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P A N I F I C A Ç Ã O E D O Ç A R I A PROFª JENNIFER SILVA Introdução Os pães e os doces têm significados impressionantes desde a antiguidade. Em festas, comemorações, reuniões, encontros religiosos ou mesmo em simples refeições ao longo do dia, comemos e degustamos bolos, croissants, biscoitos recheados, bombons e uma longa variedade de pratos dos mais diferentes lugares do Brasil e do mundo. Com está apostila, será possível conhecer a história da doçaria e da panificação, os diferentes tipos de massas, cremes, recheios e caldas. Dominar técnicas de manipulação de diversos ingredientes para elaboração de preparações que envolvem ingredientes como chocolate, açúcar, fermentos, farinha de trigo e seus componentes, além de entender sobre cálculos usados na cozinha. Terá contato com produções clássicas e atuais e entenderá as funções dos ingredientes utilizados. Criatividade e dedicação serão essenciais para embarcar no mundo da Panificação e da Doçaria e assim, viver a experiência da criação de verdadeiras obras- primas. O cio da terra Debulhar o trigo Recolher cada bago do trigo Forjar no trigo o milagre do pão E se fartar de pão Decepar a cana Recolher a garapa da cana Roubar da cana a doçura do mel Se lambuzar de mel Afagar a terra Conhecer os desejos da terra Cio da terra, a propícia estação E fecundar o chão Chico Buarque e Milton Nascimento Sumário 1. A história da Panificação ................................................................................. 3 2. A história da Confeitaria ................................................................................. 5 3. Matérias primas na panificação ........................................................................ 7 4. Matérias primas na confeitaria ....................................................................... 12 5. Principais conhecimentos na panificação ........................................................ 15 5.1 Fermentação .................................................................................................. 15 5.2 Processo de produção do pão: ......................................................................... 18 5.3 Matemática na panificação ............................................................................ 19 5.4 Calculando uma encomenda ........................................................................... 20 6. Principais conhecimentos na confeitaria ............................................................ 22 6.1 As principais preparações ............................................................................... 22 6.2 Caldas de açúcar e caramelização.................................................................... 31 6.3 O cacau e o chocolate ..................................................................................... 33 7. Conhecimentos de Panificação e Confeitaria ..................................................... 37 8. Referências bibliográficas ................................................................................ 39 3 1. A história da Panificação Acredita-se que o surgimento do pão tenha sido há cerca de 12 mil anos, na região da Mesopotâmia. Porém, há sinais de amido encontrados em pedras de moer de mais de 30 mil anos, significando, assim, que o alimento possa ser bem mais antigo. O pão acompanha o homem desde a antiguidade. A alimentação básica provinha da caça e de frutas e raízes, somente mais tarde ele foi buscar outras formas para se alimentar. A caça foi substituída pela criação de animais e a agricultura se tornou principal fonte de alimentação, dando destaque para as sementes de trigo e cevada. Os primeiros pães eram diferentes do que conhecemos hoje, os ingredientes utilizados para sua fabricação eram: farinha misturada ao fruto do carvalho. Eram achatados, duros e secos. Os pães eram assados sobre pedras quentes ou debaixo de cinzas até cerca do ano 7.000 a.C., onde logo depois, os egípcios passaram a usar fornos de barro. Figura 2- Pães pertencentes à coleção do Museu de Agricultura do Cairo. Foto: Tânia Raquel Ferreira/Flickr Registros revelam que as panificadoras podem existir desde o antigo Egito e que foram os egípcios que cultivaram o levedo para a fermentação da massa de pão. Entretanto, foi em Roma que as padarias começaram a se desenvolver, houve as primeiras escolas de padeiro e os primeiros comércios. Com a queda do Império Romano, o comércio de pães sofreu uma queda e só voltou novamente no século XII, foi quando a receita começou a ser conhecida em diversos países. No Brasil, a receita chegou por volta de 1835, no Rio de Janeiro, capital do país na época. Figura 1- História do pão Fonte: Big Pan padaria e mercearia (2014) https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjO04eQt93bAhWMHpAKHZ3lBucQjRx6BAgBEAU&url=https://arteculturaepastelaria.blogs.sapo.pt/7053.html&psig=AOvVaw0eIs7h4sxPedeUxOrDs0Z0&ust=1529418782901977 http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjg8PfZut3bAhWDC5AKHQRaAIAQjRx6BAgBEAU&url=http://bigpan.com.br/noticias/historia-do-pao&psig=AOvVaw0eIs7h4sxPedeUxOrDs0Z0&ust=1529418782901977 4 Atualmente as panificadoras e os comércios que realizam a comercialização de pães estão se modernizando cada vez mais, os fornos são modernos, há diversas receitas de pães para agradar a todo tipo de consumidor, produção em larga escala e novidades que surgem a cada novo ano. 5 2. A história da Confeitaria Há registros de que os doces datam do século I a.C. e documentos onde o filósofo romano Cícero cita ter comido na Sicília um “Tubus farinarius, dulcissimo, edulio ex lacte factus”, ou seja, deliciosos tubinhos de massa de farinha, doces, recheados com leite. Nessa época era comum algumas preparações como cremes e pudins, apesar de não haver açúcar na Europa. Para adoçar as refeições eles utilizavam frutas ou o mel e somente por volta de 900 d.C. os europeus importaram o açúcar. Em 1.200 d.C., a sobremesa começou a apearecer nos cardápios, porém era servida antes da refeição principal. No século XIV começaram a aparecer novos ingredientes, já que com as navegações haviam especiarias que chegavam de diversos países, sendo o açúcar de cana uma delas. Este açúcar, porém, tinha um valor muito alto e quase ninguém conseguia ter acesso, foi somente após o descobrimento da América que ele passou a ter um preço mais baixo. Nesta época surge, o bolo genovês, criado pelo confeiteiro italiano Giobatta Cabona, e os demais bolos fofos e leves. Começou-se também, uma extração do açúcar que era encontrado na beterraba, e massas como as amanteigadas, as folhadas e a de biscuit começaram a serem produzidas. Com a popularização destes doces, os cafés e confeitarias ganharam forma pelas cidades, mas foi somente por volta dos anos 50 e 60 que chegaram no Brasil. Estes estabelecimentos vieram principalmente da França, trazendo seus doces refinados e da Áustria com seus doces e tortas finas. Trouxeram a técnica do chantilly e do Fondant, por exemplo. Figura 3- Cícero Figura 4- Extração do Açúcar 6 A ideia de comer pratos doces está no Brasil desde a chegada da corte portuguesa que se instalou no país inicialmente em Salvador, a primeira capital do país. Bolo de rolo, quindim e pastel de Belém são algumas das especialidades que foram trazidas por Portugal. O Brasil tinha uma grande produção de cana-de-açúcar e isso foi essencial para a produção de doces. Atualmente o Brasil possui muitos doces típicos, sendo o brigadeiro o mais popularmente conhecido. Figura 5- Pastel de Belém/ Pastel de nata https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwihvKPp5fHbAhXLg5AKHSYgBJwQjRx6BAgBEAU&url=https://en.wikipedia.org/wiki/Pastel_de_nata&psig=AOvVaw3nIhncWFYn1PHWoORXoP7R&ust=15301185194952417 3. Matérias primas na panificação Principais: • Farinhas; • Sal; • Água. Secundárias: • Açúcares; • Gorduras e emulsificantes; • Leite e derivados; • Ovos; • Malte; • Oxidantes e redutores; •Outros: enzimas, glúten, amidos, entre outros. Ingredientes essenciais Farinha de trigo: principal ingrediente na panificação. Existem farinhas de diversos tipos, com características diferentes. As mudanças na composição do trigo são pelas condições de solo e de clima. Os principais constituintes do grão são: água, proteínas, lipídios e carboidratos (açúcares, amido, fibras). O trigo é um "cereal nobre", já que farinha obtida é a única capaz de formar uma massa viscoelástica, quando misturada com água. Isto deve-se à estrutura formada por suas proteínas (glúten). O grão é composto basicamente por três partes: o gérmen (que contém o embrião e nutrientes), a casca (que protege o grão) e o endosperma (estoque de alimento para o embrião). 8 Figura 6- Trigo Fonte: Encyclopædia Britannica, Inc. 1996 A moagem do grão do trigo é feita para a obtenção da farinha. Na moagem, o endosperma é separado da casca e do gérmen. No endosperma está o amido, que formará a farinha. A casca constitui o farelo e o gérmen é geralmente para ração animal. Somente as farinhas de trigo e de centeio desenvolvem o glúten. Por este motivo, ao utilizar outro tipo de farinha na produção de uma massa, é aconselhável acrescentar cerca de 60% de farinha de trigo para garantir crescimento e textura. O amido e o glúten são componentes do trigo essenciais para as preparações. O amido auxilia no crescimento e maciez da massa, ele é formado por carboidratos, que são alimento para as leveduras. Já o glúten deixa o bolo fofo e o pão macio. Quando o glúten é formado, sua estrutura é como uma rede, que prende os gases liberados durante a fermentação, e isso faz com que as massas cresçam. Esse gás é o dióxido de carbono. Figura 7- Estrutura do Glúten Fonte: Mateus Lordelo http://www.icouldkillfordessert.com.br/segredos-e-dicas-sobre-massas-e-bolos/gluten/ 9 A massa necessita ser sovada para a formação glúten. Deve-se atentar para o ponto de véu (ponto em que o glúten já se formou, a massa fica elástica e pode ser esticada sem se romper). Existem farinhas para cada tipo de preparação, além de melhoradores, reforçadores do glúten e emulsificantes. O trigo é uma gramínea do gênero triticum, que contém cerca de 30 tipos diferenciados geneticamente. Dentre as espécies consumidas se destacam: • Triticum aestivum- Conhecido como trigo comum, é o mais cultivado e o mais utilizado na fabricação do pão. A mais consumida no Brasil é a Triticum aestivum L. • Triticum compactum – Conhecido, como tipo clube, tem um menor teor de glúten. É utilizado para a fabricação de biscoitos e bolos mais macios. • Triticum durum - Indicado para massas, tem um glúten mais resistente, deixa uma textura firme após o cozimento. Há variedades de farinhas refinadas brancas e amarelas, farinhas integrais, farelo, fibra, gérmen, flocos, grão inteiro, triguilho, nos comércios em geral, porém as melhores farinhas para a panificação são: • Farinha especial: obtida da parte central do endosperma. Possui tons mais claros e granulometria mais fina. • Farinha comum: obtida da parte mais externa do endosperma, próxima da casca. Possui tonalidade mais escura e granulometria mais grossa. • Farinha integral: Obtida da casca, de parte do farelo e gérmen. Sal: é fortalecedor do glúten, fazendo com que ele retenha o gás produzido pelo fermento, controla o tempo de fermentação, realça o sabor do pão, prolonga o tempo de duração e ajuda conservar o pão. O excesso e a falta do sal podem ser ruins na panificação. A falta causa o amolecimento da massa, a fermentação muito rápida e o volume do pão reduzido. Já o excesso, pode reduzir a ação do fermento, o endurecimento do glúten, e deixar um pão 10 pesado e duro. O sal inibe a ação do fermento, logo, esses dois ingredientes não devem ser colocados ao mesmo tempo na massa. Água: A água possibilita a formação do glúten, controla a temperatura e determina a consistência final da massa, permite a ação do fermento e ajuda na textura e maciez do pão. Matérias-primas não essenciais Açúcares: além de adoçar a massa, aumentar no seu volume e maciez, contribuí no valor nutritivo e na fermentação. Durante o início da fermentação o açúcar serve de alimento para as leveduras, assim, elas se multiplicam. Logo depois, ela é fonte de energia e carbono. Existem diversos tipo de açúcar: o da cana-de-açúcar - granulado/pó, o xarope, o invertido, o mascavo, o amido – glucose, a glicose, a lactose e a frutose. Gorduras: garante maciez e umidade na massa e prolonga a vida útil do produto. Contribuem para dar sabor, cor, textura e permite incorporar ar na massa. Deixa a massa menos pegajosa e lubrifica. As gorduras podem ser: Animal (banha, manteiga), ou Vegetal (óleo, gordura vegetal hidrogenada, margarina, creme vegetal). Emulsificante: ele facilita a união de substâncias que não se misturam, aumenta a absorção de água e dá elasticidade ao glúten. Leite: diminui o tempo de desenvolvimento da massa, melhora a textura, aumenta sua extensibilidade, ajuda na coloração da crosta, no valor nutritivo, além de, proporcionar sabor lácteo, miolo mais macio e um prazo de validade maior. Pode ser utilizado o integral ou o desnatado. Ovos: os ovos dão sabor, cor, contribuem para estrutura da massa, incorporam ar quando batidos, emulsificam gordura e ingredientes líquidos. Menos gema resulta em um produto menos macio, menos claras pode resultar na perda de volume. Malte: atua como corante e saborizante. Ele geralmente se encontra em pó ou em xarope. 11 Melhoradores: auxiliam na elaboração do pão, garante melhor desenvolvimento da massa e melhor textura, aroma, sabor, coloração e durabilidade. Neutraliza as deficiências dos ingredientes da massa. Oxidantes: existem diversos oxidantes, mas eles geralmente reagem de maneira parecida. As ligações que eles formam afetam a massa aumentando a elasticidade e diminuindo a extensibilidade, dando maior volume e melhorando a textura do pão. O agente oxidante mais utilizado no Brasil é o ácido ascórbico. Enzimas: atua nas moléculas do amido ou de proteínas e também atua como branqueadoras de farinhas com alto teor de pigmentos escuros. 12 4. Matérias primas na confeitaria Açúcar e adoçantes: grande parte do açúcar produzido vem da cana-de-açúcar (Sccharum officinarum) e de beterrabas (Beta vulgaris). Além de adoçar, este ingrediente ajuda na preservação de conservas e de bolos, é a base da caramelização, garante uma cor especifica nos bolos e bombons. O açúcar garante textura e consistência aos alimentos. Existe um grupo de compostos relacionados pertencentes ao mesmo grupo de carboidratos que são denominados açúcares. São eles: açúcar de milho (chamado glicose ou dextrose, açúcar das frutas (frutose ou levulose), açúcar do leite (lactose), açúcar do malte (maltose). Além destes existem alguns açúcares que não são digeríveis, como o manitol e o sorbitol. Tipos de açúcar: açúcar mascavo, açúcar demerara, melaço de cana, mel, calda de agave, açúcar light, açúcar refinado e cristal, açúcar de confeiteiro, açúcar invertido, glicose de milho, frutose, edulcorantes, mapple syrup. Farinha de Trigo: é um ingrediente essencial na confeitaria e na padaria. O conhecimento e o domínio dessa substância é de muita importância. Pode-se encontrar os seguintes tipos: farinha comum, farinha especial (mais clara e granulometria mais fina), farinha integral (grãos de trigo são triturados na sua totalidade) e farinha com fermento. Amido de milho: o amido consiste na principal matéria-prima para a fabricação de "Snacks",cereais matinais, biscoitos, massas pré-cozidas e alimentos prontos para o consumo. O amido oferece crocância ao produto final. Leite: a utilização do leite na confeitaria está relacionada ao sabor, à retenção da umidade, ao fortalecimento da massa e ao aumento do valor nutricional. Produtos disponíveis no mercado: fresco (A, B ou C), pasteurizado, em pó (liofilizado) leite evaporado (60% da sua água é retirada), integrais (4% de gordura), semidesnatado (1 a 2% de gordura, desnatados (0% de gordura). Creme de leite: muito utilizado na culinária e na doçaria e também como principal ingrediente da manteiga. Temos: pasteurizado (fresco – 36% de gordura), 13 homogeneizado (lata – temos o light que tem 22% de gordura), tratamento UHT (Ultra High Temperature – ultra pasteurização). Gorduras (sólidas e líquidas): existem as gorduras sólidas, que podem ser divididas em: matérias graxas lácteas, que são os produtos derivados exclusivamente do leite, como a manteiga e as matérias graxas que são os produtos derivados de matérias graxas vegetais ou animais, como por exemplo, a margarina e a gordura de coco, que são de origem vegetal e a banha e o sebo que são de origem animal. Existem também as gorduras líquidas que são os óleos. Eles podem ser de origem vegetal e de origem animal. Dentre os óleos de origem animal podemos citar o óleo de fígado de bacalhau. Como exemplos de óleos vegetais temos o óleo de girassol, o óleo de soja e o óleo de canola. Ovos: os ovos garantem a cor, a textura, aeração fornecida pelas claras em neve, a maciez e o sabor das massas na confeitaria. Hoje em dia encontramos também os ovos pasteurizados, usados em produções de grande escala para facilitar o trabalho e para maior segurança alimentar. Agentes de crescimento: podem ser mecânicos, quando os ingredientes são combinados e há incorporação de ar na massa (como exemplo temos a massa follhada, nela há camadas de massa e de manteiga intercaladas e a massa cresce quando assada). Mas também temos os químicos, como: fermento químico, bicarbonato de sódio, bicarbonato de amônia ou amoníaco e cremor tártaro. Figura 8- Composições da gordura Fonte: Rafa Silvério; Danielle Noce http://daniellenoce.digidip.net/visit?url=http://www.icouldkillfordessert.com.br/wp-content/uploads/2014/01/gorduras-ickfd.jpg&ppref=http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwjX7d6o9N_bAhUIFZAKHcdfBCYQFggnMAA&url=http://www.daninoce.com.br/gastronomia/segredos-e-dicas-sobre-produtos/introducao-ao-mundo-das-gorduras/&usg=AOvVaw0ccFZ6LE6C4X4rFIy7BlxS&currurl=http://www.daninoce.com.br/gastronomia/segredos-e-dicas-sobre-produtos/introducao-ao-mundo-das-gorduras/ 14 Especiarias, ervas e sementes: As especiarias, ervas e sementes mais utilizadas na confeitaria são: cravo, cardamomo, noz moscada, aniz estrelado, primenta-do-reino, semente de gergelim, gengibre, hortelã, baunilha e erva cidreira. Oleaginosas: são muito utilizadas em diversas preparações, possuem sabor rico e intenso. Podem ser usadas cruas ou tostadas. Como exemplos podemos citar: nozes, pecans, pistaches, castanha do Pará, castanha de caju, pinolis e amendoim. Corantes: Os corantes podem ser naturais ou artificiais Os corantes comerciais são artificiais. Existem nos mercados e lojas especializadas em confeitaria: corantes hidrossolúveis (solúveis em água) e corantes lipossolúveis (solúveis em gorduras). 15 5. Principais conhecimentos na panificação 5.1 Fermentação: os objetivos são a produção de gás (CO2), o desenvolvimento do glúten e a produção do sabor e do aroma do pão. As leveduras Saccharomyces cerevisiae são as principais responsáveis pelas modificações que ocorrem no processo de fermentação. Elas são adicionadas à massa porque, ao se multiplicarem e realizarem seu metabolismo normal, produzem gás, que expande a massa e a torna mais aerada e leve. A levedura, usando seu sistema enzimático, consome os açúcares da massa, transformando-os em dióxido de carbono (CO2) e álcool (etanol). Figura 9- Produção de etanol através da fermentação alcoólica Fonte: Universia Enem TIPO DE FERMENTO CARACTERÍSTICAS EMPREGADO EM: Fermento Físico Quando se incorporam elementos aerados, sem utilizar agentes produtores de gás de origem química ou biológica Pode-se observar este fermento no vapor de água, na clara de ovo batidas em neve. Fermento Químico Sua ação depende do agente ácido ou neutralizante, tem alta produção de CO2, pode ser fermentos de ação rápida, a frio, ao calor No preparo de pães, bolos, broa, biscoitos e bolachas. https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiCnuzPruDbAhWEgJAKHQCSBbYQjRx6BAgBEAU&url=http://www.universiaenem.com.br/sistema/search/textohtml/em-1-serie/biologia-em-1-serie/fermentacao/texto-fermentacao&psig=AOvVaw3J3u6QB8ipIXr6XRq6FSpy&ust=1529519536766135 16 (bicarbonato de sódio), e de dupla ação, parte a frio e parte durante o aquecimento (bicarbonato de amônia). Fermento Biológico • Fermento biológico fresco (composto por leveduras condensadas); • Fermento biológico seco (obtido através da secagem do fermento fresco por ar quente); • Fermento biológico seco instantâneo (obtido através da desidratação de leveduras). Obtido de culturas puras de leveduras Saccharomyces cerevisae por procedimento tecnológico. Preparo de pães e massas de pizza. Fermentos Naturais Composto basicamente por farinha de cereais e água, é obtido de forma natural, o fermento é “contaminado” por leveduras presentes no ambiente. São conhecidos como isca, fermento selvagem, massa madre, massa mater, pé-de- massa, massa levedada, levain, sourdough. As leveduras selvagens presentes nos fermentos naturais, são Saccharomyces cerevisiae, porém são genéticamente diferentes daquelas encontradas nos fermentos comerciais. Também há: Saccharomices exiguus, Candida tropicalis, Hansenula anomala. Para se preparar o fermento natural pode- se utilizar: mel, caldo de cana, frutas secas ou desidratadas, iogurte, cerveja, farinhas de diversos tipos e frutas frescas. A sua aplicação geralmente é utilizada em pães artesanais, como panetones e pães italianos. Toda vez que a receita pedir por fermento fresco, mas foi preciso mudar para o seco por algum motivo, basta usar 1/3 da medida de fermento biológico seco. Métodos de fermentação biológica: método direto e método indireto. No método direto todos os ingredientes são misturados para a produção da massa, inclusive o fermento, sem nenhum outro processo anterior. Depois é só sovar a massa até o 17 desenvolvimento do glúten. No método indireto há a utilização de pré-fermentos e fermentos naturais, com o objetivo de realçar o sabor do produto base. Pré-fermentos: é uma massa levedada preparada anteriormente, e que é adicionada à uma nova massa para “envelhecê-la” e se conseguir uma maturação imediata. Temos: • Poolish: leva partes iguais de farinha e água. Não leva sal em sua composição, e ainda, é deixada em temperatura ambiente. O uso da Poolish deve ser no máximo 3 horas após prepará-la. Normalmente adicionamos mais fermento durante o batimento da massa para completar a fermentação. • Esponja: tem ação mais rápida que o poolish, porque leva uma maior quantidade do fermento ou todo fermento da receita, em sua preparação. Não confere tanto sabor, pois tem um tempo menor de fermentação. • Biga: é um pré-fermento mais firme. Como é feita sem adição de sal, que é um controlador da fermentação, a biga é feita com uma quantidade menor de fermento. • Massa fermentada (Pâte Fermentée): massa “velha”, que pode ser obtida reservando um pedaço de massa que já foi preparada e fermentada ou preparando umpedaço de massa para ser utilizado depois. 18 5.2 Processo de produção do pão: Figura 10- Preparação dos pães Fonte: Via rápida emprego- Programa de Qualificicação Profissional, Gastronomia, Governo do Estado de São Paulo • Sova (preparo da massa)- Mistura-se todos os ingredientes, possibilitando o desenvolvimento do glúten. Nesta etapa se acrescenta o fermento, que pode ser a esponja, a biga, a massa fermentada ou o poolish. Os ingredientes são misturados e sovados até atingir o “ponto de véu” • Primeira fermentação (descanso)- Esta etapa permite que a massa cresça e o glúten fique mais consistente. Também possibilita o relaxamento do glúten, deixando a massa menos elástica e ganhando volume pela fermentação. • Divisão da massa- É o porcionamento e pesagem. • Pré-modelagem, descanso e modelagem- Etapa para se modelar o pão no formato desejado. Com a pré-modelagem se retira parcialmente os gases da primeira fermentação (degassing), e logo depois, modela-se a massa, no descanso a função é deixar o glúten relaxar antes da modelagem. 19 • Fermentação final- Último repouso que a massa recebe. Consiste na ação das leveduras ou do fermento, que consomem o açúcar e o transforma em gás carbônico (CO2) e álcool. Este processo é conhecido como fermentação alcoólica. • Cocção- Cozimento da massa. • Resfriamento- Deixar o pão esfriar em temperatura ambiente, em grelhas suspensas. • Controle de qualidade- Alguns fatores devem ser notados a fim de se obter um produto perfeito, como: o pão deve estar crescido e uniforme, a casca deve estar de acordo com a quantidade de açúcar utilizado (pães com baixo teor de açúcar têm uma casca mais fina, brilhante e crocante, já pães com elevado teor de açúcar têm casca macia), o aroma e o sabor devem estar agradáveis. Estes dois últimos fatores identificam possíveis irregularidades com o produto. 5.3 Matemática na panificação A farinha é o ingrediente principal na fabricação dos pães, portanto todos os outros serão calculados com base nela. Considerando que a farinha representa 100% da receita, os outros ingredientes devem ser calculados pela porcentagem. Veja a receita a seguir: Ingrediente Quantidade (kg) Porcentagem Farinha 6 100% Açúcar 0,600 10% Sal 0,120 2% Melhorador para pães 0,060 1% Água 3 50% Gordura 0,480 8% Fermento 0,300 5% Total da fórmula 10,56 176% Consideramos a farinha como 100% e também podemos observar as demais porcentagens mais comuns utilizadas na panificação: Ingrediente Porcentagem Sal 2% a 3% 20 Água 55% a 66% Fermento Biológico Fresco 2% a 2,5% Voltando na primeira tabela, poderíamos descobir a quantidade de açúcar se por exemplo fazermos a seguinte conta: 6X10÷100= 0,6. Ingrediente Quantidade (kg) Porcentagem Farinha 6 100% Açúcar 0,600 10% Sal 0,120 2% Melhorador para pães 0,060 1% Água 3 50% Gordura 0,480 8% Fermento 0,300 5% Total da fórmula 10,56 176% 5.4 Calculando uma encomenda: Caso seja preciso calcular quanto de cada ingrediente será necessário para uma quantidade específica de pães, existe um método para facilitar esse trabalho, veja na exemplificação: Se uma panificadora possuir uma encomenda de 200 pães o primeiro passo é verificar quanto pesa cada pão cru. Se o valor de cada pão for de 30 g, é so calcular a quantidade de massa que isso representará: 200 pães X 30g= 6000 Ingrediente Quantidade Porcentagem Farinha de Trigo 100% Água 60% Sal 2% 21 Fermento 3% Total da fórmula 6000 165% Assim, basta fazer a mesma conta mostrada no ínicio para descobrir as quantidades de cada ingrediente. O fermento, como um exemplo, seria: 6000X3÷165=109. 22 6. Principais conhecimentos na confeitaria 6.1 As principais preparações Massas: • Secas e quebradiças: são quebradiças já que possuem ausência de corpo e elasticidade. Elas são conhecidas como massa podre e possuem textura esfarelada e crocante. Existem dois métodos para se preparar uma massa quebradiça: o primeiro método é o sablage onde a manteiga se mistura à farinha e como resultado se tem um granulado parecido com areia (sable, que signfica areia em francês). O segundo método é o crémage, os líquidos são inicialmente emulsionados com gordura e açúcar e junta-se a farinha depois. • Aeradas e leves: estas massas são bem manejáveis e podem ser preparadas de dois métodos: O primeiro onde se bate os ovos inteiros com o açúcar até que fiquem bem aerados e aumentem de volume, e depois, acrescenta-se os intens frescos. No segundo método, bate-se as claras com o açúcar até formar um merengue (francês), e adiciona-se as gemas, posteriormente se acrescenta os ingredientes secos. • Massas cozidas: são exemplos das massas cozidas, a de churros e a pâte à choux. A pâte à choux, conhecida como a massa da bomba, é feita com água (leite, ou uma mistura de leite e água), manteiga, farinha e ovos. É uma das massas mais usadas na confeitaria francesa, se faz éclair (bomba) e carolinas, por exemplo. A massa de churros é com água, sal, açúcar, manteiga e farinha de trigo e também é cozida. • Massas Folhadas: a massa folhada não é fermentada, e normalmente não leva açúcar, possui uma quantidade de manteiga que cria as camadas fina de massa. No Brasil, existe a massa folheada e a semi-folheada. A folheada conhecida como a massa da confeitaria, não leva fermento biológico (exemplos de produtos: Mil folhas, Vou-al-vent, Cata-vento, Gravatinha, Chapéu de Napoleão, entre outros). Já a massa semi-folheada, relacionada com à panificação é levedada possui menor http://www.daninoce.com.br/receitas/bomba-de-chocolate-eclair/ 23 quantidade de dobras do que a da confeitaria (produtos: pain au chocolat, danish, entre outros). • Filo: é semelhante à folhada, porém é uma massa mais fina. Feita à base de farinha, água e gordura é aberta com rolo até ficar, praticamente, transparente. Extremamente delicada, deve ser trabalhada de modo correto para se chegar à textura adequada. • Líquidas e semilíquidas: são massas para confecção de panquecas, crepes e waffles, por exemplo. É uma mistura de trigo, manteiga, ovos e leite basicamente, tendo suas variações a cada produção. • Merengadas: são massas obtidas através de merengue com a adição de alguma farinha, na maioria das vezes, farinha de amêndoas, avelãs ou amêndoas e açúcar. • Cremosas e densas: são as massas utilizadas para bolos em geral. Sua estrutura é cremosa devido à adição de gorduras. Existe uma grande variedade de receitas, como o bolo mármore e o bolo inglês. Um bolo que conhecemos por ser mais denso é o brownie conhecido também por seu sabor intenso. MASSAS Secas e quebradiças Pâte Sucrée Pâte Sablée Pâte Brisée Praliné Pâte à Cigarette Frolla Crumble / Streuzel Cozidas Pâte à Choux Churros Folhadas Filo Líquidas e semilíquidas Waffle Panquecas Crepes Fritters Blini Soufflé Merengadas Dacquoise 24 Macarons Champanhe Cremosas e densas Brownie Financier Madeleines Aeradas e leves Pão de Ló Genoise Joconde Biscuit Figura 11- Massa cremosa Fonte: Shutterstock Cremes: são as bases da confeitaria francesa e nos permitem criar sobremesas incríveis. São elaboradas a partir de produtos lácteos, gorduras, aromatizantes, edulcorantes e ovos. Existem também cremes bases que com eles podemos executar outras produções, como está descrito na tabela logo abaixo. • Custard/Curd- São todos os cremes que têm como principal agente espessante os ovos. Além disso, existem os custards mexidos, ou seja, que são espessados no fogo ou os custards assados que são espessados no forno. Os curds são compostos por suco de uma fruta cítrica, manteiga, açúcar, espessados por ovos e semelhantes aos custards. • Au beurre (creme manteiga)-É uma preparação feita com uma grande quantidade de manteiga, usada como recheio, cobertura e em decoração de bolos. Existem três métodos para se preparar o creme de manteiga: pelo método Suíço (merengue suíço adicionado de uma manteiga), método Francês (pâte a bombe: ovos e gemas batidas até ficarem fofas e adicionadas de uma calda a 115º C e posteriormente adicionadas de manteiga) e método Italiano (merengue italiano adicionado de manteiga). Figura 12- Massa folhada Fonte: Produtos Superpan https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjv__aV3OjbAhUMFZAKHd56BbEQjRx6BAgBEAU&url=http://superpan.com.br/products/massa-folhada/&psig=AOvVaw2KzZsUAxRYvUWTOonI36dy&ust=1529806656495136 25 • Fouettée- Creme de leite fresco levemente batido. É necessário que o creme e o bowl onde ele for batido estejam bem gelados. • Chantillly- É um creme Fouettée com adição de açúcar e batido até formação de picos firmes. A diferença do Creme Chantilly e do Creme Fouettée é que o Creme Chantilly contém baunilha. • Pâtissier: Conhecido popularmente como creme de confeiteiro é a principal base para recheio de preparações da confeitaria. Tem o uso do amido como espessante que também é estabilizante e faz com que os ovos não talhem. ▪ Pâtissier + Merengue = Chiboust ▪ Pâtissier + Creme Manteiga = Musseline ▪ Pâtissier + Fouettée ou Leite Integral + Gelatina = Diplomata ▪ Pâtissier + Crème d'amande = Frangipan Figura 13- crèmes Fonte: La cuisine de Noémie • Anglaise- Composto por creme de leite, leite, açúcar, gemas e baunilha, é um creme com textura delicada. É a base de várias produções da pâtisserie como crème brûlée, bavaroises, sorvetes, entre outras produções. Para evitar que as gemas coagulem prematuramente existem duas técnicas chamadas de liaison e de temperagem, onde a temperagem consiste em despejar um pouco do leite quente sobre a mistura de gemas e açúcar (liaison). • Creme Anglaise + gelatina e creme fouettée = Bavaroise • Anglaise Brûlée- Superfície caramelizada com açúcar “queimado”. • Creme Caramel- Creme Anglaise em que o creme de leite é substituído por leite, acrescido de ovos e assado em ramequim caramelizado. • Crème d'amande- É composto de açúcar, manteiga, ovos, farinha de trigo, e farinha de amêndoas. Alguns chamam este creme de Frangipane. 26 • Sabayon/Zabaione- Preparação composta de gemas, açúcar e um líquido. É preparada em banho-maria e tem textura leve. CREMES VARIAÇÕES/CREMES DERIVADOS Custard/Curd Au beurre (creme manteiga) Fouettée Chantilly Pâtissier Chiboust (+ Merengue) Pâtissier Musseline (+ Creme Manteiga) Diplomata (+Fouettée ou Leite Integral + Gelatina ) Frangipan (+Crème d'amande) Anglaise Bavaroise Anglaise Brûlée Creme Caramel Crème d'amande Sabayon/Zabaione Figura 14- Cremes Fonte: The bojon gourmet • Preparações com base de açúcar: existem preparações com base de açúcar que são completamente diferentes uma das outras, podemos citar: o fondant (massa mole muito utilizada para cobertura de eclairs, donuts, pães doces e bolos, feita com base em água e açúcar), o caramel (com o calor é possível transformar açúcar em uma calda dourada, onde caldas claras possuem sabor suave e as escuras um sabor acentuado, levemente amargo), o Praliné (feito com alguma castanha Figura 15- Chantilly Fonte: Amando Cozinhar https://bojongourmet.com/wp-content/uploads/2014/07/goat-cheese-honey-ice-cream-51.jpg 27 envolvida em açúcar e cristalizada) e o Nougatine (caramelo adicionado de frutas secas que possui consistência maleável já que possui glucose na sua preparação). PREPARAÇÕES COM BASE DE AÇÚCAR Fondant Caramel Praliné Nougatine Figura 16- Caramelo Fonte: Cooking Classy™ Merengues: o merengue é uma mistura de claras de ovos e açúcar. Seu surgimento pode ser contado a partir do século XVI, quando elaboraram um prato feito com creme e claras batidas com o nome de neve. O merengue pode ser utilizado em tortas, soufflés, mousses e outras receitas. Todos ingredientes são de extrema importância para os merengues: o açúcar ajuda a estabilizar a espuma das claras. A quantidade de açúcar usada no merengue dependerá da textura desejada. Merengues macios podem ser feitos com partes iguais de claras e açúcar, já os merengues firmes, precisam do dobro da quantidade de açúcar em relação às claras. O ácido cítrico (que pode ser o suco de limão), diminui o risco da espuma desmoronar. Algumas dicas são de extrema importância no preparo dos merengues: merengue batido em excesso se torna ressecado, difícil de confeitar e de ser acrescentados em outras misturas. Ao preparar o merengue com claras, é importante usar utensílios limpos e as claras não devem conter resíduos de gemas ou qualquer outro ingrediente, já que qualquer óleo ou gordura que entre em contato com as claras impede a formação de uma espuma Figura 17- Eclair Fonte: Deposit photos https://www.google.com/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjbpvnWyuzbAhVEWpAKHZmEB7cQjRx6BAgBEAU&url=http://niemczewski.eu/gateau-eclaire-a-la-vanille.html&psig=AOvVaw2Q1xbb2bHdN0lM648_YAQ5&ust=1529939429272145 28 estável. Merengues devem ser assados em temperaturas baixas, na maioria dos casos, a temperatura deve ficar entre 90°C a 130°C. Não devem adquirir cor quando assados. Os merengues podem ser saborizados e coloridos. Confira a tabela para compreender sobre cada tipo de merengue: MERENGUES Francês Claras + Açúcar em temperatura ambiente, batido É um merengue cru, feito de claras em neve e metade do açúcar até aumentarem o seu volume, em seguinda é acrescentado o restante do açúcar aos poucos Italiano Claras + Açúcar aquecidos em até 50°C, depois batido Possui uma textura mais seca e quebradiça que os outros merengues, por isso, mantém seu formato, e não expande muito durante o cozimento Suiço Claras + Açúcar em calda, ponto de fio grosso 117°C, depois batido. É o merengue feito em banho-maria. É uma mistura entre o merengue francês e o italiano. As claras são levadas a 60 graus + o açúcar, mais fácil e rápido no preparo, menos estável que o merengue italiano. Variações: merengues caramelados onde se substitui o açúcar refinado pelo açúcar mascavo light, e o açúcar de confeiteiro claro pelo o orgânico Figura 18- Merengue Fonte: iStock.com Outras preparações essenciais na confeitaria • Coberturas (pasta americana, glacê real e marshmallow): a pasta americana é uma massa à base de açúcar impalpável. Esse açúcar contém amido de milho em 29 sua composição. Você pode comprar a pasta americana pronta, colorida ou branca. É aberta com um rolo e colocada sobre o bolo, geralmente coberto com uma ganache para a pasta aderir. O glacê real é feito com claras de ovo e açúcar de confeiteiro, muito usado para decorar bolos e cupcakes. A cobertura de marshmallow geralmente leva açúcar, água, essência de baunilha, claras de ovos ou gelatina e glucose (xarope de milho). • Ganaches: mistura cremosa de chocolate e algum líquido, usada em coberturas, recheios e decorações. A ganache tradicional é feita com creme de leite fresco (ou nata), e manteiga, mel ou glucose de milho para agregar brilho. Atualmente se misturam outros líquidos para se fazer ganache, como por exemplo, suco de maracujá no chocolate branco. • Coulis: é um purê de frutas ou legumes, pode ser preparado tanto na cozinha salgada quanto na doce. O purê de fruta pode ser fresco, levemente cozido para o açúcar se incorporar melhor, ou congelado. • Musses: a escrita correta da palavra é musse. A palavra mousse, mais comumente utilizada, é a forma original da palavra em francês.As musses são preparações aeradas e leves, utilizadas na elaboração de sobremesas, como recheios de bolos e em muitas outras especialidades dentro da confeitaria. • Sorvete/ soberts / granités: o sorvete mais simples é feito com produtos lácteos, açúcar, vários aromatizantes, e às vezes ovos. Existem dois estilos de sorvete mais conhecidos: o estilo americano (Philadelphia Style) feito à base de leite e creme de leite, sem ovos, com uma textura mais granulada, porque falta a ação emulsificante da gema e o estilo francês feito à base de creme inglês, tem como base uma mistura cozida de leite, creme, ovos ou gemas e açúcar, muito semelhante ao creme anglaise. O sorbet é feito sem derivados de leite, composto especialmente por sucos ou purês de frutas ou de legumes. O granité é um gelado crocante e refrescante que pode ser feito a partir de purê de frutas, suco de frutas e legumes, vinho, álcool, café ou chá e trata-se de uma calda aromatizada congelada e raspada no momento de servir. 30 • Parfaits: composto de uma Pâte à bombe (gemas batidas com uma calda de açúcar a 115ºC) aromatizada e acrescida de creme de leite batido. O parfait pode ser feito em diversos formatos e desenformado antes de servir. • Suflês: São compostos por uma base, claras em neve e um ingrediente principal. No salgado a base é um molho bechamel, no doce, é o creme Pâtissier ou outro creme que forneça estrutura suficiente para que o soufflé não desabe ao sair do forno. Existem suflês frios que são preparações leves compostas de preparação de base e creme de leite fresco batido (crème fouettée) e suflês assados formados por dois elementos, base e claras batidas. Os soufflés crescem porque o ar nas claras batidas se expande ao ser aquecido e no final do cozimento as claras coagulam e ficam firmes. OUTRAS PREPARAÇÕES ESSENCIAIS NA CONFEITARIA Ganaches Coulis Musses Sorvete/ soberts / granités Parfaits Suflês Figura 16- Soufflé de chocolate Foto: C. Herlédan Figura 20- Parfait de maracujá Fotos: Tina Rupp Figura 21- Granité Fonte: Il paraît que c´este bon https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiDhYPa6OzbAhXIi5AKHSniBEoQjRx6BAgBEAU&url=http://www.ilparaitquecbon.fr/granite-de-pasteque/&psig=AOvVaw1LkC3oeUrdO7FvmuYtbTuG&ust=1529947484073119 31 6.2 Caldas de açúcar e caramelização Diversas receitas pedem caldas de açúcar e existem diferentes pontos para preparar uma calda dessas. Ao ferver uma calda por algum tempo, a água evapora, o açúcar fica concentrado e a calda fica cada vez mais grossa. As propriedades da calda vão mudar conforme a calda for evaporando. Ao se preparar caldas, é essencial dissolver o açúcar no líquido. Se houver formação de cristais, a calda será uma massa crocante, eles se formam quando após a fervura a calda é mexida, ou quando respinga nas laterais da panela. Confira a imagem que ilustra esses diferentes pontos: Figura 22- Ponto de calda de açúcar Fonte: Danielle Noce • Fio Fino: ao puxá-la com o garfo ou a colher, se forma um fio que se desmancha facilmente num copo com água. • Pérola: ao puxar a colher a calda cai num fio e depois em uma gotinha semelhante a uma pérola. https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjTlbDW1O3bAhXJf5AKHZHaBUAQjRx6BAgBEAU&url=http://diariodedoischefesdecozinha.blogspot.com/2014/11/pontos-de-calda-de-acucar.html&psig=AOvVaw19TkGx_GyLRmz9-efGIKKU&ust=1529976459230838 32 • Fio Forte: ao pingar um pouco da calda num copo com água fria, os desenhos formados por ela demoram a se desmanchar e o fio é mais grosso. • Ponto de Cabelo: os fios dessa calda são um pouco mais resistentes do que anterior. • Bala Mole: se colocar um pouco num copo com água, pode moldar uma bolinha que se desfaz facilmente. • Espelho: Ao escorrer a calda com um garfo, ela cairá em lâminas. • Bala Dura: é o ponto da calda que, em um recipiente com água fria, se forma uma bolinha rapidamente. • Areia: o açúcar começa a secar nas bordas da panela, como uma areia. • Caramelo: esse ponto o caramelo já começa a ter seu aroma característico. • Vidrada: ao colocar um pouco dentro de um copo com água se ouvirá um barulho de vido quebrando. O caramelo pode ter feito utlizando-se dois métodos: o seco (feito apenas com açúcar, onde basta colocar o ingrediente na panela, levar ao fogo e aguardar),e o método úmido (adiciona-se água ao açúcar). Pode-se fazer diversas decorações com o caramelo com o auxílio de utensílios de cozinha e de tapetes de silicone. Figura 23- Como fazer decorações de caramelo Fonte: Dulce delight Brasil https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwi0ydqK5e3bAhUBHJAKHZU7CLoQjRx6BAgBEAU&url=https://www.youtube.com/watch?v%3DTePVEFcUPzU&psig=AOvVaw0H-5NOiHXy6JRUr2ogQNIc&ust=1529980848622553 33 6.3 O cacau e o chocolate O cacaueiro é nativo da América Central, seu fruto, o cacau, foi utilizado por diversas civilizações, como os Incas, os Maias, os Olmecas e os Astecas. Estes povos acreditavam que este fruto era divino e sagrado. A bebida feita deste cacau era amarga e eles acrescentavam a ela, pimenta, baunilha e outras especiarias. Mais tarde, no século XVII, os espanhóis adicionaram açúcar e no século XVIII, os ingleses acrescentaram leite, estes novos ingredientes começaram a fazer a bebida ainda mais conhecida e ingerida. Conrad J. van Houten, um holandês, desenvolveu um método para obtenção de cacau em pó em 1828, que tornou possível a produção de chocolate sólido. Por volta dos anos 1848, o britânico Joseph Storrs Fry fabricou a primeira barra de chocolate. Processamento das sementes de cacau: Figura 24- Processamento das sementes de cacau 34 Produção do Chocolate: Figura 25- Produção do chocolate Para a produção do chocolate amargo usa-se a massa de cacau, o açúcar e a baunilha. Para o chocolate ao leite, mistura-se o leite e o açúcar com a massa de cacau. Já o chocolate branco é feito apenas com manteiga de cacau, açúcar e leite. TIPOS DE CHOCOLATE Cacau em pó É o produto resultante da massa de cacau após a extração da manteiga de cacau. Chocolate em pó Parecido com o cacau em pó, mas tem açúcar. 35 Chocolate meio amargo e amargo Contém uma quantidade maior de massa de cacau e leva a adição de manteiga de cacau, açúcar e aromatizantes. Chocolate ao leite Tem massa de cacau, sólidos do leite, açúcar, manteiga de cacau e aromatizantes. Chocolate branco Tem somente manteiga de cacau, açúcar, sólidos do leite e aromatizantes. Cobertura hidrogenada É uma cobertura que se assemelha ao chocolate, mas a manteiga de cacau é substituída por gordura vegetal hidrogenada Chocolate Fracionado É feito com a gordura vegetal de palma Chocolate Diet Composto por massa e manteiga de cacau, leite em pó, sorbitol e sacarina (usados em substituição do açúcar) e vanilina. Chocolate Blend É uma cobertura que mistura chocolate meio amargo com chocolate ao leite. Métodos para derreter e temperar (pré-cristalizar) o chocolate: Derretimento: o chocolate deve ser cortado em pequenos pedaços para ser derretido e este processo pode ser feito em banho-maria ou em micro-ondas. A temperatura de derretimento deve ser entre 40°C e 50°C. ▪ Banho-maria- Deve-se ter o cuidado de evitar o contato do chocolate com a água. Ao usar o banho-maria, devemos mexer o chocolate até estar completamente derretido, e retira-lo do banho-maria em seguida. ▪ Micro-ondas- Deve-se aquecer o chocolate em intervalos de 30 segundos e misturar-lo com a ajuda de uma espátula. Temperagem (Pré-Cristalização): A temperagem ou pré-cristalização, é um choque térmico que damos no chocolate, fazendocom que ele cristalize de forma correta, este processo, une dois outros que são o resfriamento e a agitação do chocolate. As técnicas mais utilizadas de temperagem são: 36 ▪ Marmorização ou Tablage- Após o derretimento do chocolate, deve-se despejar 2/3 do chocolate derretido em um mármore seco. Com a ajuda de uma espátula mistura-se o chocolate até começar a engrossar, fica com uma consistência pastosa. Após atingir esta consistência, adicionar esse chocolate ao chocolate que permaneceu no recipiente. ▪ Resfriamento em banho maria de gelo- Nesse método resfriamos o chocolate derretido sobre um banho- maria de água gelada até atingir a temperatura adequada. É um método rápido, porém a qualidade da temperagem não é tão boa quanto à dos outros métodos. ▪ Difusão ou semeadura- Nesse método devemos adicionar chocolate picado (em média 25% do peso do chocolate derretido) ao restante do chocolate que já derretemos previamente. Basta misturar o chocolate com a ajuda de uma espátula de silicone, até que se alcance a temperatura adequada. Figura 26- Marmorização Fonte: Prazeres da Mesa Figura 27- Banho Maria de gelo Fotos: Gyro/amanaimages/Corbis Figura 27- Semeadura Fonte: Sankt Gallen 37 7. Conhecimentos de Panificação e Confeitaria Massa folhada e semi-folhada: Acredita-se que egípcios, gregos e romanos já dominavam as técnicas do preparo da massa folhada, mas foi um cozinheiro francês Claude Gelée quem a desenvolveu para o modo como a conhecemos hoje e lhe deu diversos usos. A massa folhada não é fermentada, é enriquecida por causa da grande quantidade de manteiga usada para criar as camadas finas de massa, que depois de assada torna-se crocante e leve. Esta massa é usada na confeitaria para preparações como: tortas, palmiers, vol-au-vents, canudinhos de cremes, entre outras, mas é tradicionalmente utilizada para a sobremesa mil-folhas (Mille-feuille, também chamada de “Napoleon” em homenagem ao ex-imperador francês). Tem esse nome levando em conseideração o número de camadas criadas na massa durante o processo de laminação. A massa folhada é composta de duas partes diferentes: a massa (détrempe) e a gordura (tourage). A massa folhada: não leva fermento biológico, possui maior quantidade de gordura nas dobras, maior quantidade de dobras. Classicamente dobra-se a massa em 5 dobras simples, (ou dobras de 3) ou 3 dobras duplas (dobras de livro). A massa semi-folhada: leva fermento biológico, possui menos quantidade de gordura nas dobras e menor quantidade de dobras (3 dobras simples ou conhecida tabém como dobra de 3). A massa deve ser batida em método direto, e antes de dar início as dobras, a massa deve descansar por 20 minutos. A massa deve ser aberta em superfície enfarinhada e de modo que fique quadrada. A placa de gordura é colocada sobre a massa formando um losango, e logo após deve-se fechar as bordas da massa, formando um quadrado, como mostra o desenho a seguir: 38 Após cada dobra, é importante que a massa descanse por aproximadamente 15 minutos sobre refrigeração. Isso faz com que o glúten relaxe e a massa se torne menos elástica. Existem dois tipos de dobra: simples e dupla. Dobra simples ou dobra de 3 (divide-se a massa em três partes e então dobra): Figura 29- Dobra simples ou Dobra de 3 Fonte: Samantha Dobra dupla ou dobra de livro: Figura 28- Placa de gordura da massa folhada Figura 30- Dobra Dupla ou Dobra de Livro Fonte: Samantha https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjhssz_rPDbAhUFGpAKHbI_Bu0QjRx6BAgBEAU&url=http://quefofurice.blogspot.com/2011/06/bonjour-que-tal-um-croissant.html&psig=AOvVaw3Ss6wOpwuuPBGFu7BGEnwq&ust=1530067540584393 39 8. 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