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CISTOS ODONTOGÊNICOS E NÃO-ODONTOGÊNICOS Ossos gnáticos podem ser sítio de diversos tipos de lesões com diferentes etiologias, apresentações clínicas, radiográficas e microscópicas - Lesões dos ossos gnáticos que surgem remanescentes aos dentes . Para um bom diagnóstico é necessário exame clínico Anamnese e exame físico - Sintomas e sinais - Perfil epidemiológico Exames de imagem- - Localização - Periferia e forma da lesão - Estrutura interna - Relação com estruturas adjacentes Exames histopatológicos- Comportamento biológico O que é um cisto? Um cisto é uma cavidade patológica revestida por epitélio e preenchida geralmente por líquido, material semissólido ou gás. Ele pode se formar em qualquer tecido do corpo, mas na Odontologia, os cistos mais comuns ocorrem nos ossos maxilares e tecidos bucais (líquido, pus ou queratina). Por que os cistos ocorrem? 1. Desenvolvimento Ocorrem devido a restos embrionários epiteliais que persistem após a formação dos dentes ou da face. Ficam “adormecidos” e podem ativar-se por estímulos como inflamação, trauma ou por acaso. Ex: Cisto dentígero, cisto queratocístico, cisto nasopalatino. 2. Inflamatórios São resposta a uma infecção crônica ou inflamação. A inflamação estimula a proliferação de células epiteliais remanescentes. Ex: Cisto radicular, que se forma após necrose pulpar. Como um cisto se desenvolve? 1. Um epitélio (remanescente embrionário ou estimulado pela inflamação) começa a crescer. 2. Forma uma cavidade fechada. 3. A cavidade se enche de líquido, secreções ou detritos celulares. 4. O cisto cresce de forma lenta, podendo causar: o Reabsorção óssea o Deslocamento de dentes o Aumento de volume o Dor (em casos infeccionados) CISTOS ODONTOGÊNICOS São cistos que se originam a partir de tecidos envolvidos no desenvolvimento dentário, como a lâmina dental, epitélio reduzido do órgão do esmalte ou restos de Malassez. CLASSIFICAÇÃO DOS CISTOS ODONTOGÊNICOS 1. Cistos Odontogênicos Inflamatórios 🔹 Cisto Radicular Cisto odontogênico inflamatório que está aderido ao periápice de um dente com polpa necrosada. Mais comum de todos. Origem: Epitélio de Malassez (ligamento periodontal), ativado por necrose pulpar. Localização: Região apical de dentes não vitais. Clínica: Assintomático ou aumento de volume. Radiografia: Radiolucidez unilocular bem delimitada na ponta da raiz. Tratamento: Endodontia ou exodontia com curetagem. Surge a. partir da proliferação do epitélio dos restos de Malassez, localizados no ligamento periodontal. Epidemiologia • Maioria dos autores não menciona a faixa etária de maior incidência • Pico de distribuição etária: 3ª a 6ª décadas de vida • Relativamente raro na 1ª década de vida Fisiopatologia: 1. Pulpite → Necrose pulpar → Liberação de toxinas. 2. Inflamação periapical crônica. 3. Estímulo aos restos epiteliais → Formação do cisto. 4. A cavidade se preenche com líquido → Cisto radicular. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS -Assintomáticos – DENTE SEM VITALIDADE PULPAR -Descobertos em exames radiográficos de rotina -Frequência relativamente alta na região anterior superior -Com o crescimento da lesão pode haver: deslocamento dentário, tumefação/expansão óssea -Dor- AGUDIZAÇÃO Aumento de mobilidade dental -Sensibilidade à percussão Mucosa avermelhada ou amarelada e formação de fístula Sinais Clínicos Comuns 1. Aumento de Mobilidade Dental Ocorre quando o cisto cresce e destrói o osso alveolar de suporte. A destruição óssea afeta o ligamento periodontal, levando à mobilidade do dente envolvido. Mais comum em cistos grandes ou de longa evolução. 2. Sensibilidade à Percussão Indica inflamação periapical ativa, mesmo em lesões crônicas. A pressão sobre o dente transmite força ao ápice, onde o cisto se localiza. É mais comum quando o cisto está infectado ou em expansão. Dente testa negativo à vitalidade, pois está necrosado. 3. Mucosa Avermelhada ou Amarelada Avermelhada: Inflamação da mucosa sobrejacente ao cisto (sinal de infecção ou irritação). Amarelada: Pode indicar pús acumulado na região – sinal de cisto infectado ou com fístula ativa. 4. Formação de Fístula O cisto pode se infectar secundariamente, gerando exsudato purulento. O organismo forma uma fístula drenante para aliviar a pressão. A fístula se comunica com a área cística e geralmente libera secreção ao pressionar a mucosa. Cisto Radicular x Granuloma Periapical Ambos são lesões inflamatórias periapicais, causadas por necrose pulpar e reação crônica nos tecidos periapicais. O cisto radicular não pode ser diferenciado do granuloma apenas pela radiografia. A aparência deles é praticamente idêntica. O diagnóstico definitivo só é possível com análise histológica. GRANULOMA PERIAPICAL Lesão inflamatória crônica sem cavidade, composta por tecido de granulação. Também é consequência de necrose pulpar. Radiografia: Radiolucidez apical difusa ou bem definida. Menor que o cisto, geralmente. Pode parecer idêntico ao cisto radicular. � Teste de vitalidade: � Negativo � Assintomático na maioria das vezes. DISPLASIA CEMENTO- ÓSSEA PERIAPICAL (DCOP) Lesão não inflamatória e não neoplásica, de origem mesenquimal, que forma tecido fibroso e cemento displásico. Acomete frequentemente mulheres negras de meia-idade. Radiografia: Fase inicial: radiolucidez apical (pode confundir com cisto ou granuloma). Fase mista: radiolúcida com áreas opacas. Fase madura: radiopaca com halo radiolúcido ao redor. Lesão múltipla e geralmente em mais de um dente (frequentemente em incisivos inferiores). Teste de vitalidade: � Positivo (os dentes são vitais) Assintomática, descoberta em exames de rotina. Resumo clínico para o diagnóstico diferencial: Se o dente está necrosado → pensar em granuloma ou cisto radicular Se o dente está vital e a lesão é múltipla ou com áreas opacas → pensar em displasia cemento-óssea É necessário um dente desvitalizado para estabelecer o diagnóstico de cisto radicular. ( ele sem vitalidade fica escurecido). Faz o teste frio com um contonete ou pinça e algodão e coloca na cervical do dente, para ver a sua vitalidade. ( o paciente não irá sentir nada, devido sua polpa necrosada). TIPOS DE CISTO RADICULAR 1. Cisto Radicular Apical Forma mais comum. Localizado no ápice da raiz. Associado à necrose pulpar. 2. Cisto Radicular Lateral Menos comum. Localizado na lateral da raiz, geralmente devido a infecção que escapou por canais acessórios. Também em dentes necrosados. Tratamento =Endodontia + possível cirurgia periapical 3. Cisto Residual Um cisto radicular que permanece após a extração do dente. Localizado no alvéolo cicatrizado. Radiolucidez semelhante, mas sem dente associado. Deve ser sempre removido e enviado para biópsia (pode simular lesões mais sérias). Lesão cística odontogênica de natureza inflamatória; Resulta da remoção incompleta ou ausente do tecido inflamatório periapical • História prévia de exodontia/ trat. endodôntico; • Ausência de sintomatologia; Tratamento : Enucleação cirúrgica (pode ser assintomático por anos) • Tratamento endodôntico. • Apicectomia. • Exodontia + enucleação da lesão. • Lesões extensas: Enucleação. Descompressão. Marsupialização. Ressecção em bloco. Sempre associe cisto radicular com necrose pulpar e inflamação crônica. Se não houver dente associado → cisto residual. Se o dente for vital → provavelmente não é radicular. 1. CISTO PERIAPICAL Cisto radicular apical. É o tipo mais comum de cisto odontogênico. Características: Associado a necrose pulpar. Origem: Restos epiteliais de Malassez ativados por inflamação crônica. Localização: Ápice da raiz de dentes não vitais. Radiografia: Radiolucidez unilocular bem delimitada no ápice. Tratamento: Endodontia ou exodontia + curetagem do cisto. 2. CISTO PERIRRADICULAR Termo sinônimo genérico de "cisto periapical". Abrange todas as formas associadas à raiz de dentes necrosados, tanto apicais quanto laterais. 3. CISTO PERIODONTAL APICAL Cisto radicular apical (inflamatório, origem pulpar) ou Está confundindo com o cisto periodontal lateral (origem de desenvolvimento, em dentes vitais). Cistos Odontogênicos de Desenvolvimento Cisto Dentígero ( mais comum) Origem: Epitélio reduzido do órgão do esmalte. Local: Associado à coroa de dentes inclusos (3º molar, canino). Radiografia: Radiolucidez bem definida envolvendo a coroa. Clínica: Pode causar deslocamento dentário. Tratamento: Exodontia + enucleação. envolve a coroa de um dente não irrompido causando expansão do seu folículo permanecendo preso à região cervical Responsável por cerca de 14 - 20% de todos os cistos revestidos por epitélio nos ossos gnáticos. Acúmulo de fluido entre epitélio reduzido do esmalte e a coroa do dente ; • Proliferação epitelial relacionada; • Reabsorção óssea. Um CD pode se desenvolve r ao redor da coroa de um dente permanente como consequência da inflamação periapical de um dente decíduo sobrejacente EPIDEMIOLOGIA • CD pode ser encontrado em pacientes com uma ampla variação de idade • São descobertos mais frequentemente em pacientes entre 10 e 30 anos. Frequentemente descobertos ao acaso durante investigação de retardo na erupção de algum dente. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS CD poder ocorrer em associação com qualquer dente impactado/incluso Terceiros molares inferiores - 65%; • Caninos superiores; • Segundos pré-molares inferiores; • Terceiros molares superiores; • Raramente envolvem Decíduos. CISTO DENTÍGERO – Características Radiográficas É um cisto de desenvolvimento, associado ao folículo de um dente incluso ou impactado 1. Radiolucidez unilocular (área escura) 2. Bem definida e com contorno corticado (bordas finas e regulares) 3. Envolvendo a coroa de um dente não erupcionado o A lesão está aderida ao esmalte na junção amelocementária 4. Pode deslocar o dente incluso ou reabsorver raízes de dentes adjacentes (em lesões maiores) 5. O espaço folicular normal tem até 3 mm. Se ultrapassa 5 mm, deve-se suspeitar de cisto dentígero. Teste de vitalidade: Dentes adjacentes geralmente são vitais, pois o cisto não é inflamatório. CD de grandes dimensões pode passar a impressão de um processo multilocular devido à persistência de trabéculas ósseas dentro da lesão radiolúcida. ASSOCIAÇÃO COM SÍNDROMES São raramente associados a síndromes de desenvolvimento: displasia cleidocraniana, síndrome do carcinoma nevóide basocelular e às vezes, induzidas por drogas: como a ciclosporina e bloqueadores do canal de cálcio HISTOPATOLOGIA O revestimento epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não ceratinizadas, e a interface entre o epitélio e o tecido conjuntivo é plana. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O Cisto dentígero tem como diagnóstico diferencial: • Cisto paradentário (cisto colateral); • Ceratocistos • Ameloblastomas unicísticos envolvendo os dentes adjacentes não irrompidos CISTO DENTÍGERO X FOLÍCULO HIPERPLÁSICO Para a lesão ser considerada como um cisto dentígero, alguns investigadores acreditam que o espaço radiolúcido que envolve a coroa do dente deve ser de aproximadamente 3 a 4 mm de diâmetro (Damante). Tratamento do Cisto Dentígero 1. Enucleação (remoção cirúrgica completa) É o tratamento mais comum - Consiste em remover todo o cisto, inclusive o dente impactado envolvido. - Indicado quando: O dente incluso não tem potencial de erupção funcional Há risco de reabsorção radicular nos dentes vizinhos O cisto é grande, mas bem delimitado 2. Descompressão / Marsupialização 🔹 Procedimentos conservadores que visam reduzir o tamanho do cisto antes da remoção total 🔹 Indicados quando: O cisto é muito grande e poderia causar fratura óssea ou comprometer estruturas vitais Há interesse em manter o dente envolvido para possível erupção ou tracionamento 3. Tracionamento Ortodôntico 🔹 Utilizado após a descompressão/marsupialização, quando o dente incluso é viável funcionalmente e pode ser aproveitado na arcada 🔹 O ortodontista aplica força controlada para trazer o dente à posição normal 🔹 Comum em caninos superiores e pré-molares Escolha do tratamento depende de: Tamanho do cisto Idade do paciente Importância funcional do dente incluso Risco cirúrgico e reabsorção de estruturas vizinhas Prognóstico Excelente. Rara recidiva após a remoção completa do cisto. Transformação neoplásica para um ameloblastoma. • Frequência muito baixa • Surgimento de Carcinoma de células escamosas; • Carcinomas mucoepidermóides intraósseos desenvolvidos a partir das células do revestimento de um cisto dentígero. Cisto de erupção Variante do dentígero, mas localizado em tecidos moles. Local: Dente em erupção, mais comum em crianças. Clínica: Abaulamento azul-arroxeado na gengiva. Tratamento: Pode romper espontaneamente. Contraparte extraóssea do cisto dentígero Separação do folículo dentário da coroa de um dente em erupção que já está posicionado nos tecidos moles que recobrem o osso alveolar. Possíveis fatores causais: trauma, infecção, espaço deficiente para a erupção CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Crianças com menos de 10 anos de idade. Mais comumente associada a: • Incisivos centrais decíduos inf. • Primeiros molares permanentes. • Incisivos decíduos superiores Trauma pode resultar em uma quantidade considerável de sangue no fluido cístico, o que concede uma cor azul a arroxeada ao cisto - hematoma de erupção -Pode não haver necessidade de tratamento CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS • Epitélio oral de superfície na porção superio • A lâmina própria subjacente mostra infiltrado inflamatório variável. • A porção profunda do espécime (teto do cisto), mostra uma fina camada de epitélio escamoso não ceratinizado. Cisto Odontogênico Queratoquístico (COQ) Origem: Restos da lâmina dental (Serres). Clínica: Crescimento silencioso, agressivo e infiltrativo. Radiografia: Radiolucidez uni ou multilocular (pode simular ameloblastoma). Histologia: Epitélio paraceratinizado. Alta taxa de recidiva. Tratamento: Enucleação ampla, com controle a longo prazo. ⚠️ Pode estar associado à Síndrome de Gorlin-Goltz. Cisto Periodontal Lateral Local: Lateral da raiz de dentes vitais, geralmente pré-molares inferiores. Radiografia: Radiolucidez lateral bem delimitada. Clínica: Assintomático. Tratamento: Enucleação conservadora. Cisto Odontogênico Glandular (raro) Comportamento agressivo e potencial de recidiva. Revestido por epitélio com diferenciação glandular. Tratamento: Excisão com margem de segurança. Cisto + crescimento agressivo e recorrente? → Queratoquístico Não se originam de tecidos relacionados ao desenvolvimento dentário. Ceratocisto Odontogênico (CO) É um cisto de desenvolvimento agressivo, derivado da lâmina dentária, com alto potencial de crescimento e recidiva. O crescimento do CO parece estar relacionado a fatores genéticos inerentes do seu próprio epitélio ou de atividade enzimática na parede fibrosa do cisto. Características Clínicas Pode ser assintomático ou causar aumento de volume e deslocamento de dentes Mais comum em adultos jovens (2ª e 3ª décadas de vida) Localização preferencial: mandíbula posterior, especialmente o ramo mandibular Características Radiográficas Radiolucidez bem definida, unilocular ou multilocular Contornos corticais regulares e finos Pode envolver dentes inclusos (imitando um cisto dentígero) Expansão óssea discreta, mas cresce ao longo do osso Características Histológicas Revestido por epitélio pavimentoso queratinizado paraceratinizado Tecido epitelial fino e frágil Crescimento ativo, com células satélites e ilhotas epiteliais que favorecem recidiva Associação com Síndrome: Síndrome do Carcinoma Nevoide Basocelular (Gorlin-Goltz) Múltiplos COQs Alterações ósseas, cutâneas e neurológicas Tratamento: 1. Enucleação com curetagem cuidadosa 2. Ressecção (em casos muito extensos ou recorrentes) 3. Carnoy (solução química) pode ser usada para reduzir risco de recidiva 4. Acompanhamento radiográfico prolongado ETIOPATOGENIA • Recentes Estudos: gene patched (PTCH) • Ceratocistos não-sindrômicos • Associado a Síndrome do carcinoma nevóide basocelular ou Gorlin-Goltz Etiopatogenia do Ceratocisto Odontogênico (CO) Mecanismo de Formação: 1. Proliferação epitelial espontânea: o As células epiteliais da lâmina dentária sofrem proliferação anormal e autônoma, mesmo na ausência de inflamação ou trauma. 2. Formação de cavidade cística: o A proliferação epitelial cria uma cavidade revestida por epitélio queratinizado, com produção de queratina no interior do cisto. o O conteúdo queratinoso pode gerar pressão osmótica interna → aumento progressivo da lesão. 3. Crescimento agressivo: o O CO cresce de forma lenta, mas infiltrativa, podendo se estender amplamente ao longo da medular óssea sem causar grande expansão da cortical. o Pode causar deslocamento de dentes e reabsorção radicular leve. Fatores de Recidiva: O epitélio do CO é muito fino e frágil, dificultando sua remoção completa na cirurgia. Possui ilhas epiteliais satélites (filamentos) que podem permanecer e originar recidivas. Alguns casos têm comportamento semelhante a tumor, por isso há quem defenda o termo “tumor odontogênico queratocístico”. Ceratocisto Odontogênico & Síndrome de Gorlin-Goltz É uma síndrome genética autossômica dominante, causada por mutações no gene PTCH1, que está envolvido na regulação da via Hedgehog, importante para o crescimento celular e o desenvolvimento embrionário. Características principais da síndrome: 1. Múltiplos ceratocistos odontogênicos 2. Carcinomas basocelulares (lesões de pele, principalmente em áreas fotoexpostas) 3. Calcificação da foice do cérebro (falce do cérebro) – visível em radiografias de crânio 4. Anomalias esqueléticas, como: o Costelas bífidas o Hipoplasia de mandíbula ou maxila o Fissuras palatinas ou labiopalatais 5. Cistos epidermoides e outras alterações cutâneas 6. Macrocefalia, hipertelorismo (olhos afastados) e outras dismorfias faciais Importância do Ceratocisto nessa síndrome: O ceratocisto odontogênico é um dos sinais iniciais e mais comuns da síndrome. Costuma aparecer em idade precoce, multifocal (vários cistos ao mesmo tempo). A alta taxa de recidiva e a ocorrência bilateral levantam suspeita de forma sindrômica. Muitas vezes o diagnóstico da síndrome começa após avaliação odontológica. Diagnóstico: Presença de 2 ou mais critérios maiores (ex: múltiplos COQs + carcinoma basocelular) ou 1 critério maior + 2 menores (ex: COQ + costela bífida + macrocefalia) Conduta clínica: Encaminhamento para avaliação médica genética Acompanhamento multidisciplinar (odontologia, dermatologia, neurologia) Cirurgia conservadora com controle rigoroso dos ceratocistos Acompanhamento radiográfico contínuo (inclusive de crânio e tórax) Ceratocisto Odontogênico – Características Clínicas • Pico entre a segunda e terceira décadas de vida • Assintomático, crescimento lento e infiltrativo; • Se negligenciado pode promover grandes destruições; • 60% a 80% Mandíbula; • Cerca da metade origina-se: ângulo da mandíbula; • Podem estar associados a dentes impactados - 3 molares inclusos; Bem delimitado; • Pode romper corticais ósseas; • Pode invadir estruturas adjacentes. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS • Epitélio pavimentoso estratificado paraqueratinizado • Superfície de paraqueratina - corrugação superficial • Espessura de 5 a 8 camadas de células • Camada basal bem definida, com células cúbicas e colunares em paliçada • Núcleos das células basais em paliçada são geralmente basofílicos Conhecer a biologia e o comportamento da lesão é essencial para a escolha da melhor forma de tratamento Sintomas Geralmente assintomático nos estágios iniciais Descoberto em exames radiográficos de rotina Quando sintomático, pode apresentar: o Aumento de volume discreto na mandíbula o Dor leve ou desconforto (em casos grandes ou infectados) o Secreção ou fístula (se houver infecção secundária) Crescimento Crescimento lento, silencioso e infiltrativo Pode atingir grandes proporções sem causar deformidade externa visível Cresce no sentido anteroposterior, ao longo do osso, com expansão óssea discreta Pode deslocar dentes ou causar reabsorção radicular leve Idade e gênero Mais comum entre os 20 e 40 anos Leve predomínio no sexo masculino Quando suspeitar de CO clinicamente? Paciente jovem com radiolucidez extensa e poucos sintomas Lesão que recidivou após enucleação Presença de múltiplos cistos → investigar síndrome de Gorlin-Goltz Principais Cistos Não Odontogênicos: Não se originam de tecidos relacionados ao desenvolvimento dentário. 1. Cisto Nasolabial Extraósseo (não aparece na radiografia) Surge na região do sulco nasolabial Mais comum em mulheres adultas Pode causar aumento de volume e assimetria facial Revestido por epitélio respiratório (pseudoestratificado ciliado) 2. Cisto Ducto Nasopalatino (ou Incisivo) Radiograficamente: imagem radiolúcida oval ou em forma de coração Pode causar expansão palatina leve e parestesia (raro) É o cisto não odontogênico mais comum da região anterior do palato, originado dos remanescentes epiteliais do ducto nasopalatino (canal incisivo), localizado na linha média, atrás dos dentes incisivos centrais superiores. - Tem vitalidade e precisa fazer o teste EPIDEMIOLOGIA • Cisto não odontogênico mais comum • 4ª e 6ª década de vida • Sexo masculino CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS Tumefação da região anterior do palato, drenagem e dor • Lesão radiolúcida; • Bem-circunscrita; • Formato de coração ou pera invertida Enucleação cirúrgica; Recidiva rara; Tratamento do Cisto do Ducto Nasopalatino Excisão cirúrgica completa: o A remoção cirúrgica é o tratamento padrão, pois o cisto não desaparece espontaneamente. o A cirurgia é feita por via intraoral, geralmente sob anestesia local. o Importante retirar todo o revestimento epitelial para evitar recidiva. o Pode ser necessária biópsia para confirmar o diagnóstico e excluir outras lesões. Cuidados pós-operatórios: o Controle da dor e inflamação com analgésicos e anti-inflamatórios. o Higiene oral rigorosa para evitar infecção. o Acompanhamento clínico para observar cicatrização. Prognóstico Geralmente excelente: o Após remoção completa, o cisto raramente recorre. o Não costuma causar complicações graves se tratado adequadamente. o Pode haver algum desconforto pós-cirúrgico, mas a cicatrização é rápida. Sem tratamento: o O cisto pode crescer, causando aumento da área palatina, desconforto, dificuldade para prótese, ou até reabsorção óssea na região. 3. Cisto do Ducto Nasolacrimal Menos comum Associado ao ducto nasolacrimal Pode gerar aumento na região do assoalho nasal e obstrução do ducto 4. Cisto Epidermoide e Dermóide Mais comuns na linha média do assoalho bucal (submentoniana ou sublingual) Revestidos por epitélio escamoso (epidermoide) ou com anexos cutâneos (dermoide) Causam aumento de volume indolor na região sublingual/submentoniana Podem causar dificuldade de fala, mastigação e deglutição 5. Cisto da Linha Média Palatina Localizado no meio do palato duro posterior Possivelmente de origem fissural Radiograficamente: imagem radiolúcida bem delimitada na linha média do palato 6. Cisto Glóbulo-Nasal (atualmente considerado o mesmo que o nasolabial) Obsoleto como classificação separada Como diferenciar dos cistos odontogênicos? Localização anatômica (ex: linha média palatina ou região nasolabial) Ausência de relação com dentes (não há envolvimento periapical nem de coroas dentárias) Presença extraóssea ou de origem em ductos embrionários Em geral, assintomáticos e detectados por aumento de volume Cistos Não Odontogênicos — Cistos Palatinos do Recém-Nascido Os cistos palatinos do recém-nascido são pequenas lesões benignas, geralmente assintomáticas, que surgem na mucosa do palato duro ou na linha média palatina. Eles são considerados cistos não odontogênicos, ou seja, não relacionados à formação dos dentes. Principais tipos de cistos palatinos do recém-nascido 1. Cistos de Bohn Localização: Margem alveolar, mais comuns na região do palato lateral. Origem: Restos das glândulas salivares ou epitélio escamoso. Apresentação clínica: Pequenas pápulas brancas ou amareladas, múltiplas. Tratamento : mordedor 2. Cistos de Epstein (ou Cistos Palatinos Médios) é o acumulo de queratina Localização: Região da linha média do palato duro. Origem: Restos epiteliais da linha média palatina, provavelmente remanescentes do desenvolvimento embriológico. Apresentação clínica: Pequenas lesões brancas na linha média do palato. Nenhum tratamento é necessário 3. Cistos de Dentição de Gingiva (Gengivais) Podem aparecer também como pequenas lesões brancas na mucosa alveolar, mas não são específicos do palato. Características clínicas dos cistos palatinos do recém-nascido Aparência: Pápulas ou nódulos esbranquiçados, opacos, pequenos (1 a 3 mm). Sintomas: Geralmente assintomáticos, sem dor ou desconforto. Diagnóstico: Clínico pela aparência típica. Prognóstico: São autolimitados, desaparecendo espontaneamente em semanas ou meses. Tratamento: Geralmente nenhum, apenas observação. Não precisam ser removidos. Importância Clínica São comuns, presentes em até 75% dos recém-nascidos. Podem ser confundidos com outras lesões, mas sua identificação evita tratamentos desnecessários. Não interferem na alimentação ou no desenvolvimento oral. Apicectomia Apicectomia é um procedimento cirúrgico odontológico que consiste na remoção da ponta da raiz do dente (ápice) junto com o tecido inflamado ou infectado ao redor, geralmente após o fracasso de tratamento endodôntico (canal). Indicações Persistência de lesão periapical após tratamento de canal adequado. Lesão periapical sintomática com dor ou edema. Dentes com anatomia radicular complexa que impossibilita o tratamento convencional. Fraturas ou perfurações apicais. Canais calcificados ou obstruídos. Procedimento 1. Anestesia local. 2. Incisão e descolamento do retalho gengival. 3. Acesso ao ápice radicular e remoção do osso ao redor (fenestração óssea). 4. Ressecção da ponta da raiz (aproximadamente 3 mm). 5. Curetagem do tecido inflamado ou cístico. 6. Preparo e obturação retrógrada da raiz, geralmente com materiais como MTA (agregado trióxido mineral). 7. Sutura do retalho gengival. Cuidados pós-operatórios Controle da dor e inflamação (analgésicos e anti-inflamatórios). Higiene oral cuidadosa para evitar infecção. Evitar trauma e esforço mastigatório na região por alguns dias. Retirada dos pontos em 7 a 10 dias. Prognóstico Taxa de sucesso geralmente alta (70-90%), dependendo da técnica e do caso clínico. Pode haver recidiva se o tecido patológico não for completamente removido ou se houver falha na obturação retrógrada. Importante acompanhamento radiográfico para avaliar cicatrização óssea. Cureta Aveolar de Lucas É uma cureta cirúrgica específica usada para raspagem e remoção de tecido inflamado, granulação ou material patológico na cavidade óssea alveolar após extrações dentárias ou em cirurgias periodontais. Uso Clínico Após extrações dentárias: para limpar a cavidade alveolar, removendo restos de tecido granulado ou debris. Cirurgias periodontais: para raspagem das paredes ósseas e remoção de tecido inflamado. Pequenas lesões ósseas: ajuda na curetagem para favorecer a cicatrização óssea. Diferença para outras curetas A cureta aveolar de Lucas é específica para tecidos ósseos e cavidades maiores, diferente das curetas periodontais que são menores e mais delicadas para bolsas gengivais.