neste ambiente, a organização é constituída por pessoas, recursos físicos, materiais, financiamento e pelo lucro. Esta pode ser lucrativa ou não-lucrativa. A administração é a condução racional das atividades de uma organização, uma vez que as organizações precisam se estruturar melhor. Assim, dentro de uma organização, as funções da administração e da produção são divididas em níveis hierárquicos verticais, conforme figura 01. Profa. Débora de Gois Santos 3 Figura 01: Níveis hierárquicos verticais da administração. Fonte: Chiavenato (2000). Juntamente com estes níveis a administração pode ser dividida nas áreas→ administração de: produção, financeira, recursos humanos, mercadológica, e geral. Em cada uma destas áreas o administrador tem as funções descritas abaixo, não se deve esquecer, porém, de considerar as particularidades de cada organização e dos conhecimentos pessoais do administrador: Solucionar problemas. Dimensionar recursos. Planejar a aplicação dos recursos. Desenvolver estratégias. Efetuar diagnósticos de situações. Os níveis hierárquicos da administração relacionam-se então com as habilidades necessárias ao administrador (figura 02), considerando os conhecimentos e as técnicas necessários para desempenhar cada tarefa. Esta distribuição existe independente do porte da organização (micro, pequena, média ou grande). Profa. Débora de Gois Santos 4 Figura 02: Habilidades necessárias ao administrador conforme o nível hierárquico. Fonte: Chiavenato (2000). Em resumo, a tarefa da administração é interpretar os objetivos propostos pela organização e transformar em ações organizacionais por meio de planejamento, organização, direção e controle, de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis organizacionais, para alcançar os objetivos da forma mais adequada à situação. Deste modo, o administrador deve ter formação ampla, saber lidar com pessoas, estar atento a eventos (passado, presente, futuro) internos e externos à empresa, tomar decisões, além de enxergar mais longe. O administrador é um agente de condução, ou seja, de mudanças e transformação da empresa. Tudo isto ocorre ao trabalhar com a vida das pessoas, pois as ações resultantes influem no comportamento de consumidores, fornecedores, concorrentes e demais organizações humanas. Com isto, tem-se o objetivo de que as coisas sejam realizadas da melhor forma, com o menor custo e maior eficiência e eficácia. Profa. Débora de Gois Santos 5 1. A administração e suas perspectivas A administração enquanto ciência surgiu com a Revolução Industrial, com a ênfase na tarefa e teve sua evolução em paralelo às transformações que o mundo, devido às grandes guerras mundiais, a primeira no período de 1914 a 1918 e a segunda de 1939 a 1945, mudando o foco da organização com ênfase na tarefa até chegar ao enfoque na tecnologia. Sendo assim, a figura 03 apresenta as ênfases (variáveis) que levaram ao surgimento e a evolução da Teoria Geral da Administração. Ênfase Ano Teorias Administrativas Principais Enfoques Nas Tarefas 1903 Administração Científica Racionalização Trabalho (operacional). Na Estrutura 1916 Teoria Clássica Organização Formal. Princípios Gerais da Administração. Funções do Administrador. Nas Pessoas 1932 Teoria das Relações Humanas Organização Informal. Motivação, liderança, comunicações e dinâmica de grupo. No Ambiente 1947 Teoria Estruturalista Análise intra-organizacional e análise ambiental. Sistema Aberto. Na Tecnologia 1972 Teoria da Contingência Administração da Tecnologia. Figura 03: A administração e suas perspectivas. Fonte: Chiavenato (2000). Em termos de interação de cada uma destas ênfases com a organização, a figura 04 traz uma visualização. Figura 04: Variáveis básicas da Teoria Geral da Administração. Profa. Débora de Gois Santos 6 Fonte: Chiavenato (2000). A administração na Sociedade Moderna tem foco na tomada de decisão e no nível intermediário (gerencial), com o desenvolvimento de habilidades que antes eram apenas técnicas e agora passam a incorporar também habilidades conceituais e humanas. Em termos do futuro da Administração, as mudanças serão rápidas e inesperadas, com: → Novas necessidades. → Crescimento em tamanho das organizações. → Competências diversas e altamente especializadas das pessoas. O administrador tratará de problemas complexos e deverá ter sua atenção dentro e fora da organização, ou seja, estará em interação com clientes, fornecedores, órgãos regulamentados, concorrentes, subordinados, direção e acionistas. Nesta realidade, os fatores que provocam impacto nas organizações são: - Crescimento das organizações (tamanho, recursos, mercados, volume de operações), onde o trabalhador deixa de ser especialista e passa a ser generalista. - Concorrência mais aguçada, ou seja, risco da atividade industrial, mais investimento em pesquisa e tecnologia, criação de novos departamentos e novos mercados, para sobreviver e crescer. - Sofisticação da tecnologia, com maior eficiência, precisão e liberação do homem para atividades mais complexas, que exigem planejamento e criatividade, a exemplo de telecomunicações, computadores e transportes. - Taxas elevadas de inflação, bem como relação entre recursos (energia, matéria prima, mão de obra, dinheiro) e inflação, o que determina o lucro e exige maior produtividade. - Globalização da economia e internacionalização dos negócios, por meio de exportação e abertura de filiais no exterior, o que leva à competição mundial e a convivência com comportamentos estrangeiros. Profa. Débora de Gois Santos 7 - Visibilidade maior das organizações. Isto significa que quanto maior a organização maior sua influência ambiental. Esta visibilidade é percebida pela opinião pública, e pode ser positiva ou negativa, formando a imagem da empresa. Em resumo, no futuro, o foco não será na previsibilidade, continuidade e estabilidade, mas, o contrário, será nas novas formas de organização e na nova mentalidade dos administradores. Logo, o administrador será cada vez mais um agente de mudanças. 2. Os primórdios da administração e antecedentes históricosEm termos dos primórdios da administração e dos antecedentes históricos, a administração evoluiu ao longo do tempo com contribuições de diversas ciências, como, por exemplo, estatística, sociologia, psicologia, biologia, educação, física, química, direito e engenharias. Além disso, observa-se que é uma teoria da estrutura hierárquica (forma piramidal), conforme já mencionado anteriormente e foi tratada por estudiosos como Platão, Aristóteles, Hamurabi e Moisés. Em termos de produto físico, têm-se exemplos na pré-história das pirâmides do Egito, que são obras monumentais e para sua construção necessitaram de planejamento, organização e controle. Verifica-se, porém, que a ciência da administração surgiu apenas no início do século XX, após preparação e antecedentes históricos, ou seja, faz parte da história recente da humanidade. Quanto ao panorama histórico, tem-se: Babilônia. Hamurabi- 1800 a.C. – instituição do salário mínimo. Grécia. Sócrates 400 a.C. – enunciado da universidade da Administração. Platão (discípulo de Sócrates) - princípio da especialização, com foco em problemas políticos sociais, com forma democrática de governo e de administração dos negócios públicos. Inglaterra. 1832 - Charles Babbage instituiu a divisão do trabalho, com o estudo dos tempos e movimentos. Profa. Débora de Gois Santos 8 Estados Unidos. 1900. Frederick W. Taylor – fundador da administração científica. Este modo de administração tinha por objetivo promover a cooperação entre operários e gerência, ao aplicar o estudo de tempos e métodos, por meio de planejamento e controle. Conforme comentado anteriormente, a administração surgiu como ciência apenas no século XX. No século XIX, as organizações eram poucas e pequenas, de cunho artesanal. Desde sua criação e ao longo dos tempos esta sofre a influem de filósofos, da igreja, dos militares, da revolução industrial, dos economistas, e dos empreendedores. Influência dos filósofos Com relação à influência dos filósofos, Sócrates, Platão, Aristóteles, discípulo de Platão (384 a.C. - 322 a.C.) influenciaram a administração por meio da filosofia lógica (metafísica, ciências naturais); René Descartes (1596-1650), fundador da filosofia moderna, criador do método cartesiano, influenciou a administração através da divisão do trabalho, da ordem e do controle (princípio da dúvida). Karl Marx (1818-1883), em seu Manifesto Comunista (história da luta de classes), criou a teoria econômica do Estado. Em seguida, a partir da filosofia moderna, a administração deixa de se preocupar com os problemas políticos e sociais e passa a se preocupar com os problemas organizacionais. Influência da organização igreja A organização deixou de ter influência do Estado e passa a ser influenciada pela igreja (eclesiástica) e pelos militares. Na igreja pratica-se: - Hierarquia de autoridade. - Estado maior (acessório). - Coordenação funcional. Profa. Débora de Gois Santos 9 A igreja tem alcance mundial e um único líder (papa), e seus princípios passaram a ser aplicados em outras organizações. Influência da organização militar A organização militar caracteriza-se por: - Organização linear – exército da época medieval. - Princípios da unidade de comando – cada subordinado só pode ter um superior. - Coordenação hierárquica (graus de autoridade e responsabilidade). Verificou-se que com o passar do tempo ocorreu à necessidade de delegar autoridade aos níveis mais baixos. Logo, foi necessário implementar planejamento e controle atualizado, para garantir a centralização do comando e a descentralização da execução. - Estado maior e linha (campo). - Princípio da direção → o soldado deve saber o que se espera dele e o que deve fazer. - Pensamento estratégico, planejamento e decisões científicas. Influência da revolução industrial Com relação à Revolução Industrial, James Watt (1736 - 1819), criador da máquina a vapor, é seu principal impulsionador. Esta criação impôs mudanças profundas e rápidas na economia, política e sociedade. Neste contexto, a Revolução Industrial ocorreu em dois momentos principais: 1ª revolução industrial, 1780 a 1860 - com a revolução do carvão e do ferro; e 2ª revolução industrial, 1800 a 1914 - com a revolução industrial do aço e da eletricidade. Profa. Débora de Gois Santos 10 I - Mecanização da indústria e da agricultura (1ª revolução) A mecanização da indústria e da agricultura trouxe a máquina de fiar, o tear hidráulico e mecânico, e o descaroçador de algodão. Com a aplicação da força motriz à indústria (máquina a vapor), as oficinas passam a ser fábricas. Isto levou ao desenvolvimento do sistema fabril, onde o artesão desaparece e surgem operários e fábricas, o que leva à divisão do trabalho. Ocorre também a migração das pessoas para as zonas urbanas, impulsionadas pelo transporte (navegação a vapor, locomotiva a vapor, estrada de ferro) (1825), e pela comunicação, ou seja, pelo surgimento de telégrafo (Morse, 1831), selo postal (1840), telefone (Graham Bell, 1876). II - Aparecimento do processo de fabricação do aço (1856), o ferro dá lugar ao aço, aperfeiçoamento de dínamo (1873) (2ª revolução) Como exemplo desta fase, tem-se a invenção do motor de combustível interno (1873). Neste período, cresce o domínio da indústria pela ciência, ocorrendo transformações radicais nos transportes e nas comunicações; a exemplo da troca do vapor por eletricidade, domínio da ciência, organizações capitalistas, inovações bancárias, separação entre propriedade particular e direção das empresas, holdings companies (coordenar e integrar negócios) e expansões da industrialização. As mudanças são caracterizadas por: * Transferência da habilidade do artesão para a máquina (redução de custos de produção, aumento da qualidade, e da rapidez). * Substituição da força animal ou humana pela potência da máquina a vapor e depois pelo motor (maior produção e economia). * Mecanização → divisão do trabalho e simplificação de operações. * Jornadas de trabalho de 12 à 13h em condições perigosas e insalubres, por causa disso surgiram tensões entre operários e proprietários, o que deu origem às leis trabalhistas (Brasil em 1943, Inglaterra em 1802). * Mão de obra vinda do campo para as cidades → surge a classe social dos proletários. Profa. Débora de Gois Santos 11 * A administração e a gerência passaram a ser preocupação dos proprietários, com máquinas com complexidade crescente e produtos feitos em partes (operários especializados nas partes), ou seja, os operários estão sem conhecimento do todo e a preocupação do proprietário é com o rendimento do trabalho. * Alguns empresários basearam-se na organização eclesiástica ou militar. * A organização e a empresa nasceram então da ruptura com a estrutura coorporativa da idade média, o avanço tecnológico, a substituição do artesanal pela produção. Influência dos Economistas Liberais Esta influência surgiu no final do século XVIII, quando ocorreu a Revolução Francesa baseada no liberalismo econômico (1791), que desvincula a vida econômica da estatal. Porém, os operários continuam a mercê dos patrões. Assim, as idéias básicas dos economistas clássicos liberais dão origem ao pensamento administrativo atual. Adam Smith (1723 - 1790), cuja idéia central é a competição, diz que o mercado age espontaneamente de modo a provar a adoção mais eficiente dos recursos e da produção, sem que haja excesso de lucros. Deste modo, o governo interfere no mercado com leis quando este não funciona emcondições satisfatórias, ou seja, sem competição livre. Este já falava em especialização e racionalização do trabalho, preconizando os estudos de Taylor e Gilbreth. No final do século XIX, o liberalismo perde força com o crescimento do capitalismo, devido ao surgimento das grandes empresas. As preocupações se voltaram para problemas como organização de trabalho, concorrência econômica e padrão de vida. Karl Marx (1818- 1883) cria o socialismo científico e o materialismo histórico, onde o capitalismo é apenas uma etapa do desenvolvimento para a produção socialista e comunista. Neste tipo de produção, o lucro e a mais-valia definem o grau de exploração do trabalhador. Juntos empurraram o capitalismo para a implantação de métodos e processos de racionalização do trabalho no início do século XX. Profa. Débora de Gois Santos 12 Influência dos Pioneiros e Empreendedores No século XIX, o mundo está em transformação, estas são as condições ideais para o aparecimento da teoria administrativa. Como exemplo, em 1820, nos EUA, surge as estradas de ferro, viabilizadas por empreendimentos privados, com investimento e desbravamento do território. Sendo assim, o desenvolvimento ferroviário e a construção urbana criaram o mercado de ferro e aço, no ano de 1850. Em contraponto, com o surgimento dos aglomerados industriais, os pequenos grupos familiares não tinham mais condições de dirigir sozinhos suas empresas e surge a pessoa do gerente profissional, no ano de 1871. Em seguida, os empresários procuraram ampliar sua produção de forma a organizar uma rede de distribuição e venda, ou seja, departamento de produção, vendas, técnicos de engenharia (desenvolvimento de produtos), e financeiro. Com o crescimento desordenado e espontâneo, verificou-se que as estruturas das empresas eram grandes e sem lucro, com perda para a organização e racionalização da estrutura funcional. Assim, entre 1880 e 1890, as empresas passam a dominar a compra de matéria prima e a distribuição. Passam ainda a serem fundidas e com o crescimento vertical surgem os oligopólios. A organização é um desafio tão ou mais difícil do que a criação das empresas. Desta forma, em 1900, virada do século, surge o desenvolvimento tecnológico e de pesquisa, e a criação da aspirina (Bayer, 1899). Os capitães das indústrias- pioneiros e empreendedores - cederam lugar então para os organizadores; surge a era da competição e da concorrência. Neste ínterim, as empresas buscam a integração vertical, da produção da matéria prima até o produto acabado; e a integração horizontal, produzir para ampliar a cadeia de lojas próprias distribuídas no país. REFERÊNCIA CHIAVENATO, I. Introdução à teoria da administração. 6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000, 700p.
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