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AULA - 7 - EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA

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Capítulo IV
DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
Seção I
Disposições gerais
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais.
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Objeto da execução. Quem viola o direito alheio deve indenizar. O devedor que não cumpre as suas obrigações deve se sujeitar a que sejam apreendidos os seus bens penhoráveis para que com isso possam ser atendidas as necessidades do credor insatisfeito e cumprida a obrigação. A execução é processo pelo qual o credor exerce o poder de excussão sobre o patrimônio penhorável do devedor. Após a penhora e avaliação do bem penhorado, passa-se a expropriação dos bens do devedor, para satisfação do credor, da forma menos onerosa para o devedor (CPC 805).
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A técnica de que faz uso esse tipo de execução é a sub-rogação. Se o devedor não paga, o Estado-juiz toma de seu patrimônio: dinheiro ou bens suficientes para fazer frente ao débito. Se a penhora recair sobre dinheiro, o valor será entregue em pagamento ao credor, no momento oportuno; se sobre bens, será necessária a conversão em dinheiro, a menos que o credor aceite ficar com eles, como forma de satisfação do débito. A conversão far-se-á por meio da alienação, particular ou em hasta pública do bem.
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Art. 825. A expropriação consiste em:
I - adjudicação;
II - alienação;
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens.
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Como se chega à expropriação dos bens do devedor. A expropriação, de forma a atender aos interesses do credor, pode ocorrer por quatro formas distintas: a) pela adjudicação com e sem complemento de preço (CPC 876); b) pela alienação por iniciativa particular (CPC 880); c) pela alienação por hasta pública (CPC 881); d) pela penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel (CPC 867 a 869); e) pela penhora de empresa, de outros estabelecimentos e de semoventes (CPC 862).
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Adjudicação
É forma indireta de satisfação do credor, que se dá pela transferência a ele ou aos terceiros legitimados, da propriedade dos bens penhorados.
A adjudicação pode ter por objeto bens móveis ou imóveis, e só pode ser feita pelo valor de avaliação. Depois que o bem tiver sido avaliado, os legitimados poderão requerer a adjudicação a qualquer tempo, enquanto não tiver sido realizada a alienação particular ou a hasta pública.
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Alienação por iniciativa particular
A alienação será feita pelo próprio credor, ou por meio de corretores que deverão ser credenciados perante a autoridade judiciária.
O juiz deverá estabelecer as regras para a venda da coisa, a forma de publicidade, o preço mínimo, as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem.
O preço mínimo não poderá ser inferior ao valor da avaliação. Se o bem for imóvel, não haverá outorga de escritura pública, pois a alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo exequente e pelo adquirente do bem, que não precisa estar representado por advogado. O comprador depositará o preço em juízo.
Consumada a transação, será expedida a carta de alienação do imóvel, para registro no Cartório de Registro de Imóveis.
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Alienação em hasta pública
Não havendo interessados na adjudicação, nem requerimento do credor para a alienação particular do bem, o juiz designará data para as hastas públicas.
Pode ser de duas espécies: praça ou o leilão. Haverá praça quando, entre os bens licitados houver algum imóvel; e leilão, quando todos forem móveis.
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Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advocatícios.
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Remição da execução é o pagamento que se faz após o ajuizamento da execução por quantia certa, compreendendo o principal e todos os seus acessórios, a fim de pôr fim ao processo. Isto tanto pode dar-se por meio de pagamento direto ao credor, como através de depósito em juízo. Os efeitos são os mesmos.
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Remição da execução. Se contra o devedor tramita ação de execução, diz-se que o pagamento pode ser feito (remição da execução) antes de adjudicados ou alienados os bens. Ou seja: pode o executado, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários advocatícios (CPC 826). É direito concedido ao devedor de pagar (CC 304; CC/1916 930) ou consignar (CC 334; CC/1916 972) a importância devida antes de adjudicados ou alienados os bens que estão penhorados, garantindo a execução. O depósito feito em pagamento ou consignação deve ser do valor total da dívida, atualizado, acrescido de juros, custas e honorários advocatícios. É espécie de satisfação da obrigação e extinção da execução (CPC 924 II). Se o bem adjudicado ou alienado for imóvel hipotecado, o CC 1482 e CPC 877 §§ 3.º e 4.º preveem a remição de hipoteca, pelo executado, até a assinatura do auto de arrematação, ou até que seja publicada a sentença de adjudicação.
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Termo final do direito de o devedor remir a execução. A lei assinala o prazo final, após o qual o devedor já não pode remir a execução (CPC 826): efetiva assinatura do auto de arrematação ou adjudicação (CPC 902) encerra a possibilidade de o devedor exercer o direito que lhe conferem o CC 304 (CC/1916 930) e CPC 826. Após a ocorrência desses eventos a dívida se considera paga, potencialmente satisfeito o credor (que só vai depender do levantamento do produto da alienação – CPC 905) e prestes a ser encerrada a execução.
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Remição de imóvel hipotecado pelo devedor (CC 1482). Confere o direito de remição de bens aos descendentes bem como ao cônjuge do devedor. Entretanto, o CC 1482 concede ao próprio devedor o direito de remir o imóvel hipotecado, mesmo depois de realizada a praça.
Provimento judicial que julga o pedido de remição. O ato do juiz que decide o pedido de remição de bens na execução é decisão interlocutória.
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Seção II Da Citação do Devedor e do Arresto
De maneira geral, a execução por quantia fundada em título extrajudicial compreende os seguintes atos:
* petição inicial;
*exame da inicial pelo juiz, do qual pode resultar o seu indeferimento ou recebimento, com a determinação de que o executado seja citado e intimado do prazo para o oferecimento de embargos. No despacho inicial, o juiz já fixará os honorários advocatícios para a hipótese de pagamento;
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*a citação do devedor, para pagar em três dias sob pena de penhora. Se ele fizer o pagamento dentro do prazo, os honorários fixados no despacho inicial serão reduzidos à metade. Satisfeita a obrigação, será extinta a execução. Se não, após os três dias será feita a penhora e avaliação de bens do devedor;
* com a juntada aos autos do mandado de citação, passa a correr o prazo de quinze dias para embargos. O prazo corre independentemente de ter ou não havido penhora;
*se os embargos não forem opostos, forem recebidos sem efeito suspensivo, ou julgados improcedentes, passar-se-á à fase de expropriação de bens.
Essas providências correspondem às fases da proposição (petição inicial e citação), da instrução (penhora e arrematação) e da entrega do produto ao credor (pagamento), segundo a clássica divisão do procedimento executivo recomendada por Liebman. 
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Petição inicial
Além dos requisitos do art. 282 e 283 do CPC, o credor a instruirá com memória discriminada do cálculo, indicando o débito e seus acréscimos. A memória tem de ser tal que permita ao réu e ao juiz verificar o valor originário, a data de vencimento, os acréscimos e as deduções.
Se o credor desejar, poderá já indicar qual o bem sobre o qual requer que a penhora recaia, já que hoje é dele a prioridade na indicação.
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Deferimento da Petição Inicial
* Expedição de mandado executivo. Citação para: pagamento em 3 dias (829); Embargos em 15 dias (915); Reconhecer
o crédito e requere parcelamento (916);
* Fixação, de plano, dos honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado;
* Possibilidade do exequente obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
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Art. 827.  Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado.
§ 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade.
§ 2o O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente.
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Caput e § 1.º: Celeridade do processo. A norma quer fomentar a celeridade do processo de execução, com o cumprimento integral da obrigação principal e de seus acréscimos, mais as verbas que se refiram aos honorários de advogado, pela promoção da execução em favor do credor. A providência imediata do devedor para pagamento de seu débito será premiada com a redução, pela metade, dos honorários fixados pelo juiz.
• § 2.º: Trabalho após a citação. A fixação dos honorários em 10%, prevista nocaput, restringe-se, num primeiro momento, à hipótese de o executado se prontificar a cumprir a obrigação tão logo tenha sido citado. A possibilidade (e não obrigatoriedade, frise-se) de majoração do valor visa recompensar o trabalho do advogado do exequente. Mas deve ser considerada de acordo com os parâmetros previstos no CPC 85 § 2.º.
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Art. 828.  O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1o No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.
§ 3o O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
§ 4o Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação.
§ 5o O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2o indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos apartados.
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Art. 829.  O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação.
§ 1o Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.
§ 2o A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
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Citação. Deverá ser feita por mandado, por intermédio de oficial de justiça. O executado é citado para pagar, dentro do prazo de 3 (três) dias, e não mais para pagar ou nomear bens à penhora. Caso não pague no prazo da lei, o oficial de justiça deverá efetuar a penhora e sua avaliação. Note-se que a contagem do prazo não obedece à regra geral do CPC 231 II, a qual determina que o prazo de três dias para o pagamento se inicia a partir da juntada aos autos do mandado.
• § 1.º: Avaliação de bem imóvel. A avaliação de bem imóvel é ato da profissão de engenheiro e arquiteto. Por medida de economia processual, o oficial de justiça poderá avaliar provisoriamente o imóvel. Havendo impugnação, o juiz deverá nomear profissional habilitado para fazer a avaliação definitiva do bem imóvel. 
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Avaliação por oficial de justiça. Embora a lei tenha conferido essa atribuição ao oficial de justiça (CPC 870), esse auxiliar do juiz não tem obrigação de avaliar bens que exijam conhecimento técnico específico. Havendo impugnação, o juiz terá de nomear perito avaliador, que reúna conhecimentos técnicos adequados para a tarefa (CPC 870 par.ún.).
• § 2.º: Indicação de bens à penhora. É ato do credor, que poderá fazê-lo já na petição inicial da execução. Quando a indicação feita pelo credor restar frustrada, o juiz poderá intimar o executado para fazê-la. O executado só poderá indicar bens distintos se provar que não prejudicará o credor com a nova indicação.
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ARRESTO
Art. 830.  Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
§ 1o Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido.
§ 2o Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa.
§ 3o Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo.
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Para que não desapareçam nem se percam, manda que o oficial de justiça os arreste. Trata-se do arresto executivo, constrição que se realiza antes que o devedor seja citado, quando ele não é localizado, mas os seus bens são.
O arresto executivo é sempre prévio à citação, ao contrário da penhora, sempre posterior. Ele converter-se-á em penhora, depois que a citação se efetivar. Por isso, é considerado ato preparatório, devendo ser realizado com todas as formalidades que a penhora exige.
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Curador especial
Sendo ficta a citação, por edital ou com hora certa, se o devedor não comparecer, será necessário dar-lhe curador especial (Súmula 196 do STJ), que terá poderes para opor embargos de devedor.
STJ Súmula nº 196 - 01/10/1997 - DJ 09.10.1997 Execução - Citação por Edital ou Hora Certa - Revelia - Apresentação de Embargos – Legitimidade.
 Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos. 
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Do pagamento
Para que seja extinta a execução, o devedor deverá fazer o pagamento integral do débito, acrescido de correção monetária, juros de mora, eventual multa e os honorários advocatícios fixados no despacho inicial, e que são reduzidos à metade, se o pagamento for feito dentro do prazo.
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Seção III Da Penhora, do Depósito e da Avaliação
A penhora é ato de constrição que tem por fim individualizar os bens do patrimônio do devedor que ficarão afetados ao pagamento do débito, e que serão excutidos oportunamente. É ato fundamental de toda e qualquer execução por quantia, sem o qual não se pode alcançar a satisfação do credor.
A penhora é um ato executivo (ato do processo de execução), cuja finalidade é a individuação, apreensão e preservação dos bens a serem submetidos ao processo de execução, como ensina Carnelutti. Trata-se, em suma, do meio de que se vale o Estado para fixar a responsabilidade executiva sobre determinados bens do devedor.
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Função da penhora
a) individualizar e apreender efetivamente os bens destinados ao fim da execução;
b) conservar ditos bens, evitando sua deterioração ou desvio; e
c) criar a preferência para o exeqüente, sem prejuízo das prelações de direito material estabelecidas anteriormente.
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Efeitos da penhora
Para o credor, a penhora especifica os bens do devedor sobre que irá exercer o direito de realizar seu crédito, passando a gozar, sobre eles e perante os demais
credores quirografários, de um especial direito de prelação e seqüela, como já demonstramos.
Para o devedor, a conseqüência da penhora é a imediata perda da posse direta e da livre disponibilidade dos bens atingidos pela medida constritiva.
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contra terceiros:
a) quando o crédito ou bem do executado atingido pela penhora está na posse temporária de terceiro, este fica obrigado a respeitar o gravame judicial, como depositário, cumprindo-lhe o dever de efetuar sua prestação em juízo, à ordem judicial, no devido tempo, sob pena de ineficácia do pagamento direto ao executado ou a outrem;
b) além disso, há o efeito geral e erga omnes da penhora que faz com que todo e qualquer terceiro tenha que se abster de negociar com o executado, em torno do domínio do bem penhorado, sob pena de ineficácia da aquisição perante o processo e permanência do vínculo executivo sobre o bem, mesmo que passe a integrar o patrimônio do adquirente.
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Art. 831.  A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
A regra básica, portanto, é que a penhora deve atingir os bens negociáveis, ou seja, os que se podem normalmente alienar e converter no respectivo valor econômico.
Art. 832.  Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.
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Bens inalienáveis e impenhoráveis. 
 Código Civil: inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade de bens (CC 1848). 
A inalienabilidade é restrição maior do que a impenhorabilidade, ou a mera incomunicabilidade. A inalienabilidade retira do próprio titular o direito de dispor da coisa, como acontece com o bem de família (CC 1711 a 1722 e LBF). A impenhorabilidade, como o próprio nome explicita, põe a salvo da constrição judicial, em processo de execução, o bem impenhorável.
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Bens incomunicáveis. A incomunicabilidade resguarda o cônjuge titular do bem, revestido dessa qualidade, da comunicação dele com outro cônjuge (CC 1668 IV). 
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
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Art. 833.  São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; (§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. )
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VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
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Lei 8.009/90 – Impenhorabilidade do bem de família.
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.
Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo.
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
       
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I - Revogado
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III -- p Revogado;
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;      
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.     
Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga.
§ 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese.
§ 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.
Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.
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I: Bens inalienáveis. A inalienabilidade dos bens particulares pode provir diretamente da lei (como no caso da apólice de seguro), da natureza legal da instituição (como no caso do bem de família) ou da vontade individual
sancionada pela lei (na hipótese dos bens doados com cláusula de inalienabilidade) (Americano.Coment. CPC2, v. IV, p. 191).
• II: Móveis e pertenças. Esta disposição visivelmente se superpõe àquela mediante a qual a LBF protege as benfeitorias, equipamentos e móveis que guarnecem a casa. Além disso, impõe o necessário equilíbrio entre o sustento do executado e a satisfação do crédito do exequente, ao dispor que a penhora está autorizada quando o valor de tais bens for elevado ou ultrapassarem eles as necessidades comuns a um padrão médio de vida (Dinamarco. Instituições DPC, v. IV3, pp. 390-391).
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III: Vestuário e pertences. Para este inciso também vale a observação feita quanto ao anterior
• IV: Ganhos de natureza alimentar. As doze hipóteses do inciso IV têm em comum o fato de que estão destinadas ao sustento da pessoa e da família, perfazendo ganhos de natureza alimentar. Analisadas individualmente, nota-se confusão na reunião dessas situações sob uma mesma disposição: (i) os vencimentos, subsídios, soldos, salários, proventos, pensões, pecúlios e montepios podem ser vistos como espécie do gênero remuneração, muito embora as “remunerações” estejam incluídas nessas espécies; (ii) ao mesmo tempo que fala de ganhos do profissional autônomo, menciona honorários de profissionais liberais, como se fossem situações muito distintas; (iii) as quantias recebidas por liberalidade e destinadas ao sustento do devedor e sua família não se encaixam em nenhuma das situações anteriores (Dinamarco. Instituições DPC, v. IV, p. 394).
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V: Livros e ferramentas profissionais. Esta impenhorabilidade é estipulada visando à preservação do instrumental destinado à obtenção de alimentos. A jurisprudência tem estendido este benefício às microempresas e às empresas de pequeno porte, tendo em vista que tais empresas se confundem com a pessoa do titular e as atividades societárias são, na prática, atividades dele, sendo também dele, na prática, o patrimônio da empresa.
• VI: Seguro de vida. O CC 794 prevê que o capital estipulado não se sujeita às dívidas do segurado nem se considera herança, para todos os efeitos de direito, o que pressupõe que o dinheiro recebido tem destinação alimentar.
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 VII: Material de construção. A impenhorabilidade deste material se destina a manter a habitação, mas já deve ter sido destinado anteriormente à obra 
VIII: Pequena propriedade rural. A impenhorabilidade da pequena propriedade rural é constitucionalmente garantida (CF 5.º XXVI). Tanto o dispositivo constitucional quanto o CPC 833 VIII, que perpetuou a previsão do CPC/1973 649 VIII, exigem que tal propriedade seja trabalhada pela família, de forma que o proprietário possa ser beneficiado pela impenhorabilidade. Isto porque a impenhorabilidade, novamente, visa manter a dignidade do executado, que poderá se manter mesmo na pendência da execução.
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IX: Recursos públicos com destinação social. Seja qual for a natureza do crédito, não há exceção. Toda quantia depositada a esse título é absolutamente impenhorável. O exequente precisa ser cauteloso ao requerer a penhora apenas com base em informações bancárias. Todavia, o ônus de provar a origem do dinheiro incumbe ao executado.
• X: 15. Caderneta de poupança. Havendo mais de uma aplicação em poupança, será considerado o valor total de todas as aplicações.
• XI: 16. Recursos de fundo partidário. A impenhorabilidade não abrange qualquer quantia depositada na conta corrente do partido; as doações, p.ex., são penhoráveis.
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XII: 17. Créditos resultantes da alienação de unidades imobiliárias. Em razão da parte final deste inciso, que restringe a impenhorabilidade dos créditos nele mencionados à “execução da obra”, a aplicação deste dispositivo está condicionada à instauração de patrimônio de afetação na incorporação imobiliária (LCI 31-A a 31-F), o que constitui faculdade do incorporador. No regime de afetação, constitui-se um patrimônio formado pelo terreno, acessões e demais bens e direitos vinculados à incorporação, patrimônio esse que é destinado exclusivamente à construção do empreendimento, e que não se comunica com os demais bens, direitos e obrigações do incorporador (Mauro Antônio Rocha. O regime da afetação patrimonial na incorporação imobiliária – Uma visão crítica da lei, RDI 59/153). Essa separação arbitrária de bens do patrimônio, em tese, viola o princípio segundo o qual o patrimônio é garantia geral do credor, motivo pelo qual só pode ser permitida em hipóteses previamente estabelecidas em lei e, por consequência, também se sujeita aos requisitos da alienação ou oneração de bens, bem como será inexistente se constituída em fraude de execução ou anulável se constituída em fraude contra credores (Melhim Namem Chalhub. Incorporação imobiliária: aspectos do sistema de proteção do adquirente de imóveis, RDI 75/167). Nesse sentido, a impenhorabilidade de tais créditos vem como reforço da proteção que é dada para os adquirentes das unidades imobiliárias quanto à exequibilidade do projeto, evitando que dívidas alheias à execução deste possam ser satisfeitas com a reserva que é destinada à obra.
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CASUÍSTICA
Estabelecimento comercial. A penhora de imóvel no qual se localiza o estabelecimento da empresa é, excepcionalmente, permitida, quando inexistentes outros bens passíveis de penhora e desde que não seja servil à residência da família. 
Alegação da impenhorabilidade. A impenhorabilidade de bem arrolado no CPC/1973 649 [CPC 833], com exceção feita ao bem de família, deve ser arguida pelo executado no primeiro momento em que lhe couber falar nos autos, sob pena de preclusão. Precedentes (STJ, Corte Especial, EAREsp 223196/RS, rel. Min. Eliana Calmon, rel. p/acórdão Nancy Andrighi, j. 20.11.2013, DJUE 18.2.2014).
 
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Apartamento resultante da união de duas unidades autônomas do edifício.Obra irrelevante quando não houve unificação ou fusão das matrículas. Enquanto não cancelado, o registro produz seus efeitos legais (LRP 252). Permite-se a penhora de um dos apartamentos (1.º TACivSP, EI 525360, rel. Sena Rebouças, m.v., j. 28.4.1993, vencidos Mendes de Freitas e Rodrigues de Carvalho).
Área de terra ao lado da casa residencial. É distinta do bem de família e sua penhora não implica em ofensa da LBF 1.º (STJ, Ag 45926, rel. Min. Nilson Naves, j. 17.12.1993, DJU 4.2.1994, p. 986).
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Bem de família. Cobrança de despesas condominiais. Penhorabilidade.Despesas condominiais não constituem dívida civil contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam proprietários e que residam no imóvel. São obrigações derivadas de rateio, ou seja, são despesas assumidas pela própria coisa, não pelos residentes, mas pela residência, na proporção de suas dimensões ou do que estabelece a convenção; são gravames propter rem; desse modo, não podem ficar ao abrigo da LBF 1.º, conforme interpretação da LBF 3.º IV (1.º TACivSP-RT 739/307). No mesmo sentido: RT 730/240.
Bem de família. Fiança locatícia. Penhorabilidade. “O bem imóvel, residência da família, pode ser penhorado para garantia de fiança prestada em contrato de locação, conforme permite a LBF 3.º VII, incluído pela LI 82” (STJ, 5.ª T., REsp 256103-SP, rel. Min. Gilson Dipp, j. 13.9.2000, v.u.).
Bem de família. Residência das filhas de um dos cônjuges. A impenhorabilidade do bem de família visa resguardar não somente o casal, mas o sentido amplo de entidade familiar. Assim, no caso de separação dos membros da família, como na hipótese em comento, a entidade familiar, para efeitos de impenhorabilidade de bem, não se extingue, ao revés, surge em duplicidade: uma composta pelos cônjuges e outra composta pelas filhas de um dos cônjuges. Precedentes (STJ, 3.ª T., REsp 1126173/MG, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 9.4.2013, DJUE 12.4.2013).
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Bem de família. Solteiro. Separado. Viúvo. STJ 364: “O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.”
Bem de
família. Totalidade do bem. A impenhorabilidade do bem de família, dada pela LBF, atinge a totalidade do bem, independentemente de seu valor, sendo ilegal a decisão que determina a penhora, reservando 20% do valor do imóvel para garantir o bem de família (1.º TACivSP, 11.ª Câm., Ag 732461-4-Jaú, rel. Juiz Antonio Marson, v.u., j. 11.4.1997, BolAASP 2076/744).
Impenhorabilidade de honorários advocatícios. Uma vez reconhecido que os honorários constituem a remuneração do advogado – sejam eles contratuais ou sucumbenciais –, conclui-se que tal verba enquadra-se no conceito de verba de natureza alimentícia, sendo portanto impenhorável. ““Esse entendimento não é obstado pelo fato de o titular do crédito de honorários ser uma sociedade de advogados, porquanto, mesmo nessa hipótese, mantém-se a natureza alimentar da verba” (REsp 566190/SC, rel. Min. Nancy Andrighi, 3.ª T., DJU 1.º.7.2005) (STJ, 1.ª T., AgRg no REsp 1228428/RS, rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 21.6.2011, DJUE 29.6.2011).
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Impenhorabilidade do crédito trabalhista. O CPC/1973 649 I a IX [CPC 833 I a XII] estatui o beneficum competentiae, ou seja, a impenhorabilidade processual absoluta dos bens ali enumerados. É norma de ordem pública, das quais as partes não podem dispor, pouco importando haja a própria executada os oferecido. Os direitos da executada provenientes de reclamação trabalhista são impenhoráveis pois decorrem de remuneração, salário a qualquer título (1.º TACivSP, AI 536051, rel. Rodrigues de Carvalho, j. 7.4.1993).
Penhora de cotas sociais do devedor. Hipótese em que não se aplica a sub-rogação nos direitos do executado na sociedade, exigindo avaliação e praceamento do objeto da penhora. Recurso provido (1.º TACivSP, 8.ª Câm., Ag 535173-7-SP, rel. Juiz Raphael Salvador, j. 24.3.1993, v.u., DJUE-SP 4.4.1993, p. 57, BolAASP 1798/236).
Vaga de garagem. Não é bem de família. Penhorabilidade. Box de garagem, se tiver matrícula própria e distinta do imóvel principal, é unidade autônoma do condomínio residencial, sem função social-familiar, e, portanto, penhorável (STJ, 4.ª T., REsp 582044-RS, rel. Min. Aldir Passarinho Junior, j. 2.3.2004, v.u.).
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§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
Dívida para aquisição do bem. Se a aquisição do bem se deu em relação de compra e venda, e não havendo o cumprimento da obrigação de pagar o preço, o credor pode penhorar o bem como garantia da dívida.
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
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Art. 834.  Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis.
Frutos e rendimentos. A penhora, embora não o declare expressamente o auto, compreende os frutos e rendimentos dos bens penhorados, salvo os frutos destacados ou colhidos, que devem ser mencionados de forma expressa. Isso vale para os bens de modo geral. A impenhorabilidade, porém, impede a imposição da restrição aos bens que a ela estão submetidos, mas, mesmo assim, se for o caso, a penhora pode, em último caso, ser imposta aos frutos e rendimentos desses bens.
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Art. 835.  A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
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IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.
§ 1o É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto.
§ 2o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
§ 3o Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora.
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Ordem preferencial para a penhora. A ordem preferencial para a penhora, proposta pelo CPC, não implica em um rol fechado de bens passíveis de serem penhorados. Não é necessário elencar os bens que podem ser penhorados, já que existe regra bastante abrangente, segundo a qual todo o patrimônio economicamente apreciável do obrigado responde pelas obrigações deste. Além disso, a inobservância da ordem não significa a nulidade da penhora; porém, a flexibilização dependerá muito de cada caso concreto 
Destinatário da regra. É o exequente, não o executado. Porém, se houver desobediência à gradação legal, caberá ao devedor impugnar a escolha feita e pleitear a substituição do bem constrito.
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Art. 836.  Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.
§ 1o Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado, quando este for pessoa jurídica.
§ 2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário provisório de tais bens até ulterior determinação do juiz.
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Penhora de bem de baixo valor. O oficial de justiça deve informar o juiz sobre o estado do bem apontado para penhora, de sorte que possa permitir que o magistrado tenha condições de apurar se a penhora irá ou não atingir seu desiderato, permitindo o pagamento da dívida do devedor e o pagamento das despesas do processo. Se o valor é de tal sorte irrisório que a guarda, depósito e transporte do bem possa consumir o valor do bem penhorado, a constrição judicial não deve ser realizada.
• § 1.º: Certidão do oficial. Deve ser circunstanciada, de sorte a poder transmitir para o julgador a ideia verdadeira do estado dos bens constritos, bem como a circunstância de inexistirem bens que possam ser objeto dessa constrição.
• § 2.º: Depositário provisório. Neste caso, o depositário provisório não deverá ser o depositário judicial (CPC 840 II), mas sim o próprio executado ou seu representante legal.
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Subseção II Da Documentação da Penhora, de seu Registro e do Depósito
Da penhora em dinheiro
Art. 837.  Obedecidas as normas de segurança instituídas sob critérios uniformes pelo Conselho Nacional de Justiça, a penhora de dinheiro e as averbações de penhoras de bens imóveis e móveis podem ser realizadas por meio eletrônico.
Penhora on line. Consiste na decretação de indisponibilidade de ativos financeiros em nome do executado, indisponibilidade essa conduzida por meio de sistema eletrônico. A indisponibilidade seja decretada de plano.
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Elementos do auto de penhora. 
Art. 838.  A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá:
I - a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita;
II - os nomes do exequente e do executado;
III - a descrição dos bens penhorados, com as suas características;
IV - a nomeação do depositário dos bens.
Art. 839.  Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia.
Parágrafo único.  Havendo mais de uma penhora, serão
lavrados autos individuais.
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Responsabilidade do depositário
Cumpre-lhe a guarda e preservação dos bens penhorados. O depositário judicial não se confunde com o contratual, já que exerce o seu encargo por determinação judicial. Não tem, por isso, posse, mas mera detenção do bem. Deve cumprir estritamente as determinações judiciais, apresentando a coisa, assim determinado. Se o bem for arrematado ou adjudicado, deve entregá-lo ao adquirente, quando o juiz determinar. Se não o fizer, basta que o adquirente requeira, no processo de execução, que se expeça mandado de imissão na posse, não havendo necessidade de propor ação autônoma.
Não há mais a possibilidade de ser decretada a prisão civil do depositário infiel. 
STF - Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
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Art. 840.  Serão preferencialmente depositados:
I - as quantias em dinheiro, os papéis de crédito e as pedras e os metais preciosos, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal ou em banco do qual o Estado ou o Distrito Federal possua mais da metade do capital social integralizado, ou, na falta desses estabelecimentos, em qualquer instituição de crédito designada pelo juiz;
II - os móveis, os semoventes, os imóveis urbanos e os direitos aquisitivos sobre imóveis urbanos, em poder do depositário judicial;
III - os imóveis rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis rurais, as máquinas, os utensílios e os instrumentos necessários ou úteis à atividade agrícola, mediante caução idônea, em poder do executado.
§ 1o No caso do inciso II do caput, se não houver depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente.
§ 2o Os bens poderão ser depositados em poder do executado nos casos de difícil remoção ou quando anuir o exequente.
§ 3o As joias, as pedras e os objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valor estimado de resgate.
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Intimação da Penhora
Art. 841.  Formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será imediatamente intimado o executado.
§ 1o A intimação da penhora será feita ao advogado do executado ou à sociedade de advogados a que aquele pertença.
§ 2o Se não houver constituído advogado nos autos, o executado será intimado pessoalmente, de preferência por via postal.
§ 3o O disposto no § 1o não se aplica aos casos de penhora realizada na presença do executado, que se reputa intimado.
§ 4o Considera-se realizada a intimação a que se refere o § 2o quando o executado houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274.
Art. 842.  Recaindo a penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, será intimado também o cônjuge do executado, salvo se forem casados em regime de separação absoluta de bens.
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Art. 843.  Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem.
§ 1o É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não executado a preferência na arrematação do bem em igualdade de condições.
§ 2o Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o valor auferido seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o correspondente à sua quota-parte calculado sobre o valor da avaliação.
Art. 844.  Para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, cabe ao exequente providenciar a averbação do arresto ou da penhora no registro competente, mediante apresentação de cópia do auto ou do termo, independentemente de mandado judicial.
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