Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PDF CERS 1 SOBRE ESTE CAPÍTULO E ai, OABeiro! Tudo certinho? A apostila de hoje do nosso curso de Direito do Trabalho tratará sobre Remuneração e Salário, matéria que é comumente cobradas no Exame de Ordem ao decorrer desses anos! De acordo com a nossa equipe de inteligência, esses assuntos estiveram presentes 10 VEZES nos últimos 3 anos, sendo considerados assuntos de altíssima recorrência! Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha. Adicionamos também questões de outras carreiras jurídicas para que você possa assimilar ainda mais o conteúdo visto! Lembre-se: A resolução de questões é a chave para a aprovação! Vamos juntos! 2 SUMÁRIO DIREITO DO TRABALHO ......................................................................................................................... 3 Capítulo 8 .................................................................................................................................................. 3 14. Remuneração e Salário. Equiparação salarial ............................................................................. 3 14.1 Introdução .................................................................................................................................................................................. 3 14.2 Salário e remuneração .......................................................................................................................................................... 3 14.2.1 Distinções .................................................................................................................................................................................... 3 14.2.2 Princípios ..................................................................................................................................................................................... 5 14.2.3 Modalidades de salário ........................................................................................................................................................ 7 14.2.4 Características do salário ..................................................................................................................................................... 9 14.2.5 Parcelas salariais ....................................................................................................................................................................10 14.2.6 Parcelas não-salariais ...........................................................................................................................................................13 14.2.7 Salário in natura .....................................................................................................................................................................17 14.2.8 Descontos salariais ...............................................................................................................................................................19 14.2.9 Termo de quitação anual ..................................................................................................................................................20 14.3 Equiparação salarial ..............................................................................................................................................................21 QUADRO SINÓTICO .............................................................................................................................. 23 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 25 GABARITO ............................................................................................................................................... 35 QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 36 GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 37 LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 39 JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................................... 40 MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 43 3 DIREITO DO TRABALHO Capítulo 8 14. Remuneração e Salário. Equiparação salarial 14.1 Introdução Estudamos no capítulo 2 que um dos elementos caracterizadores da relação de emprego é a onerosidade, a qual é verificada quando o trabalhador, ao prestar um serviço ao seu tomador, possui o intuito (animus contrahendi) de receber uma contraprestação pecuniária. Tendo isso em vista, passaremos agora a analisar de forma mais detalhada essa retribuição econômica percebida pelo empregado, conhecidas pelo epítetos remuneração ou salário. 14.2 Salário e remuneração 14.2.1 Distinções De acordo com a doutrina, apesar de a CLT utilizar as expressões “salário” e “remuneração”, ora como sinônimos, ora com significados diferentes, tratam-se de coisas distintas. Observe o ensinamento do autor Amauri Mascaro Nascimento: 1 1 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2012. p. 341. 4 “A CLT usa as expressões “salário” (art. 457, §1º)2 e “remuneração” (art. 457, caput) sem precisar se o faz com o mesmo ou com sentidos diferentes. No entanto, as razões que a levaram a essa dupla denominação referem-se ao propósito de não usar a palavra “salário” para designar também as gorjetas. O legislador quis que as gorjetas compusessem o âmbito salarial. Como as gorjetas não são pagamento direto feito pelo empregador ao empregado, a solução encontrada foi introduzir na lei a palavra “remuneração”. A teoria do direito do trabalho, no entanto, emprega a palavra “remuneração” ora como gênero compreendendo o salário (pagamento fixo) e outras figuras de natureza salarial (gratificações, adicionais, etc), ora como sinônimo de salário ”. Nesse sentido, vejamos os distintos conceitos de salário e remuneração. Entende-se como salário a contraprestação paga diretamente pelo empregador. Nos termos do §1º do art. 457 da CLT integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. Ademais, pela leitura do art. 458 consolidado, compreende-se que as parcelas in natura também estão inclusas no conceito de salário: CLT, Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a habitação, o vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado, e, em nenhuma hipótese, será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 905, de 2019) Já a remuneração é definida como a contraprestação paga diretamente pelo empregador (salário) e, ainda, por terceiros, por meio das chamadas gorjetas. Nessa linha é a redação do art. 457 da CLT: 2 Vide questão 03 desse material http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv905.htm#art28 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv905.htm#art285 CLT, Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. Em suma, temos o seguinte: REMUNERAÇÃO = SALÁRIO + GORJETAS Mais à frente veremos o que são as gorjetas quais as suas implicações no contrato de trabalho. Por ora, guarde os distintos conceitos que tratamos acima. 14.2.2 Princípios São princípios que envolvem a proteção do salário: Intangibilidade salarial: esse princípio destaca a necessidade de assegurar diversas garantias e proteções jurídicas ao salário, tendo em vista a sua natureza alimentar. Desse modo, a intangibilidade salarial abrange não apenas a irredutibilidade de valor, mas também proíbe descontos indevidos. Nessa esteira, analise os seguintes dispositivos constitucionais que visam preservar tal princípio: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 6 VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; (...) X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; A CLT também traz normas sobre a intangibilidade salarial: Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. 7 Impenhorabilidade salarial: previsto no art. 833, inciso IV do CPC, visa à proteção do salário do empregado em face dos seus credores. No entanto, há algumas exceções: Devedor de prestação alimentícia; Empregado condenado ao pagamento de multa por prática de ilícito penal, nos termos do art. 50 e §§ do CP. 14.2.3 Modalidades de salário Salário mínimo: consiste no menor valor que se pode pagar ao empregado no País. Conforme visto acima, o salário mínimo possui proteção constitucional (art. 7º, inciso IV), sendo nacionalmente unificado e fixado em lei. O valor do salário mínimo pode ser fixado via decreto? Sim, desde que apenas sejam aplicados índices de correção monetária já previstos em lei. Atenção para os seguintes entendimentos do STF: Súmula Vinculante nº 4 - Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. No que pese a jurisprudência vinculante do Supremo, entende-se que a base de cálculo do adicional de insalubridade continuará sendo o salário mínimo até que a lei fixe novo parâmetro. 8 Súmula Vinculante nº 6 - Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial. Ainda sobre o salário-mínimo, admite-se a sua percepção de forma proporcional quando o empregado é contratado para jornada inferior ao estabelecido pela CFRB/88. Acerca do assunto, veja o seguinte entendimento do TST: OJ 358, SDI-I - SALÁRIO MÍNIMO E PISO SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. EMPREGADO. SERVIDOR PÚBLICO.3 I - Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado. II – Na Administração Pública direta, autárquica e fundacional não é válida remuneração de empregado público inferior ao salário mínimo, ainda que cumpra jornada de trabalho reduzida. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. Salário profissional: é o menor valor que pode ser pago a um empregado que esteja enquadrado em uma profissão regulamentada (Ex.: engenheiro, médico, etc). É fixado pela lei. Salário normativo ou piso salarial: é o mínimo a ser pago para determinada categoria profissional. Será fixado por sentença normativa ou ACT/CCT. Piso salarial regional: é o valor mínimo a ser pago a determinada categoria profissional no âmbito do estado da federação que o tenha definido em lei. 3 Vide questão 02 desse material. 9 Ressalta-se que o piso salarial regional deve observar o salário mínimo nacional. Ademais, os Estados podem fixar desde que haja lei complementar autorizando a delegação de competência privativa da União4 para legislar sobre Direito do Trabalho. Salário base/salário básico: é o valor fixo pago ao empregado e que não inclui outras rubricas porventura existentes (ex.: adicionais, gratificações, etc). Salário-condição: representa as parcelas que dependem de condições específicas para serem pagas e, cessadas essas condições, deixa de ser devido ao empregado. Ex.: adicional noturno, horas extras, adicionais de insalubridade e de periculosidade. Salário complessivo: é a cumulação em um mesmo montante de distintas parcelas salariais. A jurisprudência não admite tal modalidade de salário: Súmula nº 91 do TST - SALÁRIO COMPLESSIVO. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador. 14.2.4 Características do salário São elementos característicos do salário, de acordo com a doutrina: Caráter alimentar: o salário é fonte de subsistência do trabalhador; Caráter forfetário: é definido de forma prévia, não dependendo do resultado da atividade empresarial; Natureza composta: o salário pode ser composto do salário base e outras parcelas; Indisponibilidade: não se admite a renúncia ou a transação de verbas salariais prejudiciais ao obreiro; 4 CFRB/88, Art. 22, inciso I e parágrafo único. 10 Periodicidade: o salário é de trato sucessivo, devendo ser pago na periodicidade acordada (ex.: mensal, quinzenal, etc); Pós-numeração: via de regra, o salário é pago após a prestação de serviços pelo empregado no período correspondente. No entanto, algumas parcelas podem ser pagas antes do final do período correspondente, tais como os abonos (adiantamentos salariais) e as utilidades. Tendência à determinação heterônoma: trata-se de vontade externa (norma jurídica, por exemplo) que intervém no exercício das vontades contratantes para fixar o salário. 14.2.5 Parcelas salariais Para o estudo da remuneração é importante que você saiba a diferença entre as parcelas salariais e as parcelas indenizatórias. As primeiras irão repercutir em outras verbas relacionadas ao contrato de trabalho. Já as segundas não possuem natureza salarial, não repercutindo, assim, nas demais quantias. O efeito de repercutir em outras verbas do pacto laboral é denominado por Maurício Godinho Delgado de efeito expansionista circular, que seria a “aptidão de produzir repercussões sobre outras parcelas de cunho trabalhista e, até mesmo, de outra natureza, como, ilustrativamente, previdenciária”5. Dessa forma, por exemplo, o empregado que recebe horas extras (verba de natureza salarial), ocorrerá o reflexo destas no valor das férias, do 13º salário e nos depósitos do FGTS. Estudaremos neste tópico as parcelas de natureza salarial. Salário básico/base: é o valor fixo, pago, geralmente, no período de no máximo um mês.5 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do trabalho/ Maurício Godinho Delgado. – 17 ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Ltr, 2018. p. 853. 11 A lei exige que haja salário base para todos os empregados? Não. Isso porque se admite que o obreiro seja remunerado somente por meio de comissões. Contudo, a CF/88 assegura que, mesmo não havendo valor fixo, o empregado comissionista receba, pelo menos, o salário mínimo. Observe: CFRB/88, Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; Adicionais: representam o salário-condição. Atente que, para integrar o salário, deve ser pago com habitualidade. Atenção, OABeiro! Importante jurisprudência acerca da incidência de adicional de periculosidade sobre os salários dos eletricitários é a Súmula 191 do TST. Segundo esta, nos contratos de trabalho em vigor antes da Lei 12.740/2012 o adicional de periculosidade incide sobre todas as parcelas de natureza salarial (e não apenas sobre o salário-base). Já para os instrumentos contratuais posteriores ao advento da referida lei, o adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário-básico. 12 Muito cuidado com o adicional de transferência previsto no art. 469 da CLT! Ele despenca nas provas! Verifique os requisitos para a concessão do adicional e lembre-se de que são cumulativos: Pago em razão da alteração do domicílio do empregado e da localidade da prestação de serviço; Transferência provisória. Somado a isso, nos termos da OJ 113, SD-1, TST, o fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional. Ressaltamos, no entanto, que a transferência definitiva não gera o direito ao seu recebimento. Além disso, a percepção do adicional não afasta o dever de o empregador arcar com as despesas resultantes da mudança do domicílio do empregado, nos termos do art. 470, CLT. Gratificações: as gratificações podem ser legais ou ajustadas/convencionais. Ocorre que o §1º do art. 457 da CLT apenas menciona a gratificação legal, havendo controvérsia acerca da natureza das gratificações ajustadas. CLT, Art. 457, § 1o - Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. Em razão disso, existem duas correntes doutrinárias: as que entendem pela natureza salarial das gratificações convencionais, apesar do silêncio do legislador e as que defendem a natureza não salarial dessas verbas, justamente pela ausência de previsão expressa na lei. Para a sua prova, o mais importante é que você saiba o que consta na letra da lei. Comissões: é o valor fixo por operação ou percentual sobre o valor das vendas. 13 CLT, Art. 457, § 1o - Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. O empregado pode ser: Comissionista misto: aquele que recebe salário fixo mensal + comissões. Comissionista puro: recebem apenas a parcela variável. De acordo com o art. 466 da CLT, o pagamento de comissões só é exigível depois de finalizada a transação. No caso de transações sucessivas (vendas parceladas), é exigível o pagamento de percentuais e comissões proporcionais à liquidação. A cessação do contrato prejudica a percepção das comissões? Não. Observe, ainda, a Súmula 27 do TST sobre o empregado comissionista: Súmula nº 27 – COMISSIONISTA. É devida a remuneração do repouso semanal e dos dias feriados ao empregado comissionista, ainda que pracista. 14.2.6 Parcelas não-salariais Consideram-se parcelas não salariais (ou indenizatórias) aquelas que não são pagas com habitualidade ou, mesmo sendo pagas com habitualidade, pela sua própria natureza não podem ser classificadas como verbas salariais. Ao contrário das parcelas de natureza salarial, as quais possuem natureza retributiva, as verbas indenizatórias serão, geralmente, ressarcimentos ou reembolsos em virtude de despesas que o empregado porventura tenha realizado para o exercício da sua função. Nos termos do §2º do art. 457 da CLT, são verbas que não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário, ainda que habituais: 14 Ajuda de custo: valor pago ao empregado a título de indenização em que este incorreu para a execução do contrato. Auxílio alimentação: vedado o seu pagamento em dinheiro. Sobre o fornecimento de alimentação, é necessário que você tenha conhecimento do §5º do art. 457 com redação dada pela MP 905/2019: CLT, Art. 457, § 5º - O fornecimento de alimentação, seja in natura ou seja por meio de documentos de legitimação, tais como tíquetes, vales, cupons, cheques, cartões eletrônicos destinados à aquisição de refeições ou de gêneros alimentícios, não possui natureza salarial e nem é tributável para efeito da contribuição previdenciária e dos demais tributos incidentes sobre a folha de salários e tampouco integra a base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa física. (Redação dada pela Medida Provisória nº 905, de 2019) Diárias para viagem: são indenizações pagas ao empregado que incorreu em despesas nas viagens a serviço. Prêmios (bônus): nos termos do §4º do art. 457 da CLT, consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades. Incumbe-nos aqui destacar as seguintes distinções: PRÊMIOS PLR Dá-se pelo cumprimento de uma condição preestabelecida. Sua causa é a percepção de lucros pela empresa. PRÊMIOS GRATIFICAÇÕES Está diretamente ligado ao esforço/rendimento do empregado. Sua causa depende mais de fatos/acontecimentos objetivos, externos à vontade do empregado. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv905.htm#art28 15 Abonos: tratava-se de antecipação salarial concedida ao empregado, que recebe adiantamento de parte do seu salário do empregador. No entanto, como a Reforma Trabalhista retirou a sua natureza salarial, não há hoje um consenso acerca da sua definição. Afora as parcelas não salariais previstas no §2º do art. 457 da CLT, existem outras dispostas na legislação justrabalhista pátria. Vejamos: Participação nos lucros ou resultados (PLR): possui previsão constitucional e infraconstitucional. 6 CFRB/88, Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Lei 10.101/00, Art. 3º - A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. O empregado que teve o seu contrato de trabalho extinto antes da data de distribuição dos lucros possui direito à verba referente à PLR? Positivo. Veja o que determina a Súmula 451 do TST: Súmula nº 451 - PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO CONTRATUAL ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS MESES TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista para a6 Vide questão 9 desse material 16 distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex- empregado concorreu para os resultados positivos da empresa. Stock options: consiste na opção de compra, pelo empregado, das ações da empresa em condições mais vantajosas que as oferecidas no mercado de ações. Por serem opções de compra ocasionais, sem habitualidade, são consideradas parcelas não salariais. Gueltas: são parcelas pagas por terceiros, oferecidas aos empregados para que estes vendam produtos de determinado fornecedor. Não se enquadram como salário, mas integram a remuneração, isto é, possuem natureza remuneratória. Vale-cultura: instituído pela Lei 12.761/2012, o vale-transporte consiste em um valor pago ao trabalhador (por meio magnético ou impresso) para fruição de produtos ou serviços culturais no âmbito do “Programa de cultura do trabalhador”. Tal verba, nos termos do art. 11 da mencionada lei, não tem natureza salarial; não se incorpora à remuneração para qualquer efeito, nem constitui base de cálculo para incidência de contribuição previdenciária ou do FGST. Verba de representação: são os valores pagos aos empregados para custear roupas, veículos, jantares, etc., utilizados em eventos onde esteja representando a empresa. Intervalos não concedidos: possuem natureza indenizatória, não repercutindo em outras verbas. Gorjetas: parcelas pagas por terceiros, as quais não são consideradas salários, mas sim remuneração. Vejamos a definição contida na CLT: CLT, Art. 457, §3º - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, 17 como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados. Entende-se, portanto, que as gorjetas podem ser voluntárias (importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado) ou compulsórias (o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados). Sobre as gorjetas, destacamos a seguinte jurisprudência do TST muito recorrente em provas: Súmula nº 354 - GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES. As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. As gorjetas não servem como base de cálculo para aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. Recomendamos a leitura do art. 457-A da CLT acerca das regras da gorjeta. 14.2.7 Salário in natura O salário in natura ou salário utilidade é uma espécie de remuneração em bens ou serviços, pagos diretamente ao empregado em decorrência do contrato de trabalho, conforme preleciona o art. 458, CLT. 18 A doutrina aponta dois requisitos essenciais para a caracterização da utilidade como salário in natura: Habitualidade; Gratuidade. Portanto, se a utilidade for concedida de forma eventual e onerosa, não há que se falar em salário in natura, de modo que não haverá incorporação dessas vantagens na remuneração do empregado. Ademais, em nenhuma hipótese, o fornecimento pelo empregador ao empregado de bebidas alcoólicas ou drogas nocivas será considerado salário in natura. Somado a isso, a CLT aponta algumas utilidades que não serão consideradas salário in natura, quais sejam: Vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; Educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; Transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; Assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; Seguros de vida e de acidentes pessoais; Previdência privada; Vale-cultura. A Reforma Trabalhista inseriu o §5º ao art. 458, CLT, segundo o qual, o valor relativo aos serviços médicos ou odontológicos também não integram o salário do empregado. 19 Lembre-se, ainda, de que a habitação fornecida como salário utilidade não pode exceder a 25% do salário contratual e a alimentação não pode exceder a 20%, nos termos do art. 458, §3º, CLT. É preciso que você conheça um importante entendimento do TST: Súmula nº 367 - UTILIDADES "IN NATURA". HABITAÇÃO. ENERGIA ELÉTRICA. VEÍCULO. CIGARRO. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO.7 I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde. 14.2.8 Descontos salariais Em regra, a legislação trabalhista veda quaisquer descontos no salário do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. Além disso, a CLT também traz a seguinte vedação, conhecida por “sistema de barração”: CLT, Art. 462, § 2º - É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações "in natura" exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos serviços. Por outro lado, o § 3º determina que sempre que não for possível o acesso dos empregados a armazéns ou serviços não mantidos pela empresa, é lícito à autoridade competente determinar a adoção de medidas adequadas, visando a que as mercadorias sejam vendidas e os serviços prestados a preços razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em benefício dos empregados. 7 Vide questão 04 desse material 20 Ressaltamos que na hipótese de dano causado pelo empregado, será lícito o desconto salarial, desde que a possibilidade haja sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. Nesse sentido, observe, ainda, a jurisprudência do TST: Súmula nº 342 - DESCONTOS SALARIAIS. ART. 462 DA CLT. Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico. Observe, por fim, outros entendimentos do TST acerca dos descontos salariais: OJ 160, SDI-I - DESCONTOS SALARIAIS. AUTORIZAÇÃO NO ATO DA ADMISSÃO. VALIDADE. É inválida a presunção de vício de consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com descontos salariais na oportunidade da admissão. É de se exigir demonstração concreta do vício de vontade. OJ 251, SDI-I. DESCONTOS. FRENTISTA. CHEQUES SEM FUNDOS. É lícito o desconto salarial referente à devolução de cheques sem fundos, quando o frentista não observar as recomendações previstas em instrumento coletivo. 14.2.9 Termo de quitação anual A Reforma Trabalhista incluiu o art. 507-B na CLT8, o qual faculta a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria:8 Vide questão 01 desse material 21 CLT, Art. 507-B - É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria. Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer cumpridas mensalmente e dele constará a quitação anual dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas nele especificadas. O legislador objetivou estimular as partes a instituírem uma nova espécie de quitação ampla, geral e irrestrita das obrigações trabalhistas. 14.3 Equiparação salarial De início, esteja ciente das seguintes denominações: Paradigma: nome dado ao empregado que serve de base para a equiparação salarial; Paragonado: empregado que pleiteia a equiparação salarial. A equiparação salarial encontra fundamento no art. 7º, XXX e XXXI, da CF e no art. 5º, da CLT e foi substancialmente alterada pela Reforma Trabalhista. Nos termos do art. 461, CLT, admite-se a equiparação salarial quando estivermos diante de empregados que exerçam idêntica função e trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial.9 Para aferir se o trabalho é de igual valor, deve-se atentar para os seguintes requisitos: Igual produtividade e perfeição técnica; Pessoas que não possuam de diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador superior a 04 anos; 9 Vide questão 8 desse material. 22 Diferença de tempo na função não seja superior a 02 anos. Somado a isso, não haverá equiparação salarial se o empregador possuir quadro organizado de carreira ou norma interna da empresa ou de negociação coletiva, independentemente de homologação ou registro em órgão público. Ademais, tenha em mente que o empregado readaptado não pode servir de paradigma. Admite-se a equiparação apenas entre os empregados contemporâneos no cargo ou na função, veda-se a indicação de paradigmas remotos. 10 Atente ainda para o disposto no art. 461, §3º, CLT. Por fim, outra inovação bastante importante a ser considerada está no art. 461, §6º, CLT. De acordo com esse dispositivo legal, em caso de diferença salarial entre paradigma e paragonado por motivo de discriminação de sexo ou etnia, além do pagamento das diferenças salariais, deve-se condenar a empresa a pagar multa em favor do empregado no importe de 50% do limite máximo dos benefícios do RGPS. Ocorre o desvio de função quando resta demonstrada a situação em que o trabalhador exerce função distinta daquela para o qual foi contratado, afeta a outro cargo. Exemplo: recebendo como auxiliar administrativo quando, na verdade, exerce a função de gerente. Nesse caso, ele deve ser devidamente enquadrado dentro da empresa e, como consequência, deve receber o ajuste salarial em razão do desvio de função. Por outro lado, tem-se o acúmulo de função, na qual o empregado exerce além da sua função, atividades de um cargo distinto. 10 Vide questão 10 desse material. 23 QUADRO SINÓTICO TIPO DE PARCELA SALARIAL NÃO SALARIAL Salário-base Adicionais Gratificações (legais e convencionais) Comissões Ajuda de custo Auxílio alimentação Diárias para viagem Prêmios Abonos PLR Stock options Gueltas Vale-cultura Verba de representação Intervalos não concedidos Gorjetas 24 Equiparação salarial (requisitos) Idêntica função Trabalho de igual valor Mesmo empregador Mesmo estabelecimento empresarial Diferença de tempo no emprego não superior a 4 anos Diferença de tempo na função não superior a 2 anos Contemporaneidade no cargo ou função Inexistência de quadro de carreira 25 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (XXVIII EOU FGV 2019) Uma sociedade empresária consultou você, como advogado(a), para encontrar uma maneira de, periodicamente, firmar com seus empregados uma quitação de direitos, de modo a prevenir conflitos trabalhistas. Diante disso, na qualidade de advogado(a) da empresa, assinale a opção que indica a solução proposta. A) Poderá ser firmado termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato da categoria dos empregados. B) Os termos de quitação firmados entre empregados e empregadores nada valem, apenas sendo válidos os acordos judiciais; logo, a empresa nada pode fazer. C) Poderá ser firmado termo anual de quitação de obrigações trabalhistas no sindicato profissional ou no sindicato patronal. D) Basta firmar termo de quitação anual das obrigações trabalhistas por mútuo consentimento. Comentário: De acordo com o art. 507-B da CLT: "É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria. 26 Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer cumpridas mensalmente e dele constará a quitação anual dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas nele especificadas." Questão 2 (XX EOU – FGV - 2016) Leônidas trabalha 44 horas semanais como churrasqueiro em um restaurante e recebe salário de R$ 1.400,00 mensais. Considerando o aumento da clientela, o restaurante contratou Vinícius, também como churrasqueiro, a tempo parcial, para que ele cumpra jornada de 22 horas semanais e receba R$ 700,00 por mês. Diante da hipótese retratada e de acordo com a CLT e o entendimento do TST, assinale a afirmativa correta. A) O salário pago a Vinicius é ilegal porque inferior ao salário mínimo nacional, cabendo então reivindicar a diferença correspondente. B) O salário é de livre estipulação em cada contrato, daí porque não cabe ao Judiciário interferir nos valores fixados livremente pelas partes. C) A situação retrata discriminação salarial, pois não pode haver divergência salarial entre empregados que exercem a mesma função. D) É possível a estipulação do salário de Vinicius nessa base, pois ele guarda relação com o de Leônidas, que cumpre a jornada constitucional. Comentário: Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a vinte e cinco horas semanais. 27 § 1o O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. OJ 358. SALÁRIO MÍNIMO E PISO SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. EMPREGADO. SERVIDOR PÚBLICO (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.02.2016) - Res. 202/2016, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.02.2016 I - Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado. II – Na Administração Pública direta, autárquica e fundacional não é válida remuneração de empregado público inferior ao salário mínimo, ainda que cumpra jornada de trabalho reduzida. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. "Os empregados contratados na modalidade de regime de tempo parcial não poderão prestar horas extras (CLT, art. 59, § 4.°), nem poderão converter um terço de férias em abono pecuniário (CLT, art. 143, § 3.°). Questão 3 (XXVI EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Jorge era caixa bancário e trabalhava para o Banco Múltiplo S/A. Recebia salário fixo de R$ 4.000,00 mensais. Além disso, recebia comissão de 3% sobre cada seguro de carro, vida e previdência oferecido e aceito pelos clientes do Banco, o que fazia concomitantemente com suas atividades de caixa, computando-se o desempenho para suas metas e da agência.Os produtos em referência não eram do banco, mas, sim, da Seguradora Múltiplo S/A, empresa do mesmo grupo econômico do empregador de Jorge. Diante disso, observando o entendimento jurisprudencial consolidado do TST, bem como as disposições da CLT, assinale a afirmativa correta. A) Os valores recebidos a título de comissão não devem integrar a remuneração de Jorge, por se tratar de liberalidade. 28 B) Os valores recebidos a título de comissão não devem integrar a remuneração de Jorge, porque relacionados a produtos de terceiros. C) Os valores recebidos a título de comissão devem integrar a remuneração de Jorge. D) Os valores recebidos a título de comissão não devem integrar a remuneração de Jorge, uma vez que ocorreram dentro do horário normal de trabalho, para o qual Jorge já é remunerado pelo banco. Comentário: Art. 457, § 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. Questão 4 (XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Efigênia foi empregada da sociedade empresária Luz Eterna S.A., exercendo, por último, o cargo de chefe do setor de Recursos Humanos. Após décadas de dedicação à empresa, Efigênia se aposentou por tempo de contribuição e saiu do emprego por vontade própria, recebendo a indenização legal Ocorre que, após seis meses da jubilação, Efigênia passou a sentir falta da rotina que o seu trabalho gerava e também do convívio com os colegas de trabalho, daí porque manifestou desejo de retornar ao mercado de trabalho. Ciente disso, a ex-empregadora ofereceu novamente o emprego a Efigênia, nas mesmas condições vigentes antes da aposentadoria, já que ela era excelente empregada e tinha profundo conhecimento das rotinas do setor de RH. Com base na situação retratada e na Lei, assinale a afirmativa correta. 29 A) Uma vez que Efigênia se aposentou, ela não pode assumir emprego na mesma sociedade empresária na qual se jubilou, por vedação legal expressa, sob pena de nulidade do segundo contrato. B) Se Efigênia voltar a trabalhar na sociedade empresária, o seu contracheque terá o desconto do INSS mensal, sendo irrelevante que ela seja aposentada. C) A ex-empregada pode voltar a trabalhar porque sua liberdade é garantida pela Constituição da República, mas deverá optar entre receber o salário do empregador ou a aposentadoria pelo INSS, já que não é possível o acúmulo. D) O tempo trabalhado antes da aposentadoria, caso seja quitado pela sociedade empresária, será considerado para fins de pagamento de adicional por tempo de serviço no segundo contrato. Comentário: Segundo a LEI Nº 8.212, DE 24 DE JULHO DE 1991, o § 4º diz: O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para fins de custeio da Seguridade Social. Questão 5 (XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Lino trabalha como diagramador na sociedade empresária XYZ Ltda., localizada em um grande centro urbano, e recebe do empregador, além do salário, moradia e plano de assistência odontológica, graciosamente. Sobre o caso narrado, de acordo com a CLT, assinale a afirmativa correta. A) Ambos os benefícios serão incorporados ao salário de Lino. B) Somente o benefício da habitação será integrado ao salário de Lino. C) Nenhum dos benefícios será incorporado ao salário de Lino. D) Somente o benefício do plano de assistência odontológica será integrado ao salário de Lino. 30 Comentário: CLT: Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; Súmula nº 367 do TST UTILIDADES "IN NATURA". HABITAÇÃO. ENERGIA ELÉTRICA. VEÍCULO. CIGARRO. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 24, 131 e 246 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 131 - inserida em 20.04.1998 e ratificada pelo Tribunal Pleno em 07.12.2000 - e 246 - inserida em 20.06.2001) Questão 6 (XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) Joana é empregada da sociedade empresária XYZ Ltda., que possui diversas filiais em sua cidade. Como trabalha na filial a 100 m de sua residência, não optou pelo vale-transporte. Dois anos depois, por ato unilateral do empregador, foi transferida 31 para uma filial localizada a 30 km de sua residência. Para chegar ao local de trabalho necessita utilizar duas linhas de ônibus que têm custos distintos. Com base no caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) Como Joana não optou por receber o vale-transporte, deverá custear suas despesas de transporte ou utilizar meio alternativo. B) A empresa deverá custear apenas uma tarifa modal de transporte, de acordo com a lei do vale-transporte. C) Como o local de residência de Joana é o problema, porque não é servido por transporte público regular, a empresa está obrigada a pagar apenas a tarifa modal. D) Se Joana é transferida por determinação do empregador para local mais distante, tem direito de receber o acréscimo que terá na despesa com transporte. Comentário: Súmula nº 29 do TST TRANSFERÊNCIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para local mais distante de sua residência, tem direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo da despesa de transporte. Questão 7 (XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) Reinaldo é empregado da padaria Cruz de Prata Ltda., na qual exerce a função de auxiliar de padeiro, com jornada de segunda a sexta-feira, das 12h às 17h, e pausa alimentar de 15 minutos. Aproxima-se o final do ano, e Reinaldo aguarda ansiosamente pelo pagamento do 13º salário, pois pretende utilizá-lo para comprar uma televisão. A respeito do 13º salário, assinale a afirmativa correta. 32 A) Com a reforma da CLT, a gratificação natalina poderá ser paga em até três vezes, desde que haja concordância do empregado. B) A gratificação natalina deve ser paga em duas parcelas, sendo a primeira entre os meses de fevereiro e novembro e a segunda, até o dia 20 de dezembro de cada ano. C) Atualmente é possível negociar a supressão do 13º salário em convenção coletiva de trabalho. D) O empregado tem direito a receber a primeira parcela do 13º salário juntamente com as férias, desde que a requeira no mês de março. Comentário: Conforme art. 2º da Lei 4749/65: O 13º será pago em duas parcelas: primeira entre os meses de fevereiro e novembro e a segunda até o dia 20 de dezembro. Questão 8 (FEPESE – 2018 – PGE-SC – Procurador do Estado - adaptada) Conforme preconizado pela legislação trabalhista, Com as alterações legais promovidas pela “reforma trabalhista”, consagrou-se que, sendo idêntica a função exercida, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, numa mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. Comentário: Errado. CLT, Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestadoao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. Questão 9 33 (CESP – 2018 – PGM João Pessoa – PB – Procurador do Município) Uma convenção coletiva do trabalho previu que a base de cálculo da participação nos lucros e resultados (PLR) seria o salário-base acrescido de verbas fixas de natureza salarial. Nesse caso, considerando o entendimento do TST, os valores pagos a título de horas extras A) devem ser considerados para efeito de cálculo na PLR, uma vez que têm natureza salarial. B) devem ser considerados para efeito de cálculo na PLR se for comprovado que as horas extras eram prestadas com habitualidade. C) não devem ser computados para efeitos de pagamento de PLR, pois têm natureza indenizatória. D) não devem ser computados para efeitos de pagamento de PLR, mesmo se for comprovado que as horas extras eram prestadas com habitualidade, pois eles têm caráter variável. E) não devem ser computados para efeitos de pagamento de PLR, pois a cláusula é nula por acrescentar indevidamente verbas fixas de natureza salarial. Comentário: Alternativa D. Trata-se de julgado disposto no Informativo 173 do TST: Participação nos Lucros e Resultados. Base de cálculo restrita ao salário base acrescido de verbas fixas de natureza salarial. Integração das horas extras. Impossibilidade. Verba de natureza variável. Na hipótese em que a norma coletiva da categoria prevê como base de cálculo da Participação nos Lucros e Resultados - PLR “o salário base acrescido de verbas fixas de natureza salarial”, não é possível incluir as horas extras, ainda que tenham natureza salarial e sejam prestadas habitualmente, pois possuem caráter variável. Sob esse fundamento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes provimento para restabelecer o acórdão do TRT quanto à exclusão das horas extras da base de cálculo da PLR. (TST-E-RR-1088- 24.2012.5.09.0084, SBDI- I, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 8.3.2018) 34 Questão 10 (COSEAC– 2018 – Prefeitura de Maricá – RJ – Procurador do Município - adaptada) De forma a garantir a isonomia entre os empregados, a Consolidação das Leis do Trabalho estabelece parâmetros para a equiparação salarial. A respeito desses parâmetros, A equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria. Comentário: Correto. A afirmativa encontra-se em conformidade com a CLT: CLT, Art. 461, § 5º - A equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria. 35 GABARITO Questão 1 - A Questão 2 - D Questão 3 - C Questão 4 - B Questão 5 - B Questão 6 - D Questão 7 - B Questão 8 - Errado Questão 9 - D Questão 10 - Certo 36 QUESTÃO DESAFIO Considerando as disposições da CLT, quais as verbas que compõem a remuneração do empregado? Responda em até 5 linhas 37 GABARITO QUESTÃO DESAFIO A remuneração é composta pelo salário pago pelo empregador para o empregado, como contraprestação dos serviços prestados, incluindo também as comissões, gratificações legais e gorjetas. Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta: Salário pago pelo empregador para o empregado O caput do art. 457, da Consolidação das Leis do Trabalho, aduz expressamente que “ compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber”, uma vez que é o contratante quem deve suportar o ônus de pagar a verba devida ao contratado. Assim, explicam os Professores Renato Saraiva e Rafael Tonassi que: “remuneração consiste no somatório da contraprestação paga diretamente pelo empregador, seja em pecúnia, seja em utilidades, com a quantia recebida pelo obreiro de terceiros, a título de gorjeta. (...) Frise-se que o salário é a contraprestação paga diretamente pelo empregador, seja em dinheiro, seja em utilidades. (...) A remuneração é característica da onerosidade contratual, visto que um dos requisitos caracterizadores da relação de emprego é a onerosidade, ou seja, o recebimento de contraprestação salarial pelo obreiro em função do serviço prestado ao empregador” (SARAIVA, SOUTO, 2018, p. 161-162). Inclui comissões, gratificações legais e gorjetas O parágrafo primeiro do art. 457 da CLT detalha que “integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador”, pois o valor do salário deve abranger todas as parcelas contraprestativas que o empregador paga ao empregado. Ainda, nota-se que a parte final do caput do art. 457 da CLT é clara no sentido de que as gorjetas recebidas também integram a remuneração, mesmo sendo uma verba 38 paga não pelo empregador, mas por terceiros, o que se consolidou legalmente após o advento da Lei nº 13.419/2017. Assim, percebe-se que, de acordo com a CLT, integram a remuneração, além do salário, as comissões, gratificações legais e gorjetas. Ainda assim, cabe destacar o apontamento de parcela da doutrina no sentido que de que o rol constante no §1º do art. 457 celetista é meramente exemplificativo, conforme bem explicado pelo Professor Henrique Correia: “A Reforma Trabalhista alterou a redação dos §§1º e 2º do dispositivo legal em apreço e reduziu consideravelmente as parcelas que são consideradas salariais, pois passou a estabelecer que apenas as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador integram o salário juntamente com a importância fixa estipulada (...) De acordo com o Enunciado n° 17 da 2ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho, as parcelas previstas no art. 457, §1°, da CLT, são meramente exemplificativas, pois sempre terão natureza salarial os valores recebidos de forma habitual e decorrente do trabalho prestado. No caso dos prêmios, é necessária a vinculação do valor pago ao desempenho profissional diferenciado do trabalhador. Se houver concessão habitual sem o atendimento desse requisito, a parcela terá natureza salarial” (CORREIA, 2018, p. 842). 39 LEGISLAÇÃO COMPILADA Salário e Remuneração CLT: Arts. 457; 457-A; 458 ao 460; 462 ao 467; 469. 507-B. CF/88: Art. 7º, IV, V, VI, VII, X, XI. CPC/15: Art. 833, IV. Súmulas do TST: 27, 91, 191, 342, 354, 367, 451. OJ’s do TST da SDI-I: 113, 160, 251, 358. Lei 10.101/00 Lei 12. 761/12 Equiparação salarial CLT: Art. 461. Súmula do TST: 6. 40 JURISPRUDÊNCIA Remuneração e salário TST: RO-47-68.2016.5.08.0000, SDC, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 19.2.2018. (Info 172) Ação anulátoria. Substituição não eventual. Salário do substituto. Limitação temporal. Cláusula inválida. Súmula nº 159, I, do TST. A partir da interpretação sistemática dos arts. 450 e 461 da CLT, esta Corte, por meio do item I da Súmula nº 159, consolidou o entendimento de que é garantido ao trabalhador substituto o pagamento do mesmo salário contratual do substituído, enquanto durar a substituição não eventual. Deste modo, é inválida a cláusula de convenção coletiva que estabelece o não recebimento pelo trabalhador substituto do salário equivalente ao do substituído se a substituição for inferior a 30 dias. Sob esse fundamento, a SDC, nos termos do art. 140, § 1º, do RITST, negou provimento ao recurso ordinário para manter a decisão recorrida que declarara a nulidade da “Cláusula sexta – salário do substituto”da convenção coletiva de trabalho firmada entre o Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará – Sinduscon e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Artefato de Cimento Armado, Oficiais Eletricistas e Trabalhadores nas Indústrias de Instalações Elétricas, de Gás, Hidráulicas e Sanitárias, Olarias, Construção Civil Leve e Pesada, Mármores e Granitos, Cimento, Estrada, Barragem, Pavimentação, Terraplanagem, Portos e Aeroportos, Canais, Engenharia Consultiva e Obras em Geral do Município de Ananindeua. Vencidos os Ministros Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Renato de Lacerda Paiva, Dora Maria da Costa e Ives Gandra Martins Filho. Comentário: é inválida a cláusula de convenção coletiva que estabelece o não recebimento pelo trabalhador substituto do salário equivalente ao do substituído se a substituição for inferior a 30 dias. TST-E-RR-1088-24.2012.5.09.0084, SBDI-I, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 8.3.2018 (Info 173) 41 Participação nos Lucros e Resultados. Base de cálculo restrita ao salário base acrescido de verbas fixas de natureza salarial. Integração das horas extras. Impossibilidade. Verba de natureza variável. Na hipótese em que a norma coletiva da categoria prevê como base de cálculo da Participação nos Lucros e Resultados - PLR “o salário base acrescido de verbas fixas de natureza salarial”, não é possível incluir as horas extras, ainda que tenham natureza salarial e sejam prestadas habitualmente, pois possuem caráter variável. Sob esse fundamento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes provimento para restabelecer o acórdão do TRT quanto à exclusão das horas extras da base de cálculo da PLR. Comentário: na base de cálculo de participação nos lucros e resultados, não é possível incluir as horas extras, ainda que tenham natureza salarial e sejam prestadas habitualmente. 42 MAPA MENTAL 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CISNEIROS, Gustavo. Direito do Trabalho Sintetizado. 1ª ed. Método, 2016. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do trabalho/ Maurício Godinho Delgado. – 17 ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Ltr, 2018. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 34ª ed. Saraiva, 2018. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 43ª ed. Saraiva, 2018. RENZETTI, Rogério. Direito do Trabalho para Concursos – Teoria e questões práticas. 5ª ed. Método, 2018. RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho. 8ª ed. Método, 2018. RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. atual. São Paulo: LTr, 2000. ROMAR, Carla Tereza Martins. Direito do Trabalho Esquematizado. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. DIREITO DO TRABALHO Capítulo 8 14. Remuneração e Salário. Equiparação salarial 14.1 Introdução 14.2 Salário e remuneração 14.3 Equiparação salarial QUADRO SINÓTICO QUESTÕES COMENTADAS GABARITO QUESTÃO DESAFIO GABARITO QUESTÃO DESAFIO Assim, percebe-se que, de acordo com a CLT, integram a remuneração, além do salário, as comissões, gratificações legais e gorjetas. Ainda assim, cabe destacar o apontamento de parcela da doutrina no sentido que de que o rol constante no §1º do art. 45... LEGISLAÇÃO COMPILADA JURISPRUDÊNCIA MAPA MENTAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Compartilhar