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Autora: Profa. Janaina Verônica Araújo Suconic Colaboradores: Prof. Rodrigo Stolf Prof. Welliton Donizeti Popolim Confeitaria Professora conteudista: Janaina Verônica Araújo Suconic Natural de Wenceslau Braz-PR. Pós-graduada em Gastronomia Funcional na Famesp. Chef pâtissier com formação universitária em Gestão em Gastronomia, especialista em Gastronomia Funcional, com especialização em Confeitaria Internacional, pelo Instituto Mausi Sebess de Buenos Aires, Argentina. Graduada em Gastronomia pela Universidade Paulista (UNIP). No Le Cordon Bleu em Paris, França, fez o curso de Cozinha. Em 2010, no México, fez o treinamento para Instrutores da marca Wilton, pela qual ministra cursos até hoje. Em janeiro de 2012 representou brilhantemente o Brasil no primeiro mundial feminino de confeitaria, em Rimini, na Itália. Atualmente é professora universitária no curso de Gastronomia, na UNIP, além de ministrar cursos livres na área de confeitaria em diversos centros culinários e escolas do ramo de cursos livres. Tem quatro livros publicados na área de confeitaria, com as editoras Larousse e Lafonte. Tem uma revista bimestral de confeitaria e participa regularmente de programas de televisão, apresentando seus trabalhos nos quadros de culinária. Recentemente assumiu a Coordenação de professores da marca Wilton em todo o Brasil. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S942c Suconic, Janaina Verônica Araújo. Confeitaria. / Janaina Verônica Araújo Suconic. 2. ed. São Paulo: Editora Sol, 2020. 200 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Confeitaria. 2. Bolos. 3. Chocolate. I. Título. CDU 664.656 U421.17 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzettow Revisão: Juliana Maria Mendes Lucas Ricardi Sumário Confeitaria APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 BREVE HISTÓRIA DA PÂTISSERIE .............................................................................................................. 11 1.1 A escolha e o sucesso de uma sobremesa .................................................................................. 14 1.2 As regras básicas da pâtisserie ........................................................................................................ 14 1.3 O açúcar ................................................................................................................................................... 15 1.3.1 Tipos de açúcar ........................................................................................................................................ 17 1.3.2 Caldas .......................................................................................................................................................... 20 1.3.3 Merengues ................................................................................................................................................. 22 1.3.4 Massas merengadas ............................................................................................................................... 26 1.3.5 Cremes ......................................................................................................................................................... 30 2 MASSAS BATIDAS CRESCIDAS DE ESTRUTURA AERADA ................................................................ 36 2.1 Pão de ló .................................................................................................................................................. 36 2.1.1 Génoise ....................................................................................................................................................... 37 2.2 Bolo ............................................................................................................................................................ 38 2.2.1 Bolo crocante ........................................................................................................................................... 38 2.2.2 Bolo de chocolate com coco .............................................................................................................. 39 2.2.3 Bolo de chocolate com morangos ................................................................................................... 41 2.2.4 Bolo com baba de moça e nozes ...................................................................................................... 42 2.2.5 Bolo de pêssego com coco .................................................................................................................. 44 2.3 Rocambole .............................................................................................................................................. 45 2.3.1 Rocambole de paçoca ........................................................................................................................... 46 2.4 Tortas ......................................................................................................................................................... 46 2.4.1 Biscuits ........................................................................................................................................................ 47 2.4.2 Mousses ...................................................................................................................................................... 47 2.4.3 Torta mousse de chocolate ................................................................................................................. 47 2.4.4 Torta de champagne .............................................................................................................................. 49 2.4.5 Bavaroise de peras .................................................................................................................................. 50 2.4.6 Torta de doce de leite ............................................................................................................................ 52 2.4.7 Torta sacher ............................................................................................................................................... 54 2.4.8 Torta mousse de chocolate com creme brûlée ........................................................................... 55 2.4.9 Bolos de casamento ............................................................................................................................... 56 2.4.10 Docinhos finos .......................................................................................................................................61 Unidade II 3 CHOCOLATE – DA HISTÓRIA AO CONSUMO ......................................................................................... 69 3.1 Fruto do pecado? .................................................................................................................................. 72 3.2 Variedades ............................................................................................................................................... 73 3.3 Transformação ....................................................................................................................................... 74 3.4 Origem controlada ............................................................................................................................... 74 3.5 Uso múltiplo ........................................................................................................................................... 75 3.6 Chocolate no Brasil .............................................................................................................................. 76 4 PRODUÇÃO DE CHOCOLATE ........................................................................................................................ 76 4.1 Processo de produção de chocolate ............................................................................................. 77 4.2 Componentes do chocolate ............................................................................................................. 80 4.3 A composição básica do chocolate ............................................................................................... 81 4.4 Métodos de derretimento ................................................................................................................. 81 4.5 “Temperar” o chocolate ...................................................................................................................... 82 4.6 Principais defeitos do chocolate .................................................................................................... 84 4.6.1 Fat bloom ................................................................................................................................................... 84 4.6.2 Sugar bloom .............................................................................................................................................. 84 4.7 Tipos de chocolates e coberturas do mercado ......................................................................... 86 4.8 Moldagem ............................................................................................................................................... 86 4.9 Armazenamento ................................................................................................................................... 87 4.10 Cuidados especiais ............................................................................................................................. 88 4.11 Recheios para bombons trufados ................................................................................................ 88 Unidade III 5 DIFERENCIAÇÃO DOS INGREDIENTES NA CONFEITARIA ................................................................. 99 5.1 Farinhas e amidos ................................................................................................................................ 99 5.2 Laticínios ................................................................................................................................................100 5.2.1 Leite ............................................................................................................................................................100 5.2.2 Creme de leite ........................................................................................................................................101 5.2.3 Iogurte .......................................................................................................................................................101 5.2.4 Queijo .........................................................................................................................................................101 5.3 Gorduras .................................................................................................................................................101 5.4 Ovos .........................................................................................................................................................102 5.5 Agentes geleificantes ........................................................................................................................103 5.5.1 Gelatina.....................................................................................................................................................103 5.5.2 Ágar-ágar .................................................................................................................................................104 5.5.3 Pectina .......................................................................................................................................................104 5.6 Agentes de crescimento ..................................................................................................................105 5.6.1 Mecânicos ................................................................................................................................................105 5.6.2 Químicos ...................................................................................................................................................105 5.7 Agentes aromatizantes ....................................................................................................................106 5.7.1 Especiarias, ervas e sementes ..........................................................................................................106 5.7.2 Essências, extratos e águas de flores ............................................................................................107 5.8 Corantes .................................................................................................................................................107 5.9 Bebidas ...................................................................................................................................................108 5.10 Frutas ....................................................................................................................................................108 5.11 Flores .....................................................................................................................................................109 5.12 Oleaginosas ........................................................................................................................................109 5.12.1 Conservação .........................................................................................................................................109 5.13 Baunilha ..............................................................................................................................................110 6 MASSAS DOCES EM GERAL .......................................................................................................................111 6.1 Massas quebradas ..............................................................................................................................111 6.1.1 Torta de maçãs .......................................................................................................................................112 6.1.2 Torta Linz ..................................................................................................................................................114 6.1.3 Torta de frutas ........................................................................................................................................1156.1.4 Crumble de maçãs ................................................................................................................................116 6.1.5 Lemon pie (torta de limão) ...............................................................................................................117 6.1.6 Torta de peras ......................................................................................................................................... 118 6.2 Petit fours secos ..................................................................................................................................119 6.2.1 Biscoito champanhe ........................................................................................................................... 120 6.2.2 Madalenas ............................................................................................................................................... 120 6.2.3 Sablés diamantes ..................................................................................................................................121 6.2.4 Cookies ......................................................................................................................................................121 6.2.5 Petit fours de queijo ........................................................................................................................... 122 6.2.6 Biscoito de leite em pó ...................................................................................................................... 122 6.3 Massas batidas crescidas de estrutura cremosa ....................................................................123 6.3.1 Bolo mármore........................................................................................................................................ 123 6.3.2 Bolo de cenoura ................................................................................................................................... 124 6.3.3 Bolo de maçã e especiarias .............................................................................................................. 125 6.3.4 Bolo indiano ........................................................................................................................................... 126 6.3.5 Bolo Veludo Vermelho (Red Velvet) .............................................................................................. 127 6.3.6 Pão de mel .............................................................................................................................................. 128 6.3.7 Dulce de leche lava cake ................................................................................................................... 129 6.3.8 Petit gâteau ............................................................................................................................................ 130 6.4 Cupcakes ................................................................................................................................................130 6.4.1 Cupcake de limão siciliano ............................................................................................................... 130 6.4.2 Cupcake de avelã ..................................................................................................................................131 6.4.3 Cakepop ................................................................................................................................................... 132 6.4.4 Cupcake de mirtilo .............................................................................................................................. 132 6.4.5 Cupcake de cenoura ........................................................................................................................... 133 6.4.6 Cupcake Blue Velvet (Veludo Azul) ............................................................................................... 133 6.4.7 Cupcake de chocolate ........................................................................................................................ 134 6.4.8 Cupcake branco básico ...................................................................................................................... 135 6.4.9 Cupcake de amêndoas ....................................................................................................................... 135 6.4.10 Cupcake de açúcar mascavo e frutas ........................................................................................ 136 6.4.11 Cupcake com canela e gengibre .................................................................................................. 137 6.4.12 Cupcake de frutas ............................................................................................................................. 137 6.4.13 Cupcake de chocolate com nozes .............................................................................................. 138 6.5 Pâte à choux (massa de bomba) ..................................................................................................139 6.5.1 Pâte à choux .......................................................................................................................................... 139 6.5.2 Pâte à choux – Éclair trufada de maracujá ............................................................................... 140 6.5.3 Profiteroles recheados com frango defumado .........................................................................141 6.5.4 Torta Saint-Honoré ............................................................................................................................. 142 6.6 Massas líquidas, semilíquidas e para fritar ..............................................................................143 6.6.1 Panqueca ................................................................................................................................................. 143 6.6.2 Crepe Suzete .......................................................................................................................................... 144 6.6.3 Waffle ....................................................................................................................................................... 145 6.6.4 Blini ............................................................................................................................................................ 145 6.6.5 Massa para filhó ................................................................................................................................... 146 6.6.6 Churro ....................................................................................................................................................... 146 Unidade IV 7 A GOURMETIZAÇÃO NA CONFEITARIA E AS FESTAS INFANTIS ...................................................152 7.1 Brigadeiro gourmet ...........................................................................................................................153 7.2 Beijinho gourmet ...............................................................................................................................160 7.3 Pipoca gourmet ...................................................................................................................................163 7.4 Pudins gourmet...................................................................................................................................166 7.5 Fudges .....................................................................................................................................................172 7.6 Brownies ................................................................................................................................................178 8 FESTA INFANTIL ..............................................................................................................................................1828.1 Etapas ......................................................................................................................................................182 8.1.1 Custo ......................................................................................................................................................... 185 8.2 Harmonização e personalização dos alimentos com o tema da festa .........................187 8.3 Explorando o tema Circo .................................................................................................................189 8.4 Salgadinhos de festa .........................................................................................................................189 9 APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), Este material foi elaborado com o intuito de orientá-lo na parte teórica que envolve a confeitaria e torná-lo apto a realizar a parte prática dos temas apresentados. Nesta disciplina, vamos estudar e trabalhar a confeitaria internacional, conhecer e aprender a identificar seus componentes, bem como os principais ingredientes e sua utilização, assim como toda a gama de serviços, estudando seu histórico e seus tipos. Abordaremos a história da confeitaria, como se dá a escolha de uma sobremesa, o ingrediente principal desta saborosa área, o “açúcar”, tipos de caldas, merengues, cremes, decoração e chantilly. Conheceremos alguns tipos de massas, a história do bolo de casamento, a pasta americana e os docinhos finos. Veremos um pouco da história do chocolate, o processo de produção, os componentes, bem como os métodos de derretimento, a temperagem, os tipos disponíveis no mercado e receitas. Apresentaremos uma diferenciação dos ingredientes, como: farinhas, amido, oleaginosas. Abordaremos massas quebradas, petit fours, massas batidas crescidas tanto de estrutura cremosa quanto de estrutura aerada, choux, massas líquidas, semilíquidas e para fritar, salgados de festa e receitas. Encerraremos falando da gourmetização, tema tão em alta hoje em dia. Esta disciplina visa capacitar o aluno na área da confeitaria, desenvolvendo habilidades criativas, a fim de que, usando seus recursos técnicos, possa produzir doces artesanais e comerciais. INTRODUÇÃO Um doce é sempre uma alegria compartilhada. Quanta felicidade ao se degustar um bolo, uma torta, sorvetes. O valor afetivo do açúcar se relaciona em grande parte às lembranças de nossa primeira infância, e a degustação de uma sobremesa é muitas vezes vivida e sentida como um instante de prazer. Uma memória que nos acomete e nos leva a reviver momentos de ternura passados em nossas vidas! Podemos participar de um jantar maravilhoso, mas se faltar a sobremesa, ou se ela não vier a contento, poderá comprometer todo o serviço prestado anteriormente, por isso costumamos dizer que com as sobremesas fechamos qualquer ocasião com chave de ouro. Desde a Antiguidade as pessoas gostam de finalizar suas refeições com um sabor doce em sua boca. Os romanos – e mais tarde os gauleses – misturavam especiarias e regavam com mel preparações feitas com farinha, como biscoitos, que eram guarnecidos com frutas frescas ou secas. No Oriente, os cruzados descobriram a cana-de-açúcar, e a partir de então desenvolveu-se o comércio do açúcar, uma mercadoria muito preciosa que devia ser vendida somente nos boticários. 10 Ainda na Idade Média, os especialistas em patês de carne, peixe e queijo passaram a fazer compotas de frutas, canudinhos de massas recheados com cremes, biscoitos de amêndoa, começando a aparecer, dessa forma, os primeiros confeiteiros. Ainda não são nossa conhecida sobremesa, mas já começam a aparecer os serviços de entrada de mesa, carnes ou peixes e finalmente a saída. O aparecimento de vários pratos doces deve-se a Catarina de Médici, que manda vir os já denominados confeiteiros de Florença para a França, e a partir de então, todos os doces feitos por eles, como bolos, macarons, sorvetes e tantas outras delícias, passam a fazer a alegria da Corte. Daí por diante a paixão por tanta doçura não para de crescer. Existem relatos de que desde o século XVIII o doce é considerado como um sinal do espírito de convívio e se espalha por todas as classes sociais. Desde essa época, um jantar sempre termina com uma sobremesa, que é o último serviço da refeição. O chocolate só começa a ser utilizado da maneira que conhecemos hoje no começo de século XIX. Inúmeras criações de chefs confeiteiros da época do século XIX se tornaram clássicos que são reproduzidos fielmente até os dias de hoje, como os Merengues de Carême, o Saint-Honoré de Chiboust, o Savarin dos Irmãos Julien, entre tantos outros que continuam a ser apreciados. Para nossa disciplina abordaremos não somente esta confeitaria encantadora, cheia de histórias, mas também a confeitaria moderna, cheia de medidas exatas. A confeitaria moderna é uma disciplina exata, que não nos permite erros. Trabalhamos com todas as preparações tendo por base o tempo e a temperatura. Muitas vezes, se passamos um minuto, ou dois ou três graus em uma preparação, já se perdem todos os ingredientes, não há como consertar. Por conta disso, para as aulas de confeitaria a concentração é um pré-requisito mais que necessário. Prepare-se para estudar bastante, pesquisar ainda mais e aproveitar este que é o lado doce da Gastronomia. 11 CONFEITARIA Unidade I 1 BREVE HISTÓRIA DA PÂTISSERIE O primeiro bolo de que se tem registro era uma mistura rudimentar de azeite, farinha e mel chamada Obélias (oferenda) que data de 5000 a.C., na Grécia. O bolo-oferenda representando animais era depositado no altar das divindades nas cerimônias rituais. Kribane, um bolo em forma de mama, apelava para a fertilidade e a abundância. Logo os bolos rústicos passaram a marcar ritos de passagem das estações do ano e dos homens, como aniversários, casamentos etc., cada vez mais enriquecidos com frutas, como figos, tâmaras e uvas passas; sementes como as de papoula e de gergelim; e especiarias. Quatrocentos anos antes da Era Cristã já se degustava um bolo de queijo branco ou de mel de Ática, em Atenas. O açúcar é originário da Índia. Acreditava-se que teria sido criado por Vishwamitra para alimentar os deuses. Os egípcios e os árabes foram os grandes responsáveis pelo refino e pela difusão do açúcar (sukkar, em árabe), que chegou ao Ocidente com as Cruzadas no final do século X, quando era vendido em forma de cones compactos, chamados de “pão de açúcar”, em Veneza. Trazido por épiciers, comercializados em boticários como medicamento para tratar dor de cabeça, febre, epilepsia e melancolia, o açúcar era um produto muito raro e custava caro. A Sicília foi a primeira cidade do Ocidente a cultivar a cana-de-açúcar. Em 1270 era possível comprar doces como filhós decorados com imagens religiosas e hóstias dos oubloiers, nas ruas de Paris, aos domingos e nas festas populares. Então, os pasticiers-haschiers, fabricantes de pastas de carne, animais de caça ou peixes, temperados com muitas especiarias e cobertas com gordura de boi ou banha de porco (terrines), faziam também o papel de anfitriões nos banquetes e nas festas de casamento que realizavam. No final do século XIV as mercearias vendiam pães doces, e um grande número de pessoas fabricava bolos. Em 1533, o casamento de Catarina de Médici com Henrique II da França influenciou de forma decisiva a gastronomia francesa. Catarina trouxe de sua corte florentina, além de cozinheiros italianos, uma nova maneira de comer. Nas sobremesas seu doceiro Popelini contribuiu com a Pâte à Choux, o Crème Frangipane e o Zabaglione, pudins de ovos, sorvetes, biscoitos e massas de amêndoas, além de geleias, compotas, doces e licores de frutas. Era o Renascimento. As mudanças de atitude em relação à vida se manifestavam nas diversas formas de arte, consagrando também o gosto das elites sociais pela confeitaria. Em Portugal o açúcar proveniente da Madeira e das colônias resultou em uma arte doceira conventual. Com afacilidade do açúcar, livre de impostos, e a fartura de ovos e amêndoas, freiras habilidosas batizavam com nomes celestiais suas criações divinas. 12 Unidade I Entre os séculos XVI e XVII predominou o gosto francês. Foi a época da pasta de amêndoas e dos doces confeitados. As cortes reais europeias recrutavam os melhores artistas do açúcar. São criados os merengues, os macarons, o creme fouettée, o pain d’épice, modelado em formas de madeira, e numerosos biscoitos. As preparações passam a ser perfumadas com os licores italianos, assim como o uso do âmbar e de almíscar era frequente. Porém, os doces ainda eram servidos entre as refeições e chamados de entremets. Os bolos eram confeccionados com muita elegância e beleza. Surgem os Trionfi di Tavola – grandes esculturas feitas de açúcar para decorar as mesas. Só a partir do século XVII é que a França passa a dispor do açúcar proveniente das Antilhas, mas seu preço ainda é bastante elevado. Reinavam Henrique IV e Maria de Médici, e La Varenne era mestre cozinheiro de sua corte, o mais famoso chef da época. Escritor internacionalmente respeitado por sua obra Le cuisinier françois, La Varenne escreve Le pâtissier françois e Le confiturier françois, os primeiros livros dirigidos apenas aos confeiteiros. Por volta de 1660, Paris viu surgir sua primeira sorveteria. Francesco Capelli, um siciliano de cognome Procope, foi o grande responsável pela popularização do sorvete na França. Seu café proporcionava às mulheres a oportunidade de frequentá-lo. Logo a cidade estava repleta de limonadiers. O século XVIII se caracteriza por uma democratização maior da confeitaria, agora acessível também à burguesia. A manteiga começa a ocupar um lugar de destaque nas novas criações. O açúcar, mais abundante, acelera o crescimento da pâtisserie e desafia a criatividade dos confeiteiros. Surgem os caramelos e pralinés. Da leveza da massa folhada, surgem os vol-au-vent, bouchées e jalousies. La Chapelle inova com a apresentação de bolos em colunas, crocantes e cremes de pistache, em seu livro Le cuisinier moderne, em 1735. Também são novidade os bolos decorados com violetas e os biscoitos aromatizados com jasmim, de outros artistas anônimos. O sorvete e o chantilly estão no auge da moda. A confeitaria vienense começa a se tornar conhecida no início do século XIX. Tanto a Sachertorte (criada em 1832) quanto o Apfelstrudel são acompanhamentos irresistíveis de um bom café ou do Chá das Cinco, inventado em 1830, pela duquesa de Bedford, na Inglaterra. O hábito desta refeição leve rapidamente conquistou adeptos em Paris, que adotou etiquetas e importou louça fina para este fim. Canapés, financiers, madeleines, brioches, croissants, petits-fours e petit choux faziam a alegria das madames e mademoiselles nas tardes parisienses. A Revolução Francesa mudara a aparência da cidade, que se viu com um número cada vez maior de confeitarias, pertencentes a confeiteiros oriundos das cozinhas dos nobres. Porém, o grande astro desse século foi, sem dúvida, Antonin Carême. Mestre incontestável da confeitaria ornamental, Carême criou os pièces montées, o croquembouche, o Gâteau de Savoie, a charlotte russa, bem como aperfeiçoou a massa folhada e o merengue. De sua confeitaria podiam surgir, de repente, fogos de artifício. Seus livros Le pâtissier royal e Le pâtissier pitoresque ensinavam aos jovens a importância da estética e do desenho. Seus discípulos Urbain Dubois e Jules Gouffé deram continuidade a seu trabalho de teorização da pâtisserie em suas obras Le grand livre des pâtissiers e confissiers e Le livre de pâtisserie. 13 CONFEITARIA No final do século XIX, a confeitaria francesa atingia seu apogeu. Contudo, o exercício da profissão exigia enormes sacrifícios com tantas operações manuais: bater claras, afinar o açúcar, quebrar as amêndoas. O almofariz ou mortier (pilão de duas cabeças) era apelidado de “matador de aprendiz”. A conservação dos produtos também era um problema tão grave que resultava, muitas vezes, em intoxicações mortais. Até as mudanças de estação impunham um novo cardápio. Porém, o preço acessível do açúcar estimulava a abertura de novos estabelecimentos. Foi nesse período que surgiram a Fauchon de Paris, considerada a delicatessen de maior prestígio no mundo, e as primeiras escolas de cozinha: Le Cordon Bleu e Ritz Escoffier. Auguste Escoffier tem uma participação decisiva na cozinha profissional, pois foi ele que classificou a atividade culinária em setores (garde-manger, entremettier, rôtisseur, saucier e pâtissier) interdependentes, além do legado de importantes publicações e discípulos que se encarregarão de divulgar a haute cuisine. Surgiam os primeiros equipamentos refrigerados e os fogões a gás. Técnicas de pasteurização e conservação de alimentos e acondicionamento em latas transformavam o mercado de alimentos e facilitavam seu sistema de distribuição. No início do século XX os confeiteiros franceses já possuíam um reconhecido savoir-faire, e muitos seguiram brilhantes carreiras no exterior. A demanda crescente e incessante do profissional de cozinha decorrente, sobretudo, da efervescência do mercado turístico impulsionou grandes transformações na indústria de equipamentos e no aperfeiçoamento de utensílios culinários. Entretanto, foram tímidas as criações desse período: o bolo de chocolate, os cremes de manteiga aromatizados e os primeiros gâteaux individuels. Os bolos decorados com pasta de amêndoas e arabescos em glacê Royal trazendo personagens de Walt Disney foram a sensação do final da década de 1940. A partir dos anos 1950 uma enxurrada de tecnologia invade as cozinhas. Tornaram-se disponíveis câmaras frias, vitrines refrigeradas, freezers, batedeiras, fornos elétricos, laminadoras etc., ao mesmo tempo que surgiam novos materiais, como o plástico, o celofane, as caixinhas de alumínio, sacos descartáveis. O cuidado com a higiene torna-se cada vez mais evidente com a criação de normas e exigências drásticas. Concursos de pâtisserie acirravam as disputas individuais, estimulando a criatividade e promovendo a descoberta de novos talentos. Gaston Lenôtre – reverenciado como o “pai da nouvelle pâtisserie”, pesquisador incansável, autor de Meringue d’Automne, Gâteau Concorde, Charlotte Cécile, fundador da l’École Lenôtre, destinada particularmente ao aperfeiçoamento de profissionais e de um complexo gastronômico com Café, Traiteur e Boutique – foi o referencial para todos os grandes astros que figuram no cenário gastronômico mundial, como Pierre Hermé e François Payard. O grande boom da confeitaria do final do século XX trouxe as tortas montadas em aros, com bases de dacquoise e biscuit joconde, mousses, bavaroises, combinações inusitadas de especiarias e frutas exóticas. Os irresistíveis gâteaux d’entremets parecem se perpetuar na sutileza dos sabores, texturas e formas surpreendentes e na riqueza inesgotável de detalhes. A inspiração para tanta criatividade repousa, enfim, em suas próprias tradições. 14 Unidade I Saiba mais O livro a seguir pode propiciar uma inter-relação com os conteúdos da unidade: PERRELA, A. S.; PERRELA, M. C. Receitas históricas da confeitaria mundial. São Paulo: Senac, 2016. 1.1 A escolha e o sucesso de uma sobremesa Bolos, tortas, doces, frutas preparadas e sorvetes são sempre, no final de uma refeição, uma alegria compartilhada. O açúcar possui um valor afetivo mais ou menos consciente, relacionado em parte às lembranças da primeira infância, e a degustação de uma sobremesa é muitas vezes vivida como um instante de prazer. Já na Antiguidade, as pessoas gostavam de terminar as refeições com um sabor doce na boca. Os romanos – e mais tarde os gauleses – regavam com mel e especiarias biscoitos feitos de farinha, que eram guarnecidos com frutas frescas ou secas. Graças aos cruzados, que descobriram no Oriente a cana-de-açúcar – esse doce caniço, mencionado na Bíblia –, desenvolveu-se o comércio do açúcar, mercadoria preciosa que era vendidanos boticários. No final da Idade Média, a corporação dos confeiteiros, especialistas em patês de carne, peixe e queijo, começa a fazer compotas de pera, canudinhos recheados com creme e biscoitos de amêndoa. Não se fala ainda de sobremesa. Uma ordenação de 1563 define três serviços: “as entradas de mesa, a carne ou o peixe e finalmente a saída”. O surgimento de novos pratos doces deve-se a Catarina de Médici, que manda vir seus confeiteiros de Florença para a França. A partir de então, bolos, macarons e sorvetes fazem as delícias da Corte. A paixão por todas essas doçuras não para de crescer. Brillat-Savarin (1995) relata que, desde o século XVIII, o espírito de convívio se espalha por todas as classes sociais. Um jantar termina sempre com uma sobremesa, último serviço da refeição e composta de frutas, doces, geleias e queijo. O chocolate só começa a ser utilizado no início do século XIX. A criação de inúmeros pratos açucarados, que se tornarão clássicos, é obra de grandes mestres confeiteiros dessa época: os Merengues de Carême, o Saint-Honoré de Chiboust, o Pêssego Melba de Escoffier, o Savarin dos Irmãos Julien. 1.2 As regras básicas da pâtisserie Pâtisserie é a forma francesa de chamar a arte da confeitaria. Para se iniciar nos seus segredos e preparar uma sobremesa de sucesso, você não precisa ter o conhecimento e a prática de um profissional. Antes de “pôr a mão na massa”, saiba que, se a reunião dos diferentes elementos e a apresentação final (harmonia de cores, elementos de decoração) deixam espaço para a criatividade, as preparações de base dependem de técnicas precisas. Convém estar atento à escolha dos ingredientes, pesá-los com precisão e respeitar a temperatura e o tempo de cozimento. 15 CONFEITARIA Tenha sempre os ingredientes básicos. Todos os produtos que entram na composição de uma receita devem ser de boa qualidade e bem frescos. Verifique sempre o prazo de validade. Os mais frágeis, como creme de leite fresco ou chocolate, devem ser comprados na quantidade necessária, no último momento. Conserve arroz, amido de milho e farinhas em recipientes herméticos, ao abrigo do calor e da umidade. Tanto a farinha de trigo quanto o amido de milho são mercadorias perecíveis e depois de um mês se desidratam, podendo provocar um verdadeiro desastre nas preparações. Escolha sempre frutas maduras, sobretudo as que têm caroço. Esse conselho é igualmente válido para o preparo de geleias. Leia sempre os rótulos ou as etiquetas, que especificam a categoria e a proveniência dos produtos, e leve em conta a variedade aconselhada na receita. Compre frutas cítricas de cultura orgânica, livres de agrotóxicos, quando tiver de utilizar as cascas. Para cada receita é essencial respeitar as proporções de todos os ingredientes, pois em sobremesas não se deve improvisar. A improvisação e a criação exigem grande mestria. Balanças e recipientes graduados continuam a ser, portanto, instrumentos indispensáveis. Após adquirir certa experiência, pode-se ajustar uma receita quanto aos ingredientes (modificar levemente a quantidade de açúcar em razão da acidez das frutas, por exemplo). O cozimento permanece como a etapa final, e conhecer bem o seu forno determina em grande parte o êxito de uma receita. Consulte o manual do fabricante. Embora os aparelhos estejam cada vez mais aperfeiçoados, pode haver uma diferença de 20% a 30% entre a temperatura exibida no termostato e a real. É por isso que, para todas as receitas, a temperatura é dada apenas a título indicativo. Você pode aferir a temperatura do forno utilizando um termômetro especial: suspenda-o no centro da grade e compare e temperatura exibida com a temperatura realmente obtida ao cabo de 15 minutos. Saiba mais O livro a seguir pode propiciar uma inter-relação com os conteúdos da unidade: BRETHERTON, C. Step-by-step baking. London: DK, 2011. 1.3 O açúcar Um pouco de história... A cana-de-açúcar é, talvez, o único produto de origem agrícola destinado à alimentação que, ao longo dos séculos, foi alvo de disputas e conquistas, mobilizando pessoas e nações. Não se sabe bem ao certo de onde ela veio, mas a maioria das referências históricas indica que teriam sido os povos das ilhas do sul do Pacífico, há mais de vinte mil anos, que descobriram as propriedades desta planta, a qual crescia espontaneamente nas suas terras. 16 Unidade I Foi na atual Nova Guiné em que se supõe que ela tenha sido cultivada pela primeira vez. Teriam sido os indianos o primeiro povo a extrair o “suco da cana” e a produzir, pela primeira vez, o “açúcar bruto”, por volta do ano quinhentos antes de Cristo. Não é por acaso que seu nome é originário do sânscrito çarkara, que significa “grão” e do qual vai derivar o nosso “açúcar”, sukkar para os árabes, saccharum em latim, zucchero em italiano, seker para os turcos, zucker para os alemães, sugar em inglês, sucre em francês e azúcar em espanhol. O desembarque da cana-de-açúcar na Europa Oriental aconteceu no século IV a.C., fruto das viagens e conquistas de Alexandre Magno, desde a Macedônia até a Ásia. Dos gregos, o Império Romano herdou aquele a que chamavam de “sal indiano”, muito apreciado pelas suas propriedades gastronômicas e medicinais. Mas foram os árabes os responsáveis pelo início da produção de açúcar sólido ao longo do Mediterrâneo, arte aprendida com os persas. No século VII, a cultura do açúcar chegava, assim, ao Chipre, a Creta, a Rodes e a todo o norte da África, embora com uma adaptação ao solo e ao clima variável. No século XII, as tentativas de cultivo estenderam-se às regiões da Grécia, do Sul da Itália e França, mas a produção continuou a ser muita reduzida. Por isso, o açúcar permanecia um produto medicinal e de luxo, vendido nos boticários, ao alcance de poucos. Nessa altura, eram os mercadores venezianos os principais intermediários desse comércio: compravam o açúcar na Índia e vendiam-no a quem podia pagar por esta raridade gastronômica. Paralelamente, a descoberta do “Novo Mundo” inseriu a última mudança na história da introdução do açúcar em nossas mesas. Por sorte, o navegador Cristóvão Colombo possuía uma plantação de cana-de-açúcar e, antes de se casar, trabalhava transportando açúcar para a cidade de Gênova, na Itália, proveniente das plantações de cana na Ilha da Madeira. Isso tudo, provavelmente, fez com que ele tivesse a ideia de levar um pouco de cana-de-açúcar para o Caribe, em sua segunda viagem ao “Novo Mundo” no ano de 1493. No novo continente, a cana encontrou excelentes condições para se desenvolver e não foram precisos muitos anos para que, em praticamente todos os países recém-colonizados, os campos se enchessem de cana-de-açúcar. Seguiu-se uma época de grande prosperidade para a cultura e comercialização deste produto, protagonizada por portugueses e espanhóis, com especial destaque para as plantações aqui no Brasil. A cobiçada especiaria ganhou mesmo honras de metal precioso. Chamavam-lhe de “o ouro branco”, tal era a fortuna que gerava. A exploração dos escravos, que se praticou desde o século XVI até princípios do século XIX, viabilizou a expansão da indústria do açúcar de uma forma irreversível, com plantações praticamente em todo o mundo, desde as Índias Ocidentais às Américas. Mais popularizado, principalmente para adoçar as novas bebidas, também de origem “exótica”, como café e chá, o açúcar conhece um maior consumo, embora ainda mais presente no círculo restrito das classes abastadas. 17 CONFEITARIA Hoje, o maior produtor de açúcar é o Brasil, seguido pela União Europeia (EU – European Union), Índia e China. O açúcar tornou-se um alimento comum à dieta de todos os países, constituindo uma fonte de energia de fácil e rápida assimilação. Além disso, o sabor doce é um dos mais apreciados pelo ser humano, o que torna o açúcar um dos alimentos capazes de oferecer momentos de bem-estar e prazer. O açúcar na cozinha Estudos apontam que os nossos ancestrais consumiam dietas que tinham cercade 4%-6% de açúcar, medido como porcentagem de energia, principalmente sob a forma de frutas e ocasionalmente de mel. Os seres humanos evoluíram tendo uma aceitação intensa ao sabor doce, provavelmente porque, na natureza, a doçura indica que as frutas já estão maduras e prontas para serem consumidas. Esse fato certamente influenciou nosso paladar hoje no que diz respeito à aceitação (muitas vezes “adoração”) pelo doce. Fonte: Chemello (2005, p. 4-5; 12). 1.3.1 Tipos de açúcar Segue uma relação resumida dos tipos de açúcar disponíveis no mercado para o consumidor e utilizados na indústria com suas principais características. • Açúcar mascavo (bruto): obtido diretamente da concentração do caldo de cana recém-extraído. Bastante úmido, tem sabor muito semelhante ao da rapadura e cor que varia do caramelo-claro ao marrom-escuro. Contém 94% de sacarose e, por não ser refinado, possui mais impurezas que qualquer outro tipo de açúcar, mas mantém as vitaminas e os sais minerais presentes na cana-de-açúcar. • Açúcar cristal: não passa por algumas fases do refino, é granulado, formado por cristais pequenos, transparentes e uniformes, contendo aproximadamente 99% de sacarose. Por ter sais que absorvem água, fica umedececido com facilidade, tornando-se viscoso, portanto é de difícil conservação. Muito utilizado no preparo de caldas e na panificação. • Açúcar demerara: é um tipo de açúcar cristal mais escuro, porque não passa por branqueamento, e de sabor mais suave que o mascavo. O teor de sacarose no demerara é de 98,5%, quase o mesmo do açúcar cristal. Ambos costumam ser usados da mesma forma, especialmente quando podem ser derretidos com o calor ou diluídos com o tempo. Adoçar o café ou um suco com ele às vezes é complicado, porque o tempo e o calor não são suficientes para dissolvê-lo. Mas é ótimo para caldas, bolos, caramelos, pudins, compotas, licores. Apresenta valores nutricionais similares aos do açúcar mascavo. Como um mel residual cobre os cristais, é mais úmido e instável. Em tempo seco, pode empedrar; já com umidade excessiva, às vezes mela. Deve ser guardado em vidro hermeticamente fechado, evitando locais úmidos. 18 Unidade I • Açúcar refinado: processado a partir do melado de cana ou do açúcar mascavo. O produto, que inicialmente é marrom, recebe adição de gás sulfídrico e outras substâncias químicas para ficar claro. Nesse processo, o açúcar refinado perde vitaminas e sais minerais. Contém de 98% a 99% de sacarose e apresenta dissolução rápida, grãos finos e cor extremamente branca. • Açúcar de confeiteiro (glaçúcar): com grânulos bem finos, cristalinos, produzido diretamente na usina, sem refino e destinado à indústria alimentícia, que o utiliza em massas, biscoitos, confeitos e bebidas. • Açúcar impalpável: branco, de textura muito fina, é o obtido de uma moagem maior com o acréscimo de 3% de amido de arroz, milho ou fosfato de cálcio, a fim de evitar a agregação dos cristais. Indicado para preparar glacês, confeitar bolos e polvilhar tortas, doces e pães (proporciona um aspecto de leveza). • Açúcar invertido: é um xarope feito de açúcar comum. Obtido pela ação de ácidos e uma enzima na sacarose, o que resulta na quebra da molécula de sacarose em glicose e frutose. Melhora o processo de produção de refrigerantes, biscoitos, sucos, sorvetes, molhos e doces em geral. Seu uso na fabricação de balas evita a cristalização do açúcar. • Açúcar aromatizado: é o açúcar com aroma de alguma especiaria. A mais utilizada é a baunilha. Na França é muito comum encontrar uma fava de baunilha dentro do açucareiro, ela dá um gostinho todo especial a tudo o que é adoçado com este açúcar aromatizado. Seguem algumas sugestões: — Com baunilha: coloque duas favas de baunilha em um pote de açúcar (com 2 kg no máximo) e deixe tomar gosto por duas semanas, no mínimo. Durante esse período, mexa a mistura algumas vezes. Use no preparo de doces e bolos. — Aroma cítrico: coloque tiras finas e longas de casca de laranja, limão ou lima em um pote de açúcar (com 3 kg no máximo) e deixe tomar gosto pelo menos por 3 dias antes de usar. — Açúcar de alecrim: adicione dois ramos de alecrim ao açúcar e misture. Deixe por uma semana antes de usar. Ideal para pudins e sobremesas com frutas. Para aromatizar salada de frutas, tempere o açúcar com especiarias, como canela ou cravo-da-índia. • Melaço: líquido viscoso, obtido no processo de refinamento do açúcar. • Glicose de milho (dextrose): é naturalmente um açúcar invertido, também adicionada para prevenir a cristalização quando o açúcar é levado a altas temperaturas. • Mel de abelhas: líquido viscoso produzido pelas abelhas a partir do néctar de flores diversas, razão pela qual existem diferentes tonalidades, que vão do incolor ao âmbar-escuro, sabores distintos e consistências variadas. O mel puro guardado em local seco e fresco mantém-se por até um ano. Eventualmente pode vir a açucarar; neste caso, basta colocar o vidro por alguns segundos no micro-ondas ou em uma panela com água quente, para que o mel volte à forma líquida. 19 CONFEITARIA • Frutose: açúcar encontrado naturalmente em frutas e no mel. Um dos açúcares mais doces da natureza. • Maple syrup (xarope de bordo): calda doce de cor caramelo obtida da seiva da árvore maple (Acer saccharum), originária do Canadá e dos Estados Unidos. A denominação syrup significa xarope, e o maple syrup pode substituir o melado, a glicose de milho e o mel. Constitui o acompanhamento tradicional, principalmente nos Estados Unidos e no Canadá, para panquecas e waffles, além de sorvetes, bolos, tortas, bem como é utilizado no preparo de carnes assadas, que adquirem uma crosta brilhante e de sabor especial. • Açúcar orgânico: é diferente de todos os outros tipos porque não utiliza ingredientes artificiais em nenhuma etapa do ciclo de produção, do plantio à industrialização. Mais caro, mais grosso e mais escuro que o refinado, mas com o mesmo poder adoçante, pois se trata quase exclusivamente de sacarose. Muito apreciado por europeus e norte-americanos, cada vez mais preocupados com a sustentabilidade ambiental, este açúcar é considerado natural desde o plantio, sem adubos e fertilizantes químicos, até a embalagem biodegradável, passando, claro, pela produção industrial sem cal, enxofre, ácido fosfórico e tantos outros elementos adicionados ao produto refinado. A palavra de ordem dos novos plantadores é a preservação da natureza. Mas a produção e o mercado consumidor ainda são irrisórios. Por ano, são produzidos 125 milhões de toneladas de açúcar no mundo, mas desse total, apenas de 40 a 50 mil toneladas são do tipo orgânico, o que significa 0,036% de todo o açúcar produzido. • Açúcar light: surge da combinação (mistura) do açúcar refinado com adoçantes dietéticos, como o aspartame, o ciclamato e a sacarina, os quais quadruplicam o poder de adoçar do açúcar puro. Um cafezinho só precisa de dois gramas de açúcar light para ficar doce, contra seis gramas de açúcar comum. Por isso, quem consome açúcar light ingere menos calorias com relação à sacarose pura. • Açúcar líquido: é obtido pela dissolução do açúcar refinado em água. Usado em bebidas gasosas, balas e doces, o açúcar líquido não é vendido em supermercados. Uma das vantagens é que ele não precisa ser estocado em sacos, diminuindo os riscos de contaminação com poeira ou microrganismos, aumentando a praticidade do uso, principalmente na indústria de alimentos. Lembrete Glaçúcar e açúcar impalpável são popularmente chamados açúcar de confeiteiro, então devemos atentar à utilização, pois um é puro e mais grosso, enquanto o outro é mais fino e contém amido. 20 Unidade I Tabela 1 – Caldas e pontos do açúcar Pontos de açúcar Almíbar – 100 °C Bala mole – 116 °C a 119 °C Bala dura – 120 °C a 127 °C Caramelo claro – 151 °C a 160 °C Caramelo escuro – 161 °C a 170 °C 1.3.2 Caldas Pela observação da tabela anterior, vemos que existem diversos pontos de fervura do açúcar. A temperaturaé o guia para esses diferentes pontos. Indica a concentração de açúcar ou o ponto que a calda atingiu. Ao ferver uma calda por algum tempo, a água evapora, o açúcar fica concentrado e a calda fica cada vez mais grossa. As propriedades da calda vão mudar conforme esta for evaporando. Para medir a temperatura de uma calda com termômetro, ele deve ser posicionado de tal forma que sua ponta toque somente a calda, e não o fundo da panela. A proporção de açúcar em relação à água pode variar, dependendo da finalidade para a qual se emprega essa calda. • Calda fina: 250 gramas de açúcar para 500 mL de água. • Calda média: 250 gramas de açúcar para 250 mL de água. • Calda grossa: 250 gramas de açúcar para 225 mL de água. A panela tradicionalmente usada para o preparo de caldas é a de cobre, um ótimo condutor de calor que não reage quimicamente com o açúcar. Cuidados ao se preparar caldas de açúcar concentradas: • Dissolver bem o açúcar na água antes de levar a calda ao fogo. • Não mexer muito a calda depois que levantar fervura. • Manter o interior da panela limpo. Para isso, limpar as laterais da panela com um pincel molhado na água fria. • Ao se preparar caldas, é essencial dissolver o açúcar no líquido. Se houver formação de cristais, outros serão criados, numa reação em cadeia, e logo a calda será uma massa crocante. Os cristais se formam quando a calda é mexida após a fervura, ou quando respinga nas laterais da panela. Evite a formação de cristais pincelando o interior da panela com água fria. 21 CONFEITARIA 1.3.2.1 Caramelo O caramelo tem uma infinidade de aplicações. Ele se forma quando a calda atinge o ponto quebradiço e começa a ganhar cor, iniciando com um dourado-claro e escurecendo, gradativamente. A cor indica o sabor: caramelo claro tem sabor mais suave; caramelo escuro, um sabor mais acentuado de nozes e um toque amargo. Para preparar uma calda de caramelo, assim que ela atingir a cor adequada, retire a panela do fogo e acrescente um pouco de água quente. Dê o ponto desejado com a água. 1.3.2.2 Praliné O praliné é um caramelo crocante adicionado de oleaginosas. Amêndoas sem pele são tradicionalmente usadas. O praliné pode ser quebrado com um rolo de macarrão ou no processador, dependendo da produção em que será empregado. 1.3.2.3 Nougatine Também é um caramelo adicionado de frutas secas, porém com uma consistência maleável, em virtude da adição de glicose na sua preparação. Por causa dessa maleabilidade, enquanto quente, o nougatine pode ser moldado e utilizado de várias formas. Pode ser cortado com vazadores em formatos diferentes ou apenas quebrado com as mãos. Assim que o nougatine estiver pronto, despeje sobre um silpat ou sobre o mármore levemente untado. Ele esfria facilmente e por isso deve ser trabalhado rapidamente. Abra-o usando um rolo levemente untado. Se o nougatine esfriar antes que se tenha dado a forma desejada, basta levá-lo ao forno por alguns segundos até que ele recobre sua maleabilidade. 1.3.2.4 Fondant O fondant nada mais é do que uma calda de açúcar recristalizada até formar uma pasta branca e macia. Ele é muito utilizado na pâtisserie como cobertura e decoração. A glicose e o cremor de tártaro vão inverter parte do açúcar fazendo que atinja a quantidade necessária de recristalização. Sem esses ingredientes o açúcar ficaria muito difícil de trabalhar. Da mesma forma, se houver muito cremor de tártaro e glicose, não ocorrerá recristalização suficiente, fazendo o fondant ficar mole e aguado. Depois de pronto, o fondant pode ser aromatizado com licores, chocolate, café, essências, e também colorido, usando-se corantes comerciais. Muitas confeitarias não preparam o fondant, preferindo comprá-lo pronto (industrializado). Para utilizar o fondant devemos tomar alguns cuidados: • Levar ao fogo para derreter em banho-maria e não ultrapassar 105 ºC para que ele não perca seu brilho. • Caso o fondant esteja grosso, podemos pingar um pouco de calda ou água para afiná-lo. • Armazenar em recipiente seco e bem vedado, para que não resseque. 22 Unidade I Tabela 2 – Preparo do fondant Fondant Açúcar 250 g Água 125 g Glicose 25 g Cremor de tártaro ½ Colher de café Preparo: Limpar, secar e untar levemente a superfície de mármore onde o fondant será preparado. Untar levemente a espátula de metal que será utilizada para mexer o fondant. Reservar. Numa panela pequena levar ao fogo a água com o açúcar. Quando ferver, adicionar a glicose e o cremor de tártaro dissolvido em um pouquinho de água. Retornar ao fogo, pincelando água fria nas laterais da panela sempre que se formarem cristais de açúcar. Com um garfo para banhar bombons, testar a calda: ao soprar, a calda aderida ao garfo deve formar uma bolha (atingir 114 ºC). Despejar sobre o mármore e cobrir com meia colher de sopa de água fria. Esperar que a calda resfrie até cerca de 45 ºC. Começar a trabalhar a calda com a espátula, incorporando ar até a mistura se tornar levemente branca. Continuar trabalhando o fondant até que atinja a consistência cremosa. Se for utilizar, transferir o fondant para um bowl que possa ser levado ao banho-maria. Se for armazenar, coloque o fondant em um recipiente fechado e cubra a superfície com um pouco de água para evitar o ressecamento. Escorrer essa água quando for utilizar. Deve ser armazenado em temperatura ambiente. Lembrete Um ou dois graus de temperatura fazem diferença na cor e no sabor de cada calda. Esteja sempre atento. 1.3.3 Merengues Merengue pode ser definido como uma mistura de claras de ovos batidas com açúcar. Apesar do nome francês, sua origem não é documentada, acredita-se que possa ter vindo das cidades Meiringen (Suíça) ou Mehrinyghen (Alemanha) e que tenha surgido no início do século XVI. Um merengue deve ser feito de claras de ovos e açúcar batidos juntos para que se incorpore ar e se formem picos macios ou firmes. Apenas claras batidas não são chamadas de merengues, são simplesmente claras batidas até consistência firme (e seca). Ovos podem facilmente produzir espuma. Quando as gemas (que contêm uma substância gordurosa que destrói a capacidade da albumina de espumar) são retiradas, as claras de ovos batidas podem aumentar em até oito vezes seu volume, graças à associação de duas proteínas: albumina e ovalbumina. Quando as claras são batidas, a albumina forma uma massa estável de pequeninas bolhas de ar enquanto parte das moléculas de proteína se une e forma uma frágil rede que retém a umidade (as claras são compostas de 85% de água). Isso seria suficiente se as claras batidas não fossem ser assadas, mas como o ar se expande quando aquecido, a rede de proteínas desnaturadas na superfície seria destruída e imediatamente desmoronaria se não fosse pela proteína ovalbumina. 23 CONFEITARIA Apesar de não ter função alguma enquanto as claras são batidas, ela coagula quando aquecida, formando sua própria rede no merengue, impedindo que este caia quando a água evapora. Em outras palavras, a ovalbumina torna possível transformar uma espuma líquida em uma massa sólida quando submetida ao calor. Efeitos no preparo: • Açúcar: um merengue seria muito suave sem a adição de açúcar, que, além de ajudar a estabilizar a espuma, especialmente quando levado ao forno, retarda o processo de formação de espuma e diminui o volume e a leveza do merengue. Isso é especialmente notado quando o merengue é batido à mão, mas mesmo quando se utiliza um batedor elétrico o açúcar precisa ser introduzido gradualmente e, em muitos casos, nunca antes de as claras terem aumentado seu volume em até quatro vezes, pois dessa forma o açúcar não impedirá a albumina de firmar a espuma. A quantidade de açúcar usada no merengue dependerá da textura desejada e do uso pretendido. Merengues macios, utilizados em tortas, podem ser feitos com iguais partes de claras e açúcar. Merengues firmes, para serem assados, usualmente, possuem o dobro da quantidade de açúcar. • Sal: assim como o açúcar, tem efeitos diversosna preparação do merengue. Enquanto age como um intensificador de sabor, aumenta o tempo necessário para se bater as claras e reduz a capacidade de espumar, apesar de ambos ocorrerem de forma muito discreta. • Ácido: ácido cítrico (suco de limão), solução de ácido tartárico ou cremor de tártaro (que é o sal sólido do ácido tartárico acrescido de amido de milho) não influenciam o volume do merengue, mas ajudam a estabilizar a espuma, reduzindo o pH da albumina e tornando a espuma menos suscetível a desmoronar. Apenas uma pequena quantidade dessas substâncias deve ser usada, pois além de alterar o sabor da preparação, pode impedir a coagulação durante a cocção em forno. • Bowl de cobre: apesar de se defender o uso de utensílios de cobre no preparo de merengues para se obter um produto de qualidade superior em menor tempo, o uso deste em detrimento do aço inox é questionável. A suposta propriedade de conferir acidez às claras quando em contato com a albumina é um fenômeno discutível, pois esse efeito pode ser obtido com a adição dos demais ácidos citados anteriormente. • Batimento: merengues em picos moles não sustentam sua forma, irão afundar ou cair. Quando propriamente batidos em picos firmes, manterão o formato ao serem moldados com o saco de confeitar. Deve-se poder virar o bowl de cabeça para baixo sem que o merengue caia. Importante: há uma tênue linha entre picos duros e um merengue batido em excesso: quando isso acontece, o merengue se torna ressecado, difícil de confeitar e impossível de ser incorporado a outras misturas sem que restem “pelotas” de merengue por toda a massa. Merengues em picos duros devem manter o brilho, e não ressecar ou “quebrar”. 24 Unidade I Recomendações: • Oleaginosas, cacau em pó e outros aromatizantes, assim como corantes, podem ser adicionados ao merengue. Devem ser incorporados após o merengue atingir a firmeza adequada e sempre em pequenas quantidades. • Merengues devem ser assados em temperaturas baixas. Na maioria dos casos, a temperatura deve ficar entre 99 ºC e 104 ºC. No caso de merengues contendo nozes moídas, como o merengue japonês, as nozes irão absorver parte da umidade das claras, permitindo que se asse (e seque) mais rapidamente. Não se deve assá-los tanto de forma a secá-los totalmente. Não devem adquirir cor quando assados, e sim permanecer claros. • Como o merengue nunca deve ser preparado antes como mise en place, teoricamente falando, quanto mais açúcar se adicionar, por mais tempo a preparação manterá seu volume e sua firmeza, sem desmoronar quando moldada. Merengues francês e japonês devem ser confeitados ou espalhados no formato desejado imediatamente após batidos. O merengue será menos estável em maior proporção quando agitado (espalhando-o ou colocando em um saco de confeitar) após repousar por um curto período de tempo, como 10 minutos. O merengue italiano e (em menor proporção) o suíço mantêm a forma por mais tempo. A estabilidade do merengue italiano se deve à parcial cocção durante seu preparo. Quando feito corretamente, pode durar várias horas. No entanto, se muito açúcar grudar nas laterais do bowl ou no globo durante o batimento, sua durabilidade diminuirá sensivelmente. Todo merengue assado (seco) é suscetível a absorver a umidade do ar, devendo sempre ser armazenado em recipientes vedados e em locais secos, podendo durar várias semanas. No caso de merengue japonês ou outros acrescidos de nozes, o tempo deve ser menor, pois se tornam rançosos quando armazenados por muito tempo. 1.3.3.1 Tipos de merengues Na confeitaria existem três tipos de merengue, o italiano, o suíço e o francês, popularmente conhecidos como quente, morno e frio, segundo o modo de preparo e as técnicas utilizadas. Para o merengue italiano fazemos uma calda a 121 °C, por isso o chamamos de quente; para o suíço fazemos um banho-maria até obter 85 °C, por isso é chamado de morno; e o merengue francês não recebe nenhum tipo de calor no seu preparo, por isso é chamado de frio. A seguir estão especificados, separadamente, segundo suas técnicas de preparo e utilização. 1.3.3.1.1 Merengue francês O mais indicado quando assado “ao natural”, misturado a nozes ou utilizado como base para bolos. Quando preparado e assado corretamente, o merengue francês é bem delicado, leve e frágil. Deve ser confeitado ou espalhado imediatamente após ser batido, ou as claras começarão a se separar do açúcar. Esse tipo de merengue não deve ser adicionado a recheios que não serão assados nem ingerido cru, a não ser que seja preparado utilizando-se de claras pasteurizadas, para se evitar a contaminação por salmonela. 25 CONFEITARIA Tabela 3 – Preparo do merengue francês Merengue francês Claras 200 g Açúcar cristal 200 g Açúcar impalpável 200 g Preparo: Bater as claras em velocidade baixa e acrescentar um pouco do açúcar cristal. Aumentar a velocidade e acrescentar o restante do açúcar cristal. Em seguida, acrescentar o açúcar impalpável e bater até que a mistura tome corpo. O merengue vai estar pronto quando formar um bico firme. 1.3.3.1.2 Merengue italiano O mais indicado quando é necessário guardar por um curto período de tempo; o mais denso, pelo fato de as claras estarem parcialmente cozidas; e o que mais mantém o formato antes de começar a desmoronar. Sua utilização é recomendada principalmente em sobremesas nas quais é ingerido cru ou apenas parcialmente cozido, ou quando utilizado como recheio ou cobertura. Não se presta muito para ser assado pois se torna duro, com uma textura desagradável. Tabela 4 – Preparo do merengue italiano Merengue italiano Claras 250 g Açúcar 500 g Água 200 mL Preparo: Fazer uma calda em ponto de bala mole ou dura (depende da utilização), com a água e o açúcar. Quando a calda chegar a 114 °C, começar a bater as claras. Quando as claras estiverem bem montadas e a calda atingir a temperatura ideal, verter a calda sobre as claras sem parar de bater. A calda deve ser despejada bem junto da lateral da batedeira. Uma vez colocada a calda, bater em velocidade máxima até esfriar por completo. 1.3.3.1.3 Merengue suíço Pode ser descrito como uma mistura entre o merengue francês e o italiano. As claras são levadas ao fogo juntamente com o açúcar até a temperatura de 60 ºC. Mais fácil e rápido de se preparar do que o merengue italiano, porém não tão estável, devendo ser utilizado logo após seu preparo. Comumente usado no preparo de recheios e creme manteiga, pode também ser moldado no formato de petit fours e assado como o merengue francês, nesse caso, reduzindo-se a quantidade de açúcar para se obter maior volume e picos mais firmes. 26 Unidade I Tabela 5 – Preparo do merengue suíço Merengue suíço Claras 250 g Açúcar cristal 500 g Preparo: Colocar as claras e o açúcar em um bowl e levar ao banho-maria, batendo com um fouet, até que atinja a temperatura de 50 °C. Passar a mistura para a tigela da batedeira e bater até esfriar completamente e ficar bem espumoso. Observação Se os merengues forem assados em temperaturas altas, eles vão escurecer e não irão cozinhar da forma correta, murchando ao sair do forno. Para assar o merengue francês e o merengue suíço, deve-se utilizar uma assadeira untada e enfarinhada, e com um bico de sua preferência dar o formato desejado. A temperatura do forno deve estar sempre entre 90 °C e 130 °C para que o suspiro fique clarinho por fora e sequinho por dentro. Para assar e secar por completo vai demorar cerca de 2 a 3 horas, dependendo do tamanho dos merengues. Só se deve parar de bater um merengue na hora de utilizar, para não interferir na sua textura. 1.3.4 Massas merengadas Como o próprio nome diz, feitas à base de um merengue. Os exemplos mais conhecidos são: sucesso-progresso, dacquoise e macarons. • Sucesso-progresso: na Antiguidade, associava-se a massa de sucesso a um merengue ao qual se acrescentavam amêndoas moídas e farinha, enquanto a massa de progresso levava avelãs moídas e farinha. Hoje em dia os confeiteirosacrescentam tanto amêndoas quanto avelãs, dando à massa um único nome – sucesso-progresso. • Dacquoise: derivada da massa sucesso-progresso, também utilizada na elaboração de bolos, sobremesas e massas secas. • Macarons: são uma variedade de petits fours, preparados a partir de um merengue ao qual se acrescentam amêndoas em pó e açúcar impalpável. Podem ter diferentes cores e sabores e geralmente são servidos com uma fina camada de recheio. 27 CONFEITARIA 1.3.4.1 Vacherin Técnicas • Massa merengada. • Merengue francês. Tabela 6 – Preparo de vacherin Progresso Claras 350 g Açúcar cristal 100 g Amêndoas em pó 125 g Avelãs em pó 125 g Farinha de trigo ou amido de milho 50 g Açúcar impalpável 150 g Preparo: Fazer um merengue francês com as claras e o açúcar cristal. Peneirar os ingredientes secos dentro de um bowl. Colocar 1/3 do merengue sobre os ingredientes secos e misturar com uma espátula de silicone. Juntar o restante do merengue. Colocar a mistura em uma manga com bico perlê e fazer círculos no tamanho desejado. Levar ao forno pré-aquecido a 160 °C por 20 a 40 minutos, aproximadamente, dependendo do tamanho dos discos. Montagem e finalização Montar o vacherin utilizando as massas, sorvete de creme, frutas vermelhas e chantilly. 1.3.4.2 Dacquoise de chocolate com ganache de caramelo Técnicas • Massa merengada. • Merengue francês. • Ganache. 28 Unidade I Tabela 7 – Preparo de dacquoise de chocolate com ganache de caramelo Dacquoise de chocolate Claras 70 g Açúcar 35 g Amêndoas em pó 60 g Açúcar impalpável 20 g Farinha de trigo 10 g Chocolate picado bem fino 20 g Preparo: Bater as claras com o açúcar formando um merengue francês bem firme. Agregar os ingredientes secos peneirados e o chocolate picado. Colocar a mistura em uma manga com um bico perlê e fazer discos de 3 cm. Polvilhar duas vezes com açúcar impalpável para formar uma crosta. Assar em forno pré-aquecido a 180 °C. Ganache de caramelo Açúcar 80 g Glucose 40 g Sal 1 g Creme de leite 160 g Manteiga 150 g Chocolate ao leite 250 g Preparo: Fazer um caramelo com o açúcar, a glucose e o sal. Ferver o creme de leite e misturar com o caramelo. Verter esse caramelo sobre o chocolate e abafar por um minuto para que derreta o chocolate. Misturar com uma espátula de silicone, de forma envolvente, para não incorporar ar. Em seguida acrescentar a manteiga, também de forma envolvente. Colocar em uma manga com um bico perlê e usar para rechear as dacquoises. Se cortar, levar ao banho-maria e depois à batedeira, com a pá, batendo até que clareie. 1.3.4.3 Macarons Técnicas • Massa merengada. • Tanto por tanto (TPT) de açúcar impalpável e farinha de amêndoas. • Merengue italiano. Observação Tanto por tanto (TPT) significa usar os ingredientes na mesma proporção. No caso desta receita, por exemplo, o açúcar impalpável e a farinha de amêndoas devem ser usados em quantidades iguais. 29 CONFEITARIA Tabela 8 – Preparo de macarons Macarons Açúcar 120 g Água 40 g Claras 40 g TPT 250 g Claras 40 g Preparo: Fazer um merengue italiano com a água, o açúcar e as claras. Misturar o TPT com as claras e agregar o merengue. Fazer os macarons no tamanho desejado em uma fôrma com tapete de silicone e deixar descansar de 40 minutos a 2 horas, para que se forme a casca. Levar ao forno a 170 °C para que tome um golpe forte de calor e depois baixar a temperatura para 160 °C até que esteja assado, de 5 a 10 minutos, aproximadamente. Podem ser usados puros, para decorações, ou recheados. Pode-se colocar corante na massa para dar a coloração desejada. Recheio de brigadeiro de amêndoas Leite condensado 395 g Farinha de amêndoa 100 g Manteiga 15 g Gemas 2 unidades Preparo: Levar todos os ingredientes ao fogo, mexendo sempre, até desprender do fundo da panela. Deixar esfriar, fazer bolinhas e passar em amêndoas laminadas e torradas. 1.3.4.4 Macarons de chocolate Técnicas • Massa merengada. • TPT de açúcar impalpável e farinha de amêndoas. • Merengue suíço. Tabela 9 – Preparo de macarons de chocolate Macarons de chocolate Claras 3 unidades Açúcar refinado 125 g TPT 250 g Cacau em pó 15 g Preparo: Fazer um merengue suíço com as claras e o açúcar refinado. Peneirar o TPT com o chocolate e juntar com o merengue. Colocar a mistura em uma manga com um bico perlê, fazer os macarons no tamanho desejado e deixar descansar por 40 minutos a 2 horas antes de assar, para que se forme a casca. Levar ao forno a 170 °C para que tome um golpe forte de calor e depois baixar a temperatura para 160 °C até que esteja assado, de 5 a 10 minutos, aproximadamente. Podem ser usados puros, para decorações, ou recheados. 30 Unidade I Recheio de brigadeiro de cereja Leite condensado 395 g Creme de leite 50 mL Manteiga 15 g Chocolate em pó 3 colheres de sopa Cerejas 200 g Preparo: Levar todos os ingredientes ao fogo (exceto as cerejas) até desprender do fundo da panela. Depois que o brigadeiro estiver pronto e frio, rechear com as cerejas inteiras, fazer bolinhas, passar no açúcar cristal vermelho e decorar com cerejas picadas. 1.3.5 Cremes Os cremes são a base da confeitaria internacional. Tanto podem ser utilizados como o centro das atenções em uma preparação e serem servidos sozinhos quanto podem fazer parte da confecção de inúmeras sobremesas, trazendo sabor, volume, consistência e muito mais. A seguir estão relacionados os principais cremes e suas técnicas. 1.3.5.1 Creme pâtissière (mais conhecido como creme de confeiteiro) Principal base para recheio de preparações da confeitaria. Sua origem data do final do século XIX, época do grande desenvolvimento da confeitaria. Pode ser enriquecido com manteiga, gelatina ou creme batido, gerando outras produções. Ao contrário de outros cremes que levam ovos e precisam de atenção para que não talhem, o creme de confeiteiro leva amido de milho ou amido e farinha, que são usados como espessantes, mas agem também como estabilizantes, evitando que os ovos talhem ou que a mistura se separe, mesmo quando exposta à alta temperatura. O creme de confeiteiro pode ser utilizado puro ou com aromatizantes. Assim como o creme anglaise, leva grande quantidade de ovos na sua preparação, sendo altamente perecível. Portanto, deve ser resfriado imediatamente após cozido. Recomenda-se cobrir com filme plástico, para prevenir que a superfície resseque e o creme perca o seu aspecto homogêneo. Antes de utilizar, o creme deve ser trabalhado. Tabela 10 – Preparo de creme de confeiteiro Creme de confeiteiro Leite ½ L Açúcar 125 g Gemas 4 unidades Amido de milho 30 g Farinha de trigo 30 g Essência de baunilha 2 g Preparo: Ferver o leite com a metade do açúcar. Misturar a outra metade do açúcar com a farinha e o amido. Colocar os ingredientes secos sobre as gemas, mexendo bem com um fouet. Quando o leite estiver fervido, verter lentamente sobre a mistura de gemas, mexendo sem parar. Voltar toda a mistura ao fogo, mexendo sempre, para que cozinhe por 2 minutos. Retirar do fogo, colocar em um recipiente forrado com filme, passar filme por cima e levar à geladeira para esfriar. A essência só deverá ser colocada depois que o creme estiver frio. 31 CONFEITARIA 1.3.5.2 Creme anglaise Molho-mãe da confeitaria composto de creme de leite, leite integral, açúcar, gemas e baunilha. Trata-se de um creme rico, de textura aveludada e muito delicada. Pode gerar inúmeros derivados, variando de acordo com a adição de essências e aromas diversos, como café, pistache, chocolate e especiarias. Desse molho-base derivam várias produções da pâtisserie, como o creme caramel, o creme brûlée, bavaroises, sorvetes etc. Como leva ovos em sua composição, são necessários alguns cuidados na sua execução, evitando-se que as gemas cozinhem demasiadamente e o creme talhe. As gemas coagulam entre 65 °C e 70 °C. Por esse motivo, no seu preparo usamos duas técnicas básicas da pâtisserie, que são a liaison e a temperagem. Esta consiste basicamenteem despejar um pouco do leite quente sobre a mistura de gemas e açúcar (liaison). Ao fazermos a temperagem, evitamos o choque de temperatura e uma prematura coagulação das gemas. Cuidados ao preparar o anglaise: • Fazer liaison e temperagem. • Cozinhar em fogo baixo até o ponto de nappé, mexendo constantemente para manter a temperatura. • Assim que chegar ao ponto, retirar do fogo e passar por uma peneira fina ou chinois, separando pequenas partículas de ovos cozidos que possam ter se formado. • Resfriar sobre banho-maria invertido (de gelo). Lembrete As gemas coagulam entre 65 °C e 70 °C, por isso nunca cozinhe em fogo alto. Tabela 11 – Preparo de creme anglaise Creme anglaise Creme de leite fresco 250 g Leite 250 g Açúcar 75 g Gemas 100 g Fava de baunilha 1 unidade Preparo: Ferver o leite (reservar parte) com a fava de baunilha aberta, o creme de leite e metade do açúcar. Preparar o liaison: numa vasilha à parte, bater as gemas com o restante do leite, o açúcar e as gemas. Temperar essa mistura com parte do leite fervente, voltar ao fogo baixo e, mexendo sempre, cozinhar até o ponto de nappé (estará pronto quando, ao se banhar as costas de uma colher e passar o dedo, sua marca permanecer, sem escorrer). Coar no chinois e resfriar coberto com filme em bowl de gelo. 32 Unidade I 1.3.5.3 Bavaroise Originou-se de uma bebida à base de chá, leite ou creme de leite, e licor, servida no Café Le Procope de Paris, no século XIX. Trata-se de um creme de consistência suave como a de uma mousse, porém firme como um pudim, utilizado em diversas produções da confeitaria. Como sobremesa, pode aparecer em formas decoradas apenas, ou acompanhado de coulis ou sauce. Como componente de um gâteau, permite inúmeras possibilidades. Em sua composição, a bavaroise pode ter um creme anglaise acrescido de gelatina e creme fouettée ou um purê de frutas adicionado de merengue italiano, gelatina e creme fouettée. Considerado um tipo de entremets moulés, deve ser servido sempre bem gelado. 1.3.5.4 Creme brûlée Esse creme clássico francês, bastante original, tem sua superfície caramelizada com açúcar “queimado” pouco antes de ser servido. Considerado uma sobremesa sofisticada, o creme brûlée oferece infinitas possibilidades de sabor partindo da receita-base: gemas, leite, creme de leite e açúcar. 1.3.5.5 Creme caramel De origem francesa, o creme caramel é uma das sobremesas mais populares do mundo, muito embora tenha sofrido algumas adaptações locais. Na versão original, o creme renversée, como também é conhecido, é um creme anglaise em que o creme de leite foi substituído por leite, acrescido de ovos e assado em ramequins caramelizados. 1.3.5.6 Ganache Basicamente uma emulsão de chocolate com um ingrediente líquido (geralmente creme de leite). Classicamente é uma mistura de chocolate e creme de leite, que pode levar também manteiga, bebidas alcoólicas e outros aromatizantes. Algumas receitas também levam glicose, que aumenta seu brilho e sua durabilidade. Proporção básica (utilização geral): 1 parte de creme para 1 parte de chocolate (por peso). Mistura rica, com os mais diversos usos na confeitaria. Pode ser usada como um recheio, como cobertura e, numa consistência mais firme, para confecção de trufas, bombons etc. A textura vai variar de acordo com a proporção de líquido adicionada. 1.3.5.7 Confitures/geleias São basicamente preparações à base de frutas, açúcar, ácido, pectina e água. A quantidade de açúcar vai variar de acordo com a fruta escolhida. A cocção das geleias deve ser feita em utensílios de cobre ou inox. Outros materiais podem agregar um gosto indesejável às preparações. As frutas, principalmente as ácidas, já contêm pectina, portanto as geleias são feitas apenas com adição de açúcar. Entretanto, nas geleias de frutas com pouca pectina, costuma-se adicioná-la para ajudar a espessar e dar corpo. Para conservar as geleias, utilizar vidros de boca larga, com tampas bem ajustadas ao bocal. Ferver estes vidros antes de utilizá-los. Para guardar por mais tempo, forre o fundo de uma panela grande com um pano ou com papel e acomode os vidros tampados sobre ele. Isso ajuda, para que os vidros não batam uns nos outros. Coloque água fria, mas sem cobrir as tampas. Coloque para ferver. Retire a panela do fogo e mantenha os vidros no seu interior até que esfriem completamente. 33 CONFEITARIA 1.3.5.8 Coulis Preparações feitas à base de frutas cozidas com açúcar, como um xarope, ou simplesmente processadas com um pouco de açúcar e, às vezes, suco de limão. A proporção básica para um coulis é: uma parte da fruta para 10% de açúcar e 15% a 20% de água, dependendo da fruta. Frutas congeladas dispensam a adição de água. A aplicação de coulis nas sobremesas empratadas confere mais sabor e cor às preparações e tem sido largamente utilizada. 1.3.5.9 Sauce São os molhos doces utilizados na confeitaria. Os mais comuns são o sauce anglaise – que nada mais é que um creme anglaise sem adição de creme de leite fresco e que serve como base para outros molhos – e sauce caramel. 1.3.5.10 Chantilly O creme chantilly foi criado em 1714 por um suíço chamado Fritz Karl Watel, durante sua estada na França, primeiro como chef do Castelo de Vaux-le-Vicomte, pertencente ao intendente real Nicolas Fouquet, e depois no Castelo de Chantilly, pertencente ao Condé Luís de Bourbon. Apesar de ter sido servido pela primeira vez no castelo de Vaux-le-Vicomte, acabou tomando o nome do Castelo de Chantilly. A única diferença do creme chantilly para outro simplesmente batido com açúcar é que ele leva baunilha (açúcar vanille, extrato de baunilha ou sementes). Proporção clássica: 500 mL de creme + 5 mL de extrato de baunilha + 15 g de açúcar refinado. Materiais essenciais para trabalhar com chantilly: • Bicos de confeitar diversos: os bicos de confeitar são divididos em tipos: — perlê: o mais comum para fazer contornos, poás, rendas e letras; o bico 230 é ideal para rechear bombas e cupcakes, pois é maior e chanfrado na ponta; — pitanga aberta: ótimo para desenhar estrelas e flores, ou mesmo formatos de concha, além de poder servir para dar acabamentos; — pitanga fechada: como o próprio nome diz, este bico “mais fechado” cria ranhuras mais fundas; bom para fazer conchas, estrelas e flores-de-lis; — serra ou cesta: o bico serra tem dois lados, um liso e outro serrilhado, mas dois são lisos (os bicos 44 e 45); podem criar efeito de fitas e ondulados; — pétalas: permite criar pétalas de flores, plissados, drapeados e arcos, dando à decoração do bolo um ar clássico e elegante; 34 Unidade I — folhas: para criar o efeito, é preciso controlar bem a pressão feita no saco, aumentando gradualmente, além de fazer o movimento para frente e para trás com a finalidade de fazer as ranhuras; — múltiplo e chuveiro: como diz o nome, com esse tipo de bico é possível fazer linhas, cordas, cabelos e estrelas; para dar o efeito de grama, normalmente é usado o bico 233, enquanto o bico Triple Star é perfeito para preenchimento mais rápido de áreas grandes; — babados: ideais para acabamentos, produzem efeito de conchinhas, além dos babados tradicionais; — diversos: com esses bicos, é possível fazer árvores de natal, corações, conchas, cordões e babados. — flores diversas: geralmente, esses bicos são divididos em três tipos: pequeno (106-225), médio (131-194) e grande (195, 2C a 1G); têm um pequeno pino preso internamente no centro, que garante o formato da flor. • Mangas de confeitar: feitas de material resistente e lavável (a Vigilância Sanitária diz que as mangas podem ser higienizadas e reutilizadas até rasgarem), flexível e transparente. Podem ser usadas para cremes em temperatura ambiente e misturas geladas, bem como para derreter chocolate no micro-ondas. Adaptam-se a todos os bicos e matrizes de tamanho padrão. • Bailarina: criada para tornar mais fácil decorar em volta do bolo. Independentemente de você ser destro ou canhoto, ela gira suavemente nosentido horário e no anti-horário, facilitando o trabalho de aplicar coberturas e decorações em todos os tipos de bolos. • Alisador: ferramenta que permite deixar a superfície dos bolos lisinha e perfeita. Por ter uma lâmina grande, possibilita alisar até mesmo os bolos mais altos e conta com um ângulo de 90°, o que facilita o trabalho. Tem ainda um pegador muito confortável, de silicone, que dará a firmeza necessária para trabalhar. • Espátulas: essenciais para dar forma a bolos com cremes e glacês em geral, bem como para alisá-los. Garantem acabamento suave e profissional ao bolo decorado. 1.3.5.11 Chantininho O chantininho é uma mistura de creme vegetal, batido em ponto de chantilly e acrescido de leite condensado e leite em pó, a fim de conferir mais cremosidade e textura às preparações, o que facilita o trabalho de coberturas de bolos e sobremesas e a confecção de flores com bicos de confeitar. 35 CONFEITARIA Tabela 12 – Preparo de chantininho Chantininho Chantilly (sem bater) 600 mL Leite condensado 200 mL Leite em pó 120 g Preparo: Gelar bem o chantilly e o leite condensado. Colocar na batedeira os ingredientes já gelados e agregar o leite em pó, misturando sem bater. Depois de obter uma mistura homogênea, colocar para bater, em média, por 2 minutos, em velocidade 1 e depois na velocidade média, até atingir o ponto desejado. Exemplo de aplicação Experimente cobrir dois bolos, um com chantilly batido puro e o outro com chantininho, e observe o que acontece com cada um em temperatura ambiente, quanto a derretimento, secagem e fermentação. Tabela 13 – Preparo de chantininho de chocolate Chantininho de chocolate Chantilly (sem bater) 600 mL Leite condensado 200 mL Leite em pó 80 g Creme de leite UHT 100 mL Cacau em pó 60 g Preparo: Gelar bem o chantilly, o leite condensado e o creme de leite. Colocar na batedeira os ingredientes já gelados e agregar o leite em pó e o cacau, misturando sem bater. Depois de obter uma mistura homogênea, coloque para bater em velocidade 1 por 2 minutos e depois na velocidade média, até atingir o ponto desejado. a) b) c) d) Figura 1 – Decorações de bolos feitas com chantilly e chantininho 36 Unidade I 1.3.5.12 Creme de leite fresco Produto lácteo pasteurizado, contém cerca de 35% de gordura retirada do leite e é apresentado como uma emulsão de gordura em água. Deve ser mantido bem gelado. Quando batido, os glóbulos de gordura se consolidam, permitindo que o creme absorva ar, conferindo-lhe estrutura e tornando-o mais denso. Muito utilizado na confeitaria, compondo uma infinidade de produções, seu grau de firmeza varia de acordo com a utilização. É essencial que o creme de leite e o recipiente onde for batido estejam bem gelados, pois o creme tende a quebrar em temperaturas elevadas. Entretanto, só o creme de leite batido, adoçado e aromatizado com baunilha é considerado um creme chantilly. Os demais são classificados como creme fouettée, podendo ser batidos em ponto de chantilly, ou seja, firme. 2 MASSAS BATIDAS CRESCIDAS DE ESTRUTURA AERADA Podem ser obtidas por dois métodos distintos. • No primeiro, batem-se os ovos inteiros com o açúcar até que fiquem bem aerados e aumentem de volume. Em seguida são acrescentados os ingredientes secos. • No segundo, claras e gemas são batidas separadamente; ambas podem ser batidas com o açúcar. Os ingredientes secos entram no final. Além disso, é possível dar sabores distintos às massas adicionando-se diversos aromatizantes. As massas adquirem uma consistência mais leve e são mais frágeis para se trabalhar. 2.1 Pão de ló Nome dado a massas de bolos leves, quase nunca acrescidas de fermento, pois a grande quantidade de ovos de sua composição já serve como emulsificante natural e já faz essa preparação ficar fofa e leve. Muito apreciadas para confecção de tortas, pois absorvem bem as caldas e os sabores. Fazer o mise en place dos ingredientes. 37 CONFEITARIA Tabela 14 – Preparo de pão de ló Pão de ló Ovos 6 unidades Água 240 mL Açúcar 2 xícaras Farinha 2 ½ xícaras Fermento 10 g Preparo: Bater as claras em neve até que estejam montadas e reservar. Bater as gemas com a água até obter bastante volume. Acrescentar o açúcar e bater por mais 5 minutos. Retirar da batedeira e acrescentar a farinha, mexendo delicadamente. Em seguida o fermento, tomando cuidado para não baixar a massa. Por último acrescentar as claras em neve. Levar para assar em assadeira forrada com papel-manteiga por aproximadamente 45 minutos. 2.1.1 Génoise Bolo clássico europeu que não leva agentes químicos de crescimento, como fermento e bicarbonato. O único agente de crescimento é o ar incorporado aos ovos durante a preparação. Pode ser considerado um tipo de pão de ló acrescido de gordura. No seu método de preparo, os ovos são aquecidos, e isto aumenta sua propriedade de absorver ar. Para dar maior leveza à massa, podemos substituir de 20% a 30% da farinha de trigo por amido de milho, que não contém glúten. Uma pequena quantidade de gordura também pode ser adicionada para agregar sabor e umidade ao produto final, como manteiga derretida ou óleo vegetal. A génoise é geralmente utilizada como base para o preparo de sobremesas, bolos e rocamboles. A proporção clássica para se preparar uma génoise é de 2 partes de ovos para 1 parte de açúcar e 1 parte de farinha de trigo. Para preparar uma génoise de chocolate, podemos substituir 15% da farinha de trigo por cacau em pó. 38 Unidade I Tabela 15 – Preparo de génoise Pão de ló génoise Manteiga 50 g Ovos 4 unidades Açúcar 125 g Farinha 125 g Preparo: Bater os ovos com o açúcar energicamente em banho-maria até que a preparação atinja 50 °C, passar a mistura para a batedeira e bater até dar liga. Incorporar a farinha, peneirada, de forma envolvente, com uma espátula de silicone. Colocar em uma fôrma com aproximadamente 20 cm de diâmetro e levar ao forno a 160 °C por aproximadamente 30 minutos. 2.2 Bolo 2.2.1 Bolo crocante Técnicas • Massa batida crescida de estrutura aerada. • Técnica-base de um pão de ló. • Batido em ponto letra. • Almíbar (calda). • Creme de confeiteiro. • Praliné. Tabela 16 – Preparo de bolo crocante Pão de ló básico Ovos 4 unidades Açúcar 120 g Farinha 120 g Preparo: Bater os ovos com o açúcar em ponto letra. Incorporar a farinha, peneirada, de forma envolvente, com uma espátula de silicone. Colocar em uma fôrma com aproximadamente 20 cm de diâmetro e levar ao forno a 160 °C por aproximadamente 30 minutos. Almíbar Água 100 mL Açúcar 100 g Preparo: Levar ao fogo até atingir a temperatura de 100 °C. Sempre colocar na panela primeiro a água e deixar a mistura tampada até começar a ferver. 39 CONFEITARIA Creme de confeiteiro Leite ½ L Açúcar 125 g Gemas 4 unidades Amido de milho 30 g Farinha de trigo 30 g Essência de baunilha 2 g Preparo: Ferver o leite com a metade do açúcar. Misturar a outra metade do açúcar com a farinha e o amido. Colocar os ingredientes secos sobre as gemas, mexendo bem com um fouet. Quando o leite estiver fervido, verter lentamente sobre a mistura de gemas, mexendo sem parar. Voltar toda a mistura ao fogo, mexendo sempre, para que cozinhe por dois minutos. Retirar do fogo, colocar em um recipiente forrado com filme, passar filme por cima e levar à geladeira para esfriar. A essência só deverá ser colocada depois que o creme estiver frio. Praliné (nozes, avelãs ou amêndoas) Açúcar 300 g Amêndoas 150 g Preparo: Fazer um caramelo com açúcar. Agregar as amêndoas tostadas picadas, verter sobre um tapete de silicone, deixar esfriar e picar. Montagem e finalização 250 g de doce de leite. Na própria fôrma, coloque uma camada de pão de ló, umedeça com a calda, coloque um pouco do creme de confeiteiro, um pouco do praliné moído, outra camada de massa, doce de leite e assim vá intercalando até o final. Cubra com o próprio creme de confeiteiro e decore as laterais com praliné moído. 2.2.2 Bolo de chocolatecom coco Técnicas • Massa batida crescida de estrutura aerada. • Técnica-base de um pão de ló. • Batido em ponto letra. • Almíbar. 40 Unidade I Tabela 17 – Preparo de bolo de chocolate com coco Pão de ló de chocolate Ovos 4 unidades Açúcar 125 g Farinha 90 g Cacau em pó 35 g Preparo: Bater os ovos com o açúcar em ponto letra. Incorporar a farinha e o chocolate, peneirados, de forma envolvente, com uma espátula de silicone. Colocar em uma fôrma com aproximadamente 20 cm de diâmetro e levar ao forno a 160 °C por aproximadamente 30 minutos. Almíbar Água 100 mL Açúcar 100 g Preparo: Levar ao fogo até atingir a temperatura de 100 °C. Sempre colocar na panela primeiro a água e deixar a mistura tampada até começar a ferver. Recheio de coco Leite condensado 395 g Leite 50 g Coco ralado 100 g Preparo: Levar todos os ingredientes ao fogo, mexendo sempre até desprender do fundo da panela. Brigadeiro cremoso Leite condensado 395 g Creme de leite 200 mL Manteiga 15 g Farinha de trigo 15 g Chocolate em pó 45 g Preparo: Em uma panela, misturar o leite condensado, a farinha e o chocolate em pó até dissolver. Acrescentar os demais ingredientes e levar ao fogo, mexendo sempre até desprender do fundo da panela. Montagem e finalização Fazer camadas com a massa, regar com o almíbar, colocar o recheio de coco e cobrir com o brigadeiro. Para decoração, salpicar coco ralado ou granulado. 41 CONFEITARIA 2.2.3 Bolo de chocolate com morangos Técnicas • Massa batida crescida de estrutura aerada. • Técnica-base de um pão de ló. • Batido em ponto letra. • Almíbar. Tabela 18 – Preparo de bolo de chocolate com morangos Pão de ló de chocolate Ovos 4 unidades Açúcar 125 g Farinha 90 g Cacau em pó 35 g Preparo: Bater os ovos com o açúcar em ponto letra. Incorporar a farinha e o chocolate, peneirados, de forma envolvente, com uma espátula de silicone. Colocar em uma fôrma com aproximadamente 20 cm de diâmetro e levar ao forno a 160 °C por aproximadamente 30 minutos. Almíbar Água 100 mL Açúcar 100 g Preparo: Levar ao fogo até atingir a temperatura de 100 °C. Sempre colocar na panela primeiro a água e deixar a mistura tampada até começar a ferver. Creme de chocolate Água 240 mL Amido 40 g Leite condensado 1 lata Creme de leite 200 mL Chocolate branco 250 g Morangos 200 g Preparo: Dissolver o amido na água e levar com os demais ingredientes para o fogo, mexendo sempre, até desprender da panela. Deixar esfriar com filme grudado e utilizar em seguida. Os morangos devem ser picados e sorados para que sejam utilizados na montagem. 42 Unidade I Brigadeiro cremoso Leite condensado 395 g Creme de leite 200 mL Manteiga 15 g Farinha de trigo 15 g Chocolate em pó 45 g Preparo: Em uma panela, misturar o leite condensado, a farinha e o chocolate em pó até dissolver. Acrescentar os demais ingredientes e levar ao fogo, mexendo sempre até desprender do fundo da panela. Montagem e finalização • 100 g de morangos limpos e picados. • 150 g de chocolate meio amargo fracionado para raspas. Cortar a massa em camadas, umedecer com a calda, rechear com o creme de confeiteiro e os morangos e cobrir com o marshmallow. 2.2.4 Bolo com baba de moça e nozes Técnicas • Massa batida crescida de estrutura aerada modificada. • Técnica de um pão de ló génoise. • Almíbar. • Calda em ponto de bala dura. • Merengue italiano. 43 CONFEITARIA Tabela 19 – Preparo de bolo com baba de moça e nozes Pão-de-ló génoise Manteiga 50 g Ovos 4 unidades Açúcar 125 g Farinha 125 g Preparo: Bater os ovos com o açúcar energicamente em banho-maria até que a preparação atinja 50 °C, passar a mistura para a batedeira e bater até dar liga. Incorporar a farinha, peneirada, de forma envolvente, com uma espátula de silicone. Colocar em uma fôrma com aproximadamente 20 cm de diâmetro e levar ao forno a 160 °C por aproximadamente 30 minutos. Almíbar Água 100 mL Açúcar 100 g Preparo: Levar ao fogo até atingir a temperatura de 100 °C. Sempre colocar na panela primeiro a água e deixar a mistura tampada até começar a ferver. Baba de moça Açúcar 180 g Água q.b. Gemas 5 unidades Leite de coco 200 mL Manteiga 30 g Leite condensado 395 g Preparo: Fazer uma calda em ponto de bala dura com o açúcar e a água, colocar a manteiga e deixar esfriar. Peneirar as gemas, colocá-las junto com os demais ingredientes sobre a calda e levar ao banho-maria até que atinja a temperatura de 85b°C. Merengue Italiano Claras 75 g Açúcar 150 g Preparo: Colocar água (q.b.) no açúcar e levar ao fogo para cozinhar até o ponto de bala dura (120 °C a 127 °C). Quando a calda estiver a 114 °C, começar a bater as claras. Verter a calda sobre as claras montadas e deixar bater até montar. Observação A abreviatura q.b. significa “quanto baste”. 44 Unidade I Montagem e finalização • 100 g de nozes. Cortar a massa em camadas, umedecer com a calda, rechear com a baba de moça e as nozes picadas e cobrir com o merengue. 2.2.5 Bolo de pêssego com coco Técnicas • Massa batida crescida de estrutura aerada. • Técnica-base de um pão de ló. • Batido em ponto letra. • Almíbar. Tabela 20 – Preparo de bolo de pêssego com coco Pão de ló básico Ovos 4 unidades Açúcar 120 g Farinha 120 g Preparo: Bater os ovos com o açúcar em ponto letra. Incorporar a farinha, peneirada, de forma envolvente, com uma espátula de silicone. Colocar em uma fôrma com aproximadamente 20 cm de diâmetro e levar ao forno a 160°C por aproximadamente 30 minutos. Almíbar Água 100 mL Açúcar 100 g Preparo: Levar ao fogo até atingir a temperatura de 100 °C. Sempre colocar na panela primeiro a água e deixar a mistura tampada até começar a ferver. Recheio de coco Leite condensado 395 g Leite 50 g Coco ralado 100 g Preparo: Levar todos os ingredientes ao fogo, mexendo sempre até desprender do fundo da panela. 45 CONFEITARIA Creme de confeiteiro Leite 250 mL Açúcar 65 g Gemas 2 unidades Amido de milho 15 g Farinha de trigo 15 g Essência de baunilha 2 g Preparo: Ferver o leite com a metade do açúcar. Misturar a outra metade do açúcar com a farinha e o amido. Colocar os ingredientes secos sobre as gemas, mexendo bem com um fouet. Quando o leite estiver fervido, verter lentamente sobre a mistura de gemas, mexendo sem parar. Voltar toda a mistura ao fogo, mexendo sempre, para que cozinhe por 2 minutos. Retirar do fogo, colocar em um recipiente forrado com filme, passar filme por cima e levar à geladeira para esfriar. A essência só deverá ser colocada depois que o creme estiver frio. Chantininho Chantilly (sem bater) 600 mL Leite condensado 200 mL Leite em pó 120 g Preparo: Gelar bem o chantilly e o leite condensado. Colocar na batedeira os ingredientes já gelados e agregar o leite em pó, misturando sem bater. Depois de obter uma mistura homogênea coloque para bater, em média, por 2 minutos em velocidade 1 e depois na velocidade média, até atingir o ponto desejado. Montagem e finalização • 100 g de pêssego em calda picado. Dividir a massa em três partes para ficar com duas partes de recheio. Em uma parte colocar o recheio de coco e, na outra, o creme de confeiteiro com o pêssego picado, sempre umedecendo cada camada de massa com o almíbar. Cobrir com creme de leite batido em ponto de chantilly. 2.3 Rocambole O rocambole também é um pão de ló, mas assado de forma que fique fino, para ser enrolado e recheado posteriormente. 46 Unidade I 2.3.1 Rocambole de paçoca Técnicas • Massa batida crescida de estrutura aerada. • Batido em ponto letra. • Técnica-base de um pão de ló. Tabela 21 – Preparo de rocambole de paçoca Massa básica para rocamboles Ovos 6 g Açúcar 60 g Água 60 g Farinha de trigo 60 g Fermento químico 5 g Preparo: Bater as claras em neve e reservar. Bater as gemas com a água, acrescentar o açúcar e bater até firmar. Retirar da batedeira, colocar a farinha e o fermento peneirados e por último as claras em neve. Assar em fornopré-aquecido a 180 °C por aproximadamente 15 minutos. Recheio de paçoca Leite condensado 1 lata Creme de leite 200 mL Paçoca rolha 6 unidades Manteiga 15 g Preparo: Leve todos os ingredientes ao fogo, mexendo sempre até desprender do fundo da panela. Montagem e finalização • Três paçocas rolha para decorar. Assar o rocambole em fôrma própria revestida com papel-manteiga. Retirar do forno, enrolar e deixar descansar até esfriar. Abrir, passar o recheio de paçoca, cobrir utilizando o mesmo recheio e decorar com as paçocas restantes. 2.4 Tortas Para a confecção de tortas necessitamos utilizar algumas técnicas específicas. As mais adotadas são os biscuits e as mousses. A seguir, vamos explicar o conceito de cada uma das técnicas, bem como sua elaboração e sua utilização. 47 CONFEITARIA 2.4.1 Biscuits Também chamados de biscoitos especiais, têm como significado bolo fino. São bolos, parecidos com pão de ló, usados para fazer o fundo e as laterais de tortas recheadas com mousse. 2.4.2 Mousses As bases de mousse são cinco: • Merengue italiano: claras e açúcar. • Pâte à bombe: merengue italiano de gemas ou de gemas e ovos. • Zabaione: espuma com gema, açúcar e alguma bebida doce. • Bavarois: à base de creme inglês. • Creme ligeiro: à base de creme de confeiteiro. As mousses sempre devem ser preparadas na seguinte ordem: Base + Sabor + Gelatina + Creme Lembrete As bases para mousse são cinco, e todo preparo de mousse deve conter ao menos uma. 2.4.3 Torta mousse de chocolate Técnicas • Biscuit – Massa batida de estrutura aerada. • Merengue italiano. • Mousse à base de merengue italiano. • Hidratação de gelatina. • Almíbar. 48 Unidade I Tabela 22 – Preparo de torta mousse de chocolate Biscuit básico Claras 4 unidades Gemas 4 unidades Açúcar 125 g Farinha 125 g Preparo: Bater as claras em neve com dois terços do açúcar. Bater as gemas com o açúcar restante. Incorporar as claras e em seguida a farinha, de forma envolvente. Colocar a mistura em uma manga com bico perlê e fazer tiras largas, de forma vertical, em um tapete de silicone, e mais dois discos de 16 cm de diâmetro. Levar ao forno a 180 °C por aproximadamente 5 a 7 minutos. Merengue italiano Claras 75 g Açúcar 150 g Água q.b. Preparo: Colocar água (q.b) no açúcar e levar ao fogo para cozinhar até o ponto de bala dura (120 °C a 127 °C). Quando a calda estiver a 114 °C, começar a bater as claras. Verter a calda sobre as claras montadas e deixar bater até montar. Mousse de chocolate Chocolate meio amargo 140 g Gelatina 7 g Merengue italiano 170 g Creme de leite fresco 320 g Preparo: Hidratar a gelatina em 7 vezes o seu peso de água e dissolvê-la. Bater o creme de leite a meio-ponto. Misturar o chocolate derretido com o merengue, em seguida a gelatina hidratada e disolvida e por último o creme de leite, de forma envolvente. Almíbar Água 100 mL Açúcar 100 g Preparo: Levar ao fogo até atingir a temperatura de 100 °C. Sempre colocar na panela primeiro a água e deixar a mistura tampada até começar a ferver. Montagem e finalização Recortar as bordas das tiras verticais, para que seja retirada a parte ressecada. Colocar na borda de um aro de 18 cm, previamente forrada com acetato, um disco de 16 cm no interior, regar com a calda, colocar metade da mousse, colocar o outro disco de massa, regar novamente e preencher com o restante da mousse. Levar à geladeira até firmar. Retirar da geladeira e decorar com o merengue restante. 49 CONFEITARIA 2.4.4 Torta de champagne Técnicas • Pâte à cigarettes – quatro ingredientes na mesma proporção (crémage + claras + secos). • Biscuit joconde – massa batida de estrutura aerada. • Glaçage. • Mousse a partir de uma zabaione. • TPT de açúcar impalpável e amêndoas em pó. • Merengue francês. Tabela 23 – Preparo de torta de champagne Pâte à cigarette Açúcar impalpável 50 g Manteiga 50 g Claras 50 g Farinha 35 g Chocolate em pó 15 g Preparo: Misturar em um bowl a manteiga em temperatura ambiente com o açúcar (crémage). Logo, juntar as claras sem bater, para não incorporar ar, e por último a farinha e o chocolate em pó. Espalhar sobre um tapete de silicone e fazer a decoração desejada. Levar ao freezer para que endureça antes de utilizar. Biscuit joconde de amêndoas Açúcar impalpável 75 g Amêndoas em pó 75 g Farinha de trigo 60 g Ovos 60 g Gemas 40 g Claras 140 g Açúcar 50 g Manteiga derretida (opcional) 15 g Preparo: Bater as claras com o açúcar até obter um ponto de merengue francês, reservar. Bater os ovos e as gemas com o TPT, com a paleta da batedeira, até obter ponto letra. Retirar da batedeira, incorporar a farinha peneirada e logo o merengue, de forma envolvente. Por último a manteiga derretida, que serve para dar mais umidade. Espalhar sobre a fôrma decorada com pâte à cigarette e levar ao forno a 180 °C por aproximadamente 8 minutos. 50 Unidade I Mousse de champagne Açúcar 130 g Gemas 75 g Espumante doce 95 g Gelatina 7 g Creme de leite fresco 300 g Preparo: Misturar as gemas e o açúcar mexendo até que o açúcar se dissolva. Incorporar o espumante e levar ao banho-maria, mexendo vigorosamente até que atinja a temperatura de 70 °C, depois levar à batedeira até formar ponto letra, fazendo um zabaione. Hidratar e dissolver a gelatina em 7 vezes o seu peso de água, acrescentar ao zabaione e por último o creme de leite batido a meio-ponto. Glaçage de frutas vermelhas Polpa de fruta 50 Gr Gel de brilho 40 Gr Corante vermelho q.b. Preparo: Misturar todos os ingredientes, sem bater para que não incorpore ar. Montagem e finalização • Para decoração deve ser feita uma escultura com pâte à cigarette. Colocar uma fita de acetato ao redor de um aro de 18 cm e forrar com o biscuit decorado. Na base deve ser colocado um círculo de biscuit de 16 cm. Encher de mousse até a metade, colocar outro disco de 16 cm, completar com a mousse e levar para gelar. Quando estiver firme, retirar da geladeira, cobrir com o glaçage, retirar o aro e o acetato e decorar com a pâte à cigarette, folhinhas de hortelã e frutas vermelhas. 2.4.5 Bavaroise de peras Técnicas • Biscuit – massa batida de estrutura aerada. • Creme inglês. • Bavaroise – mousse à base de creme inglês. • Pâte a cigarette. • Pocheado de frutas. 51 CONFEITARIA Tabela 24 – Preparo de bavaroise de peras Biscuit Claras 4 unidade Gemas 4 unidade Açúcar 120 g Farinha de trigo 120 g Preparo: Bater as claras com o açúcar, incorporar as gemas uma a uma, sem bater demais. Incorporar a farinha, fora da batedeira, de forma envolvente. Em um tapete de silicone, fazer linhas em diagonal, unidas, com um bico perlê e mais dois discos de 16 cm, e levar ao forno a 180 °C por 5 minutos, aproximadamente. Pocheado de peras Água 250 g Açúcar 250 g Peras 4 unidades Preparo: Fazer um almíbar com a água e o açúcar. Descascar as peras, cortá-las ao meio e colocá-las para cozinhar dentro da calda até que estejam macias. Retirar da calda, filetear uma metade para decoração, pesar 220 g para fazer a polpa e cortar o restante em cubinhos. Bavaroise Leite 190 Gr Açúcar 110 Gr Gemas 70 Gr Gelatina 10 Gr Polpa de pera 220 Gr Creme de leite fresco 320 Gr Peras em cubinhos q.b. Preparo: Ferver o leite com a metade do açúcar e branquear as gemas com a outra metade. Misturar as duas preparações e levar ao fogo, sem parar de mexer, até que atinja a temperatura de 85 °C. Retirar do fogo e passar por um chinois, para outro bowl, que deve estar dentro de um recipiente de água com gelo, formando um banho-maria invertido, para que corte a cocção do creme. Quando estiver frio, incorporar a polpa de peras, em seguida a gelatina hidratada e dissolvida em 7 vezes o seu peso e por último o creme de leite batido a meio-ponto. Pâte à cigarette Açúcar impalpável 50 g Manteiga 50 g Claras 50 g Farinha 35 g Chocolate em pó 15 g Preparo: Misturar em um bowl a manteiga em temperatura ambiente com o açúcar (crémage). Logo, incorporaras claras, sem bater para não incorporar ar, e por último a farinha e o chocolate em pó. Espalhar sobre um tapete de silicone e fazer a decoração desejada. Levar ao freezer para que endureça antes de utilizar. 52 Unidade I Decoração • 50 g de gel de brilho. • Escultura de pâte à cigarette. • Pera fileteada. Montagem e finalização Utilizar um aro de 18 cm forrado com acetato. Cortar as tiras de biscuit e forrar a lateral do aro. Colocar um disco de biscuit no fundo e umedecer com a calda onde foram cozidas as peras. Colocar metade da mousse, os cubinhos de pera, o outro disco de biscuit, a outra metade da mousse e levar para gelar. Quando estiver firme, tirar da geladeira, passar a geleia de brilho na parte superior e decorar com a pera fileteada e a escultura de pâte à cigarette. 2.4.6 Torta de doce de leite Técnicas • Massa sablé. • Glaçage de doce de leite. • Pâte à bombe. • Mousse à base de pâte à bombe. • Pâte à cigarette. Tabela 25 – Preparo de torta de doce de leite Massa sablé Farinha de trigo 125 g Manteiga 75 g Açúcar impalpável 40 g Sal 02 g Ovo 20 g Preparo: Bater na batedeira, com a paleta, a farinha de trigo e a manteiga até formar um sablage e acrescentar os demais ingredientes até ligar, sem bater demais. Envolver em filme e levar à geladeira por pelo menos 30 minutos. Abrir a massa sobre o filme, forrar um aro de torta e levar para assar em forno a 180 °C por 5 a 6 minutos. Cocção em branco – pré-cocção. 53 CONFEITARIA Creme de coco Manteiga 75 g Açúcar cristal 75 g Ovos 75 g Coco 70 g Farinha de trigo 8 g Preparo: Fazer um crémage com a manteiga e o açúcar, acrescentar os ovos ligeiramente batidos e em seguida o coco e a farinha. Colocar sobre a massa e levar ao forno a 180 °C por 10 a 15 minutos. Mousse de doce de leite Gemas 2 unidades Ovo 1 unidade Açúcar 75 g Gelatina 5 g Creme de leite fresco 180 g Doce de leite 120 g Preparo: Fazer um merengue italiano com o açúcar, as gemas e o ovo. Hidratar e dissolver a gelatina com 7 vezes o seu peso de água. Bater o doce de leite com o creme de leite a meio-ponto. Misturar a gelatina com o merengue e em seguida os cremes. Colocar em um aro de 16 cm e levar para gelar. Pâte à cigarette Açúcar impalpável 50 g Manteiga 50 g Claras 50 g Farinha 35 g Chocolate em pó 15 g Preparo: Misturar em um bowl a manteiga em temperatura ambiente com o açúcar (crémage). Logo, incorporar as claras, sem bater para não incorporar ar, e por último a farinha e o chocolate em pó. Espalhar sobre um tapete de silicone e fazer a decoração desejada. Levar ao freezer para que endureça antes de utilizar. Glaçage de doce de leite Gel de brilho 40 g Doce de leite 20 g Gelatina 2 g Preparo: Derreter a geleia de brilho com o doce de leite. Agregar a gelatina hidratada e dissolvida em 7 vezes o seu peso de água, misturando sem bater. Montagem e finalização Colocar a mousse de doce de leite sobre a torta de coco, passar o glaçage de doce de leite sobre a mousse e decorar com uma escultura de pâte à cigarette. 54 Unidade I 2.4.7 Torta sacher Especialidade austríaca, servida em ocasiões festivas. Foi feita pela primeira vez em 1832, por Franz Sacher, que era o chef de cozinha do príncipe Von Metternich. Sua principal característica é a inscrição Sacher feita com chocolate no topo da torta. Técnicas • Biscuit sacher. • Pocheado de damasco. • Ganache. • Merengue francês. Tabela 26 – Preparo de torta sacher Biscuit sacher Chocolate meio amargo 75 g Cacau amargo 40 g Manteiga sem sal 125 g Açúcar 50 g Gemas 3 unidades Amido de milho 50 g Claras 125 g Açúcar 50 g Preparo: Juntar a manteiga com o chocolate e derreter em banho-maria, incorporar o cacau peneirado e misturar com o fouet. Branquear as gemas com o açúcar. Despejar a mistura de chocolate sobre as gemas branqueadas e misturar de forma envolvente. Peneirar o amido sobre esta mistura e incorporar, também de forma envolvente. Bater as claras com o açúcar formando um merengue francês. Juntar as claras ao restante da massa, de forma envolvente. Despejar a mistura em uma fôrma untada e enfarinhada e levar ao forno a 180 °C. Pocheado de damasco Água 100 mL Açúcar 100 g Damascos 150 g Preparo: Fazer um almíbar com a água e o açúcar, acrescentar os damascos picados e deixar cozinhar até virar uma geleia bem espessa. 55 CONFEITARIA Ganache Leite (opcional) 10 g Chocolate picado 50 g Creme de leite 50 g Açúcar impalpável (para polvilhar) 50 g Preparo: Ferver o creme de leite com o leite e verter sobre o chocolate picado. Tampar com um bowl e deixar descansar por 1 minuto. Retirar o bowl e mexer com uma espátula de silicone, de forma envolvente, para evitar que se formem bolhas e se perca o brilho. Banhar o bolo e polvilhar com açúcar impalpável para finalizar. Montagem e finalização Rechear a torta com a geleia de damascos, cobrir com o ganache, fazer um cone com papel-manteiga, encher com chocolate derretido e escrever Sacher sobre a torta. 2.4.8 Torta mousse de chocolate com creme brûlée Técnicas • Mousse à base de merengue suíço. • Creme brûlée. • Glaçagem de chocolate. Tabela 27 – Preparo de torta mousse de chocolate com creme brûlée Mousse de chocolate amargo Creme de leite 500 mL Chocolate amargo 250 g Açúcar 85 g Claras 125 g Preparo: Bater o creme de leite em ponto chantilly e reservar. Derreter o chocolate e reservar. Aquecer as claras em banho-maria até atingir 70 °C, acrescentar o açúcar e levar para a batedeira, batendo sempre até atingir ponto de suspiro. Misturar o chocolate com as claras e o chantilly. Creme brûlée de baunilha Açúcar 35 g Creme de leite 250 g Gemas 3 unidades Fava de baunilha 1/4 unidade Preparo: Misturar as gemas com o açúcar, branqueando. Ferver o creme de leite com a baunilha e adicionar às gemas. Assar no forno a 100 °C em banho-maria por 40 minutos. Colocar no freezer e deixar congelar. 56 Unidade I Glaçagem de chocolate Água 185 g Cacau 80 g Açúcar 240 g Gelatina hidratada e dissolvida 24 g Creme de leite 160 g Preparo: Levar ao fogo a água, o cacau e o açúcar até ferver. Retirar do fogo, acrescentar a gelatina hidratada e dissolvida e o creme de leite. Montagem e finalização • 100 g de biscoito de chocolate. Em um aro, colocar os biscoitos de chocolate triturados, metade da mousse, biscoito de chocolate triturado, o creme brûlée congelado, a outra metade da mousse e levar para congelar. Depois de pelo menos 4 horas, retirar do freezer e banhar com a glaçagem, que deve estar a aproximadamente 23 °C. 2.4.9 Bolos de casamento Os bolos ilustram a evolução das técnicas e da arte na confeitaria. Assim como as roupas, os bolos seguem uma tendência de moda, e na decoração podemos acompanhar de perto toda essa mudança de estilos e comportamentos. 2.4.9.1 História dos bolos decorados A origem dos bolos se confunde com a dos pães. No começo, havia uma certa confusão, e massas adocicadas assadas eram indistintamente chamadas de pães ou bolos. Os egípcios já confeccionavam bolos de mel, bem como os gregos da Ilha de Rodes. Existe um painel datado por volta de 1175 a.C. ilustrando a confeitaria da corte do faraó Ramsés III, com o registro de vários tipos de pães e bolos. Alguns historiadores acreditam que, em 700 a.C., pães e biscoitos adocicados fossem vendidos pelo Egito. Os romanos conheciam a técnica da fermentação e, por esse motivo, desenvolveram várias receitas de bolos, inclusive com a adição de frutas secas e até mesmo queijo, o que seria uma versão rudimentar do cheesecake. Embora os bolos sempre tenham estado associados a festas e comemorações, com o tempo, tornaram-se um alimento mais comum, presente quase diariamente à mesa. No entanto, os bolos de casamento ilustram perfeitamente a evolução da técnica e da arte da confeitaria. 57 CONFEITARIA A tradição de servir bolos em casamentos remonta à Roma antiga. Era costume, nas famílias mais abastadas, preparar uma massa com ingredientesespeciais, tradicionalmente usados como oferenda aos deuses, como frutas secas, nozes e mel. Esse doce não era para ser consumido, mas os convidados o amassavam por cima da cabeça da noiva, tal como se faz hoje com arroz na saída da igreja. Desejava-se que os deuses trouxessem prosperidade, sorte e fertilidade. Júlio César levou esse costume para a Bretanha, em 54 a.C., e isso passou a fazer parte dos hábitos das populações locais. Na Inglaterra, os bolos decorados apareceram pela primeira vez na corte de Elizabeth I. Basicamente se usava pasta de amêndoas (marzipã) moldada em vários formatos. Os ingredientes ficavam cada vez mais sofisticados e exóticos, já que o Império Britânico fornecia produtos de todo o mundo. Era comum fazer pequenos bolinhos doces, cobertos de marzipã e decorados. Alguns eram amassados e jogados na noiva, outros consumidos pelos convidados. Os que sobravam eram arrumados em uma pilha, e os noivos deveriam se beijar sobre o monte de bolinhos, com o objetivo de serem abençoados com muitos filhos. Não demorou muito para que essa pilha de bolinhos fosse substituída por um grande bolo. Entre as primeiras receitas de que se tem registro, a que mais se aproxima dos bolos de hoje é uma receita italiana, de bolo de amêndoas, servida em Nápoles, em 1478. Acredita-se também que tenha sido a Itália a precursora na arte de bolos decorados. Quando Catarina de Médici se casou com o rei da França, Henrique II, levou como dote seus confeiteiros, e seu bolo de casamento foi o primeiro a ser confeccionado em andares. A técnica foi difundida pela França. Em 1660, quando o rei Charles II retornou de seu exílio para reclamar o trono inglês, levou consigo um séquito de habilidosos confeiteiros franceses. A partir deste momento, quando os bolos ricamente decorados passaram a ser um hábito e também um símbolo de status e poder econômico, começou uma verdadeira corrida para saber qual corte produzia o bolo mais espetacular. O escultor Giovanni Lorenzo Bernini teria usado açúcar para algumas obras especialmente encomendadas. Há um curioso registro sobre a festa de casamento do duque Guillermo da Baviera e da senhorita Renata de Lorena, em Munique: o bolo tinha três metros de altura, e durante a festa, o arquiduque Ferdinando da Áustria teria saído de dentro do bolo, para homenagear os noivos com uma canção (WEIGL, 1698). Durante o reinado da rainha Vitória, na Inglaterra, também se faziam bolos enormes, chegando a pesar mais de 100 quilos. Nessa época os bolos faziam parte da vida de nobres basicamente porque os ingredientes eram escassos e muito caros. Além disso, ainda não tinham a qualidade de hoje, e uma simples receita de bolo exigia o trabalho de vários empregados. O açúcar tinha a forma de um grande torrão, que devia ser cortado, sovado e peneirado. A manteiga, em geral rançosa, devia ser lavada com água de rosas. As frutas secas, picadas, sem falar nos ovos, usados em quantidades enormes e batidos à mão. O fermento, levedura de cerveja, devia ser cultivado e reativado, tudo de forma natural. 58 Unidade I Pronta a massa, restava o trabalho de controlar fornos à lenha, muito diferentes dos atuais. Por todo esse período, as receitas se desenvolveram de forma esparsa, dentro de cortes, conventos e cozinhas reais. A primeira receita de pasta americana (ou sugar paste) de que se tem notícia está em uma obra chamada Delights for Ladies, de 1609. Leva açúcar, amido e goma tragacanto. Em 1769, Mrs. Raffald publicou um livro, The Experienced English Housekeeper, contendo uma receita de bolo, uma de marzipã e de uma glacê real. No século XIX, a grande estrela da confeitaria no mundo foi Antoine Carême. Cozinheiro preferido de todos os reis da Europa, ornamentava seus banquetes com monumentais peças de açúcar. Utilizando-se de uma espécie de pastilhagem e inspirado na Arquitetura, construía sobremesas e bolos estruturados. Registrou suas realizações, com desenhos de próprio punho, nas obras Le Pâtissier Royal Parisien (Paris, 1815) e Le Pâtissier Pittoresque (Paris, 1842). Por toda a Europa surgiam receitas exclusivas de bolos, famosas até hoje, como a torta vienense e o bolo sacher. Em 1894, Ernest Schulbe mostrou seus trabalhos na Exposição de Londres. Seu livro Advanced Piping and Modelling deixou o registro de receitas e também dos utensílios usados à época. Muitas peças eram feitas de osso, existiam pinças marcadoras como as de hoje e também eram feitas flores de açúcar. Basicamente, usava-se uma mistura de marzipã e massa elástica (gum paste). Na Inglaterra cada vez mais se desenvolveu a técnica de usar o glacê real para revestir o bolo. Dizem que vem daí o costume de os noivos cortarem juntos a primeira fatia de bolo: O noivo precisava “ajudar” a noiva a rachar a cobertura rígida de açúcar. No começo do século XX, os bolos decorados, agora mais acessíveis, começaram a fazer parte dos hábitos da sociedade. Surgiu a tradição, na Inglaterra e nos Estados Unidos, dos bolos de casamento de três andares, representando as três alianças: noivado, casamento e a eternidade. Hoje a técnica está difundida praticamente no mundo inteiro, adaptando-se aos gostos e à cultura de cada país, surgindo inúmeras e maravilhosas possibilidades. 2.4.9.2 Bolos no Brasil A história da confeitaria e especificamente dos bolos no Brasil se desenvolveu tendo como pano de fundo a miscigenação tão característica de nosso país. A princípio, os doces conventuais portugueses se difundiram, mas logo foram sendo enriquecidos por ingredientes nativos, como frutas em geral e mandioca. O constante contato com Portugal fazia chegar ao Brasil todas as novidades e modas na Corte Portuguesa, vindo daí as primeiras influências da confeitaria francesa. O ciclo da cana-de-açúcar teve também papel fundamental, pois havia abundância de matéria-prima para a produção de doces. Nos engenhos e nas fazendas fazia parte do lazer das sinhás o preparo de doces, bolos e compotas, além de ser uma habilidade fundamental para as jovens. Surgiram receitas desenvolvidas pelas ricas famílias do Nordeste, conservadas a sete chaves: bolo Souza Leão, bolo Fonseca Ramos, bolo Luís Felipe e outras feitas em homenagem a personalidades em geral. 59 CONFEITARIA As ordens religiosas portuguesas tiveram grande influência. Trouxeram o hábito de produzir doces nos conventos, que se justificava por variados motivos: em Portugal, foram os conventos os responsáveis pelo desenvolvimento das melhores técnicas de cozinha, pois há séculos serviam de hospedagem para reis e rainhas quando viajavam. Em contrapartida, quando o Marquês de Pombal impôs sérias restrições financeiras às ordens religiosas, estas começaram a produzir doces para vender e garantir sua sobrevivência. No Brasil, incorporou-se a mandioca às receitas, muitas vezes em substituição à farinha de trigo, ingrediente escasso. A massa de mandioca tornou-se o ingrediente principal de bolos absolutamente espetaculares. O uso do leite de coco, costume trazido pelos escravos de Moçambique, também marcou nossa confeitaria. Os primeiros doces genuinamente brasileiros foram o pé-de-moleque, a paçoca, a rapadura, a mãe-benta (espécie de broa), a cocada, os quindins de iaiá, além dos bolos de mandioca. O primeiro bolo de farinha a se adaptar no Brasil foi o pão de ló, de origem portuguesa. Rapidamente, tornou-se bastante popular e, até hoje, é um dos preferidos para bolos recheados. Antigamente, e sobretudo em Portugal, era hábito consumir o pão de ló em fatias, torradas, acompanhando chá, café ou vinho do Porto. Os imigrantes europeus tiveram enorme influência nos hábitos brasileiros, inclusive na confeitaria. Ingredientes, técnicas e receitas foram introduzidas a partir do início de século XX. Os bolos decorados fazem parte das festas e dos casamentos brasileiros já há muito tempo. Há registros de que em 18 de dezembro de 1904 o barão da Aliança ofereceu um banquete, em sua fazenda, no Vale do Paraíba, ao futuro presidente doBrasil, Nilo Peçanha. Ao final do jantar, foi servido um bolo decorado com fondant e glacê real, recheado com ganache, batizado de gâteau supreme (bolo supremo). Tabela 28 – Preparo de pasta americana Pasta americana Água 45 g Gelatina 8 g Glucose 100 g Glicerina líquida 12 g Açúcar impalpável 750 g Preparo: Hidratar a gelatina com a água e dissolver. Juntar com a glucose e a glicerina e levar ao banho-maria até que fique tudo líquido. Verter esse líquido sobre o açúcar impalpável e sovar até obter uma massa homogênea. Depois de pronta, deve ser guardada embalada em filme plástico. Não deve ser colocada na geladeira. 60 Unidade I Observação Os bolos cobertos com pasta americana devem sempre ser mantidos fora da geladeira, pois a pasta é composta de açúcar e pode melar. Tabela 29 – Preparo de glacê real Glacê real Glaçúcar 500 g Pó de merengue 45 g Água 80 mL Preparo: Misturar todos os ingredientes e levar à batedeira com a pá e bater por 10 minutos. 2.4.9.3 Pão de ló de chocolate Técnicas • Massa batida crescida de estrutura aerada. Tabela 30 – Preparo de pão de ló de chocolate Pão de ló de chocolate Ovos 6 unidades Água 240 mL Açúcar 2 xícaras Farinha 2 ½ xícaras Fermento 10 g Cacau em pó 45 g Preparo: Bater as claras em ponto de neve e reservar. Bater as gemas com a água por 10 minutos, acrescentar o açúcar e bater por mais 5 minutos. Retirar da batedeira, acrescentar os ingredientes secos peneirados mexendo delicadamente e por último as claras em neve, também mexendo delicadamente. Levar para assar em forno a 180 °C por aproximadamente 45 minutos ou até que esteja assado. Brigadeiro branco cremoso Leite condensado 395 g Creme de leite 200 mL Manteiga 15 g Farinha de trigo 15 g Chocolate branco 70 g Preparo: Em uma panela, acrescentar todos os ingredientes e levar ao fogo, mexendo sempre até desprender do fundo da panela. Para dar sabor a este brigadeiro, acrescentam-se a cada receita 15 g de pasta saborizante no sabor desejado. 61 CONFEITARIA 2.4.10 Docinhos finos Doces em geral fazem o maior sucesso em todo tipo de festa, e os doces finos vieram para aumentar a gama de produtos sugeridos e a renda de quem trabalha com o ramo de festas. Tabela 31 – Preparo de doce de gemas Doce de gemas Gemas 5 unidades Leite condensado 395 g Margarina 15 g Preparo: Levar todos os ingredientes ao fogo até desprender do fundo da panela. Caramelo para banhar doces Água 240 mL Açúcar 480 g Glucose 30 g Preparo: Colocar a água e o açúcar para ferver. Quando chegar a 100 °C, colocar a glucose. Deixar até formar um caramelo claro. Tabela 32 – Preparo de camafeu Camafeu Leite condensado 395 g Nozes 100 g Manteiga 15 g Preparo: Levar ao fogo, mexendo sempre até desprender do fundo da panela. Banhar com fondant. Tabela 33 – Preparo de docinho de amêndoas Docinho de amêndoas Leite condensado 395 g Creme de leite 100 mL Farinha de trigo 10 g Manteiga 10 g Amêndoas trituradas 100 g Preparo: Levar todos os ingredientes ao fogo, mexendo sempre até desprender do fundo da panela. Moldar e banhar com chocolate branco. 62 Unidade I Tabela 34 – Preparo de doce de avelã Doce de avelã Farinha de avelã 150 g Glucose 15 g Leite condensado 1 lata Creme de leite 100 g Essência de avelã 5 g Preparo: Levar todos os ingredientes ao fogo, mexendo sempre, até dar ponto de enrolar. Deixar esfriar, modelar e banhar com chocolate meio amargo. Tabela 35 – Preparo de mesclado de castanha‑do‑pará Mesclado de castanha-do-pará Leite condensado 1 lata Coco ralado 50 g Castanha-do-pará triturada 150 g Manteiga 10 g Farinha de trigo 15 g Creme de leite 100 g Preparo: Levar todos os ingredientes ao fogo até desprender do fundo da panela. Modelar, banhar metade do doce com o chocolate e a outra metade passar no coco. Tabela 36 – Preparo de damascos recheados Damascos recheados Gemas 5 unidades Leite condensado 395 g Margarina 15 g Preparo: Levar todos os ingredientes ao fogo até desprender do fundo da panela. 200 g de damascos argentinos cortados ao meio. 150 g de cobertura branca fracionada derretida para banhar. Depois que o doce estiver pronto e frio, fazer bolinhas, rechear os damascos cortados, banhar metade no chocolate, deixar secar e servir em seguida. 63 CONFEITARIA Resumo Nesta unidade, vimos que ao estudar algum assunto é importante saber um pouco da sua história. Portanto, começamos falando um pouco sobre a história da Confeitaria, desde a Antiguidade, para que pudéssemos entender como surgiram os hábitos de se comer um doce após as refeições, principalmente após o jantar, e por que os doces viraram o toque, como uma chave de ouro, no término de cada evento. Vimos a importância do momento da escolha de uma sobremesa, que deve sempre harmonizar com o que foi servido em toda a refeição. Temos sempre de pensar no sabor dos alimentos que estão sendo servidos para ter sempre um doce que arremate o paladar, que circule nas papilas gustativas fazendo a sensação daquele momento se eternizar na sobremesa. Assim, sempre que as pessoas ali presentes se lembrarem daquela refeição, vão ter a doce lembrança de um momento feliz. Aprendemos que para a preparação de qualquer sobremesa, temos sempre de levar em conta qual a técnica que vai ser aplicada, então esta unidade passou também por essas técnicas, que vêm para facilitar o trabalho no momento da confecção dos doces. Abordamos que a confeitaria é toda baseada em tempo e temperatura; portanto, se passarmos alguns poucos minutos ou dois ou três graus em uma preparação, ela obrigatoriamente será descartada, pois isso vai interferir no resultado da sobremesa. Elasticidade, amargor, cozimento e cor são algumas das características que se perdem com preparações que não são feitas exatamente como estão nas fichas técnicas, sem se ater ao tempo de cozimento e à temperatura adequada, por exemplo. Vimos que o principal ingrediente da confeitaria é o açúcar, base de todos os doces e sobremesas que são confeccionados, mas para cada tipo de preparação temos um tipo específico de açúcar. Aprendemos que nos dias de hoje o mercado dispõe de uma variedade incrível de tipos de açúcar, que vão desde os mais rústicos, caso do demerara, até os mais finos, como o impalpável, e cada um deles vai modificar as preparações de alguma forma. Quando fazemos uma calda, quanto mais grosso o açúcar, mais brilho vai ter essa calda. Quando vamos polvilhar uma sobremesa com açúcar somente para finalizar, temos de utilizar o açúcar mais fino possível, para que não fique sabor residual. Em algumas preparações, como o pão de ló, o açúcar confere resistência à massa, então o tempo de batimento e o açúcar correto vão fazer toda a diferença na 64 Unidade I preparação. Dessa maneira, temos sempre de levar em conta para que tipo de açúcar determinada receita foi balanceada, pois disso depende o sucesso da sobremesa. Tome cuidado ao fazer substituições, pois alguns tipos de açúcar levam outros componentes, como amido de milho, em sua composição, e este pode modificar a textura da preparação. Quando falamos sobre merengues, vimos que existem três tipos – o italiano, o suíço e o francês –, que são popularmente chamados de quente, morno e frio, na mesma ordem, seguindo o modo de preparo, pois o italiano utiliza em sua preparação uma calda a 121 °C, o suíço leva as claras e o açúcar ao banho-maria até atingir uma temperatura de 50 °C para depois ser batido e no francês somente levamos o açúcar e as claras para a batedeira, sem nenhum tipo de cocção, por isso as denominações. Aprendemos que ao trabalhar com o merengue francês é necessário sempre se certificar de que a preparação será assada antes de ser servida, pois com as claras cruas temos o risco da salmonela e devemos ficar atentos. Conhecemos várias massas derivadas dos merengues, as chamadas massas merengadas, entre as quais a mais famosa é a massa de macaron, que nada mais é do que um suspirode amêndoas, que pode ser colorido recheado conforme a preferência, habitualmente combinando com a cor escolhida para o tingimento. Vimos que os cremes são a base de muitas sobremesas. Servem para agregar um sabor leve e suave à preparação e ainda podem ser usados de muitas formas: como recheios em tortas e bolos, como bases para pavês e ainda como coberturas quando saborizados. Aprendemos que uma das coberturas mais utilizadas em todo tipo de sobremesa é o creme chantilly, feito com creme de leite fresco acrescido de açúcar e batido em um ponto no qual podemos fazer decorações e trabalhos com bicos. Com o passar dos anos a indústria reinventou esse creme e substituiu o creme de leite fresco por creme vegetal, para que tenhamos mais estabilidade nas decorações e mais tempo em temperatura ambiente sem que derreta. Com essa mudança, todos ganham, e as decorações ficam cada vez mais elaboradas. Também vimos que a utilização dos bicos de confeitar exige muita prática e treino quando são utilizados nas decorações, mas mesmo quem não tem tanta habilidade lança mão deste recurso na hora de rechear um doce ou de moldar uma carolina, por exemplo. Aprendemos que o nome da técnica para se trabalhar com as massas aeradas, como as de pão de ló, é massas batidas crescidas 65 CONFEITARIA de estrutura aerada, significando que essas preparações devem ser bem batidas, para incorporar bastante ar, que crescem por conta da grande quantidade de ovos, e sua estrutura fica muito macia, cheia de bolhas de ar. Funcionam como uma esponja na montagem de bolos, absorvendo todo o sabor da calda e do recheio e se transformando em uma fusão incrível de sabores. Vimos ainda que os biscuits são iguais aos pães de ló, feitos utilizando a mesma técnica, mas são assados de forma que fiquem bem fininhos para serem utilizados como fundos e laterais de tortas doces. Para essas tortas os recheios mais utilizados são as mousses, feitas a partir de cinco bases, sempre obedecendo à seguinte ordem de colocação: base, sabor, gelatina e creme. Utilizando as técnicas corretas nos preparos, podemos soltar a criatividade e saborizar as mousses como quisermos, harmonizando com o jantar que vai ser servido em um evento, por exemplo. Para encerrar esta unidade, falamos sobre os bolos de casamento e os docinhos finos. Para os bolos, a cobertura utilizada foi a pasta americana, então devemos lembrar que para essa cobertura não devemos utilizar recheios com frutas frescas, chantilly ou gelatina, pois são bolos que ficam fora da refrigeração, e estes ingredientes derretem ou fermentam. Pasta americana é feita com base de açúcar, então é inimiga da água, por isso não deve ser levada à geladeira. Abordamos também o preparo de docinhos de oleaginosas com os sabores mais variados, utilizando diversas técnicas, conferindo sabor e beleza àqueles que sempre finalizam da melhor forma todos os eventos e festas. Com esta unidade todo aluno já é capaz de produzir uma gama ampla de doces e sobremesas. Agora é hora de arregaçar as mangas e colocar a “mão na massa”. Exercícios Questão 1. (Enade, 2009) Leia a tabela: Tabela Receita básica Gemas 0,250 kg Vinho 0,125 litro Açúcar 0,100 kg 66 Unidade I O creme zabaione, preparação espumosa de origem italiana, é obtido batendo-se as gemas com vinho Marsala e açúcar em banho-maria, até ficar espumoso. As fichas técnicas em confeitaria devem ser elaboradas com cuidado, pois a proporção dos ingredientes interfere diretamente no resultado da receita. De acordo com essa tabela, é correto afirmar que, nessa receita, A) faltam as claras em neve para formar espuma. B) tem-se o açúcar como ingrediente principal dessa receita. C) devem ser usados gemas e vinho, na proporção 2:1. D) situa-se numa proporção de 2:1 de gemas e açúcar. E) devem ser usados açúcar e gema, na proporção 3:1. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o creme zabaione é uma espuma com gema, açúcar e alguma bebida doce (aqui, o vinho Marsala). B) Alternativa incorreta. Justificativa: o açúcar é o ingrediente em menor quantidade. O principal é a gema. C) Alternativa correta. Justificativa: a proporção está correta, pois a quantidade de gema é o dobro da quantidade de vinho. D) Alternativa incorreta. Justificativa: a quantidade de gema para açúcar é de, aproximadamente, 2,5 para 1. E) Alternativa incorreta. Justificativa: a quantidade de gema para açúcar é de, aproximadamente, 2,5 para 1. Questão 2. (Enade, 2015) Os merengues, produzidos a partir das claras de ovos batidas em neve em conjunto com o açúcar, têm diversos usos na confeitaria, ora como base, ora como recheio. Basicamente, há três maneiras clássicas de prepará-los. 67 CONFEITARIA Considerando essas informações bem como a utilização dessa base da confeitaria, avalie as afirmações a seguir. I – No merengue francês, básico ou a frio, a clara é batida em neve, acrescentando-se açúcar. Esse merengue é usado em ovos nevados, omeletes flambadas, e de fundo, para sobremesas como vacherin. Levado ao forno para secar, torna-se o suspiro. II – No merengue italiano, adiciona-se o açúcar à água e leva-se a mistura ao fogo até que se torne uma calda fervente, que é despejada sobre as claras em neve; bate-se, então, continuamente, até que se obtenha um creme brilhante e uniforme. Esse merengue serve para coberturas diversas e é conhecido como marshmallow. III – No merengue suíço, as claras, com o dobro de seu peso em açúcar, são batidas em banho-maria. Adicionar suco de limão ou outro acidulante torna mais firme esse merengue, que serve para coberturas. É correto o que se afirma em A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa E. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta Justificativa: os merengues são claras em neve batidas com açúcar. São usadas frequentemente para rechear e cobrir bolos e tortas. Temos três tipos de merengues básicos e muito utilizados na confeitaria. O merengue francês é feito de claras em temperatura ambiente batidos com açúcar. É o mais básico de se fazer e é relativamente estável. Muito usado em ovos nevados, omeletes flambados, vacherin (sobremesas com base de suspiros) e é o ideal para suspiros. II – Afirmativa correta. Justificativa: o merengue italiano é feito incorporando-se uma calda de açúcar fervente às claras em neve. Esse merengue é o mais estável dos três, porque as claras em neve são cozidas pelo calor da calda. É muito usado para a cobertura de bolos conhecida como marshmallow. 68 Unidade I III – Afirmativa correta. Justificativa: o merengue suíço é feito de uma mistura de claras em neve e o dobro do seu volume em açúcar, que é aquecida em banho-maria, enquanto batido, até que a temperatura chegue a 50 ⁰C. Depois, essa mistura é levada à batedeira e termina de bater até que esteja completamente fria e bem espumosa. Esse merengue serve para coberturas e também para assados.