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LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA: IMPLICAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E TRABALHISTA 
 
Rev.Multi.Sert. v.07, n.1, p. 125-141, Jan-Mar, 2025 
 
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LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO 
TRABALHISTA: IMPLICAÇÕES 
PREVIDENCIÁRIAS E TRABALHISTA 
SOCIAL SECURITY LABOR LEGAL LIMBO: SOCIAL SECURITY AND 
LABOR IMPLICATIONS 
 
 
Maria Beatriz Rodrigues Mendes1; Manoel Arnobio De Sousa1; 
Ivanilcia Mendes Da Cruz Carvalho1; Caio Marcio Neiva Novaes Antunes Lima¹ 
 
¹Centro Universitário FIS – UNIFIS, Serra Talhada-PE, Brasil. 
 
 
 
Resumo 
A pesquisa teve como finalidade analisar a situação do limbo jurídico previdenciário trabalhista, que ocorre quando o 
trabalhador se encontra sem amparo tanto pela previdência social quanto pelo empregador, devido a questões 
burocráticas, legais ou interpretações conflitantes das normas. O propósito da pesquisa esteve envolvido na análise 
das implicações previdenciárias e trabalhistas dessa situação, identificando as obrigações do empregador e as 
dificuldades enfrentadas ao lidar com a reintegração dos funcionários após a alta previdenciária. Corroborado com 
estudo foi estabelecido conexão com as ideias de Pierre Rosanvallon, exposta em seu livro “A nova questão social: 
Repensando o Estado Providência”, ponderando as questões de desproteção e insegurança jurídica nesse contexto. A 
metodologia utilizada é dedutiva, com base em teorias, leis e estudos, explorando a legislação, doutrina e artigos. 
Dividida em três seções, a primeira abordou a seguridade social, com ênfase na previdência social, visto que a 
problemática se dá nos benefícios próprios a ela. Em seguida, abordou-se o estudo sobre os contratos de trabalho, 
destacando os casos de suspensão e interrupção, afastamento do empregado incapacitado para exercer sua função e 
a perícia médica trabalhista. Por fim, foram discutidas as características do limbo jurídico, as posições jurisprudenciais, 
observando que há duas perspectivas em relação a quem deve ser responsável pelo pagamento dos salários ao 
empregado nesse caso e o projeto de lei 2.260/2020. Contudo, a falta de legislação específica dificulta a busca por 
soluções que garantam a segurança jurídica-social e o bem-estar de todos os envolvidos. 
 
Palavras-chave:. Dignidade humana. Efeitos ao empregador. Incapacidade. Limbo jurídico. Segurança jurídica. 
 
 
 
Abstract 
The research aimed to analyze the situation of legal limbo regarding labor social security, which occurs when the worker 
finds himself without support from both social security and the employer, due to bureaucratic, legal issues or conflicting 
interpretations of the rules. The purpose of the research was involved in analyzing the social security and labor 
implications of this situation, identifying the employer's obligations and the difficulties faced when dealing with the 
reintegration of employees after social security discharge. Corroborated by the study, a connection was established with 
the ideas of Pierre Rosanvallon, set out in his book “The new social question: Rethinking the Welfare State”, considering 
the issues of lack of protection and legal insecurity in this context. The methodology used is deductive, based on theories, 
laws and studies, exploring legislation, doctrine and articles. Divided into three sections, the first addressed social 
security, with an emphasis on social security, since the problem arises from the benefits specific to it. Next, the study of 
employment contracts was addressed, highlighting cases of suspension and interruption, removal of employees unable 
to perform their duties and labor medical expertise. Finally, the characteristics of legal limbo and jurisprudential 
positions were discussed, noting that there are two perspectives in relation to who should be responsible for paying 
salaries to the employee in this case and bill 2,260/2020. However, the lack of specific legislation makes it difficult to 
find solutions that guarantee legal and social security and the well-being of everyone involved. 
 
Key words: Human dignity. Effects on the employer. Disability. Legal limbo. Legal security. 
 
Rev.Multi.Sert. v.07, n.1, p. 125-141, Jan-Mar, 2025 
 
 
LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA: IMPLICAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E TRABALHISTA 
 
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INTRODUÇÃO 
O presente artigo apresenta como questão a ser pesquisada o limbo jurídico 
previdenciário trabalhista relacionado a responsabilidade do empregador frente à alta 
previdenciária do empregado, onde existe uma situação em que ocorre uma falta de clareza ou 
indefinição nas responsabilidades do empregador em relação à previdência social, 
especificamente quando se trata de casos de alta previdenciária de funcionários. 
O limbo jurídico previdenciário diz respeito ao período em que um empregado encontra-
se afastado do trabalho devido a alguma incapacidade decorrente de acidente ou doença, 
recebendo benefício previdenciário, no entanto, ocorre do INSS considera que o segurado 
recuperou a capacidade laborativa e já encontra-se apto ao retorno de suas atividades, mas o 
médico do trabalho, responsável pelo exame de retorno, atesta que ele está inapto. Deste 
impasse surge o chamado limbo jurídico previdenciário trabalhista, que consiste em um lapso 
temporal em que o trabalhador fica sem trabalhar e por isso, sem receber salários, mas também 
não recebe o benefício previdenciário. 
Diante do exposto o estudo tem como objetivo geral a análise e compreensão das 
implicações previdenciárias e trabalhista frente à alta previdenciária, buscando identificar quais 
são as obrigações do empregador nesse contexto e como a legislação brasileira pode ser 
interpretada. Além disso, pretende-se investigar quais são as principais dificuldades enfrentadas 
pelos empregadores ao lidar com a reintegração dos funcionários após a alta previdenciária. 
Podendo ser visto como objetivos específicos a questão da situação do segurado/empregado 
que perpassa pelo período do limbo jurídico previdenciário trabalhista, seguindo para analisar 
a responsabilidade do empregador em face do limbo jurídico, diante das legislações 
previdenciárias e trabalhistas pertinentes e examinar os efeitos da falta de definição do vínculo 
empregatício sobre a responsabilidade do empregador frente à alta da previdência social, 
levando em consideração os direitos e obrigações previdenciárias. 
Corroborando com o estudo, é possível estabelecer uma conexão ao explorar com as 
ideias de Rosanvallon, exposta em seu livro “A nova questão social: repensando o Estado 
Providência”, sobre reformas no estado de providência e na proteção social podem influenciar 
e impactar as lacunas e ambiguidades legais que resultam no limbo jurídico. Isso envolve 
analisar como as propostas de Rosanvallon podem oferecer entendimento para as incertezas 
legais enfrentadas por trabalhadores em situações previdenciárias e trabalhistas, e como suas 
reflexões sobre repensar o estado de providência podem contribuir para abordar questões de 
desproteção e insegurança jurídica nesse contexto. 
Para entender essa questão a metodologia de enfoque utilizado no presente estudo é o 
dedutivo, no qual, utiliza-se de teorias, leis, e estudo em geral, explorando-se a legislação, 
doutrina e artigos. Os instrumentos utilizados são pesquisas bibliográfica, documental e 
legislativa. Dessa forma, tem como objetivo demonstrar com base, estudo em questão, a área 
previdenciária e trabalhista forense, limbo jurídico, empregado e empregador, além de 
legislações e decisões pertinentes a esse assunto e doutrina. 
O artigo está divido em três seções, a primeira será uma apresentação do que é a 
seguridade social e suas espécies, dando preferência a previdência social que será o ponto 
principal para compreensão do tema central, contextualizando o que é benefício por 
incapacidade, seu requisito e pontos peculiares principalmente na realização da perícia médica 
previdenciária. A segunda parte traráo estudo sobre contrato trabalhista, a suspenção em caso 
do afastamento do empregado incapacitado exercer sua função e a perícia medica trabalhista. 
A terceira seção vai tratar das características do limbo jurídico previdenciário trabalhista e em 
qual momento ele ocorre, observando jurisprudências de diversos tribunais e opiniões de 
especialista no tema, tratando as posições de jurisprudências quanto o assunto e o projeto de 
lei 2.260/2020, discutido as questões éticas e de justiça social. 
 
 
 
 
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REFERENCIAL TEÓRICO 
SEGURIDADE SOCIAL 
A seguridade social tem previsão legal no artigo 194 da Constituição Federal, sendo está 
um conjunto integrado de ações tanto do poder público como da sociedade, sua finalidade é 
assegurar direitos à saúde, previdência e assistência social. A lei 8.212/1991 regulamenta a 
seguridade social. Pierre Rosanvallon em sua obra “A nova questão social: Repensando o Estado 
de Providência”, afirma que a seguridade social deve ser entendida como um sistema de 
proteção aos cidadãos, garantindo a eles um mínimo de bem estar e segurança em momentos 
de vulnerabilidade, como doenças, desemprego, acidentes de trabalho, invalidez e velhice. 
A partir da leitura do dispositivo constitucional, observa-se que a Seguridade Social é um 
gênero com três espécies: Saúde, Assistência Social e Previdência Social. 
O direito à saúde pode ser entendido como direito à assistência e tratamento gratuitos no 
campo da Medicina, sendo assegurado a população sem qualquer distinção, 
independentemente de contribuição social, levando em conta um elemento crucial para 
minimizar a probabilidade de doenças e outros problemas de saúde, além de garantir a todos 
o acesso equitativo e universal a medidas e atendimentos voltados para a promoção, prevenção 
e tratamento. Pelas ações na área de saúde, destinadas a oferecer uma política social com a 
finalidade de reduzir riscos de doenças e outros agravos, é responsável o Sistema Único de 
Saúde – SUS (art. 198 da Constituição), de caráter descentralizado. (LAZZARI, 2023, p.82), 
A assistência social tem por característica a prestação a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social. Portanto, o único pré-requisito para o 
auxílio assistencial é a necessidade do assistido e, assim como a saúde, independe de 
contribuição. Esta tem seus objetivos enumeradas no Art. 203 da CF/88. 
Enquanto isso, a previdência social é organizada sob a forma do Regime Geral de 
Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que 
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Seus objetivos estão previstos no art. 201 da 
CF/1988. Nesse sentido, é a espécie relevante para a compreensão do objeto do presente 
trabalho, uma vez que o limbo jurídico previdenciário trabalhista se encontra precisamente na 
esfera dos benefícios próprios a ela. 
 
PREVIDÊNCIA SOCIAL 
É importante ressaltar que a previdência social sofreu diversas alterações desde a sua 
criação, o que justifica sua importância para a sociedade. O sistema previdenciário através do 
tempo adquiriu características específicas, assentadas na combinação de múltiplos fenômenos, 
entre eles: a situação do trabalho formal, as funções do Estado e a capacidade de pressão dos 
trabalhadores. Lembrando então de Pierre Rosanvallon, que afirma que um dos sistemas de 
seguridade social implica um reforço do sentimento de participação na comunidade. 
Em um breve contexto histórico da Previdência social, desde 1822, início do império 
brasileiro, o legislativo discutia formas de aposentadoria, concedida de maneira arbitrária e por 
favorecimentos a pessoas influentes. A Constituição da República de 1891 foi a primeira a 
mencionar o termo aposentadoria, concedida apenas a funcionários públicos em casos de 
invalidez. Em 1919, o Decreto-Legislativo n. 3.724 regulou as obrigações resultantes de 
acidentes de trabalho, colocando a responsabilidade da indenização acidentária sobre o 
empregador. 
Em 1923, foi promulgada a Lei Eloy Chaves (Decreto-Legislativo n. 4.682), considerada o 
marco inicial da previdência social brasileira, autorizando a criação das Caixas de Aposentadoria 
e Pensões (CAP) para os empregados das empresas de estradas de ferro. A gestão das CAP era 
feita pelas próprias empresas e custeadas pelos trabalhadores e empresas, sem contribuição do 
Estado. Em meados de 1930, as CAPs foram reunidas pelo Instituto de Aposentadoria e Pensão 
(IAP), organizado como autarquias federais por categoria profissional, criando um sistema 
nacional de previdência social e ampliando o número de segurados. 
 
 
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A Constituição de 1934 foi a primeira a estabelecer, em texto constitucional, a forma 
tripartite de custeio: contribuição dos trabalhadores, dos empregadores e do Poder Público, 
destacando em especial o art. 121, § 1º, 2
. 
Na Constituição de 1946 deu-se a expressão “previdência social” (LAZZARI, 2023, p.79), 
destacada em seu Art. 157 “A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos 
seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores:”. Em 
1960 a Lei n. 3.807, Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), uniformizou a legislação 
previdenciária, sem, contudo, unificar os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP). Em 1966 o 
Decreto-Lei n. 72, o qual unificou os IAP, centralizando a organização previdenciária no Instituto 
Nacional de Previdência Social (INPS), efetivamente implantado em 1967. 
A Lei n. 6.439, de 1977, estabeleceu o Sistema Nacional de Previdência e Assistência 
Social (SINPAS), visando reorganizar a Previdência Social com medidas administrativas, sem 
alterar direitos e deveres ou condições das prestações. 
Por sua vez a Constituição de 1988 abordou pela primeira vez no Brasil a seguridade 
social como um conjunto de ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social. Em 1990, 
a Lei n. 8.029 criou o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), vinculado ao Ministério da 
Previdência Social. Em julho de 1991, entraram em vigor a Lei n. 8.212 (Plano de Custeio e 
Organização da Seguridade Social) e a Lei n. 8.213 (Plano de Benefícios da Previdência Social), 
que tratam da organização da seguridade social, planos de custeio e benefícios. Em 1999, foi 
aprovado o Regulamento da Previdência Social (RPS) pelo Decreto n. 3.048. 
Nesta linha, a previdência social atua como um mecanismo de proteção econômica e 
segurança financeira, fornecendo benefícios além do custeio de aposentadorias, abrangendo 
diversas formas de proteção contra os riscos sociais. Nesse sentido, o seguro social funciona 
como uma ‘mão-invisível’, produzindo a segurança e a solidariedade sem a intervenção da boa 
vontade dos homens: fazendo de cada um a parte de um todo, torna os indivíduos 
interdependentes (ROSANVALLON, 1995, pag. 37). 
Do exposto, pode-se dizer que o direito à Previdência Social é um reflexo do direito ao 
trabalho, estando a ele intrinsecamente ligado. 
Os segurados obrigatórios estão elencados nos incisos do Art. 11 da Lei nº 8.213/91, e 
se dividem em: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso 
e segurado especial. Os segurados facultativos, por sua vez, são aqueles que não se enquadram 
em nenhuma das hipóteses de obrigatoriedade, mas que desejam a proteção conferida pela 
Previdência Social e, para isso, contribuem espontaneamente ao RGPS. Logo, a previdência 
social prevalece em constante manutenção para melhor enquadrar no contexto social atual, 
sendo envolvido pelos princípios e diretrizes específicos no art. 3 da lei nº 8.212/1991. 
A filiação obrigatória a todo trabalhador que se enquadre na condição de seguradoé 
considerada pelo regime geral como tal, desde que não esteja amparado por outro regime 
próprio. Dessa forma, o esforço do Estado em garantir o indivíduo em face dos eventos 
protegidos pela Previdência não surtiria o efeito desejado caso a filiação fosse meramente 
facultativa (LAZZARI, 2023, p.119) 
A Previdência Social opera com um sistema contributivo, abrangendo apenas aqueles que 
contribuem de alguma forma. Em certos casos, a responsabilidade pelo pagamento da 
contribuição recai sobre outra pessoa, como no caso do trabalhador empregado, cuja 
 
2 Art 121 - A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições do trabalho, na cidade e nos 
campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País. 
§ 1º - A legislação do trabalho observará os seguintes preceitos, além de outros que colimem melhorar as condições 
do trabalhador: 
h) assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurando a esta descanso antes e depois do 
parto, sem prejuízo do salário e do emprego, e instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, 
do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes de 
trabalho ou de morte; 
 
 
 
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contribuição é coberta pelo empregador. Além disso, a garantia do benefício mínimo assegura 
uma renda mensal não inferior ao valor do salário mínimo vigente para os benefícios que 
substituem o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho. 
 
BENEFICIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA 
O auxílio por incapacidade temporária, até a Emenda Constitucional 103/2019 era 
denominado de auxílio-doença. A nova nomenclatura se deu a parti do Decreto 10.410/2020, 
destacando que a lei 8.213/91 ainda não fez a adequação. 
O benefício é concedido ao segurado impedido temporariamente de trabalhar por doença 
ou acidente, ou por prescrição médica (um exemplo usual é em caso de gravidez de risco), será 
devido ao segurado que, uma vez cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, 
ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias 
consecutivos, conforme definido em avaliação médico-pericial. 
 
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto 
dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do 
início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. 
[...] 
§ 3º Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por 
motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário 
integral. (BRASIL, Lei nº 8.213/91, 2024) 
 
Na conformidade do que prevê o Manual de Perícias Médicas do INSS (2018), 
incapacidade laborativa é a impossibilidade de desempenho das funções específicas de uma 
atividade, função ou ocupação habitualmente exercida pelo segurado, em consequência de 
alterações morfopsicofisiológicas provocadas por doença ou acidente. 
Do ponto de vista social, o benefício por incapacidade temporária é de grande 
importância, pois garante ao trabalhador uma salvaguarda para seu sustento e o de sua família 
durante o período de incapacidade laboral, evitando deixá-lo desamparado. 
 
REQUISITOS PARA CONCESSÃO 
Os requisitos para acessar este benefício, o trabalhador precisa ser segurado da 
previdência social, estar incapacitado para o trabalho por mais de 15 dias consecutivos, a 
carência exigida para a concessão do auxílio por incapacidade temporária, regra geral, é de 12 
contribuições mensais. Entretanto, nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de 
doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao 
RGPS, for acometido de alguma das doenças ou afecções especificadas em lista elaborada pelos 
Ministérios da Saúde e da Previdência Social, de acordo com os critérios de estigma, deformação, 
mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam 
tratamento particularizado, não exige essa carência para a concessão do benefício.3
 
INÍCIO E TERMO FINAL DO BENEFICIO 
Como mencionado o benefício por incapacidade temporária será devido ao segurado 
empregado a contar do 16º dia do afastamento da atividade ou a partir da data da entrada do 
requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de 30 dias. 
E ao segurado empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso, especial ou 
 
3 Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: 
[...] 
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença 
profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma 
das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, 
atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro 
fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; 
 
 
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facultativo, a contar da data do início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, 
se entre essas datas decorrerem mais de 30 dias. 
 
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto 
dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do 
início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. 
§ 1º Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o 
auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requerimento. 
§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995) 
§ 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por 
motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário 
integral (BRASIL, Lei nº 8.213/91, 2024) 
 
No que se refere às maneiras de cessação do benefício, existe três possibilidades 
principais: a) a recuperação do segurado; b) a alta programada e c) a conversão em 
aposentadoria por incapacidade permanente. 
A primeira diz respeito a recuperação do segurado verificada por meio de perícia médica 
obrigatória. A segunda maneira é chamada de alta programa, que consiste obrigatoriamente 
pelo perito médico, do tempo necessário para que a pessoa se recupere, sendo que ao final do 
prazo o repasse do benefício é suspenso imediatamente, sem necessidade de novo exame, 
excerto se chegando ao prazo da cessação do benefício e o segurado, caso não se sinta 
recuperado, deverá solicitar a prorrogação do benefício 15 dias antes da cessação onde será 
realizada nova perícia. Por fim, no caso de conversão em aposentadoria por invalidez já não há 
mais chances de recuperação para o exercício de suas funções, razão pela qual se aposenta pela 
incapacidade. 
Nesse sentido, alguns comentários deve ser feitos no que tange á alta programa, visto no 
tema n. 164 da TNU, a tese firmada foi: 
 
Por não vislumbrar ilegalidade na fixação de data estimada para a cessação do auxílio- 
doença, ou mesmo na convocação do segurado para nova avaliação da persistência das 
condições que levaram à concessão do benefício na via judicial, a Turma Nacional de 
Uniformização, por unanimidade, firmou as seguintes teses: 
(...) 
b) os benefícios concedidos, reativados ou prorrogados posteriormente à publicação 
da MP nº 767/2017, convertida na Lei n.º 13.457/17, devem, nos termos da lei, ter a sua 
DCB fixada, sendo desnecessária, nesses casos, a realização de nova perícia para a 
cessação do benefício; 
c) em qualquer caso, o segurado poderá pedir a prorrogação do benefício, com 
garantia de pagamento atéa realização da perícia médica."(Grifos nosso) 
 
O tema analisou questões relacionadas à definição e ao período de concessão de 
benefícios como o auxílio-doença, atual beneficio por incapacidade temporária, considerando a 
possibilidade de alta programada para os segurados, em que deve ter um prazo estimado para 
cessações, levando em consideração a existência de uma nova data de cessação do benefício e 
facultando o segurado a requerer prorrogação. Essa discussão entende relevante, pois aborda 
a necessidade de estabelecer prazos e critérios claros para a cessação dos benefícios por 
incapacidade temporária, visando garantir a proteção social dos segurados de forma justa e 
adequada. 
Dado essa os reflexos das novas regras constantes na MP nº 739/2016 (§§ 8º e 9º do art. 
60 da Lei 8.213/1991) na fixação da data de cessação do benefício. 
 
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto 
dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do 
início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. 
(...) 
§ 8o Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial 
ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. 
 
 
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§ 9o Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8o deste artigo, o benefício cessará 
após o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação do 
auxílio-doença, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma 
do regulamento, observado o disposto no art. 62 desta. (Grifos nossos) 
 
Uma crítica em relação alta programa é o descaso com o princípio da dignidade da pessoa 
humana, por ser algo subjetivo e dar margem a erros medico e dessa forma apresentar 
possibilidade de gerar a situação do limbo previdenciário-trabalhista, tema deste trabalho. 
A reabilitação profissional, oferecida pelo INSS, engloba avaliação de capacidades e 
limitações, treinamento para nova profissão, adaptação do ambiente de trabalho e outros 
suportes para o retorno às atividades laborais. Quando considerada necessária pela Autarquia, 
é obrigação do segurado submeter-se ao processo de reabilitação profissional, disposto na Lei 
8.213/91: 
 
Art. 101. O segurado em gozo de auxílio por incapacidade temporária, auxílio- acidente 
ou aposentadoria por incapacidade permanente e o pensionista inválido, cujos benefícios 
tenham sido concedidos judicial ou administrativamente, estão obrigados, sob pena de 
suspensão do benefício, a submeter-se a: 
I - exame médico a cargo da Previdência Social para avaliação das condições que 
ensejaram sua concessão ou manutenção; 
II - processo de reabilitação profissional prescrito e custeado pela Previdência Social; 
e 
III - tratamento oferecido gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, 
que são facultativos. (BRASIL, Lei nº 8.213/91, 2024) 
 
Dessa conjuntura surgiu a necessidade de uma postura positiva e protetiva do Estado para 
acobertar o indivíduo em situações em que este não possa promover o próprio sustento, 
materializado na Seguridade Social. Os direitos sociais estão, pois, intimamente ligados à 
segurança econômica e à proteção ao trabalhador, bem como à eleição do direito fundamental 
à dignidade humana. 
 
LAUDO PERICIAL 
A perícia médica do INSS está submetida às Normas do Conselho Federal e Regional de 
Medicina, ao Código de Ética Médica, tal como a Legislação Previdenciária, além da Constituição 
Federal. 
No Manual de perícia médica do INSS, define “A perícia médica é ato privativo do médico 
investido em função que assegure a competência legal e administrativa do ato profissional, a 
fim de contribuir com autoridades administrativas, policiais ou judiciárias na formação de juízos 
a que estão obrigados”. 
No caso das pericias medica previdenciárias, que são realizadas pelo INSS no âmbito 
administrativo para verificar a capacidade laborativa do trabalhador. Essas perícias determinam 
se o trabalhador tem viabilidade ou não de exercer suas funções, sendo crucial para a concessão 
do benefício por incapacidade temporária. Além disso, a perícia médica que afasta o trabalhador 
do emprego é responsabilidade do perito médico da Previdência Social. 
O servidor que faz o laudo médico, documento resultante dessa avaliação, deve conter 
informações detalhadas sobre o estado de saúde do segurado, diagnóstico, tratamento 
realizado, limitações físicas ou mentais, e recomendações relacionadas à capacidade laboral, 
sendo necessário estipular um período esperado para recuperação onde o INSS poderá definir 
a alta programada. 
Após a data definida na carta de concessão presume-se que o trabalhador poderá voltar 
para o exercício normal de suas funções. 
Recentemente outra forma de análise da incapacidade foi implantado por meio da 
portaria conjunta MPS/INSS Nº 38, de 20 de julho de 2023, a analise documental, tendo como 
objetivo facilitar o acesso do cidadão ao benefício por incapacidade por ATESTMED e aumentar 
os requerimentos de benefício por incapacidade por meio da análise documental. 
 
 
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Para essa análise, a documentação médica necessária para análise do benefício deve ser 
recente e incluir todos os documentos médicos relacionados à doença que motiva o 
requerimento, bem como a identificação do requerente, data de emissão, período estimado de 
repouso, assinatura e carimbo do profissional com CRM, CRO ou RMS, e informações sobre a 
doença ou CID. 
É importante destacar que na perícia médica previdenciária, na esfera administrativa, 
além do entendimento técnico, é indispensável que o perito tenha conhecimento da legislação, 
sendo necessário que realize uma avaliação econômica da situação. Visto que, a falta de 
observação dessa parte pode influenciar na decisão e ocasionar prejuízo á vida do segurado. 
 
CONTRATO DE TRABALHO 
O contrato é o acordo tácito ou expresso mediante o qual ajustam as partes condições, 
direitos e deveres. Tecnicamente, surge como o resultado da vontade de seres juridicamente 
livres que são capazes de firmar obrigações entre si, observando-se a licitude do objeto. Na 
visão de Mauricio Godinho Delgado (2019), “define-se o contrato de trabalho como o negócio 
jurídico expresso ou tácito mediante o qual uma pessoa natural obriga-se perante pessoa 
natural, jurídica ou ente despersonificado a uma prestação pessoal, não eventual, subordinada 
e onerosa de serviços.” 
Nesse mesmo sentido Delgado (2019), destaca os elementos essenciais do contato do 
direito do trabalho como: 1) Os agentes capazes seja o empregado como o empregador 
precisam ser capazes, nos termos da legislação civil, para assumirem obrigações no contrato de 
trabalho; 
2) O objeto do trabalho prestado pelo trabalhador tem os limites de ser algo lícito 
para fins de ser reconhecido pelo Direito do Trabalho; 3) Forma regular ou não proibida; 4) 
Higidez de manifestação de vontade, em que as partes, no contrato do trabalho, possuem 
interesse na prestação do serviço e na continuidade da relação, em tese. 
Referente aos agentes, é necessário empregador e empregado tenha todas as 
características do art. 2 e 3 da CLT, a relação de emprego, o empregador deve ser pessoa física, 
trabalhar de forma não eventual, que tenha uma remuneração e que haja subordinação ao 
empregador, mas ainda assim tem que estar presente a pessoalidade. Enquanto o empregado 
pode ser pessoa jurídica ou física e assume a responsabilidade econômica da atividade, ou seja, 
o empregador assume tanto os riscos positivos, quanto os riscos negativos não sendo possível a 
transmissão do risco da atividade para o empregado. 
Quanto a anotação na CTPS, está pode ser dispensável,mesmo que o empregador não 
tenha esse documento assinado, ele não ficará dispensado de realizar a as obrigações 
trabalhista, considerado uma infração do empregador por não assinar. A Súmula 12 do TST faz 
a observação que as informações colocadas na CTPS não têm validade absoluta. 
 
Súmula n. 12 do TST - CARTEIRA PROFISSIONAL - As anotações apostas pelo empregador 
na carteira profissional do empregado não geram presunção juris et de jure”, mas apenas 
juris tantum”. 
 
INTERRUPÇÃO OU SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 
No direito do trabalho existe duas causas em que o contrato de trabalho pode ser 
interrompido em virtude de algum acordo entre as partes ou até mesmo por motivo previsto em 
lei, nas quais são conhecidos como suspensão e interrupção. 
Existe diferenças entre suspensão e interrupção, entretanto nas duas situações o vínculo 
de emprego ainda é mantido entre as partes. 
A suspensão do contrato de trabalho, tem a sustação temporária dos principais efeitos do 
contrato de trabalho, como já dito mantém o vínculo entre as partes. No entanto, não tem 
obrigações pecuniárias pelo empregador e nem direito do trabalhador ao recolhimento do FGTS 
do período suspenso, como também não é mantida nesse período as obrigações trabalhistas. 
 
 
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Dessa maneira, “É a sustação ampliada e recíproca de efeitos contratuais, preservado, porém, 
o vínculo entre as partes. (DELGADO, 2019, p. 1262)” 
As suspensões do contrato de trabalho podem ocorrer por motivo alheio à vontade 
obreira, exemplo, por motivo de acidente de trabalho ou doença ocupacional do trabalho a 
partir do 16º dia, assim como, para qualificação do trabalhador, prestação de serviço militar, 
encargo público obrigatório, por motivos ilícitos do empregado como no caso de suspensão 
disciplinar. 
Enquanto isso, no caso da interrupção do contrato de trabalho, ocorre também a sustação 
temporária da principal obrigação do empregado no contrato de trabalho, mantendo o vínculo 
entre as partes, no entanto é mantida as obrigações pecuniárias pelo empregador e existe o 
direito do trabalhador ao recolhimento do FGTS do período interrompido, nessa situação é uma 
sustação restrita, denominado por alguns doutrinados como “suspensão parcial do contrato” 
(Gomes e Gottschalk), mantidas nesse período as obrigações trabalhistas, sendo suspenso 
apenas a prestação de serviços. Exemplos de interrupção estão previsto no artigo 473 da CLT.4 
O caso do § 3º do art. 60 da Lei 8.213/91, em que os primeiros 15 dias de afastamento 
do empregado em caso de doença ou incapacidade laboral são de responsabilidade do 
empregador, isto é, há interrupção do contrato, pois o empregado não pode prestar os serviços 
que na qual foi contrato. 
Diante do que foi exposto é possível observar que existe várias causas de suspensão e 
interrupção do contrato de trabalho. No entanto, para uma melhor compreensão do tema 
central do estudo, é necessário focar nos casos de interrupção do contrato devido aos primeiros 
15 dias de afastamento, que são responsabilidade do empregador, e nos casos de suspensão 
na concessão de benefício por incapacidade temporária após o 16º dia, ou ainda na 
aposentadoria por invalidez. 
Finalmente, o trabalhador, com o fim da condição que suspendeu ou interrompeu o 
contrato de trabalho, deve retornar à empresa e ter garantido o regresso às suas funções 
anteriores. 
 
AFASTAMENTO DO EMPREGADO INCAPACITADO PARA EXERCÍCIO DE SUA FUNÇÃO 
O afastamento do trabalho acontece quando um colaborador não comparece à empresa 
e não desempenha suas funções por um período definido devido a motivos assegurados por lei. 
Além disso, para usufruir do benefício, o funcionário deve comprovar sua ausência, sob risco de 
 
4 Art. 473 - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: 
I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou 
pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica; 
II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; 
III - por 5 (cinco) dias consecutivos, em caso de nascimento de filho, de adoção ou de guarda compartilhada; 
IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente 
comprovada; 
V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos têrmos da lei respectiva. 
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra "c" do art. 
65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar). 
VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em 
estabelecimento de ensino superior. 
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo. 
IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver 
participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro, 
X - pelo tempo necessário para acompanhar sua esposa ou companheira em até 6 (seis) consultas médicas, 
ou em exames complementares, durante o período de gravidez; 
XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica. 
XII - até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de 
câncer devidamente comprovada. 
Parágrafo único. O prazo a que se refere o inciso III do caput deste artigo será contado a partir da data de 
nascimento do filho. 
 
 
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ser considerada uma falta injustificada caso a comprovação não ocorra conforme estabelecido 
em lei. 
No caso de afastamento por incapacidade ou por acidente ocorre, quando, o trabalhador 
é acometido por uma doença ou sofre um acidente, permitindo que se ausente de suas 
atividades profissionais durante o período de recuperação. 
Como já mencionado anteriormente, a comprovação é feito mediante atestado médico e 
a empresa deverá pagar normalmente o salário do colaborador durante os primeiros 15 dias de 
afastamento do trabalho. Ultrapassando esse período, a responsabilidade pelo pagamento do 
salário é responsabilidade do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e o trabalhador deve 
passar por perícia médica agendada pelo próprio INSS, está previsto no art. 60 da Lei nº 
8.213/91 
Enquanto isso, o afastamento por invalidez acontece quando o colaborador atesta 
incapacidade permanente, sendo incapaz de dar continuidade às suas atividades profissionais. 
Nesse cenário, o contrato de trabalho é suspenso e o afastamento do trabalhador é encerrado 
por meio da aposentadoria por invalidez. 
 
EXAME DO MÉDICO DO TRABALHO 
O médico do trabalho é respaldado em sua autonomia e não deve se submeter a preceitos 
de outros profissionais, devendo sempre preservar e zelar, principalmente, pela saúde e 
integridade física do empregado, com a finalidade de reduzir os acidentes no ambiente de 
trabalho e mitigar as doenças ocupacionais. 
Em relação ao desempenho da função do médico do trabalho está regulamentadas na 
Resolução CFM Nº 2.323/2022, art. 3º, I, em que se reafirma as responsabilidades do médico 
do trabalho e suas autonomias: 
 
Art. 3º Os médicos do trabalho e os demais médicos que atendem os trabalhadores de 
empresas e instituições que admitem trabalhadores independentemente de sua 
especialidade devem: 
I – Atuar visando essencialmente a promoção da saúde e a prevenção da doença, 
conhecendo para tanto os processos produtivos e o ambiente de trabalho da empresa. 
 
O médico do trabalho tem o objetivo de assegurar a qualidade do ambiente de trabalho 
do empregado, fornecendo esclarecimentos que possamcontribuir para melhorias no local de 
trabalho. É fundamental que esse profissional tenha conhecimento das instalações da empresa, 
das funções desempenhadas pelo trabalhador e das possíveis consequências para o empregado. 
É de responsabilidade do Médico do Trabalho realizar os exames ocupacionais dos 
trabalhadores, nos termos estabelecidos no PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde 
Ocupacional) da respectiva empresa, e emitir, para cada trabalhador avaliado, um ASO 
(Atestado de Saúde Ocupacional) com a devida assinatura. 
Relativo ao exame médico, é necessário esclarecer que ele é imposição da Norma 
Regulamentadora 7 (NR 7), item 7.4.3.3 abaixo citado: 
 
7.4.3.3. No exame médico de retorno ao trabalho, deverá ser realizada obrigatoriamente 
no primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual ou superior 
a 30 (trinta) dias por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou 
parto. 
 
Ademais, o exame de retorno ao trabalho é sempre acompanhado do chamado Atestado 
de Saúde Ocupacional, documento de essência obrigatória que apresenta a aptidão ou 
inaptidão do empregado para o exercício de sua função. 
Existe uma diferença entre o exame de retorno do trabalho e o atestado de saúde 
ocupacional. O exame médico de retorno ao trabalho consiste em uma avaliação do estado de 
saúde do trabalhador, com o propósito de determinar se ele está ou não apto a retomar suas 
atividades laborais. Já o atestado de saúde ocupacional – ASO, regulamentado pela NR-7 pelo 
 
 
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item 7.5.19 e seus subitem, é um documento emitido pelo médico do trabalho após a realização 
de todos os exames relacionados aos riscos inerentes à função do trabalhador. Isto é, ele não 
se limita apenas a uma análise clínica, mas também inclui a identificação completa do 
trabalhador, os riscos ocupacionais aos quais ele está exposto, entre outras informações 
relevantes. 
Sendo assim, o trabalhador pode estar capaz para retornar ao trabalho, mas o médico do 
trabalho, após analisar todas as circunstâncias, pode considerá-lo inapto devido ao 
conhecimento dos fatores humanos que o cercam. Isso é feito visando resguardar a saúde e a 
integridade física do empregado, evitando o agravamento da doença ou o surgimento de uma 
nova. 
Dessa forma, obtendo a alta previdenciária e tendo ausência de aptidão declarada pelo 
médico do trabalho, se o empregado não retornar a suas funções pode ser demitido por justa 
causa por interpretarem como abandono de emprego após 30 dia consecutivo de ausência. 
 
SÚMULA Nº 32 - ABANDONO DE EMPREGO - Presume-se o abandono de emprego se o 
trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do 
benefício previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer. 
 
Observa-se que, as decisões do INSS têm presunção de legitimidade, uma vez concedida 
alta médica pela autarquia, todos os atos legais voltam à sua validade. O empregador, se 
necessário, pode restringir as funções do trabalhador ou realocá-lo em outra atribuição que não 
prejudique sua saúde, visando preservar o bem-estar do empregado. 
Contudo, a concessão de alta programada pelo INSS, no entanto, pode acarretar 
consequências drásticas, prejudicando a subsistência do segurado. É fundamental que a 
autarquia realize uma avaliação médica adequada antes de conceder a alta, a fim de evitar a 
criação do limbo jurídico previdenciário trabalhista. 
Por consequência, surge a imprescindibilidade de estudar o tema, uma vez que a 
jurisprudência tem buscado determinar a melhor solução para esse instituto, muitas vezes sem 
observar os preceitos fundamentais e considerando ambas as perspectivas. 
 
LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA 
O limbo jurídico previdenciário trabalhista é uma situação delicada que ocorre quando 
um segurado recebe alta do INSS, mas, ao tentar retornar as suas atividades na empresa, é 
constatada a inaptidão pelo médico do trabalho. Nesse período, o segurado não está recebendo 
benefício do INSS e também não consegue retornar ao trabalho. As consequências são 
significativas tanto no âmbito previdenciário quanto trabalhista. 
Em relação a essa questão, podemos encontrar uma definição fornecida por Martinez: 
 
"Limbo" é palavra que provém do latim, limbus, que se pode traduzir como orla, debrum, 
margem ou franja. Há nesse vocábulo, em sentido jurídico trabalhista/previdenciário, uma 
clara ideia de posicionamento do trabalhador/segurado num ponto esquecido e não 
protegido nem pela lei trabalhista nem pela lei previdenciária. A ideia de "esquecimento" 
provém da concepção católica de limbo, que corresponde a um lugar fora dos limites do 
céu, no qual se vive de forma esquecida, sem a visão plena da eternidade, privado da 
visão beatificada de Deus. Dizer que alguém está no "limbo previdenciário", portanto, 
equivale afirmar que esta pessoa foi "esquecida" tanto no âmbito da relação trabalhista 
quanto previdenciária, pois vive uma situação na qual não se arrima nem pelo salário nem 
por benefício previdenciário. (2018, p. 649) 
 
No mesmo norte, as recentes decisões do TRT – 6º região, por meio do ATOrd 0000327- 
71.2023.5.06.0413 em meio ao acordão trouxe a seguinte definição ao tema em relação a 
matéria: "limbo previdenciário", que nada mais é do que o período em que o 
empregador/empregado e o INSS discordam da aptidão/capacidade do empregado ao 
trabalho. 
 
 
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Dessa forma, o empregado se vê em um impasse: o empregador não paga salários, 
alegando que, segundo o médico da empresa, o trabalhador está inapto para retornar às 
atividades e que o pagamento deve ser feito pelo INSS por meio do benefício de incapacidade. 
O limbo jurídico aborda esse período em que o segurado fica sem salário e também sem o 
benefício do INSS, deixando o empregado desamparado em ambas as situações. 
Reconhecidamente, o empregado é a parte mais vulnerável na relação trabalhista, e essa 
vulnerabilidade se torna ainda mais evidente quando exposto à grave situação estudada. 
Vale ressaltar que este nome é dado pela Doutrina, por se trata de um assunto omisso no 
ordenamento jurídico brasileiro, a doutrina e jurisprudência busca solucionar essa problemática 
se consolidando de forma majoritária de que o empregador deverá ser responsável com os 
custos do empregado considerado ainda inapto a exercer sua atividade laborais. 
No entanto, as consequências do limbo jurídico não afetam apenas o trabalhador, mas 
também trazem dificuldades para o empregador, especialmente quando a responsabilidade pela 
ocorrência do limbo recai majoritariamente sobre o perito do órgão previdenciário. 
Os erros nas avaliações médicas feitas pelo órgão previdenciário, pode gerar uma alta 
programada de forma inadequada, antes que o funcionário se recupere completamente para 
retomar suas funções com segurança, ou quando erros são cometidos nas avaliações médicas 
que ocorrem antes da aprovação ou suspensão do benefício por incapacidade. 
A doutrina e a jurisprudência têm se empenhado em resolver a questão do limbo jurídico, 
uma vez que, não há uma legislação específica, tanto na área previdenciária quanto na 
trabalhista, para lidar com esse cenário. Assim, apresentaremos as correntes existentes a 
respeito da matéria e o Projeto de Lei (PL) 2.260/2020. 
 
POSIÇÃO DE JURISPRUDÊNCIAS E PROJETO DE LEI 
Existe dois posicionamentos a respeito da matéria, a primeira o empregador é responsável 
pelo pagamento de salários ao empregado durante o limbo jurídico e o segundo posicionamento 
consiste na defesa de que, enquanto perdurar a situação de inaptidão para ao exercício habitual 
das funções do trabalhador, órgão previdenciário é quem deve arca com a manutenção do 
trabalhador.A corrente predominante nos tribunais argumenta que o empregador é responsável por 
arcar com os salários do empregado, uma vez que o contrato de trabalho não está mais 
suspenso, e não reconhecendo a completa aptidão do trabalhador para retorno às atividades 
laborais e ocorrendo a alta previdenciária, não possui o condão de autorizar, por si só, a 
suspensão das obrigações contratuais inerentes da relação de trabalho. Diante da 
impossibilidade de não exigir que o funcionário retorne ao trabalho, o empregador deve tomar 
medidas que mostrem claramente a intenção de facilitar o retorno, mesmo que seja necessário 
ajustar as tarefas profissionais oferecidas ao trabalhador. Além disso, o empregador deve apoiar 
qualquer esforço do empregado para restabelecer o benefício junto ao INSS, seja por meio 
administrativo ou judicial. O Tribunal Superior do Trabalho seguiu esse mesmo entendimento 
para julgar o recurso Ordinário abaixo. 
 
DIREITO DO TRABALHO. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE. LIMBO PREVIDENCIÁRIO. A 
recusa do empregador em aceitar o retorno do trabalhador após a alta previdenciária não 
pode afastar o dever de pagamento dos salários e demais haveres trabalhistas 
correspondentes, estes indiscutivelmente de natureza alimentar, inclusive porque, diante 
da presunção de veracidade do ato administrativo do INSS que atesta a aptidão do 
empregado para o labor, cessando o benefício previdenciário, cabe ao empregador tomar 
as providências para receber o empregado, inclusive, se for o caso, realocando-o em 
atividades compatíveis com a limitação identificada, até eventual revisão da decisão 
tomada pelo órgão previdenciário, ou suportar a remuneração pactuada no contrato 
empregatício, medida esta que se encontra abrangida pela noção de alteridade própria 
da relação de emprego, segundo a qual compete ao empregador assumir, com 
exclusividade, os riscos do seu negócio. (Processo: ROT - 0000543-68.2023.5.06.0013, 
Redator: Milton Gouveia, Data de julgamento: 27/02/2024, Terceira Turma, Data da 
assinatura: 28/02/2024) (TRT- 
 
 
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6 - Recurso Ordinário Trabalhista: 0000543-68.2023.5.06.0013, Data de Julgamento: 
27/02/2024, Terceira Turma) 
 
Compreende-se que as decisões do INSS têm presunção de legitimidade. No entanto, 
uma vez concedida alta médica pela autarquia, os atos legais recuperam sua validade. Portanto, 
se o médico do trabalho designado pelo empregador constatar que o funcionário não está apto 
para retornar ao trabalho, deverá informar essa conclusão à empresa, que por sua vez deverá 
apresentar recurso ou ação acidentária contra o INSS. Adicionalmente, caso seja impossível 
readaptar o funcionário após seu retorno, ele deverá receber licença remunerada até que a 
questão seja solucionada, sempre priorizando o lado mais vulnerável da relação contratual, ou 
seja, o do empregado. 
Nesse sentido, esse posicionamento é o mais condizente com a situação do limbo jurídico, 
visto que, se enquadra aos princípios da função social do trabalho e da dignidade da pessoa 
humana, dispensa a Previdência social e enquadra na necessidade de aceitação do risco do 
negócio praticado pelo empregador, além do possível danos morais a ser paga também pelo 
empregador diante dos danos materiais em razão das verbas não pagas, estas garantidoras da 
sua existência. 
 
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. LIMBO 
PREVIDENCIÁRIO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DANO IN RE IPSA. 
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA 
RECONHECIDA.O Regional concluiu que o prejuízo causado pela ausência de pagamento 
de salários após a alta previdenciária, o denominado "limbo previdenciário", por si só, não 
gera dano moral. Todavia, esta Corte firmou entendimento de que a conduta do 
empregador, ao impedir o retorno do empregado ao trabalho e, consequentemente, 
inviabilizar o percebimento da contraprestação pecuniária, mesmo após a alta 
previdenciária, se mostra ilícita e configura dano moral in re ipsa, de modo que não há 
necessidade da efetiva comprovação do dano sofrido pelo empregado. 
Precedentes.Recurso de revista conhecido e provido" (RR-1000547- 98.2019.5.02.0382, 
6ª Turma, Relator Desembargador Convocado Jose Pedro de Camargo Rodrigues de 
Souza, DEJT 05/12/2023). 
 
Diante de todo exposto, falta de clareza ou indefinição nas responsabilidades do 
empregador em ao limbo jurídico gera uma serie obrigações aos envolvidos, a indenização é 
concedida diante do prejuízo causado pela empregadora ao trabalhador, vez que, não é 
admissível que o empregado se encontre em uma situação de limbo jurídico, desamparado, sem 
poder prover sua subsistência. 
O segundo posicionamento, a autor Fabiano de Oliveira Pardo em seu livro “O limbo 
jurídico previdenciário-trabalhista no auxilio doença (2018)” sustenta o argumento que não é 
possível a imposição do laudo pericial da previdência ao laudo médico da empresa, em vista da 
ausência legal que obrigue a isso. 
Observada a diferença já apresentada sobre ambos os laudos e ausência de 
determinações legais, a alternativa seria ingressar na Justiça Federal com uma ação regressiva 
em face da Autarquia requerendo todos os valores pagos durante o período de desamparo do 
trabalhador, alegando que deveria estar recebendo o benefício por incapacidade. 
Nesse entendimento o empregador não age de má-fé ao recusar o retorno do empregado 
ao trabalho, pois está cumprindo seu dever de zelar e garantir a integridade física do 
colaborador, sendo assim o médico do trabalho é a pessoa mais qualificada para determinar a 
capacidade do empregado, considerando seu conhecimento das funções desempenhadas, 
ambiente de trabalho e as condições que podem afetar o trabalhador. Isso inclui avaliar se o 
retorno ao trabalho pode agravar a doença. 
Embora sejam menos comuns, essas soluções parecem ser as mais sensatas. Isso 
implicaria conceder ao empregado uma licença remunerada, seguida pela possibilidade de 
tomar ação regressiva contra a Autarquia quando ficasse evidente que o empregado está 
incapacitado e ainda recebe salário do empregador. Essas medidas estariam alinhadas com os 
 
 
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princípios da dignidade da pessoa humana, valorização do trabalho, razoabilidade e 
preservação da função da empresa. Entretanto, é necessário observar que o lado vulnerável 
nessa relação é a do empregado, sendo crucial a sua garantia da segurança jurídica-social e o 
seu bem-estar. 
Diante dos diversos posicionamento e permanência do empregado nesse impasse, o 
senador Fabiano Contarato (PT-SE) apresentou o Projeto de Lei (PL) 2.260/2020, que pacifica a 
matéria, incluindo novos parágrafos no art. 60, da Lei nº 8.213/91, que atualmente encontra-
se aguardando designação do relator. 
O senador Fabiano Cantarato justifica no projeto de lei: 
 
A ausência de norma regulamentadora dessa situação tão frágil não pode deixar a classe 
trabalhadora desamparada. O empregador não pode simplesmente afirmar que não têm 
a responsabilidade ao pagamento de salário por não haver a contraprestação porque o 
empregado continua doente (BRASIL, Projeto de Lei nº 2.260/2020, 2024) 
 
Partindo do posicionamento majoritário, o projeto de lei tem como premissa, se o 
empregador, mediante exame médico próprio, não aceitar o retorno do empregado, alegando 
que persistem os motivos do afastamento, ele deverá continuar pagando o salário integral até 
que o segurado seja submetido a uma nova perícia médica por parte do INSS. 
Isto posto, ele esclarece: 
 
Há de se ter em vista que a relação laboral, antes de ser considerada uma relação de troca 
econômica, é considerada uma relação de respeito e humanidade. O empregador não 
está a lidar com uma máquina, mas sim com um indivíduo de necessidades complexas cujaforça de trabalho é imprescindível à produtividade e ao lucro. (BRASIL, Projeto de Lei nº 
2.260/2020, 2024) 
 
A proposta compreende que, verificado a inaptidão do empregado em retornar a trabalho 
com base em exame médico próprio, este será responsável pelo pagamento do salário integral 
do período, sendo impossibilitada qualquer compensação de valores pagos com as contribuições 
incidentes na folha de salários caso a nova perícia do INSS não aceitar as alegações do 
empregador. 
 
De outro lado, caso se constate, mediante nova perícia médica oficial que não subsiste 
razão às alegações patronais no sentido que o empregado não está apto ao trabalho, o 
pagamento da remuneração do período lhe caberá, na medida em que nem o empregado 
nem a seguridade social podem ser prejudicados porque o empregador tomou a decisão 
de não aceitar a prestação de serviços fundado em premissas que não subsistem. (BRASIL, 
Projeto de Lei nº 2.260/2020, 2024) 
 
Por outro lado, se as alegações do empregador forem aceitas após o exame, os valores 
pagos no período serão compensados com as contribuições incidentes sobre a folha de salários 
e outros rendimentos do empregado. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Neste trabalho buscou-se compreender como o poder Legislativo e Judiciário busca 
sanear o Limbo Jurídico Previdenciário Trabalhista e quais as possíveis soluções, destacando as 
causas em que dá origem a essa problemática e quem são os principais prejudicados. 
Em linha de compreensão, é possível afirmar que a Seguridade Social, disciplinada na 
Constituição Federal, tendo como objetivo reduzir as desigualdades sociais viabilizando amparo 
ás pessoas que dela necessita. 
O trabalho abordou principalmente os benefícios por incapacidade, tais como auxilio 
incapacidade temporária, aposentadoria por invalidez e auxílio-acidente. A concessão desses 
benefícios depende da realização de uma perícia médica imparcial pela Autarquia, a cargo de 
um médico perito responsável que analisa cada caso. Se o segurado tiver o benefício concedido, 
 
 
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seu contrato de trabalho é suspenso, ou seja, ele não precisa prestar serviços e o empregador 
não paga salários. No entanto, se houver uma nova perícia que indique a capacidade do 
empregado, ele deve retornar ao trabalho. Ao retornar, o empregado deve passar por avaliação 
do médico do trabalho responsável, que pode considerá-lo inapto de voltar ao emprego devido 
ao risco de agravamento da doença. 
Dessa forma, o benefício previdenciário extinto de forma indevida, pode levar em 
consideração o trabalhador não está de fato recuperado para retornar ao trabalho ou a empresa 
de forma indevida deixar de realizar a readmissão do empregado. 
Nessa situação em que o empregado se encontra, ocorre o chamado limbo jurídico 
previdenciário, deixando o empregado desamparado, sem receber salário da empresa e 
tampouco o valor do benefício previdenciário. 
Diante desse cenário, existem dois posicionamentos para solucionar esse impasse. A 
primeira corrente, predominante nos tribunais, argumenta que o empregador deve ser 
responsável pelo pagamento dos salários durante o período em que o empregado está 
desamparado, ou ainda que o empregado seja readaptado em nova função com o pagamento 
de salários. 
Por outro lado, a corrente minoritária entende que o empregador deve conceder uma 
licença remunerada ao trabalhador, para que este fique amparado até solucionar o impasse, 
no entanto, se o INSS reconhecer a incapacidade do segurado em um novo pedido de benefício, 
o empregador teria permissão para buscar a restituição dos valores pagos através de uma ação 
regressiva contra a Autarquia. 
Em analise ao Projeto de Lei nº 2.260/2020 compreende que, seguindo o posicionamento 
majoritário, se o empregador, por meio de um exame médico realizado internamente, se recuse 
a permitir o retorno do empregado, alegando sua inaptidão, será necessário o pagando o salário 
integral até que o segurado passe por uma nova avaliação médica realizada pelo INSS. Nesse 
caso, não será permitida nenhuma compensação de valores caso a nova avaliação do INSS não 
aceite as alegações do empregador. Por outro lado, se as alegações do empregador forem 
aceitas após o exame, os valores pagos durante esse período serão compensados. 
Finalmente, diante das controvérsias que envolvem o limbo jurídico previdenciário 
trabalhista, é fundamental a atuação do legislador para a criação de medidas que possam 
garantir a proteção dos direitos dos trabalhadores e a segurança jurídica das relações de 
trabalho. 
 
 
 
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Recebido: 15/01/2025 
 
Aprovado: 11/03/2025 
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