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JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO
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O PERÍODO COLONIAL ____________________________________ 02
PERÍDO IMPERIAL ________________________________________ 08
O CEARÁ E A “ REPÚBLICA VELHA” _________________________ 11
O CEARÁ DURANTE O ESTADO NOVO _______________________ 14
OS GOVERNOS MILITARES E O “NOVO” CORONELISMO _______ 20
A “NOVA” REPÚBLICA _____________________________________ 23
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1
APOSTILA DE HISTÓRIA DO CEARÁ
CONSIDERAÇÕES E OBSERVAÇÕES
Meu aluno (a), essa apostila foi elaborada com
base em compilados de fontes confiáveis, livros e
artigos, além de órgãos oficiais por parte de
Governo, com isso, muitas dessas informações
estão dispostas na internet, haja vista ser o meio
mais democrático de busca de informações. Com
isso, não se espante ao copiar alguma informação
da apostila e ver o texto na internet.
Meu papel como professor é buscar o mais
relevante para você e saber achar tais
informações.
Mesma observação serve para as temáticas de
Geografia e História de Fortaleza.
Bons estudos!!!!
Att. Prof. Caio Victor
@caio_victorp
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2
Formação do território Brasileiro
Tratado de Tordesilhas
Esse tratado foi assinado em 1494, antes mesmo
de Portugal e Espanha desbravem o “novo mundo”,
eles já delimitaram a configuração das Américas.
Tal tratado estabeleceu que Tordesilhas,
determinando que as terras localizadas 370 léguas
a Oeste de Cabo Verde pertenceriam à Espanha e
ao leste, a Portugal.
Portugal, ao chegar nas terras “brasileira”,
ocuparam boa parte do litoral nordestino.
A descoberta do Brasil ocorreu no ano de 1500.
Todavia, as novas terras ficaram praticamente
abandonadas, até 1530, quando Portugal decidiu
colonizar o Brasil. Martim Afonso comandou a
primeira expedição colonizadora, que partiu de
Portugal em dezembro de 1531.
A primeira vila que tivemos aqui no Brasil se
chamou de Vila de São Vicente, em 1532. A partir
desse período, tivemos as primeiras Sesmarias,
que eram terras doadas por Portugal para tomarem
posse e produzir atividades de agricultura e
pecuária naquele espaço.
Capitanias hereditárias
É importante nós falarmos desse tópico, pois as
capitanias hereditárias, formadas em 1534,
constituíram a primeira organização política
administrativa do Brasil.
Ao todo, o território brasileiro foi divido em 15
capitanias, cujos donos chamavam-se de capitães
donatários, o qual tinham a função de desenvolver
aquela terra, cuidar militarmente e organizá-la.
O sistema de capitanias hereditárias se assemelha
com o que temos hoje, pois o território brasileiro foi
descentralizado, só que tal sistema era difícil de
manter, por óptica dos capitães donatários, fazendo
com que a coroa de Portugal, em 1539, instituísse
o Governo-geral na cidade de Salvador-BA.
O primeiro capitão donatário que distribuiu
sesmarias foi Martin Afonso de Souza. Com essa
prática, as capitanias hereditárias eram também
divididas em partes menores, que eram as
sesmarias.
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3
Bandeirantismo
O bandeirantismo ficou conhecido como marcha
para o Oeste, que avançou território adentro
visando a expansão do território e busca de metais
preciosos.
É perceptível que tal ação não respeitou o tratado
de Tordesilhas, fazendo com que, em 1750,
Portugal e Espanha assinassem um novo acordo
chamado de Tratado de Madrid, cujo principal
objetivo seria conservação das terras ocupadas até
então.
Províncias
Como você sabemos, se não sabe aprende agora,
o Brasil se tornou independente em 1822, fazendo
com que a antiga organização territorial do Brasil
que era dividido em capitanias hereditárias, passa-
se agora a ser dividida em províncias.
Quando o Brasil nasceu como pais independente,
mudou-se a configuração de capitanias para 18
províncias: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo,
Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais,
Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, São Paulo e Sergipe.
Resumo
Brasil Colônia: Momento histórico que durou de
1530 a 1822
O Brasil Colônia é o período que compreende os
anos de 1530 a 1822. Esse fato histórico foi iniciado
com a primeira expedição realizada por Martim
Afonso de Souza, no litoral brasileiro.
Brasil pré-colonial
No período pré-colonial a economia baseava-se na
exploração do pau-brasil. Essa atividade consistia
na extração de tinta da madeira para a pintura de
tecidos. Portanto, essa era a atividade econômica
da época. Para cortar a madeira, os portugueses
davam aos índios objetos como: quinquilharias,
metais, espelhos, colares, entre outros. Na história
chama-se essa troca de escambo.
Brasil Colônia
De acordo com a história do Brasil, o marco inicial
do Brasil Colônia foi o momento em que D. João III
encaminhou Martim Afonso de Souza, em 1530,
para realizar uma expedição colonizadora no litoral
brasileiro. A finalidade foi estabelecer vilas e dividir
lotes de terras para os donatários (pessoa que
administrava terras que recebiam) explorarem
metais preciosos e cultivassem a cana-de-açúcar.
O trabalho de expedição de Martim Afonso de
Souza estendeu-se do litoral de Pernambuco até o
rio da Prata. Ele fundou no litoral paulista a primeira
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vila do Brasil, em 1532, denominada de Vila de São
Vicente.
A partir de então, Portugal adotou uma medida para
estabelecer o processo de colonização do Brasil: as
Capitanias Hereditárias. Essa estratégia consistiu
na divisão do país em 15 capitanias hereditárias,
que eram faixas de terras que abrangia o litoral
brasileiro até o limite estabelecido pelo Tratado de
Tordesilhas. Esse era um documento que atestava
o acordo entre Portugal e Espanha sobre os limites
das terras descoberta por ambos.
Motivos de Portugal para a colonização
A terra recém-descoberta despertava o interesse
não apenas de Portugal, mas também de outras
nações. Os lusitanos enfrentavam ameaças de
navios estrangeiros que cercavam o litoral
brasileiro. Como exemplo, os franceses que haviam
fortalecido relações com os indígenas. Além disso,
alguns países não reconheciam o Tratado de
Tordesilhas.
Não apenas a ameaça estrangeira de instalar-se no
Brasil, mas também a busca por metais preciosos
contribuíram para a escolha de Portugal em
colonizar o país. A Espanha havia descoberto ouro
na América. Com isso, os portugueses criaram a
expectativa de encontrar o brilhante de cor amarela
também em solo brasileiro.
A Economia da Época
Para estabelecer a política econômica no Brasil,
Portugal adotou algumas medidas, como a
produção de cana-de-açúcar. Essa escolha foi em
razão das experiências bem-sucedidas de Portugal
em outras colônias como São Tomé, Ilhas de
Madeira, Açores e Cabo Verde.
O comércio na colônia respeitava a medida do
pacto colonial que era o direito de exclusividade de
comercialização entre colônia e metrópole. Os
portugueses utilizaram, a princípio, como mão de
obra escrava os índios. Estes, no entanto,
resistiram e, além disso, a prática era condenada
pelos jesuítas. A partir de então, donos de
comércios escravizaram negros que vieram da
África nos navios-negreiros. Os jesuítas reagiram
contra a prática de escravidão dos índios. Porém
concordavamModernização conservadora no
Ceará como sendo o início de uma série de
investimento em obras e infraestrutura, além de
industrialização no Ceará, iniciada durante a gestão
de Virgílio Távora, com incentivos da própria
SUDENE e do BNB.
OBS: Desde o início da modernização
conservadora iniciada por Virgílio na década de
1960, TODOS os demais governantes deram
continuidade à modernização
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A Nova República começa no Ceará com a eleição
de Maria Luiza para o cargo de prefeita de Fortaleza
em 1986. Foi a primeira prefeita de capital estadual
eleita pelo Partido dos Trabalhadores e o primeiro
político do sexo feminino a ser eleito para esse
cargo após o regime militar. A insatisfação com a
política praticada durante a ditadura militar e o
movimento de redemocratização impulsionam as
transformações no poder político, com a
decadência da hegemonia tradicional do
coronelismo.
Gonzaga Mota deixa o governo com pagamentos
atrasados ao funcionalismo e descontrole nas
contas públicas, mas seu candidato, o empresário
Tasso Jereissati, consegue se eleger com a
promessa de modernizar a administração pública,
afastando-se do clientelismo dos governos
anteriores; promover a austeridade fiscal; e
desenvolver a economia estadual. A nova gestão
passa a se autodenominar "Governo das
Mudanças".[8] Nas duas décadas seguintes,
Jereissati e seus aliados passam a deter a
hegemonia política no Estado, e rapidamente
perdem a aliança com partidos mais à esquerda,
como o PT e o PCdoB.[6]
Ciro Gomes, então prefeito de Fortaleza, se
candidata em 1990 ao cargo de governador com o
apoio de Tasso e é eleito. Com a abertura do
mercado brasileiro, o Ceará recebe os primeiros
carros importados da marca russa Lada. Os
"Governos das Mudanças" priorizam o aumento
dos investimentos públicos e privados em
infraestrutura e nos setores industrial e de serviços,
enquanto o agropecuário permanece à margem.
Politicamente, há uma relativa diminuição de poder
dos "coronéis", com ampliação do poder do grande
empresariado. O saneamento das contas estaduais
- atingido, em parte, pela diminuição das despesas
com o funcionalismo público através de demissões
e achatamentos salariais - garantem superávits
entre 1988 e 1994, mas com a consolidação do
Plano Real volta-se a uma predominância de
déficits.
Nas palavras do professor Airton de Farias:
“Em 1986, Tasso Jereissati era eleito governador
do Ceará, derrotando os três famosos coronéis do
Ceará, Adauto, Vírgílio e César, e inaugurando uma
nova etapa política no estado.
Mas tal fato não foi ocasional. Na realidade,
enquadra-se dentro de um projeto político burguês-
capitalista, com origens no ano de 1978, quando
“jovens empresários” assumiram o controle do
Centro Industrial Cearense (CIC). Até aquela data,
a chefia do CIC era ocupada pelo presidente da
Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(FlEC).
Esses “jovens empresários”, como Beni Veras,
Tasso Jereissati, Amarílio Macedo, Sérgio
Machado e Assis Machado Neto, tornam o CIC um
centro de debates e gestam uma candidatura ao
governo. Embora tenha o CIC de início mantido
boas relações com os coronéis (por exemplo,
apoiaram a candidatura de Gonzaga Mota ao
governo em 1982), criticavam duramente o
excessivo intervencionismo do Estado na
economia, a corrupção, o clientelismo e outros
problemas da máquina pública, pregando uma
gestão “moderna”, (neo) liberal no Ceará e
empresarial para “acabar com a miséria”.
A oportunidade para os “jovens empresários”
assumirem o governo dar-se-ia em 1986. O então
governador Gonzaga Mota (PMDB), já rompido
com seus “padrinhos políticos” (os coronéis),
resolveu apoiar um nome do CIC para concorrer a
sua sucessão: Tasso Jereissati. Este, valendo-se
do sucesso nacional do Plano Cruzado, da crise e
decadência das “velhas” elites chefiadas pelos
coronéis e contando com o apoio e simpatia de
amplos segmentos sociais (até das esquerdas),
derrota o candidato do PFL (dissidente do PDS,
atual DEM), coronel Adauto Bezerra.
Encontrando o Estado em lastimável situação
financeira, Tasso, sob o lema “Governo das
Mudanças”, buscou moralizar a máquina pública,
diminuindo o nepotismo e o empreguismo – embora
achatando o salário dos servidores públicos e tenha
com estes uma relação de atritos.
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Visando dar ao governo uma “gestão técnica”, o
“Governo das Mudanças” elimina a intermediação
de “políticos profissionais”, sobretudo na primeira
gestão (1987-91), o que lhe trouxe certo isolamento
da sociedade civil e a acusação de autoritário. Em
pouco tempo, ganhou forte oposição, mesmo
daqueles que o haviam apoiado na eleição (daí o
grupo tassista ter deixado o PMDB e entrado no
PSDB). O Cambeba (Palácio do Governo e
sinônimo dos partidários de Tasso) procurou
descredenciar essa oposição chamando-a
genericamente de “forças do atraso”, elementos
“corporativistas”, pessoas de “interesses
contrariados”.
A geração Cambeba procurou a "modernização" da
máquina administrativa cearense, ou seja, a
promoção de uma "gestão técnica" e pró-capitalista
do Estado, de modo que se buscasse o equilíbrio
orçamentário (o que aconteceu principalmente no
primeiro mandato de Tasso e na gestão de Ciro
Gomes, com a austeridade nos gastos públicos,
aumento da arrecadação de tributos, corte de
gratificações, eliminação de cargos públicos,
achatamento de salários dos servidores, etc.), a
eficiência da máquina estatal (por exemplo, com
a informatização da burocracia e a qualificação dos
servidores públicos), a probidade no trato com a
coisa pública (sem privilégios a particulares), o
investimento em obras de infra-estruturas
(sobretudo a partir do segundo mandato de Tasso,
com verbas e empréstimos do governo federal e de
órgãos internacionais de desenvolvimento) e os
estímulos à indústria e atividade conexas.
Utilizando também muito "marketing" (um dos
estados que mais investia em propaganda no Brasil
era o Ceará), a geração Cambeba ganhou a
hegemonia política do Estado e projeção nacional,
embora as "mudanças" tão propaladas, como a
industrialização cearense, venha de décadas,
desde os anos 1960, a partir da criação do Banco
do Nordeste (1952), da SUDENE (1959) e das
administrações do coronel Virgílio Távora (1963-
66/1979-82).
O domínio cambebista garantiu a eleição em 1990
de Ciro Gomes ao governo pelo PSDB. Depois,
Ciro iria para o PPS, mantendo-se, porém, "fiel" a
Tasso. Em 1994, há o retorno de Jereissati ao
Executivo cearense. Tasso seria reeleito ainda em
1998. Um dos maiores núcleos de oposição ao
Cambeba encontrava-se em Fortaleza, onde nos
anos 90 e início do século XXI dominou o grupo
político conservador do então prefeito Juraci
Magalhães. Na capital também eram fortes as
esquerdas, tanto que em 2004 o PT conseguiu
eleger Luizianne Lins como gestora da cidade.
Apesar das "mudanças" realizadas pelo Cambeba
na política e economia do Estado - o PIB cearense
cresceu nos últimos anos em média mais que o do
restante do Brasil - não houve empenho suficiente
para acabar com a pobreza absoluta que imperava
no Ceará. Ao contrário, o projeto do "Governo das
Mudanças" não alterou substancialmente a
concentração de renda no estado, também uma
das maiores do País. Para os críticos, o modelo
capitalista, neoliberal, urbano e industrialista não
deu a atenção necessária agricultura interiorana,
salvo as grandes agroindústrias.
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jr1568585@gmail.comcom a escravidão dos negros.
Invasão Holandesa
A invasão holandesa foi um dos fatos que ameaçou
o domínio português sobre o Brasil. Em 1580
ocorreu a União Ibérica que foi a unificação entre
as coroas de Portugal e Espanha. A Holanda era
parceira dos portugueses, porém inimiga dos
espanhóis.
Os holandeses haviam investido na produção de
cana-de-açúcar no Brasil. No entanto, eles foram
afastados dos negócios. Com isso, em 1624
tentaram invadir a colônia, no estado da Bahia,
permanecendo até 1625.
Outra tentativa de invasão foi em Pernambuco em
1630. A presença dos holandeses no Brasil foi
firmada a partir da chegada de Maurício de
Nassau, em 1637 onde ficou até 1644.
História do Ceará
A delimitação do atual território ocupado pelo
estado do Ceará começou com a doação da
Capitania Siará em 1535 para Antônio Cardoso de
Barros.
Primeira tentativa de colonização do Ceará em
1603 – Pero coelho de Sousa
A fundação, contudo, ocorreu em 1603, por Pêro
Coelho de Souza, que chamou a colônia de Nova
Luzitânia.
A missão dos bandeiristas era explorar o rio
Jaguaribe, combater piratas, "fazer a paz" com os
indígenas e tentar encontrar metais preciosos.
Partindo da Paraíba, à frente de 200 índios
"mansos" (já submissos ao conquistador) e de 65
soldados (entre os quais o jovem Martim Soares
Moreno), Pero Coelho atingiu pelo litoral a serra de
Ibiapaba, onde travou combate com os índios
Tabajaras e alguns franceses, então aliados.
Derrotando os adversários, Pero Coelho tentou
seguir para o Maranhão, mas só atingiu o rio
Parnaíba (Piauí) pois seus homens, cansados,
maltrapilhos e famintos recusaram-se a prosseguir
viagem.
O capitão-mor fundou o Forte de São Tiago, às
margens do Rio Ceará e o povoado de Nova
Lusitânia
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Martim Soares Moreno - o Fundador do Ceará -
1611
Entre os integrantes do grupo de colonizadores , na
expedição de Pero Coelho, estava Martim Soares
Moreno, com 17 anos na época. É atribuída a ele a
fundação da região. Habilidoso, o rapaz negociava
com indígenas, de quem conhecia os costumes e a
língua.
Em 1611, com a ajuda de índios da região,
chefiados por Jacaúna, Moreno fundou às margens
do rio Ceará o Forte de S. Sebastião. No ano
seguinte, apesar de suas pretensões
colonizadoras, foi convocado para combater os
franceses que haviam fundado a França Equinocial
no Maranhão
“A falta de recursos e da atenção da Coroa fizeram
com que Moreno se retirasse do Ceará em 1631,
dirigindo para Pernambuco, onde foi combater os
holandeses que então invadiam a América
portuguesa. Anos depois, regressou a Portugal,
não vindo mais ao Ceará. Na visão tradicional, tem-
se Moreno como “fundador” do Ceará – tanto que
é homenageado pelo escritor José de Alencar no
livro Iracema, obra de 1865. ” FARIAS
Martins Soares Moreno Fundou o Forte São
Sebastião
Invasão Holandesa no Ceará
No ano de 1630, os holandeses invadem
Pernambuco na pretensão de dominar a região
açucareira e de encontrar outras riquezas. Assim,
em 1637, tropas flamengas conquistam o forte
cearense de São Sebastião.
De início, contaram os holandeses com o apoio
dos índios. Depois, contudo, a “aliança” se desfez,
pois o holandês não se diferenciava do português
no mau trato do índio. Revoltados, em 1644, os
nativos atacaram e destruíram o fortim, trucidando
os holandeses.
Os flamengos retornam em 1649, sob o mando do
capitão Matias Beck, em busca de minas de prata.
Erguem no monte Marajaitiba, nas margens do
riacho Pajeú, o forte de Schoonemborch, em torno
do qual, depois, iria espontaneamente surgir a atual
cidade de Fortaleza.
Os holandeses ficam no Ceará até 1654, quando
retiram-se em virtude de sua derrota em
Pernambuco e expulsão do Brasil. Sob a liderança
do capitão-mor Álvaro de Azevedo, os portugueses
retomam a colonização e mudam o nome do forte
para Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Bom atentar que por esse período o “Siará” esteve
submisso a outras entidades administrativas. Entre
1621 e 1656, foi gerenciado pelo Maranhão. De
1656 a 1799, esteve submetido a Pernambuco. Isso
atrapalhou o crescimento material da capitania.
Pecuária
A atividade da Pecuária, de início, era uma
atividade secundária. Ajudava na produção da cana
de açúcar.
É importante frisar que: A pecuária, no Ceará,
ajudou no processo de interiorização do nosso
território. Os caminhos que eram traçados pelos
viajantes, lembrando que eram viagens por meio
das margens dos rios, principalmente o rio
Jaguaribe, ajudavam a criar algumas vilas, que
posteriormente viraram cidades no estado do
Ceará.
Fatores que levaram o gado migrar para o
interior
- Aumento populacional no litoral
- Aumento do número do gado nas atividades
litorâneas
- A Carta régia (1701), o qual proibiu a criação de
gado a 10 léguas do litoral.
- Falta de terras no litoral para todos
- Necessidade do litoral para a cana – de – açúcar.
Figuras da pecuária
- Vaqueiro: Homem livre; pago pelo sistema de
quarteação;
Leitura necessária
O Ceará nasceu da exclusão da atividade pecuária
nas áreas litorâneas, especialmente em
Pernambuco e Bahia, produtores de açúcar
Pernambuco direcionou a colonização a partir do
norte do estado- “ Sertão de fora”
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Bahia direcionou a partir do sul. – “ Sertão de
dentro”
Assim, durante séculos o Ceará foi uma "civilização
do couro", dedicada, sobretudo, à venda de gado e
de sua carne para outras províncias.
“A penetração e conquista dos sertões
aconteceram por duas rotas: sertão-de fora,
dominada por pernambucanos, vindos pelo litoral, e
sertão-de-dentro, dominada por baianos. Tais rotas
se confluíram no Ceará, com os colonos ocupando
o litoral inicialmente e daí as ribeiras dos rios
Jaguaribe e Acaraú.
Os rebanhos bovinos cearenses eram conduzidos
pelos tangerinos para a venda em Pernambuco,
Bahia e, posteriormente, nas Minas Gerais.
Percorriam rudes veredas, chamadas de “estradas
sertanejas”. Nos cruzamentos de muitas destas,
surgiram cidades, como Icó, Quixeramobim e
Sobral.
Em pouco tempo, os sertões cearenses estavam
conquistados pelos invasores. Para a expansão
pastoril, contribuíram: a demanda dos mercados
consumidores do litoral açucareiro e da região
mineradora, a facilidade na obtenção de sesmarias
e de novas terras, o crescimento vegetativo (mas
não qualitativo) dos rebanhos, as pastagens
abundantes (na época das chuvas), as vastas
áreas sertanejas, o caráter salino do solo, a
exigência de pouco capital e mão-de-obra na
montagem da fazenda e o próprio fato do gado se
auto-transportar.
Mas a venda de gado para outras capitanias não
era tão lucrativa assim – o gado emagrecia, perdia-
se, morria por ataque de feras, era assaltado. Havia
ainda o peso dos impostos. Assim, os criadores do
gado do litoral passaram, no século XVIII, a vender
seus rebanhos na forma de charque (carne seca
salgada ao sol), produzido nas oficinas ou
charqueadas. O charque, além de seu papel dentro
da própria colônia, apresentou destaque também
no tráfico de escravos entre o Brasil e os centros
comerciais de negros em África, especialmente
Angola”. – FARIAS
Charqueadas
Charque
Fatores que contribuíram para a Charque:
-Os ventos constantes e a baixa umidade relativa
do ar,
-A abundância de sal,
-As barras dos rios acessíveis à navegação de
cabotagem da época,
- O grande rebanho cearense e o próprio fato da
técnica salineira não exigir muitos conhecimentos e
nem muito investimento.
As oficinas situavam-se na porção litorânea,
próximas aos rios, de onde se levava a carne seca
em sumacas a Recife, Salvador e até o Rio de
Janeiro – ali seria alimento para pobres e escravos.
Assim, destacaram-se como centros
charqueadores: Aracati (na foz do rio Jaguaribe),
Acaraú, Sobral (rio Acaraú), Granja e Camocim (rioCoreaú).
Em tais oficinas, além de trabalhadores livres não
absorvidos pela pecuária, empregou-se mão-de-
obra escrava, índia e negra, embora em escala
menor.
O charque traz mudanças socioeconômicas para o
Ceará. Verificou-se uma divisão de trabalho na
capitania (áreas para criar gado e áreas para
charquear), uma maior integração política, cultural
e comercial entre sertão e litoral, um crescimento
do pequeníssimo mercado interno local, o
enriquecimento de um grupo de latifundiários e
comerciantes, o crescimento de centros urbanos,
como Aracati (o principal núcleo charqueador e
mais importante cidade do Ceará até pelo menos a
metade do séc. XIX) e uma diversificação de
produção (comercialização e até exportação de
couro).
A ocupação do sertão cearense se deu com o gado
trazido das capitanias vizinhas, principalmente
Pernambuco e Rio Grande do Norte. Esta
colonização ou ocupação teve seu início nos vales
do rio Jaguaribe e Acaraú, sendo estes os pontos
essenciais para o processo de ocupação. Com o
crescimento das fazendas a produção bovina
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tomava seu apogeu. Mas dada à escassa
população de baixo poder aquisitivo, a produção de
carne excedia a necessidade do mercado local.
Assim sendo, não era justificável para a acanhada
economia do Ceará que centenas de reses fossem
mortas apenas para o aproveitamento do couro,
produto de destaque da colônia. Além do mais,
havia necessidade de carne, tanto nos engenhos
da zona da mata como nas demais concentrações
populacionais.
O problema, de início, foi solucionado com a
comercialização do gado em pé nas feiras
pernambucanas, de Olinda, Igaraçu e Goiana,
assim como na região do Recôncavo Baiano. Deve
ser salientado que, mesmo para Pernambuco, o
negócio não era compensador, uma vez que o gado
emagrecia diante de tantos dias de longas
caminhadas, debilitando-se a ponto de não ter
condições físicas para o abate. A impossibilidade
de concorrer comercialmente com o rebanho
oriundo dos sertões da Capitania e de suas vizinhas
faz com que os fazendeiros das áreas litorâneas, já
a partir da primeira metade do século XVII, passem
a exportar seu gado abatido transformado em carne
seca salgada e sem couro. Surgiram, assim, no
Ceará, as fábricas de beneficiar carne, as
chamadas Oficinas, Charqueadas ou Feitorias,
instaladas nos estuários dos rios Jaguaribe, Acaraú
e Coreaú, estendendo-se depois ao Parnaíba, Piauí
e ao Açu, no Rio Grande do Norte. As condições
geofísicas do litoral pastoril do Ceará favoreceram
o surgimento daquela indústria,
“ que além de matéria-prima abundante, possuía
outros fatores locais asseguradores de êxito:
ventos constantes e baixa umidade relativa do ar,
favoráveis à secagem e duração do produto,
existência de sal, cuja importância se não precisa
destacar, barras acessíveis à cabotagem da
época.” (GIRÃO, 1984)
As povoações de Aracati, Granja, Camocim e
Acaraú, possuíam as condições exigidas. Ali em
toscas oficinas passou a ser fabricado um tipo de
carne seca, prensada, moderadamente salgada e
desidratada ao sol e ao vento, por tempo
necessário à sua conservação. As oficinas
instaladas nas embocaduras dos rios permitindo
um embarque direto do produto das fábricas aos
mercados, favoreceram o desenvolvimento das
feitorias, que segundo informações extraídas da
Segunda Audiência da câmara da Vila Aracati, data
de 19 de fevereiro de 1781, as tais oficinas
A documentação existente não indica o nome do
idealizador da técnica, ou seja, um anônimo teve a
idéia genial de industrializar carne desses rebanhos
costeiros. Também não é conhecido o ano de
instalação das primeiras salgadeiras na Capitania
do Siará Grande. Os documentos são claros quanto
ao fabrico dos charques e a comercialização da
carne-seca da região jaguaribana para outros
centros, já na segunda década do século XVIII e
surgiram primeiramente no pequeno arraial de São
José do Porto dos Barros, depois elevada à
categoria de vila com nome de Santa Cruz do
Aracati, hoje cidade do Aracati.
Decadência da Pecuária
-Constantes secas
- Crescimento da cotonicultura
- Competitividade com a pecuária gaúcha.
Referências
GIRÃO, Valdelice Carneiro. Oficinas ou
Charqueadas no Ceará, Fortaleza: Secretaria de
Cultura e Desporto. 1984 MENEZES, Djaci. O
Outro Nordeste. Rio de Janeiro: José Olympio.
1937 SOUSA, Simone de ( Org. ) Uma Nova
História do Ceará. Fortaleza: Demócrito Rocha,
2000.
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Período Imperial
Brasil Império é o nome dado ao período que se
estendeu de 1822 a 1889. A independência do
Brasil marcou o início do período imperial, que foi
encerrado com a Proclamação da República. O
período imperial é dividido em três fases: Primeiro
Reinado, Período Regencial e Segundo Reinado.
Revolução Pernambucana e o Ceará
A Revolução Pernambucana, ocorrida em 1817, foi
o último movimento separatista do período colonial.
Está relacionada com a crise socioeconômica que
o Nordeste atravessava há quase um século em
razão da desvalorização do comércio do açúcar e
do algodão brasileiro no mercado externo. Além
disso, a presença da família real portuguesa no
Brasil aumentou o custo de vida em virtude da
cobrança de impostos, o que causou revolta entre
os pernambucanos.
Os ideais republicanos também colaboraram para
que a revolta acontecesse. O governo local foi
tomado pelos revoltosos, mas as tropas fiéis ao
governo central conseguiram derrotá-los.
A participação cearense na “revolução” foi pequena
– a crise do algodão não atingira intensamente
ainda a capitania. A elite praticamente não aderiu e
as massas não se mobilizaram. Além disso, o
governador do Ceará, Inácio de Sampaio, estava
pronto para reprimir qualquer movimento contra os
interesses da coroa portuguesa.
Somente a família Alencar, na região do Cariri,
aderiu ao movimento.
Os Alencar, sob a chefia de Dona Bárbara de
Alencar, apoiaram a revolta, obtendo, de início, a
neutralidade do capitão do Crato, José Pereira
Filgueiras.
José Martiniano de Alencar (jovem seminarista
enviado por Pernambuco para “revolucionar” o
Ceará), no dia 3 de abril de 1817, em frente à igreja
do Crato, proclamou a República. Dali, marchou
para o prédio da Câmara Municipal, onde, apoiado
por alguns “cabras”, depôs às autoridades
monárquicas, soltou os presos e içou uma bandeira
branca. – FARIAS
Confederação do Equador
A confederação do Equador foi um movimento
republicano, separatista, inspirado nos ideais da
revolução francesa.
Em 1817, os cearenses, liderados pela família
Alencar, apoiaram a Revolução Pernambucana. O
movimento, que se restringiu ao município do Cariri,
especialmente na cidade do Crato, foi rapidamente
sufocado.
Em 1824, após a independência, foi a vez dos
cearenses das cidades do Crato, Icó e
Quixeramobim demonstrarem sua insatisfação com
o governo imperial. Assim eles se aderiram aos
revoltosos pernambucanos na Confederação do
Equador.
Os fatores que levaram à Confederação do
Equador foram: Um país recém independente de
Portugal; Ortouga de uma constituição
centralizadora, a qual dava poderes ao imperador;
Crise do ciclo da cana-de-açúcar e do algodão.
Tais situações geraram no nordeste brasileiro um
sentimento de insatisfação, desejo de sair da
monarquia para republica e uma ânsia de montar
uma federação autônoma.
A confederação do Equador foi um movimento
político contra o governo imperial de Dom Pedro I,
atrelados a um sentimento de sair da monarquia e
montar uma república. O movimento nasceu em
Pernambuco e incentivou o Ceará, pois o Ceará era
bastante influenciado por Pernambuco, uma vez
que Ceará se desmembrou de Pernambuco em
1799.
Padre Mororó foi um dos principais personagens da
confederação do Equador aqui no Ceará. Em
Quixeramobim, mobilizou a cidade para resistir àconstituição centralizadora.
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Governo do Ceará a época da Confederação do
Equador
-Presidente da Província do Ceará: Costa Barros
-Autoproclamado presidente republicano que se
opôs a Costa barros: Pedro Figueiras e Tristão
Alencar
Motivos para Ceará ter entrado no conflito
- Crise do algodão
- Constituição outorgada
- Laços parentescos com Pernambuco (Vale
lembrar da família Alencar e o desmembramento do
Ceará de Pernambuco, em 1799)
A Derrota
- Na tentativa de ajudar outros estados, Pedro
Filgueiras e Tristão Gonçalves viajaram e
acabaram mortos em combate
- Abandono dos revolucionários
A economia do Algodão
O algodão começou a ser cultivado no Ceará num
período de 1801 a 1900 com objetivo de abastecer
os mercados locais e internacionais.
A guerra de secessão norte americana ocorreu no
período de 1861 a 1865, fazendo com que, nesse
período, o Ceará ganhasse um destaque na
exportação de algodão a escalas internacionais,
principalmente para a Inglaterra.
Nessa época, o algodão foi chamado de “ouro
branco”.
Foi nesse período que Fortaleza desbancou Aracati
do posto de cidade principal do Ceará: o algodão
substituía o charque em importância econômica.
Fatores que favoreceram a cotonicultura no Ceará:
o clima quente e a regularidade das chuvas (no
sentido de que há uma época certa para o inverno
e outra para o verão), a fertilidade dos solos
(praticamente virgens), o curto ciclo vegetativo do
algodão, a não exigência de muitos investimentos
na lavoura (facilidade de cultivo, colheita,
beneficiamento, etc.). Com isso, não só
latifundiários dedicaram-se à atividade, mas
também pequenos proprietários, agregados,
moradores e arrendatários. – FARIAS
Linha Do Tempo Do Algodão
-1820: Crise do algodão (competitividade com o
algodão Norte Americano, isso levou aos conflitos
da Revolução Pernambucana e Confederação do
Equador).
-1840: Experimentamos uma leve recuperação
-1860: Auge da produção da cotonicultura, em
virtude da guerra da secessão
-1880-90: Queda das exportações (volta do
algodão norte americano e queda dos preços do
algodão)
Consequências da economia do algodão
- Acumulo de capital (nascimento de uma burguesia
em Fortaleza, isso levou à Belle Époque)
- Investimento em Ferrovias no Ceará
- Ascensão de Fortaleza como cidade mais
importante no Ceará.
A ESCRAVIDÃO NEGRA NO CEARÁ
O Ceará foi a primeira província brasileira a libertar
seus escravos, durante o século XIX.
Fatores que levaram ao pioneirismo Cearense
em libertar os escravos
- O binômio econômico cearense (Pecuária e
Algodão) não necessitavam, em larga escala, da
mão de obra escrava. OBS: Eu não estou dizendo
que não tinham escravos no Ceará, tinha sim, o que
eu estou dizendo é que não tinham em expressiva
quantidade.
- O preço dos cativeiros e dos negros eram altos e
vale lembrar que o Ceará era pobre. Não era viável
manter muitos cativeiros
- Campanhas e movimentos abolicionistas:
- Movimento dos Jangadeiros: Lutaram contra o
tráfico interprovincial de Escravo, o qual surgiu
após a lei Eusébio de Queiroz – Nome importante:
Dragão do Mar
- Pressão da Burguesia: campanhas abolicionistas,
inspiradas nos ideais da
Revolução Francesa: Sociedade libertadora
Cearense.
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Contexto:
No século XIX, um movimento de grande
importância aconteceu no Ceará: a campanha
abolicionista, que aboliu a escravidão no estado em
25 de março de 1884, antes da Lei Áurea, que é de
1888. Foi, portanto, o primeiro estado brasileiro a
abolir a escravatura. Dentro do Ceará, o primeiro
município a abolir a escravatura foi Acarape, que
depois do evento, passou a ser chamado de
Redenção. O abolicionismo foi favorecido pela
pouca importância da escravidão na economia
cearense relativamente às outras regiões do Brasil.
Um cearense se destacou nessa época: o
jangadeiro Francisco José do Nascimento que se
recusou a transportar escravos em sua jangada.
José do Nascimento ficou conhecido como Dragão
do Mar (atualmente nome de um centro cultural em
Fortaleza).
Inicia-se na segunda metade do século XIX, tendo
a sua mais atuante sociedade abolicionista sido
fundada em 1880, a Sociedade Cearense
Libertadora. Junto com as ações da Sociedade
Libertadora, que congregava principalmente a elite
econômica e intelectual, o pioneirismo cearense foi
possível graças, sobretudo, à coragem de um
homem de origem humilde, pardo, jangadeiro e
abolicionista: Francisco José do Nascimento, o
Dragão do Mar ou Chico da Matilde. Em 25 de
março de 1884, o presidente da província, o baiano
Sátiro Dias, declarou a libertação de todos os
escravos do Ceará, tornando o estado o primeiro a
abolir a escravidão no país, quatro anos antes da
Lei Áurea.
Assim, em janeiro de 1883, Acarape (atual
Redenção) passou para a história nacional como o
primeiro núcleo urbano a libertar seus negros.
Fortaleza deu liberdade a seus cativos em 24 de
maio de 1883. Finalmente, a 25 de março de 1884,
promulgou-se lei inviabilizando a escravidão na
província – embora existam registros de cativos no
Ceará em datas posteriores.
Leia o fragmento a seguir. Está feita a nossa íntima
união, quer de reciprocidade de sentimentos, quer
de riscos e perigos. O Ceará não cede a
Pernambuco em patriotismo e zelo da sua
liberdade: ambas são províncias do Brasil, cheias
de gás, e daqueles ilustres caracteres que a
natureza gravou nos corações livres dos brasileiros
honrados. Do papel junto verá V. Exª. os motivos
que nos obrigarão a depor o Presidente do governo
desta província dentro de quatorze dias. O senhor
Pedro José da Costa Barros em tão pouco período
de tempo tornou-se alvo dos ressentimentos desse
povo brioso que já não sofre os enganos, e para
melhor dizer, o descaramento do gabinete do Rio
de Janeiro. Quis levar-nos como escravos nos
ferros do despotismo, e pretendeu que o Ceará
negasse a Pernambuco aqueles indispensáveis
socorros que um irmão deve prestar a seu irmão
consternado: propôs mesmo que nós fôssemos de
todos opostos aos sentimentos dos [desolados]
pernambucanos. O fragmento refere-se à
participação do Ceará no movimento conhecido
como
A) Revolta da Cabanagem.
B) Insurreição do Crato.
C) Revolução Pernambucana.
D) Confederação do Equador.
E) Revolta da Balaiada.
Gab. D
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A Oligarquia Acciolina
Entendemos como Oligarquia Acciolina, o período
em que o Ceará foi dominado pelo grupo político
liderados pela família Nogueira Accioly, nos anos
1896 a 1912. “ FARIAS”
Para essa configuração, foi de fundamental
importância a política dos Governadores.
Gestões de Accioly
Marcada por abusos, autoritarismos, nepotismos e
modernização no estado.
1ª gestão (1896-1900)
- Atritos com Rodolfo Teófilo por conta das
vacinações na população
- Criação da Academia de Direito do Ceará, porem
foi muito criticada pelo descaso com a educação
básica
- Secas
2ª gestão (1904 – 1908)
- Obs: de 1900 a 1904, quem comandou o Ceará foi
Pedro Borges, bode expiatório de Accioly.
- Atritos com os comerciantes locais, uma vez que
Accioly favorecia os grandes vendedores.
- Secas e aumento de tributos
3ª gestão (1908 – 1912)
- Implementação da Sede do IFOCS em Fortaleza
- Crescimento econômico
- Protestos
- Política das salvações (Hermes da Fonseca) e
passeata das crianças (declínio de Accioly)
Em 1910, Hermes da Fonseca foi eleito presidente
do Brasil com um objetivo de salvar os estados das
mãos dos oligarcas, fato esse que ficou conhecido
como “política das salvações”. Com isso, em 1912,
a oposição cearense (opositores ao oligarca
Nogueira Accioly), lançaram a candidatura de
Franco Rabelo para o governo, tendo ocorrido
diversos conflitos,entre eles a “passeata da
criança”, uma passeata que diversas crianças
foram mortas. Em consequência disso, Accioly
renunciou ao cargo, entrando como líder do
governo, Franco Rabelo, o qual foi deposto dois
anos depois por um episódio que ficou conhecido
como sedição de Juazeiro.
O governo de Pedro Borges (1900-04), eleito para
desmascarar Accioly, acabou sendo uma
continuidade da oligarquia. Accioly foi ainda reeleito
para dois mandatos, em 1904 e 1908,
respectivamente. Isso intensificou as ações dos
oposicionistas, integrados por oligarcas dissidentes
do esquema governista, por burgueses, pela classe
média, por populares e até por coronéis.
Sedição de Juazeiro
Conflito entre Franco Rabelo Versus Padre Cícero,
Floro Bartolomeu e Accioly
Tal fato liga-se ao fracasso nacional da “política das
salvações” – o presidente Hermes da Fonseca,
Pinheiro Machado e as oligarquias articularam
revoltas armadas nos estados, visando derrubar os
governos “salvacionistas” no poder. Assim caiu
Franco Rabelo, o “salvador” cearense, eleito em
1912, após o fim da oligarquia acciolina.-FARIAS
O Caldeirão
O Caldeirão foi uma comunidade religiosa e coletiva
surgida no Crato sob a liderança do beato Zé
Lourenço e destruída em 1936 pelo governo de
Menezes Pimentel, com o apoio da Igreja e dos
latifundiários.
Banditismo
Entre os séculos 19 e meados do 20, um tipo
específico de banditismo se desenvolveu no sertão
nordestino: o cangaço
Para isso, contavam com o isolamento do sertão,
com o tradicional descaso e a incompetência das
autoridades constituídas, bem como com a
conivência ou proteção de vários chefes políticos
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locais, os grandes proprietários rurais, conhecidos
como "coroneis”
História do cangaço O cangaço existiu a partir do
século 19, mas atingiu o auge entre o início do
século 20, marcado pela ação do bando de Antonio
Silvino, e a década de 1940, quando foi morto o
cangaceiro Corisco, no interior da Bahia. Entre a
atuação dos dois, destacou-se aquele que tornou-
se a personificação do cangaço, por ser o líder de
uma quadrilha que atuou por quase duas décadas
em diversos estados do Nordeste: Virgulino
Ferreira da Silva, o célebre Lampião
"Lampião foi o mais famoso chefe cangaceiro que
existiu no país e teve atuação entre 1922 e 1938.
Ele era de uma família de posição razoável, mas
que se viu despossuída de tudo por uma disputa de
terras. Lampião liderou um grupo de homens que
aterrorizou o interior do Nordeste com seus saques.
Foi morto em uma emboscada, em 1938
"O cangaço é entendido pelos historiadores como
um fenômeno de banditismo que se espalhou pelo
Nordeste brasileiro a partir do século XIX, sendo
muito atuante por boa parte da primeira metade do
século XX. O surgimento do cangaço é explicado
pelo contexto social, político e econômico dessa
região. Entraves da sociedade brasileira, como a
desigualdade social, a pobreza e a falta de acesso
à Justiça e a outros serviços fornecidos pelo
Estado, foram fundamentais para o surgimento do
cangaço. Isso porque boa parte da população no
interior do Nordeste vivia em condição de pobreza
e estava sujeita aos interesses das poucas famílias
poderosas que governavam. Essas poucas famílias
poderosas usavam de seu poderio econômico para
conquistar poderio político e transformavam a
política em um palco de troca de interesses,
fazendo com que a população mais carente não
tivesse acesso a nenhum tipo de benesse.
Desavenças eram resolvidas por meio das armas,
uma vez que a justiça só atendia aos poderosos. Do
ponto de vista econômico, a situação da população
nordestina era de pobreza e o trabalho do povo era
intensamente explorado. O sofrimento das famílias
se tornava maior nos períodos de seca, que
atrapalhava a obtenção do sustento via agricultura
e criação de animais. Esse cenário propiciava o
surgimento do banditismo, e foi exatamente assim
que o cangaço se consolidou. Os cangaceiros eram
grupos de bandidos que perambulavam pelo
interior do Nordeste, promovendo ataques e saques
por onde passavam. Eles se deslocavam pela
Caatinga e evitavam grandes confrontos. Obtinham
suas armas por meio do saque contra as forças
policiais e se juntavam em pequenos grupos. Eram
vistos como heróis por parte da população e
recebiam ajuda de algumas pessoas conhecidas
como coiteiros
Fortaleza na Belle Époque
A elite formada notadamente por comerciantes e
profissionais liberais vindos de outras regiões
brasileiras e do exterior ajudou a promover
mudanças importantes em Fortaleza. De influência
europeia e guiada por ideais de civilidade, esse
contingente teve atuação destacada. O período da
vida da cidade compreendido entre as últimas
décadas do século XIX e as primeiras do século XX,
que foi amplamente influenciado pelas ideias de
modernidade estética e comportamental,
especialmente francesas, ficou conhecido como
Belle Époque.
Como explica Sebastião Rogério Ponte, Belle
Époque é um “termo francês cunhado para traduzir
a euforia européia com as novidades decorrentes
da revolução científico-tecnológica (1850-1870 em
diante). Com efeito, esse período, momento
fundante do nosso mundo contemporâneo, é
marcado por um intenso fluxo de mudanças que
não só produziu transformações de ordem urbana,
política e econômica, como também afetou
profundamente o cotidiano e a subjetividade das
pessoas, alterando seus comportamentos e
condutas, seus modos de perceber e de sentir”.
Segundo Rogério Ponte, "no que toca a Fortaleza,
o processo remodelador que significou sua
inserção na belle époque teve como base
econômica as grandes exportações de algodão,
através de seu porto, a partir da década de 1860.
Daí em diante, a capital cearense acumulou capital,
expandiu-se em todos os sentidos – comercial,
populacional, espacial, cultural etc. – e tornou-se,
ainda no final do século XIX, o principal centro
urbano do Ceará e um dos oito primeiros do Brasil.
Empolgados com esse crescimento, a burguesia
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enriquecida com as vendas do algodão,
negociantes estrangeiros radicados na cidade,
médicos e demais elites políticas e intelectuais
procuraram modernizar a cidade por meio de
reformas e empreendimentos que a alinhassem aos
padrões materiais e estéticos das grandes
metrópoles ocidentais."
"Fortaleza inicia sua belle époque na década de
1880 mesmo, absorvendo com imediatez algumas
inovações que acabavam de despontar nos centros
de referência, o que demonstra o estreito contato
que a capital tinha com a Europa."
A cidade incorporou equipamentos urbanos
(bondes, fotografia, telégrafo, telefone, praças,
boulevards e cafés) que causaram sensação. O
Passeio Público, no Centro, foi um deles. Com
jardins floridos, árvores frondosas, lagos artificiais,
estátuas de deuses mitológicos e visão privilegiada
do mar, o espaço virou ponto de encontro das elites,
sendo passarela para o desfile de elegantes e
cenário de sociabilidade.
Em 1875, o engenheiro pernambucano Adolfo
Herbster elabora um plano urbanístico, objetivando
disciplinar a expansão da cidade através do
alinhamento de suas ruas e da abertura de novas
avenidas.
Os lucros do algodão, no entanto, reduzir-se-iam
com a recuperação da cotonicultura norte-
americana na década de 1870. Com isso, o Ceará
entrou no século XX em difícil situação econômica.
Curiosamente, foi o algodão encalhado e os
capitais acumulados do comércio que
possibilitaram a instalação das pequenas primeiras
fábricas têxteis cearenses.
Mas se Fortaleza conhecia algum progresso
material, o mesmo não se podia dizer dos sertões,
onde imperava ainda a violência, a arbitrariedade e
a exploração da massa pelos latifundiários. Os
camponeses sofriam os males da concentração da
terra. Grupos de jagunços a serviço de potentados
lutavam por terra e influência política, massacrandoinocentes. Imperava a impunidade.- FARIAS
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O CEARÁ NOS ANOS TRINTA
Em 1930, Getúlio Vargas chegava à Presidência da
República através duma “revolução”. Iniciava-se
uma nova era para o País: leis trabalhistas,
industrialização de base, centralismo político, etc.
Vitoriosa a “Revolução” de 30, passaram os
Estados a serem governados por interventores –
indicados por Getúlio e escolhidos entre os
tenentes e civis que haviam apoiado o golpe
varguista. Com o objetivo de afastar os
governadores adeptos às oligarquias da republica
velha e colocar em pratica algumas medidas
centralizadoras da Era Vargas.
No Ceará, após o afastamento das oligarquias da
primeira república, foi nomeado interventor o
médico Fernandes Távora (1931), que governou
por pouco tempo, pois continuou com as práticas
políticas do período histórico anterior. Távora, na
realidade, era um dissidente das oligarquias
“caídas” em 30.
O segundo interventor cearense foi Roberto
Carneiro de Mendonça (1931-34), que procurou
conciliar os “revolucionários” de 1930 com os
oligarcas da Velha República. Durante seu
mandato, em 1932, ocorreu uma forte seca e
alguns cearenses foram mandados para São Paulo,
a fim de que combater a revolução
constitucionalista.
Em 1933, convocaram-se eleições para uma
Assembleia Constituinte, o que ensejou a
reorganização dos partidos locais. Os tenentes e
liberais apoiadores da “Revolução” de 30 fundaram
o Partido Social-Democrático (PSD), enquanto as
tradicionais oligarquias, junto com segmentos
conservadores da Igreja, reuniram-se na Liga
Eleitoral Católica (LEC)
“O terceiro interventor foi Felipe Moreira Lima
(1934-35), que realizou uma gestão agitada. Aliado
ao PSD, não conseguiu evitar que a LEC vencesse
as eleições para deputado estadual de 1934 e
elegesse, indiretamente, no ano posterior, o novo
governador do estado, Menezes Pimentel. Dessa
forma, as antigas oligarquias cearenses da primeira
república retomavam o poder.
Menezes Pimentel administrou o Ceará por 10
anos, entre 1935 e 1937, como governador legal, e
entre 1937 e 1945, como interventor do Estado
Novo. Foi um movimento de muita violência e
autoritarismo.” –FARIAS
Ceará e o Estado Novo (1937-45)
Vale a pena entender o contexto geral do Brasil
durante o Estado Novo, seus pormenores e
características, assim, adequaremos essa
realidade para o Ceará.
"Estado Novo é como ficou conhecida a ditadura
instaurada por Getúlio Vargas entre os anos de
1937 e 1945. Teve forte influência de ideais
fascistas, até mesmo na Constituição, que iniciou
institucionalmente o período e foi apelidada de
polaca, porque foi inspirada nas leis da Polônia e
Itália.
O anticomunismo e o nacionalismo também eram
fortes, assim como a propaganda a favor do
governo, por meio do Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP). Por outro lado, foi nesse período
que foi promulgada a Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), a Justiça do Trabalho foi criada,
bem como diversas estatais, e o salário mínimo foi
instituído. O Brasil também participou da Segunda
Guerra Mundial, ao lado dos “Aliados”, uma vez que
recebemos incentivos financeiros norte americano
e pelo fato de um navio brasileiro ter sido atacado.
Contexto do Estado novo no Ceará
Durante o estado novo, o Ceará estava sendo
governado pelo interventor Menezes Pimentel. Foi
um governo marcado por autoritarismos,
perseguições a grupos de esquerdas, além de
prisões daqueles que se opunham ao regime de
Vargas.
Um dos pontos principais a se ater na história do
Ceará, durante esse período, é o contexto da
segunda guerra mundial no Ceará.
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2º Guerra mundial e o Ceará
O Brasil e o Ceará entraram nesse conflito em
1942. Foi implementada uma base militar norte
americana em Fortaleza, onde hoje fica localizado
o bairro do Pici.
Além da implementação da base militar, houve uma
mudança nos modos de vida da cidade,
adequando-se ao estilo de vida norte americano,
haja vista a presença deles aqui em Fortaleza.
Outro fator importante é o que ficou conhecido
como “exército da borracha”. Foi um período de
intensa migração interna do Ceará para Amazônia,
uma vez que a borracha era matéria prima
primordial durante a segunda guerra, porém, muitos
cearenses morreram durante esse trabalho, houve
rompimentos familiares.
O Ceará na república liberal-democrática (1945-
64)
Lembrando que , durante o estado novo (1937-
1945), o Ceará foi comandado pelo interventor
Menezes Pimentel que foi nomeado por Vargas.
No periodo da 2ª guerra mundial, o Brasil envolveu-
se no conflito, resultando na criação de uma base
aerea norte americana em Fortaleza-CE, o qual
geral uma onda de protestos da população contra o
Nazismo. Ao mesmo tempo, uma intensa
propaganda governamental influenciava os
sertanejos a migrar para a Amazônia e explorar
látex nos seringais da região num “esforço de
guerra”. Milhares de cearenses foram para o norte
em busca de “tempos novos”.
No Ceará, como no restante do Brasil, as
manifestações contra o nazismo passaram a criticar
igualmente a ditadura getulista, resultando no
desmoronamento do Estado Novo.
Com isso, os opositores do interventor Menezes
Pimentel criaram a União Democrática Nacional
(UDN), enquanto Menezes criava o Partido Social
Democrático (PSD),em segundo plano, organizou-
se o Partido Social Progressista (PSP).
Com a demissao de Menezes e ascoligações da
UDN e PSP, em 1947, elegeram como governador
Faustino Albuquerque.
Lembrando que nos períodos de 1945-1964, foi
marcado por fragilidades dos grupos políticos,
quando, nas eleições, os governadores não
conseguiam eleger seu sucessor, fazendo com que
a oposição vencesse. Os dois principais partidos do
período, UDN e PSD, alternam-se no poder.
Industria das Secas
Departamento nacional de obras contra as
secas (DNOCS)
Órgão criado em 1909, vinculado ao Ministério da
Viação e Obras Públicas, com o nome de Inspetoria
de Obras contra as Secas. Em 1919, passou a
chamar-se Inspetoria Federal de Obras contra as
Secas (IFOCS) e, em 1945, recebeu o nome atual.
Período 1909-1930
A criação da IFOCS resultou da insatisfação com o
modo como vinha sendo encaminhado o combate
contra as secas no Nordeste desde 1877. Durante
a administração do presidente Francisco de Paula
Rodrigues Alves (1902-1906), quando foi
desencadeada a campanha de erradicação da
febre amarela e de outras moléstias epidêmicas no
Rio de Janeiro, tomou corpo a idéia de que também
seria possível erradicar o flagelo da seca. Assim,
em 1904, foram criadas várias comissões federais
temporárias para tratar do problema, como a
Comissão de Estudos e Obras contra os Efeitos das
Secas e a Comissão de Perfuração de Poços.
Essas comissões revelaram-se contudo incapazes
de produzir uma solução integrada para a região,
confirmando a necessidade de uma agência
unificada e permanente que, entre outras coisas,
eliminasse os abusos praticados na distribuição de
recursos. Muitas vezes, os recursos destinados à
luta contra as secas eram na verdade utilizados
para consolidar a influência política dos chefes do
interior.
Instalada em 1909, a inspetoria teve como primeiro
diretor o engenheiro de minas Arrojado Lisboa, que
reuniu uma equipe de engenheiros, agrônomos,
botânicos, pedologistas, geólogos e hidrólogos,
além de vários técnicos estrangeiros, numa
primeira tentativa de estudar o meio físico semi-
árido do Nordeste. Além de examinar as
potencialidades e os limites do solo, da água e da
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flora nativa, essa equipe deveria examinar a
possibilidade de adaptação de outras espécies na
região. Os estudos realizados não levaramem
conta, entretanto, a estrutura socioeconômica do
Nordeste. Por outro lado, Arrojado Lisboa lançou-
se à construção de barragens nos estados do
Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
A inspetoria não correspondeu ao que dela se
esperava no desempenho de suas funções. Na
grave seca de 1915, verificou-se que o Nordeste
enfrentava as mesmas dificuldades anteriores à
criação do órgão, cuja falta de dinamismo seria a
conseqüência da escassez de verbas e da
burocratização.
Durante o governo de Epitácio Pessoa (1919-
1922), além de alterar seu nome, a inspetoria
empenhou-se na execução de obras de grande
porte, contratando firmas de engenharia
estrangeiras para a construção de estradas e
portos. Para assegurar o apoio financeiro
permanente à IFOCS, foi criado o Fundo Especial
para Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis do
Nordeste, constituído basicamente de 2% da
receita anual da União e de contribuições dos
estados nordestinos.
A administração de Artur Bernardes (1922-1926)
interrompeu as obras iniciadas no governo anterior
e aboliu o fundo especial. Enfrentando graves
problemas financeiros, Bernardes desenvolveu
uma política de contenção de gastos que atingiu
seriamente o Nordeste.
Período pós-1930
A participação da Paraíba na Aliança Liberal e a
contribuição dos estados nordestinos em geral na
Revolução de 1930 foram recompensadas com a
nomeação do paraibano José Américo de Almeida
para o Ministério da Viação e Obras Públicas, o que
trouxe novo dinamismo para a IFOCS. Ao mesmo
tempo, a seca prolongada de 1931 a 1932 levou o
governo a dotar a inspetoria de recursos adicionais.
Em 1932, as despesas da IFOCS atingiram quase
10% da receita federal, contra menos de 1% nos
anos anteriores.
Os financiamentos diminuíram após esse período,
mas prosseguiram as obras de construção de
represas e rodovias. Até 1930, a capacidade de
acumulação em 92 açudes públicos alcançava 625
milhões de metros cúbicos. Na década de 1930,
essa capacidade foi quadruplicada, com 31 novas
represas postas em serviço.
A partir de 1940, começou a ser questionada a
política de construção de obras públicas como
reservatórios, poços e rodovias, que ofereciam
apenas uma solução hidráulica à seca. Foi com a
publicação nesse ano de um artigo de José
Augusto Trindade, primeiro diretor do serviço de
pesquisa da IFOCS, que o problema da
desapropriação dos latifúndios situados nas bacias
irrigáveis dos grandes açudes públicos passou a
ser um dos principais pontos de debate na
avaliação das dificuldades do Nordeste. Para
Trindade, a irrigação deveria corrigir o equilíbrio
social em favor do pequeno proprietário e do
meeiro, as principais vítimas das secas. A
necessidade de uma reforma fundiária passou
assim a constar do elenco de soluções para a
região, ao mesmo tempo em que se fortalecia a
visão de que só o desenvolvimento econômico e a
melhoria dos níveis de bem-estar social poderiam
tornar o Nordeste menos vulnerável à seca.
Em 1945, a IFOCS passou a chamar-se
Departamento Nacional de Obras contra as Secas.
Ao final da década de 1940, os programas federais
para o Nordeste sofreram modificações com o
estabelecimento de duas agências de
desenvolvimento de recursos — a Comissão do
Vale do São Francisco (CVSF) e a Companhia
Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF). O
interesse foi deslocado da parte setentrional do
Nordeste para a área cortada pelo curso médio e
inferior do São Francisco, e o DNOCS entrou numa
fase de atuação restrita.
A seca de 1951 colocou mais uma vez em
discussão a política federal em relação ao
Nordeste. Ao mesmo tempo em que eram feitas
acusações de incapacidade e corrupção ao
DNOCS, tomava corpo a tese do desenvolvimento
econômico, em detrimento da solução hidráulica.
Nesse momento foi criado o Banco do Nordeste do
Brasil S.A.
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O DNOCS continuou a atuar, embora com uma
imagem já totalmente desfavorável. A seca de
1958, uma das mais severas e com um dos mais
elevados números de refugiados, apresentou-se
como uma prova indiscutível de que toda a política
até então executada havia sido inócua. Ainda
assim, o DNOCS recebeu novos recursos para
enfrentar a situação. Foram retomadas as obras de
construção da represa de Orós, iniciadas no
governo de Epitácio Pessoa, e novo impulso foi
dado aos programas de assistência à construção
de pequenos açudes particulares, à utilização dos
açudes públicos para a geração de energia elétrica,
à perfuração de poços e ao abastecimento de água.
Foi também confiada ao DNOCS nesse ano a
construção de uma rodovia ligando Fortaleza a
Brasília, numa extensão de 1.600km.
Entretanto, a imagem do órgão junto à opinião
pública era cada vez mais negativa. O DNOCS era
visto como uma instituição que se aproveitava das
secas para manipular verbas de forma corrupta,
favorecendo o enriquecimento ilícito de políticos e
fazendeiros da região, realizando obras
“fantasmas” e forjando pagamentos a trabalhadores
inexistentes. As acusações chegaram a provocar a
abertura de uma comissão parlamentar de inquérito
(CPI).
Por fim, o descrédito do DNOCS levou o governo a
buscar uma solução mais radical para o Nordeste,
criando em 1959 a Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O DNOCS
passou a ser controlado por essa nova agência.
Num balanço de suas atividades, de sua criação até
1970 o DNOCS atuou numa área de 949.578km2,
abrangendo os estados de Minas Gerais, Bahia,
Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará e Piauí. Construiu 246
represas públicas, acumulando 113 bilhões de
metros cúbicos de água, e cooperou na construção
de 594 represas particulares, com capacidade para
mais de 1,3 bilhão de metros cúbicos; organizou
148 serviços de abastecimento de água; colocou
em ação 820km de canais de irrigação beneficiando
12 mil hectares de terras; perfurou 7.135 poços e
os aparelhou para o bombeamento destinado a fins
agropecuários; construiu sete usinas hidrelétricas,
com 10.666cv e 650km de linhas de transmissão;
construiu 8.760km de estradas de rodagem, e
preparou 78 campos de pouso para aviões de
pequeno e médio porte.
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-
tematico/departamento-nacional-de-obras-contra-
as-secas-dnocs
A Legião Cearense do Trabalho (LCT)
A Legião Cearense do Trabalho (LCT) foi uma
organização operária conservadora, nacionalista,
cristã, paternalista, autoritária, corporativista,
anticomunista e antiliberal, existente no Ceará entre
1931 e 1937, sendo fundada e liderada pelo tenente
Severino Sombra.
Sombra conseguiu muito sucesso com a LCT
devido ao baixo grau de organização e politização
dos trabalhadores, à política de conciliação do
interventor cearense Carneiro de Mendonça e ao
apoio da Igreja e da LEC.
O pensamento da LCT e de Sombra estava no livro
"Ideal Legionário". Visava criar um estado
centralizado, intervencionista, harmonioso e
corporativista, "protegendo" os trabalhadores.
Também se destacou na entidade o padre Hélder
Câmara (depois, um dos mais importantes lideres
da ala progressista da Igreja, falecido em 1999).
Sombra pensava em estender a legião para todo o
Brasil. Mas, por apoiar a Revolução
Constitucionalista de 1932, foi preso e exilado em
Portugal. Depois, a LCT acabou filiando-se à AIB
(Ação Integralista Brasileira) de Plínio Salgado, que
se tornou rival de Sombra.
Em 1933, Sombra retornou do exilio e, não
conseguindo obter a chefia da AlB, abandonou a
LCT e fundou no Ceará uma entidade semelhante,
a Campanha Legionária. Mas não obteve sucesso
devido ao apoio agora prestado pela Igreja aos
integralistas, ao surgimento de entidades operárias
de esquerda, às disputas com a própria LCT e à lei
de sindicalização de Vargas. A Campanha
Legionária, a LCT e AIB foram fechadas em 1937,
com a implantação da ditadura do Estado
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHOjr1568585@gmail.com
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/departamento-nacional-de-obras-contra-as-secas-dnocs
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/departamento-nacional-de-obras-contra-as-secas-dnocs
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A Fragilidade das Elites -
REDEMOCRATIZAÇÃO
A novidade no pós-45 foi a existência de partidos
nacionais (até então os partidos eram estaduais), o
que, porém, não evitou especificidades políticas
locais. No Ceará, havia outro complicador do jogo
político: a histórica fragilidade estrutural das elites
cearenses, em virtude da econômica precária
(baseada na exportação agrícola e no comércio). O
Ceará continuava a ser uma região pobre, de solos
ruins e castigada por secas periódicas. Para aquela
fragilidade contribuía ainda a própria divisão interna
das camadas dominantes.
A fragilidade dos grupos políticos locais fica clara
quando se percebe que no período 1945-64,
quando das eleições, o governador não conseguia
eleger seu sucessor. Quem ganhava era a
oposição (exceção dá-se em 1962, como adiante
veremos).
Os dois principais partidos do período, UDN e PSD,
alternam-se no poder. Não eram agremiações de
forte conteúdo ideológico. Ao contrário, havia
dentro desses partidos alas brigando entre si. O
que lhes dava um pouco de unidade era o
clientelismo, a capacidade de estar no poder,
garantir cargos no Estado, verbas públicas,
privilégios econômicos, etc.
Na UDN tinham-se duas facções: uma do sul do
Ceará, liderada por Fernandes Távora, e outra, no
norte, chefiada por José Sabóia de Albuquerque, de
Sobral.
O PSD, surgido da burocracia do Estado Novo,
possuía como maiores líderes Menezes Pimentel,
José Martins Rodrigues e Expedito Machado. Um
grupo chefiado por Olavo Oliveira deixaria o PSD e
formaria o PSP (Partido Social Progressista).
Dependendo de quem lhe ofertasse mais
vantagens, o "olavismo" ora apoiava a UDN, ora o
PSD. Era o "fiel da balança", capaz de decidir as
eleições.
Havia ainda, tendo como maior reduto a capital, o
pequeno Partido Republicano (PR), chefiado pelo
ex-interventor e prefeito de Fortaleza entre 1947-51
Acrísio Moreira da Rocha, figura carismática, o
qual, junto com os irmãos Péricles e Crisanto,
representava, para muitos, no Ceará o populismo
reinante no Brasil. Após a cassação do registro do
PCB, em 1947, muitos comunistas foram "abrigar-
se" no PR.
A partir de mais ou menos 1954, um novo partido
iria superar o "olavismo" como "fiel da balança", o
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sobre a chefia
do rico comerciante Carlos Jereissati - vinculado
nacionalmente ao getulismo e a João Goulart.
Foram governadores do Ceará nesse periodo:
Faustino Albuquerque (UDN 1947-51), Raul
Barbosa (PSD 1951-54), Paulo Sarasate (UDN
1955-58), Parsifal Barroso (PSB, PTB 1959-63)
Virgílio Távora (UDN-PSD/"União Pelo Ceará"
1963-66).
A criação da Sudene
A Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste, mais conhecida pela sigla Sudene, é uma
autarquia federal, subordinada ao Ministério do
Interior, com sede em Recife, Pernambuco. O
objetivo de sua criação foi a promoção e
coordenação do desenvolvimento do Nordeste,
região que para os fins da Sudene compreende os
estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe,
Bahia, e parte do território de Minas Gerais
enquadrada no Polígono das Secas, e o território
federal de Fernando de Noronha. O Nordeste da
Sudene é, a rigor, uma definição já de "política de
desenvolvimento", pois é o conjunto de estados
"subdesenvolvidos" em relação à parte do país que
se poderia considerar como "mais desenvolvida".
Inclui o estado do Maranhão, não tradicionalmente
reconhecido como Nordeste, a parte mineira, que
tampouco tem algo a ver com seus novos parceiros
regionais, e o território federal de Fernando de
Noronha, uma simples base militar do Exército.
Esse conjunto de 1.650.000km2 correspondente a
18,4% do território nacional, abrigava em 1980
cerca de 35 milhões de habitantes, ou seja, 30% da
população brasileira.
A Sudene foi criada pela Lei n° 3.692, de 15 de
dezembro de 1959, do Congresso Nacional,
promulgada pelo presidente Juscelino Kubitschek.
O diploma legal dispunha como finalidades e
funções da superintendência: a) estudar e propor
diretrizes para o desenvolvimento do Nordeste; b)
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supervisionar, coordenar e controlar a elaboração e
execução de projetos a cargo de órgãos federais na
região e que se relacionem especificamente com o
seu desenvolvimento; c) executar, diretamente ou
mediante
a convênio, acordo ou contrato, os projetos
relativos ao desenvolvimento do Nordeste que lhe
foram atribuídos nos termos da legislação em vigor,
e d) coordenar programas de técnica nacional,
assistência ou estrangeira, ao Nordeste.
Origens, criação e objetivos
Formalmente, a criação da Sudene coroou um
amplo processo político, que já havia resultado na
criação do Conselho do Desenvolvimento do
Nordeste (Codeno), em março de 1959, por decreto
do presidente Kubitschek, e que, de fato, era a
guarda avançada da Sudene, enquanto o
Congresso Nacional discutia e aprovava a
mensagem do Poder Executivo que propunha a
criação da superintendência.
Histórica e politicamente, a criação da Sudene foi o
resultado da percepção do aguçamento das
diferenças entre o Nordeste e o chamado Centro-
Sul do Brasil - o triângulo São Paulo-Rio-Minas —
a partir da industrialização deste último. A
historiografia oficial da própria Sudene põe ênfase
nas causas imediatas — a seca de 1958 e suas
consequências: desemprego rural e êxodo — e
toma como
"causas históricas" a própria ideologia do órgão: o
fato de que o aguçamento das diferenças regionais
indicava o planejamento como o único caminho
para promover o desenvolvimento. O planejamento
aparece com uma racionalidade a-histórica e uma
marcha linear: primeiro, ocorreu a criação do Banco
do Nordeste do Brasil em 1952, e depois veio a
criação do Grupo de Trabalho para o
Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) em 1956,
este no âmbito do Conselho de Desenvolvimento.
Até mesmo, remotamente, a criação do
Departamento Nacional de Obras contra as Secas
(DNOCS), no princípio do século, como Inspetoria
Federal, anunciava uma ação "planejada"
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Governo militares
O marechal Humberto Castello Branco (Cearense)
foi o primeiro presidente brasileiro durante o
período da Ditadura Militar. Seu governo iniciou-se
a partir da escolha do marechal para presidente em
eleição indireta realizada em 11 de abril de 1964 e
estendeu-se até 1967.
Castello Branco já assumiu o governo com o Brasil
regido pelo decreto conhecido como Ato
Institucional nº 1. O AI-1, como também se chama
esse ato, cumpria exatamente o objetivo de
justificar a deposição de João Goulart e de criar o
aparato jurídico para permitir que a ditadura
impusesse a repressão e a perseguição aos seus
opositores políticos.
O AI-1 não anulou a Constituição de 1946, mas
realizou modificações pontuais na Carta
Constitucional do país. Ele deu poderes para que o
governo de Castello Branco realizasse inúmeros
expurgos tanto nos meios militares quanto nos
meios civis. O historiador Boris Fausto fala que, em
números conservadores, a repressão iniciada a
partir do AI-1 resultou no expurgo de cerca de 1400
pessoas da burocracia civil e cerca de 1200 nas
Forças Armadas.
O Ato Institucional nº 2 foi decretado no final de
1965 e foi uma resposta da insatisfação que existia
nas Forças Armadas com o governo de Castello
Branco. O presidente brasileiro era enxergado
como muito moderado, e as pressões levaram o
presidente a endurecermais ainda o regime. O AI-
2 fortaleceu o poder do Executivo e decretou que a
escolha dos presidentes aconteceria a partir de
eleições indiretas.
O Ato Institucional nº 3 foi decretado em fevereiro
de 1966 e estipulou o sistema bipartidário no país.
Houve então o surgimento da Aliança Renovadora
Nacional (Arena) e o Movimento Democrático
Brasileiro (MDB), este conhecido como oposição
consentida. O AI-3, além disso, decretou que
eleições para governadores e prefeitos também
seriam indiretas.
Outros destaques que podem ser feitos a respeito
do governo de Castello Branco foi a criação do
Serviço Nacional de Informação (SNI), além da Lei
de Segurança Nacional e o decreto do AI-4, que
autorizou a redação de uma nova Constituição para
o Brasil, outorgada em março de 1967. No entanto,
o enfraquecimento de Castello Branco nas Forças
Armadas resultou na escolha de Artur Costa e Silva
como o novo presidente do país.
Era da Ditadura e o Ceará
Plácido Castelo foi eleito pela Assembleia
Legislativa em 1966. Durante seu governo houve
perseguição política a deputados e várias
manifestações com a prisão e tortura de estudantes
e trabalhadores, tendo ocorrido inclusive atentados
a bomba em Fortaleza. Criado o BANDECE e a
pavimentação da rodovia CE-060, a rodovia "do
algodão". Também tem início as obras do estádio
Castelão.
Durante o governo de César Cals se sucedeu o
auge da repressão militar. Vários cearenses de
esquerda estiveram envolvidos na Guerrilha do
Araguaia. Cals procurou governar
tecnocraticamente, formando sua própria facção
política rompendo com Virgílio Távora. No mandato
de seu sucessor, Adauto Bezerra (mandato de
1975 a 1978) não acontecem grandes mudanças.
Adauto volta-se politicamente para o interior com a
criação de uma secretaria de assuntos municipais.
Renuncia seu mandato para se eleger deputado
federal. O vice-governador Waldemar Alcântara
toma posse e termina o mandato.
Vista do litoral de Fortaleza na década de 1980
vendo-se o monumento ao Interceptor oceânico.
Virgilio Távora retorna ao governo em 1979 sendo
o último eleito indiretamente e resgata seu primeiro
governo com a criação do PLAMEG II. Inicia a
industrialização da região noroeste do Ceará e cria
o PROMOVALE (projetos de irrigação) e sua
esposa, a primeira dama Luiza Távora implementa
projetos sociais como a Central de Artesanato do
Ceará. Seu governo foi marcado pela ausência,
quase que total, de oposição na Assembléia,
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nomeações aproximadas de 16.000 pessoas para
cargos públicos e várias greves.
Gonzaga Mota foi eleito pelo voto popular tomando
posse em 1983 e rompe com os coronéis anteriores
para criar seu próprio grupo político. Seu
rompimento rendeu-lhe ataques do regime militar
com a suspensão de verbas federais.
O CEARÁ DOS CORONÉIS (1963 –1982):
1.CORONÉIS DO EXÉRCITO BRASILEIRO:
Virgílio Távora, César Cals e Adauto Bezerra;
2. O bipartidarismo no Ceará: ARENA (apoio à
ditadura civil-militar) e MDB (oposição à ditadura);
Características de cada coronel
César Cals (1971-1975)
- Gestão marcada por autoritarismos
- Criação da SEI (Serviço estadual de Informação)
– colher informações
- Criação da Coelce
Adalto Bezerra (1975 – 1978)
- Construção de rodovias ligando áreas produtoras
de algodão ao litoral
- Saneamento básico na capital
- Criação da UECE
Virgílio Távora (1979 – 1982)
- Vale lembrar que essa é a segunda gestão de
Virgílio; a primeira se deu no início da ditadura
militar
- Criação da secretaria de comunicação (objetivar a
centralização de informações e controle da
publicidade
- Obras assistencialistas para conter a tensão social
no estado
- PLAMEG II- Continuar a modernização
conservadora com obras de cunho industrial
- Criação do distrito industrial de Maracanaú
O CICLO DOS CORONÉIS
O golpe de 1964 ocorreu exatamente um ano após
a posse de Virgílio Távora. O coronel ficou então
dividido, pois, apesar de criticar as "Reformas de
Base" de João Goulart, era seu amigo pessoal e
fora dele ministro. Essa aproximação de Távora
com Jango fez até com que alguns militares "linha
dura" pedissem a cassação do governador. Távora
escapou da deposição por sua amizade com
Castelo Branco e influência do tio, Juarez Távora,
junto aos golpistas. A longo prazo, a Ditadura
acabou beneficiando Távora, pois, contando com a
amizade do presidente (cearense) Castelo Branco,
obteve, além de prestígio político, muitos recursos
para seus projetos industrialistas.
As esquerdas buscaram se reorganizar após o
Golpe de 64, tendo grande influência junto ao
movimento estudantil através do PORT (Partido
Operário Revolucionário Trotskista), AP (Ação
Popular) e PCdoB. O Partido Comunista do
Brasil liderou o movimento estudantil uni sersitário
e instalou campos de treinamentos de guerrilheiros
visando apoiar a futura guerrilha do Araguaia. ALN
(Ação Libertadora Nacional) e PCBR (Partido
Comunista Brasileiro Revolucionário) fizeram ações
armadas no Ceará.
Na sucessão, contudo, Távora não conseguiu
indicar um nome de seu agrado. O quadro político
mudara com a instalação do bipartidarismo no país
(no Ceará, a ARENA reuniu a maior parte dos
políticos da UDN, do PSD e do PSP, enquanto no
MDB ingressaram políticos do PTB, das esquerdas
e uma ala do PSD, chefiada por José Martins
Rodrigues) e com a determinação de eleições
indiretas para governador (seria este escolhido
pelos deputados estaduais, embora, na prática,
apenas se referendasse o nome indicado pelos
militares). Paulo Sarasate, amigo de Castelo
Branco e ardoroso defensor da "Revolução" de
1964, conseguiu que fosse eleito, para surpresa
geral, o obscuro deputado Plácido Aderaldo
Castelo, que governa o Estado entre 1966-71.
Em 1971, com as bênçãos do presidente da
República, Médici, e a pressão dos militares do
Recife, foi indicado para governar o Ceará um
tecnocrata, o coronel e engenheiro César Cals de
Oliveira, o que não agradou a Virgílio Távora, que
contava em voltar ao poder. Concomitantemente,
dentro da ARENA fortalecia-se o grupo do coronel
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Adauto Bezerra, figura vinda de uma poderosa
família de Juazeiro, ligada ao cultivo de algodão e
ao ramo bancário.
Surgiam assim os famosos três "coronéis do
Ceará", todos militares de carreira, Virgílio Távora,
Adauto Bezerra e César Cals, que, nos anos de
1970 e início da década de 1980, dominaram
politicamente o Estado. Tinham entre si um acordo
("Acordo dos Coronéis") que os mantinha na
"cúpula" do Estado e "dividia" as bases entre eles,
não deixando espaços para o MDB local.
Após a administração de César Cals (1971-75), foi
a vez de Adauto Bezerra assumir o poder local,
governando entre 1975-78.
No ano de 1979, Virgílio Távora, com o apoio de
Geisel, regressou ao governo cearense e
consolidou a transição para a "modernidade
conservadora", com obras estruturais e de cunho
industrialista, como o sistema Pacoti-Riachão, a
energização rural e o término do Distrito Industrial.
Modernização conservadora
O golpe de 1964 reforçou a tendência de
centralização política e administrativa nos
Executivos federal e estadual, facilitando os
acordos de cúpulas. Decisões administrativas
seriam tomadas de forma mais discricionária
referente à alocação de recursos e investimentos
para as diversas regiões do Estado. Estavam
criadas, sob a liderança de Virgílio, as condições de
implantação de um projeto de modernização
conservadora.
O processo de modernização do Ceará teve início
na segunda metade do século XX partindo das
propostas defendidas e executadas por Virgílio
Távora. Virgílio Távora é o principal formulador do
projeto de modernização executado no Ceará. Isso
se opõe à posição que indica Virgílio como um
político tradicional, um autêntico coronel da política
nordestina.
Então, fala-se de