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Comunicação e Linguagens Visuais
Apresentação de conceitos importantes de design e publicidade para uma comunicação visual eficaz.
Profa. Aline Haluch
1. Itens iniciais
Propósito
Conhecer as bases da linguagem visual e do design gráfico para a obtenção do próprio arcabouço
metodológico e a consequente construção de mensagens visuais potentes.
Preparação
Antes de iniciar a leitura do conteúdo, certifique-se de ter papel e lápis por perto para acompanhar o tema.
Objetivos
Identificar as bases históricas da linguagem visual
Descrever os elementos da gramática visual
Empregar os princípios da percepção e composição visuais
Introdução
Você sabia que qualquer trabalho que envolva comunicação visual é mais bem aproveitado a partir do
conhecimento de elementos da imagem, da composição visual e do design gráfico?
 
Buscaremos possibilitar neste tema o aperfeiçoamento de sua percepção e de seu senso estético e crítico
para que você seja capaz de identificar critérios de organização da forma para a criação gráfica.
 
Desse modo, você vai se capacitar tanto para analisar quanto para utilizar gráficos, composições tipográficas
e peças gráficas. Por conta disso, precisamos conhecer os principais movimentos de arte e design e seus
pioneiros que construíram as bases do design gráfico internacional e brasileiro.
• 
• 
• 
1. Linguagem visual
O design e a publicidade
O que são o design e a publicidade?
O design e a publicidade andam de mãos dadas: são áreas afins, pois ambas comunicam de formas
complementares as mensagens de cunho verbal e visual que criarão o cenário de sonho apto a seduzir o
público consumidor.
Primórdios da comunicação visual: relação mágico-
religiosa e registro
O registro pictórico de ações e conquistas —
desenhos em cavernas, placas de argila
gravadas em relevo, túmulos e sarcófagos
(Egito Antigo), tábuas dos mais diversos
materiais e paredes (afrescos do
Renascimento) — tornava a vida mais concreta.
 
O ser humano ainda vivia em cavernas e já
criava códigos pictóricos de suas caçadas e
daquilo que observava na natureza. Ao tratar
das origens do design gráfico, a
fundamentação histórica nos ajuda a perceber
a necessidade do homem em fazer o registro
visual de seu entorno.
 
Design 
É a área do conhecimento que, pela atividade
projetual, dá forma concreta a ideias abstratas
e subjetivas. Ele é resultado da cultura na qual
se insere. Surge na sociedade e é fruto dela,
buscando soluções para problemas
específicos e espelhando as preferências e o
senso estético construídos socialmente.
Publicidade 
É a área do conhecimento que
apresenta os artefatos produzidos pela
indústria ao seu público consumidor. A
publicidade possui características muito
peculiares para tal tarefa: ela utiliza as
linguagens verbal e visual para
sensibilizar o consumidor e criar nele o
desejo de obter determinado artefato.
Pôster promocional do filmeIndiana Jones e a última
cruzada.
Nos períodos mais remotos (e durante muito tempo), as manifestações da natureza eram um mistério para
esses seres humanos. Por isso, o registro desses fenômenos lhes dava a crença de domínio sobre elas.
 
Devemos ressaltar também o aspecto de registro da representação pictórica da natureza feita inicialmente em
cavernas: uma vez deslocadas de seu habitat em busca de novas moradias, as pessoas abandonavam tais
registros. Em um primeiro momento, mesmo evoluindo para gravações em placas de argila e esculturas em
pedras, eles mantinham dois aspectos: 
A reprodutibilidade
É um dos pontos centrais do design gráfico que tem nas matrizes de reprodução seu princípio básico.
A imobilidade e a irreprodutibilidade eram até então um impedimento para que os registros dos
humanos os acompanhassem.
A impressão
Trata-se da transferência a partir de uma matriz para outra superfície, criando cópias idênticas que
derivam de um único original. A impressão só poderia ocorrer quando fossem desenvolvidos
substratos onde ela pudesse ser feita: papel, tecido, pergaminho etc.
 
Você assistiu ao filme Indiana Jones e a última
cruzada?
Neste filme, o personagem de Harrison Ford precisa fazer
uma cópia de um escudo do cavaleiro cruzado para
descobrir onde se localizaria o Santo Graal. Indiana Jones
faz uma transferência com um papel: riscando-o sobre a
pedra, consegue obter o texto vazado por ele estar em
baixo relevo (esculpido na pedra). Este é um bom exemplo
de mecanismo antigo de reprodução.
O carimbo
Trata-se de mais uma técnica, sendo, aliás, uma
das primeiras formas de transferência. Tendo o
carimbo como base, foram montados os
primeiros sistemas de impressão. O carimbo
tradicional chinês é inscrito na base de uma
pequena escultura decorativa.
Primórdios da tipografia
Escrita cuneiforme dos sumérios.
Hieróglifo, s./d.
Falaremos sobre a impressão um pouco
adiante. Antes dela, é importante que
apontemos outro caminho seguido pela
comunicação visual. Ele pode, inclusive, ser
pensado como uma bifurcação dessa história.
 
Aos poucos, a reflexão sobre o entorno e as
ações do homem em relação ao seu ambiente
começou a ser organizado por meio de outros
símbolos que chegaram à escrita.
As primeiras formas de escrita foram pictóricas.
Naturalmente, elas foram sendo simplificadas
em suas formas para facilitar a comunicação.
Na região do Crescente Fértil, dois povos
elaboraram sistemas de escrita alguns milênios
antes de Cristo: os egípcios, com seus
hieróglifos, e os sumérios, com a escrita
cuneiforme (inicialmente mais representativa,
ela aos poucos foi se tornando um alfabeto).
A escrita pode ser a contrapartida visual da
fala, ou seja, da produção de sons para se
comunicar. Mas essa contraposição não é
apenas em relação a ela, mas também ao pensamento.
Marcas, símbolos, figuras e letras traçadas ou escritas sobre uma superfície ou substrato tornaram-se o
complemento da palavra falada ou do pensamento mudo. As limitações da fala são o malogro da
memória humana […], as palavras faladas desapareciam sem deixar vestígios, ao passo que as palavras
escritas ficavam.
MEGGS; PURVIS, 2009, p. 18.
A escrita também é um elemento visual, ainda que muito particular, com características diferentes das que
estão presentes em outras imagens. Além disso, ela é extremamente importante para a civilização. Segundo
Meggs e Purvis (2009, p. 19), sua invenção “trouxe aos homens o resplendor da civilização e possibilitou
preservar conhecimento, experiências e pensamentos arduamente conquistados”.
 
Nessa passagem do mais pictórico para a escrita tal como a conhecemos hoje, ou seja, alfabética, é possível
identificar que os primeiros alfabetos tinham símbolos a representar coisas e seres.
Coluna de Trajano.
Pedra de Roseta
A Pedra de Roseta permitiu o acesso a uma
mensagem até então indecifrável. A chave para
decifrar o mistério veio da comparação entre os
textos da pedra em três sistemas de escrita:
hieroglífica, demótica e grega.
Sons de alguns hieróglifos
A partir da identificação dos nomes de
Ptolomeu e Cleópatra nesses três textos, o
egiptólogo francês Jean-François Champollion
conseguiu, em 1822, decifrar grande parte dos
símbolos fazendo as associações de sons.
Os primeiros sistemas alfabéticos derivaram então de representações de seres e fenômenos da natureza.
Muitos evoluíram para sistemas utilizados atualmente no alfabeto latino. Os alfabetos hebraicos e árabes, por
outro lado, não têm essa associação visual.
 
Com o tempo, o alfabeto latino, em particular, foi se aproximando do que conhecemos hoje.
Você sabe o que é a coluna de Trajano?
A coluna de Trajano é considerada um marco na
sistematização do uso da tipografia romana. Ela
usava as chamadas letras capitais ou
maiúsculas, que eram conhecidas na época
como capitalis monumentalis.
 
Na coluna de Trajano, também foram usados
outros recursos artísticos inovadores para a
época, como, por exemplo, o entalhe de
árvores para separar uma cena de outro.
Saiba Mais
Vem também do alfabeto romano outra peculiaridade que conhecemos
atualmente na tipografia: a serifa (traçoou espessamento no fim das
hastes das letras).
Há duas teorias quanto à história dela. Alguns pesquisadores sustentam
que as serifas eram marcas do cinzel feitas no término do entalhamento
das letras, enquanto outros afirmam que esse tipo era uma limpeza do
pincel que pintava cada letra antes de ser lavrada.
Hoje em dia, a serifa é usada para ajudar na leitura de determinados
textos, em especial os mais longos, porque seu tracejado abaixo da fonte
conduz o olhar do leitor. Jornais, por exemplo, têm fonte serifada em
seus textos e fontes sem serifa nos títulos.
Manuscritos iluminados
Avançando no tempo, chegamos a um período
histórico que vai do século IX ao XV. Houve
nessa época uma mudança fundamental na
produção de originais: a adoção do códice em
vez dos rolos de pergaminho.
O que era o códice?
 
Era um registro feito em placas de madeiras e,
posteriormente, em sistema de folhas planas, dobradas e montadas em sequências de cadernos. Isso
possibilitou que o livro tivesse uma mudança em sua forma e em sua dinâmica de leitura: da vertical para a
horizontal e de uma página após a outra.
A adoção do códice é considerada tão importante quanto a invenção da imprensa por Gutenberg.
Nesse período histórico, os livros eram produzidos manualmente, em manuscritos, enquanto as letras
especiais (capitulares) eram chamadas de iluminuras, bem como os desenhos que compunham as páginas.
 
No Ocidente, a Igreja era um polo de produção de manuscritos. Os monges assumiam diversas funções na
produção desses escritos: desde pautar as folhas, fazer a marcação das margens e escrever o texto
propriamente dito até fazer as iluminuras, o que era a função designada para os mais hábeis.
 
Veremos nas figuras a seguir alguns exemplos de iluminuras:
Iluminura do século XV, Viena, Austrian
National Library, 2017.
Manuscrito iluminado na biblioteca
medieval do Mosteiro Strahov, Praga,
República Tcheca, 2016.
Belles heures of jean de berry, de
Limbourg Brothers, 1405-1409, pintura
francesa, Renascimento do Norte. Uma
página de Anunciação de um manuscrito
iluminado.
A impressão chega à Europa — a Prensa de Gutenberg
A xilogravura, técnica de impressão com matrizes esculpidas em madeira, foi a base de todo o
desenvolvimento dos sistemas gráficos.
 
Como lembram Philip Meggs e Alston Purvis em História do design gráfico, o julgamento da história é que
Johannes zum Gutenberg (1400-1468) reuniu todo o sistema necessário para a impressão de um livro
tipográfico por volta de 1450. Os autores, aliás, também ressaltam a importância do suporte, o papel, ter vindo
da China para a Europa.
 
Gutenberg, que foi aprendiz de ourives, desenvolveu um profundo conhecimento de trabalho em metal. Isso
foi usado para a criação de um sistema de fundição de tipos móveis metálicos, utilizando-os na composição
em réguas tipográficas.
 
Esses tipos eram as letras. Elas se juntavam para formar o “carimbo” em metal de cada palavra – e assim
sucessivamente.
Foi dessa forma que Gutenberg criou o que consideramos o primeiro sistema de imprensa. É sempre
importante lembrar que a arte e a técnica se alimentam e se complementam.
 
Analisemos alguns marcos importantes:
Nos séculos XV e XVI
Nos séculos XV e XVI, a Alemanha (Nuremberg) tornou-se um importante
centro gráfico na produção de livros ilustrados e tipografias e no
desenvolvimento de oficinas de impressão.
Podemos destacar as oficinas de Anton Koberger (1440-1513). Elas
possuíam cerca de 100 artesãos, 24 prensas e centenas de edições
(entre elas, 15 bíblias).
O Renascimento
Apesar de Florença ter sido o berço artístico do Renascimento, Veneza,
centro comercial e portão da Europa para outras nações, foi a cidade que
liderou a produção de livros tipográficos italianos.
No Renascimento, surgiu ainda uma técnica de desenho até hoje
importante na comunicação e na composição visuais: a perspectiva. Esse
período histórico produziu, inclusive, grandes contribuições à nossa
cultura e, consequentemente, à nossa gramática visual.
Saiba mais
O termo “Renascimento”, informam Meggs e Purvis (2009), foi usado originalmente para denotar o
período iniciado nos séculos XIV e XV na Itália, quando a literatura clássica da Antiguidade grega e
romana foi restaurada e novamente lida. Entretanto, a palavra costuma ser hoje empregada para
abranger o período que marca a transição do mundo medieval para o moderno. Na história do design
gráfico, o renascimento da literatura clássica e a obra dos humanistas italianos estão intimamente
ligados a uma abordagem inovadora do design de livros. 
Marcos históricos da composição visual
A história não para por aqui. Os professores Michelle Sales e Fabrício Cavalcanti apresentarão neste vídeo
outros marcos da História da Arte que influenciam até hoje a comunicação visual.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Verificando o aprendizado
Questão 1
As pinturas rupestres já eram uma manifestação da comunicação visual do homem. Que
importante princípio do design gráfico estava ausente dessa manifestação?
A
Engenho
B
Técnica
C
Suporte
D
Reprodutibilidade
E
Aderência
A alternativa D está correta.
A pintura rupestre tinha duas características marcantes: irreprodutibilidade e imobilidade. Apesar de
registrarem seu tempo e seu entorno, os homens que o faziam não podiam reproduzi-lo (a não ser pintando
novamente) nem levar seus registros aonde fossem.
Questão 2
Qual das afirmações abaixo a respeito da escrita é falsa?
A
A escrita não é um elemento visual, e sim alfabético.
B
Os primeiros alfabetos tinham símbolos que representavam coisas e seres.
C
As primeiras escritas eram pictóricas a hieroglíficas.
D
A tipografia traz elementos da comunicação visual.
E
Desenhos hábeis e cuidadosamente desenhados compunham as iluminuras.
A alternativa A está correta.
A escrita tal como a conhecemos hoje (em especial, no alfabeto latino) foi formada por escritas pictóricas.
Os primeiros alfabetos retratavam seres e coisas. Talvez somente o alfabeto braille não seja visual, e sim
tátil. Trata-se de uma exceção que confirma a regra – e até ele foi criado a partir do alfabeto latino.
2. Gramática visual
o Ponto – linha – plano: alicerces do design
Apresentaremos adiante os conceitos de linguagem visual e de design gráfico que nos auxiliam a pensar a
gramática visual, além de aspectos fundamentais da teoria dos signos, uma vez que a significação também
faz parte da leitura visual e global de uma obra.
 
Entre os principais fundamentos da linguagem visual, estão:
 
Ponto
 
Linha
 
Plano 
 
Espaço
 
Volume
 
Por fim, ainda exploraremos a cor e a tipografia como elementos importantes desse arranjo. Seus elementos
mais complexos resultam, de alguma maneira, da interação entre pontos, linhas e planos.
Ellen Lupton e Jennifer Philips (2008) afirmam que o ponto, a linha e o plano compõem os alicerces
do design.
• 
• 
• 
• 
• 
Tendo como ponto de partida o ponto,
podemos lembrar que a reprodução de imagens
em sistemas gráficos — como o offset e o 
digital, por exemplo — utiliza a retícula, um
padrão de pontos maiores ou menores em
concentrações que simulam a variação tonal. É
a partir da impressão desses pontos que se
obtém qualquer imagem nesses sistemas.
Exemplo de retícula
O ponto
Ele indica uma posição no espaço em termos
geométricos, sendo um par de coordenadas X,
Y. Além de indicar precisão, o ponto não tem
massa. Uma série de pontos forma uma linha.
Ponto, encontro de coordenadas. Linha, união de pontos.
O já citado processo de impressão offset utiliza os pontos nas cores primárias cyan, magenta e amarelo, além
do preto, as quais, uma vez combinadas, podem gerar infinitas cores.
A linha
Ela é uma série infinita de pontos. Apesar de comprimento, não tem largura. Uma linha também pode ser
entendida como a conexão entre dois pontos ou o trajeto de um ponto em movimento. Linhas ainda podem ser
retas ou curvas.
Linhas.
 
Quando combinadas, elas formam planos.
Quando cruzadas em diversasdireções, criam
texturas e hachuras e simulam volume. O grid
ou malha é um elemento do design gráfico
formado por eixos ou linhas verticais e
horizontais.
Dica
O grid tipográfico é um princípio organizador no design gráfico. O seu uso permite clareza e eficiência na
diagramação. 
Quanto à escrita — que pode ser um elemento importante da composição visual de determinadas peças,
como as publicitárias, por exemplo, ou mais notadamente produções do mercado editorial —, é a linha que a
sustenta, assim como aos caracteres tipográficos em qualquer composição visual.
Linha e alinhamento.
O plano
Trata-se de uma superfície contínua que se estende em altura e largura. O plano pode ser definido ainda como
o trajeto de uma linha em movimento. Uma linha se fecha para se tornar uma forma, ou seja, um plano
delimitado.
Exemplo
Tetos, paredes, pisos e janelas são planos físicos. 
Como preconiza o designer Christian Leborg, uma superfície é definida por duas linhas que não coincidem ou
por um mínimo de três pontos fora de uma linha.
 
Além disso, o plano pode ser sólido ou perfurado, opaco ou transparente, rugoso ou liso.
 
Uma mancha de texto (ou seja, o desenho formado pela parte escrita de um texto em contraposição às bordas
das páginas) é um plano feito de pontos e linhas de tipos.
 
Um plano tipográfico pode ser denso ou aberto e rígido ou irregular, dependendo do entrelinhamento, do
tamanho dos tipos e dos alinhamentos.
Mancha de texto
Exemplo de entrelinhamento
Os diagramas (representações gráficas) constroem relações entre elementos que utilizam pontos, linhas e
planos para mapear e conectar dados. Texturas e padrões são construídos a partir de grandes grupos de
pontos e linhas que se repetem, revezando-se ou interagindo na formação de superfícies singulares e
atraentes.
 
A tipografia, por sua vez, “compreende letras individuais (pontos) que compõem linhas e manchas de texto”,
completa Lupton (2012, p. 13).
Espaço e volume
Um objeto gráfico que comporta espaço tridimensional tem altura, largura e profundidade. Já o volume é
representado por convenções gráficas: a chamada perspectiva.
 
Para usarmos outra definição de Christian Leborg, um volume é um “espaço vazio” – mas não o vazio, e sim
um espaço definido por superfícies, linhas e pontos.
Qual é a origem da palavra “perspectiva” e qual é seu
significado?
Chave de resposta
A palavra “perspectiva” vem do latim perspicere (ver através de). Se você se colocar atrás de uma janela
envidraçada e, sem se mover do lugar, desenhar no vidro o que está vendo através dela, terá feito uma
perspectiva. Portanto, ela é a representação gráfica que mostra os objetos como eles aparecem à nossa
vista: com três dimensões.
Agora veremos duas formas de representação:
Perspectiva cônica:
É a perspectiva com pontos de fuga (os quais,
muitas vezes, aprendemos em aulas de
desenho). Ela simula distorções óticas, fazendo
objetos próximos parecerem maiores e os
distantes se tornarem pequenos.
Projeções axonométricas:
Às vezes chamadas de perspectiva
axonométrica, essas projeções representam o
volume sem a distorção possível quando se usa
os pontos de fuga. Jogos digitais costumam ter
essa configuração.
Cor
Talvez você não tenha ainda pensado sobre isso, mas cor é a linguagem individual e coletiva.
Reagimos a ela de acordo com a nossa condição física e cultural. Assim como a linguagem, ela possui uma
sintaxe que pode ser ensinada.
 
A cor tem leis que definem sua utilização. Elas envolvem luz, movimento, peso, equilíbrio e espaço. Seu valor
expressivo a torna um elemento de transmissão de ideias e sentimentos.
 
Há basicamente dois sistemas de cor:
As cores têm diferentes valores emotivos ou simbólicos dependendo de onde você estiver. O vermelho, por
exemplo, pode significar perigo ou uma indicação para alguém parar (como ocorre no Ocidente).
 
O significado cultural das cores não pode ser ignorado. Mas o fato é que esse componente se tornou um
recurso valioso do design.
 
A cor...
Sistemas de cor 
O de luz
Sistemas de cor 
O de pigmento
Acrescenta
Dinamismo, atrai a atenção e emociona o receptor.
Facilita
A organização dos elementos em uma página, guiando o olhar de um item para o outro, dividindo
elementos e áreas e agrupando itens semelhantes.
Codifica
As informações, além de auxiliar o receptor a encontrá-las.
Exemplo
O processo de impressão desenvolvido pela Pantone
aprimora o sistema CMYK. Ele é chamado de hexachrome
por usar seis cores (as quatro do CMYK, além de laranja e
verde), o que enriquece a reprodução fotográfica.
O tipo do papel e a qualidade da gráfica também fazem a
diferença. Sendo assim, é importante estar atento a
diversos aspectos, porque conhecer as tecnologias de
impressão aumenta as possibilidades criativas.
As cores e seu simbolismo
As cores são compostas de diferentes
comprimentos de onda de luz, o que possibilita
a criação de uma quantidade infinita delas. O
computador pode produzir mais de 16 milhões
de cores – e o olho humano pode distinguir
ainda mais do que isso!
Elas são o primeiro aspecto que registramos
quando avaliamos algo e desenvolvemos várias
associações com certas cores, o que é
chamado de simbolismo das cores.
 
A reação às cores depende de associações culturais, tendências, idade e preferências individuais. Na
sociedade ocidental, a cor branca é associada e casamentos; já para os budistas, ela está relacionada ao luto.
Qualquer variação que se verifique na mesma cor — seja no tom, na saturação ou na luminosidade
— produz uma modulação.
Se essa modulação se verifica a intervalos regulares e contínuos, dizemos que há uma escala. Ao contrário
das escalas monocromáticas, as policromáticas são realizadas graças à modulação de duas ou mais cores.
Você saberia diferenciar as variações da cor? Vamos entendê-las agora.
 
O tom é a alteração qualitativa da cor, estando diretamente relacionado aos diversos comprimentos de onda.
Uma cor com branco nos dá um matiz; uma com preto, um sombreado.
Matiz     >     Fusão do branco com uma cor
 
Sombreado     >     Fusão do preto com uma cor
 
Tonalidade     >     Fusão do cinza com uma cor
A saturação é o grau de “pureza” de uma cor. Temos uma cor saturada quando, em sua composição, não
entram o branco nem o preto, estando ela exatamente dentro do comprimento de onda que lhe corresponde
no espectro solar.
Gradação de saturação no modelo HSL
O modelo HSL (hue, saturation, lightness ou, em português, matiz,
saturação e luminosidade) mede a saturação em relação ao cinza.
Gradação de saturação no modelo HSV
O modelo HSL (hue, saturation, value ou, em português, matiz, saturação
e luminosidade) mede a saturação em relação ao branco.
A luminosidade é a capacidade de qualquer cor refletir a luz branca que há nela; por isso, ela decorre da
iluminação.
Psicologia das cores
De acordo com Farina (2004), a cor é uma realidade sensorial na medida em que produz sensações e atua
sobre as emoções.
Escala 
monocromática
Escala 
policromática
Vemos o amarelo transbordar de seus limites, o vermelho agressivo, que se equilibra sobre si mesmo, o
azul que cria a sensação de vazio, de distância, de profundidade.
FARINA, 2004, p. 85.
Como ainda lembra Farina (2004), é comum ouvirmos a
classificação entre cores frias e quentes. Há cores que dão
a sensação de proximidade; outras, de distanciamento. Isso
ocorre da mesma forma que uma pessoa comunicativa e
vibrante se aproxima mais facilmente, enquanto outra
parece manter-se à distância.
Em referência à criação publicitária, o autor lembra a
contribuição da psicologia, cujos estudos mostram que as
cores chamadas “quentes” são estimulantes e promovem a
sensação de proximidade, calor, densidade e secura. Em
contrapartida, as frias são mais calmantes, transmitindo
leveza, distância, transparência e umidade.
Os signos
“Este deve ser o bosque”, disse pensativamente “em que as coisas não têm nomes. O que será que vai
ser do meu nome quando eu entrar nele? Não gostaria nada de perdê-lo...porque teriam de me dar
outro, e é quase certo que seria um nome feio. Mas, nesse caso, o engraçado seria tentar encontrar a
criatura que ficou com meu antigo nome. [...] Assim divagava quando chegou ao bosque: parecia muito
fresco e sombrio. “Bem, de todo modo é um grande alívio”, disse ao entrar sob as árvores, depois de
sentir tanto calor, entrar sob... o quê?” Continuou bastante surpresa de não conseguir lembrar a palavra.
Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá (Carrol, 2000) (Continuação de Alice no País das Maravilhas).
“Esse trecho”, analisa Fiorin (2003, p. 55), “mostra que Alice, quando atravessa o bosque onde as coisas não
têm nome, é incapaz de apreender os objetos em torno dela, não sabe o que eles são. Isso significa que a
realidade só tem existência para as pessoas quando é nomeada. Os signos são assim, uma forma de
apreender a realidade".
 
A obra de Saussure privilegia o signo verbal (signo, significante e significado), enquanto a de Peirce valoriza
os signos não verbais (índice, ícone e símbolo).
 
Você sabe o que é a semiologia?
 
É chamada de semiologia ou semiótica a ciência geral dos signos.
 
O primeiro termo foi utilizado por Ferdinand de Saussure (1857-1913), um famoso linguista suíço; o segundo,
pelo norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914). Contemporâneos, Saussure e Peirce
desenvolveram seus estudos entre o final do século XIX e o início do XX, sem que um tomasse conhecimento
da obra do outro.
O que há em comum nas imagens abaixo?
Conseguiu descobrir?
Chave de resposta
Todos são signos.
Esses signos, são lidos da seguinte forma:
Vestido de noiva
Representa a cerimônia, o compromisso e o estilo da pessoa que está
usando.
Mini Cooper
Denota o status do usuário, seu estilo de vida e poder aquisitivo.
Bombril
Seu garoto-propaganda, Carlos Moreno, tornou-se um ícone (representação
visual) da marca e de sua mensagem: ”mil e uma utilidades”.
Filme: ET – O extraterrestre
Um ícone dos anos 1980, este filme se tornou um clássico.
The Beatles
Banda fundamental em toda a história do rock.
Cadeira Bertoia
Clássico do desenho industrial e das cadeiras de escritório.
A semiótica de Charles Peirce
A semiótica de Peirce nos ajuda a pensar a
linguagem visual e imagética. Seu objeto de
estudo é o signo, que pode ser definido como o
estímulo portador da mensagem ou do
fragmento dela. Ele, portanto, representa algo
para alguém sob algum determinado prisma.
Sendo assim, o signo pode se apresentar
das mais variadas formas. Trata-se de uma
coisa de qualquer espécie que representa
algo. Aquilo que é representado pelo signo é chamada de objeto. Assim, pode-se dizer que, quando
posto no lugar do objeto, ele produz um efeito interpretativo em uma mente real ou potencial.
“O mundo está cheio de signos”, lembrou-nos Roland Barthes (1985, p. 178), “mas esses signos não têm todos
a bela simplicidade das letras do alfabeto, das tabuletas do código de trânsito ou dos uniformes militares: são
infinitamente mais complicados”.
 
Peirce (1990) listou três tipos de signos ou modos dessa mediação dos significados:
Ícone
Existe aqui uma relação de semelhança entre o signo (que é a representação do objeto) e o objeto em
si. Ou seja, há uma relação icônica entre o signo e o seu significado.
Exemplos: fotos, onomatopeias, desenhos etc. Os ícones dependem de alguma forma de questões
culturais. Para se conectar com a ideia que representam, eles fazem uso de formas, cores, texturas,
sons e assim por diante.
Índice
Pode ser definido como uma parte a representar um todo adquirido anteriormente por meio de
experiência subjetiva ou herança cultural. Nessa categoria de signo, existe uma relação de
causalidade sensorial indicando seu significado. Como o próprio nome já diz (indício), tira-se, por
meio dele, alguma conclusão.
Exemplos: biquíni e óculos de sol podem ser um índice de praia.
Símbolo
Não existe no símbolo uma forte relação de semelhança entre o signo e o significado. Ele é, portanto,
abstrato, enquanto a relação de um com o outro é dada por meio de uma convenção. Como na
relação grafofonêmica das línguas, a escrita mapeia a fala, sendo puramente convencionada. No
entanto, os símbolos não são necessariamente referentes a línguas, como, por exemplo, um símbolo
de um time de futebol.
Portanto, para Peirce (1990), o signo é uma representação parcial do objeto e comunica algo externo,
informando parte do objeto que representa sem ser idêntico a ele.
O signo é uma abstração dos aspectos do objeto.
Ele pode até mesmo ser fictício ou ter mais de um significado. Nenhum signo é completo, porque ele
está sempre referenciado a algo.
Todas essas relações podem ser aplicadas a diferentes domínios do design, fazendo de suas produções
“signos complexos que constroem e desconstroem os sistemas de significação”, ponderam Nojima e Almeida
Jr. (2010, p. 10).
Agora exercite seu olhar!
Escolha algumas peças publicitárias e analise o que seus
signos, ícones ou símbolos querem dizer. Qual é a relação
do que está estampado ali com o recado, ou seja, a
mensagem que se quer passar?
Composição visual na prática
Entenderemos neste vídeo a relação dos elementos da imagem na composição fotográfica
Conteúdo interativo
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Assinale a afirmativa incorreta.
A
Plano, linha e ponto são alicerces do design.
B
Por ser visual, a cor não permite interpretações culturais.
C
Há estudos de psicologia da cor que tentam fazer a associação a determinadas emoções.
D
Volume é um espaço vazio definido por superfícies, linhas e pontos.
E
Variações de cor com intervalos regulares produzem escalas.
A alternativa B está correta.
A cores apresentam uma interpretação cultural. No Ocidente, por exemplo, o branco é associado à paz e à
tranquilidade, assim como a casamentos, enquanto, para o Budismo, é associado ao luto.
Questão 2
Qual é a importância das teorias dos signos para a composição visual?
A
Alertar para o uso de símbolos arbitrários culturalmente restritivos.
B
A composição visual não tem de se preocupar com códigos para que sua produção seja livre. A criação deve
se pautar em estética, e não em processos mentais.
C
A composição visual se preocupa com as possibilidades de significado de uma imagem ou peça produzida e
pode se orientar pela teoria dos signos.
D
A teoria dos signos trata de representações; logo, ela só pode ser usada depois da produção de uma peça.
E
É impossível compor peças visuais sem a teoria da associação.
A alternativa C está correta.
Os signos são a forma de apreender a realidade. Qualquer produção visual envolve significação,
especialmente uma produção motivada, como, por exemplo, a composição visual.
3. Percepção e composição visuais
Ritmo e equilíbrio
Agora que você conhece um pouco da história da comunicação visual e dos conceitos fundamentais para ler e
interpretar imagens, passaremos aos conceitos e às regras que tratam da composição visual propriamente.
 
Falaremos em especial da teoria da Gestalt, que partiu de pesquisas experimentais da psicologia para
entender a percepção humana. Nesse sentido, verifica-se uma busca do corpo ou do cérebro pelo equilíbrio e
por sua restauração.
Pare e reflita!
O equilíbrio é uma condição humana: precisamos dele para
ficar em pé e andar, descrevem Ellen Lupton e Jeniffer Cole
Phillips (2008). Essa relação intuitiva nos capacitou a
perceber o equilíbrio ou o desequilíbrio em tudo à nossa
volta, mesmo em relação a sentidos, sensações e
sentimentos.
O equilíbrio, segundo Lupton e Philips (2008, p. 29), “age como uma baliza para a forma — ele
ancora e ativa elementos no espaço”.
Já reparou que a desarmonia em um projeto mal resolvido nos prende o olhar?
 
Isso ocorre porque a proporção e a localização dos elementos estão ruins: grandes demais, apertados demais
ou desalinhados.
 
O equilíbrio visual acontece quando o peso de
uma ou mais coisas está distribuído igual ou
proporcionalmente no espaço. Os objetosgrandes são um contraponto aos pequenos; os
escuros, aos claros – e assim em diante.
Ainda segundo Lupton e Phillips (2008), o ritmo
é um padrão forte, constante e repetido, como
o toque dos tambores, o cair da chuva e os
passos no chão. Um discurso, uma música, uma
dança: todos o empregam para expressar uma
forma no tempo.
 
Portanto, os designers gráficos usam o ritmo na construção de imagens estáticas, bem como em livros,
revistas e imagens animadas que possuam uma duração e uma sequência. O design de padronagem tende a
empregar uma repetição contínua, mas a maioria das formas no design gráfico busca ritmos pontuados por
mudanças e variações.
Equilíbrio 
Equilíbrio e harmonia.
Desequilíbrio 
Desequilíbrio e desarmonia.
Pulsação e ritmo.
O equilíbrio e o ritmo trabalham em conjunto para criar peças de design que pulsem, atingindo estabilidade e/
ou surpresa.
Simetria e assimetria
Simetria
É um arranjo de forma e/ou distâncias idênticas. Segundo a definição de
Christian Leborg, são simétricos os objetos arranjados de forma idêntica
nos dois lados de um eixo. Esse eixo e essa simetria podem ser
horizontais, verticais ou diagonais: o que importa é o “espelhamento” da
forma. A simetria em um corpo ajuda a gerar equilíbrio.
Assimetria
Já os projetos assimétricos tendem a ser mais dinâmicos que os
simétricos. O equilíbrio assimétrico é alcançado colocando objetos
contrastantes em contraponto um com outro. O conjunto desenhado
acima é assimétrico, mas note que os quadrados da esquerda são
simétricos.
Proximidade: unidade X desagregação
A imagem de sinais ou de elementos agrupados depende do espaço que os une ou separa.
Unidade e desagregação.
O que podemos notar na observação das imagens acima?
 
 
Elementos vizinhos e agrupados são compreendidos como um todo em oposição àqueles dispostos em
intervalos maiores, os quais, por sua vez, são interpretados como uma separação. Essas relações entre
“preenchimento” ou imagem e vazio criam associações internas que comunicam e geram sensações e
sentimentos.
 
Como defende Samara (2007), os alinhamentos entre massas e vazios estabelecem ligações ou separações
visuais entre eles. Ao quebrar o espaço no campo da composição, o designer estimula e envolve o
observador.
Por que vemos o que vemos? (Teoria da percepção da
forma)
Para respondermos a tal pergunta, estudaremos a Gestalt, também conhecida como gestaltismo ou teoria da
forma. Ela surgiu da psicologia experimental na Alemanha e na Suíça no fim do século XIX.
 
O movimento gestaltista:
1
Atuou no campo da teoria da forma, contribuindo nos estudos de percepção visual, linguagem,
inteligência, aprendizagem, memória, motivação, conduta exploratória e dinâmica de grupos sociais.
2
Esta teoria, como podemos verificar, sugere o porquê de algumas formas agradarem mais do que
outras, opondo-se ao subjetivismo. A psicologia da forma se apoia na fisiologia do sistema nervoso ao
procurar explicar a relação entre sujeito e objeto no campo da percepção.
3
O termo “Gestalt” significa uma integração de partes em oposição à soma do todo. Pode ser traduzido
com o sentido de estrutura, figura e forma. Em design, a palavra sugere o termo “boa forma”.
4
A fundamentação teórica da Gestalt parte deste entendimento: o que acontece no cérebro não é
idêntico ao que ocorre na retina. A primeira sensação já é de forma, sendo global e unificada. Depois
que você percebe uma forma, nunca mais consegue não a ver.
A ilusão de ótica é um bom exemplo disso:
Ilusão de ótica.
Por que a ilusão de ótica acontece?
 
 
Essa ilusão vinda do olhar só acontece porque vemos relações. A excitação cerebral se processa em relação
ao grupo de três figuras e ao grid, assim como às relações dessas partes no todo. Uma parece maior se
comparada à outra por conta da dependência da sua posição dentro do ângulo.
My wife and my mother in law, de W. E. Hill, 1915.
 
A imagem que nossa retina registra precisa ser
decodificada pelo nosso cérebro; se não fosse
assim, nós a veríamos invertida. A máquina
fotográfica mecânica capta a imagem da
mesma forma.
Esse processo de decodificação implica outras
leituras e funcionamentos.
Vejamos outro exemplo de ilusão de ótica:
 
Ele é chamado de ilusão das setas ou ilusão de Müller-Lyer (o psiquiatra alemão que a desenvolveu). A linha
superior parece maior que a inferior em função de sua relação com as setas.
Também por não vermos partes isoladas, e sim relações, as linhas oblíquas não parecem paralelas pela tensão
que há entre as verticais e horizontais, assim como não fazemos distinções entre o branco, o preto e o cinza.
 
William Ely Hill (1887–1962)
 
Trata-se de uma das mais conhecidas ilusões
de ótica do mundo. Nela, pode-se ver uma
jovem virando o rosto ou o perfil de uma
senhora. A dica para quem não consegue
enxergar a senhora é que o colar da jovem e a
boca da anciã.
Todo processo de percepção e toda forma
(psicologicamente) percebida estão
relacionados com as forças integradoras do
processo fisiológico cerebral. Podemos pensar
nas busca de equilíbrio anteriormente citada.
 
Essas organizações da percepção são espontâneas e independem da nossa vontade e de qualquer
aprendizado. O mundo que percebemos é o resultado da relação entre as propriedades do objeto observado e
a natureza do indivíduo que o observa.
Assim, segundo os princípios da Gestalt, a visão não é um registro mecânico de elementos, e sim a
captação das estruturas significativas, o que, como já apontamos, envolve a experiência.
Vejamos outras obras que remetem à ilusão de ótica:
Tudo é vaidade, 1892. Tesselação hexagonal com animais:
estudo da divisão regular do plano com
répteis, 1939.
Princípios básicos da Gestalt
Nas pesquisas da Escola Gestalt, foram percebidas algumas constantes nas regras de percepção ao se
verificar a maneira como se ordenam ou se estruturam as formas psicologicamente percebidas.
 
Os princípios que regem as forças internas das imagens são como leis de organização da forma perceptual.
Analisaremos alguns princípios e forças seguir:
Forças de segregação e unificação
 
As de segregação agem em virtude da desigualdade de estimulação. Elas costumam promover hierarquias de
importância ou de ordem de percepção e leitura. Já as de unificação comportam-se em virtude da igualdade
de estimulação: vários elementos podem ser percebidos como uma unidade.
Fechamento
 
Tem a ver com a unificação. É a “produção” de contornos ou de impressão de continuidade em que, na
verdade, falta um preenchimento.
Exemplo de fechamento.
Proximidade
 
Dois ou mais elementos próximos são percebidos como uma unidade, enquanto os afastados são notados
como os diferentes.
Exemplo de proximidade.
Similaridade ou semelhança
 
Dois ou mais elementos com atributos similares de tipografia, cor, tamanho e posição, entre outros elementos,
são percebidos em conjunto e tendem a ser agrupados. Já os que possuem atributos diversos são notados
como diferentes.
Exemplo de similaridade ou semelhança.
Devemos tomar cuidado, pois isso afeta diretamente a legibilidade e a compreensão. Trata-se de um problema
comum, por exemplo, na criação de marcas quando um elemento gráfico é inserido em substituição a uma
letra. Isso pode ser feito, mas é preciso avaliar até que ponto.
Alinhamento
 
Em um conjunto de textos e elementos gráficos, os diferentes alinhamentos possíveis geram diversas formas
de organização e tensões distintas. Basicamente, temos estruturas alinhadas à esquerda, centralizadas,
alinhadas à direita ou blocadas (alinhadas simultaneamente à esquerda e à direita).
Relação entre figura e fundo
 
Tal relação preconiza uma clareza na separação entre esses dois elementos. Quando isso não ocorre, torna-se
difícil distinguir o que é figura e o que é fundo, como acontece no clássico desenho do vaso de Rubin (criado
pelo psicólogo dinamarquês Edgar Rubin).
Vaso de Rubin.
O que é fundo pode também ser figura: não é fácil definir um e outro. Se nos concentrarmos na taça, ela será
a figura; porém, seolharmos mais o seu entorno, os rostos se tornarão a figura e o centro, o fundo. Não é
possível ver as duas imagens (taça e rostos) ao mesmo tempo.
Continuidade
 
Elementos dispostos em linha reta ou curva tendem a ser percebidos como contínuos.
Peso visual e hierarquia
Outros princípios importantíssimos na composição visual são o peso visual e a hierarquia. Em uma
composição, temos um equilíbrio visual que é intuitivo, mas perceptível. Ele decorre da organização dos
elementos visuais, podendo deixar o layout pesado, desequilibrado etc.
 
Mostraremos um exemplo disso a seguir:
Além da organização dos elementos e dos alinhamentos entre textos e elementos, o uso da cor e a
composição tipográfica dos textos podem modificar o equilíbrio ou o peso visual de um trabalho.
Composição visual e publicidade
Acompanharemos neste vídeo uma análise baseada nos princípios de comunicação visual aprendidos.
Composição desequilibrada: 
Peso visual para a esquerda entre o rosto e
garrafa.
Composição equilibrada: 
Boa distribuição do peso visual.
Composição pesada na base: 
Os elementos tipográficos têm pouco
contrate com o fundo e uma tipografia
ilegível, tornando mais visível o acúmulo de
elementos na base.
Composição equilibrada: 
Garrafas descoladas da base, texto
visível, contrastado e com uma cor
próxima a uma do rótulo.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Avalie as considerações a seguir a respeito de composição visual e indique a letra em que haja
apenas alternativas verdadeiras.
I. O equilíbrio é uma baliza para a forma: ele ancora e ativa elementos no espaço.
II. O espaço entre as letras pode gerar agregação ou desagregação.
III. Não há como usar ritmo na comunicação visual.
IV. Não há como perceber figura e fundo ao mesmo tempo.
V. Não existe equilíbrio assimétrico.
A
I, II e III
B
I, II e IV
C
I, II e V
D
II, III e IV
E
II, IV e V
A alternativa B está correta.
O equilíbrio entre os elementos no espaço é importante. Porém, dependendo de como ele seja usado,
poderá ser desagregador. O caso do espaçamento muito grande entre letras, por exemplo, atrapalha a
leiturabilidade da palavra. Quanto ao ritmo, é possível haver, na comunicação visual, a organização de seus
elementos com determinado constância. O equilíbrio assimétrico é possível desde que a assimetria seja
compensada com objetos contrastantes (um maior que o outro, por exemplo, ou com cor mais forte). Por
fim, como os experimentos da Gestalt comprovaram, o homem não consegue perceber figura e fundo ao
mesmo tempo.
Questão 2
Qual dos princípios a seguir não faz parte dos princípios da Gestalt?
A
Princípio de fechamento
B
Princípio de ritmo
C
Princípio de proximidade
D
Princípio de similaridade
E
Princípio figura e fundo
A alternativa B está correta.
Os principais princípios da Gestalt são: fechamento, quando se tem a impressão de contornos em que falta
um preenchimento; proximidade, quando dois ou mais elementos próximos são percebidos como uma
unidade; similaridade, em que elementos com atributos similares são percebidos como conjunto; e, por fim,
figura/fundo, que decorre de não se conseguir focar a figura e o fundo ao mesmo.
4. Conclusão
Considerações finais
A partir de breves apontamentos iniciais sobre marcos da história visual, assim como a indicação das
principais leis da Gestalt, buscamos identificar neste tema a construção de nossa percepção visual, seja com
características inatas, seja por orientações culturalmente construídas.
 
A partir desse contexto, também pudemos conhecer os elementos básicos da gramática visual, como o ponto
e a linha, para capacitar nossa análise acerca de outros elementos mais elaborados – e até mesmo de uma
composição inteira.
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Faça buscas na internet para aprimorar seu conhecimento sobre tipografia, outro elemento importante na
comunicação e na composição visual. Um bom artigo para começar esse aprofundamento está neste site:
 
RALLO, R. Tipografia: como usar um dos pilares do Design Gráfico a seu favor. In: Rock Content. Publicado em:
25 nov. 2020.
 
Eis um livro fundamental para se conhecer e pensar os elementos da imagem:
 
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
Já esta obra do artista plástico russo Wassily Kandisky tem um olhar menos acadêmico sobre tais questões,
embora ele seja mais prático e, ao mesmo tempo, poético:
 
KANDISKY, W. Ponto, linha, plano. Campinas: Edições 70, 2006.
Referências
AMBROSE, G.; HARRIS, P. Fundamentos de design criativo. Porto Alegre: Bookman, 2009.
 
ARNHEIM, R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora — nova versão. São Paulo: Cengage
Learning, 2008.
 
BARTHES, R. A aventura semiológica. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
 
BRINGHURST, R. Elementos do estilo tipográfico (versão 3.0). São Paulo: Cosac & Naify, 2005.
 
CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. São Paulo: Blucher, 2008.
 
CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
 
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 
FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: Blucher, 2004.
 
FIORIN, J. L. Teoria dos signos. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística: objetos teóricos. São Paulo:
Contexto, 2003.
 
HOMEM DE MELLO, C.; RAMOS, E. Linha do tempo do design gráfico. São Paulo: Cosac & Naify, 2012.
 
LUPTON, E. Pensar com tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes. São Paulo: Cosac &
Naify, 2006.
 
LUPTON, E.; MILLER, A. Design, escrita e pesquisa: a escrita no design gráfico. São Paulo: Bookman, 2012.
 
LUPTON, E.; PHILLIPS, J. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac & Naify, 2008.
 
MEGGS, P. B.; PURVIS, A. W. História do design gráfico. São Paulo: Cosac & Naify, 2009.
 
MILLMAN, D. Fundamentos essenciais do design gráfico. São Paulo: Rosari, 2008.
 
NOJIMA, V. L.; ALMEIDA JR., L. Design, comunicação e semiótica: estudos e pesquisas das relações
transversais. Rio de Janeiro: 2AB, 2010.
 
SAMARA, T. Evolução do design. Da teoria à prática. Porto Alegre: Bookman, 2010.
 
SAMARA, T. Grid: construção e desconstrução. São Paulo: Cosac & Naify, 2007.
 
WOJSLAW, E. Reflexões sobre diferentes abordagens do conceito de signo linguístico. In: Uniletras. v. 32. n. 1.
Ponta Grossa. jan./jun. 2010. p. 91-105.
 
VALENTE, A. A linguagem nossa de cada dia. Petrópolis: Vozes, 1997.
	Comunicação e Linguagens Visuais
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Preparação
	Objetivos
	Introdução
	1. Linguagem visual
	O design e a publicidade
	O que são o design e a publicidade?
	Primórdios da comunicação visual: relação mágico-religiosa e registro
	A reprodutibilidade
	A impressão
	Você assistiu ao filme Indiana Jones e a última cruzada?
	O carimbo
	Primórdios da tipografia
	Pedra de Roseta
	Sons de alguns hieróglifos
	Você sabe o que é a coluna de Trajano?
	Saiba Mais
	Manuscritos iluminados
	Iluminura do século XV, Viena, Austrian National Library, 2017.
	Manuscrito iluminado na biblioteca medieval do Mosteiro Strahov, Praga, República Tcheca, 2016.
	Belles heures of jean de berry, de Limbourg Brothers, 1405-1409, pintura francesa, Renascimento do Norte. Uma página de Anunciação de um manuscrito iluminado.
	A impressão chega à Europa — a Prensa de Gutenberg
	Nos séculos XV e XVI
	O Renascimento
	Saiba mais
	Marcos históricos da composição visual
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	As pinturas rupestres já eram uma manifestação da comunicação visual do homem. Que importante princípio do design gráfico estava ausente dessa manifestação?
	Qual das afirmações abaixo a respeito da escrita é falsa?
	2. Gramática visual
	o Ponto – linha – plano: alicerces do design
	O ponto
	A linha
	Dica
	O plano
	Exemplo
	Espaço e volumeQual é a origem da palavra “perspectiva” e qual é seu significado?
	Perspectiva cônica:
	Projeções axonométricas:
	Cor
	A cor...
	Acrescenta
	Facilita
	Codifica
	Exemplo
	As cores e seu simbolismo
	Matiz     >     Fusão do branco com uma cor
	Sombreado     >     Fusão do preto com uma cor
	Tonalidade     >     Fusão do cinza com uma cor
	Gradação de saturação no modelo HSL
	Gradação de saturação no modelo HSV
	Psicologia das cores
	Os signos
	Vestido de noiva
	Mini Cooper
	Bombril
	Filme: ET – O extraterrestre
	The Beatles
	Cadeira Bertoia
	A semiótica de Charles Peirce
	Ícone
	Índice
	Símbolo
	Agora exercite seu olhar!
	Composição visual na prática
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	Assinale a afirmativa incorreta.
	Qual é a importância das teorias dos signos para a composição visual?
	3. Percepção e composição visuais
	Ritmo e equilíbrio
	Pare e reflita!
	Simetria e assimetria
	Simetria
	Assimetria
	Proximidade: unidade X desagregação
	Por que vemos o que vemos? (Teoria da percepção da forma)
	1
	2
	3
	4
	Vejamos outro exemplo de ilusão de ótica:
	William Ely Hill (1887–1962)
	Tudo é vaidade, 1892.
	Tesselação hexagonal com animais: estudo da divisão regular do plano com répteis, 1939.
	Princípios básicos da Gestalt
	Forças de segregação e unificação
	Fechamento
	Proximidade
	Similaridade ou semelhança
	Alinhamento
	Relação entre figura e fundo
	Continuidade
	Peso visual e hierarquia
	Composição visual e publicidade
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	Avalie as considerações a seguir a respeito de composição visual e indique a letra em que haja apenas alternativas verdadeiras.I. O equilíbrio é uma baliza para a forma: ele ancora e ativa elementos no espaço.II. O espaço entre as letras pode gerar agregação ou desagregação.III. Não há como usar ritmo na comunicação visual.IV. Não há como perceber figura e fundo ao mesmo tempo.V. Não existe equilíbrio assimétrico.
	Qual dos princípios a seguir não faz parte dos princípios da Gestalt?
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore+
	Referências

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