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REMUNERAÇÃO E SALÁRIO REGRAS DE PROTEÇÃO AO SALÁRIO. PROTEÇÃO CONTRA OS ABUSOS DO EMPREGADOR A) MOMENTO DO PAGAMENTO (dia, horário e local) Art. 459 - O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações. § 1º Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido. Art. 465. O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste, salvo quando efetuado por depósito em conta bancária, observado o disposto no artigo anterior. MORA SALARIAL. Se o empregador der causa ao atraso salarial, o empregado poderá rescindir o seu contrato de trabalho de forma indireta. Além disso, o empregador é passível de sanções fiscais (Dec. Lei 368/68). Art. 2º § 1º - Considera-se mora contumaz o atraso ou sonegação de salários devidos aos empregados, por período igual ou superior a 3 (três) meses, sem motivo grave e relevante, excluídas as causas pertinentes ao risco do empreendimento. PAGAMENTO EM AUDIÊNCIA. Se o empregador não pagar o salário do empregado quando o contrato for rescindido, ele deverá pagar em audiência, precisamente na primeira audiência designada pela Justiça do Trabalho. (Art. 467/CLT) Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento". B) MEIOS DE PAGAMENTO Art. 463 - A prestação, em espécie, do salário será paga em moeda corrente do País. Parágrafo único - O pagamento do salário realizado com inobservância deste artigo considera-se como não feito. Art. 82 - Quando o empregador fornecer, in natura, uma ou mais das parcelas do salário mínimo, o salário em dinheiro será determinado pela fórmula Sd = Sm - P, em que Sd representa o salário em dinheiro, Sm o salário mínimo e P a soma dos valores daquelas parcelas na região, zona ou subzona. Parágrafo único - O salário mínimo pago em dinheiro não será inferior a 30% (trinta por cento) do salário mínimo fixado para a região, zona ou subzona. Exceções: Decreto lei 691/69 (aplicável aos técnicos domiciliados no estrangeiro que são contratados para executarem serviços provisórios e específicos aqui no Brasil com estipulação salarial em moeda estrangeira.) e a Lei 7.064/82 (Art. 5º, o salário-base do contrato será obrigatoriamente estipulado em moeda nacional, mas a remuneração devida durante a transferência do empregado poderá, no todo ou em parte, ser paga no exterior, em moeda estrangeira. Art. 462 – § 2º - É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações " in natura " exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos serviços. “Na nossa realidade urbana atual, recheada de virtualidade, bitcoins e outras criptomoedas, o velho armazém toma outras roupagens. Por exemplo: O vendedor de uma empresa de computadores recebe parte do seu salário mediante um valor fixo e outra parte mediante comissões, sendo estas variáveis de acordo com sua produção. Até aí ok; no entanto, estas comissões são pagas com vales e bônus que contém uma pontuação: cada ponto vale um real (R$ 1,00), permitindo que o empregado, em posse desses bônus, adquira produtos dos mais variados (livros, eletrodomésticos, viagens, etc.) numa megaloja virtual pela internet, que obviamente mantém uma relação negocial como o empregador que concede os bônus. Ou seja, é o velho e combatido truck system sob uma roupagem nova, travestido de megaloja virtual.” IRREDUTIBILIDADE DO SALÁRIO Como princípio geral, temos a proibição da redução salarial. Existem diversas forma de se operar a redução salarial, podendo ela se dar de forma direta, quando atinge os salários base, e indireta, quando são retiradas benefícios. É importante estabelecer que a extinção dos chamados “salários condição”, quando cessado o fato gerador, é lícito não implicando em redução salarial. CF/88, art. 7º, VI; Art. 503 da CLT; Lei 4.923 de 28/12/65; Art. 611-A, § 3º. MP 936/2020 e LEI Nº 14.020, DE 6 DE JULHO DE 2020 CF88, art. 7º, VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; Art. 503 (CLT) - É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados, a redução geral dos salários dos empregados da empresa, proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entretanto, ser superior a 25% (vinte e cinco por cento), respeitado, em qualquer caso, o salário mínimo da região. Parágrafo único - Cessados os efeitos decorrentes do motivo de força maior, é garantido o restabelecimento dos salários reduzidos. Art. 2º (lei 4923/65) - A empresa que, em face de conjuntura econômica, devidamente comprovada, se encontrar em condições que recomendem, transitoriamente, a redução da jornada normal ou do número de dias do trabalho, poderá fazê-lo, mediante prévio acordo com a entidade sindical representativa dos seus empregados, homologado pela Delegacia Regional do Trabalho, por prazo certo, não excedente de 3 (três) meses, prorrogável, nas mesmas condições, se ainda indispensável, e sempre de modo que a redução do salário mensal resultante não seja superior a 25% (vinte e cinco por cento) do salário contratual, respeitado o salário-mínimo regional e reduzidas proporcionalmente a remuneração e as gratificações de gerentes e diretores. Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: § 3º. Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo. Análise histórica: 1º - Art. 503 da CLT (1943); 2º - Lei 4.923 de 28/12/65; 3º - CF/88, art. 7º, VI; 4º - Art. 611-A, § 3º (2017); Detalhes: 1º - Art. 503 da CLT (1943); - empregador faz diretamente; não fala nada de redução de jornada; percentual de até 25%; caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados 2º - Lei 4.923 de 28/12/65; - empregador não faz diretamente, precisa do sindicato AC ou CC; reduz jornada e salário; percentual de até 25%; máximo de 3 meses, podendo ser prorrogado por igual período. 3º - CF/88, art. 7º, VI; - somente por AC ou CC; não menciona limite ou se a jornada também será reduzida. 4º - Art. 611-A, § 3º (2017); - somente AC ou CC; não menciona limite ou duração (mas tem que se limitar no período de duração); pode ser jornada ou salário ou ambos. A jurisprudência majoritária entende que o artigo 503 da CLT foi tacitamente derrogado pela CF/88 Uma linha entende que devem ser conciliados o conteúdo da CF e da Lei 4923/65, ou seja, que a redução deve ser feita por convenção ou acordo coletivo e que se limite em até 25%, e, ainda, desde que contenha alguma garantia ou vantagem ao empregado. Outra linha entende que sendo feito por acordo coletivo ou convenção coletiva, as condições (percentual e duração) serão aquelas definidas nestes instrumentos. Com a redação do artigo 611-A, em razão da reforma trabalhista, temos a conclusão da discussão, tendo ficado mais simples para o empregador, pois o texto de lei já traz uma vantagem para o empregado, que é a impossibilidade de demissão dos empregadosno período abrangidos por ela. Esta é a norma aplicável. ESTIPULAÇÃO DO VALOR SALARIAL BÁSICO O empregador é livre para estipular o valor salarial base dos seus empregados. No entanto, deve observar: - Impossibilidade de discriminação, sob pena de estar sujeito a ações de equiparação salarial; - Disposições sobre o valor mínimo salarial; DESCONTOS SALARIAIS: base legal: art. 462 da CLT. Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. § 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. § 2º - É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações " in natura " exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos serviços. § 3º - Sempre que não for possível o acesso dos empregados a armazéns ou serviços não mantidos pela Empresa, é lícito à autoridade competente determinar a adoção de medidas adequadas, visando a que as mercadorias sejam vendidas e os serviços prestados a preços razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em benefício das empregados. § 4º - Observado o disposto neste Capítulo, é vedado às empresas limitar, por qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispor do seu salário. Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. Regra geral: intangibilidade salarial. Exceções: a) adiantamentos; b) dispositivos de lei: ex. INSS, IRRF, vale transporte, contribuição sindical, empréstimos bancários, etc.. c) contrato coletivo (acordo ou convenção coletiva) •A contribuição sindical não é mais obrigatória e depende, no caso da empresa, da sua exclusiva vontade de contribuir para o seu sindicato (categoria econômica). No caso do empregado, também depende de sua vontade, e, se quiser contribuir, deverá conceder autorização prévia e expressa à empresa para que esta realize o desconto e o repasse do valor ao Sindicato representativo da categoria profissional; • A autorização deve ser individual, e não coletiva (para esta tese, repita-se, a análise se deu em medida liminar, dependendo ainda de confirmação quando do julgamento do mérito pelo STF). d) dano causado pelo empregado, desde que tal fato seja previamente acordado, ou dolo (§ 1º) Obs.: A hipótese de culpa do empregado tem sido atenuada pela jurisprudência, quando o fato gerador tiver relação com o risco da atividade do empregador. No entanto, observar a OJ 251 TST: OJ. 251. DESCONTOS. FRENTISTA. CHEQUES SEM FUNDOS. É lícito o desconto salarial referente à devolução de cheques sem fundos, quando o frentista não observar as recomendações previstas em instrumento coletivo. Limite do desconto: 70% OJ SDC 18. DESCONTOS AUTORIZADOS NO SALÁRIO PELO TRABALHADOR. LIMITAÇÃO MÁXIMA DE 70% DO SALÁRIO BASE. (inserida em 25.05.1998) Os descontos efetuados com base em cláusula de acordo firmado entre as partes não podem ser superiores a 70% do salário base percebido pelo empregado, pois deve-se assegurar um mínimo de salário em espécie ao trabalhador. e) descontos de benefícios colocados à disposição do empregado pelo próprio empregador, como seguros coletivos, previdência privada, saúde pessoal e familiar, clubes recreativos, etc. Súmula nº 342 do TST DESCONTOS SALARIAIS. ART. 462 DA CLT (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico. f) rescisão contratual: um mês de remuneração. Art. 477. §4º O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado: I - em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as partes; ou II - em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for analfabeto. § 5º - Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não poderá exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado. PROVA DO PAGAMENTO DO SALÁRIO Deve ser provado o pagamento mediante a apresentação dos recibos (art. 464 da CLT). FORMA DE ESTIPULAÇÃO DO SALÁRIO Por unidade de tempo: o empregado recebe pelo tempo que fica à disposição do empregador. Pode ser ajustador por hora, por dia, por semana, por quinzena e por mês. Por unidade de produção: o empregador estipula o salário do empregado fixando um valor para uma determinada produção. Por unidade de tarefa: o empregador estipula um determinado valor para quitar um período de tempo em que for efetuado uma produção mínima.