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Abordagem Humanística da Administração Profª. Débora de Gois Santos São Cristóvão, 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE OBRAS Surgiu com a Teoria das Relações Humanas, nos EUA, na década de 1930, através da psicologia do trabalho, que estudou: Análise do trabalho (características humanas e aplicação de testes psicológicos). Temas: seleção de pessoas, orientação profissional, treinamento e métodos de aprendizagem, fisiologia do trabalho e estudo dos acidentes e da fadiga. Adaptação do trabalho ao trabalhador (aspectos individuais e sociais do trabalho, predominando sobre os aspectos produtivos). Temas: estudo da personalidade do trabalhador e do gerente, motivação e incentivos do trabalho, liderança, comunicação e relações interpessoais e sociais dentro da organização. Teoria das Relações Humanas e Decorrência da Teoria das Relações Humanas Mudanças após a grande depressão econômica em 1929, onde a busca pela eficiência foi intensificada. Divulgação fora dos EUA fim da Segunda Guerra Mundial. 1 Teoria das Relações Humanas Criada por Elton Mayo, cientista social. Ela surgiu da conclusão das Experiências de Hawthorne (Mayo e seus colaboradores, 1924 e 1932). É um movimento de reação e oposição à Administração Científica (considerada um meio de exploração em uma democracia). Origem também na necessidade de se humanizar e democratizar a administração; no desenvolvimento das ciências humanas (principalmente a psicologia); nas ideias da filosofia pragmática de John Dewey e da psicologia dinâmica de Kurt Lewin; na sociologia de Pareto. Experiência de Hawthorne: Ocorreu em uma fábrica da cidade de Hawthorne, a Western Eletric Company, que fabricava equipamentos e componentes eletrônicos. Objetivo do Conselho Nacional de Pesquisa: avaliar a correlação entre iluminação e eficiência dos operários. Elton Mayo, coordenador da experiência, estendeu os estudos a fadiga, acidentes de trabalho, rotatividade do pessoal e efeito das condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal. Situação: a empresa mantinha salários satisfatórios e boas condições de trabalho. Não estava interessada em aumento de produtividade, mas em conhecer melhor seus empregados. Fases do experimento: Primeira fase (1924) - foram escolhidos dois grupos de trabalho, um sujeito à intensidade de luz variável e o outro com intensidade de luz constante. Não foi encontrada correlação entre as variáveis. Resultado: desapontamentos, fatos psicológicos, reação dos operários de acordo com suas suposições pessoais. Predominância do fator psicológico sobre o fisiológico. Fases do experimento: Segunda fase (1927) – criação de um grupo de observação separado do departamento onde era realizada a produção dos equipamentos. Neste grupo foi incluído um contador de peças produzidas (fitas perfuradas). O grupo experimental estava sujeito a mudanças nas condições de trabalho, tinha um supervisor e um observador diretos. Os operários eram formados em sua maioria por mulheres, convidadas a participar da pesquisa e foram esclarecidos os objetivos. Eram informadas das mudanças que iriam ocorrer, como: período de descanso, lanches, redução no horário de trabalho; dos resultados; e pedia-se que trabalhassem normalmente. Resultado: havia um fator psicológico que levou ao aumento de produção, por meio de ambiente de trabalho divertido, supervisão branda (funcionava como orientador), trabalho em equipe e objetivos comuns. Fases do experimento: Terceira fase (1928) – análise da segunda fase (diferenças entre o grupo experimental e o de controle de produção) abandono do estudo das condições físicas estudo das relações humanas. Resultado: Iniciou-se o programa de entrevistas com os funcionários, para conhecer suas atitudes e seus sentimentos, ouvir suas opiniões quanto ao trabalho e o tratamento que recebiam, além de sugestões quanto ao treinamento dos supervisores. O programa passou a ser nacional e anual. Verificou-se a existência de uma organização informal por parte dos operários, como: existência de padrão de produção dos operários e que não eram ultrapassados por nenhum deles; o operário que sabotasse o trabalho, excedesse o padrão, era punido pelo grupo; existia uma liderança informal do grupo; ocorrência de contentamentos e descontentamentos com relação aos superiores. Fases do experimento: Quarta fase - verificou-se que os operários queriam agradar tanto aos colegas como à empresa. Isto gerava conflitos e descontentamentos. Realizou-se o estudo das relações informais dos operários com a relação formal da fábrica, onde os operários puniam quem ultrapassasse padrão definido por eles, utilizando um entrevistador do lado de fora da sala que continha o grupo experimental. Em 1932, a experiência foi suspensa por motivos financeiros. Apesar do curto espaço de tempo, os estudos abalaram a teoria da administração vigente. Fases do experimento: Como conclusões da experiência verificou-se que: O nível de produção é resultante da integração social. Comportamento social dos empregados (apoio do grupo). Recompensas e sanções sociais (normas e padrões sociais) - Cada grupo social define crenças e expectativas com relação à administração. Para serem motivadas, as pessoas necessitam de reconhecimento, aprovação social, e participação nas atividades do grupo. Grupos informais - ênfase nas crenças, atitudes e expectativas, além da motivação. Relações humanas - trata do contato entre pessoas e grupos. Importância do conteúdo e a natureza do cargo - influência sobre o moral do trabalhador. Ênfase nos aspectos emocionais. Segundo Mayo, os métodos de trabalho visam a eficiência e não a cooperação entre as pessoas. Ele defende que: O trabalho é uma atividade tipicamente grupal (vai além dos incentivos salariais). O operário não reage como individuo isolado, mas como membro de um grupo social. A tarefa básica da administração é formar uma elite capaz de compreender e de comunicar, onde os chefes deveriam entender as limitações de sua lógica e a lógica dos trabalhadores. O ser humano é motivado pela necessidade de estar junto, de ser reconhecido, em contraponto à motivação salarial. A civilização industrializada traz como consequência a desintegração dos grupos primários da sociedade (família, grupos informais e religiosos). 2 Decorrência da Teoria das Relações Humanas Teoria da Administração Científica Teoria das Relações Humanas Engenheiro e técnico Psicólogo e sociólogo Método e máquina Dinâmica de grupo Homo economicus Homem social Segunda Guerra Mundial Ênfase na estrutura e na tarefa Ênfase na pessoa 2 Decorrência da Teoria das Relações Humanas As características do homem social são: Criaturas sociais complexas com sentimentos, desejos e temores. Satisfação das necessidades humanas por meio dos grupos sociais. O comportamento dos grupos sociais é influenciado pelo estilo de supervisão e liderança. As normas do grupo regulam o comportamento de seus membros. 2.1 Influência da motivação humana Diz-se que o homem não é influenciado por estímulos econômicos e salariais, mas por recompensas sociais, simbólicas e não materiais. 2.1 Influência da motivação humana Teoriade Campo e Lewin (Kurt Lewin) – comportamento social Nesta teoria o comportamento do homem é baseado em fatos coexistentes e que são de caráter dinâmico (espaço de vida, a pessoa e seu ambiente psicológico, necessidades dos indivíduos). Necessidades humanas básicas As causas do comportamento humano são chamadas de motivos ou necessidades. O homem passa em sua vida por três estágios de evolução, cada um a sua maneira: necessidades fisiológicas, psicológicas e de autorealização. Necessidades humanas básicas Hierarquia das Necessidades segundo Maslow Necessidades Secundárias Necessidades Primárias Necessidades de Auto-realização Estima Sociais Segurança Fisiológicas • Trabalho criativo e desafiante • Diversidade e autonomia • Participação nas decisões • Responsabilidade por resultados • Orgulho e reconhecimento • Promoções • Amizade dos colegas • Interação com clientes • Chefe amigável • Condições seguras de trabalho • Remuneração e benefícios • Estabilidade no emprego • Intervalos de descanso • Conforto físico • Horário de trabalho razoável Fisiológicas Psicológicas Autorealização Etapas do ciclo motivacional Satisfação Necessidade Equilíbrio Estímulo ou incentivo Comportamento ou ação Tensão Frustração e compensação Satisfação Necessidade Equilíbrio Estímulo ou incentivo Comportamento ou ação Tensão Necessidades humanas e suas relações com a satisfação A frustração leva à: Desorganização do comportamento, alienação e apatia (mecanismo inconsciente de defesa do ego). Agressividade (física, verbal), reações emocionais (ansiedade, aflição, nervosismo, insônia, etc.). Satisfação Frustração Compensação Necessidades fisiológicas X X Necessidades psicológicas X X X Necessidades de auto-realização X X X Moral e Clima Organizacional: Os níveis do moral e atitudes resultantes • Fanatismo • Euforia • Atitudes positivas • Satisfação • Otimismo • Cooperação • Coesão • Colaboração • Aceitação dos objetivos organizacionais • Boa vontade • Identificação • Atitudes negativas • Insatisfação • Pessimismo • Oposição • Negação • Rejeição dos objetivos organizacionais • Má vontade • Resistência • Dispersão • Disforia • Agressão Moral Elevado Moral Baixo 2.2 Liderança Ela pode ser visualizada como: 1. Um fenômeno de influência interpessoal (fenômeno social) – através da comunicação para o atendimento de um ou mais objetivos específicos. Envolve conceitos de poder e autoridade. 2. Um processo de redução da incerteza de um grupo - é um processo contínuo de escolha, para atender a meta. Ao tomar decisão, o líder reduz a incerteza do grupo. 3. Uma relação entre líder e subordinado - a maior parte das necessidades individuais é satisfeita por meio de relações com outras pessoas e grupos sociais. 2.2 Liderança 4. Um processo em função do líder, dos seguidores e de variáveis da situação Depende das características pessoais e da abordagem situacional. As teorias sobre liderança são: Teoria de traços de personalidade - um líder deve inspirar confiança, ser inteligente, perceptivo e decisivo para ter condições de liderar com o sucesso. Esta teoria, ignora a influência e a reação dos subordinados. A pessoa pode ser líder no trabalho, mas não em casa. 2.2 Liderança 4. Um processo em função do líder, dos seguidores e de variáveis da situação Teoria sobre estilos de liderança - são os estilos de se comportar adotados pelo líder: Autocrático: busca a quantidade do trabalho, centraliza as decisões e impõe ordem ao grupo. Existe trabalho só com a presença do líder. Liberal: preocupa-se tanto com a quantidade como com a qualidade do trabalho, realiza as decisões do grupo, libera o trabalho sem controle, as tarefas são desenvolvidas ao acaso e pode ocorrer o desrespeito ao líder. Democrático: preocupa-se mais com a produção, conduz e orienta o grupo, incentiva a participação democrática das pessoas. 2.2 Liderança 4. Um processo em função do líder, dos seguidores e de variáveis da situação Teorias situacionais de liderança. É adequada ao comportamento do líder às circunstâncias da situação. 2.3 Comunicação É a troca de informação entre as pessoas. Ela pode ser: sonora - reforçada por gestos sinais e símbolos, comunicação presencial, por telefone ou internet (vídeo conferência). impressa - escrita em documentos ou em textos na internet. na forma de símbolos. As falhas de comunicação nas organizações devem ser evitadas com: Participação das pessoas na solução de problemas. Franqueza e confiança entre pessoas e grupos nas empresas. 2.3 Comunicação Ela busca: Proporcionar informação e compreensão, para que as pessoas possam conduzir suas tarefas. Proporcionar atitudes que promovam motivação, cooperação e satisfação nos cargos. 2.4 Organização informal Necessidade de a pessoa conviver em grupo, como consequência das interações e dos relacionamentos espontâneos entre as pessoas (usos, costumes, tradições ideais e normas sociais). 2.4 Organização informal As características da organização informal são: Relação de coesão ou de antagonismo (simpatia ou antipatia). Status (independente de sua posição na organização formal). Colaboração espontânea. Possibilidade de oposição à organização formal. Padrões de relações e alterações dos grupos informais. A organização informal transcende a organização formal, ou seja, o local físico e o horário de trabalho. Padrões de desempenho nos grupos informais. Ele pode não corresponder aos padrões formais. As pessoas se preocupam com o reconhecimento e a aprovação social do grupo. 2.4 Organização informal As origens da organização informal podem ser: Os “interesses comuns” (política, esportes, atividades). A interação provocada pela própria organização formal. A flutuação do pessoal na empresa, o que altera os grupos sociais informais. Os períodos de lazer. 2.5 Dinâmica de grupo Fundador: Kurt Lewin. Os processos grupais não são estáticos e sim vivos e dinâmicos. Cada membro influencia e é influenciado pelos outros membros do grupo. As características dos grupos são: finalidade, estrutura dinâmica de comunicação, e coesão interna. A escola afirma que comportamento, atitude, crenças e valores do indivíduo baseiam-se nos grupos a que pertencem. Praticar as relações humanas permite compreender as pessoas, respeitando sua personalidade. Abordagem Humanística da Administração: abordagem crítica 1. Oposição cerrada à Administração Científica. 2. Inadequada visualização dos problemas de relações industriais, do conflito e dos interesses conflitantes dos empregados e da organização É um produto da ética e do espírito democrático americano, sendo um instrumento clínicopara o administrador solucionar problemas de conflito e de insatisfação humana no trabalho. 3. Concepção ingênua e romântica do operário Os humanistas imaginavam um operário feliz, produtivo e integrado no ambiente de trabalho. Esta visão, porém, não foi confirmada pelos pesquisadores, tinha-se uma mescla entre sentimentos e estados de participação. final da década de 1950 4. Limitação do campo experimental Os pesquisadores limitaram-se também à fábrica, deixando de lado outros tipos de organizações, como bancos, hospitais, universidades, etc., o que reduz a aplicação da teoria e suas conclusões. 5. Parcialidade das conclusões Os estudos limitaram-se à organização informal. 6. Ênfase nos grupos informais Mayo queria mostrar que absenteísmo, rotatividade, baixo moral e baixa eficiência, são reduzidos pela colaboração social. “Participação dos escalões informais nas decisões da organização; busca de relacionamento entre indivíduos e grupos nas organizações; melhoria da competência dos administrados no relacionamento interpessoal; introdução das ciências do comportamento nas práticas administrativas; definição de uma filosofia humanística e democrática na organização; importância da natureza humana” (CHIAVENATO, 2000). 7. Enfoque manipulativo das relações humanas Experiência de Hawthorne - os pesquisadores desenvolvem uma sutil estratégia manipulativa para enganar os operários e fazê-los trabalhar mais e exigir menos. As organizações continuam a serem percebidas como um sistema fechado, imune às influências externas. Acreditava-se que poderia generalizar as conclusões para outras empresas. 8. Outras críticas A escola possui idéias úteis, assim como a Administração Científica, mas se aplicam a situações totalmente diferentes. As competências do administrador seriam: relacionamento interpessoal, comunicação, liderança, motivação, solução de conflitos, construção e dinamização de equipes. Abordagem Humanística da Administração Profª. Débora de Gois Santos São Cristóvão, 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE OBRAS
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