Buscar

DPC III - RESUMO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Nos termos do art. 8o da DUDH de 1948, “toda pessoa tem direito a um recurso efetivo a um tribunal”. O PIDCP, em seu art. 14.5, dispõe que “toda pessoa declarada culpada de um delito terá direito a recorrer da sentença condenatória e da pena a um tribunal superior, conforme determinado em lei”.
O PIDCP, em seu art. 9o, também garante o direito a qualquer pessoa privada de sua liberdade a recorrer a um tribunal para que decida acerca da legalidade da prisão.
A CADH, em seu art. 8.2, h, situa-se na mesma perspectiva de reconhecimento do “direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior”. Ao tratar do direito à liberdade, em seu art. 7.6, também consagra o direito à impugnabilidade da decisão que decretou a restrição da liberdade e de ver seu direito de ir e vir preservado por um juiz ou tribunal (“toda pessoa privada da liberdade possui o direito a recorrer”). O direito à impugnabilidade da decisão acerca da liberdade e prisão da pessoa não pode ser abolido e nem restringido, ademais de legitimar o próprio paciente ou terceiro a questionar a restrição ou a ameaça de restrição da liberdade (art. 7.6 da CADH)
O direito ao duplo pronunciamento, embora não expresso na CF, se infere da integração ao ordenamento jurídico dos diplomas internacionais e da estrutura constitucional, ao prever no art. 5o, LV, da CF, que aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e os recursos a ela inerentes. Portanto, há uma tutela jurídico-fundamental constitucional. Ademais, pode ser extraído da estrutura sistemática constitucional quando prevê a competência dos Tribunais (arts. 102, II e III; 105, II e III; 108, II, 121, §§ 3o e 4o; 125, § 1o, CF). Do ponto de vista processual, alguns também defendem a concepção de que o recurso se situa no desdobramento do próprio poder de demandar, na busca da tutela jurisdicional efetiva, argumentação que não limitaria o direito ao recurso de uma sentença penal condenatória.
A CF, ao estruturar a competência dos Tribunais, prevê o recurso ordinário, denominado, então, de recurso ordinário constitucional (arts. 102, II, e 105, II, da CF), ademais dos recursos especial (art. 105, III, CF) e extraordinário (art. 102, III, CF). O CPP, antes de tipificar os recursos, enuncia uma parte geral, onde são postas as regras gerais aplicáveis a esses remédios jurídicos impugnativos (arts. 574 a 580 do CPP). Contudo, ao tipificar os recursos, os insere, de forma equivocada, no mesmo sistema das ações impugnativas autônomas do habeas corpus e da revisão criminal (arts. 581 a 667 do CPP). As modificações posteriores e a legislação extravagante produziram um anacrônico labirinto recursal. Somente para exemplificar, as decisões interlocutórias comportam impugnação por vários meios, dependendo da espécie e situação: recurso em sentido estrito (art. 581 do CPP), agravo em execução (art. 197 da Lei no 7.210/1984), carta testemunhável (art. 639 do CPP) e apelação (art. 593, II, do CPP). Ademais do CPP, há recursos previstos em leis especiais e nos regimentos internos dos tribunais, tais como os embargos de divergência e os agravos regimentais. Ainda, aplica-se o Código de Processo Civil, em face da revogação em parte da Lei 8.038/1990 (art. 1072, IV, CPC), no que se refere ao agravo interno (art. 1021, CPC) e o agravo em recurso especial e extraordinário (art. 1042, CPC), exceto o agravo do art. 39 da Lei 8.038/1990 (V. HC 134.554, do STF, de 14.6.2016; HC 127.409 do STF e Recl. 30.714 do STJ)
O duplo grau, na realidade, confere direito a um duplo pronunciamento, a uma revisão do primeiro decisum, pois, ademais da unicidade da jurisdição, o próprio juízo de primeiro grau poderá reformar a sua decisão, antes da manifestação do órgão ad quem (recurso em sentido estrito e no agravo em execução, v. g.). Nessa perspectiva, o direito a um duplo pronunciamento não se vincula à apreciação necessária e obrigatória da inconformidade por um órgão unipessoal ou colegiado hierarquicamente superior na estrutura administrativa do Poder, mas à reapreciação por um magistrado ou colegiado com poder funcional superior, com entidade suficiente para revisar a decisão impugnada, distinto do primeiro decisor (v. BINDER, 2005, p. 285 ss.). A relação que há de ser estabelecida é julgador-revisor e não necessariamente inferior-superior. 
Conforme decidiu o TEDH, no que tange às decisões que cerceiam a liberdade, o duplo pronunciamento e o acesso ao segundo grau integram a própria decisão
Os recursos situam-se no gênero dos meios ou remédios jurídicos impugnativos, distintos das ações autônomas de impugnação (habeas corpus, mandado de segurança e revisão criminal) e das medidas correicionais (reclamação e correição parcial). Distinguem-se os recursos dos demais meios impugnativos por serem remédios jurídicos destinados a atacar decisões judiciais não preclusas, como desdobramento da tutela jurisdicional invocada ou resistida ab initio, no mesmo processo, com o intuito de invalidar, reformar ou integrar o decisum. Já nos demais meios impugnativos, forma-se um novo processo, inclusive com possibilidade de impugnação, independentemente da preclusão.
O direito ao recurso submete-se ao filtro prévio de sua admissibilidade, cujos requisitos objetivos e subjetivos comportam análise tanto pelo juízo a quo quanto pelo ad quem. Vencido o filtro da admissibilidade, o recurso é admitido, recebido e respondido, ou seja, é instrumentalizado (razões e contrarrazões). No órgão ad quem, a ausência dos requisitos de admissibilidade do recurso implica não conhecimento. O conteúdo da impugnação, ou seja, o mérito do recurso poderá abranger questões que comportam apreciação prévia à análise do mérito da causa (nulidade da sentença, v. g.), pois lhe são prejudiciais (error in procedendo). Provido o recurso com o reconhecimento do error in procedendo, a decisão é desconstituída, anulada, cassada e o processo retorna ao juízo de origem para que outra seja proferida. Contudo, quando o mérito recursal for uma questão de fundo (absolvição ou condenação, v. g.), o provimento do recurso implica alteração da decisão, cujo conteúdo substitui a decisão reformada, de forma total ou parcial (error in judicando).
A inexistência de um recurso nominal para impugnar determinada decisão não afasta o direito ao duplo grau jurisdicional, quando se trata de proteção dos direitos humanos e fundamentais. Nessas situações, não se aplica a taxatividade recursal. Em casos tais, é de ser admitida a interpretação analógica e integrativa aos remédios impugnativos previstos em lei, bem como a utilização do habeas corpus e do mandado de segurança, nos limites do respectivo cabimento.
Diminuir a possibilidade de falha humana no julgamento e dar uma satisfação ao sentimento de descontentamento, corrigindo erros, omissões, defeitos, após novos elementos ou do reforço dos anteriores, careados pelos recorrentes, são algumas das funções elencadas pela doutrina à sustentação do direito ao recurso … A busca da verdade não é objetivo do processo penal e nem justifica o duplo pronunciamento (v. CASARA, 2009, p. 506).
Uma vez exercido o direito ao recurso por um dos réus, o seu provimento poderá atingir o condenado que não tenha recorrido, em se tratando de situação objetiva, como no provimento ao recurso para reconhecer a tentativa ou a espécie de concurso de crimes (art. 580 do CPP)....O direito ao recurso comporta uma interpretação ampliativa quanto à sua admissibilidade, quando erroneamente interposto, sempre que não houver má-fé (burla para afastar a preclusão, v. g.) e inexistirem requisitos próprios de admissibilidade, como ocorre no recurso especial e extraordinário. É o que se denomina de fungibilidade recursal.
O reconhecimento do direito ao recurso tem por escopo, também, evitar o arbítrio da decisão, o qual constituía uma das características da metodologia inquisitorial e obstaculizava o duplo pronunciamento, motivo pelo qual há necessidade de ser exercido um controle endoprocessual nas decisões que afetam o status libertatise o estado de inocência.
A doutrina sói apresentar como funcionalidade positiva ou vantagens da existência do duplo pronunciamento: (a) permissão ao exercício da plena e ampla defesa pelos acusados em geral; (b) reapreciação do caso penal por um órgão colegiado; (c) confiança do jurisdicionado de que sua causa poderá ser novamente apreciada; (d) maior segurança pela possibilidade de controle endoprocessual do decisum e de sua fundamentação; (e) exame da causa por vários julgadores, em diferentes graus. Contudo, também situa, entre as desvantagens: (a) o retardamento da prestação jurisdicional; (b) o prejuízo à valoração da prova, pela ausência de imediação; (c) a apreciação da prova por quem não a colheu; (d) não é a segunda instância que oferece maior garantia ao jurisdicionado.
O que prepondera na doutrina clássica é que o direito ao recurso é uma faculdade e não uma obrigatoriedade, mesmo em se tratando de provimento condenatório ou de o imputado estar sendo defendido por defensor dativo ou defensor público...É a estratégia defensiva de não utilização do duplo pronunciamento que há de manifestar-se nos autos, mas não a vontade em recorrer. O silêncio do condenado e do defensor obriga o magistrado a instar para que se manifestem acerca do recurso sempre que houver restrição a direitos fundamentais.
Os denominados recursos ex officio, nas hipóteses da sentença concessiva de habeas corpus (art. 574, I, CPP), da absolvição ou do arquivamento do inquérito nas situações da Lei 1.521/1951, ou seja, dos crimes contra a economia popular ou a saúde pública, bem como da decisão que concede a reabilitação, nos casos da inabilitação para dirigir veículo automotor, por exemplo (art. 746 do CPP), não encontram guarida constitucional, em razão da iniciativa da ação penal pública ser exercida pelo MP (art. 129, I, CF). Essa dinâmica atinge a fase recursal. Contudo, o entendimento do STF é pela constitucionalidade do recurso de ofício, pois não seria propriamente um recurso, mas uma condição de validade do decisum.
A regra, no processo penal, é o poder dos Tribunais em apreciar a favor do réu, inclusive quando não recorrer, toda a matéria, independentemente da impugnação, salvo quando a CF ou a lei restringirem a matéria impugnável, como ocorre no recurso de embargos infringentes (objeto da divergência), no recurso especial e no recurso extraordinário. Porém, diante de um recurso exclusivo da defesa, é vedado piorar a situação do recorrente, motivo por que se veda, no processo penal, a reformatio in pejus direta e a indireta (art. 617 do CPP), aplicando-se, inclusive, à medida de segurança (Súmula 525 do STF e HC 111.769 do STF, rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 26.2.2013), bem como à dosimetria da pena nas decisões do Tribunal do Júri. Contudo, é de ser admitida a reformatio in mellius, isto é, quando somente a acusação recorre e o órgão ad quem melhora a situação do acusado, em razão da ampla defesa (art. 5o, LV, CF), bem como em face de os juízes e tribunais poderem conceder habeas corpus ex officio (art. 654, § 2o, do CPP).
A impugnação de um provimento condenatório não poderá sofrer limitações além dos requisitos de admissibilidade, propiciando-se, diferentemente do recurso da acusação, a devolução total da matéria à apreciação do órgão ad quem.
O contraditório é a marca identificatória do processo judicial, de modo que não há falar em devido processo sem contraditório em todas as situações que comportarem decisões jurisdicionais. Por isso, tanto as razões quanto as contrarrazões se revestem de obrigatoriedade, apesar do contido nos arts. 589 e 601 do CPP. O contraditório há de ser garantido, mesmo nos embargos declaratórios, independentemente de sua finalidade: meramente declaratórios, prequestionadores ou infringentes. 
Ofende o contraditório recursal a ausência de ciência à defesa acerca do parecer do MP nos Tribunais. Independentemente da funcionabilidade do parecer do MP nos Tribunais, uma vez ofertada a opinio, há de ser dada ciência à defesa para que exerça o contraditório.
Os julgamentos nos Tribunais, segundo se pode ler, obedecem ao princípio da colegialidade. Contudo, a demanda processual está a tornar meramente cenográfico o julgamento em sessão pública e coletiva. A realidade encaminha-se à constatação de julgamentos monocráticos, com monossilábicos “de acordo”. Por isso, a composição das Câmaras, Turmas, Sessões e Grupos há de ser redimensionada, com o fracionamento da composição, de acordo com a espécie delitiva (latrocínios e homicídios, com três componentes; roubo, tráfico, com dois componentes; furto, lesões, com um componente, v. g.), com recursos internos, em determinadas situações...O STF firmou posicionamento do descabimento do julgamento monocrático em Habeas Corpus (v. HC 115.535 rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJ de 16.4.2013), em face do princípio da colegialidade.
Admitida a apelação de um veredicto absolutório e advindo da impugnação uma condenação pelo segundo grau de jurisdição, pela sistemática atual, sepultado estará o direito ao duplo pronunciamento acerca do juízo condenatório, na medida em que somente caberá a limitada impugnação aos Tribunais Superiores
Nos casos em que o imputado possui foro por prerrogativa de função, não há devolução da matéria à reapreciação, como ocorreria caso não fosse submetido à respectiva competência originária. Outrossim, não há o direito a uma revisão das questões fáticas que deram suporte ao veredicto...A viabilização do duplo pronunciamento há de ser garantida por magistrados diversos dos que apreciaram a decisão impugnada, de modo que há de ser modificada a estrutura e competências dos Tribunais, para que seja garantido o duplo grau de jurisdição e a aplicação da CADH. Tanto o Tribunal Europeu quanto a Corte Interamericana já afirmaram a necessidade de ser garantido o duplo pronunciamento diante de condenações advindas, originariamente, dos Tribunais:
 Corte Interamericana tem sustentado que o art. 25 da CADH, o qual obriga o Estado a proporcionar um recurso judicial, não se reduz à mera existência de tribunais ou procedimentos formais. Também, não basta a simples possibilidade de interposição de recursos a esses tribunais. Exige-se efetividade recursal, ou seja, possibilidade real de recorrer. Segundo o art. 25, os Estados se obrigam a desenvolver possibilidades de recurso judicial para todos os que entenderem violados seus direitos humanos, tenham ou não razão quanto ao direito material alegado.
A Corte IDH considera que o sentido da proteção outorgada pelo art. 25 da Convenção está na possibilidade real de acesso a um recurso judicial hábil à obtenção de uma decisão vinculante que determine se houve violação de algum direito que o reclamante acredita ter e, caso seja verificada essa violação, o recurso seja útil para reparar tal lesão.
A Corte destacou que o direito a recurso previsto no art. 25 estabelece o direito de acesso à justiça, o qual pode ser violado independentemente de ter havido uma violação do direito material discutido. A violação do direito de acesso à justiça pode ocorrer também independentemente da hipótese de os fatos que dão sustento às alegações da parte estarem dentro do âmbito de aplicação do direito invocado, o que somente poderá ser verificado com a decisão judicial. A parte não é obrigada a saber de antemão se tem ou não o direito que acredita ter, mas o Estado deve garantir-lhe acesso à Justiça para que a autoridade competente do Poder Judiciário verifique a existência do direito e, em caso afirmativo, garanta seu exercício. A Corte destacou que tanto o art. 8o, quanto o art. 25 da Convenção, consagram o direito de acesso à justiça (Caso Cantos vs. Argentina).
Resumidamente, no caso concreto, a controvérsia envolve a exigência de que o recurso seja acessível e efetivo. Um recurso é acessível se a pessoa dispõe de meios reais de interpô-lo e é efetivo quando o tribunal competente detém as prerrogativas necessárias para restituir o gozo dos seus direitos à pessoa prejudicada ao considerar que foram violados.Quanto à “acessibilidade ao recurso”, a Corte entendeu que se uma determinada ação é a via adequada definida pela lei à reparação do direito violado, toda pessoa que seja titular desse direito deve ter a possibilidade real de ajuizá-la.
A Corte observou que, no caso concreto, o recurso de amparo, via recursal adotada pela parte, não era o adequado em razão da matéria discutida nos termos da legislação mexicana. O único recurso cabível no caso, segundo a legislação doméstica, seria a ação de inconstitucionalidade...Assim, se o único recurso cabível era a ação de inconstitucionalidade e a pessoa que acredita ter tido seus direitos violados não é parte legítima para ajuizá-la, o Estado está lhe negando acesso a um recurso, como exige o art. 25 da Convenção. A discussão girou em torno do fato de que a única maneira de a parte defender seu direito seria alegando a inconstitucionalidade de artigo de lei aplicado no seu caso. Ocorre que o sistema legal mexicano não dispõe de um mecanismo disponível aos particulares para que estes possam questionar a constitucionalidade das leis eleitorais. Se a pessoa que teve um direito humano violado, como são os direitos políticos, não dispuser de um meio para ela própria buscar a determinação de seus direitos, tem-se um problema de acesso à Justiça.
o art. 8.2 da CADH contempla a proteção de garantias mínimas a favor de toda pessoa acusada de um delito e submetida a uma investigação e a um processo penal, que devem ser protegidas “dentro das distintas etapas do processo penal, que abarca a investigação, acusação, julgamento e condenação”. Assim, o direito de recorrer da condenação não será efetivo se não viabilizado a toda pessoa quando condenada, já que a condenação é manifestação do exercício do poder punitivo do Estado e as garantias do art. 8.2 protegem o acusado de um processo arbitrário.
o direito a recorrer de uma decisão condenatória engloba o direito de que a sentença seja revisada integralmente por juiz ou tribunal distinto e de superior hierarquia orgânica. Esse recurso deve ser acessível, ou seja, não deve conter requisitos complexos para que seja conhecido, porque tornaria “ilusório este direito”. Por isso, as formalidades para admissão do recurso devem ser mínimas e não representarem obstáculos a que recurso cumpra a finalidade de examinar e decidir acerca das impugnações. Independentemente do sistema recursal adotado por cada país, e dos procedimentos específicos para impugnação das decisões, é fundamental que o recurso possa funcionar como um meio eficaz para corrigir decisões errôneas. Por isso é fundamental poder o acusado impugnar questões fáticas, probatórias e jurídicas da decisão condenatória, em face da interdependência entre as situações de fato e o direito aplicado à atividade jurisdicional. 
O STF, em várias ocasiões, foi instado a manifestar-se acerca do duplo grau de jurisdição. No RHC 79.785, rel. Min. Sepúlveda Pertence, de 2000, consignou não ser o duplo grau um princípio e nem uma garantia constitucional. Entendeu aplicar-se a CF acima do art. 8.2, h, da CADH. Discutiu-se, no caso, o duplo grau em face da competência originária dos Tribunais (DJ de 22.11.2002).
O STF, no AI no 513.044, DJ de 8.4.2005, rel. Min. Carlos Velloso, entendeu que a garantia do duplo grau de jurisdição não integra a CF. Porém, no julgamento do AI no 601.832, rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ de 2.4.2009, reconheceu o direito ao duplo grau no âmbito criminal, o qual restaria excepcionado nos casos de decisão proferida em processo de competência originária.
No julgamento do Caso Mensalão, uma das discussões foi o cabimento dos embargos infringentes, recurso previsto no Regimento Interno no STF, mas não na Lei 8.038/1990. Um dos fundamentos da admissibilidade foi o princípio do duplo grau de jurisdição, contido no art. 8.2, h, da Convenção Americana dos Direitos Humanos. No voto do Min. Celso de Mello, quem desempatou o julgamento, há expressa referência à CADH e ao Caso Barreto Leiva vs. Venezuela (2009). Nesse caso, a CIDH firmou a necessidade de ser garantido o duplo grau de jurisdição, de forma integral, ou seja, de o mesmo caso comportar duas apreciações, independentemente do juízo que proferiu a decisão (foro por prerrogativa de função, v.g.). Alguns dos acusados reclamaram perante a Comissão de Direitos Humanos, em face do descumprimento do duplo grau de jurisdição. Posteriormente, o Regimento Interno do STF foi modificado, de modo que hoje existem duas Turmas, com possibilidade de recurso interno (emenda regimental 49/2014).

Outros materiais