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DERMATOLOGIA PIODERMITES: ERISIPELA: Erisipela = bem delimitada + sintomas sistêmicas (febre, prostração). Idosos (60 anos), DM são os mais acometidos. Ocorre por quebra de barreira cutânea, mais em MMII e face. Dx clínico. Membros inferiores, e a penetração ocorre por soluções de continuidade, como as micoses interdigitais; Estreptococo beta hemolítico do grupo A, principalmente o s. pyogenes Infecção aguda da pele envolvendo a derme e o subcutâneo, que se caracteriza por febre, anorexia, calafrios, outros sintomas gerais, leucocitose e lesão cutânea em placa eritematosa, edematosa e dolorosa. Instalação rápida e evolução com eritema e edema de limites bem definidos, além de calor e dor; Comprometimento linfático; Os fatores predisponentes locais são principalmente a insuficiência venosa e a linfangite crônica; Os fatores sistêmicos são obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial, fumo e alcoolismo; Dessa placa podem ter origem faixas eritematosas ao longo do trajeto de vasos linfáticos (linfangites). O aspecto-chave é uma área eritematosa com rápida disseminação na periferia, sendo as bordas bem delimitadas com projeções do tipo “pseudópodes” presentes. Pode ser acompanhada de dor local, adenomegalia reacional e febre com calafrios. Uma variante com bolhas e vesículas é denominada erisipela bolhosa. Os locais mais acometidos são membros inferiores e face (malar/zigomática). Em mastectomizadas, com alterações linfáticas secundárias, pode haver o acometimento dos membros superiores. Pode evoluir para celulite e complicar com necrose local, abscessos profundos e fasciite necrosante. Complicações fatais, como endocardite e glomerulonefrite, são possíveis. Tratamento: Repouso no leito é essencial, principalmente quando é acometido o membro inferior, que deve ser mantido elevado. Droga de escolha é a penicilina procaína na dose de 400.000UI, de 12 em 12 horas por dez dias, ou em pacientes alérgicos eritromicina na dose de 30 a 50mg/kg/ dia, dividida de seis em seis horas, por sete a dez dias e cefalexina na dose de 30 a 50/mg/kg/dia, de seis em seis horas, de sete a dez dias. Quadros graves podem necessitar de penicilina cristalina (IV) associada a oxacilina ou vancomicina. Após a fase aguda, para evitar recaídas, é conveniente administrar penicilina benzatina por período prolongado, se necessário, o paciente deve ser afastado do trabalho ou hospitalizado. Quando houver edema residual orientar para uso de meias elásticas. Referenciar ao angiologista quando houver comprometimento venoso. CELULITE Infecção e inflamação difusa, crescente, edematosa, eritematosa e supurativa da pele; Acomete a derme e o tecido celular subcutâneo, manifestando-se como uma lesão não elevada e mal delimitada (é um diagnóstico diferencial com a erisipela); Evolui com sintomas gerais como febre, dor e estado geral comprometido; As pernas são os locais mais acometidos. Aparecem eritema e edema de limites e bordas mal delimitados. A dor é mais importante e pode limitar a mobilização do membro afetado. Necrose com ulcerações e abscessos é frequente. Os acometimentos submandibular e cervical (angina de Ludwig), muitas vezes associados a abscessos dentários, podem ter dor importante e risco de obstrução de vias aéreas e/ou disseminação para o mediastino, sendo por isso uma urgência médica. TRATAMENTO CELULITE E ERISIPELA Penicilina G procaína, 400.000 UI, IM, a cada 12 horas, por no mínimo 10 dias. Cefalexina, 500 mg, VO, 4x ao dia, por 10 dias. Ciprofloxacino, 500 mg, VO, 2x ao dia, por 10 dias. Amoxicilina 500 mg, 8/8hs por 10 dias. Amoxicilina + clavulanato 875 mg/125mg 12/12hs por 10 dias. Eritromicina, 500 mg, VO, 4x ao dia, por 10 dias nas pessoas alérgicas à penicilina e às cefalosporinas. Quadros graves podem necessitar de penicilina cristalina (IV) associada a oxacilina ou vancomicina. Casos recorrentes, utilizar penicilina benzatina, 1.200.000 UI, IM, de 3/3 semanas, por 1 ano. IMPETIGO Infecção superficial da pele; Estafilococos, estreptococos ou ambos; Qualquer parte exposta do corpo; Qualquer idade; Bolhoso e crostoso; Lactentes e crianças; Impetigo Bolhoso: Vesículas e bolhas desenvolvem-se em pele normal, sem eritema ao redor. As lesões localizam-se no tronco, face, mãos, áreas intertriginosas, tornozelo ou dorso dos pés, coxas e nádegas. O conteúdo seroso ou sero-pustulento desseca-se, resultando em crosta amarelada que é característica do impetigo. Quando não tratada tem tendência à disseminação. A lesão inicial muitas vezes é referida como se fosse uma bolha de queimadura de cigarro. Rápido surgimento de vesículas e bolhas flácidas e superficiais; Crosta amarelada de aspecto circinado; Acantólise na camada granular da pele; Forma localizada da síndrome da pele escaldada que ocorre nas crianças (2 a 5 anos); Tratamento: Higiene local (limpeza com água e sabonete, 2 a 3 vezes ao dia (para remoção das crostas) e antibióticos locais: Mucopirocina2% (pomada), 3x ao dia. Ácido fusídico 2% (creme), 3x ao dia. Vaselina para amolecer as crostas; EVITAR o uso de neomicina tópica devido ao potencial de desenvolver eczema de contato; GRAVES, com lesões disseminadas e comprometimento do estado geral, está indicado o uso de antibióticos sistêmicos: Penicilina benzatina: 1.200.000 UI (para adultos) e 50.000 UI/kg, até no máximo 900.000 UI (para crianças com peso abaixo de 27 kg), dose única. Eritromicina 30 a 50 mg/kg/dia, 4x ao dia, VO (para crianças), e 500 mg, 4x ao dia, VO (para adultos), por 5 a 7 dias. Cefalexina 30 a 50 mg/kg peso/dia, 4x ao dia, VO (para crianças), e 500 mg, 4x ao dia, VO (para adultos), por 5 a 7 dias. • Em caso de suspeita de infecção por estafilococos devido à resistência bacteriana à penicilina e à eritromicina; Azitromicina 500 mg/dia, VO, durante 5 dias (para adultos), e 10mg/kg/dia, 1 dose por dia, 3x ao dia, ou 10 mg/kg no primeiro dia, seguido por 5 mg/kg, durante 4 dias, administrados em dose única diária (para crianças) Impetigo Não Bolhoso: Geralmente inicia-se com lesões eritematosas seguida da formação de vesículas e pústulas que se rompem rapidamente formando áreas erosadas com as típicas crostas de coloração amarelada. Localizam-se preferencialmente na face, braços, pernas e nádegas. É comum a presença de lesões satélites que ocorrem por auto-inoculação. As lesões do impetigo duram dias ou semanas. Quando não tratadas podem envolver a derme o que constitui o ectima, com ulceração extensa e crosta hemorrágica. Tratamento: Remoção e limpeza, duas a três vezes ao dia, das crostas com água e sabão, ou água Dalibour ou permanganato de potássio 1:40.000, ou água boricada a 2%. Em seguida, aplica-se pomada de antibióticos tipo neomicina, mupirocina, gentamicina. Se necessário introduzir eritromicina via oral na dose de 40mg/kg/dia dividida de seis em seis horas; cefalexina 30 a 50mg/kg/dia dividida em quatro tomadas PITIRÍASE ALBA E VERSICOLOR Pitiríase Alba Dermatose do grupo dos eczemas, com manchas hipocrômicas mal definidas que aparecem geralmente na face, membros superiores e tronco e que involuem espontaneamente. Frequente na infância. Pode associar-se a antecedentes atópicos. Exposição solar, banhos prolongados e sabões no inverno, são fatores desencadeantes. Diagnóstico clínico. Diagnóstico diferencial: hanseníase indeterminada, pitiríase versicolor e vitiligo. Doença universal mais comum em países tropicais e no verão. Tratamento: Hidratação e umectação da pele com cremes emolientes, que podem ser associados à substâncias higloscópicas (uréia 10%; lactato de amônio 12%), fotoprotetores. Cremes ou pomadas com corticosteróides. Cremes com ácido salicílico a 3% ou uréia a 10%. Pitiríase Vesicolor: Malassezia furfur Micose superficial extremamente comum, mais e erisipela. Como tratar. Quadro clínico. Escabiose – saber identificar e tratar Ptiriase Vesicolor Impetigo crostoso, bolhoso Leishmaniose tegumentar americana Vias infraglóticas Doenças perigõticas Infecções de Vias aéreas inferiores – quadro clínico e tratamento Otite média aguda – indicação de antibiótico Hepatites virais As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. É uma infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Entretanto, quando presentes, podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos frequente no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia. As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas. Contudo, por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas desconhecem ter a infecção. Isso faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico. O avanço da infecção compromete o fígado sendo causa de fibrose avançada ou de cirrose, que podem levar ao desenvolvimento de câncer e necessidade de transplante do órgão. Aminotransferases (transaminases – a aspartato aminotransferase (AST/TGO) e a alanino aminotransferase (ALT/TGP) são marcadores de agressão hepatocelular. Nas formas agudas, chegam a atingir, habitualmente, valores até 25 a 100 vezes acima do normal, embora alguns pacientes apresentem níveis bem mais baixos, principalmente na hepatite C. Em geral, essas enzimas começam a elevar-se uma semana antes do início da icterícia e normalizam-se em cerca de três a seis semanas de curso clínico da doença. Nas formas crônicas, na maioria das vezes não ultrapassam 15 vezes o valor normal e, por vezes, em indivíduos assintomáticos, é o único exame laboratorial sugestivo de doença hepática. Começam a se elevar antes mesmo do aparecimento dos sintomas, em ambas as formas ictérica e anictérica. Estão frequentemente elevadas em pelo menos 10 vezes o LSN, porém suas elevações não se correlacionam com a gravidade do quadro. Gama-glutamiltransferase (GGT) – é a enzima mais relacionada aos fenômenos colestáticos, sejam intra e/ou extra-hepáticos. Em geral, há aumento nos níveis da GGT em icterícias obstrutivas, hepatopatias alcoólicas, hepatites tóxico-medicamentosas, tumores hepáticos. Ocorre elevação discreta nas hepatites virais, exceto nas formas colestáticas. HEPATITE A É uma infecção causada pelo vírus A (HAV) da hepatite, também conhecida como “hepatite infecciosa”. Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno, contudo o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade. Quais as formas de transmissão da hepatite A? A transmissão da hepatite A é fecal-oral (contato de fezes com a boca). A doença tem grande relação com alimentos ou água inseguros, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal (OMS, 2019). Outras formas de transmissão são o contato pessoal próximo (intradomiciliares, pessoas em situação de rua ou entre crianças em creches), contato sexual (especialmente em homens que fazem sexo com homens -HSH). A estabilidade do vírus da hepatite A (HAV) no meio ambiente e a grande quantidade de vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados contribuem para a transmissão. Crianças podem manter a eliminação viral até 5 meses após a resolução clínica da doença. No Brasil e no mundo, há também relatos de casos e surtos que ocorrem em populações com prática sexual anal, que propicie o contato fecal-oral (sexo oral-anal) principalmente. Quais são os sinais e sintomas da hepatite A? Geralmente, quando presentes, os sintomas são inespecíficos, podendo se manifestar inicialmente como: fadiga, mal-estar, febre, dores musculares. Esses sintomas iniciais podem ser seguidos de sintomas gastrointestinais como: enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. A presença de urina escura ocorre antes do início da fase onde a pessoa pode ficar com a pele e os olhos amarelados (icterícia). Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses. Como é o diagnóstico da hepatite A? O diagnóstico da infecção atual ou recente é realizado por exame de sangue, no qual se pesquisa a presença de anticorpos anti-HAV IgM (infecção inicial), que podem permanecer detectáveis por cerca de seis meses. Como é o tratamento da hepatite A? Não há nenhum tratamento específico para hepatite A. O mais importante evitar a automedicação para alívio dos sintomas, vez que, o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado podem piorar o quadro. Como prevenir a hepatite A? Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos); Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos; Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes; Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras; Usar instalações sanitárias; No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária. Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto; Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios; Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais. Vacina: A vacina contra a hepatite A é altamente eficaz e segura e é a principal medida de prevenção contra a hepatite A. A gestação e a lactação não representam contraindicações para imunização. Atualmente, faz parte do calendário infantil, no esquema de 1 dose aos 15 meses de idade (podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos – 4 anos, 11 meses e 29 dias). É importante que os pais, cuidadores e profissionais de saúde estejam atentos para garantir a vacinação de todas as crianças. Além disso, a vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), no esquema de 2 doses – com intervalo mínimo de 6 meses – para pessoas acima de 1 ano de idade com as seguintes condições: Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive infecção crônica pelo HBV e/ou pelo HCV; Pessoas com coagulopatias, hemoglobinopatias, trissomias, doenças de depósito ou fibrose cística (mucoviscidose); Pessoas vivendo com HIV; Pessoas submetidas à terapia imunossupressora ou que vivem com doença imunodepressora; Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes, ou transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea); Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea), cadastrados em programas de transplantes. HEPATITE B A Hepatite B é um dos cinco tipos de hepatite existentes no Brasil. É causada por vírus. Em 2018, foi responsável por 13.922 (32,8%) dos casos de hepatites notificados no Brasil. Na maioria dos casos não apresenta sintomas e muitas vezes é diagnosticada décadas após a infecção, com sinais relacionados a outras doenças do fígado, como cansaço, tontura, enjoo/vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados. A principal forma de prevenção é por meio da vacinação. Quais são os sintomas da Hepatite B? Na maioria dos casos a Hepatite B não apresenta sintomas. Muitas vezes a doença é diagnosticada décadas após a infecção, com sinais relacionados a outras doenças do fígado (cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados), que costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença. A ausência de sintomas na fase inicial dificulta o diagnóstico precoce da infecção, exigindo preparação dos profissionais da saúde para ofertar a testagem rápida para a populção. Os pacientes também podem solicitar espontaneamente a realização do teste rápido nas unidades básicas de saúde. Como é feito o diagnóstico da Hepatite B? O teste de triagem para Hepatite B é realizado através da pesquisa do antígeno do HBV (HBsAg), que pode ser feita por meio de teste laboratorial ou teste rápido. Caso o resultado seja positivo, o diagnóstico deve ser confirmado com a realização de exames complementares para pesquisa de outros marcadores, que compreende a detecção direta da carga viral, por meio de um teste de biologia molecular que identifica a presença do DNA viral (HBV-DNA). São marcadores de triagem para a hepatite B: HBsAg e anti-HBc. HBsAg (antígeno de superfície do HBV) – primeiramente denominado como antígeno Austrália. É o primeiro marcador a surgir após a infecção pelo HBV, em torno de 30 a 45 dias, podendo permanecer detectável por até 120 dias. Está presente nas infecções agudas e crônicas. Anti-HBc (anticorpos IgG contra o antígeno do núcleo do HBV) – é um marcador que indica contato prévio com o vírus. Permanece detectável por toda a vida nos indivíduos que tiveram a infecção (mesmo naqueles que não cronificaram, ou seja, eliminaram o vírus). Representa importante marcador para estudos epidemiológicos. Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do HBV) – é um marcador de infecção recente, portanto confirma o diagnóstico de hepatite B aguda. Pode persistir por até 6 meses após o início da infecção. Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno de superfície do HBV) – indica imunidade contra o HBV. É detectado geralmente entre 1 a 10 semanas após o desaparecimento do HBsAg e indica bom prognóstico. É encontrado isoladamente em pacientes vacinados. HBeAg (antígeno “e” do HBV) – é indicativo de replicação viral e, portanto, de alta infectividade. Está presente na fase aguda, surge após o aparecimento do HBsAg e pode permanecer por até 10 semanas. Na hepatite crônica pelo HBV, a presença do HBeAg indica replicação viral e atividade da doença (maior probabilidade de evolução para cirrose). Anti-HBe (anticorpo contra o antígeno “e” do HBV) – marcador de bom prognóstico na hepatite aguda pelo HBV. A soroconversão HBeAg para anti-HBe indica alta probabilidade de resolução da infecção nos casos agudos (ou seja, provavelmente o indivíduo não vai se tornar um portador crônico do vírus). Como tratar a Hepatite B? A hepatite B pode se desenvolver de duas formas: aguda e crônica. A aguda é quando a infecção tem curta duração. Os profissionais de saúde consideram que a forma é crônica quando a doença dura mais de seis meses. O risco de a doença tornar-se crônica depende da idade na qual ocorre a infecção. A Hepatite B não tem cura. Entretanto, o tratamento disponibilizado no SUS objetiva reduzir o risco de progressão da doença e suas complicações, especificamente cirrose, câncer hepático e morte. Os medicamentos disponíveis para controle da hepatite B são a alfapeginterferona, o tenofovir e o entecavir. Como prevenir a Hepatite B? A principal forma de prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B é a vacina, que está disponível no SUS para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade. Para crianças, a recomendação é que se façam quatro doses da vacina, sendo: ao nascer, aos 2, 4 e 6 meses de idade (vacina pentavalente). Já para a população adulta, via de regra, o esquema completo se dá com aplicação de três doses. Para população imunodeprimida deve- se observar a necessidade de esquemas especiais com doses ajustadas, disponibilizadas nos Centros de Imunobiológicos Especiais (CRIE). Outras formas de prevenção devem ser observadas, como usar camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings. O preservativo está disponível na rede pública de saúde. Como a Hepatite B é transmitida? A Hepatite B pode ser transmitida da mãe para o filho durante a gestação ou durante o parto, sendo esta via denominada de transmissão vertical. Esse tipo de transmissão, caso não seja evitada, pode implicar em uma evolução desfavorável para o bebê, que apresenta maior chance de desenvolver a hepatite b crônica. A investigação para hepatite B deve ser feita em todas as gestantes a partir do primeiro trimestre ou quando do início do pré-natal (primeira consulta), sendo que o exame pode ser feito por meio laboratorial e/ou testes rápidos. Para gestantes com resultado de teste rápido para hepatite B não reagente e sem história de vacinação prévia, recomenda-se a vacinação em 3 doses. As gestantes que apresentem resultado do teste rápido reagente para hepatite B deverão complementar a avaliação com solicitação de exame específico e carga viral da hepatite B e, caso confirmado o resultado, a gestante pode ter indicação de profilaxia com tenofovir (TDF) a partir do 3º trimestre da gestação, caso atenda aos critérios estabelecidos no PCDT de Prevenção da Transmissão Vertical. Para todas as crianças exposta à hepatite B durante a gestação está recomendada a vacina e imunoglobulina (IGHAHB) para hepatite B, preferencialmente nas primeiras 24 horas do pós-parto – essas medidas realizadas em conjunto previnem a transmissão perinatal da hepatite B em mais de 90% dos recém-nascidos. A referência à maternidade/casa de parto é de responsabilidade da equipe de saúde que acompanha a gestante com hepatite B e deve ser documentada no cartão da gestante. Notificação de casos de Hepatite B As hepatites virais são doenças de notificação compulsória, ou seja, cada ocorrência deve ser notificada por um profissional de saúde no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Esse registro é importante para mapear os casos de hepatites no país e ajuda a traçar diretrizes de políticas públicas no setor. HEPATITE C É um processo infeccioso e inflamatório causado pelo vírus C da hepatite e que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum. A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Aproximadamente 60% a 85% dos casos se tronam crônicos e, em média, 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo. Quais as formas de transmissão da hepatite C? A transmissão do HCV pode acontecer por: Contato com sangue contaminado, compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos para uso de drogas; Reutilização ou falha de esterilização de equipamentos médicos ou odontológicos; Falha de esterilização de equipamentos de manicure; Reutilização de material para realização de tatuagem; Procedimentos invasivos (ex: hemodiálise, cirurgias, transfusão) em os devidos cuidados de biossegurança; Uso de sangue e seus derivados contaminados; A hepatite C não é transmitida pelo leite materno, comida, água ou contato casual, como abraçar, beijar e compartilhar alimentos ou bebidas com uma pessoa infectada. O surgimento de sintomas em pessoas com hepatite C é muito raro, cerca de 80% das pessoas não apresentam qualquer manifestação, por esta razão a testagem espontânea da população prioritária é tão importante no combate a este agravo. O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente, por 8 ou 12 semanas. Os DAA revolucionaram o tratamento da hepatite C, e possibilitam a eliminação da infecção. Como prevenir a hepatite C? Não existe vacina contra a hepatite C. Para evitar a infecção é importante: Não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue; Usar preservativo nas relações sexuais; Não compartilhar quaisquer objetos utilizados para o uso de drogas; Toda mulher grávida precisa fazer no pré-natal os exames para detectar as hepatites B e C, a HIV e sífilis. Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas. Ter seus contatos sexuais e domiciliares e parentes de primeiro grau testados para hepatite C; Pessoas com hepatite C Podem participar de todas atividades, incluindo esportes de contato, podem compartilhar alimentos e beijar outras pessoas. HEPATITE D A hepatite D, também chamada de Delta, está associada com a presença do vírus do B da hepatite para causar a infecção e inflamação das células do fígado. Existem duas formas de infecção pelo HDV: coinfecção simultânea com o HBV e superinfecção do HDV em um indivíduo com infecção crônica pelo HBV. As formas de transmissão são idênticas as da hepatite B, sendo: Relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada; Da mãe infectada para o filho durante a gestação e parto; Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos); Compartilhamento de materiais de higiene pessoal; Da mesma forma que as outras hepatites, a do tipo D pode não apresentar sintomas ou sinais da doença. Quando presentes, os mais frequentes são: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, observação de pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. HEPATITE E A hepatite E é uma infecção causada pelo vírus E (HEV). O vírus causa hepatite aguda de curta duração e auto- limitada. Na maioria dos casos é uma doença de caráter benigno. A hepatite E pode ser grave na gestante e raramente causa infecções crônicas em pessoas que tenham algum tipo de imunodeficiência. Os sinais e sintomas, quando presentes, incluem inicialmente fadiga, mal-estar, febre, dores musculares. Esses sintomas iniciais podem ser seguidos de enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, presença de urina escura e pele e os olhos amarelados (icterícia). A hepatite fulminante ocorre com mais frequência quando a hepatite E ocorre durante a gravidez. As mulheres grávidas com hepatite E, particularmente as do segundo ou terceiro trimestre, apresentam maior risco de insuficiência hepática aguda, perda fetal e mortalidade. Até 20-25% das mulheres grávidas podem morrer se tiverem hepatite E no terceiro trimestre. Síndrome sexualmente transmissíveis As Infecções do Trato Reprodutivo (ITR) incluem: as IST, as infecções iatrogênicas (ex.: pós-aborto) e as infecções endógenas (ex.: candidíase vulvovaginal e vaginose bacteriana). As IST são causadas por mais de 30 agentes etiológicos (vírus, bactérias, fungos e protozoários), sendo transmitidas, principalmente, por contato sexual e, de forma eventual, por via sanguínea. A transmissão de uma IST ainda pode acontecer da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. Essas infecções podem se apresentar sob a forma de síndromes: úlceras genitais, corrimento uretral, corrimento vaginal e DIP. SÍFILIS: É uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode também ser transmitida verticalmente, da mãe para o feto, por transfusão de sangue, contato direto com sangue contaminado ou relação sexual sem proteção. Seus sintomas são divididos em fase primária, secundária e terciária. Demonstrando sintomas mais simples na primeira fase, como pequenas feridas nos órgãos genitais (cancro duro). A segunda é caracterizada por manchas vermelhas na pele, mucosa da boca nas palmas das mãos, pés e a terceira pode levar a comprometimento do sistema nervoso central e lesões na pele e até dos ossos. O tratamento de escolha é a penicilina benzatina (benzetacil), que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde mais próxima de sua residência. Essa é, até o momento, a principal e mais eficaz forma de combater a bactéria causadora da doença. Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Sífilis primária Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”; Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha; Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento. Sífilis secundária Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial; Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias; Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo; As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura; Sífilis latente – fase assintomática Não aparecem sinais ou sintomas; É dividida em: latente recente (até um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção). A duração dessa fase é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária. Sífilis terciária Pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção; Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte. Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, isso porque a doença pode aparecer e desaparecer, mas continuar latente no organismo. Por isso é importante se proteger, fazer o teste e, se a infecção for detectada, tratar da maneira correta. DIAGNÓSTICO O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. Esta é a principal forma de diagnóstico da sífilis. O TR de sífilis é distribuído pelo Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS) como parte da estratégia para ampliar a cobertura diagnóstica da doença. Nos casos de TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial (não treponêmico) para confirmação do diagnóstico. Deve-se avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico da criança e os resultados dos testes, incluindo os exames radiológicos e laboratoriais, para se chegar a um diagnóstico seguro e correto de sífilis congênita. Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo (reagente), sem precisar aguardar o resultado do segundo teste. TRATAMENTO O tratamento de escolha é a penicilina benzatina (benzetacil), que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde mais próxima de sua residência. Esta é, até o momento, a principal e mais eficaz forma de combater a bactéria causadora da doença. Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Este é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou seja, de passar a doença para o bebê. A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção da gestante. São critérios de tratamento adequado à gestante: Administração de penicilina benzatina; Início do tratamento até 30 dias antes do parto; Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis; Respeito ao intervalo recomendado das doses. CANCRO VENÉREO: É uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Haemophilus ducreyi, sendo mais frequente nas regiões de clima tropicais, como o Brasil. Essa condição acomete o sexo feminino, mas é mais frequente no sexo masculino. Seus principais sintomas são: feridas múltiplas e dolorosas de tamanho pequeno com presença de pus, que aparecem com frequência no pênis, ânus e vulva, podendo aparecer nódulos (caroços ou ínguas) na virilha; Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa IST, é recomendado procurar um profissional de saúde, para o diagnóstico correto e indicação do tratamento com antibiótico adequado. HERPES GENITAL: É uma doença sexualmente transmissível causada pelo vírus do herpes simples (HSV). A transmissão ocorre por meio do contato direto com a pele ou secreções de uma pessoa infectada, ou seja, por meio do beijo, das relações sexuais, do atrito e até mesmo do compartilhamento de objetos de uso pessoal. Embora o herpes não tenha cura, uma vez que não é possível eliminar o vírus do herpes do organismo, é possível fazer tratamento. Na gravidez, essa condição pode provocar abortamento espontâneo, uma vez que existe a transmissão vertical (transmissão de uma infecção ou doença a partir da mãe para o seu feto no útero ou recém- nascido durante o parto). É importante ressaltar, que existem tipos de HSV, os principais são: HSV-1 é transmitido principalmente através do beijo, manifestando-se principalmente na região da boca, nariz e olhos; HSV-2 geralmente é transmitida por relações sexuais, acometendo a região genital masculina e feminina; Vale destacar que pode ocorrer a infecção cruzada dos vírus de herpes do tipo 1 e 2 se houver contato oral-genital. Isto é, pode-se pegar herpes genital na boca ou herpes oral na área genital. Seus sintomas incluem: ardor, coceira, formigamento, gânglios inflamados, bolhas características do herpes, manchas vermelhas, vesículas agrupadas em forma de buquê. Para esse tipo de infecção na pele causada pelo vírus Herpes simplex, o medicamento mais indicado é o Aciclovir. Mas, é importante destacar que o tratamento é individualizado e só o médico poderá indicar qual o melhor meio para cada caso. Durante o tratamento é aconselhado evitar o contato íntimo porque, mesmo utilizando camisinha, o vírus pode passar de uma pessoa para a outra, se alguma das lesões entrar em contato direto com a outra pessoa. Pré-natal de risco habitual e planejamento familiar PLANEJAMENTO FAMILIAR: Conforme a lei federal 9.263/96, o planejamento familiar é direito de todo o cidadão e se caracteriza pelo conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Em outras palavras, planejamento familiar é dar à família o direito de ter quantos filhos quiser, no momento que lhe for mais conveniente, com toda a assistência necessária para garantir isso integralmente. Para o exercício do direito ao planejamento familiar, devem ser oferecidos todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantindo a liberdade de opção. A regulamentação do planejamento familiar no Brasil, por meio da Lei nº 9.263/96, foi uma conquista importante para mulheres e homens no que diz respeito à afirmação dos direitos reprodutivos. Conforme consta na referida lei, o planejamento familiar é entendido como o conjunto de ações de regulação da fecundidade, de forma que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal (art. 2º). A atenção em planejamento familiar contribui para a redução da morbimortalidade materna e infantil na medida em que: diminui o número de gestações não desejadas e de abortamentos provocados; diminui o número de cesáreas realizadas para fazer a ligadura tubária; diminui o número de ligaduras tubárias por falta de opção e de acesso a outros métodos anticoncepcionais; aumenta o intervalo entre as gestações, contribuindo para diminuir a frequência de bebês de baixo peso e para que eles sejam adequadamente amamentados; possibilita planejar a gravidez em mulheres adolescentes ou com patologias crônicas descompensadas, tais como: diabetes, cardiopatias, hipertensão, portadoras do HIV, entre outras. DIAGNÓSTICO NA GRAVIDEZ Para ampliar a captação precoce das gestantes, o Ministério da Saúde, por intermédio da Rede Cegonha, incluiu o Teste Rápido de Gravidez nos exames de rotina do pré-natal, que pode ser realizado na própria UBS, o que acelera o processo necessário para a confirmação da gravidez e o início do pré-natal. CALENDÁRIO DE CONSULTAS O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 (seis), com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro. Sempre que possível, as consultas devem ser realizadas conforme o seguinte cronograma: Até 28ª semana – mensalmente; Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. ROTEIRO DA PRIMEIRA CONSULTA Anamnese: Pesquisar os aspectos socioepidemiológicos, os antecedentes familiares, os antecedentes pessoais gerais, ginecológicos e obstétricos, além da situação da gravidez atual. História clínica: Identificação; Dados socioeconômicos; Antecedentes familiares; Antecedentes pessoais gerais; Antecedentes ginecológicos; Sexualidade; Antecedentes obstétricos; Gestação atual; Exame físico: Exame físico geral e Exame físico específico (gineco-obstétrico) São indispensáveis os seguintes procedimentos: avaliação nutricional (peso e cálculo do IMC), medida da pressão arterial, palpação abdominal e percepção dinâmica, medida da altura uterina, ausculta dos batimentos cardiofetais, registro dos movimentos fetais, realização do teste de estímulo sonoro simplificado, verificação da presença de edema, exame ginecológico e coleta de material para colpocitologia oncótica, exame clínico das mamas e toque vaginal de acordo com as necessidades de cada mulher e com a idade gestacional. Exames complementares: Hemograma; Tipagem sanguínea e fator Rh; Coombs indireto (se for Rh negativo); Glicemia de jejum; Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR; Teste rápido diagnóstico anti-HIV; Anti-HIV; Toxoplasmose IgM e IgG; Sorologia para hepatite B (HbsAg); Exame de urina e urocultura; Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional; Citopatológico de colo de útero (se necessário); Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica); Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica); Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica). Roteiro das consultas subsequente: Anamnese atual sucinta; Exame físico direcionado (avaliar o bem-estar materno e fetal); Verificação do calendário de vacinação; Avaliar o resultado dos exames complementares; Revisão e a atualização do Cartão da Gestante e da Ficha de Pré-Natal; Controle Materno e Fetal; Avaliação do estado nutricional e do ganho de peso gestacional Palpação obstétrica e medida da altura uterina (AU) Medida da altura uterina (AU) Ausculta dos batimentos cardiofetais Cálculo da data provável do parto Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração a duração média da gestação normal (280 dias ou 40 semanas, a partir da DUM), mediante a utilização de calendário. Com o disco (gestograma), coloque a seta sobre o dia e o mês correspondentes ao primeiro dia e mês da última menstruação e observe a seta na data (dia e mês) indicada como data provável do parto. Outra forma de cálculo consiste em somar sete dias ao primeiro dia da última menstruação e subtrair três meses ao mês em que ocorreu a última menstruação (ou adicionar nove meses, se corresponder aos meses de janeiro a março). Esta forma de cálculo é chamada de Regra de Näegele. Nos casos em que o número de dias encontrado for maior do que o número de dias do mês, passe os dias excedentes para o mês seguinte, adicionando 1 (um) ao final do cálculo do mês. Cálculo da IG: A IG pode ser calculada pela regra de Nagele baseia-se na data da última menstruação (DUM), sendo realizada da seguinte maneira: somar o número de dias corridos desde a DUM até o dia no qual está sendo avaliada a IG e dividir por 7. Cálculo da DPP: Para este cálculo, soma-se 7 ao dia da DUM e 9 ao número referente ao mês em que a DUM ocorreu. Caso a DUM ocorra entre os meses de janeiro e março, é possível apenas subtrair 3 do mês da DUM para encontrar o mês correspondente. Ou (se a DUM ocorreu em Janeiro, Fevereiro ou Março): Sorologias: rubéola, toxoplasmose, sífilis, citomegalovírus, hepatite B, hepatite C e HIV; Sorologias: toxoplasmose, sífilis. Sorologias: sífilis, toxoplasmose, hepatite B e HIV; Hipertensão arterial sistêmica primária no adulto: Abordagem na APS e crise hipertensiva O diagnóstico da HAS consiste na média aritmética da PA maior ou igual a 140/90mmHg, verificada em pelo menos três dias diferentes com intervalo mínimo de uma semana entre as medidas, ou seja, soma-se a média das medidas do primeiro dia mais as duas medidas subsequentes e divide-se por três. Na suspeita de Hipertensão do Avental Branco (HAB) ou Hipertensão Mascarada (HM), sugerida pelas medidas da Ampa, recomenda-se a realização de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa) ou Monitorização Residencial de Pressão Arterial (MRPA), para confirmar ou excluir o diagnóstico. A Mapa é feita por aparelhos validados que empregam o método oscilométrico. Afere a pressão por dezenas de vezes nas 24 horas, registrando o comportamento da pressão arterial durante o período do sono. A MRPA é feita, preferencialmente, por manômetros digitais pela própria pessoa ou familiares. Recomendam-se três medidas pela manhã, antes do desjejum e da tomada de medicamento, e três à noite, antes do jantar, durante cinco dias, ou duas medidas em cada sessão durante sete dias HAS CRÔNICA: Consiste em uma condição clínica multifatorial, geralmente não associada a sintomas, caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos sistólicos ≥ 140 mmHg e/ou diastólicos ≥ 90 mmHg. Sempre que possível, o diagnóstico de HAS deve ser estabelecido em mais de uma visita médica: de 2 a 3 visitas, com intervalos de 1 a 4 semanas entre elas (dependendo do nível de pressão). O diagnóstico pode ser definido em uma única visita se a PA do paciente estiver maior ou igual a 180/110 mmHg e houver evidência de doença cardiovascular. Avaliação inicial Composta pelo acolhimento da equipe de enfermagem, confirmação do diagnóstico, identificação de fatores de risco, suspeita e identificação de causa secundária, avaliação do risco cardiovascular, lesões de órgão-alvo (LOA) e doenças associadas. ● Medir a PA no consultório e/ou fora dele, utilizando técnica adequada e equipamentos validados; ● Avaliar a história clínica, pessoal e familiar; ● Realizar o exame físico; ● Solicitar investigação laboratorial complementar; ● Sempre que possível, incluir a medição da PA fora do consultório, tanto para diagnóstico quanto para avaliação de pacientes com PA elevada mesmo com tratamento otimizado Pré-Hipertensão É caracterizada pela presença de PAS entre 121 e 139 e/ou PAD entre 81 e 89 mmHg. Pacientes pré-hipertensos apresentam maior probabilidade de se tornarem hipertensos e de desenvolvimento de complicações cardiovasculares, quando comparados a indivíduos normotensos (PA ≤ 120/80 mmHg). Hipertensão mascarada Situação clínica em que a pressão arterial (PA) apresenta valores normais no consultório, porém está elevada na monitorização ambulatorial (MAPA - considerar os valores de 24 horas) ou nas medidas residenciais da PA (MRPA), realizadas com técnica de aferição adequada. Hipertensão do avental branco Situação clínica na qual os valores da pressão arterial (PA) estão aumentados no consultório, porém, pelas medidas da monitorização ambulatorial, (MAPA - considerar os valores de 24 horas) ou medidas residenciais (MRPA), são considerados normais. Exame Clínico ● Aferição da PA nos dois braços na primeira consulta. Depois, aferir no braço em que a PA estava mais elevada. ● Medida de frequência cardíaca; ● Medida de cintura abdominal, peso, altura e cálculo do índice de massa corporal. ● Sinais de lesão de órgão-alvo: 1. Sinais neurológicos focais e cognição; 2. Palpação e ausculta cardíaca: desvio de ictus, presença de B3 ou B4, sopros, arritmias; 3. Ausculta pulmonar: crepitações pulmonares; 4. Palpação e ausculta das artérias carótidas, aorta abdominal, artérias renais e femorais, atentar para presença de sopros; 5. Avaliação das artérias periféricas: ausência de pulsos, assimetrias ou reduções; Tratamento CRISE HIPERTENSIVA Pacientes com ou sem diagnóstico prévio de HAS podem apresentar episódios agudos, geralmente com pressão arterial sistólica (PAS) superior a 180 mmHg e pressão arterial diastólica (PAD) superior a 120 mmHg. Podem ser sintomáticos, dependendo do órgão primariamente acometido, estando o quadro clínico associado a síndromes vasculares agudas (infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico isquêmico ou hemorrágico e síndromes aórticas) ou edema agudo de pulmão. Mais raramente, associa-se à encefalopatia hipertensiva (com alterações principalmente na fundoscopia e manifestações neurológicas) e à hipertensão maligna (igualmente com manifestações neurológicas e fundoscópicas, mas acompanhada de perda progressiva da função renal). Atenção: em situações agudas e com sintomas, o tratamento deve ser com antihipertensivos de uso endovenoso. Os sinais e sintomas dependem do órgão acometido: ● Sinais neurológicos focais ● Alterações visuais ● Congestão (edema agudo de pulmão) ● Dor torácica ● Insuficiência renal ● Insuficiência hepática As urgências hipertensivas (UH) são situações clínicas sintomáticas em que há elevação acentuada da pressão arterial (PA) (definida arbitrariamente como PA sistólica (PAS) ≥ 180 e/ou diastólica (PAD) ≥ 120 mm Hg) sem lesão aguda e progressiva em órgãos-alvo (LOA) e sem risco iminente de morte. Já as emergências hipertensivas (EH) são situações clínicas sintomáticas em que há elevação acentuada da PA (definida arbitrariamente como PAS ≥ 180 e/ou PAD ≥ 120 mmHg) com LOA aguda e progressiva, com risco iminente de morte. Tratamento Geral da Crise Hipertensiva O tratamento da UH deve ser iniciado após um período de observação em ambiente calmo, condição que ajuda a afastar casos de PCH (conduzidos somente com repouso ou uso de analgésicos ou tranquilizantes). Para o tratamento agudo, indicam-se a captoprila e a clonidina. A captoprila, na dose de 25-50mg, tem seu pico máximo de ação em 60 a 90 minutos, enquanto a clonidina apresenta ação rápida, em torno de 30 a 60 minutos, na dose de 0,100 a 0,200mg. O uso de cápsulas de nifedipina de liberação rápida deve ser proscrito no tratamento das UH, por não ser seguro nem eficaz, além de provocar reduções rápidas e acentuadas da PA, o que pode resultar em isquemia tecidual. O tratamento dos pacientes com EH visa à redução rápida da PA com a finalidade de impedir a progressão das LOA. Os indivíduos devem ser admitidos preferencialmente em UTI, tratados com anti-hipertensivos intravenosos (IV) e monitorados cuidadosamente durante a terapia para evitar hipotensão. As recomendações gerais de redução da PA para EH devem ser: • PA média ≤ 25% na 1ª hora; • PA 160/100-110 mmHg nas próximas 2 a 6 h; • PA 135/85 mmHg em um período de 24-48 h subsequentes. Entretanto, as EH devem ser abordadas considerando o sistema ou o órgão-alvo acometido. Pseudocrise hipertensiva Aumento acentuado da PA, mais frequentemente associado ao uso inadequado de anti-hipertensivos, sem haver lesão aguda de órgão-alvo. O tratamento anti-hipertensivo de uso crônico deve ser otimizado e as medidas não farmacológicas, reforçadas. Diabetes mellitus tipo I e tipo II: Abordagem na APS O DM2 é o tipo mais comum. Está frequentemente associado à obesidade e ao envelhecimento. Tem início insidioso e é caracterizado por resistência à insulina e deficiência parcial de secreção de insulina pelas células ß,pancreáticas, além de alterações na secreção de incretinas. Apresenta frequentemente características clínicas associadas à resistência à insulina, como acantose nigricans e hipertrigliceridemia. Pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia, tais como poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento, devem ser submetidos à dosagem de glicemia ao acaso e independente do jejum, não havendo necessidade de confirmação por meio de segunda dosagem caso se verifique glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL. MANEJO DA HIPERGLICEMIA EM PACIENTES COM DM2 SEM DOENÇA CARDIO RENAL HEMOGLOBINA GLICADA A dosagem da hemoglobina glicada, também chamada de hemoglobina glicosilada, hemoglobina A1c ou simplesmente HbA1c, é um exame de sangue muito utilizado para o acompanhamento dos pacientes diabéticos, por ser ele uma forma eficaz de avaliar os níveis médios da glicose sanguínea nos últimos 2 ou 3 meses. A dosagem regular da hemoglobina glicada nos ajuda a saber se tratamento do diabetes mellitus está sendo eficaz para controlar a glicemia (nível de glicose no sangue), ajudando, assim, a reduzir o risco de complicações oriundas do diabetes mellitus mal controlado, tais como cegueira, amputações e doenças cardiovasculares. A hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada ou glico-hemoglobina, também conhecida pelas siglas A1C e HbA1C, indica o percentual de hemoglobina que se encontra ligada à glicose. Como ele reflete os níveis médios de glicemia ocorridos nos últimos dois a três meses, é recomendado que seja utilizado como um exame de acompanhamento e de estratificação do controle metabólico. Tem a vantagem de não necessitar de períodos em jejum para sua realização. Em pacientes com DM tipo 2, o rastreamento deve ser feito por ocasião do diagnóstico de DM. Nefropatia Diabética O rastreamento deve iniciar com a realização de exame comum de urina e urocultura em amostra casual de urina. Na ausência de hematúria e de infecção urinária, deve ser dosada a concentração de proteínas totais por método quantitativo na mesma amostra. Este diagnóstico deve ser confirmado com dosagem de proteínas totais em urina de 24 horas. Se o valor de proteínas totais na amostra casual de urina for Prevenção secundária de doenças cardiovasculares: conjunto de medidas usadas para diminuir o risco de novas manifestações de DCV em pessoas que já apresentam DCV. Tratamento medicamentoso O uso de medicamentos, deve ser indicado de imediato para pessoas consideradas de alto risco e para aquelas de risco moderado ou baixo após tentativa de mudança no estilo de vida por 3 ou 6 meses, respectivamente. Em se tratando de hipercolesterolemia isolada, a opção preferencial é pelas estatinas, que podem ser administradas em associação à ezetimiba, à colestiramina e, eventualmente, aos fibratos ou ao ácido nicotínico. No tratamento da hipertrigliceridemia isolada são prioritariamente indicados os fibratos e, em segundo lugar, o ácido nicotínico ou a associação de ambos. Pode-se ainda utilizar, nesta dislipidemia, os ácidos graxos ômega 3, isoladamente ou em associação com outros fármacos. Na hiperlipidemia mista, a taxa sérica de TG deve orientar como o tratamento farmacológico será iniciado. Caso estas taxas estejam acima de 500 mg/dL, deve-se iniciar tratamento com um fibrato, adicionando-se, se necessário, ácido nicotínico e/ou ômega 3. Nesta situação, a meta prioritária é a redução do risco de pancreatite. Estatinas As melhores e mais contundentes evidências no que se refere à prevenção de mortalidade com o tratamento da dislipidemia são disponíveis para sinvastatina e pravastatina. Fibratos Apesar de comumente serem considerados uma única classe de medicamentos, os representantes dos fibratos apresentam características e mecanismos de ação diferentes, não devendo ser tratados como efeito de classe, mas avaliados individualmente. Ácido nicotínico O benefício do ácido nicotínico foi sugerido com a redução do risco de infarto do miocárdio. Abordagem na atenção primária dos problemas da tireoide: hipotireoidismo e hipertireodismo Exames laboratoriais da função tireoidiana: HIPOTIREOIDISMO A principal forma de apresentação do hipotireoidismo (95% dos casos) é decorrente de alterações primárias na glândula tireoide (hipotireoidismo primário), podendo também ocorrer secundário a medicamentos (antitireoidianos, amiodarona, lítio, interferon, talidomida e rifampicina) e disfunções hipofisárias (hipotireoidismo secundário) ou hipotalâmicas (hipotireoidismo terciário). O hipotireoidismo é um problema na tireoide (glândula que regula a função de órgãos importantes como o coração, o cérebro, o fígado e os rins), que se caracteriza pela queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). É mais comum em mulheres. Em adultos, na maioria das vezes, o hipotireoidismo é causado por uma inflamação denominada Tireoidite de Hashimoto, podendo, também, ser provocada pela falta ou pelo excesso de iodo na dieta. Sintomas: Depressão, desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, menstruação irregular, falhas de memória, cansaço excessivo, dores musculares, pele seca, queda de cabelo, ganho de peso e aumento de colesterol no sangue estão entre os sintomas do hipotieroidismo. Os sintomas mais comuns do hipotireoidismo são: intolerância ao frio, dispneia aos esforços, ganho de peso, alteração da memória e do raciocínio, constipação, depressão, irregularidade menstrual, falta de libido, cansaço e mialgia. Ao exame físico, pode ser evidenciado ressecamento da pele, movimentos e fala lentificados, madarose, queda de cabelo, hipertensão diastólica, bradicardia ou bócio. A apresentação completa dos sintomas é rara, mesmo em pacientes com TSH bastante elevado. No entanto, na presença de algum desses sintomas o hipotireoidismo deve ser suspeitado. O hipotireoidismo é classificado como: • Hipotireoidismo primário franco: caracterizado pelo TSH aumentado e T4 livre ou T4 total diminuído. Seu tratamento deve ser iniciado com levotiroxina. Dificilmente um paciente com hipotireoidismo primário necessitará ser encaminhado ao endocrinologista, visto que seu tratamento depende primordialmente da dose adequada do medicamento e adesão. • Hipotireoidismo subclínico: caracterizado pelo TSH persistentemente elevado e T4 livre ou T4 total normal. Antes de firmar o diagnóstico, deve-se fazer mais uma dosagem de TSH e de T4 livre com um a três meses de intervalo. A dosagem de anti-TPO (anticorpo antitireoperoxidase) pode auxiliar na decisão para iniciar o tratamento, porém não é fundamental. O anti-TPO tem papel apenas na investigação diagnóstica das doenças tireoidianas e não deve ser solicitado na rotina do monitoramento. • Hipotireoidismo secundário ou terciário (central): caracterizado por apresentar TSH normal ou baixo e o T4 livre ou T4 total diminuído. Esse perfil laboratorial também é comum quando há situações que interferem nos exames (principalmente medicamentos). Geralmente a história clínica ou exame físico corroboraram com essa hipótese diagnóstica. O paciente pode apresentar outros sinais de falha hipofisária (hipogonadismo, insuficiência adrenal, mulher jovem com amenorreia) e/ou história de procedimentos cirúrgicos ou traumas. Na suspeita de hipotireoidismo central, há indicação de encaminhamento ao endocrinologista para seguir investigação. Tratamento: O tratamento do hipotireoidismo é feito com o uso diário de levotiroxina, na quantidade prescrita pelo médico. Para reproduzir o funcionamento normal da tireoide, a levotiroxina deve ser tomada todos os dias, em jejum (no mínimo meia hora antes do café da manhã), para que a ingestão de alimentos não diminua a sua absorção pelo intestino. Tratamento inicial do hipotireoidismo primário franco é feito com levotiroxina, tomada em jejum, 30 minutos antes do café da manhã. Para pacientes saudáveis e com idade inferior a 60 anos, pode-se começar com dose de 1,6 µg/kg/dia (dose plena), sem necessidade de início gradual. Em pacientes idosos ou com doença cardíaca, recomenda-se iniciar com 25 µg/dia, incrementando de maneira gradual 12,5 a 25 µg/dia a cada duas semanas até atingir a dose adequada de acordo com o resultado do TSH. Tratamento do hipotireoidismo subclínico é controverso, porém se recomenda tratamento nas seguintes situações: • TSH persistentemente > 10 mcUI/ml; ou • TSH persistentemente ≥ 7 mcUI/ml (mas ≤ 10 mcUI/ml) e mais um dos fatores: o idade fibrilação atrial, taquipneia, tremores, alopecia, hiperidrose, pele quente, bócio difuso ou nódulo tireoidiano. Descolamento das unhas e proptose ocular são achados específicos da Doença de Graves; retração palpebral pode acontecer em hipertireoidismo por qualquer etiologia. Na Doença de Graves, os sintomas de hipertireoidismo são mais proeminentes e o quadro clínico costuma ser exuberante. A tireoide pode estar difusamente aumentada, sendo que a presença de sopro sobre a glândula é achado patognomônico desta condição. A oftalmopatia infiltrativa (oftalmopatia de Graves) ocorre em 30% dos pacientes, sendo caracterizada por manifestações como edema conjuntival e palpebral, dor retro-ocular, sensação de corpo estranho ocular e exoftalmia. Quadros mais graves podem cursar com diplopia, diminuição da acuidade visual, paralisia da musculatura ocular e luxação ocular. Frequentemente a avaliação oftalmológica é necessária. Os pacientes com bócio multinodular tóxico apresentam sintomas mais leves de hipertireoidismo e não têm manifestações inflamatórias oculares. Ao exame, costumam apresentar múltiplos nódulos palpáveis. Quando apresentam bócio mergulhante, sintomas compressivos podem estar presentes. – um dos sintomas mais frequentes da Doença de Graves ocorre nos olhos. Podem ocorrer dor na movimentação, fotofobia (incômodo com a luz), olhos vermelhos e saltados; – nervosismo, ansiedade e irritação, assim como mãos trêmulaas e suor nas mãos; – podem ocorrer de perda de apetite, intolerância a temperaturas quentes, intestino solto, fraqueza nos músculos, queda de cabelo, perda de cálcio nos ossos; – aumento do volume da tireoide; bócio; – insônia; – perda de peso resultante da queima de músculos e proteínas. Diagnóstico: Pacientes com suspeita clínica de hipertireoidismo devem iniciar investigação com TSH, pois um TSH normal quase sempre exclui o diagnóstico de hipertireoidismo. Caso a suspeita clínica seja alta, podem ser solicitados TSH, T4 livre (ou total) e, se disponível, T3 total no mesmo momento. Em indivíduos com TSH inicial baixo, prosseguir a investigação com T4 livre (ou total) e T3 total. Em casos sintomáticos, com TSH baixo e T4 livre (ou total) ou T3 total elevado, o diagnóstico está estabelecido. Já pacientes com TSH baixo e T4 (livre ou total) e T3 total normais são classificados com hipertireoidismo subclínico e o diagnóstico deve ser confirmado com uma nova medida de TSH, T4 e T3 em 1 a 3 meses. Aqueles com doenças sistêmicas graves ou em uso de fármacos, como glicocorticoides, também podem apresentar quadro de hipertireoidismo subclínico. A suspeita de hipertireoidismo central ocorre em pessoas com manifestações clínicas de hipertireoidismo, porém com TSH normal ou alto e T4 (livre ou total) alto. Tratamento: As opções terapêuticas são: fármacos antitireoidianos, como tiamazol ou propiltiuracil, cirurgia ou iodo radioativo. As duas últimas modalidades são consideradas terapias definitivas por levarem à destruição direta da glândula. Medicamentos antitireoidianos De uma forma geral, costuma-se iniciar o tratamento com medicamentos antitireoidianos em pacientes com hipertireoidismo franco. A primeira escolha entre os fármacos antitireoidianos é o tiamazol, por apresentar menor risco de hepatotoxicidade grave. Também conhecido como metimazol, seu metabólito no organismo, esses termos são utilizados frequentemente de forma intercambiável. Estão disponíveis comprimidos de 5 ou 10 mg e a dose inicial varia conforme a gravidade da doença: ● T4 livre entre 1 a 1 ,5 vezes o valor de normalidade: 5 a 10 mg, 1 vez ao dia. ● T4 livre entre 1,5 a 2 vezes o valor de normalidade: 10 a 20 mg, 1 vez ao dia. ● T4 livre entre 2 a 3 vezes o valor de normalidade: 20 a 40 mg ao dia em 1 ou 2 tomadas. Há controle mais rápido com dose dividida e menor efeito adverso gastrointestinal. No início do tratamento é comum utilizar doses mais elevadas (20 a 40 mg de tiamazol) até atingir o controle da doença. Uma vez atingidos níveis normais de T3 e T4L, a dose pode ser diminuída em 30 a 50%, e os exames repetidos em 4 a 6 semanas. Em casos de Doença de Graves, a medicação costuma ser mantida por 12 a 18 meses. Após esse período, se não houver remissão da doença, deve-se considerar o tratamento definitivo com iodo ou cirurgia, desde que o paciente esteja disposto e seja um candidato para tal. Exame de TSH: serve para avaliar a tireoide no sangue e analisar o hormônio que possa estar em excesso causando o hipertireoidismo ou hipotireoidismo. É o exame inicial para investigação de doenças que acometem a tireoide. Exame de T4: serve para avaliar a quantidade de T4 total e T4 livre. Ajuda a diagnosticar condições da tireoide, pequena glândula em forma de borboleta na base da garganta. T4 livre: forma ativa do hormônio tiroxina que fica disponível na corrente sanguínea para ser utilizado onde é necessário. A doença autoimune conhecida como tireoidite de Hashimoto é o tipo mais comum de hipotireoidismo, afetando cerca de 5% das pessoas. No Hashimoto, existe uma resposta imunológica desregulada e o nosso corpo danifica a própria glândula e prejudica a produção de hormônios da tireoide. Do outro lado, está o hipertireoidismo, que afeta cerca de 1% das pessoas, com mulheres duas a dez vezes mais propensas a desenvolver a doença. A doença de Graves é o tipo mais comum de hipertireoidismo, nesse distúrbio autoimune, os autoanticorpos ativam o receptor do hormônio estimulador da tireoide, induzindo a secreção excessiva do hormônio da tireoide. freqüente nas regiões quentes e úmidas. Caracteriza-se por manchas hipocrômicas, eritematosas ou acastanhadas, com descamação fina (furfurácea) que aparecem mais freqüentemente no pescoço, tórax e raízes dos membros superiores. É de fácil identificação, constituído por lesões maculodescamativas ovaladas, disseminadas, presentes, em especial, no tronco e na região cervical; são raras nas extremidades. A descoloração pode se dar por máculas brancas, rosas ou acastanhadas. Uma fina descamação pode ser intensificada quando a pele é esticada pelo examinador (sinal de Zileri) que será positivo com alta especificidade na pitiríase versicolor em atividade. A descamação fica mais evidente ao se passar a unha na lesão (sinal da unha) ou realizar estiramento da pele lesional (sinal de Zileri). Causada pelo fungo Malassezia spp. Modo de transmissão: parece haver predisposição constitucional do indivíduo. Admite-se que o fungo seja comensal da epiderme e as lesões apareçam por esta prédisposição constitucional. Diagnóstico: clínico, epidemiológico e laboratorial. Diagnóstico diferencial: hanseníase indeterminada, eczemátide. Pitiríase rósea de Gibert: Tratamento: Há que tratar a pele e o couro cabeludo. Sulfeto de Selênio sob a forma de xampu por 30 dias, enxaguar após 5 minutos, o mesmo é também aplicado na pele; ou, associado a antimicóticos tópicos, cetoconazol creme 2 a 3 vezes ao dia, até o desaparecimento das lesões. A opção de uso sistêmico é o Cetoconazol, 15mg/kg/dia por 10 dias e no adulto Cetoconazol - 200mg/dia, por 10 dias. ESCABIOSE Parasitose da pele causada por um ácaro cuja penetração deixa lesões em forma de vesículas, pápulas ou pequenos sulcos, nos quais ele deposita seus ovos. As áreas preferenciais da pele onde se visualizam essas lesões são: regiões interdigitais, punhos (face anterior), axilas (pregas anteriores), região peri-umbilical, sulco interglúteo, órgãos genitais externos nos homens. Em crianças e idosos, podem também ocorrer no couro cabeludo, nas palmas e plantas. O prurido é intenso e, caracteristicamente, maior durante a noite, por ser o período de reprodução e deposição de ovos. Etiologia: Sarcoptes scabiei. Modo de transmissão: contato direto com doentes, roupa de cama de doente, relações sexuais. O ácaro pode perfurar e penetrar na pele em, aproximadamente, 2,5 minutos. Período de incubação: de 1 dia a 6 semanas. Período de transmissibilidade: durante todo o período de doença. São necessários, geralmente, dois ciclos de tratamento, com intervalo de uma semana. Complicações: infecções secundárias pela “coçadura”. Em pacientes imunocomprometidos, as lesões formam crostas espessas ou dermatite generalizada, com intensa descamação. Essa forma também pode ocorrer em idosos, nos quais o prurido é menor ou não existe. A forma crostosa ou generalizada é denominada de sarna norueguesa (ou sarna crostosa). Diagnóstico: clínico e/ou com visualização do ácaro à microscopia pelo raspado ou biópsia de pele. Tratamento: Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala de peso corporal (15 a 24 kg - 1/ 2 comprimido; 25 a 35 kg - 1 comprimido; 36 a 50 kg - 1 1/2 comprimidos; 51 a 65kg - 2 comprimidos; 65 a 79 kg - 2 1/2 comprimidos; 80 kg ou mais, 3 comprimidos ou 200 mg/kg), a dose pode ser repetida após uma semana. Permetrima a 5% em creme, uma aplicação à noite, por 6 noites; ou Deltametrina, em loções e shampoos, uso diário por 7 a 10 dias. Enxofre a 10% diluído em petrolatum deve ser usado em mulheres grávidas e crianças abaixo de 2 anos de idade. Pode-se usar anti-histamínicos sedantes (dexclorfeniramina, prometazina), para alívio do prurido. Havendo infecção secundária, utiliza-se antibioticoterapia sistêmica. Considerar fracasso terapêutico a presença de sinais e sintomas após 2 semanas. Se os sintomas reaparecerem após 4 semanas, considerar reinfestação; Medidas de controle: tratamento do doente; lavar as roupas de banho e de cama com água quente (pelo menos a 55°C); lavar com água quente todos os fômites dos pacientes com sarna norueguesa; buscar casos na família ou nos residentes do mesmo domicílio do doente e tratá-los o mais breve possível. A escabiose, raramente, vem como caso isolado, por esse motivo tratar as pessoas que tiveram contato cutâneo com o doente. Isolamento: deve-se afastar o indivíduo da escola ou trabalho até 24 horas após o término do tratamento. TINEA: CRURIS E CORPORIS Tinea Cruris A tinha crural é afecção comum no homem e relativamente rara na mulher. Os agentes mais frequentes, no meio dermatológico, são o Trichophyton rubrum, Epidermophyton floccosum e o Trichophyton mentagrophytes. Autocontágio a partir da tinha pedis é descrito Quadro pruginoso, bilateral , pode passar para glúteos, períneo e abdome As lesões são eritematoescamosas com bordas nítidas, em que, às vezes, encontram-se pequenas vesículas. As lesões antigas tornam-se escuras ou mesmo liquenificadas, em virtude do prurido. Tinea Corporis Micose superficial que compromete a epiderme da face, tronco e membros. Freqüente em crianças. Caracteriza-se pelo surgimento de lesões pápulo-vesiculosas, de crescimento centrífugo e descamação central e posteriormente também na periferia da lesão. Podem ser isoladas ou múltiplas, por vezes confluentes. Estas manifestações são acompanhadas de prurido. Causada por espécies dos gêneros Tricophyton, Microsporum e Epidermophyton. Modo de transmissão: contatos com animais e pessoa a pessoa por contato direto ou indireto através de objetos contaminados. Período de incubação: 4 a 10 dias. Período de transmissibilidade: enquanto existir lesões habitadas, os fungos vivem longo tempo no material contaminado. Diagnóstico: clínico, epidemiológico e laboratorial. Diagnóstico diferencial: dermatite seborréica, pitiríase rósea de Gilbert, psoríase, granuloma anular, eritema anular centrífugo e sífilis secundária. Tratamento: Respondem bem a antimicóticos tópicos. Nos casos rebeldes ou extensos, tratamento oral com Griseofulvina na dose de 10 a 20mg/kg de peso durante 30 dias. Outra opção é a Terbinafina na dose de 250mg/dia, se acima de 40kg; 125mg/dia se entre 20-40kg; e 62,5 mg/dia se abaixo de 20 kg, por 15 dias. Medidas de controle: tratar os doentes, lavagem adequada de roupas pessoais, de banho e de cama com água quente ou passar a roupa com ferro quente. Limpeza de banheiros coletivos com fungicidas. Identificação e tratamento de animais domésticos infectantes. URTICÁRIA Dermatose caracterizada por pápulas eritematosas agudas, de caráter súbito e duração efêmera. Manifesta-se por lesões eritêmato edematosas de tamanhos e formas diversas desde puntiformes até grandes placas, com aspectos bizarros, localizadas ou generalizadas. Característica marcante é o prurido. Agudas: pacientes que apresentam erupção cutânea há menos de 6 semanas; Prurido, que pode ser atormentador. É acompanhado das urticas, pápulas eritematoedematosas que normalmente desaparecem em 8 horas, mas surgem em novos locais em um padrão migratório. Outra manifestação possível é o angioedema, que pode levar à obstrução das vias aéreas e inchaço da face e de extremidades. Crônicas: aquelas que apresentam quadro urticariforme há mais de 6 semanas; chegam a apresentar o problema por mais de 2 anos, e nem sempre é possível definir a causa e chegar à cura. Pápulas pruriginosas disseminadas e que desaparecem em questão de horas; tendem à recorrência. Alguns relatam que as crises são desencadeadas pelas situações relatadas (exercício físico e urticária colinérgica, contato com água fria e urticária pelo frio, carregar uma mochila pesada e urticária de pressão etc.) e por estresse emocional. As lesões não devem durar individualmente mais do que 24 horas, tampouco deixar marcas residuais; quando isso ocorre, está-se diante de urticária vasculite. Quando as lesões aparecem em áreas de tecido frouxo ou na derme profunda, resultam em edema intenso ou localizado - Angioedema ou Edema de Quinke. S Etiologia: ocasionada por reação imunológica ou não imunológica com liberação de substâncias vasoativas, principalmente a histamina. Complicações: escoriações e infecções secundárias; edema de glote, angioedemas e urticárias gigantes. Diagnóstico: clínico. Diagnóstico diferencial: hanseníase, eritema polimorfo, sífilis, estrófulo e mastocistose. Tratamento: investigação da causa. Lembrar que urticária nem sempre é um diagnóstico, podendo ser um sinal de doença sistêmica. Medidas profiláticas: afastar fatores desencadeantes, através de dietas de exclusão. Sintomático: anti-histamínicos; corticóide sistêmico se necessário. Adrenalina sub-cutânea nos angioedemas e urticárias gigantes. LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA Doença parasitária da pele e mucosas, de caráter pleomórfico, causada por protozoários do gênero Leishmania. A doença cutânea apresenta-se classicamente por pápulas, que evoluem para úlceras com bordas elevadas e fundo granuloso, que podem ser únicas ou múltiplas e são indolores. Também pode manifestar-se como placas verrucosas, papulosas, localizadas ou difusas. A forma mucosa, secundária ou não à cutânea, caracteriza-se por infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe. Quando a destruição dos tecidos é importante, podem ocorrer perfurações do septo nasal e/ou do palato Etiologia: no Brasil, as mais importantes são Leishmania Viannia braziliensis, Leishmania Leishmania amazonensis e Leishmania Viannia guyanensis. Reservatório: masurpiais, roedores, preguiça, tamanduá, cão, eqüinos e mulas; e o homem. Modo de transmissão: através da picada de insetos flebotomíneos do gênero Lutzomya. Período de incubação: pode variar de 2 semanas a 12 meses, com média de 2 a 3 meses. Complicações: infecção secundária das lesões cutâneas; disfagia, disfonia, quando de lesões mucosas. Diagnóstico: suspeita clínico-epidemiológica associada a dados laboratoriais. Exame parasitológico direto, através de exame do raspado da borda da lesão, ou “in-print” feito com o fragmento da biópsia; histopatologia, intradermorreação, reação de Montenegro-IRM. Sorologia pode ser útil. Diagnóstico diferencial ⇒ Forma Cutânea: úlceras traumáticas, piodermites, úlceras vasculares, úlcera tropical, paracoccidioidomicose, esporotricose, cromomicose, neoplasias cutâneas, sífilis e tuberculose cutânea. ⇒ Forma Mucosa: hanseníase virchowiana, paracoccidioidomicose, sífilis terciária, neoplasias. Tratamento: os medicamentos citados abaixo estão em ordem de prioridade para uso. ⇒ Forma Cutânea: o Antimoniato de N-metil-glucamina, apresentação: 1ml=81mg Sb+5, 10 a 20mg/Sb+5/kg/dia - sugere-se 15mg/ Sb+5/kg/dia, IV lento ou IM, por 20 dias consecutivos; o Pentamidina, 4mg/kg, IM, a cada 2 dias, até completar no máximo 2g de dose total (aplicar após alimentação e fazer repouso em seguida); o Anfotericina B, indicar 0,5mg/kg/dia, IV, aumentando-se 1mg/kg em dias alternados (máximo de 50mg/dia), até atingir dose total de 1 a 1,5g. ⇒ Forma Mucosa: o Antimoniatol de N-metil-glucamina, 20mg/Sb+5/kg/dia, por 30 dias consecutivos; o Pentamidina, no mesmo esquema para forma cutânea, até atingir dose total de 2g; o Anfotericina B, conforme esquema para forma cutânea, até completar, se possível, 2g de dose total. Medidas de Controle: na cadeia de transmissão: diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos humanos e redução do contato homem-vetor. Realizar investigação epidemiológica em situações específicas visando determinar se a área é endêmica ou se é um novo foco; se o caso é autóctone ou importado; as características do caso (forma clínica, idade, sexo e ocupação); e identificar se há indicação de desencadear as medidas de controle: orientação quanto às medidas de proteção individual, mecânicas, como o uso de roupas apropriadas, repelentes, mosquiteiros. Controle de reservatórios. Medidas educativas. Em áreas de risco para assentamento de populações humanas, sugere-se uma faixa de 200 a 300 metros entre as residências e a floresta, com o cuidado de evitar-se o desequilíbrio ambiental. HANSENIASE A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo agente etiológico é o Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido resistente. Transmitida por meio de contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível (com maior probabilidade de adoecer) com um doente com hanseníase que não está sendo tratado. A bactéria é transmitida pelas vias respiratórias (pelo ar). Principais sinais e sintomas da hanseníase são: Áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao calor e/ou dolorosa, e/ou ao tato; Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência – a pessoa se queima ou se machuca sem perceber; Pápulas, tubérculos e nódulos (caroços), normalmente sem sintomas; Diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas sobrancelhas (madarose); Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local; Além dos sinais e sintomas mencionados, pode-se observar: Dor, choque e/ou espessamento de nervos periféricos; Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados, principalmente nos olhos, mãos e pés; Diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos, principalmente nos membros superiores e inferiores e, por vezes, pálpebras; Edema de mãos e pés com cianose (arroxeamento dos dedos) e ressecamento da pele; Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, de aparecimento súbito; Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos cotovelos (ulnares), joelhos (fibulares comuns) e tornozelos (tibiais posteriores); Entupimento, feridas e ressecamento do nariz; Ressecamento e sensação de areia nos olhos. Forma indeterminada: Quadro variável; A maioria evolui para cura Mácula hipocrômica, com rarefação de pelos e alteração sensitiva DDX: micoses superficiais, vitiligo... Baciloscopia: normalmente NEGATIVA Paciente geralmente fica meses/anos nessa forma, e então evolui para: o Cura o Tuberculoide x Virchowiano Forma tuberculoide: O organismo consegue “brigar” contra o Mycobacterium (indivíduo com forte imunidade celular) Placas eritematosas, hipocrômicas, bem delimitadas, com halo bem delimitado e eritematoso Poucas lesões Baciloscopia: normalmente negativa (pq o indivíduo consegue lutar contra o bacilo) Avaliação: reação de Mitsuda (semelhante ao PPD): avalia contato com M.leprae o POSITIVA: imunidade celular adequada -- em desuso o NEGATIVA: imunidade celular deficiente Forma virchowiana: Indivíduos não conseguem lutar contra o Mycobacterium (indivíduo com resposta humoral - que não serve) Mais grave, leproide; Placa eritematosas infiltrativas, difusas, com formação de nódulos o Fácies leonina o Perda da porção distal das sobrancelhas: madarose o Nódulos em lobo da orelha Baciloscopia: POSITIVA (pq ele não consegue lutar contra o Mycobacterium). Caracterizada por grande número de lesões, do tipo nódulos e placas eritematoacastanhadas e infiltradas. Infiltração da face é comum (fácies leonina) e também a madarose (perda das sobrancelhas). Quando realizada, a baciloscopia é fortemente positiva, com grande número de bacilos íntegros. As alterações da sensibilidade são mais tardias e menos frequentes. Há comprometimento sistêmico de mucosas respiratórias, olhos e outros órgãos, como baço, fígado, rins e testículos. Forma dimorfa: Pacientes caminham pra um polo tuberculoide ou virchowiano ''Borderline'' Placas eritematosas variadas Mais lesões que a forma tuberculoide Baciloscopia: comumente POSITIVA Pacientes imunossuprimidos não migram de um polo (tuberculoide) para outro (virchowiano)! Escore OMP O Escore OMP (olhos, mãos e pés) é um instrumento complementar de avaliação da graduação da incapacidade no paciente de hanseníase e tem como objetivo proporcionar maior detalhamento sobre cada incapacidade isoladamente, possibilitando uma melhor qualidade do cuidado. Portanto, é de fundamental importância na avaliação dos serviços de atenção, prevenção e controle das incapacidades físicas decorrentes da hanseníase. O Escore OMP é a soma dos graus de incapacidades atribuídos a cada segmento direito e esquerdo (Olhos, Mãos e Pés), determinando a soma máxima que varia de 0 a 12, representando assim, uma medida mais precisa ao classificar o comprometimento em diferentes seguimentos. DIAGNÓSTICO: Não existe meio de cultura para Mycobacterium leprae O DIAGNÓSTICO É CLÍNICO! BACILOSCOPIA NÃO É FUNDAMENTAL (MAS AJUDA QUANDO VEM POSITIVA)! Baciloscopia -- colher a linfa das lesões! – Cotovelo – Lobo da orelha • Baciloscopia (+) = geleia (geleia gosmenta) formando agregados de bacilos (globias) Outros exames: – Biópsia (histopatologia) – Anti-PGL1 (antígeno do glicolipídio fenólico) -- anti-céls de Schwann – PCR Clínica: – A apresentação clínica define a forma de tratamento. TRATAMENTO: Através da associação de medicamentos (poliquimioterapia – PQT) conhecidos como Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. Paucibacilar = 6 doses sob supervisão (até 9 meses) Multibacilar = 12 doses sob supervisão (até 18 meses) o Se tiver a baciloscopia: Se POSITIVA = indivíduo é multibacilar! o Paciente HIV (+) = mesmo tratamento! o Gestantes = mesmo tratamento! o Pacientes em idade fértil: rifampicina pode dar interação com ACOs! O paciente PB receberá uma dose mensal supervisionada de 600 mg de Rifampicina, e tomará 100 mg de Dapsona diariamente (em casa). O tempo de tratamento é de 6 meses (6 cartelas). Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá ser substituída pela Clofazimina 50 mg por dia, e o paciente a tomará também 300 mg uma vez por mês na dose supervisionada. O paciente MB receberá uma dose mensal supervisionada de 600 mg de Rifampicina, 100 mg de Dapsona e de 300 mg de Clofazimina. Em casa, o paciente tomará 100 mg de Dapsona e 50 mg de Clofazimina diariamente. O tempo de tratamento é de 12 meses (12 cartelas). Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá ser substituída pela Ofloxacina 400 mg (na dose supervisionada e diariamente) ou pela Minociclina 100 mg (na dose supervisionada e diariamente). Paucibacilar Multibacilar REAÇÕES HANSÊNICAS São fenômenos de aumento da atividade da doença, com piora clínica que podem ocorrer de forma aguda antes, durante ou após o final do tratamento com a poliquimioterapia. Investigação de contatos O exame de todos os contatos (independentemente do caso notificado ser pauci ou multibacilar) deverá ser muito cuidadoso e detalhado. Essa importante medida estratégica tem como objetivo o diagnóstico na fase inicial da doença, visando quebrar a cadeia de transmissão e evitar sequelas resultantes do diagnóstico tardio e da falta de acompanhamento adequado. É necessário especial atenção às crianças e idosos. A investigação de contatos tem por finalidade a descoberta de casos novos entre aqueles que convivem ou conviveram, de forma prolongada, com o caso novo de hanseníase diagnosticado. Além disso, visa também descobrir suas possíveis fontes de infecção no domicílio (familiar) ou fora dele (social), independentemente de qual seja a classificação operacional do doente – paucibacilar (PB) ou multibacilar (MB). Contato domiciliar: toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido, conviva ou tenha convivido com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar, nos últimos cinco (5) anos anteriores ao diagnóstico da doença, podendo ser familiar ou não. Atenção especial deve ser dada aos familiares do caso notificado, por apresentarem maior risco de adoecimento, mesmo não residindo no domicílio do caso. Devem ser incluídas, também, as pessoas que mantenham convívio mais próximo, mesmo sem vínculo familiar, sobretudo, àqueles que frequentem o domicílio do doente ou tenham seus domicílios frequentados por ele. Contato social: toda e qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em relações sociais (familiares ou não), de forma próxima e prolongada com o caso notificado. Os contatos sociais que incluem vizinhos, colegas de trabalho e de escola, entre outros, devem ser investigados de acordo com o grau e tipo de convivência, ou seja, aqueles que tiveram contato muito próximo e prolongado com o paciente não tratado. A investigação epidemiológica de contatos consiste em: anamnese dirigida aos sinais e sintomas da hanseníase, exame dermatoneurológico (deverá ser realizado conforme descrito nos itens 2 e 3 desse Guia), e vacinação BCG para os contatos sem presença de sinais e sintoma de hanseníase no momento da avaliação, não importando se são contatos de casos PB ou MB. Todo contato de hanseníase deve receber orientação de que a BCG não é uma vacina específica, mas que ela oferece alguma proteção contra a hanseníase. É ainda importante que os profissionais de saúde estejam atentos ao fato que a BCG pode abreviar o tempo de incubação. TUBERCULOSE A TB é uma doença causada por um bacilo de crescimento lento, aeróbio estrito, álcool-ácido resistente (BAAR), de transmissibilidade aerógena. A TB pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que integram o complexo Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae. Em saúde pública, a espécie mais importante é a M. tuberculosis, conhecida também como bacilo de Koch (BK). É um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR), aeróbio, com parede celular rica em lipídios, o que lhe confere baixa permeabilidade, reduz a efetividade da maioria dos antibióticos e facilita sua sobrevida nos macrófagos. TRANSMISSÃO O M. tuberculosis é transmitido por via aérea, de uma pessoa com TB pulmonar ou laríngea, que elimina bacilos no ambiente (caso fonte), a outra pessoa, por exalação de aerossóis oriundos da tosse, fala ou espirro. O termo “bacilífero” refere-se a pessoas com TB pulmonar ou laríngea que tem baciloscopia positiva no escarro. Esses casos têm maior capacidade de transmissão, entretanto pessoas com outros exames bacteriológicos como cultura e/ou Teste Rápido Molecular da Tuberculose (TRM-TB) positivos também podem transmitir. A transmissão se faz por via respiratória, pela inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de um doente com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea. As gotículas exaladas (gotículas de Pflüger) rapidamente se tornam secas e transformam-se em partículas menores. DIAGNÓSTICO SINTOMÁTICO RESPIRATÓRIO: Pessoa que, durante a estratégia programática de busca ativa, apresenta tosse por 3 semanas ou mais*. Essa pessoa deve ser investigada para tuberculose através de exames bacteriológicos. TUBERCULOSE PULMONAR As principais formas de apresentação são a forma primária, a pós-primária (ou secundária) e a miliar. Os sintomas clássicos, como tosse persistente seca ou produtiva, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento, podem ocorrer em qualquer das três apresentações. TB Pulmonar Primária: normalmente ocorre em seguida ao primeiro contato do indivíduo com o bacilo e, por isso, é mais comum em crianças. Manifestações clínicas podem ser insidiosas, com o paciente apresentando-se irritadiço, com febre baixa, sudorese noturna e inapetência. Nem sempre a tosse está presente. O exame físico pode ser inexpressivo. TB Pulmonar Pós-Primária ou secundária: pode ocorrer em qualquer idade, é mais comum no adolescente e no adulto jovem. Característica principal é tosse seca ou produtiva. Em locais com elevadas taxas de incidência de TB, toda pessoa que procura a unidade de saúde devido à tosse prolongada (busca passiva) deve ter a TB incluída na sua investigação diagnóstica. TB Miliar: refere-se a um aspecto radiológico pulmonar específico, que pode ocorrer tanto na forma primária quanto na forma secundária da TB. É uma forma grave da doença, que é mais comum em pacientes imunocomprometidos, como pessoas infectadas com HIV em fase avançada de imunossupressão. A apresentação clínica pode ser aguda ou subaguda, com maior frequência em crianças e em adultos jovens. Os sintomas como febre, astenia, emagrecimento e tosse ocorrem em 80% dos casos. TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR As apresentações extrapulmonares da TB têm seus sinais e sintomas dependentes dos órgãos ou sistemas acometidos. TB pleural – É a forma mais comum de TB extrapulmonar em pessoas não infectadas pelo HIV. Ocorre mais em jovens e cursa com dor torácica do tipo pleurítica. A tríade astenia, emagrecimento e anorexia ocorre em 70% dos pacientes, e febre com tosse seca, em 60%. Nos pacientes com maior tempo de evolução dos sintomas pode ocorrer dispneia. O líquido pleural tem características de exsudato, predomínio de linfócitos e baixo rendimento tanto da pesquisa de BAAR ( 4 semanas). Na forma subaguda, cursa com cefaleia holocraniana, irritabilidade, alterações de comportamento, sonolência, anorexia, vômitos e dor abdominal associados à febre, fotofobia e rigidez de nuca por tempo superior a duas semanas. Eventualmente, apresenta sinais focais relacionados a síndromes isquêmicas locais ou ao envolvimento de pares cranianos podendo-se evidenciar sinais de hipertensão intracraniana. Na forma crônica, o paciente evolui várias semanas com cefaleia, até que o acometimento de pares cranianos faz o médico suspeitar de meningite crônica. Ocorre doença pulmonar concomitante em até 59% dos casos. BACILOSCOPIA DIRETA A baciloscopia de escarro é indicada nas seguintes condições: no sintomático respiratório, durante estratégia de busca ativa; em caso de suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar, independentemente do tempo de tosse; para acompanhamento e controle de cura em casos pulmonares com confirmação laboratorial. Deve ser realizada em duas amostras: uma por ocasião do primeiro contato com a pessoa que tosse e outra, independentemente do resultado da primeira, no dia seguinte, com a coleta do material sendo feita preferencialmente ao despertar. TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA TUBERCULOSE (TRM-TB) Indicado, prioritariamente, para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes. Indicado nas seguintes situações: Diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes; Diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes de populações de maior vulnerabilidade; Diagnóstico de TB extrapulmonar nos materiais biológicos já validados; Triagem de resistência à rifampicina nos casos de retratamento; Triagem de resistência à rifampicina nos casos com suspeita de falência ao tratamento da TB. TRATAMENTO Esquema básico para tratamento da TB em adultos e adolescentes: 4 fármacos na fase intensiva e 2 na fase de manutenção. Esquema Básico para o tratamento de adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade): 2RHZE/4RH Indicações: Casos novos de tuberculose ou retratamento (recidiva e reingresso após abandono que apresentem doença ativa) em adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade); todas as apresentações clínicas (pulmonares e extrapulmonares), exceto a forma meningoencefálica e ostearticular. Em crianças ( hepatotoxicidade • Estreptomicina – ototoxicidade e nefrotoxocidade • Etambutol – neurite óptica • Etionamida – diarreia, icterícia AVALIAÇÃO DE CONTACTANTES Contatos sintomáticos: Crianças, adolescentes (≥ 10 anos de idade) ou adultos (incluindo PVHIV) deverão realizar o exame de escarro (baciloscopia ou TRM-TB), radiografia de tórax e/ou outros exames, de acordo com a sintomatologia; Contatos assintomáticos: Crianças, adolescentes (≥ 10 anos de idade) e adultos deverão realizar a investigação com PT e/ou radiografia de tórax e tratar ILTB, quando indicado; TRATAMENTO DA INFECÇÃO LATENTE PELO M. TUBERCULOSIS (ILTB) Pessoas infectadas pelo M. tuberculosis que não apresentam TB ativa são identificadas como portadores da Infecção Latente pelo M. tuberculoisis (ILTB). O tratamento da ILTB reduz o risco de adoecimento por TB ativa em 60% a 90%. Crianças ( ou = 5 mm): isoniazida por mais 3 a 6 meses QUIMIOPROFILAXIA SECUNDÁRIA • Alto risco para TB doença – PPD > = 5 mm e contactantes de bacilífero – PPD > ou = 5 mm e imunodeprimidos (imunossupressores ou HIV positivo) – PPD > ou = 10 mm e doenças debilitantes (IRC, DM, silicose, neoplasias) – Pacientes com viragem tuberculínica: aumento em 10 mm no segundo PPD (ex.: de 3 para 13); • Como tratar? – Isoniazida 5 – 10 mg/kg em 270 doses (9 a 12 meses) – Hepatopatas intolerantes a INH ou contactantes resistentes a INH: rifampicina 10 mg/kg em 120 doses de (4 a 6 meses). INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO: CISTITE E PIELONEFRITE Infecção do trato urinário (ITU) É caracterizada pela presença de microrganismos no trato urinário, podendo ser sintomática ou assintomática (bacteriúria assintomática). A ITU também pode ser dividida em baixa (que engloba a cistite, a uretrite e a prostatite), e em alta (pielonefrite). A população de crianças, gestantes, idosos, diabéticos, imunossuprimidos está entre as mais suscetíveis à ITU. Essa infecção é o 15º diagnóstico mais comum nas consultas dos médicos de Família e Comunidade. Mais comum em mulheres; Homens após 50 anos. O principal agente bacteriano é a E. coli (80%-95%). A cistite é a principal causa de disúria na mulher, na criança e no idoso; a prostatite é uma causa relevante no homem. A pielonefrite, apesar de não tão prevalente, é uma das condições mais graves. ITU baixa x alta (cistite x pielonefrite); ITU não complicada x complicada; O que é uma ITU COMPLICADA? alterações anatômicas (p. ex., rins policísticos, obstrução) ou funcionais (p. ex., refluxo vesicoureteral [RVU], bexiga neurogênica) ou de condições associadas a um pior prognóstico ou a maior risco, como gestação, diabetes melito (DM), litíase urinária ou imunossupressão; ITUs em mulheres pós-menopáusicas e em homens como complicadas. CISTITE Cistite é uma infecção e/ou inflamação da bexiga. Infecção de qualquer região do urotélio: uretra, bexiga, próstata e rim. Ascensão uretral de enterobactérias, sendo a Escherichia coli o patógeno mais comum, responsável por cerca de 75 a 95% (pode infectar a uretra (uretrite), a bexiga (cistite) ou os rins (pielonefrite)). Outras bactérias causadoras de ITU são: Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Staphylococcus saprophyticus. Mais frequente na mulher adulta, principalmente devido a aspectos anatômicos e comportamentais (mulheres com ITU usualmente são mais sexualmente ativas). Vale ressaltar que, no primeiro ano de vida, a cistite é mais comum nos meninos (principalmente nos primeiros três meses). Pode ser caracterizada clinicamente pela presença de três queixas: disúria, polaciúria e hematúria. • Disúria + polaciúria + ausência de corrimento vaginal + urgência miccional + noctúria e SEM FEBRE; • Dor suprapúbica ou periuretral; • Exame ginecológico deve ser realizado se suspeita de DST; Outros sintomas podem estar presentes, tais como: dor na palpação da região suprapúbica, mal-estar geral, urina turva e com odor desagradável e raramente febre. Importante lembrar que, na população de idosos e gestantes, a apresentação pode ser atípica. No primeiro grupo, há alta prevalência de bacteriúria assintomática, não sendo obrigatório o tratamento, mesmo com urocultura positiva. Entretanto, no segundo grupo, 4%-10% das grávidas podem evoluir para cistite aguda, mesmo com bacteriúria assintomática, sendo imprescindível o tratamento. O diabético também merece um olhar diferenciado, pois nesse grupo de indivíduos a ITU pode evoluir mais rapidamente para complicações que podem prejudicar a função renal significativamente (sobretudo em mulheres). Os pacientes podem apresentar apenas como sinal da cistite a bacteriúria assintomática, e outros agentes etiológicos podem estar envolvidos: fungos, Streptoccocus do grupo B, Klebsiella sp. Nas crianças, a apresentação clínica é variada, dependendo da idade. Na prática do atendimento clínico nas Unidades Básicas de Saúde, é importante que nas crianças seja feita, posteriormente, a investigação da causa de ITU, principalmente naquelas de repetição, de modo a prevenir lesões irreversíveis e complicações futuras. Mulheres sem anormalidades anatômicas do trato urinário e que apresentam quadro clínico sugestivo de ITU leve ou não complicada não necessitam de exames laboratoriais para confirmação diagnóstica. Em contrapartida, nos homens em geral, idosos, diabéticos, imunodeprimidos, gestantes e pacientes com cateterização vesical prolongada, é fundamental a realização de exames complementares (urinálise eurocultura), até porque nos homens a cistite é considerada infecção complicada. Prevenção: – Beba muita água; – Urine com frequência; – Redobre os cuidados com a higiene pessoal. Mantenha limpas as regiões da vagina e do ânus; – Evite roupas íntimas muito justas ou que retenham calor e umidade, porque facilitam a proliferação das bactérias; – Suspenda o consumo de fumo, álcool, temperos fortes e cafeína. Essas substâncias irritam o trato urinário; – Troque os absorventes higiênicos com frequência para evitar a proliferação de bactérias. * Nos locais onde a resistência ao sulfametoxazol/trimetropim for menor que 20%, este passa a ser o medicamento de escolha, 800mg/160mg, de 12h/12h, sete dias. Em pacientes diabéticos, podem ocorrer infecções por Cândida sp e, nesse caso, o tratamento é feito com fluconazol 200mg ao dia, por 7 a 14 dias. PIELONEFRITE É a infecção dos rins, que na maioria das vezes se deve à ascensão de germes do trato urinário inferior. Ascensão uretral das mesmas bactérias (Escherichia coli o patógeno mais comum, outras Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Staphylococcus saprophyticus). Pielonefrite hematogênica: pacientes com doença crônica ou recebendo terapia imunossupressora; Clinicamente: dor na região dos flancos, com irradiação para o abdome, febre, náusea, vômito e sintomas urinários irritativos. Sintomas urinários associados a sintomas sistêmicos – fala a favor de pielonefrite. • Calafrios, prostração e dor lombar; • SINAL DE GIODARNO positivo; • Sintomas de cistite podem existir; • RÁPIDA progressão; • Náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia. • Palpação abdominal para dx diferencial; Diferentemente das infecções do trato urinário baixo, a pielonefrite exige investigação laboratorial e, por isso, é fundamental a coleta de urinálise e urocultura antes do início da antibioticoterapia. • Leucocituria, hematúria, nitrito • Tem que fazer cultura • Maioria das vezes é e.coli • Ceftriaxona , sulfa, quinolona é a maioria • No caso de ITU complicada, pensar em pseudomona cefemipe, piperacilina com tazobactam Quando a infecção ocorrer no sexo masculino, deve-se estar atento à necessidade de investigação de problemas estruturais no trato urinário com exames de imagem e, por isso, a referência a uma unidade de saúde especializada pode ser necessária. Nos casos leves (com pouco comprometimento do estado geral) e sem comorbidades, o tratamento poderá ser empírico oral: ciprofloxacino 500mg, VO, de 12h/12h, 10-14 dias. É fundamental a reavaliação do paciente após 48h de tratamento e orientação dos sinais de piora. Não havendo melhora do quadro, faz-se necessária avaliação hospitalar devido à necessidade de antibioticoterapia EV e complementação diagnóstica por meio de exames laboratoriais e de imagem. EXAMES COMPLEMENTARES: • Mulher adulta com ALTA EVIDÊNCIA DE CISTITE, tto empírico sem exames; • Exame microscópico direto de secreção vaginal para ddx; • Urocultura: dúvida dx, mulher com suspeita de ITU complicada ou pielonefrite em homens; • A urocultura não deve ser solicitada para pessoas sem sintomas, com exceção de gestantes e em pré-operatório de procedimentos urológicos; • 100.000UFC/ml ou menos dependendo da bactéria e clínica; • EAS: Bacteriúria sem piúria é incomum e sugere contaminação da amostra; • PCR positiva na pielonefrite e negativa na cistite; • Cilindros leucocitários são quase patognomônicos de pielonefrite, mas não são encontrados com tanta frequência nos EAS. • Exame de imagem não costumam acrescentar no dx para ITU; • Na E.coli basta 1000 unidades formadoras de colônia para tratar TRATAMENTO: • CISTITE NÃO COMPLICADA: Fosfomicina (Monuril) 3g DOSE ÚNICA; Nitrofurantoína 100mg, 6/6hs, 5 a 7 dias; Alternativa: respeitar o padrão de resistência local: quinolonas (3 dias) ou no HOMEM, cistite recorrente: 7 dias; • PIELONEFRITE NÃO COMPLICADA: 7 a 14 dias Flourquinolona, VO AMBULATORIAL; • PIELONEFRITE COMPLICADA: hospitalar, parenteral, com: Piperacilina-tazobactam Cefepime Imipenem • Cranberry no tratamento de ITU não se sabe o benefício; • BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA: gestação e pré-operatório de procedimentos urológicos diagnósticos ou terapêuticos (7 DIAS); • Cefalexina, amoxi com clavulanato na gestante em bacteriúria assintomática (não usar quinolona!) PROGNÓSTICO: • ITU não complicada em adultos previamente sadios: bom px; • Persistência de sintomas ou recorrência em observa-se MT abaulada devido à secreção contida no interior do ouvido médio. Tratamento: visa aliviar os sinais e sintomas e prevenir complicações. No entanto, a opção por introduzir a antibioticoterapia deve considerar a certeza do diagnóstico. A escolha da antibioticoterapia deve ser feita da seguinte forma: 1. Primeira escolha: amoxicilina. Em caso de falha terapêutica em 48 horas, deve ser aumentada a dose de amoxicilina. Alternativa para alérgicos: claritromicina ou clindamicina; 2. Segunda escolha: amoxicilina + ácido clavulânico ou axetilcefuroxima – na presença de falha terapêutica, deve ser usada para eliminar Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis resistentes; 3. Terceira escolha: ceftriaxona por 3 dias consecutivos intramuscular em casos de vômitos persistentes ou em outras situações que não seja possível receber medicação oral. Pacientes sem resposta a amoxicilina com ácido clavulânico devem receber 3 dias de ceftriaxona intramuscular. O paciente deve ser reavaliado em 48 a 72 horas após o início do tratamento e fatores como dor, febre e estado geral devem ser considerados. Nos casos em que não há alívio dos sintomas, pode-se optar pela ampliação do espectro antimicrobiano. RINOSSINUSITE AGUDA (RSA) Corresponde ao processo inflamatório agudo da mucosa nasal e dos seios paranasais com até 12 semanas; Fisiopatologia: as secreções produzidas nos seios da face fluem pela ação ciliar através dos óstios e drenam para a cavidade nasal. Distúrbios que interferem nessa fisiologia favorecem a ocorrência de sinusites agudas; Fatores associados: os principais fatores associados à RSA são: a) Ambiente: exposição a umidade, poluição, produtos químicos; b) Anatômicos: obstrução do óstio de drenagem; presença de lesões oclusivas locais (pólipos, tumores, desvios septais, corpo estranho); hiperplasia adenoidiana; c) Lesão ciliar; d) Discinesia ciliar primária; e) Doenças crônicas: diabetes, asma e doenças cardiovasculares. Classificação: a) RSA viral ou resfriado comum: condição autolimitada com duração dos sintomas menor que 10 dias; b) RSA pós-viral: definida quando há piora dos sintomas após 5 dias de doença ou quando os sintomas persistem por mais de 10 dias de doença; c) RSA bacteriana (RSAB): uma pequena porcentagem dos pacientes com RSA pós-viral (0,5 a 2%) pode evoluir com RSAB. Agentes etiológicos: a) Virais: infecções virais do trato respiratório superior são o fator de risco mais importante para o desenvolvimento de sinusite bacteriana aguda; b) Bacterianos: Os patógenos mais comuns são, em ordem decrescente, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis; c) Outros: Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus e anaeróbios são encontrados em menos de 10%. Quadro clínico e diagnóstico: RSA pode ser diagnosticada com base apenas nos sintomas, sem exame otorrinolaringológico detalhado e/ou exames de imagem. O diagnóstico de sinusite aguda é feito com base na presença de 2 ou mais dos seguintes sintomas: a) Obstrução, congestão nasal; b) Secreção nasal, rinorreia anterior ou posterior – mais frequentemente, mas não obrigatoriamente purulenta; c) Dor, pressão facial, cefaleia; d) Distúrbio do olfato. A possibilidade de se estar diante de uma RSAB é maior na presença de 3 ou mais dos sinais e sintomas a seguir: a) Secreção nasal, presença de pus na cavidade nasal com predomínio unilateral; b) Dor local com predomínio unilateral; c) Febre > 38 °C; d) Deterioração, piora dos sintomas após o período inicial de doença; e) Elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C reativa (PCR). No exame físico, geralmente se observa: Presença de secreção purulenta uni ou bilateral; Secreção mucopurulenta pela orofaringe (sinal “da vela”); Febre. Tratamento: O tratamento das sinusites leves ou quadros iniciais deve ser feito com sintomáticos corticoides nasais e lavagem nasal com solução fisiológica, uma que vez a maioria dos quadros é de etiologia viral e autolimitada. a) Antibióticos: indicados nos casos moderada ou grave e leve que não apresentou melhora com o tratamento inicial; b) A amoxicilina é o antibiótico de primeira escolha, sendo a claritromicina uma opção. Se houver indícios de resistência ao tratamento ou história de tratamento prévio, pode-se optar por amoxicilina + clavulanato, cefalosporinas de segunda ou de terceira geração ou quinolonas. c) Corticoides orais; d) Lavagem nasal com soluções salinas isotônicas ou hipertônicas; e) Descongestionantes orais e tópicos; RINOSSINUSITE CRÔNICA Sinais e sintomas de rinossinusite por mais de 4 semanas, enquanto outros só a consideram quando os sintomas passam de 12 semanas. De qualquer maneira, é muito importante que, nesses casos, sejam investigados fatores associados que possam contribuir para a manutenção do processo infeccioso; Pode ser dividida em 2 principais entidades – a RSC sem polipose nasossinusal e a RSC com polipose nasossinusal. Quadro clínico: sintomas persistentes por mais de 12 semanas. As principais queixas são: obstrução nasal, rinorreia anterior ou posterior, hiposmia ou anosmia, dor ou pressão facial e tosse. Ao exame físico, a rinoscopia tem valor limitado, exceto nos casos de polipose. A presença de secreção mucocatarral em orofaringe pode ser visualizada. Tratamento: nos casos de sinusite de etiologia bacteriana, é feito inicialmente com antibióticos orais. Lavagem nasal com solução isotônica, analgésicos, corticosteroides nasais e antileucotrienos podem ser associados. Nos casos refratários, deve-se considerar a abordagem cirúrgica com a ampliação dos óstios dos seios. As opções de antibióticos nas RSCs são: a) Amoxicilina + inibidores de betalactamase; b) Axetilcefuroxima; c) Quinolonas – levofloxacino, gatifloxacino; d) Período de 14 a 21 dias. FARINGITE E AMIGDALITE No caso das amigdalites purulentas, o agente etiológico mais comum é o estreptococo beta-hemolítico do grupo A, sendo necessária a utilização de antibiótico para o tratamento. Amigdalite é a infecção aguda das amígdalas e embora a principal causa de seja viral, muitas vezes apresenta-se com um quadro de etiologia bacteriana. Dor à deglutição é a marca da doença e é, muitas vezes, referida nos ouvidos. As crianças muito jovens que não são capazes de queixar-se de dor de garganta, quase sempre se recusam a comer. Além de outros sintomas como: Febre alta; Cefaleia; Mal-estar; Halitose; Voz abafada; Indisposição gastrointestinal. Nas amigdalites purulentas, o quadro clínico típico tem início com dor de garganta intensa acompanhada de febre alta (39/40ºC), de início súbito, e, frequentemente, cefaleia e vômito. Ao exame as amígdalas encontram-se hiperemiadas e hipertrofiadas com presença de secreção purulenta e petéquias no palato mole. Os gânglios da região cervical anterior encontram-se aumentados. A faringite com exsudato e a adenite cervical são pouco frequentes nas crianças menores de três anos, nas quais se observa um quadro clínico mais insidioso, com febre baixa, coriza concomitante e palidez. Nessa faixa etária, a etiologia viral é predominante. DOENÇA PERIGLÓTICAS LARINGITES As laringites podem ser classificadas em agudas, com duração de até 15 dias, ou crônicas, com duração de mais de 4 semanas. Os adultos geralmente têm, como queixa, a disfonia; nas crianças, a sintomatologia normalmente é estridor e dispneia, pois as dimensões do órgão são menores. AGUDAS A infecção bacteriana aguda ocorre geralmente por invasão direta ou por contiguidade de processos infecciosos da faringe, sendo raro o acometimento laríngeo isolado. As bactérias que atingem a laringe são eliminadas através do transporte muco-ciliar, sendo que qualquer alteração neste processo predispõe a infecção. Infecções do espaço parafaríngeo e retrofaríngeo também podem acometer a laringe por invasão direta, e processos infecciosos de estruturas adjacentes à laringe podem induzir sintomas sem o acometimento do órgão, através de compressão direta ou pressão sobre o nervo laríngeo recorrente. O isolamento do patógeno, através culturas ou hemocultura, é difícil em grande parte dos casos e pode não corresponder ao agente causal. O isolamento de bactérias como o gonococo, porém, é suficiente para estabelecer o diagnóstico. A biópsia é fundamental nos processos crônicos e granulomatosos. CRUPE VIRAL Caracteriza um grupo de doenças que variam em envolvimento anatômico e etiologia, e se manifestam clinicamente com os seguintes sintomas: rouquidão, tosse ladrante, estridor predominantemente inspiratório e graus variados de desconforto respiratório. Quando a etiologia desta síndrome é viral, denomina-se crupe viral. A doença também pode ser classificada de acordo com o grau de extensão do acometimento das vias aéreas pelos vírus respiratórios. Assim, se a doença se restringir à laringe, denomina-se laringite, sendo caracterizada principalmente por rouquidão e tosse ladrante. Se a inflamação comprometer laringe e traqueia, é denominada laringotraqueíte, com sintomas característicos de síndrome do crupe. Se houver comprometimento de bronquíolos associado ao de laringe e traqueia, além dos sintomas de crupe, haverá tempo expiratório prolongado e sibilos, caracterizando laringotraqueobronquite. A infecção viral inicia na nasofaringe e se dissemina através do epitélio respiratório da laringe, traqueia e árvore bronco-alveolar. O edema da região subglótica da traqueia (porção mais estreita da via aérea superior na criança) restringe o fluxo de ar significantemente, gerando estridor inspiratório. Apresentação clínica A doença se inicia com rinorreia clara, faringite, tosse leve e febre baixa. Após 12 a 48 horas iniciam-se os sintomas de obstrução de vias aéreas superiores, caracterizados na síndrome do crupe, com progressão dos sinais de insufi ciência respiratória e aumento da temperatura corpórea. Os sintomas geralmente se resolvem em 3 a 7 dias. Nos casos mais graves há aumento das frequências cardíaca e respiratória, retrações claviculares, esternais e de diafragma, batimento de aletas nasais, cianose, agitação psicomotora até sonolência. CRÔNICAS As infecções crônicas da laringe comumente apresentam-se como quadro semelhante ao câncer laríngeo: rouquidão, dispnéia, dor, eventual perda de peso, história de tabagismo e alcoolismo. Sendo assim, inicialmente é necessário afastar este diagnóstico. O edema laríngeo difuso e eritema podem ser os únicos achados, e deve-se excluir causas não infecciosas, como a doença do refluxo gastro-esofágico (discutido posteriormente). Lesões discretas podem simular um câncer, sendo descrito na literatura casos de laringectomias radicais em lesões que vieram mostrar- se benignas. Desta maneira, a biópsia constitui elemento essencial para o diagnóstico correto. Também é importante enviar material para pesquisa e cultura de fungos e de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR). A possibilidade de sarcoidose, policondrite, doenças autoimune também deve ser consideradas. INFECÇÕES DE VIAS AÉREAS INFERIORES PNEUMONIA Sendo a pneumonia a principal causa de óbito entre as infecções respiratórias, sua identificação e tratamento precoce são imprescindíveis na estratégia de controle. A Organização Mundial da Saúde (OMS) vem preconizando há mais de 20 anos a valorização da queixa de tosse e frequência respiratória elevada como indicativo de pneumonia em crianças menores de cinco anos, devendo esses ser identificados e avaliados de acordo com a faixa etária do paciente. Os lactentes menores de dois meses têm características especiais que devem ser levadas em conta na avaliação. Eles apresentam maior risco de morrer de infecções bacterianas graves, devendo ser tratados em regime de internação hospitalar. O quadro clínico é frequentemente inespecífico, como dificuldade de se alimentar, distensão abdominal, febre ou hipotermia. Para se considerar como sinal de pneumonia, a tiragem deve ser subcostal e acentuada, e a frequência respiratória, maior que 60 respirações por minuto. Nas crianças de dois meses a cinco anos, o principal sinal clínico que caracteriza pneumonia é a tiragem intercostal ou subcostal. Nas crianças de 2 a 12 meses, considera-se taquipneia quando a frequência respiratória for maior que 50 respirações por minuto, e acima de 40 nas crianças de um a quatro anos. É importante salientar que a frequência respiratória deve ser contada durante todo o tempo por um minuto e que a tiragem seja contínua. A taquipneia e a tiragem subcostal estão sempre presentes nas pneumonias graves. Cianose central, dificuldade para ingerir líquidos e movimentos involuntários da cabeça estão associados a pneumonias muito graves. Taquipneia isolada e estertores crepitantes não se associam a maior gravidade. Além dos sinais de gravidade descritos, necessitam de internação para tratamento crianças de dois meses a cinco anos que apresentem falha da terapêutica ambulatorial, doença grave concomitante e sinais radiológicos de pneumonia complicada, como derrame pleural, pneumatoceles e abscesso. Nas crianças maiores de cinco anos, o quadro clínico se assemelha ao dos adultos e caracteriza-se por tosse produtiva com expectoração, eventualmente escarro hemoptoico, febre, dor no tórax ventilatório dependente e toxemia. A ausculta pulmonar varia de acordo com a extensão da pneumonia. Em crianças é frequente o comprometimento brônquico com estertores finos, médios e grossos. A clássica síndrome de condensação com frêmito tóraco-vocal aumentado, estertores crepitantes e sopro tubário nem sempre está presente. O raio X de tórax é indicado nos casos de pneumonias que necessitam de internação. Tratamento ambulatorial: antibióticos de primeira escolha são a amoxicilina na dose de 50 mg/kg, dividida em duas tomadas a cada 12 horas por três a cinco dias após o desaparecimento dos sintomas clínicos. A resposta clínica com desaparecimento da febre e da dispneia deve ocorrer com 48 a 72 horas, e, não ocorrendo, devem ser procurados motivos de falha, tais como escolha inadequada do antibiótico, dose errada ou complicações. Não há resistência do pneumococo a penicilina, nos casos de pneumonia. Em crianças maiores de cinco anos, devido à incidência do micoplasma e da clamídia, pode-se optar pela introdução de macrolídeos. Pacientes com alergia a penicilina podem ser tratados com macrolídeos como a eritromicina ou a azitromicina, ou, ainda, com cefalosporinas. Tratamento hospitalar: deve ser indicado às crianças com idade inferior a dois meses, devendo-se introduzir penicilina cristalina ou ampicilina associada a amicacina ou gentamicina. Para pacientes com idade inferior a cinco anos e presença de pneumonia extensa, de evolução rápida e com comprometimento importante do estado geral, deve-se optar pela introdução de oxacilina ou cefalosporina de terceira geração, devido à possibilidade de infecção pelo S. aureus ou pelo H. influenzae. Nos pacientes internados, o emprego do oxigênio está indicado para todas as crianças classificadas como tendo pneumonia grave. A administração de líquidos por via intravenosa é recomendada apenas em casos de desidratação grave, choque séptico e situações em que a via oral não possa ser utilizada. A administração de alimentos deve ser sempre que possível por via oral; se for necessário o uso de sondas de alimentação, tomar cuidado com o calibre da sonda e com a velocidade de administração. Saber tratamento do adulto e da criança. Transmissão Como lidar com contato. Classificação (Madrid) e OMS Geralmente 500mg Principais agentes etiológicos. Saber diferenciar quadro clínico Urocultura antes de iniciar tratamento de pielonefrite. Cistite – pode começar a tratar antes de exame, por ser mais tranquilo. Antibióticos mais leves. Diferença de celulite