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Material elaborado por Iara Fernanda, a fim de revisar conteúdo programado para avalição prática de laboratório do 4º período de Medicina. – Plágio e compartilhamento sem consentimento é crime! LABORATÓRIO DA JESSICA Observar as características histológicas glomerulares na glomerulonefrite pós- estreptocócica (GNPE) Estudar os achados presentes na síndrome nefrítica e nefrótica DOENÇAS GLOMERULARES Para entender a histopatologia, primeiramente precisamos identificar a lâmina de um glomérulo saúdavel. - MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO DE LESÃO E DOENÇA GLOMERULARES A fisiopatologia das Glomerulonefrites (GN) é iniciada com a deposição de anticorpos na membrana basal glomerular (MBG) por meio de vários mecanismos (figura 12.2): (1) deposição subendotelial ou subepitelial de complexos antígeno-anticorpo circulantes; Os rins, por filtrarem o sangue do corpo todo, acabam sendo depósitos de imunocomplexos circulantes do organismo, a exemplo de doenças autoimunes como o Lúpus eritematoso ou após infecções bacterianas, virais ou parasitárias, (2) anticorpos que se ligam a moléculas extrínsecas presentes no glomérulo ou antígenos glomerulares intrínsecos dispersos, levando à formação in situ de imunocomplexos; e (3) anticorpos anti-MBG que se ligam a antígenos intrínsecos da MBG continuamente distribuídos. A GN mediada por anticorpo resulta da deposição glomerular de autoanticorpos direcionados contra as proteínas componentes da MBG. Ex.: Doença de Goodpasture. A deposição de imunocomplexos ou de anticorpos inicia a inflamação mediada pelo complemento e/ou pelo receptor Fc e a ativação de leucócitos, o que resulta na lesão glomerular que é característica da nefrite (síndrome nefrítica) Em alguns casos, os anticorpos ou os imunocomplexos alteram significativamente a permeabilidade da barreira glomerular e causam a síndrome nefrótica, mesmo sem inflamação manifesta. DISTÚRBIOS QUE SE MANIFESTAM COM A SÍNDROME NEFRÓTICA Primeiro, devemos entender que a síndrome nefrótica NÃO É A DOENÇA, mas sim o conjunto de sinais e sintomas secundárias a uma doença subjacente no paciente. Nos casos em adultos, geralmente a síndrome nefrótica é secundária ao diabetes, à amiloidose e ao lúpus eritematoso sistêmico e outras doenças relacionadas a doenças glomerulares discutidas a seguir. Doença de lesões mínimas – É um distúrbio relativamente benigno, caracterizada a causa mais frequente de Síndrome Nefrótica em crianças. Patogênese: a principal hipótese é que as moléculas circulantes lesionam os podócitos e causam proteinúria. Costuma ter aparência normal à microscopia óptica. - Doenças de lesões mínimas. Note que o glomérulo apresenta aspecto saudável. Não apresenta depósitos de anticorpos. A única anormalidade morfológica glomerular é a supressão difusa dos processos podais dos podócitos – traduzindo para o português, os “pezinhos” dos podócitos estão achatados e fundidos só vistos pela Microscopia eletrônica. Glomerulosclerose Segmentar Focal - A glomerulosclerose segmentar focal (GESF) é caracterizada por esclerose de alguns (mas não todos) glomérulos (focais) que envolve apenas uma parte de cada glomérulo afetado (segmentar). Patogênese - A lesão aos podócitos é provavelmente o evento iniciador de GESF primária. A lesão pode manifestar-se inicialmente como uma fusão do processo podal associada a maior permeabilidade glomerular e pode progredir para a perda de podócitos e do diafragma de fenda. - Glomerulosclerose segmentar focal (GESF). A. Vista em pequeno aumento mostrando esclerose focal envolvendo um dos três glomérulos (seta). B. Envolvimento de um segmento de um glomérulo com esclerose e depósito hialino (seta). Nefropatia Membranosa - A nefropatia membranosa caracteriza-se por depósitos subepiteliais de complexos antígeno-anticorpo ao longo da MBG. Geralmente, apresenta-se nos adultos entre 30 e 60 anos e segue um curso indolente e lentamente progressivo. Patogênese - A nefropatia membranosa primária é uma doença autoimune em que autoanticorpos formam imunocomplexos in situ, geralmente com antígenos glomerulares endógenos. Achados histológicos - espessamento difuso da parede do capilar causado por depósitos subepiteliais entre a MBG e as células epiteliais; depósitos granulares de imunoglobulinas e complemento ao longo da MBG; os podócitos mostram uma supressão dos processos podais. Glomerulonefrite Membranoproliferativa - é um padrão de lesão glomerular caracterizada pelo espessamento da MBG e pela hipercelularidade mesangial. Patogênse - pode ser causada pela deposição de imunocomplexos circulantes ou pela formação de imunocomplexo in situ com um antígeno plantado com ativação das vias clássica e alternativa do complemento. Achados histológicos - os glomérulos são grandes e mostram uma hipercelularidade causada pela proliferação de células mesangiais, células endoteliais dos capilares e leucócitos infiltrantes; A MBG está espessada, e a parede do capilar glomerular muitas vezes mostra um duplo contorno ou a aparência de “trilho de trem”. DISTÚRBIOS QUE SE MANIFESTAM COM A SÍNDROME NEFRÍTICA As doenças glomerulares que se manifestam com a síndrome nefrítica geralmente estão associadas a uma significativa inflamação nos glomérulos que danifica as paredes do capilar e leva ao extravasamento de hemácias (hematúria) e à diminuição da TFG, o que resulta em oligúria e azotemia. Glomerulonefrite pós-infecciosa aguda - A GN pós-infecciosa aguda caracteriza-se pela deposição glomerular de imunocomplexos que resulta em inflamação e dano aos glomérulos. O padrão clássico é visto na GN pós-estreptocócica. Patogênese - A GN pós-infecciosa é causada pela deposição glomerular de imunocomplexos, que consistem em antígenos microbianos e anticorpos específicos, resultando em ativação do complemento pela via clássica e subsequente inflamação. Nas crianças, muitas vezes ocorre após a infecção causada por certas cepas “nefritogênicas” de estreptococos beta- hemolíticos. Achados histológicos - aumento da celularidade dos tufos glomerulares que afeta quase todos os glomérulos – de onde provém o termo GN difusa. O aumento da celularidade é causado pela proliferação de células endoteliais e mesangiais e por neutrófilos e monócitos infiltrantes. - Glomerulonefrite pós-estreptocócica aguda nota-se que os glomérulos com GNDA são maiores e mais celulares que os correspondentes normais. O espaço de Bowman é comprimido pelo maior volume dos tufos capilares. O aumento da celularidade se deve não só à proliferação das células glomerulares, mas também à infiltração por neutrófilos, atraídos pela fixação do complemento, conseqüente à deposição de imunocomplexos. Glomerulonefrite Proliferativa Difusa - Na glomerulonefrite difusa crônica, a histologia revela alterações significativas nos glomérulos e no tecido renal circundante. A doença é caracterizada pela presença de cicatrização glomerular, dilatação tubular cortical, fibrose intersticial (hielinização), infiltração intersticial por células inflamatórias e arteriosclerose. A análise histológica pode revelar diferentes graus de cicatrização glomerular, além de alterações como espessamento da membrana basal (glomeruloesclerose), depósitos de complexos imunes e perda dos processos podais Síndrome nefrítica x Síndrome Nefrótica Parâmetros Nefrítica Nefrótica Quadro clínico Edema Hipertensão Hematúria Edema Hipoalbuminemia Proteinúria EAS Hematúria Cilíndros hemáticos Proteinúria Cilíndros hialinos Complemento sérico Baixo Normal Antecedente estreptocócico Sim Não Fisiopatologia Hipervolemia Hipovolemia Recidivas Não Sim Tratamento Diurético Corticoesteróides CASO CLÍNICO João, 8 anos, previamente saudável, é levadopela mãe ao pronto atendimento por apresentar inchaço nas pálpebras há três dias, que piora pela manhã e agora atinge também os tornozelos, associado a diminuição do volume urinário e urina escura tipo “Coca-Cola”. Refere também dor de cabeça e mal-estar. A mãe relata que há 15 dias ele teve dor de garganta com febre, sem tratamento. No exame físico, João estava pálido, sonolento, com edema periorbital e maleolar bilateral, PA de 130/90 mmHg, FC 90 bpm, FR 20 irpm, afebril, murmúrio vesicular bem distribuído, sem ruídos, bulhas cardíacas normais e abdome flácido e indolor. O EAS mostrou hematúria macroscópica, proteinúria leve e cilindros hemáticos. Função renal alterada (ureia 68, creatinina 1,1), C3 baixo, C4 normal e ASLO elevado. QUAL HIPÓTESE DIAGNÓSTICA¿ CASO CLÍNICO 2 Lucas, 5 anos, previamente saudável, chega ao pronto atendimento por inchaço há 5 dias, começando nas pálpebras ao acordar e, nos últimos dias, evoluindo para edema em membros inferiores, região sacral e aumento abdominal (ascite). A mãe também percebeu que ele está mais cansado, pálido e urinando pouco, porém sem febre, sem dor, sem alterações na urina visíveis a olho nu. No exame físico, estava sonolento, hipoativo, pálido, com edema periorbital, edema em membros inferiores, ascite e até discreto edema escrotal. PA de 90/60 mmHg (normal- baixa), FC 100 bpm, FR 24 irpm. Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações, abdome globoso, com piparote positivo, porém indolor. Exames mostraram proteinúria maciça (++++), albumina sérica de 1,8 g/dL (bem baixa), colesterol total de 310 mg/dL (hiperlipidemia), sem hematúria, função renal preservada. Complemento (C3 e C4) normal. QUAL HIPÓTESE DIAGNÓSTICA¿ PATOLOGIA DA PLACENTA, DO FETO E DA GRAVIDEZ Avaliar restos ovulares Conhecer os achados macroscópicos e macroscópicos da mola hidatiforme. ASPESCTOS DA NORMALIDADE A placenta, de forma geral, tem estrutura discoide. Seu peso varia conforme a idade gestacional e de alguns fatores externos, como o momento da ligadura do cordão umbilical. A parte fetal, é o ponto onde ocorre a inserção do cordão umbilical. Essa região é azulada e revestida por duas membranas – âmnio e córion -,que se refletem nas margens da placenta para formar as membranas ovulares. Na normalidade, o amnio é fino, liso e transparente, deixando à vista os vasos coriônicos, ramos dos vasos umbilicais que partem do ponto de inserção do cordão umbilical. A superfície materna, que fica em contato com o leito de implantação no útero, é vermelho-vinhosa e devidida em lóbulos ou cotilédones, separados por sulcos que se continuam em septos no parênquima viloso. Figura 1 - Representação esquemática da placenta. Os vasos umbilicais dão origem aos vasos coriônicos, que se estendem pelo prato coriônico e se bifurcam para originar os vasos das vilosidades. Os capilares formam as membranas sinciciovasculares, que são as unidades funcionais da placenta e onde ocorrem as trocas metabólicas. CU: cordão umbilical; A: âmnio; CC: camada coriônica; PC: placa coriônica; EIV: espaço interviloso; S: septo; PB: placa basal; M: miométrio. - Aspecto macroscópico da face fetal placentária, que está recoberta pelo âmnio fino, liso e transparente. - Superfície materna, note que ela possui “grumos” bem delimitados, chamamos isso de cotilédones. A parte mais importante do parênquima placentário é a placa vilosa, constituída pelas vilosidades coriônicas, ramificações em forma de arvores que partem do córion e, por isso, são chamados de córion vilosos ou frondoso. Ao longo da gestação essas vilosidades – ou também chamadas vilos – vão se modificando e é isso que vamos aprender agora. No primeiro trimestre, os vilos são grandes e constituídos por estroma frouxo, contendo vasos de luz estreita e revestidos por DUAS camas de trofoblasto: a interna, contínua, formada de citotrofoblasto, e a externa, o sinciciotrofoblasto. Algumas vezes, os núcleos das células Figura 1 sinciciotrofoblastos formam agrupamentos chamados brotamentos placentários. E também podem ser visualizadas as células de Hofbauer (são fagócitos presentes no âmnio e no córion). Ao longo da gravidez, esses vilos ficam cada vez menores, com estroma mais escasso e mais denso, nos quais as células de Hofbauer são menos visíveis. No segundo trimestre, os capilares tornam-se periféricos, ao mesmo tempo em que o revestimento trofoblástico se adelgaça por causa da redução progressiva das células do citotrofoblasto Aspectos histológicos das vilosidades coriônicas nos primeiro (A), segundo (B) e terceiro (C) trimestres de gestação. Em A, a seta indica um nó sincicial ou brotamento placentário. Mas o que é esse tal sinciciotrofoblasto, citotrofoblasto¿¿¿ Essas duas camadas de células formam uma fina camada que reveste os capilares sanguíneos (as famosas vilosidades trofobláticas). A seta 3 indica a camada externa do trofoblasto: o sinciciotrofoblasto. Já a seta 2 é a camada interna, o citotrofoblasto. Lembre-se que a junção dessas duas camadas é o que chamamos de vilosidades coriônicas. Ao longo dos meses da gestação, o citotrofoblasto vai desaparecente e o sinciciotrofoblasto fica sozinho e até pode se modificar em brotamentos placentários. O Número 5 indica o lúmen de um dos capilares sanguíneos fetais. Na imagem abaixo, nos representa a diferença da placenta materna para a fetal. Onde na materna identificamos os cotilédones, enquanto na parte fetal identificados as vilosidades coriônicas. a – parte materna; b – parte fetal; c – lago placentário (ocupado por sangue materno); 1 – células deciduais (essas células que sofrem a reação de Arias-Stella*). *é uma alteração benigna no endométrio, que ocorre em reposta à presença de tecido coriônico ou a certos medicamentos hormonais. É caracterizado por células epiteliais glandulares maiores, com núcleos irregulares e hipercromáticos (mais escuras). DOENÇA TROFOBLÁTICA GESTACIONAL Mola Hidatiforme Completa – Resultado de erro da fertilização em que um óvulo “vazio”, desprovido de genoma, é fecundado por um espermatozoide haploide (n=23 X). O mais comum é, em 75% dos casos, o espermatozoide duplique o seu DNA, tornando 46 XX. Em 20 a 25%, o que ocorre é a fecundação do óvulo vazio por DOIS espermatozoides e resulte em molas com cariótipo 46 XX ou, mais raro ainda, 46 XY. Assim, a mola completa é um produto da concepção de constituição androgenética ou diândrica, ou seja, possui cromossomos derivados apenas do lado paterno. O embrião regride precocemente (embrião ausente) e a placenta sofre transformação progressiva, difusa e característica, na qual as vilosidades coriônicas mostram: (a) edema do estroma, com acúmulo de líquido e formação de vesículas; (b) desaparecimento dos vasos sanguíneos; (c) proliferação trofoblástica circunferencial, com atipias nucleares acentuadas. O quadro clínico caracteriza-se por hemorragia vaginal, distensão anormal do útero e, não raramente, eliminação de vesículas. Hiperêmese, ovários policísticos e pré-eclâmpsia, associados a níveis elevados de β-hCG também podem fazer parte do quadro clínico. A ultrassonografia é importante no diagnóstico, assim como a dosagem periódica do β-hCG, cujos níveis tendem a cair dentro de algumas semanas após a evacuação do conteúdo uterino. Achados morfológicos da mola hidatiforme completa (MHC) – Macroscopicamente, tem um aspecto de “cacho de uva”, uma massa composta de vesículas de parede delicada e conteúdo líquido claro, como na imagem abaixo: A. Numerosas vesículas ligadas a finas hastes (troncos vilosos), conferindo à massa aspecto de cacho de uva. Microscopicamente, encontram-se vilosidades coriônicas edemaciadas e avasculares ou contendo poucos vasos sanguíneos. O edema intenso do estroma forma cavitações centrais (cisternas) nas vilosidades,transformando-as nas vesículas vistas a olho nu. O edema é causada pela falta de vascularização, o que impede que todo esse líquido seja filtrado, e quanto menor a drenagem, maior o edema. Em fase precoce (6 a 8 semanas de gestação), as alterações são menos acentuadas: edema pouco pronunciado, estroma abundante e mixoide, fibroblastos evidentes, vasos delgados, cariorre e proliferação trofoblástica discreta. B. Aspecto microscópico mostrando vilosidades volumosas e avasculares, com cisternas centrais e trofoblasto proliferado. C. Proliferação trofoblástica. Restos ovulares (HE, menor aumento). Vilosidade volumosa que evidencia hiperplasia circunferencial do trofoblasto e lacunas estromais, compatíveis com mola completa. A maior complicação de Mola hidatiforme completa é a malignização para coriocarcinoma (câncer do cório). Mola hidatiforme parcial (MHP) – surge em casos de triploidia, que resulta de erro de fertilização por mecanismos diferentes: (a) dispermia (fertilização de um óvulo por dois espermatozoides), o mais comum; (b) fertilização de um óvulo haploide por um espermatozoide diploide; (c) fertilização de um óvulo diploide por um espermatozoide haploide. Nos dois primeiros casos, ocorre diandria (predomínio do genoma paterno) e, no terceiro, diginia (predomínio do genoma materno). Na MHP a placenta é volumosa e apresenta vesículas com parede fina e conteúdo claro, semelhantes às observadas na mola hidatiforme completa, embora tais alterações sejam menos pronunciadas. A MHP pode ser distinguida morfologicamente da MHC pelos seguintes elementos: (a) embrião ou feto geralmente presente na MHP, com anomalias diversas e alguns aspectos característicos, como membros finos e sindactilia entre o terceiro e o quarto quirodáctilos; (b) a proliferação trofoblástica na MHP é mais discreta e não tem atipias: (c) as vesículas na placenta não são tão evidentes como na MHC, com distribuição focal ou difusa; (d) as vilosidades mostram hidropisia variável e têm contornos irregulares, com frequentes pseudoinclusões trofoblásticas estromais; (e) as vilosidades são aparentemente normais. O risco de evoluir para coriocarcinoma é menor na MHP (aproximadamente 1%) do que na MHC. Corte histológico mostrando vilos normais e vilosidades hidrópicas, evidenciando uma mola parcial. Na mola parcial as alterações são mais leves: só algumas vilosidades são edemaciadas, a proliferação trofoblástica é focal, pode haver formação de embrião (não viável) e a transformação em coriocarcinoma é rara. Além da existência de feto anormal e dos aspectos morfológicos citados, o elemento que pode distinguir a MHC da MHP é o cariótipo. Em geral, a MHP é triploide (69 XXY ou 69 XXX), com predomínio do componente paterno (triploidia diândrica) ou materno (triploidia digênica); na grande maioria dos casos, a MHC é diploide, quase sempre 46 XX e, ocasionalmente, 46 XY. QUESTÕES Estação 1 – Avaliação de Restos Ovulares Cenário: Você está na sala de histopatologia ginecológica. Foi entregue a você uma amostra proveniente de curetagem uterina após um quadro de aborto incompleto. Material disponível: Pote com material enviado para análise. Pinça anatômica. Lâmina com corte histológico (opcional). Pergunta: Com base na análise macroscópica, descreva dois critérios para identificar restos ovulares no material. Resposta esperada: Presença de vilosidades coriônicas visíveis, esbranquiçadas, gelatinosas. Presença de membranas ou fragmentos deciduais, às vezes associados a coágulos. Estação 2 – Mola Hidatiforme – Achados Macroscópicos Cenário: Material proveniente de esvaziamento uterino de uma paciente com suspeita de mola hidatiforme. Material disponível: Pote com o material uterino. Pinça. Pergunta: Descreva os achados macroscópicos característicos de uma mola hidatiforme. Resposta esperada: Presença de vesículas translúcidas, semelhantes a cachos de uva ou pequenas bolhas, de tamanhos variados, sem embrião identificado. Estação 3 – Mola Hidatiforme – Achados Microscópicos Cenário: Analisando lâmina histológica de uma paciente com suspeita de mola hidatiforme. Material disponível: Lâmina histológica. Microscópio. Pergunta: Cite dois achados histopatológicos típicos da mola hidatiforme completa. Resposta esperada: Edema hidrópico generalizado das vilosidades coriônicas. Ausência de embrião e proliferação trofoblástica difusa e circunferencial. Estação 4 – Diferenciar Tipos de Mola Cenário: Foram disponibilizadas imagens de lâminas de mola completa e parcial. Material disponível: Duas lâminas ou fotos representativas (mola completa X mola parcial). Pergunta: Cite uma diferença histológica entre mola hidatiforme completa e parcial. Resposta esperada: Na mola completa, todas as vilosidades estão edemaciadas e há proliferação trofoblástica difusa. Na mola parcial, há mistura de vilosidades edemaciadas e normais, presença de embrião ou tecido fetal, e a proliferação trofoblástica é focal e menos exuberante. DOENÇAS DAS MAMAS Conhecer a biópsia da mama e suas principais alterações benignas e\ou malignas Discutir sobre imuno-histoquímica no CA de mama e graduação de Nottingham. ASPECTOS DA NORMALIDADE A mama é uma glândula sudorípara modificada, formada por um sistema de ductos ramificados a partir do mamilo, os quais se estendem radialmente entre o estroma fibroadiposo. O sistema de ductos da mama é dividido em dois componentes: unidade terminal ductolobular (UTDL) e grandes ductos. A UTDL consiste em um lóbulo mamário e um ductolobular terminal, representando a porção secretória. A UTDL conecta-se aos grandes ductos, inicialmente a um ducto subsegmentar, que termina em um ducto segmentar; o conjunto desses ductos reúne-se em um ducto coletor (ou galactóforo), que emerge no mamilo. Entre o ducto segmentar e o coletor, logo abaixo do mamilo, existe uma dilatação fusiforme do sistema ductal conhecida como seio lactífero. A UTDL é a unidade anatomofuncional da mama. Também conhecida como lóbulo mamário, é formada por pequenos dúctulos que se reúnem para formar o ducto terminal, o qual drena para o sistema ductal extralobular. Quando em atividade secretora, como na gravidez e na lactação, os pequenos dúctulos do lóbulo são denominados ácinos. Quando em atividade secretora, como na gravidez e na lactação, os pequenos dúctulos do lóbulo são denominados ácinos. O tecido conjuntivo intralobular é especializado e ricamente celular, com abundante rede de fibras reticulares, finas fibras colágenas e numerosos capilares; tem aspecto frouxo, é desprovido de fibras elásticas e contém número variado de linfócitos, plasmócitos e mastócitos. O tecido conjuntivo extralobular, mais denso e menos celular, origina-se de septos oriundos de uma faixa de tecido conjuntivo denso entre a derme e o estroma mamário. Os ductos e lóbulos são revestidos por dois tipos de células epiteliais, as luminais e as mioepiteliais (Figura 20.3). A camada mais interna é formada por células luminais, que são colunares e têm capacidade de secreção e absorção de fluidos; essas são células epiteliais que expressam ceratinas (especialmente 7, 8 e 18), α-lactoalbumina, outras proteínas relacionadas com o leite (p. ex., HMFG) e receptores para estrogênio. A camada externa ou basal é formada por células mioepiteliais, com morfologia variável, podendo ser arredondadas ou alongadas; ao microscópio eletrônico, mostram diferenciação miofibrilar, o que pode ser comprovado pela positividade para actina à imuno-histoquímica. A divisão da glândula mamária em duas grandes porções (ductos maiores e UTDL) tem grande importância em Patologia, porque algumas lesões afetam predominante ou exclusivamente um desses componentes (Quadro 20.1). Papiloma, ectasia ductal e abscessosubareolar são exemplos de lesões próprias de grandes ductos, enquanto alterações fibrocísticas, hiperplasias epiteliais e a maioria dos carcinomas originam-se na UTDL. O câncer de mama geralmente se inicia nos ductos que transportam o leite para o mamilo (denominado carcinoma ductal) ou dentro dos lóbulos (denominado carcinoma lobular), sendo derivado de células epiteliais encontradas na unidade ducto- lobular terminal. É subdividido em função do local e status de invasividade, podendo ser tubular, lobular, medular, papilar, mucinoso e ductal, invasivo ou in situ. O Carcinoma ductal invasico (IDC) representa o maior grupo entre carcinomas mamários, caracterizados pela formação tubular que invade o parêquima adjascente O carcinoma ductal in situ (DCIS) – apresentam pleonasmo celular. Abaixo está um mapa mental acerca das subclassificações do DCID: a) O tipo cibrifome apresenta menor risco para progressão para carcinoma ductal invasico b) O micropapilar difere do papilar uma que o micro tem células sem núcleo. O tipo micro é o de maior risco para progressão para carcinoma ductal invasivo. O carcinoma lolular in situ (LCIS) é menos comum e considerado marcados de risco aumentado para câncer de mama. As céulas perdem suas c-adeninas e ficam disformes com aspectos lineares. LCIS - Proliferação de células monomórficas frouxamente coesas com núcleos pequenos e uniformes e citoplasma vacuolado claro. O padrão de crescimento é sólido. LCIS - Imagem de baixa potência ilustrando unidades lobulares do ducto terminal, nas quais os ácinos e os ductos intra e extralobulares são preenchidos e distendidos por uma população de células pequenas e uniformes. Síndromes genéticas que aumentam o risco de desenvolver carcinoma ductal in situ e para carcinoma lobular in situ Várias síndromes e mutações genéticas estão associadas a um risco aumentado de desenvolver CDIS: Mutações BRCA1 e BRCA2: Mutações nestes genes aumentam significativamente o risco de ambos carcinoma ductal invasivo e CDIS. síndrome de Li-Fraumeni: Causada por mutações no gene TP53, esta síndrome aumenta o risco de vários tipos de câncer, incluindo o câncer de mama. Síndrome de Cowden: Associada a mutações no gene PTEN, esta síndrome aumenta o risco de benigno e maligno tumores de mama. Síndrome hereditária do câncer gástrico difuso: Causada por mutações no gene CDH1, esta síndrome está associada principalmente ao câncer gástrico, mas também aumenta o risco de câncer de mama lobular, que às vezes pode incluir componentes DCIS. Muitos fatores de risco para LCIS são semelhantes aos estabelecidos para DCIS e carcinoma de mama invasivo A exposição a hormônios provavelmente desempenha um papel na etiologia; a maioria dos LCIS mostra uma forte expressão difusa de ER O risco aumentado de LCIS está associado a um histórico familiar de câncer de mama, biópsia benigna de mama anterior, nuliparidade, idade mais avançada no primeiro parto a termo, idade mais avançada na menopausa e alta densidade mamográfica Em mulheres na pós-menopausa, o risco de LCIS aumenta com o uso de terapia de reposição de estrogênio sem GRAU HISTOLÓGICO DE NOTTINGHAM O grau histológico de Nottingham (ou grau Scarff- Bloom-Richardson modificado) é um sistema que os patologistas usam para avaliar o câncer de mama sob o microscópio. Ele ajuda a determinar a agressividade do câncer e fornece informações importantes para o planejamento do tratamento. O grau é baseado em quão diferentes as células cancerígenas parecem das células mamárias normais e quão rápido elas estão crescendo. Critérios para classificação 1. Formação de túbulos: Isso mede o quanto as células cancerígenas formam estruturas semelhantes às glândulas mamárias normais. Se a maioria das células forma túbulos, o câncer obtém uma pontuação menor. Menos túbulos significam uma pontuação maior. Ou seja, quanto mais semelhante as células cancerígenas se parecerem com as células normais, indica menos malignidade. 2. Pleomorfismo nuclear: Isso descreve o quão diferentes são as células cancerígenas núcleos (a parte da célula que contém o DNA) parecem comparadas às células normais. A pontuação é baixa se os núcleos forem uniformes e semelhantes ao normal. Se forem muito diferentes e irregulares, a pontuação é maior. 3. Contagem mitótica: Isso conta quantas células cancerígenas estão se dividindo ativamente. As células que estão se dividindo passam por um processo chamado mitose e são chamados figuras mitóticas. Um número maior de células em divisão significa que o câncer cresce mais rápido, resultando em uma pontuação mais alta. Questão 1 – Maria, 65 anos, comparece ao ambulatório após notar um pequeno nódulo na mama esquerda durante o autoexame. Realizou mamografia que confirmou a presença de uma lesão de 1,5 cm, sendo indicada biópsia. O exame histopatológico revelou um carcinoma ductal invasivo. Na avaliação microscópica, o patologista descreveu que o tumor apresenta formação tubular em mais de 75% da amostra, os núcleos são pequenos, regulares e pouco pleomórficos, e o número de figuras de mitose é baixo. Com base nesses achados, qual o grau histológico desse tumor segundo os critérios de Nottingham? Questão 2 Joana, 58 anos, percebeu um nódulo endurecido na mama direita durante o banho e procurou atendimento. Na ultrassonografia, a lesão media 2,2 cm e foi submetida à biópsia. O laudo histopatológico identificou um carcinoma ductal invasivo. A análise microscópica mostrou que o tumor apresentava formação tubular em aproximadamente 50% do tecido examinado. Observou-se também que os núcleos eram moderadamente pleomórficos, apresentando variações discretas de tamanho e forma, e o número de mitoses era considerado moderado. Considerando os critérios de Nottingham, determine o grau histológico desse tumor Questão 3 Camila, 40 anos, com história familiar significativa para câncer de mama, apresenta um nódulo de crescimento rápido na mama esquerda, medindo 3,5 cm à palpação. A biópsia revelou carcinoma ductal invasivo. Na análise histológica, observou-se que o tumor apresentava formação tubular inferior a 10%, núcleos muito pleomórficos, grandes, hipercromáticos e de contornos irregulares, além de alta taxa mitótica. Diante desses achados, qual é o grau histológico deste tumor de acordo com o sistema de Nottingham? 🏥 Questão 4 Durante a prática de patologia, você recebe uma lâmina de carcinoma ductal invasivo e, ao realizar a análise, percebe que o tumor apresenta formação tubular presente em cerca de 60% do tecido examinado. No entanto, os núcleos são bastante pleomórficos, grandes, irregulares e hipercromáticos. A contagem mitótica, porém, é baixa, com poucas figuras de mitose identificadas nos campos de maior aumento. Com base nesses achados, qual grau histológico esse tumor recebe segundo Nottingham? RESPOSTAS: 1) Grau 1; 2) Grau 2; 3) Grau 3; 4) Grau 2 Resumo do esquema: Formação tubular: ≥75% = 1 | 10-75% = 2 |e é subdividido em luminal A (RE-positivo, RP > 20%, HER2-negativo e baixo índice proliferativo, com prognóstico melhor) e luminal B (RE-positivo, HER2-negativo e alto índice proliferativo e/ou RP 4,5 2. Teste de Whiff (KOH) 3. Corrimento vaginal branco- acinzentado + 4. Presença de clue cells: se +, diagnóstico diferencial com vaginose bacteriana. - Clue cell – indicativo de vaginose bacteriana - Microscopia mostrando hifas e pseudohifas, indicativo de candidíase. - Células multinucleadas, com núcleos amoldados, conhecidos como “em pilha de moeda”, que representam inclusões virais intranucleares ou citoplasmáticas (Herpes tipo-2). - Amouramento celular - Amouramento celular (ou agregação celular) é um fenômeno em que células se agrupam, se juntam, formando blocos, massas ou pequenos aglomerados. Esse processo acontece geralmente por conta de moléculas de adesão celular presentes na membrana, como as famosas caderinas, integrinas, seletinas e imunoglobulinas. vários núcleos juntos na mesma célula. Núcleos com aspecto de "vidro fosco", aquele tom opaco, turvo. Inclusões virais intranucleares: o vírus tá ali, dentro do núcleo celular. DISCUTIR OS CRITÉRIOS DE RASTREAMENTO DO CA DE COLO UTERIO E COMPREENDER O SISTEMA BESTHESDA. A maioria das neoplasias cervicais são carcinomas causados por cepas oncogênicas do HPV. Na ectocérvice, o epitélio colunar secretor de muco encontra a cobertura epitelial escamosa na junção escamocolunar, cuja localização exata varia de acordo com a idade e o estado hormonal. Na puberdade, a junção escamocolunar sofre eversão, e o epitélio colunar se desloca para fora da superfície ectocervical. As células colunares expostas sofrem metaplasia escamosa, formando uma região chamada zona de transformação. As células escamosas imaturas nessa região são mais suscetíveis ao HPV e é onde as neoplasias se originam com mais frequência Zona de transformação cervical mostrando a transição do epitélio escamoso maduro rico em glicogênio para as células escamosas metaplásicas imaturas e para o epitélio glandular endocervical colunar. Área mais acometida pelo CA – zona de transformação Canal endocervical. Invaginação do epitélio, que forma estruturas tubulares ramificadas (glândulas endocervicais). No detalhe, epitélio de revestimento do tipo colunar simples, mucossecretor. A carcinogênese relacionada ao HPV começa com a alteração epitelial pré-cancerosa denominada SIL (do inglês squamous intraepithelial lesion), que geralmente precede o desenvolvimento de um câncer manifesto por muitos anos, às vezes décadas. Em concordância com essa ideia, a SIL atinge o pico de incidência por volta dos 30 anos, enquanto o carcinoma invasivo atinge o pico por volta dos 45 anos. A classificação das lesões precursoras do colodo útero evoluiu ao longo do tempo. O manejo clínico baseia-se principalmente em um sistema de dois níveis (SIL de baixo grau ou LSIL [do inglês low- grade SIL]; SIL de alto grau ou HSIL [do inglês high-grade SIL]) que reflete a biologia da doença; no entanto, um sistema de três níveis (NIC I, NIC II e NIC III) desempenha um papel em algumas decisões de tratamento. • No sistema de dois níveis, a LSIL corresponde à NIC I e a HSIL engloba as NIC II e III • A LSIL é muito mais comum do que a HSIL. A maioria dos casos de LSIL regride espontaneamente, mas uma pequena porcentagem progride para HSIL. Na LSIL, há um alto nível de replicação viral e apenas alterações leves no crescimento das células hospedeiras. A LSIL não é considerada uma lesão pré-maligna • A HSIL apresenta aumento da proliferação, parada da maturação epitelial e níveis mais baixos de replicação viral. Apresenta um alto risco de progressão para carcinoma. ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS - A LSIL (NIC I) é caracterizada por alterações displasias no terço inferior do epitélio escamoso e alterações coilocitóticas nas camadas superficiais do epitélio. - Na HSIL, as células escamosas imaturas se estendem além do terço inferior da cama epitelial; o envolvimento dos dois terços inferiores corresponde à NIC II, enquanto na NIC III essas alterações são observadas em toda a espessura do epitélio. Espectro de lesões intraepiteliais escamosas (SILs) com epitélio escamoso saudável para comparação: LSIL (NIC I) com atipia coilocitótica; HSIL (NIC II) com atipia progressiva em todas as camadas do epitélio; e HSIL (NIC III) com atipia difusa e perda de maturação (imagem mais à direita). HSIL, lesão intraepitelial escamosa de alto grau; LSIL, lesão intraepitelial escamosa de baixo grau; NIC, neoplasia intraepitelial cervical. Características citológicas da lesão intraepitelial escamosa (SIL) no exame de Papanicolaou. As células escamosas superficiais podem se corar em vermelho ou azul. A. Células epiteliais escamosas superficiais esfoliadas saudáveis. B. Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL). C e D. Lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (HSILs). Observe a redução do citoplasma e o aumento da relação núcleo-citoplasma à medida que o grau da lesão aumenta. Esta observação reflete a perda progressiva da diferenciação celular na superfície das lesões cervicais das quais essas células são esfoliadas ACHADOS HISTOLÓGICOS: 1. Atipia coilocitótica - O radical grego koilos significa buraco; atipia coilocitótica ou coilocitose refere-se à vacuolização perinuclear em células escamosas associada a alterações nucleares (Figura 18.29), mantendo a maturação preservada do epitélio, porém com maior atividade proliferativa e hiperplasia da camada basa Características principais do coilócito: a. Halos perinucleares claros: parece uma auréola em volta do núcleo, tipo aquela mancha transparente. b. Acentuada vacuolização citoplasmática: o citoplasma fica meio “espumoso” ou com bolhas. c. c. Núcleo aumentado: maior do que o normal. d. Hipercromasia: núcleo escuro, mais corado, indicando que tem mais material genético compactado lá. e. Contorno nuclear irregular: o núcleo fica meio esquisito, com bordas onduladas, nada bonitinhas e redondinhas. FISIOPATOLOGIA DO HPV ASC-US – células escamosas atípicas de significado indeterminado ASC-H – células escamosa atípicas de significado indeterminado, mas sem exclusão de malignidade. Na displasia leve, NIC1 ou lesão intraepitelial escamosa de baixo grau, as alterações celulares estão presentes no terço basal do epitélio; encontram-se hiperplasia da camada basal, atipias celulares discretas e coilocitose nas camadas superficiais do epitélio ’ Na displasia moderada, NIC2 ou lesão intraepitelial escamosa de alto grau, as atipias celulares são mais intensas e o desarranjo arquitetural é maior, alcançando até dois terços do epitélio. Mitoses aparecem nas camadas mais altas, o que é um marcador de proliferação celular anormal. Coilocitose é menos frequente. Na displasia acentuada, NIC3, carcinoma in situ ou lesão intraepitelial escamosa de alto grau (Figura 18.34 D), as atipias estão em toda a espessura do epitélio; mitoses, típicas e atípicas, são frequentes em qualquer camada; coilocitose é escassa ou ausente. As células atípicas têm núcleos grandes e hipercorados, semelhantes aos de células da camada basal. No passado, recomendava-se distinguir displasia acentuada de carcinoma in situ, dependendo de haver ou não diferenciação celular (Figura 18.34 D-F). Hoje, ambas lesões são classificadas na mesma categoria (NIC3). Na nomenclatura LAST, NIC2 e NIC3 são classificadas como lesão escamosa de alto grau, ou seja, são as lesões precursoras do câncer invasivo CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS OU EPIDERMÓIDE Microscopicamente, encontram-se massas ou grupos de células pleomórficas e atípicas que infiltram o estroma adjacente. Segundo o grau de diferenciação celular, o tumor pode ser bem, moderadamente ou pouco diferenciado. O CCE bem diferenciado é formado por células bem diferenciadas, com produção de ceratina e formação de pérolas córneas; o tumor moderadamente diferenciado tem células mais pleomórficas, menor ceratinização individual e escassas pérolas córneas, enquanto no tumor pouco diferenciado encontram- se pleomorfismo celular acentuado, alto índice mitótico, necrose e ausência de ceratinização. LABORATÓRIO DO WILLY MARCADORES TUMORAIS PARA CA DE MAMA E DE OVÁRIO Paciente do sexo feminino, 52 anos, menopausada, relata distensão e desconforto abdominal há cerca de seis meses. Nega sangramento pós-menopausa. Ao exame físico, encontra-se hipocorada (+/4+), abdome globoso, com ascite volumosa e massa palpável na região da cicatriz umbilical. No toque bimanual, evidencia-se uma massa em topografia anexial esquerda, além de útero aumentado de volume. Frente a esse quadro clínico, qual marcador tumoral deve ser solicitado como parte da investigação propedêutica? a CA 125. b CA 19.9. c CA 15.3. d CEA. Os biomarcadores tumorais são utilizados para o rastreio dos canceres, sendo recomendados iniciar sua realização antes de procedimentos invasivos para ir acompanhando suas concentrações ao longo do tratamentos. Antígeno CarcioEmbrionário (CEA) Caso apresente níveis elevados, pode representar; CA de mama, pulmão, ovário, estômago, pâncreas, útero, tireoide e tumores de cabeça e pescoço. Como podemos ver, não é específico para o CA de mama, mas é sensível. Pode se elevar não só em malignidades cancerígenas, mas também em fumantes, inflamações, pancreatite, cirrose e doença mamária benigna. Resultados negativos podem ocorrer em fase precoce. É o primeiro a surgir. Antígeno do Câncer 125 (CA-125) O CA-125 é uma glicoproteína expressa normalmente nas células derivadas do epitélio celômico (p. ex., tuba uterina, ovário, cólon). O CA-125 sérico está aumentado no câncer epitelial de ovário avançado e pode ser usado para avaliar a presença de doença residual após cirurgia citorredutora ou para monitorar recidiva. Embora sua elevação ocorra em câncer de ovário, cerca de 2% das mulheres em pós- menopausa e 15% das mulheres pré- menopausa (ambas saudáveis) podem apresentar um CA 123 elevado ( >35 U\mL) na triagem. Em caso de câncer, esse valor aumenta em até 10x. Durante a fase menstrual, pode se elevar. Sua elevação pode anteceder a sintomalogia do CA de até 11 meses. Também se eleva em casos de endometriose, câncer de endométrio, câncer de mama, etc. BRCA1 e BRCA2 BRCA1 (cromossomo 17q21) e BRCA2 (cromossomo 13q12.3) são genes supressores de tumor que desempenham um papel no reparo de quebras da fita dupla do DNA. As mutações em BRCA1 e BRCA2 são observadas nos cânceres hereditários de mama e de ovário, bem como em vários outros tipos de neoplasias, incluindo carcinomasde próstata e de pâncreas. As mutações em BRCA1 estão associadas ao câncer de mama triplo- negativo, enquanto a maioria dos cânceres de mama com mutações em BRCA2 é RE-positiva. É recomendado sua análise para avaliação do risco de mama e ovário hereditário; também para indivíduos com histórico pessoal ou familiar de câncer de mama antes do anos anos ou câncer de ovário em qualquer idade. Mesmo que seja negativo, não diminui o risco para predisposição genética ao câncer de mama. CA 15.3 Principal no rastreio de CA de mama. CONHECER O MECANISMO DE AÇÃO E EFEITOS COLATERAIS DOS FÁRMACOS QUE ESTIMULAM A CONTRAÇÃO UTERINA Ocitocina Hormônio neuro-hipofisário, regula a atividade do miométrio, causando contração uterina. Sua liberação ocorre a partir da dilatação do colo do útero e pela sucção da papila, que levam esse estímulo ao hipotálamo. Administrada em infusões intravenosas baixas pode induzir o trabalho de parto, causando contrações coordenadas. A ocitocina tem uma baixa ação antidiurética, podendo ser um problema em paciente com doenças cardíacas, renais ou com plé-eclampsia. Utilizada também para o tratamento de hemorragias pós-parto. Ergometrina Contrai também o útero, tendo pouca ação após a expulsão do feto, pois já se encontra contraído. Se o útero estiver relaxado inapropriadamente, a ergometrina inicia forte contração e reduz o sangramento pelo leito placentário, por isso também é utilizado na prevenção de hemorragia pós- parto. Prostaglandinas a) Dinoprostona (PGE2) b) Carboprosta (15-metil PGF2alfa) c) Gemeprosta (análogos da PEG1) d) Misoprostol (análogos da PGE1) As séries E e F promovem contrações no corpo do útero, enquanto relaxam a cérvice. Causam aborto nas fases iniciais e intermediária da gravidez. Intra Vaginal – Dinoprostona, Gemeprosta e o Misoprostol Intra Muscular – Carboprosta FÁRMACOS QUE INIBEM A CONTRAÇÃO DO ÚTERO Agosnistas seletivos de receptores B2- adrenérgicos 1. Ritodrina 2. Salbutaol Previnem o trabalho de parto prematuro Podem retardar o parto em 48h, tempo em que pode administrar corticoides à mãe, a fim de maturar os pulmões do bebê. Agonistas do receptor de ocitocina 1. Atosibana IV, uma alternativa para um agonista dos B2-adrenérgicos. CONHECER O DIAGNÓSTICO LABORATÓRIAL E TRATAMENTO FARMACOLÓGICO PARA AS SÍNDROME NEFRÍTICA E NEFRÓTICA Síndrome nefrótica a) Proteinúria >3-3,5 g\1,73m²\dia b) Hipoalbuminemia 15omg h) Microalbuminúria – marcador precoce de IRA i) Cistina C aumentada j) N-GAL expresso, as células induzem sua expressão. k) Dismorfismo eritrocitário Tratamento farmacológico Prednisona Ciclosporina Ciclofosfamida Enalapril Captopril Losartana Hidroclorotiazida Espironolactona Furosemida Tratamento não farmacológico Orientação diretética geral com aporte calórico-proteíco adequado Controle do peso diário e medida do volume urinário de 24h Elevação dos membros inferiores Evitar AINEs e contrastes iodados Controle da ingesta de sódio Evitar o consumo de tabaco e alcoól PESQUISA DIRETA PARA AS PRINCIPAIS ISTs Exames de pesquisa direta são aqueles que identificam o agente causador, seja ele bactéria, vírus, fungo ou protozoários. Esse tipo de teste pode ser realizado por meio de microscopia, detectando seu DNA\RNA ou testes rápidos. Microscopia Por meio desse exame podemos identificar o agente, podendo identificar Gonococos (Diplococos gram-negativo), Gardnerella vaginalis (clue cells), Trichomonas vaginallis (protozoário móvel) ou hifas (candidíase). Testes moleculares (PCR e outros NAATs) Podem identificar Clamídia trachomatis (clamídia), Neisseria gonorrhoeae (gonorreia), Herpes (HSV 1 e 2), Hepatites B e C, HIV e HPV. Sífilis 1. Diagnóstico direto Para diagnóstico da sífilis direto, temos tanto a microscopia (chamado de microscopia em campo escuro) para visualizar o Treponema pallidum quanto os testes moleculares de PCR. Esses exames são feitos a partir da análise de uma amostra das lesões ulcerosas. 2. Diagnóstico indireto a) Testes não treponêmicos Esses testes servem para o rastreio e o acompanhamento da eficácia do tratamento. Exemplo: VDRL e RPR. Esse teste detecta os anticorpos contra os lipídeos liberdados quando há destruição celular, ou seja, ele não é específico ao Treponema pallidum. É o que mostra as titulações Por se tratar de testes não específicos aos agentes da sífilis, esse teste é mais suscetível a gerar falsos-positivo. c) Testes treponêmicos d) Exemplo: FTA-Abs; ELISA; Teste rápido para sífilis. Esses testes identificam os anticorpos específicos contra o Treponema pallidum. São os primeiros a dar positivo. Eles confirmam o diagnóstico e uma vez que positiva, continuará positivo pro resto da vida mesmo que o paciente já esteja curado. Portanto, não serve para acompanhamento de tratamento. Nas diretrizes, devemos realizar primariamente um teste não treponêmico e a depender do resultado, realizamos um treponêmico. Em gestantes, o teste DVRL ou RPR é realizado em dois momentos da gestação, no 1º e 3º semestres. Assim como o teste para HIV. Medicamento: Benzilpenicilina benzatina, IM Lembre-se que esse esquema é divido para cada nádega. Caso falte uma dose, deve-se iniciar o tratamento desde o começo. Hepatite B Vírus da imunodeficiência humana (HIV) Em caso de gestante, esse primeiro teste é feito no primeiro trimestre e é repetido no 3º. LABORATÓRIO DO THAILON APRENDER SOBRE LITÍASE RENAL AO USG E TC Ultrassom – embora não seja tão sensível quanto a investigação por Tomografia, é o primeiro exame a ser usado e mais fácil disponibilizado. Características: 1. estruturas ecogênicas \hiperecóicas (brilhantes) 2. Sombra acústica posterior. 3. O seio renal se apresenta com maior ecogenicidade (maior presença de líquido devido à obstrução por cálculo, trazendo à imagem uma predominância hiperecoica) 4. Em casos graves de obstrução por cálculo (em vermelho), pode apresentar hidronefrose. a hidronefrose aparece como um acúmulo de líquido hipoecoico (linha azul) que desloca a gordura ecogênica do seio renal em um padrão de ramificação.. Assim, conseguimos observar o rim igual aos desenhos que vimos nos livros, pois o seio renal fica totalmente visível. Pode-se observar na imagem abaixo os cálices renais, o córtex e a pelve. a) Contras do USG: Operador inexperiente; baixa sensibilidade; Cálculos pequenos são mais difíceis de visualização. Tomografia computadorizada – Quando utilizada sem contraste é o padrão-ouro para diagnóstico de nefrolitíases. Caracterísitcas: 1. Hidronefrose: Na TC sem contraste, a urina tem densidade maior que a gordura do seio renal, mas ligeiramente menor que a do parênquima renal. 2. Estruturas hiperecogênicas. Por isso, conseguimos identificar o parênquima renal e a urina (em preto) pois a urina é menos densa que o parênquima renal e portanto menos atenuada. LEMBRE-SE, na USG e TC o líquido e o ar são pretos, hipodensos, hipoecogênicos ou anecoico. APRENDER SOBRE O USO DO USG NA AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DO ABORTO. Estudo da Ultrassom transvaginal em caso de abortamento espontâneo. - Aborto esporntâneo – É definido como a perda da gravidez clinicamente reconhecida antes da 20ª semana de gestação. Os principais fatores de risco são idade materna avançada, história de aborto anterior e tabagismo. Esse quadro se apresenta com sangramento vaginal, dor pélvica ou achado incidental durante a realização de uma USG obstétrica do 1º trimestre. Critérios a serem avaliados durante o exame: 1. Localização intrauterina do saco gestacional, seu tamanho e contorno. 2. Presençade vesícula vitelínica 4. Presença e comprimento do embrião 5. 4. Atividade cardíaca do embrião 5. anexos Achados diagnósticos para abortamento por meio da USGTV *Se em exame o saco gestacional apresentar diâmetroNa ultrassonografia, área hipoecogênica, de bordas irregulares. Realizada biópsia, cujo laudo aponta carcinoma ductal invasivo, grau 2 de Nottingham. Perguntas: Imagem: Quais achados no exame de imagem são sugestivos de malignidade? a) Lesão bem delimitada, hipoecogênica e ovalada. b) Lesão espiculada, de margens irregulares e sombra acústica posterior. c) Lesão anecoica, com reforço acústico posterior. d) Cisto simples com conteúdo anecóico e parede fina. Patologia Clínica e Farmacologia: Cite um marcador tumoral usado no rastreamento ou monitoramento do câncer de mama. a) CA-125 b) CA 19-9. c) CA 15-3. d) AFP Anatomopatologia: Quais são os critérios histológicos utilizados na graduação de Nottingham? a) Grau nuclear, índice mitótico e necrose tumoral. b) Grau nuclear, pleomorfismo celular e invasão vascular. c) Formação tubular, pleomorfismo nuclear e contagem mitótica. d) Formação glandular, presença de necrose e grau de fibrose. Questão Integrada Paciente feminina, 36 anos, comparece à unidade básica para exame de rotina. Refere início da vida sexual aos 17 anos, 5 parceiros ao longo da vida, não faz exame preventivo há 6 anos. Apresenta corrimento vaginal intermitente e desconforto pélvico leve. Realizado exame ginecológico com coleta para citologia oncótica, que evidencia células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US). Teste de captura híbrida positivo para HPV de alto risco. Na sequência, foi solicitada colposcopia, que revelou áreas de epitelização acetobranca e mosaico grosseiro. Sobre o caso, analise as afirmativas a seguir: 1. O sistema Bethesda é utilizado na classificação dos achados citológicos cervicais. 2. A presença de mosaico grosseiro e epitelização acetobranca na colposcopia são achados suspeitos de lesões de alto grau. 3. Na imagem, o exame de escolha para estadiamento de câncer de colo de útero é a tomografia computadorizada. 4. O tratamento farmacológico da sífilis, uma IST frequentemente associada, é feito com ceftriaxona. Assinale a alternativa correta: a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. d) Todas estão verdadeiras. COMENTADA Estação 1 Imagem a) Aumento da ecogenicidade cortical. Traduz edema, infiltração celular e inflamação. Quando perde a diferenciação córtico-medular, pior ainda — sinal de processo inflamatório ativo, como uma síndrome nefrítica aguda (provavelmente glomerulonefrite pós-estreptocócica no contexto Patologia clínica + fármaco → Diagnóstico: Síndrome nefrítica (edema periorbital, hematúria tipo Coca-Cola, proteinúria discreta, disfunção renal). → Fármaco para controle da PA: Inibidores da ECA (captopril, enalapril...). Eles reduzem a pressão intraglomerular, protegem rim e ajudam na proteinúria. Alternativa correta: b) Síndrome nefrítica – Inibidores da ECA Anatomopatologia → Na biópsia renal da GNPE (glomerulonefrite pós- estreptocócica), clássico: a) Crescimento de células mesangiais com hipercelularidade. → Aglomerado de células inflamatórias no mesângio e endocapilar, fechando glomérulo. ESTAÇÃO 2 Imagem → Descrição de “flocos de neve/cacho de uva” sem embrião = b) Mola hidatiforme completa. Patologia Clínica + Farmaco: → Exame laboratorial essencial: Beta-hCG, que estará absurdamente alto (às vezes >100.000). Serve tanto pra diagnóstico quanto pra acompanhar após o esvaziamento, pra monitorar risco de neoplasia trofoblástica. → Fármaco usado: Misoprostol, que antagoniza os receptores de progesterona, promovendo contração e esvaziamento. Alternativa correta: c) Beta-hCG – Atua antagonizando os receptores de progesterona. Anatomopatologia: → Achado clássico da mola hidatiforme completa: b) Vilosidades hidrópicas com ausência de embrião. ESTAÇÃO 3 Imagem: → Achado maligno clássico: b) Lesão espiculada, de margens irregulares e sombra acústica posterior. Patologia Clínica + Farmaco: → Marcador usado no monitoramento (NÃO para rastreio) é o CA 15-3. c) CA 15-3 Anatomopatologia: → Critérios de Nottingham (usa pra classificar grau histológico do carcinoma): c) Formação tubular, pleomorfismo nuclear e contagem mitótica. → Soma-se os 3 e classifica em grau 1, 2 ou 3 (quanto maior, pior prognóstico). QUESTÃO INTEGRADA a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. Afirmativa 1 — Verdadeira O Sistema Bethesda é SIM utilizado para padronizar os achados da citologia oncótica cervical, e "ASC-US" faz parte dessa classificação. Afirmativa 2 — Verdadeira Na colposcopia, epitelização acetobranca e mosaico grosseiro são, de fato, achados suspeitos de lesão de alto grau (NIC 2/3. Afirmativa 3 — Falsa Pra estadiamento de câncer de colo de útero, não é a tomografia o exame de escolha. Quem reina aqui é a ressonância magnética pélvica, que avalia melhor partes moles, extensão para paramétrios, vagina, bexiga e reto. A tomografia até ajuda em metástases à distância, mas não é o padrão pro estadiamento loco- regional. Afirmativa 4 — Falsa Sífilis se trata com penicilina benzatina, e não com ceftriaxona. Ceftriaxona até pode ser usada em situações excepcionais de alergia ou falta de penicilina, mas não é a primeira escolha.