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LEI 6766 analise doutrinaria e jurisp

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Procuradoria Geral de Justiça
FERNANDO ZARDINI ANTÔNIO
Procurador – Geral de Justiça
Maria da Penha de Mattos Saudino
Subprocuradora – Geral de Justiça Judicial
JOSÉ MARÇAL DE ATAÍDE ASSI
Subprocurador – Geral de Justiça Administrativo
ELDA MÁRCIA MORAES SPEDO
Corregedora –Geral do Ministério Público
ÁLCIO ARAÚJO
Gerente – Geral do Ministério Público
REALIZAÇÃO:
Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente, de Bens e Direitos de Valor Artístico, Estético, Histórico, Turístico, Paisagístico e Urbanístico – CAOA
ELABORAÇÃO:
NÍCIA REGINA SAMPAIO
Promotora de Justiça/Dirigente do CAOA
LUIS HENRIQUE DE ARAGÃO OLIVER
Assessor Especial
 – 2009 –
SUMÁRIO
1 – Lei nº 6.766/79 (Parcelamento do Solo Urbano)................................
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II - DOS REQUISITOS URBANÍSTICOS PARA LOTEAMENTO
CAPÍTULO III - DO PROJETO DE LOTEAMENTO
CAPÍTULO IV - DO PROJETO DE DESMEMBRAMENTO
CAPÍTULO V - DA APROVAÇÃO DO PROJETO DE LOTEAMENTO E DESMEMBRAMENTO
CAPÍTULO VI - DO REGISTRO DO LOTEAMENTO E DESMEMBRAMENTO
CAPÍTULO VII - DOS CONTRATOS
CAPÍTULO VIII - DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO IX - DISPOSIÇÕES PENAIS
CAPÍTULO X - DISPOSIÇÕES FINAIS
2 – Anexos (ACP’s, TAC’s, Notificações Recomendatórias, etc.)..................
LEI No 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979.
Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - O parcelamento do solo para fins urbanos será regido por esta Lei. 
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão estabelecer normas complementares relativas ao parcelamento do solo municipal para adequar o previsto nesta Lei às peculiaridades regionais e locais. 
Constituição Federal – arts. 21, inciso XX; 24, inciso I, §§ 1º, 2º e 3º; 30, inciso VIII e 182
Lei Estadual nº 7.943/2004.
Projeto de Lei nº 3057/2000
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais disciplinadoras do parcelamento do solo para fins urbanos e da regularização fundiária sustentável de áreas urbanas e é denominada Lei de Responsabilidade Territorial Urbana. 
Parágrafo único. A aplicação desta Lei dá-se sem prejuízo de outras normas específicas de âmbito federal, estadual, distrital ou municipal que com ela sejam compatíveis, respeitadas as competências constitucionais de cada ente federativo.
Comentários:
O Princípio da autonomia das entidades que compõem a Federação pressupõe a existência de repartições de competências traçadas peremptoriamente pela Constituição Federal.
A competência legislativa constitucional urbanística se exterioriza de forma vertical, já que cabe a União a edição de normas gerais (art.24,§1º) e aos Estados-Membros a possibilidade de aperfeiçoar, complementar ou suplementar as regras impostas no âmbito federal (art.24, §2º). Restando aos Municípios a elaboração de normas de interesse local (art.30, I), além da possibilidade de suplementar a legislação federal e estadual, no que couber (art.30, II). 
Segundo GILMAR MENDES, INOCÊNCIO COELHO e PAULO BRANCO “se o critério da colaboração não vingar, há de se cogitar do critério da preponderância de interesses. Mesmo não havendo hierarquia entre os entes que compõem a Federação, pode-se falar em hierarquia de interesses, em que os mais amplos (da União) devem preferir aos mais restritos (dos Estados)” �.
Por esse sistema, os Estados não podem editar normas que contrariem os dispositivos emanados da legislação federal de caráter geral, assim, como os Municípios não podem editar leis locais que estejam em descompasso com as regras federais e estaduais. Trata-se de um condomínio legislativo que exige a cooperação e a harmonia entre as diferentes esferas de governo.
Considerações Doutrinárias:
TOSHIO MUKAI (Direito Urbano e Ambiental) – “[...] entendemos que a competência genérica constitucional, em matéria de urbanismo, é deferida aos três níveis e governo, como matéria concorrente, em dois níveis: ao nível do planejamento do urbanismo e ao nível da legislação e atuação administrativa decorrente (especialmente através de medidas de polícia – limitações urbanísticas). Ao nível de planejamento, pode a União elaborar e ditar, para todo o território nacional, um Plano Nacional de Urbanismo, com base no poder advindo da regra de competência expressa que lhe dá a constituição vigente para planejar e promover o desenvolvimento econômico de urbanismo, para certas e determinadas regiões geo-econômicas, adaptadas às peculiaridades regionais. Ao nível da legislação ou normatividade cogente em face dos administrados e da atuação administrativa, pode, considerando sempre a predominância do interesse nacional sobre o estadual ou municipal, tendo em vista a competência remanescente estadual e o peculiar interesse Municipal [...]” (3ª edição, Belo Horizonte: Forum, 2006, p. 111/112).
JOSÉ AFONSO DA SILVA (Direito Urbanístico Brasileiro) – “Normas gerais são, portanto, normas de leis, ordinárias ou complementares, produzidas pelo legislador federal nas hipóteses previstas na constituição, que estabelecem princípios e diretrizes da ação legislativa da União, dos Estados e dos Municípios [...] Assim, elas se revelam como mecanismos limitadores da autonomia dos Estados e Municípios – razão por que hão de ser compreendidas em sentido estrito [...]” (5ª edição, São Paulo:Malheiros, 2008, p.67).
HELINE SIVINI FERREIRA (Competências Ambientais) – “Convém, ainda, assinalar que a divisão constitucional de competências entre a União e os Estados não impede eventuais conflitos entre legislações federais e estaduais. Sobre essa questão, três possibilidades devem ser analisadas: a) pode ocorrer que, mesmo observando os seus campos de atuação, União e Estados legislem de forma conflitante. Nesse caso, entende-se que deverá predominar a regra mais restritiva, uma vez que se busca a satisfação de um interesse público [...] (artigo publicado em Direito Constitucional Ambiental Brasileiro - Org.: J.J. Gomes Canotilho e José Rubens Morato Leite - São Paulo: Saraiva, p.215).
Jurisprudência:
CONSTITUCIONAL E AMBIENTAL. USO DO SOLO URBANO. COMPETÊNCIA CONCORRENTE. MEIO AMBIENTE. INTERESSE DA COLETIVIDADE. 1. O uso do solo urbano submete-se aos princípios constitucionais que informam a função social da propriedade, evidenciando a defesa do meio ambiente e do bem estar comum da sociedade. 2. Segundo precedente do STJ, "a União, os Estados e os Municípios têm competência concorrente para legislar sobre o estabelecimento das limitações urbanísticas no que diz respeito às restrições do uso da propriedade em benefício do interesse coletivo, em defesa do meio ambiente para preservação da saúde pública e, até, do lazer" (RONS 8.766/PR). 3. Incide, no caso, a Lei Federal nº 6.6676/79 e a Lei Estadual nº 3.384/80, com a redação do artigo 45 dada pela Lei nº 5.640/98, o que retira a eficácia de qualquer Lei Municipal que contrarie os citados diplomas legais. 4. A citada legislação não impede o parcelamento ou desmembramento do solo em determinadas regiões consideradas Zonas Especiais, dentre elas o Município de Guarapari, mas tão somente normativam a forma como se dará o fracionamento, para evitar abusos ou degradações do solo e do meio ambiente. 5. Recurso desprovido. (TJ-ES; AC 021.99.019277-1; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Subst. Samuel Meira Brasil Junior; Julg. 20/08/2002)
ARGÜIÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - MUNICÍPIO - DIREITO AMBIENTAL - PREPONDERÂNCIA DE NORMA FEDERAL SOBRE NORMA MUNICIPAL - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SUPLEMENTAR - RECUO MARGINAL EM FACE DA EXISTÊNCIA DE RIO - INCOMPATIBILIDADE MATERIAL RECONHECIDA - INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA.Reza o art. 24 da Magna Carta: "Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: "VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição"; dispondo, por sua vez, o § 1º: "No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais", enquanto o § 2º estatui: "A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados", prevendo o § 4º que "A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário". Logo, essas normas devem ser levadas em consideração no exercício da competência legislativa material concorrente. Suplementar na espécie significa que "na inexistência de lei federal os Estados e o Distrito Federal legislarão livremente, sem restrições. A sobrevinda, contudo, ou a preexistência de uma lei federal sobre a matéria só tornam válidas as disposições que não contrariem as normas gerais da União" (BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 22. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 306). Logo, "a legislação supletiva, como é cediço, não pode ineficacizar os efeitos da lei que pretende suplementar" (REsp 29299/RS). Ipso facto, diante da incompatibilidade material da norma jurídica municipal com a nacional e estadual, estas prevalecem, afastando a eficácia daquela, pois "(...) ao longo das águas correntes, é fixado em 15 (quinze) metros, no mínimo, a reserva de faixa não edificável, matéria esta, como tal, regulada, também, pela legislação do Estado, haja vista a Lei n. 6.063, de 24/05/82 (art.8º, inciso III, redação da Lei n. 10.957/98 - DOE 16.050, de 24/11/98)" (TJSC - ACMS n. 2004.019089-1, rel. Francisco Jose Rodrigues de Oliveira Filho, julado em 17/08/2005).
Artigos:
Francisco de Assis Aguiar Alves. Autonomia Municipal e interesse local como parâmetros à competência legislativa dos municípios. Revista da Faculdade de Direito de Campos, Ano IV, Nº 4 e Ano V, Nº 5 - 2003-2004.
Giovana Egle Alves de Oliveira DAntonio. Aspectos de Direito Ambiental e Urbanístico frente à Autonomia Municipal: um debate sobre a visão do STF em relação aos Administrados. Sociedade Brasileira de Direito Público (www.sbdp.org.br).
CAPÍTULO I
Disposições Preliminares
Art. 2º - O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as das legislações estaduais e municipais pertinentes. 
§ 1º - Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes. 
§ 2º - considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes.
§ 3º - VETADO
§ 4º Considera-se lote o terreno servido de infra-estrutura básica cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei municipal para a zona em que se situe. 
Constituição Federal – artigo 182, § 1º.
Lei Federal nº 10.257/2001 – artigos 4º, III, a; 5º.
Projeto de Lei nº 3057/2000:
Artigo 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se:
V – gleba: o imóvel que ainda não foi objeto de parcelamento do solo para fins urbanos; 
VI – lote: a unidade imobiliária resultante de loteamento ou desmembramento;
IX – loteamento: a divisão de imóvel em lotes destinados à edificação, com abertura de novas áreas destinadas a uso público, ou com prolongamento, modificação ou ampliação das existentes; 
X – desmembramento: a divisão de imóvel em lotes destinados à edificação, que não implique a abertura de novas áreas destinadas a uso público, ou o prolongamento, modificação ou ampliação das já existentes.
XI – condomínio urbanístico: a divisão de imóvel em unidades autônomas destinadas à edificação, às quais correspondem frações ideais das áreas de uso comum dos condôminos, admitida a abertura de vias de domínio privado e vedada a de logradouros públicos internamente ao seu perímetro.
Art. 4º O parcelamento do solo para fins urbanos somente pode ser feito nas modalidades de loteamento, desmembramento ou condomínio urbanístico. 
§ 1º Admite-se a utilização, de forma simultânea ou consecutiva, de mais de uma modalidade de parcelamento, no mesmo imóvel ou em parte dele, desde que atendidos os requisitos desta Lei.
Art. 118. Os condomínios civis cujos moradores são proprietários de frações ideais do terreno, mas exerçam posses localizadas, podem, por decisão de dois terços dos proprietários das frações, transformá-las em condomínios urbanísticos, observados os requisitos desta Lei. 
§ 1º Os clubes de campo que, de fato, pelas características de ocupação, são parcelamentos do solo para fins urbanos, podem ser regularizados na forma do caput, com a extinção da associação proprietária do terreno e a transferência aos sócios cotistas das frações ideais do terreno. 
§ 2º Os condomínios de que trata este artigo não podem incorporar como áreas de uso comum dos condôminos os logradouros que já estejam afetados ao uso público.
Art. 127. Observadas as disposições desta lei, admite-se a aprovação de loteamentos para fins urbanos com controle de acesso, desde que:
I – lei estadual ou municipal autorize a expedição de licença para este tipo de empreendimento e a necessária outorga de instrumento de permissão ou concessão do direito real de uso das áreas internas do loteamento; 
II – a concessão ou permissão de uso referida no inciso I seja outorgada a uma associação de proprietários ou adquirentes de lotes, legalmente constituída. 
§ 1º Para a expedição da licença referida no inciso I do caput, a legislação municipal deve prever que sejam avaliadas as seguintes questões: 
I – possibilidade de integração futura do acesso do loteamento fechado com o sistema viário existente ou projetado; 
II – mobilidade urbana no entorno do empreendimento; 
III – acesso da população em geral aos equipamentos comunitários. 
§ 2º Ao aprovar o projeto de loteamento com controle de acesso, a autoridade licenciadora fica, automaticamente, obrigada a outorgar o instrumento de permissão ou concessão referido no inciso I do caput, o qual deverá ser formalizado imediatamente após a averbação da licença final integrada, no competente Registro de Imóveis. 
§ 3º O prazo de vigência da concessão ou permissão de uso deve ser prorrogado, automática e sucessivamente, a cada vencimento, por igual período, desde que cumpridos os encargos atribuídos à associação referida no inciso II do caput. 
§ 4º Considera-se válido o empreendimento que tenha sido licenciado ou implantado na forma de loteamento fechado, com base em lei estadual ou municipal, até a data da entrada em vigor desta Lei, desde que sua implantação tenha respeitado os termos da licença concedida.
Comentários:
A norma estabeleceu apenas duas formas de parcelamento do solo urbano, consistentes nas figuras do loteamento e desmembramento, qualquer outra modalidade não é disciplinada pela Lei nº 6.76679.
Conforme a legislação atual, o loteamento ao ser implantado passa a integrar a cidade e, suas vias de circulação, como praças e equipamentos públicos passam a ser de uso comum do povo, uma vez que com a aprovação do loteamento, tais parcelas da gleba transferem-se ao domínio público (artigo 22). Referidas áreas ficam gravadas pela indisponibilidade, não sendo passíveis de alienação por parte do loteador, muito menos pelo Poder Público (artigo
Questão de grande controvérsia na doutrina e jurisprudência é o loteamento fechado que aparece como forma híbrida de loteamento (lei 6.766/79) e condomínio (lei 4.591/64).Essa prática, já comum em vários Estados, consiste em aplicar as regras da lei 4.591/64, em especial a figura do condomínio, entretanto, sem a obrigação da entrega casada do terreno e sua edificação, ficando para o adquirente do lote a responsabilidade pela construção.
Outra modalidade de ocupação territorial urbana é a abarcada pela Lei Federal nº 4.591/64. Nesse tipo de empreendimento ocorre a edificação de várias unidades autônomas, sobre um único lote ou terreno, vinculadas entre si por uma fração ideal e áreas comuns, conforme preconiza seu artigo 8º, verbis:
Quando, em terreno onde não houver edificação, o proprietário, o promitente comprador, o cessionário deste ou o promitente cessionário sobre ele desejar erigir mais de uma edificação, observar-se-á também o seguinte:
a) em relação às unidades autônomas que se constituírem em casas térreas ou assobradadas, será discriminada a parte do terreno ocupada pela edificação e também aquela eventualmente reservada como de utilização exclusiva dessas casas, como jardim e quintal, bem assim a fração ideal do todo do terreno e de partes comuns, que corresponderá às unidades;
b) em relação às unidades autônomas que constituírem edifícios de dois ou mais pavimentos, será discriminada a parte do terreno ocupada pela edificação, aquela que eventualmente for reservada como de utilização exclusiva, correspondente às unidades do edifício, e ainda a fração ideal do todo do terreno e de partes comuns, que corresponderá a cada uma das unidades;
c) serão discriminadas as partes do total do terreno que poderão ser utilizadas em comum pelos titulares de direito sobre os vários tipos de unidades autônomas;
d) serão discriminadas as áreas que se constituírem em passagem comum para as vias públicas ou para as unidades entre si.
	Nestes termos, no caso do condomínio, diferentemente do loteamento, o empreendedor se compromete a edificar as unidades autônomas, ou seja, o consumidor adquirente do lote, ao celebrar contrato dessa natureza, adquire a unidade autônoma edificada mais a fração ideal e coisas comuns vinculadas ao imóvel. 
	Além do mais, diferentemente do loteamento, nos condomínios em edificações, as vias de circulação e espaços livres são particulares, pertencem aos condôminos, já que o incorporador não possui a obrigação de transferir os espaços internos comuns à Municipalidade, nem mesmo reservar porções para implantação de equipamentos comunitários. 
	Frisa-se, portanto, que essa modalidade condominial, regida pela Lei nº 4.591/64, não autoriza a implantação do empreendimento que tenha por unidades autônomas, terrenos não edificados.
	Conforme comentado alhures, os loteamentos fechados, atropelam a legislação civil e urbanística, favorecendo, na prática, a privatização do uso das áreas públicas dos loteamentos (áreas verdes e institucionais, sistemas de lazer, ruas e praças, etc.), outrora vocacionadas, em sua origem, ao uso coletivo�
	Entretanto, outros entendem pela legalidade dessa modalidade de parcelamento do solo. Por todos, Hely Lopes Meirelles dispõe que:
“Loteamentos especiais estão surgindo, principalmente nos arredores das grandes cidades, visando a descongestionar as metrópoles. Para esses loteamentos não há, ainda, legislação superior específica que orienta a sua formação, mas nada impede que os Municípios editem normas urbanísticas locais adequadas a essas urbanizações. E tais são os determinados loteamentos fechados, loteamentos integrados, loteamentos em condomínio, com ingresso só permitido aos moradores e pessoas por eles autorizadas e com equipamentos e serviços urbanos próprios, para auto-suficiência da comunidade. Essas modalidades merecem prosperar. Todavia, impõe-se um regramento legal prévio para disciplinar o sistema de vias internas (que em tais casos não são bens públicos de uso comum do povo) e os encargos de segurança, higiene e conservação das áreas comuns e dos equipamentos de uso coletivo dos moradores, que tanto podem ficar com a Prefeitura como os dirigentes do núcleo, mediante convenção contratual e remuneração dos serviços por preço ou taxa, conforme o caso”.�
	Diante dessa divergência e, visando legalizar os denominados “loteamentos fechados”, o Projeto de Lei nº 3.057/2000, que substituirá a Lei nº 6.766/79, prevê a instituição do condomínio urbanístico como modalidade de parcelamento do solo urbano.
	Segundo o citado projeto, o condomínio urbanístico consiste na divisão de imóvel em unidades autônomas destinadas à edificação, às quais correspondem frações ideais das áreas de uso comum dos condôminos, admitida a abertura de vias de domínio privado e vedada a de logradouros públicos internamente ao seu perímetro.
	Além disso, o projeto de lei, ainda, pretende regularizar os loteamentos fechados já implantados, conforme se infere da leitura do parágrafo quarto, do artigo 127, verbis: 
§ 4º Considera-se válido o empreendimento que tenha sido licenciado ou implantado na forma de loteamento fechado, com base em lei estadual ou municipal, até a data da entrada em vigor desta Lei, desde que sua implantação tenha respeitado os termos da licença concedida.
	
Considerações Doutrinárias:
VICENTE CELESTE AMADEI (Como lotear uma gleba.São Paulo: Universidade SECOVI, 2001, p.8/9): 
GLEBA: área de terreno que ainda não foi objeto de parcelamento urbano regular, isto é, aprovado e registrado;
LOTE: porção de terra resultante do parcelamento urbano destinada à edificação ou recreação.
HELY LOPES MEIRELLES (Direito Municipal Brasileiro) – “O loteamento e o desmembramento constituem modalidades do parcelamento do solo, mas apresentam características diversas: o loteamento é meio de urbanização e só se efetiva por procedimento voluntário e formal do proprietário da gleba, que planeja sua divisão e a submete à aprovação da Prefeitura, para subseqüente inscrição no Registro Imobiliário, transferência gratuita das áreas das vias públicas e espaços livres ao Município e alienação dos lotes aos interessados; o desmembramento é apenas repartição da gleba, sem atos de urbanização, e tanto pode ocorrer pela vontade do proprietário (venda, doação, etc.) como por imposição judicial (arrematação, partilha, etc.), em ambos os casos sem qualquer transferência de área ao domínio público” (15ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p.557/558).
PERI CARLOS PAEL LOPES (Atos dos Registradores Imobiliários) – “Deve-se atentar para que loteamento não seja confundido com desmembramento e vice-versa. Para distingui-los é só prestar atenção aos dizeres dos §§ 1º e 2º do art.2º da Lei n.6.766, de 19.12.79. Ambos são modalidades legais de parcelamento do solo urbano. O desdobramento, fracionamento, desdobre ou desdobro de gleba, fazenda, sítio, chácara, estância, lote, terreno ou data que dizer dividir em dois o imóvel que já foi objeto de regular loteamento ou desmembramento. Neste caso, o registrador deve observar, sim, se o imóvel fracionado não contém área inferior à do módulo calculado para o mesmo ou da fração mínima de parcelamento, sendo rural (e desde que a propriedade da qual se desmembre permaneça também com área igual ou superior à fração mínima de parcelamento), consoante dispõe a legislação agrária vigente; quando urbano, se o desdobro foi autorizado pela municipalidade, compete a esta verificar se foi atendido pelo loteador o preceito dos arts.3º, parágrafo único, 4º, II, da LPSU. Também não pode implicar na abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes” (1ª ed. 1995, p.78).
JOSÉ AFONSO DA SILVA (Direito Urbanístico Brasileiro) – “Então, o chamado loteamento fechado constitui modalidade especial de aproveitamento condominial de espaço para fins de construção de casas residenciais térreas ou assobradadas ou edifícios. Caracteriza-se pela formação de lotes autônomos com áreas de utilização exclusiva de seus proprietários, confinando-se com outras de utilização comum dos condôminos. O terrenoassim loteado não perde sua individualidade objetiva, conquanto sofra profunda transformação jurídica. Diferente do processo de loteamento propriamente dito, em razão do qual o terreno loteado perde sua individualidade objetiva, transformando-se em lotes que se individualizam como unidades autarquicamente bastantes a si mesmas; inexistem o estado e a pluralidade de comunhão; cria-se um bairro, cujo equipamento urbano (inclusive as vias, estradas e caminhos, como públicos que passam a ser com o registro imobiliário) passa a participar do sistema viário local e do orbe municipal” (5ª edição. São Paulo: Malheiros, 2008, p.350).
Jurisprudência:
ADMINISTRATIVO - PARCELAMENTO DO SOLO - LOTEAMENTO - OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA: RESPONSABILIDADE. 1. Embora conceitualmente distintas as modalidades de parcelamento do solo, desmembramento e loteamento, com a Lei 9.785/99, que alterou a Lei de Parcelamento do Solo - Lei 6.766/79, não mais se questiona as obrigações do desmembrador ou do loteador. Ambos são obrigados a cumprir as regras do plano diretor. 2. As obras de infra-estrutura de um loteamento são debitadas ao loteador, e quando ele é oficialmente aprovado, solidariza-se o Município. 3. Obrigação solidária a que se incumbe o loteador, o devedor solidário acionado pelo Ministério Público. 4. Recurso especial improvido. (REsp 263603/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/11/2002, DJ 24/05/2004 p. 229).
DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEL. ART. 2. PAR. 2. LEI DE PARCELAMENTO DO SOLO URBANO. MANDADO DE SEGURANÇA. PARCELAMENTO DE BENS IMÓVEIS URBANOS. LOTEAMENTO E DESMEMBRAMENTO. A subdivisão de área em dois lotes, sem abertura nem ampliação de novas vias de acesso, constitui desmembramento, que a prefeitura não poderá negar se as áreas resultantes da divisão apresentam dimensões superiores ao mínimo legal previsto nas posturas municipais. Inteligência do art. 2., par. 2., da Lei nº 6.766/79. Segurança concedida. (TJ-RJ; MS 216/1988; Terceiro Grupo de Câmaras Cíveis; Rel. Des. José Rodriguez Lema; Julg. 30/11/1988).
IMOBILIÁRIO E REGISTRO PÚBLICO. CONDOMÍNIO FECHADO DE LOTES. IMPOSSIBILIDADE DE INSTITUIÇÃO. SUSCITAÇÃO DE DÚVIDA. NATUREZA JURÍDICA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. LEI MUNICIPAL. INCONSTITUCIONALIDADE. SENTENÇA REFORMADA. APELO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Não é passível de registro, sob os moldes de loteamento, incorporação imobiliária de condomínio fechado de lotes, integrado por áreas privativas dos condôminos e por espaços de domínio comum (áreas de lazer, vias de tráfego interno e reserva florestal), por incompatibilidade com o art. 2º, §1º, da Lei n.º 6.766/79, que pressupõe a existência de vias de tráfego interno de domínio público. 2. Não é aplicável a Lei Estadual n.º 7.943/2004 a pedido de registro de incorporação imobiliária, relativa a condomínio fechado de lotes, já que a legislação mencionada incide nos casos de loteamento do solo urbano. 3. Não é admissível pedido de registro de incorporação imobiliária, relativa a condomínio fechado de lotes, composto por áreas privativas dos condôminos e por espaços de domínio comum (áreas de lazer, vias de tráfego interno e reserva florestal), em razão da previsão do art. 8º, alíneas a e b, da Lei n.º 4.951/64, que restringe o condomínio de mais de uma edificação na mesma área à construção de casas térreas ou assobradadas ou de edificações de dois ou mais pavimentos. 4. É impossível, frente à previsão do art. 167, inciso I, números 17 e 19, da Lei n.º 6.015/73, combinada com o art. 2º, §1º, da Lei n.º 6.766/79 e com o art. 8º, alíneas, a e b, da Lei n.º 4.951/64, o registro no Ofício Geral de Imóveis de incorporação imobiliária de condomínio fechado de lotes. 5. Inexiste no ordenamento jurídico vigente autorização à constituição e registro de condomínio fechado de lotes, em decorrência da revogação tácita do art. 3º, do Decreto-Lei nº 271/1967, pela Lei n.º 6.766/79, incorrendo em inconstitucionalidade, por violação aos arts. 24, §§1º e 2º, e 22, inciso XV, da CF/88, a Lei local que permita tal modalidade de uso do solo urbano. 6. As competência municipais outorgadas pelo art. 30, incisos I e VIII, da Lei, devem ser exercidas com atendimento às normas gerais, relativas a direito urbanístico, expedidas pela União Federal e pelos Estados, além de se compatibilizar com as normas relativas a registros públicos, pena de inconstitucionalidade. 7. É lícita a criação dos denominados condomínios fechados de lotes que, na verdade, devem ser instituídos sob o modelo de loteamento do solo urbano, desde que as vias de tráfego, as praças e os logradouros internos sejam objeto de permissão ou concessão de uso aos moradores da gleba, transformando-se, por Lei Municipal, bens de uso comum do povo em bens de uso especial. 8. Apelo conhecido e provido. Sentença reformada. Suscitação de dúvida julgada procedente. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários em virtude do caráter oficioso que dirigiu a instauração do processo. (TJ-ES; AC 061.04.001006-0; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Arnaldo Santos Souza; Julg. 14/03/2006; DJES 12/04/2006).
DÚVIDA. OFÍCIO DO REGISTRO DE IMÓVEIS QUE ENCAMINHOU PROCEDIMENTO DE DÚVIDA QUANTO AO REGISTRO DO CHAMADO "CONDOMÍNIO HORIZONTAL DE LOTES". EXPEDIENTE QUE TOMOU O CARÁTER NORMATIVO A PARTIR DE DECISÃO DO JUIZ DA VARA DOS REGISTROS PÚBLICOS. PRELIMINAR DE NÃO-CONHECIMENTO DO RECURSO AFASTADA. EVIDENTE INTERESSE DA PARTE EM VER RECONHECIDA A POSSIBILIDADE JURÍDICA DE PROSPERAR O SEU EMPREENDIMENTO NOS MOLDES EM QUE APRESENTADO NO ÁLBUM IMOBILIÁRIO. QUESTÃO MESMO DE SEGURANÇA JURÍDICA ANTE A INFORMAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE OUTROS EMPREENDIMENTOS DE IGUAL MONTA SENDO APROVADOS EM OUTROS OFÍCIOS IMOBILIÁRIOS. CONDOMÍNIO HORIZONTAL DE LOTES. O Decreto-Lei nº 271/67, em seu art. 3º, que equipara a figura do loteador à do incorporador e a do comprador de lote ao condômino deve ser interpretado de forma a harmonizá-lo ao sistema da Lei nº 6.766/79. Não se vislumbra, em tese, óbice ao loteamento fechado, desde que obedecidas as exigências da legislação - Leis nºs 4.591/64 e Lei nº 6.766/79. Criação híbrida aceita pela doutrina e jurisprudência. Impossibilidade, assim, de instituir condomínio de lotes, em desobediência às restrições da legislação ambiental e federal que estabelecem a reserva de espaços públicos. Apelo desprovido. (TJ-RS; AC 70020348199; Porto Alegre; Vigésima Câmara Cível; Rel. Des. José Aquino Flôres de Camargo; Julg. 21/11/2007; DOERS 18/12/2007; Pág. 92) – Sentença 
LOTEAMENTO. FECHADO. ADOÇÃO DESSA FORMA PARA LOTEAMENTOS JÁ EXISTENTES. LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL DISPONDO A RESPEITO. INADMISSIBILIDADE, POR CONSTITUIR DESAFETAÇÃO DE ÁREAS INSTITUCIONAIS RESERVADAS AO USO COMUM DO POVO. Ofensa aos artigos 180, inciso VII, da Constituição Estadual, e 17 da Lei Federal n. 6.766/79. Ação Direta de Inconstitucionalidade procedente. Considera-se ofensivo ao artigo 180, VII, da Constituição Paulista dispositivo de Lei Municipal que autoriza a formação de loteamento fechado para o loteamento já existente, de modo que possa ocorrer o desvirtuamento das funções das áreas verdes ou institucionais especificadas no projeto original do loteamento. (Bol. JUBI 84/03) (TJ-SP; ADI 87.654-0/0; Órgão Especial; São Paulo; Rel. Des. Ernani de Paiva; Julg. 30/04/2003).
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PLANEJAMENTO URBANÍSTICO. Lei Municipal com regras relativas a loteamento fechado, de iniciativa do Legislativo. Iniciativa do Poder Executivo. Inconstitucionalidade da Lei reconhecida. Ação procedente. (TJ-SP; ADI 47.198-0; São Paulo; Órgão Especial; Rel. Des. Luis de Macedo; Julg. 02/06/1999).
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR Nº 246/05 QUE OBJETIVA A ALTERAÇÃO DA LEI Nº 2.452/78, QUE DISCIPLINA O USO DO SOLO PARA PROTEÇÃO DE MANANCIAIS, CURSOS E RESERVATÓRIOS DE ÁGUA E DEMAIS RECURSOS HÍDRICOS DE INTERESSE DO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL. ART. 36 E CAPÍTULO VIII. "LOTEAMENTO FECHADO". POSSIBILIDADE DE INSTALAÇÃO DE CANCELAS OU CERCAS A ISOLAR LOTEAMENTOS. DISTINÇÃO ENTRE LOTEAMENTOFECHADO E CONDOMÍNIO EDILÍCIO. LEIS FEDERAIS NOS 6.766/79 E 4.591/64. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA CATALOGADAS. - Loteamento Fechado como nova espécie de loteamento, produto híbrido resultante do "cruzamento" do condomínio edilício (horizontal) do art. 8° da Lei nº 4.591/64, com o parcelamento regulado pela Lei nº 6.766/79, face à alteração introduzida pela Lei nº 9.785/99. - Art. 36 da Lei Complementar - Inexiste na lei nº 4.591/64 (que dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias) qualquer menção acerca de doação de parcela da propriedade para fins de instituição de espaços públicos. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. VOTOS VENCIDOS. (Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº 70014703193, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do RS, Relator Vencido: Luiz Felipe Silveira Difini, Redator para Acordão: Vasco Della Giustina, Julgado em 02/10/2006).
AÇÃO CIVIL PUBLICA - PARCELAMENTO DO SOLO URBANO - LOTEAMENTO INSTITUÍDO DE ACORDO COM O DL N° 58/37 - TRANSFORMAÇÃO EM LOTEAMENTO FECHADO - EDIÇÃO DE LEI MUNICIPAL APROVADA PELA CÂMARA MUNICIPAL AUTORIZANDO A CONVERSÃO POSSIBILIDADE - APLICAÇÃO DO ART.22, DA LEIA N° 6766/79 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA MUNICIPAL PARA EDITAR LEI SOBRE QUESTÃO NÃO REGULAMENTADA PELO DIREITO URBANÍSTICO LEGISLADO PELA UNIÃO OU PELO ESTADO - INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ILEGITIMIDADE - MEIO DESTINADO A DESONERAR A FOLHA MUNICIPAL DE PAGAMENTOS - AÇÃO PROCEDENTE - RECURSO PROVIDO (TJSP – Apelação com revisão nº 798.948.5/0-00, relator: Luiz Burza Neto, 12ª Câmara de Direito Público, julgado em 24/09/2008).
Artigos
Santa Helena, Eber Zoehler. Condomínio Urbanístico: De Lege Lata, De Lege Ferenda. Revista Magister de Direito Ambiental e Urbanístico nº 09 - Dez/Jan de 2007.
     
§ 5º  A infra-estrutura básica dos parcelamentos é constituída pelos equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e domiciliar e vias de circulação. 
Vide também artigo 40 desta Lei.
Lei Federal nº 10257/2001 – artigos 2º, I.
Projeto de Lei nº 3057/2000:
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se:
XVII – infra-estrutura básica: os equipamentos de abastecimento de água potável, disposição adequada de esgoto sanitário, distribuição de energia elétrica e sistema de manejo de águas pluviais;
XVIII – infra-estrutura complementar: iluminação pública, pavimentação, rede de telefonia, rede de fibra ótica e outras redes de comunicação, rede de gás canalizado e outros elementos não contemplados na infra-estrutura básica.
[...]
Art. 22. Cabe ao empreendedor:
II – a implantação: 
a) do sistema viário; 
b) da infra-estrutura básica, com exceção dos sistemas individuais de disposição de esgoto sanitário; 
c) dos elementos da infra-estrutura complementar exigidos por legislação estadual ou municipal
Art. 23. Ressalvado o disposto no art. 22, cabe ao Poder Público ou a seus concessionários e permissionários, a partir da expedição da licença final integrada, a operação e manutenção: 
I – da infra-estrutura básica e das áreas destinadas a uso público; 
II – da infra-estrutura complementar dos loteamentos e desmembramentos, observadas as condições fixadas na legislação estadual ou municipal prevista na alínea “c” do inciso II do art. 22.
Comentários:
A Constituição Federal estabelece no seu artigo 182 que a “política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes”.
Seguindo essa linha principiológica, o Estatuto da Cidade estabeleceu no inciso I do artigo 2º do Estatuto da Cidade, que “a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações”.
De acordo com o referido artigo, para que as cidades possuam um patamar de sustentabilidade, e conseqüentemente para que alcance a tão almejada função social é indispensável que sejam assegurados para todos os Munícipes, direitos fundamentais básicos, como os direitos sociais e coletivos.
É salutar o entendimento que a ausência de infra-estrutura de esgotamento e manejo de águas pluviais tem comprometido diretamente a qualidade de vida dos moradores dos loteamentos e, indiretamente, toda a urbe.
Dessa forma, o direito a infra-estrutura pode ser lido, também, como direito fundamental à saúde e ao meio ambiente. Assim, as condutas omissivas, tanto do loteador, como do Poder Público, geram responsabilidade na esfera cível, criminal e administrativa.
Considerações da Doutrina:
JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO (Comentários ao Estatuto da Cidade) – “[...] a infra-estrutura urbana é o conjunto de serviços urbanísticos oferecidos à comunidade nas cidades, vale dizer, é a base da urbanização. Sendo assim , nela já se incluem os serviços públicos, inclusive o de transporte. Sem serviços públicos não se pode dizer que a cidade tenha infra-estrutura” (2ª ed. rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p.36).
JOSÉ AFONSO DA SILVA (Direito Urbanístico Brasileiro) – “São de urbanificação primária as obras de arruamento, os espaços para estacionamento, de escoamento de águas pluviais, de coleta, tratamento e despejo de águas servidas e suas respectivas redes, de alimentação e distribuição de água potável e respectiva rede, de distribuição de energia elétrica e de gás, de colocação de guias e sarjetas, de iluminação pública, e semelhantes. São de urbanificação secundária todas as obras que servem para obter o beneficiamento completo do território, com as de ligação da zona com os serviços públicos, a instalação de escolas, mercados, praças de esporte, centros sociais, culturais, igrejas e outros edifícios para serviços religiosos, áreas verdes, parques etc.” (5ª edição, São Paulo:Malheiros, 2008, p.325).
Jurisprudência:
ADMINISTRATIVO - PARCELAMENTO DO SOLO - LOTEAMENTO - OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA: RESPONSABILIDADE. 1. Embora conceitualmente distintas as modalidades de parcelamento do solo, desmembramento e loteamento, com a Lei 9.785/99, que alterou a Lei de Parcelamento do Solo - Lei 6.766/79, não mais se questiona as obrigações do desmembrador ou do loteador. Ambos são obrigados a cumprir as regras do plano diretor. 2. As obras de infra-estrutura de um loteamento são debitadas ao loteador, e quando ele é oficialmente aprovado, solidariza-se o Município. 3. Obrigação solidária a que se incumbe o loteador, o devedor solidário acionado pelo Ministério Público. 4. Recurso especial improvido. (STJ, REsp 263603/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/11/2002, DJ 24/05/2004 p. 229).
APELAÇÃO CÍVEL. REGULARIZAÇÃO DE LOTEAMENTO AÇÃO DO MUNICÍPIO QUE BUSCA A CONDENAÇÃO DE LOTEADORA A IMPLEMENTAR AS OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA BÁSICAS PREVISTAS LEGALMENTE (COLOCAÇÃO DE MEIO-FIO, GUIAS E SARJETAS; ARBORIZAÇÃO; SISTEMA DE DRENAGEM PARA ESCOAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS; CONCLUSÃO DA REDE DE ENERGIA ELÉTRICA COM ILUMINAÇÃO PÚBLICA; CASCALHAMENTO), BEM COMO RESERVE O PERCENTUAL MÍNIMO DE 35% DA ÁREA DO LOTEAMENTO AOS EQUIPAMENTOS URBANOS E COMUNITÁRIOS E ESPAÇOS LIVRES DE USO PÚBLICO, DESTINANDO-SE 5% DA GLEBA PARA EQUIPAMENTOS URBANOS E COMUNITÁRIO. SENTENÇA QUE JULGA PROCEDENTE EM PARTE OS PEDIDOS CONSTANTES NA INICIAL, A FIM DE CONDENAR A REQUERIDA À EXECUÇÃO DAS SEGUINTES OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA: A) colocação de meios fios e sarjetas nas vias públicas; b) arborização do loteamento, na proporção de uma árvore por lote e de uma árvore para cada 200 m² de área verde ou de praça; c) sistema de drenagemde águas pluviais, d) complementação da área no empreendimento em favor do município, equivalente a 12.740,85 m² a ser destinada aos equipamentos urbanos e comunitários e um total de 25.845,60 m² para praças, áreas verdes e espaço livres ao público. Recurso de apelação. 1.1. Preliminar. Ilegitimidade ativa e responsabilidade do município. Poder público que pode, no exercício da atividade fiscalizadora, aplicar as medidas administrativas e judiciais pertinentes visando coibir a inadimplência do loteador. Inércia do município na fiscalização que não o impede de invocar a pretensão em juízo para implementar as obras de acordo com os ditames legais. Impossibilidade de se invocar a responsabilidade do município ou a responsabilidade solidária. Preliminar afastada. Recurso desprovido neste ponto. O município tem legitimidade ativa para acionar o loteador, visando a regularização de obras de infra-estrutura do loteamento. 1.2. Prejudicial de mérito. Prescrição. Município que não se pronunciou em 90 dias sobre a aprovação ou sobre possíveis insuficiência do projeto, nos termos do art. 8º, da Lei Complementar municipal nº 04/92. Inocorrência da prescrição. Pleito que, na verdade, não busca a anulabilidade de ato administrativo em juízo. Pretensão de cumprimento de obrigação em Lei. Prejudicial de mérito afastada. 1.3. Adimplemento das obrigações. Inocorrência. Alvará municipal que não dispensou a loteadora de executar todas as estruturas obrigatórias previstas em Lei e sequer desobriga a cumprir as exigências previstas em Lei. Prova pericial que bem demonstrou o inadimplemento. Condenação que deve ser mantida. 1.4. Inviabilidade da implementação das galerias pluviais. Argumento que não prospera. Perícia que afirmou ser possível implantar um sistema de drenagem para escoamento de águas pluviais, sendo necessário, para tanto, a realização de um projeto técnico adequado para a realização de tais obras. Recurso desprovido neste aspecto. 1.5. Infraestrutura de arborização. Obrigatoriedade. Previsão no art. 26, da Lei Complementar municipal nº 04/92. Conjunto probatório que conduz à conclusão que não houve o devido cumprimento da imposição legal. Recurso desprovido neste ponto. 1.6. Ofensa ao ato jurídico perfeito. Inocorrência. Descumprimento de um dever legal que não constituiu um ato jurídico perfeito. Recurso desprovido neste ponto. 1.7. Inviabilidade econômica de implementar as exigências legais. Questões orçamentárias que não podem servir como evasiva para eximir o loteador de cumprir os deveres legais. Recurso desprovido neste ponto. Recurso de apelação desprovido. (TJ-PR; ApCiv 0404561-2; Sarandi; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Marcos de Luca Fanchin; DJPR 11/04/2008; Pág. 20).
DIREITO ADMINISTRATIVO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. LOTEAMENTO IRREGULAR. OBRAS INFRAESTRUTURAIS. EXIGÊNCIA DE LEGISLAÇÃO FEDERAL E MUNICIPAL. DECADÊNCIA DO DIREITO DO MUNICÍPIO DE EXIGIR AS OBRAS. NÃO CONFIGURAÇÃO. Havendo expressas disposições legais exigindo a realização de obras diversas de infra-estrutura em loteamentos, não cabe falar em decadência do direito de pleitear a execução das melhorias, eis que não se trata de anular ato administrativo em mais de cinco anos, mas de dar cumprimento à Lei. 2) direito administrativo. Dilação de prazo para início execução das obras. Não cabimento. Não cabe falar em dilação de prazo para iniciar as obras quando já se passaram cerca de três anos desde o deferimento de tutela antecipada em favor do município autor, determinando a imediata execução. 3) direito processual civil. Honorários advocatícios. Redução. Não cabimento. Desnecessário reduzir os valores fixados a título de honorários advocatícios quando as circunstâncias fáticas e jurídicas do caso indicam que o valor é justo, mesmo porque em conformidade com o disposto no art. 20, § 4º do código de processo civil. 4) apelo a que se nega provimento. (TJ-PR; ApCiv 0425971-8; Sarandi; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Leonel Cunha; DJPR 18/04/2008; Pág. 49) .
AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOTEAMENTO. COMINATÓRIA. LIMINAR. DEFERIMENTO. IMPOSIÇÃO, AOS DEMANDADOS, DA OBRIGAÇÃO DE INSTALAR REDE ELÉTRICA DOMICILIAR NAS RESIDÊNCIAS DOS AUTORES. RESPONSABILIDADE DOS TITULARES DO EMPREENDIMENTO IRRECUSÁVEL. OBRIGAÇÃO ALEGADAMENTE ASSUMIDA PELO EXECUTIVO MUNICIPAL. ALEGAÇÃO QUE CONTRARIA OS DIZERES CONTRATUAIS. AUTORES EM SITUAÇÃO DE INADIMPLÊNCIA. PROVAS AUSENTES. DECISÃO INCENSURÁVEL. INSURGÊNCIA RECURSAL DESATENDIDA. Independentemente da mora dos adquirentes de unidades de loteamento, é dever dos empreendedores a implantação da infra- estrutura básica, conforme comanda o art. 2º, § 5º da Lei de parcelamento do solo urbano (Lei n. 6.766/79). Assim, é obrigação deles, como forma mesmo de assegurar a dignidade humana dos adquirentes de lotes e que ali residem, promover a instalação, nas respectivas unidades, de rede elétrica domiciliar. E não tem eficácia, quanto aos adquirentes dos lotes, a assunção verbalmente assumida pelo executivo municipal de arcar com essas instalações, quando os instrumentos contratuais celebrados firmam a assunção, pelos empreendedores, dessa obrigação. (TJ-SC; AI 2004.025499-7; Videira; Quarta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. José Trindade dos Santos; DJSC 26/03/2008; Pág. 100).
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. ART. 461 DO CPC. URBANIZAÇÃO DE LOTEAMENTO. OBRIGAÇÃO DO LOTEADOR. Ainda que não haja previsão contratual para urbanização do loteamento, é dever do loteador proceder na realização das obras de infra-estrutura no empreendimento, pois se trata de obrigação ope legis, disposta nos parágrafos 5º e 6º do art. 2º da Lei nº 6.766/79 [...] RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME. (TJ-RS; AC 70010281863; Pelotas; Décima Oitava Câmara Cível; Rel. Des. Pedro Celso Dal Prá; Julg. 09/12/2004).
	
    
§ 6º A infra-estrutura básica dos parcelamentos situados nas zonas habitacionais declaradas por lei como de interesse social (ZHIS) consistirá, no mínimo, de:
I - vias de circulação;
II - escoamento das águas pluviais;
III - rede para o abastecimento de água potável; e
IV - soluções para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica domiciliar.
Vide também artigos 18, §4º desta Lei.
Medida Provisória nº 459/2009.
Projeto de Lei nº 3057/2000:
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se:
XXVI – zona especial de interesse social (ZEIS): área urbana instituída pelo Plano Diretor ou definida por outra lei municipal, destinada predominantemente à moradia de população de baixa renda e sujeita a regras específicas de parcelamento, uso e ocupação do solo; 
Art. 8º O percentual de áreas destinadas a uso público nos loteamentos, excluído o sistema viário, deve ser de, no mínimo, 15% (quinze por cento), observada a proporcionalidade prevista no inciso II do caput do art. 7º.
 § 2º O Município de gestão plena pode diminuir, por lei, o percentual de áreas destinadas a uso público previsto no caput, para parcelamentos implantados em ZEIS, desde que nas proximidades do imóvel já existam equipamentos públicos aptos a atender à nova demanda.
Art. 23. Ressalvado o disposto no art. 22, cabe ao Poder Público ou a seus concessionários e permissionários, a partir da expedição da licença final integrada, a operação e manutenção:
§ 1º Cabe aos concessionários ou permissionários de energia elétrica a implantação da rede de distribuição de energia elétrica nos parcelamentos de interesse social inseridos em programas habitacionais de iniciativa do Poder Público ou na regularização fundiária de interesse social.
Considerações
	Os loteamentos de interesse social são destinados a população de baixa renda, visando garantir a permanência dos assentamentos populares existentes e resguardar áreas ainda desocupadas para uso habitacional socioeconômico�. Verifica-se, assim, que o postulado da função social da cidade já era previsto pelo legislador ordinário de 1979. 
	Com a promulgação da Constituição de 1988, à função social da cidade, entendidacomo a garantia dos direitos de habitação, circulação, recreação, ao meio ambiente e o trabalho, recebeu status de direito constitucional, conforme se infere da interpretação na norma contida no seu artigo 182. Acrescentando, ainda, no §2º que “a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor”.
	
	Tal preceito foi regulamentado pela Lei nº 10.257/2001, que prevê como diretrizes da política urbana, dentre inúmeras, a regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais (artigo 2º, inciso XIV). Além disso, o legislador elencou como instrumento de política urbana, a instituição de zonas especiais de interesse social (artigo 4º,inciso V, alínea “f”). 
	Portanto, o ordenamento jurídico em obediência ao princípio democrático (artigo 1º, parágrafo único, da CRFB), põe em relevo a importância da regularização e implantação dos assentamentos de populações desfavorecidas, através de políticas de regularização fundiária (artigos 9º e 14, da Lei 10.257/2001; artigo 5º da Medida Provisória nº 2.220/2001) e de fixação de regras de urbanização, de edificação e de uso e ocupação do solo apropriadas à situação socioeconômica da população. Tudo isso, como forma de cumprir um dos objetivos fundamentais da República, consistente na erradicação da pobreza e da marginalização e redução das desigualdades sociais e regionais (artigo 3º, III, CRFB), além de assegurar o direito social a moradia, incerto no artigo 6º, da Lei Fundamental. 
	Entretanto, para que a regularização fundiária cumpra com o seu papel constitucional, os princípios do meio ambiente ecologicamente equilibrado (artigo 225, da CRFB) e do direito a moradia (artigo 6º, da CRFB) devem estar em harmonia. Sobre o tema, merece destaque as ponderações feitas por JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO, ao analisar a interferência das garantias de proteção ao meio ambiente, no processo de regularização fundiária, vejamos:
“Logicamente, tal disciplina jurídica específica não pode ir ao extremo de vulnerar o meio ambiente, e nesse sentido dispõe a alínea sob comento. Esta, aliás, é plenamente harmonizada com a alínea “g” do mesmo art. 2º [...] segundo o qual constitui diretriz da política urbana evitar a poluição e a degradação ambiental. Portanto, ao Poder Público cabe conciliar os objetivos de justiça social e proteção do meio ambiente ao estabelecer as regras de política urbana”�.
Se no caso concreto, esses direitos estiverem em choque, deve ser aplicada a regra da ponderação defendida por Robert Alexy, ou seja, sobrepõe-se o princípio que irradiar um maior conjunto de valores preservados pela Constituição Federal, ou seja, o que possuir uma carga axiológica capaz de afastar a incidência do outro princípio.
Consoante os ensinamentos de GILMAR MENDES, INOCÊNCIO COELHO E PAULO BRANCO, “o exercício da ponderação é sensível à idéia de que, no sistema constitucional, embora todas as normas tenham o mesmo status hierárquico, os princípios constitucionais podem ter ‘pesos abstratos’ diversos. Mas esse peso abstrato é apenas um dos fatores a ser ponderado. Há de se levar em conta, igualmente, o grau de interferência sobre o direito preterido que a escolha do outro pode ocasionar” �.
	Esse grau de interferência é definido por ROBERT ALEXY, como “Lei da Ponderação”, segundo o autor “La ponderación no es más que la optimización relativa a princípios contrapuestos. Por lo tanto, el tercer s subprincipio [proporcionalidade em sentido estrito] se puede expresar mediante la seguinte regla: cuanto mayor sea El grado de insatisfacción o de detrimento de um derecho o de um principio, mayor debe ser La importância de satisfacer el outro”�. 
Assim, é fácil perceber que toda interferência no meio ambiente atinge indistintamente a nossa, bem como as futuras gerações (influência intra e intergeracional). Possuindo relevância jurídica sobre os direitos de alguns indivíduos de obter a regularização fundiária e a garantia do direito à moradia.
Certo é que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput). 
Esse postulado inserido pelo Legislador Constituinte, deve ser respeitado em qualquer política pública adotada pelo Município, além de constituir obrigação constitucional da coletividade, na promoção da defesa e preservação dos recursos ambientais existentes no planeta. 
Em que pese essas considerações, a Medida Provisória nº 2.166-67/2001, que alterou a redação do artigo 4º, da Lei 4.771/65 (Código Florestal), autoriza a supressão de vegetação em área de preservação permanente, nos casos de utilidade pública e interesse social, tendo, inclusive, o Supremo Tribunal Federal no julgamento do mérito da medida cautelar em ADI nº 3.540, julgado improcedente a ação, suspendendo a liminar antes deferida, por entender, mesmo em sede de cognição sumária, que o ato normativo unilateral não contraria as normas Constitucionais, pois segundo o relator, o e. Ministro decano Celso de Mello, há “possibilidade de a administração pública, cumpridas as exigências legais, autorizar, licenciar ou permitir obras e/ou atividades nos espaços territoriais, desde que respeitada, quanto a estes, a integridade dos atributos justificadores do regime de proteção integral”.
 Nessa linha, a resolução CONAMA nº 369/2006, editada após a decisão do Pretório Excelso, autoriza a utilização de áreas de preservação permanente, nos casos de interesse público, interesse social ou baixo impacto ambiental. Nesses casos, pela fragilidade ambiental das áreas ocupadas deve o poder público implantar, obrigatoriamente, sistema de esgotamento sanitário e não somente, soluções para a sua implementação.
Por fim, vale apontar que no dia 25 de março de 2009, foi editada a Medida Provisória nº 459, dispondo sobre a regularização fundiária nos assentamentos urbanos. Para essa espécie normativa, a regularização fundiária deve estar plasmada pelos direitos à moradia (artigo 6º, da CRFB), ao pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana (artigo 5º, inciso XXIII e 182, da CRFB) e direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (artigo 225, da CRFB).
A Medida Provisória buscou, ainda, construir um conceito legal de área urbana consolidada, como sendo aquela “parcela de área urbana com densidade demográfica superior a cinqüenta habitantes por hectare e malha viária implantada, e que tenha, no mínimo, dois dos seguintes equipamentos de infra-estrutura urbana implantados: a) drenagem de águas pluviais urbanas; b) esgotamento sanitário; c) abastecimento de água potável; distribuição de energia elétrica; ou limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos” (artigo 51, inciso II).
Sem embargo das posições favoráveis, pensamos que o executivo não andou bem ao exigir no mínimo dois requisitos, elencados no inciso II, pois a norma permite, por exemplo, que se considere área urbana consolidada, o loteamento que possui, apenas, serviço de energia elétrica e limpeza urbana, mesmo sem conter qualquer tipo de infra-estrutura básica, como esgotamento sanitário, abastecimento de água e drenagem de águas pluviais, o que é inadmissível.
Nos termos do artigo 51, inciso VII, a regularização fundiária de assentamentos irregulares ocupados, predominantemente, por população de baixa renda, obedecerá aos seguintes requisitos: a) preenchimento do lapso temporal para usucapião ou concessão de uso especial para fins de moradia; b) imóveis situados em ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) e c) áreas urbanas da União declaradas de interesse do serviço público.
Por fim, comoa lei não fez distinção entre loteador público e o privado, entende-se que a execução de parcelamento em Zonas de Interesse Social pode ser realizada por particular, permitindo a contribuição da iniciativa privada na política habitacional. 
Considerações Doutrinárias:
CLÁUDIO BARROSO RIBEIRO - “A União, Estados, Distrito Federal e Municípios poderão implantar o parcelamento popular nas áreas declaradas de interesse social (o que deve ser o mais comum), desde que esta assim esteja declarada por lei. Neste caso, a infra-estrutura mínima será a do § 6º do art. 2º. Por outro lado, nada impede que o parcelamento popular seja implementado em outra área, que não seja a declarada de interesse social, sendo, neste caso, a infra-estrutura básica a exigida no § 5º do art. 2º. A questão é relevante, especialmente quando o parcelamento estiver sendo implementado pela União ou Estados. Isso porque a lei, a ser editada para declarar uma área como de interesse social, é de competência do Município, por se tratar, evidentemente, de assunto de interesse local (art. 30, I da Constituição Federal). Caso o parcelamento popular pudesse ser implementado apenas em área de interesse social, a União e os Estados ficariam a depender da lei municipal para efetivá-lo. Sendo assim, ainda que a área não seja declarada de interesse social pelo Município, a União ou os Estados poderão implantar o parcelamento popular, porém com a infra-estrutura prevista no § 5º do art. 2º” (O registro imobiliário do parcelamento popular e dos contratos dele decorrentes. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 54, fev. 2002. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2692)
 
Jurisprudência:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LOTEAMENTO HABITACIONAL. INTERESSE SOCIAL. PAVIMENTAÇÃO E DRENAGEM PLUVIAL SOMENTE NAS RUAS POR ONDE PASSA O SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO. POSSIBILIDADE. 1. A legislação vigente à época, além do edital de licitação e os compromissos firmados entre construtora e municipalidade, permitiam que, quando houvesse interesse público, a pavimentação se verificasse somente nos locais por onde passa o transporte público. 2. Apelo dos interessados conhecido e provido, para reconhecer a improcedência do pedido inicial. (TJ-MG; APCV 1.0702.02.032439-9/0091; Uberlândia; Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Jarbas de Carvalho Ladeira Filho; Julg. 21/08/2007; DJEMG 14/09/2007).
Projetos:
PROJETO MORE LEGAL (Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul) – “consiste em proceder com segurança o registro de loteamento, desmembramento ou fracionamento de imóveis urbanos ou urbanizados, com o objetivo de assegurar ao cidadão não somente a posse e propriedade do imóvel, mas sua decorrente e imprescindível titulação”. 
Projeto More Legal II
Projeto More Legal III
  
        
Art. 3º Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal. 
Vide também artigos 40, §5º e 53 desta Lei.
Instrução Normativa nº 17-B, do INCRA.
Artigo 32, §§1º e 2º, da Lei 5.172/66 (CTN)
Projeto de Lei nº 3057/2000:
Artigo 4º, § 3º O parcelamento do solo para fins urbanos somente pode ser implantado no perímetro urbano definido por lei municipal.
Considerações:
	O legislador foi taxativo ao dispor no artigo 3º que somente é admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, não se aplicando a Lei nº 6.766/79 nos loteamentos rurais.
	Os parcelamentos rurais são disciplinados pelo Decreto-Lei nº 58, pela Lei Federal nº 4.504/64 (Estatuto da Terra) e pela Instrução Normativa 17-B, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA e, devem ter finalidade rural (artigo 4º, I, Lei 4.504/64), respeitando, ainda, o mínimo do módulo rural ou Fração Mínima de Parcelamento – FMP (artigos 5º e 65 da Lei 4.504/64)�.
	Segundo o inciso I, do artigo 4º, do Estatuto da Terra considera-se imóvel rural “o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada”, não abrangendo, portanto, os denominados “sítios de lazer” ou “chácaras de recreio”, que possuem finalidade tipicamente urbana.	
Tratando dessa espécie de loteamento, TOSHIO MUKAI registra que se um imóvel rural perdeu suas características de exploração agrícola, extrativa vegetal, pecuária ou agro-industrial, deverá ele obedecer duas condições para o loteamento para fins de sítios de recreio ou núcleos urbanos: I) atender ao art.53 da Lei nº 6.766/79 e II) ser incluído, por lei municipal, em zona de expansão urbana. Sem tais condições, o parcelamento será ilegal, incidindo sobre os responsáveis as sanções penais do art. 50, uma vez que, desde a Lei nº 6.766/79, não pode mais ser autorizada a implantação de loteamento para sítios de recreio ou núcleos urbanos na zona rural�. 
A preocupação e normatização do legislador têm por fundamento a proteção do macro bem ambiental, estritamente ligado a sobrevivência humana, já que as riquezas naturais, como água, alimentos são tradicionalmente oriundos do meio rural.
 A manutenção das zonas rurais sem intervenção predatória do homem, objetiva assegurar o desenvolvimento sustentável das cidades. Conforme noticiado pelo Globo rural, a cidade de Nova York, atualmente, consome água potável que é tratada e mantida pelas propriedades rurais de pequenas cidades localizadas no entorno do Centro Urbano.
Por fim, vale frisar que a ocupação desordenada das cidades trás conseqüências graves para o trânsito, aumento da violência, insolação, ventilação. Contudo, a ocupação desordenada da Zona Rural compromete até mesmo a subsistência do homem. O alerta das organizações internacionais para com a ocupação desordenada do solo e a limitação dos recursos naturais já chegou ao nosso país.
Considerações Doutrinárias:
ANTONIO CEZAR PELUSO (Fraudes à Lei de Parcelamento do solo e à Lei de Incorporação Imobiliária) – “[...] 3) a implantação de chácaras ou sítios de recreio em zona rural, ainda que para fins de lazer (que é uma atividade urbana), deve obedecer aos preceitos da Lei 6.766/79, constituindo crime contra a Administração Pública (art. 50, I, c.c. art. 3º, caput, Lei 6.766/79). Não é a natureza da zona (rural ou urbana) onde o loteamento está sendo implantado que define a incidência dessa lei, mas a sua finalidade urbana (para lazer, moradia, comércio, indústria, fins institucionais). 4) a legislação específica inviabiliza a divisão de imóvel rural em dimensão inferior ao módulo ou fração mínima de parcelamento (Lei 5.868/72, art. 8º, caput; Lei 4.504/64, art. 65, par. 1º - Estatuto da Terra), ainda que para as hipóteses de desmembramento rural (em que a parte desmembrada confina com ia de circulação preexistente), partilha judicial ou amigável e para divisão operada causa mortis, como já decidiu o Conselho Superior da Magistratura Paulista. Para o CSM, o loteamento destinado a chácaras de recreio não está dispensado dos requisitos registrários da legislação de parcelamento urbano, mesmo em se tratando de empreendimento anterior à vigência da Lei 6.766/79, ou do Estatuto da Terra, de vez que o registro especial já era exigido pelo Decreto-Lei 58/37” (Temas de Direito Urbanístico, vol. 2, São Paulo: Imprensa Oficial, 2000, p.369).
IVAN CARNEIRO CASTANHEIRO (O Ministério Público na regularização de parcelamento do solo) – “[...] o parcelamento para fins de lazer, é disciplinado igualmente ao urbano, com peculiaridade de ser implantado em zona rural, que deve ser transformada emzona de expansão urbana por Lei Municipal e que a finalidade de lazer se configura em fins urbanos, estando incursa no artigo 3º da Lei nº 6.766/79, conhecida como Lei Lehmann, pois o uso do solo para fins rurais, nos termos do artigo 4º do Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64), é assim definido: I – Imóvel Rural, o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, que através de iniciativa privada. Assim, por exclusão, se o parcelamento do solo não é para fim rural, é para fim urbano, regido pela Lei nº 6.766/79”. (Temas de Direito Urbanístico. São Paulo: Imprensa Oficial, 1999, p.199).
Jurisprudência:
LOTEAMENTO - Irregularidade - Ação civil pública - Municipalidade - Obrigação de fazer, não fazer e indenização - Venda de pequenas glebas localizadas em área rural do município a fim de constituir chácaras e pequenos sítios destinados à exploração vegetal, hortifrutigranjeiro, plantação de mandioca, criação e engorda de porcos e outros atividades análogas - Metragem das áreas comercializadas inferiores ao limite mínimo estabelecido pelo Incra e em lei local - Imóveis destinados a sítios e chácaras de recreio - Submissão à Lei do Parcelamento do Solo Urbano (Lei 6766/79) - Loteamento irregular caracterizado - Sentença mantida - Recurso improvido (TJSP, Apelação Cível n 167 815-4/3-00 - São José do Rio Preto – 2 Câmara de Direito Privado - Relator Neves Amorim - 03.06 08).
LOTEAMENTO IRREGULAR FRAUDE A LEI SITIO DE LAZER - SITIO DE RECREIO 1. DIREITO CIVIL. COISAS. 2. REGISTRO DE IMOVEIS. - DUVIDA DO OFICIAL. ESCRITURA PUBLICA DE COMPRA E VENDA. - IMOVEL RURAL. FRACAO IDEAL DENTRO DE UM TODO MAIOR. - IMOVEL SITUADO EM ZONA RURAL. - INEXISTENCIA DE AUTORIZACAO DO INCRA PARA TRANSFORMACAO EM URBANO. EFEITOS. - OBEDIENCIA AO PADRAO DO MODULO RURAL. - ESCRITURA PUBLICA DE COMPRA E VENDA. FRACAO IDEAL DENTRO DE UM TODO MAIOR. - AREA EM CONDOMINIO. EFEITOS. - AREA INFERIOR AO MODULO RURAL. FRACIONAMENTO OU DESMEMBRAMENTO. INADMISSIBILIDADE. - PROVIMENTO N-30 DE 1988 DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTICA. EFEITOS. - PARCELAMENTO DO SOLO URBANO. DISPOSICOES LEGAIS. DESMEMBRAMENTO IRREGULAR (TJRS, Apelação Cível nº 592095053, rel. José Maria Rosa Tesheiner, julgado em 01/12/1992).
Artigos e Pareceres
Apostila sobre cadastro de imóveis rurais - INCRA.
Parágrafo único. Não será permitido o parcelamento do solo: 
I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas; 
II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados; 
III - em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; 
IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação; 
V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção. 
Projeto de Lei nº 3057/2000:
Art. 5º Não se admite o parcelamento do solo para fins urbanos: 
I – em área alagadiça ou sujeita a inundação, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento ou a contenção das águas;
II – em local considerado contaminado ou suspeito de contaminação por material nocivo ao meio ambiente ou à saúde pública, sem que seja previamente remediado; 
III – em área sujeita a deslizamento de encosta, abatimento do terreno, processo de erosão linear ou outra situação de risco, antes de tomadas as providências para garantir sua estabilidade; 
IV – em área que integre unidades de conservação da natureza, criadas na forma da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, incompatíveis com esse tipo de empreendimento; 
V – onde for técnica ou economicamente inviável a implantação de infra-estrutura básica, serviços públicos de transporte coletivo ou equipamentos comunitários; 
VI – onde houver proibição para esse tipo de empreendimento em virtude das normas ambientais ou de proteção do patrimônio cultural.
Considerações
	A norma pretendeu estipular um rol de vedações à implantação do parcelamento do solo urbano, podendo os Estados e Municípios, dentro de suas competências constitucionais suplementares elencar outras vedações legais (arts. 24, I, §2º e 30, II, da CRFB).
 	Nota-se que os incisos I, II, III e V não vedam, peremptoriamente, a implantação de loteamento e desmembramento em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, ou com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento) ou nas áreas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, mas condicionou sua implantação a reparação dessas situações.
	Logo, caso haja um projeto de drenagem das águas fluviais, o parcelamento poderá ser implantado em área alagadiça ou sujeita a inundação, assim como em terrenos com declividade igual ou superior a 30%, desde que os estudos de engenharia comprovem que a edificação não trará riscos a população, sempre, é claro, quando as normas estaduais e municipais não vedem incondicionalmente o parcelamento do solo.
	A Constituição do Estado do Espírito Santo, por exemplo, no seu artigo 196, dispõe que “[...] as encostas de morros com aclive superior a quarenta e cinco por cento [...] constituem-se áreas de preservação especial, não podendo sofrer interferência que implique em alteração de suas características primitivas”. Já a Lei Municipal nº 2.199/1999 (Código Municipal de Meio Ambiente), do Município da Serra, Estado do Espírito Santo, no seu artigo 123, IV, “a”, “b” e “c”, prescreve que “para assegurar a conservação da qualidade ambiental, o parcelamento do solo no Município deverá atender às seguintes exigências [...] IV - proibição de parcelamento de áreas: a) sujeitas a inundações; b) alagadas e alagáveis; c) aterradas com materiais nocivos à saúde pública, não propícias para ocupação [...]”.
Jurisprudência:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE. OBRIGAÇÃO DE FAZER. MATA ATLÂNTICA. RESERVATÓRIO BILLINGS. LOTEAMENTO CLANDESTINO. ASSOREAMENTO DA REPRESA. REPARAÇÃO AMBIENTAL. 1. A destruição ambiental verificada nos limites do Reservatório Billings – que serve de água grande parte da cidade de São Paulo –, provocando assoreamentos, somados à destruição da Mata Atlântica, impõe a condenação dos responsáveis, ainda que, para tanto, haja necessidade de se remover famílias instaladas no local de forma clandestina, em decorrência de loteamento irregular implementado na região. 2. Não se trata tão-somente de restauração de matas em prejuízo de famílias carentes de recursos financeiros, que, provavelmente deixaram-se enganar pelos idealizadores de loteamentos irregulares na ânsia de obterem moradias mais dignas, mas de preservação de reservatório de abastecimento urbano, que beneficia um número muito maior de pessoas do que as residentes na área de preservação. No conflito entre o interesse público e o particular há de prevalecer aquele em detrimento deste quando impossível a conciliação de ambos. 3. Não fere as disposições do art. 515 do Código de Processo Civil acórdão que, reformando a sentença, julga procedente a ação nos exatos termos do pedido formulado na peça vestibular, desprezando pedido alternativo constante das razões da apelação. 4. Recursos especiais de Alberto Srur e do Município de São Bernardo do Campo parcialmente conhecidos e, nessa parte, improvidos. (Superior Tribunal de Justiça STJ; REsp 403190; SP; Segunda Turma; Rel. Min. João Otávio de Noronha; Julg. 27/06/2006; DJU 14/08/2006; Pág. 259) .
DIREITO AMBIENTAL. LOTEAMENTO E URBANIZAÇÃO PREVISTO EM PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA. LICENÇA PARA CONSTRUÇÃO. ATERRAMENTO DE ÁREA ENQUADRADA COMO ÁREA DE MANGUE. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO E DO CÓDIGO FLORESTAL. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO DE POLUIR.Preliminares superadas. A responsabilidade por dano ambiental é objetiva e a legitimação passiva para a causa decorre do conceito de poluidor do art. 3º, IV, da Lei nº 6.938/81. Aplica-se ao caso concreto a regra do art. 400, II, do CPC, quanto à dispensa na produção de prova testemunhal. Tendo sido o laudo pericial juntado aos autos sete anos antes da conclusão para sentença, afasta-se a argüição de cerceamento de defesa. A via eleita (ação civil pública) é a adequada, conforme art. 1º, I, da Lei nº 7.347/85. Não há identidade entre a presente ação civil pública e o mandado de segurança impetrado junto à Justiça do Estado por VIVACQUA IRMÃOS S/A contra ato do SECRETÁRIO DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE DO Espírito Santo. Conseqüentemente, não há que se falar em ofensa à coisa julgada. Ambos os Juízos atuaram nos limites de sua competência. Eventual necessidade de reunião de ações, perante a Justiça Federal, não questionada. No mérito, o exercício do direito de propriedade sofre limitação constitucional. Incidência, no caso concreto, das normas previstas nos artigos 23, VI e VII, 24, VI, 30, II e 225 da CRFB/88. O parcelamento ou loteamento do solo urbano, pelo Município, deve observar a proteção, definida em Lei, às áreas de preservação ecológica. O Município, ao editar Plano Diretor e definir quais as áreas de zoneamento urbano, pode, no âmbito de sua competência legislativa suplementar, alargar a proteção ambiental, sendo-lhe vedado restringi-la. A área em questão foi considerada, conforme prova pericial, terreno de mangue, e é objeto de proteção conforme art. 2º da Lei Federal nº 4.771/65 (Código Florestal). A concessão à 1ª apelante de licença de construção da infra-estrutura do loteamento "Bairro Jabour", pelo Município, permitindo-lhe o aterramento de área de preservação permanente, não cria direito adquirido de poluir. Inexistência de licença ambiental ou de estudo de impacto ambiental. Apelações improvidas. (TRF 02ª R.; AC 2002.02.01.023408-5; Sétima Turma Especializada; Rel. Des. Fed. Theophilo Miguel; Julg. 06/06/2007; DJU 01/08/2007; Pág. 139).
ADMINISTRATIVO. NULIDADE LITISCONSORTE NECESSÁRIO NÃO CITADO. TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA. REJEIÇÃO. DIREITO SUBJETIVO À LICENÇA PARA CONSTRUIR. APROVAÇÃO DO PROJETO. OMISSÃO DO PODER PÚBLICO. ATO ADMINISTRATIVO VINCULADO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL PERMANENTE. DIREITO ADQUIRIDO. APELO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. 1. Não tendo a demanda por objeto determinado termo de ajuste de conduta firmado pela municipalidade, não são seus subscritores litisconsortes necessários da lide. Preliminar rejeitada. 2. A mera aprovação do projeto não é suficiente à concessão judicial da licença para construir, ante à negativa do Executivo, em virtude de depender esta de requisitos outros não demonstrados na espécie pelo impetrante. 3. Constatando-se que a área em questão é de preservação permanente (art. 2º da Lei n.º 4.771/65), não há como possa ser deferida a licença para construir pretendida, notadamente quando, em virtude do caráter ambiental, a região passa a ser imune ao parcelamento do solo urbano (art. 3º, parágrafo único, incisos III e V, da Lei n.º 6.766/79). 4. A mera aprovação do loteamento e do projeto não geram ao administrado direito adquirido de construir, notadamente quando este tenta ser sobreposto ao interesse público de resguardo do meio ambiente sadio. Precedentes do STF e do STJ. 5. Apelação conhecida e provida para reformar a sentença. Segurança denegada. (TJ-ES; REO 035.01.011033-2; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Arnaldo Santos Souza; Julg. 13/09/2005; DJES 17/10/2005).
AGRAVO DE INSTRUMENTO LOTEAMENTO CLANDESTINO - MEDIDA LIMINAR - INDISPONIBILIDADE DE BENS - APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ORIGINAIS SOB PENA DE MULTA- QUEBRA DE SIGILOS BANCÁRIO E FISCAL - Loteamento clandestino instituído em área de preservação permanente, decorrente da proximidade com o rio Tietê e grande declividade natural, estando a área coberta por vegetação protetora de mananciais, e por isto vedada a ocupação pelo Código Florestal: motivos suficientes a escudar a liminar concedida em primeiro grau, que visa tão-somente resguardar um bem maior, o meio ambiente em que vivemos, impedindo se alastre a ocupação e preservando o patrimônio dos réus para fins de eventual indenização. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (TJ-SP; AI 521.839-5/6-00; Câmara Especial do Meio Ambiente; Relª Desª Regina Capistrano; Julg. 05/04/2006).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOTEAMENTO DEVIDAMENTE REGISTRADO HÁ MAIS DE 30 ANOS. INSTITUIÇÃO DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL EM APENAS UM LOTE. ÁREAS CONTIGUAS EDIFICADAS. IMPOSSIBILIDADE. Contrariedade ao principio da isonomia, segurança jurídica e boa-fé do proprietário se o loteamento foi devidamente aprovado e registrado há mais de trinta anos, não se pode pretender a instituição de área de preservação permanente em somente um dos lotes do empreendimento sendo que a área contígua ao lote encontra-se edificada e o próprio loteamento como um todo se apresenta urbanizado. O indeferimento do pedido de licença para construção, somente ao agravado contraria a isonomia, prevalecendo, no caso, o direito de propriedade, para assegurar a segurança jurídica em respaldo, ainda, a boa-fé da autora/proprietária do imóvel. (TJ-MG; AG 1.0188.06.050134-6/001; Nova Lima; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Eduardo Guimarães Andrade; Julg. 08/05/2007; DJMG 22/05/2007).
CAPÍTULO II
Dos Requisitos Urbanísticos para Loteamento
        Art. 4º - Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos: 
        I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem. 
Vide também artigos 5º; 17; 43, caput e parágrafo único, desta Lei.
Projeto de Lei nº 3057/2000:
Art. 7º O parcelamento do solo para fins urbanos deve atender às normas e diretrizes urbanísticas expressas no Plano Diretor, se houver, e nas leis municipais de parcelamento, uso e ocupação do solo urbano, bem como aos seguintes requisitos: 
I – os lotes ou unidades autônomas devem ter área mínima de 125m² (cento e vinte e cinco metros quadrados), ressalvado o parcelamento integrado à edificação, em que se admite área mínima de 100m² (cem metros quadrados); 
II – as áreas destinadas a uso público ou a uso comum dos condôminos devem ser diretamente proporcionais à densidade de ocupação prevista no Plano Diretor ou outra lei municipal e contemplar plano de arborização; 
III – as vias públicas devem articular-se com o sistema viário adjacente, existente ou projetado, harmonizar-se com a topografia local e garantir o acesso público aos corpos d’água, às praias e às demais áreas de uso comum do povo; 
IV – a infra-estrutura básica deve ser implantada no prazo previsto no cronograma físico de obras e serviços. 
 Parágrafo único. O Município de gestão plena pode alterar, por lei, as dimensões mínimas previstas no inciso I do caput, nas áreas incluídas em ZEIS. 
Art. 8º O percentual de áreas destinadas a uso público nos loteamentos, excluído o sistema viário, deve ser de, no mínimo, 15% (quinze por cento), observada a proporcionalidade prevista no inciso II do caput do art. 7º. 
§ 1º O loteamento de pequeno porte fica dispensado da reserva de percentual de áreas destinadas a uso público, salvo disposição contrária prevista em lei municipal. 
§ 2º O Município de gestão plena pode diminuir, por lei, o percentual de áreas destinadas a uso público previsto no caput, para parcelamentos implantados em ZEIS, desde que nas proximidades do imóvel já existam equipamentos públicos aptos a atender à nova demanda. 
§ 3º Verificado que o desmembramento a ser implantado gera demanda de novas áreas destinadas a uso público, a autoridade licenciadora deve caracterizá-lo como loteamento e observar o percentual previsto no caput. 
§ 4º As áreas

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