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JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
jr1568585@gmail.com
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
jr1568585@gmail.com
 
 
 
 
 
 
 
 O PERÍODO COLONIAL ____________________________________ 02 
PERÍDO IMPERIAL ________________________________________ 08 
O CEARÁ E A “ REPÚBLICA VELHA” _________________________ 11 
O CEARÁ DURANTE O ESTADO NOVO _______________________ 14 
OS GOVERNOS MILITARES E O “NOVO” CORONELISMO _______ 20 
A “NOVA” REPÚBLICA _____________________________________ 23 
Percebeu alguma inconsistência em nossos materiais em PDF? Avise o nosso SAC! Sua 
ajuda é fundamental para mantermos a qualidade do conteúdo. 85982052156 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
jr1568585@gmail.com
 
 
1 
 
APOSTILA DE HISTÓRIA DO CEARÁ 
 
CONSIDERAÇÕES E OBSERVAÇÕES 
 
Meu aluno (a), essa apostila foi elaborada com 
base em compilados de fontes confiáveis, livros e 
artigos, além de órgãos oficiais por parte de 
Governo, com isso, muitas dessas informações 
estão dispostas na internet, haja vista ser o meio 
mais democrático de busca de informações. Com 
isso, não se espante ao copiar alguma informação 
da apostila e ver o texto na internet. 
Meu papel como professor é buscar o mais 
relevante para você e saber achar tais 
informações. 
Mesma observação serve para as temáticas de 
Geografia e História de Fortaleza. 
Bons estudos!!!! 
 
Att. Prof. Caio Victor 
@caio_victorp 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
jr1568585@gmail.com
 
 
2 
 
 
 
 
Formação do território Brasileiro 
 
Tratado de Tordesilhas 
Esse tratado foi assinado em 1494, antes mesmo 
de Portugal e Espanha desbravem o “novo mundo”, 
eles já delimitaram a configuração das Américas. 
Tal tratado estabeleceu que Tordesilhas, 
determinando que as terras localizadas 370 léguas 
a Oeste de Cabo Verde pertenceriam à Espanha e 
ao leste, a Portugal. 
Portugal, ao chegar nas terras “brasileira”, 
ocuparam boa parte do litoral nordestino. 
A descoberta do Brasil ocorreu no ano de 1500. 
Todavia, as novas terras ficaram praticamente 
abandonadas, até 1530, quando Portugal decidiu 
colonizar o Brasil. Martim Afonso comandou a 
primeira expedição colonizadora, que partiu de 
Portugal em dezembro de 1531. 
A primeira vila que tivemos aqui no Brasil se 
chamou de Vila de São Vicente, em 1532. A partir 
desse período, tivemos as primeiras Sesmarias, 
que eram terras doadas por Portugal para tomarem 
posse e produzir atividades de agricultura e 
pecuária naquele espaço. 
 
 
Capitanias hereditárias 
É importante nós falarmos desse tópico, pois as 
capitanias hereditárias, formadas em 1534, 
constituíram a primeira organização política 
administrativa do Brasil. 
Ao todo, o território brasileiro foi divido em 15 
capitanias, cujos donos chamavam-se de capitães 
donatários, o qual tinham a função de desenvolver 
aquela terra, cuidar militarmente e organizá-la. 
O sistema de capitanias hereditárias se assemelha 
com o que temos hoje, pois o território brasileiro foi 
descentralizado, só que tal sistema era difícil de 
manter, por óptica dos capitães donatários, fazendo 
com que a coroa de Portugal, em 1539, instituísse 
o Governo-geral na cidade de Salvador-BA. 
O primeiro capitão donatário que distribuiu 
sesmarias foi Martin Afonso de Souza. Com essa 
prática, as capitanias hereditárias eram também 
divididas em partes menores, que eram as 
sesmarias. 
 
 
 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
jr1568585@gmail.com
 
 
3 
 
 
 
Bandeirantismo 
O bandeirantismo ficou conhecido como marcha 
para o Oeste, que avançou território adentro 
visando a expansão do território e busca de metais 
preciosos. 
É perceptível que tal ação não respeitou o tratado 
de Tordesilhas, fazendo com que, em 1750, 
Portugal e Espanha assinassem um novo acordo 
chamado de Tratado de Madrid, cujo principal 
objetivo seria conservação das terras ocupadas até 
então. 
 
 
Províncias 
Como você sabemos, se não sabe aprende agora, 
o Brasil se tornou independente em 1822, fazendo 
com que a antiga organização territorial do Brasil 
que era dividido em capitanias hereditárias, passa-
se agora a ser dividida em províncias. 
Quando o Brasil nasceu como pais independente, 
mudou-se a configuração de capitanias para 18 
províncias: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, 
Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, 
Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, 
Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa 
Catarina, São Paulo e Sergipe. 
 
Resumo 
 
Brasil Colônia: Momento histórico que durou de 
1530 a 1822 
O Brasil Colônia é o período que compreende os 
anos de 1530 a 1822. Esse fato histórico foi iniciado 
com a primeira expedição realizada por Martim 
Afonso de Souza, no litoral brasileiro. 
 
Brasil pré-colonial 
No período pré-colonial a economia baseava-se na 
exploração do pau-brasil. Essa atividade consistia 
na extração de tinta da madeira para a pintura de 
tecidos. Portanto, essa era a atividade econômica 
da época. Para cortar a madeira, os portugueses 
davam aos índios objetos como: quinquilharias, 
metais, espelhos, colares, entre outros. Na história 
chama-se essa troca de escambo. 
 
Brasil Colônia 
De acordo com a história do Brasil, o marco inicial 
do Brasil Colônia foi o momento em que D. João III 
encaminhou Martim Afonso de Souza, em 1530, 
para realizar uma expedição colonizadora no litoral 
brasileiro. A finalidade foi estabelecer vilas e dividir 
lotes de terras para os donatários (pessoa que 
administrava terras que recebiam) explorarem 
metais preciosos e cultivassem a cana-de-açúcar. 
O trabalho de expedição de Martim Afonso de 
Souza estendeu-se do litoral de Pernambuco até o 
rio da Prata. Ele fundou no litoral paulista a primeira 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
jr1568585@gmail.com
 
 
4 
 
vila do Brasil, em 1532, denominada de Vila de São 
Vicente. 
A partir de então, Portugal adotou uma medida para 
estabelecer o processo de colonização do Brasil: as 
Capitanias Hereditárias. Essa estratégia consistiu 
na divisão do país em 15 capitanias hereditárias, 
que eram faixas de terras que abrangia o litoral 
brasileiro até o limite estabelecido pelo Tratado de 
Tordesilhas. Esse era um documento que atestava 
o acordo entre Portugal e Espanha sobre os limites 
das terras descoberta por ambos. 
 
Motivos de Portugal para a colonização 
A terra recém-descoberta despertava o interesse 
não apenas de Portugal, mas também de outras 
nações. Os lusitanos enfrentavam ameaças de 
navios estrangeiros que cercavam o litoral 
brasileiro. Como exemplo, os franceses que haviam 
fortalecido relações com os indígenas. Além disso, 
alguns países não reconheciam o Tratado de 
Tordesilhas. 
Não apenas a ameaça estrangeira de instalar-se no 
Brasil, mas também a busca por metais preciosos 
contribuíram para a escolha de Portugal em 
colonizar o país. A Espanha havia descoberto ouro 
na América. Com isso, os portugueses criaram a 
expectativa de encontrar o brilhante de cor amarela 
também em solo brasileiro. 
 
A Economia da Época 
Para estabelecer a política econômica no Brasil, 
Portugal adotou algumas medidas, como a 
produção de cana-de-açúcar. Essa escolha foi em 
razão das experiências bem-sucedidas de Portugal 
em outras colônias como São Tomé, Ilhas de 
Madeira, Açores e Cabo Verde. 
O comércio na colônia respeitava a medida do 
pacto colonial que era o direito de exclusividade de 
comercialização entre colônia e metrópole. Os 
portugueses utilizaram, a princípio, como mão de 
obra escrava os índios. Estes, no entanto, 
resistiram e, além disso, a prática era condenada 
pelos jesuítas. A partir de então, donos de 
comércios escravizaram negros que vieram da 
África nos navios-negreiros. Os jesuítas reagiram 
contra a prática de escravidão dos índios. Porém 
concordavamModernização conservadora no 
Ceará como sendo o início de uma série de 
investimento em obras e infraestrutura, além de 
industrialização no Ceará, iniciada durante a gestão 
de Virgílio Távora, com incentivos da própria 
SUDENE e do BNB. 
 
OBS: Desde o início da modernização 
conservadora iniciada por Virgílio na década de 
1960, TODOS os demais governantes deram 
continuidade à modernização 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
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23 
 
 
 
A Nova República começa no Ceará com a eleição 
de Maria Luiza para o cargo de prefeita de Fortaleza 
em 1986. Foi a primeira prefeita de capital estadual 
eleita pelo Partido dos Trabalhadores e o primeiro 
político do sexo feminino a ser eleito para esse 
cargo após o regime militar. A insatisfação com a 
política praticada durante a ditadura militar e o 
movimento de redemocratização impulsionam as 
transformações no poder político, com a 
decadência da hegemonia tradicional do 
coronelismo. 
Gonzaga Mota deixa o governo com pagamentos 
atrasados ao funcionalismo e descontrole nas 
contas públicas, mas seu candidato, o empresário 
Tasso Jereissati, consegue se eleger com a 
promessa de modernizar a administração pública, 
afastando-se do clientelismo dos governos 
anteriores; promover a austeridade fiscal; e 
desenvolver a economia estadual. A nova gestão 
passa a se autodenominar "Governo das 
Mudanças".[8] Nas duas décadas seguintes, 
Jereissati e seus aliados passam a deter a 
hegemonia política no Estado, e rapidamente 
perdem a aliança com partidos mais à esquerda, 
como o PT e o PCdoB.[6] 
Ciro Gomes, então prefeito de Fortaleza, se 
candidata em 1990 ao cargo de governador com o 
apoio de Tasso e é eleito. Com a abertura do 
mercado brasileiro, o Ceará recebe os primeiros 
carros importados da marca russa Lada. Os 
"Governos das Mudanças" priorizam o aumento 
dos investimentos públicos e privados em 
infraestrutura e nos setores industrial e de serviços, 
enquanto o agropecuário permanece à margem. 
Politicamente, há uma relativa diminuição de poder 
dos "coronéis", com ampliação do poder do grande 
empresariado. O saneamento das contas estaduais 
- atingido, em parte, pela diminuição das despesas 
com o funcionalismo público através de demissões 
e achatamentos salariais - garantem superávits 
entre 1988 e 1994, mas com a consolidação do 
Plano Real volta-se a uma predominância de 
déficits. 
Nas palavras do professor Airton de Farias: 
“Em 1986, Tasso Jereissati era eleito governador 
do Ceará, derrotando os três famosos coronéis do 
Ceará, Adauto, Vírgílio e César, e inaugurando uma 
nova etapa política no estado. 
Mas tal fato não foi ocasional. Na realidade, 
enquadra-se dentro de um projeto político burguês-
capitalista, com origens no ano de 1978, quando 
“jovens empresários” assumiram o controle do 
Centro Industrial Cearense (CIC). Até aquela data, 
a chefia do CIC era ocupada pelo presidente da 
Federação das Indústrias do Estado do Ceará 
(FlEC). 
Esses “jovens empresários”, como Beni Veras, 
Tasso Jereissati, Amarílio Macedo, Sérgio 
Machado e Assis Machado Neto, tornam o CIC um 
centro de debates e gestam uma candidatura ao 
governo. Embora tenha o CIC de início mantido 
boas relações com os coronéis (por exemplo, 
apoiaram a candidatura de Gonzaga Mota ao 
governo em 1982), criticavam duramente o 
excessivo intervencionismo do Estado na 
economia, a corrupção, o clientelismo e outros 
problemas da máquina pública, pregando uma 
gestão “moderna”, (neo) liberal no Ceará e 
empresarial para “acabar com a miséria”. 
A oportunidade para os “jovens empresários” 
assumirem o governo dar-se-ia em 1986. O então 
governador Gonzaga Mota (PMDB), já rompido 
com seus “padrinhos políticos” (os coronéis), 
resolveu apoiar um nome do CIC para concorrer a 
sua sucessão: Tasso Jereissati. Este, valendo-se 
do sucesso nacional do Plano Cruzado, da crise e 
decadência das “velhas” elites chefiadas pelos 
coronéis e contando com o apoio e simpatia de 
amplos segmentos sociais (até das esquerdas), 
derrota o candidato do PFL (dissidente do PDS, 
atual DEM), coronel Adauto Bezerra. 
Encontrando o Estado em lastimável situação 
financeira, Tasso, sob o lema “Governo das 
Mudanças”, buscou moralizar a máquina pública, 
diminuindo o nepotismo e o empreguismo – embora 
achatando o salário dos servidores públicos e tenha 
com estes uma relação de atritos. 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
jr1568585@gmail.com
 
 
24 
 
Visando dar ao governo uma “gestão técnica”, o 
“Governo das Mudanças” elimina a intermediação 
de “políticos profissionais”, sobretudo na primeira 
gestão (1987-91), o que lhe trouxe certo isolamento 
da sociedade civil e a acusação de autoritário. Em 
pouco tempo, ganhou forte oposição, mesmo 
daqueles que o haviam apoiado na eleição (daí o 
grupo tassista ter deixado o PMDB e entrado no 
PSDB). O Cambeba (Palácio do Governo e 
sinônimo dos partidários de Tasso) procurou 
descredenciar essa oposição chamando-a 
genericamente de “forças do atraso”, elementos 
“corporativistas”, pessoas de “interesses 
contrariados”. 
A geração Cambeba procurou a "modernização" da 
máquina administrativa cearense, ou seja, a 
promoção de uma "gestão técnica" e pró-capitalista 
do Estado, de modo que se buscasse o equilíbrio 
orçamentário (o que aconteceu principalmente no 
primeiro mandato de Tasso e na gestão de Ciro 
Gomes, com a austeridade nos gastos públicos, 
aumento da arrecadação de tributos, corte de 
gratificações, eliminação de cargos públicos, 
achatamento de salários dos servidores, etc.), a 
eficiência da máquina estatal (por exemplo, com 
a informatização da burocracia e a qualificação dos 
servidores públicos), a probidade no trato com a 
coisa pública (sem privilégios a particulares), o 
investimento em obras de infra-estruturas 
(sobretudo a partir do segundo mandato de Tasso, 
com verbas e empréstimos do governo federal e de 
órgãos internacionais de desenvolvimento) e os 
estímulos à indústria e atividade conexas. 
Utilizando também muito "marketing" (um dos 
estados que mais investia em propaganda no Brasil 
era o Ceará), a geração Cambeba ganhou a 
hegemonia política do Estado e projeção nacional, 
embora as "mudanças" tão propaladas, como a 
industrialização cearense, venha de décadas, 
desde os anos 1960, a partir da criação do Banco 
do Nordeste (1952), da SUDENE (1959) e das 
administrações do coronel Virgílio Távora (1963-
66/1979-82). 
O domínio cambebista garantiu a eleição em 1990 
de Ciro Gomes ao governo pelo PSDB. Depois, 
Ciro iria para o PPS, mantendo-se, porém, "fiel" a 
Tasso. Em 1994, há o retorno de Jereissati ao 
Executivo cearense. Tasso seria reeleito ainda em 
1998. Um dos maiores núcleos de oposição ao 
Cambeba encontrava-se em Fortaleza, onde nos 
anos 90 e início do século XXI dominou o grupo 
político conservador do então prefeito Juraci 
Magalhães. Na capital também eram fortes as 
esquerdas, tanto que em 2004 o PT conseguiu 
eleger Luizianne Lins como gestora da cidade. 
Apesar das "mudanças" realizadas pelo Cambeba 
na política e economia do Estado - o PIB cearense 
cresceu nos últimos anos em média mais que o do 
restante do Brasil - não houve empenho suficiente 
para acabar com a pobreza absoluta que imperava 
no Ceará. Ao contrário, o projeto do "Governo das 
Mudanças" não alterou substancialmente a 
concentração de renda no estado, também uma 
das maiores do País. Para os críticos, o modelo 
capitalista, neoliberal, urbano e industrialista não 
deu a atenção necessária agricultura interiorana, 
salvo as grandes agroindústrias. 
 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
jr1568585@gmail.comcom a escravidão dos negros. 
Invasão Holandesa 
A invasão holandesa foi um dos fatos que ameaçou 
o domínio português sobre o Brasil. Em 1580 
ocorreu a União Ibérica que foi a unificação entre 
as coroas de Portugal e Espanha. A Holanda era 
parceira dos portugueses, porém inimiga dos 
espanhóis. 
Os holandeses haviam investido na produção de 
cana-de-açúcar no Brasil. No entanto, eles foram 
afastados dos negócios. Com isso, em 1624 
tentaram invadir a colônia, no estado da Bahia, 
permanecendo até 1625. 
Outra tentativa de invasão foi em Pernambuco em 
1630. A presença dos holandeses no Brasil foi 
firmada a partir da chegada de Maurício de 
Nassau, em 1637 onde ficou até 1644. 
 
História do Ceará 
A delimitação do atual território ocupado pelo 
estado do Ceará começou com a doação da 
Capitania Siará em 1535 para Antônio Cardoso de 
Barros. 
 
Primeira tentativa de colonização do Ceará em 
1603 – Pero coelho de Sousa 
A fundação, contudo, ocorreu em 1603, por Pêro 
Coelho de Souza, que chamou a colônia de Nova 
Luzitânia. 
A missão dos bandeiristas era explorar o rio 
Jaguaribe, combater piratas, "fazer a paz" com os 
indígenas e tentar encontrar metais preciosos. 
Partindo da Paraíba, à frente de 200 índios 
"mansos" (já submissos ao conquistador) e de 65 
soldados (entre os quais o jovem Martim Soares 
Moreno), Pero Coelho atingiu pelo litoral a serra de 
Ibiapaba, onde travou combate com os índios 
Tabajaras e alguns franceses, então aliados. 
Derrotando os adversários, Pero Coelho tentou 
seguir para o Maranhão, mas só atingiu o rio 
Parnaíba (Piauí) pois seus homens, cansados, 
maltrapilhos e famintos recusaram-se a prosseguir 
viagem. 
O capitão-mor fundou o Forte de São Tiago, às 
margens do Rio Ceará e o povoado de Nova 
Lusitânia 
 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
jr1568585@gmail.com
 
 
5 
 
Martim Soares Moreno - o Fundador do Ceará - 
1611 
Entre os integrantes do grupo de colonizadores , na 
expedição de Pero Coelho, estava Martim Soares 
Moreno, com 17 anos na época. É atribuída a ele a 
fundação da região. Habilidoso, o rapaz negociava 
com indígenas, de quem conhecia os costumes e a 
língua. 
Em 1611, com a ajuda de índios da região, 
chefiados por Jacaúna, Moreno fundou às margens 
do rio Ceará o Forte de S. Sebastião. No ano 
seguinte, apesar de suas pretensões 
colonizadoras, foi convocado para combater os 
franceses que haviam fundado a França Equinocial 
no Maranhão 
“A falta de recursos e da atenção da Coroa fizeram 
com que Moreno se retirasse do Ceará em 1631, 
dirigindo para Pernambuco, onde foi combater os 
holandeses que então invadiam a América 
portuguesa. Anos depois, regressou a Portugal, 
não vindo mais ao Ceará. Na visão tradicional, tem-
se Moreno como “fundador” do Ceará – tanto que 
é homenageado pelo escritor José de Alencar no 
livro Iracema, obra de 1865. ” FARIAS 
Martins Soares Moreno Fundou o Forte São 
Sebastião 
 
Invasão Holandesa no Ceará 
No ano de 1630, os holandeses invadem 
Pernambuco na pretensão de dominar a região 
açucareira e de encontrar outras riquezas. Assim, 
em 1637, tropas flamengas conquistam o forte 
cearense de São Sebastião. 
 De início, contaram os holandeses com o apoio 
dos índios. Depois, contudo, a “aliança” se desfez, 
pois o holandês não se diferenciava do português 
no mau trato do índio. Revoltados, em 1644, os 
nativos atacaram e destruíram o fortim, trucidando 
os holandeses. 
Os flamengos retornam em 1649, sob o mando do 
capitão Matias Beck, em busca de minas de prata. 
Erguem no monte Marajaitiba, nas margens do 
riacho Pajeú, o forte de Schoonemborch, em torno 
do qual, depois, iria espontaneamente surgir a atual 
cidade de Fortaleza. 
Os holandeses ficam no Ceará até 1654, quando 
retiram-se em virtude de sua derrota em 
Pernambuco e expulsão do Brasil. Sob a liderança 
do capitão-mor Álvaro de Azevedo, os portugueses 
retomam a colonização e mudam o nome do forte 
para Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. 
Bom atentar que por esse período o “Siará” esteve 
submisso a outras entidades administrativas. Entre 
1621 e 1656, foi gerenciado pelo Maranhão. De 
1656 a 1799, esteve submetido a Pernambuco. Isso 
atrapalhou o crescimento material da capitania. 
 
Pecuária 
A atividade da Pecuária, de início, era uma 
atividade secundária. Ajudava na produção da cana 
de açúcar. 
É importante frisar que: A pecuária, no Ceará, 
ajudou no processo de interiorização do nosso 
território. Os caminhos que eram traçados pelos 
viajantes, lembrando que eram viagens por meio 
das margens dos rios, principalmente o rio 
Jaguaribe, ajudavam a criar algumas vilas, que 
posteriormente viraram cidades no estado do 
Ceará. 
 
Fatores que levaram o gado migrar para o 
interior 
- Aumento populacional no litoral 
- Aumento do número do gado nas atividades 
litorâneas 
- A Carta régia (1701), o qual proibiu a criação de 
gado a 10 léguas do litoral. 
- Falta de terras no litoral para todos 
- Necessidade do litoral para a cana – de – açúcar. 
 
Figuras da pecuária 
- Vaqueiro: Homem livre; pago pelo sistema de 
quarteação; 
 
Leitura necessária 
O Ceará nasceu da exclusão da atividade pecuária 
nas áreas litorâneas, especialmente em 
Pernambuco e Bahia, produtores de açúcar 
Pernambuco direcionou a colonização a partir do 
norte do estado- “ Sertão de fora” 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
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6 
 
Bahia direcionou a partir do sul. – “ Sertão de 
dentro” 
Assim, durante séculos o Ceará foi uma "civilização 
do couro", dedicada, sobretudo, à venda de gado e 
de sua carne para outras províncias. 
“A penetração e conquista dos sertões 
aconteceram por duas rotas: sertão-de fora, 
dominada por pernambucanos, vindos pelo litoral, e 
sertão-de-dentro, dominada por baianos. Tais rotas 
se confluíram no Ceará, com os colonos ocupando 
o litoral inicialmente e daí as ribeiras dos rios 
Jaguaribe e Acaraú. 
Os rebanhos bovinos cearenses eram conduzidos 
pelos tangerinos para a venda em Pernambuco, 
Bahia e, posteriormente, nas Minas Gerais. 
Percorriam rudes veredas, chamadas de “estradas 
sertanejas”. Nos cruzamentos de muitas destas, 
surgiram cidades, como Icó, Quixeramobim e 
Sobral. 
 Em pouco tempo, os sertões cearenses estavam 
conquistados pelos invasores. Para a expansão 
pastoril, contribuíram: a demanda dos mercados 
consumidores do litoral açucareiro e da região 
mineradora, a facilidade na obtenção de sesmarias 
e de novas terras, o crescimento vegetativo (mas 
não qualitativo) dos rebanhos, as pastagens 
abundantes (na época das chuvas), as vastas 
áreas sertanejas, o caráter salino do solo, a 
exigência de pouco capital e mão-de-obra na 
montagem da fazenda e o próprio fato do gado se 
auto-transportar. 
Mas a venda de gado para outras capitanias não 
era tão lucrativa assim – o gado emagrecia, perdia-
se, morria por ataque de feras, era assaltado. Havia 
ainda o peso dos impostos. Assim, os criadores do 
gado do litoral passaram, no século XVIII, a vender 
seus rebanhos na forma de charque (carne seca 
salgada ao sol), produzido nas oficinas ou 
charqueadas. O charque, além de seu papel dentro 
da própria colônia, apresentou destaque também 
no tráfico de escravos entre o Brasil e os centros 
comerciais de negros em África, especialmente 
Angola”. – FARIAS 
 
 
 
Charqueadas 
 
Charque 
 
Fatores que contribuíram para a Charque: 
-Os ventos constantes e a baixa umidade relativa 
do ar, 
-A abundância de sal, 
-As barras dos rios acessíveis à navegação de 
cabotagem da época, 
- O grande rebanho cearense e o próprio fato da 
técnica salineira não exigir muitos conhecimentos e 
nem muito investimento. 
 
As oficinas situavam-se na porção litorânea, 
próximas aos rios, de onde se levava a carne seca 
em sumacas a Recife, Salvador e até o Rio de 
Janeiro – ali seria alimento para pobres e escravos. 
Assim, destacaram-se como centros 
charqueadores: Aracati (na foz do rio Jaguaribe), 
Acaraú, Sobral (rio Acaraú), Granja e Camocim (rioCoreaú). 
Em tais oficinas, além de trabalhadores livres não 
absorvidos pela pecuária, empregou-se mão-de-
obra escrava, índia e negra, embora em escala 
menor. 
O charque traz mudanças socioeconômicas para o 
Ceará. Verificou-se uma divisão de trabalho na 
capitania (áreas para criar gado e áreas para 
charquear), uma maior integração política, cultural 
e comercial entre sertão e litoral, um crescimento 
do pequeníssimo mercado interno local, o 
enriquecimento de um grupo de latifundiários e 
comerciantes, o crescimento de centros urbanos, 
como Aracati (o principal núcleo charqueador e 
mais importante cidade do Ceará até pelo menos a 
metade do séc. XIX) e uma diversificação de 
produção (comercialização e até exportação de 
couro). 
A ocupação do sertão cearense se deu com o gado 
trazido das capitanias vizinhas, principalmente 
Pernambuco e Rio Grande do Norte. Esta 
colonização ou ocupação teve seu início nos vales 
do rio Jaguaribe e Acaraú, sendo estes os pontos 
essenciais para o processo de ocupação. Com o 
crescimento das fazendas a produção bovina 
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7 
 
tomava seu apogeu. Mas dada à escassa 
população de baixo poder aquisitivo, a produção de 
carne excedia a necessidade do mercado local. 
Assim sendo, não era justificável para a acanhada 
economia do Ceará que centenas de reses fossem 
mortas apenas para o aproveitamento do couro, 
produto de destaque da colônia. Além do mais, 
havia necessidade de carne, tanto nos engenhos 
da zona da mata como nas demais concentrações 
populacionais. 
 O problema, de início, foi solucionado com a 
comercialização do gado em pé nas feiras 
pernambucanas, de Olinda, Igaraçu e Goiana, 
assim como na região do Recôncavo Baiano. Deve 
ser salientado que, mesmo para Pernambuco, o 
negócio não era compensador, uma vez que o gado 
emagrecia diante de tantos dias de longas 
caminhadas, debilitando-se a ponto de não ter 
condições físicas para o abate. A impossibilidade 
de concorrer comercialmente com o rebanho 
oriundo dos sertões da Capitania e de suas vizinhas 
faz com que os fazendeiros das áreas litorâneas, já 
a partir da primeira metade do século XVII, passem 
a exportar seu gado abatido transformado em carne 
seca salgada e sem couro. Surgiram, assim, no 
Ceará, as fábricas de beneficiar carne, as 
chamadas Oficinas, Charqueadas ou Feitorias, 
instaladas nos estuários dos rios Jaguaribe, Acaraú 
e Coreaú, estendendo-se depois ao Parnaíba, Piauí 
e ao Açu, no Rio Grande do Norte. As condições 
geofísicas do litoral pastoril do Ceará favoreceram 
o surgimento daquela indústria, 
“ que além de matéria-prima abundante, possuía 
outros fatores locais asseguradores de êxito: 
ventos constantes e baixa umidade relativa do ar, 
favoráveis à secagem e duração do produto, 
existência de sal, cuja importância se não precisa 
destacar, barras acessíveis à cabotagem da 
época.” (GIRÃO, 1984) 
As povoações de Aracati, Granja, Camocim e 
Acaraú, possuíam as condições exigidas. Ali em 
toscas oficinas passou a ser fabricado um tipo de 
carne seca, prensada, moderadamente salgada e 
desidratada ao sol e ao vento, por tempo 
necessário à sua conservação. As oficinas 
instaladas nas embocaduras dos rios permitindo 
um embarque direto do produto das fábricas aos 
mercados, favoreceram o desenvolvimento das 
feitorias, que segundo informações extraídas da 
Segunda Audiência da câmara da Vila Aracati, data 
de 19 de fevereiro de 1781, as tais oficinas 
A documentação existente não indica o nome do 
idealizador da técnica, ou seja, um anônimo teve a 
idéia genial de industrializar carne desses rebanhos 
costeiros. Também não é conhecido o ano de 
instalação das primeiras salgadeiras na Capitania 
do Siará Grande. Os documentos são claros quanto 
ao fabrico dos charques e a comercialização da 
carne-seca da região jaguaribana para outros 
centros, já na segunda década do século XVIII e 
surgiram primeiramente no pequeno arraial de São 
José do Porto dos Barros, depois elevada à 
categoria de vila com nome de Santa Cruz do 
Aracati, hoje cidade do Aracati. 
 
Decadência da Pecuária 
-Constantes secas 
- Crescimento da cotonicultura 
- Competitividade com a pecuária gaúcha. 
 
Referências 
GIRÃO, Valdelice Carneiro. Oficinas ou 
Charqueadas no Ceará, Fortaleza: Secretaria de 
Cultura e Desporto. 1984 MENEZES, Djaci. O 
Outro Nordeste. Rio de Janeiro: José Olympio. 
1937 SOUSA, Simone de ( Org. ) Uma Nova 
História do Ceará. Fortaleza: Demócrito Rocha, 
2000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8 
 
 
 
Período Imperial 
Brasil Império é o nome dado ao período que se 
estendeu de 1822 a 1889. A independência do 
Brasil marcou o início do período imperial, que foi 
encerrado com a Proclamação da República. O 
período imperial é dividido em três fases: Primeiro 
Reinado, Período Regencial e Segundo Reinado. 
 
Revolução Pernambucana e o Ceará 
A Revolução Pernambucana, ocorrida em 1817, foi 
o último movimento separatista do período colonial. 
Está relacionada com a crise socioeconômica que 
o Nordeste atravessava há quase um século em 
razão da desvalorização do comércio do açúcar e 
do algodão brasileiro no mercado externo. Além 
disso, a presença da família real portuguesa no 
Brasil aumentou o custo de vida em virtude da 
cobrança de impostos, o que causou revolta entre 
os pernambucanos. 
Os ideais republicanos também colaboraram para 
que a revolta acontecesse. O governo local foi 
tomado pelos revoltosos, mas as tropas fiéis ao 
governo central conseguiram derrotá-los. 
A participação cearense na “revolução” foi pequena 
– a crise do algodão não atingira intensamente 
ainda a capitania. A elite praticamente não aderiu e 
as massas não se mobilizaram. Além disso, o 
governador do Ceará, Inácio de Sampaio, estava 
pronto para reprimir qualquer movimento contra os 
interesses da coroa portuguesa. 
Somente a família Alencar, na região do Cariri, 
aderiu ao movimento. 
Os Alencar, sob a chefia de Dona Bárbara de 
Alencar, apoiaram a revolta, obtendo, de início, a 
neutralidade do capitão do Crato, José Pereira 
Filgueiras. 
José Martiniano de Alencar (jovem seminarista 
enviado por Pernambuco para “revolucionar” o 
Ceará), no dia 3 de abril de 1817, em frente à igreja 
do Crato, proclamou a República. Dali, marchou 
para o prédio da Câmara Municipal, onde, apoiado 
por alguns “cabras”, depôs às autoridades 
monárquicas, soltou os presos e içou uma bandeira 
branca. – FARIAS 
 
Confederação do Equador 
A confederação do Equador foi um movimento 
republicano, separatista, inspirado nos ideais da 
revolução francesa. 
Em 1817, os cearenses, liderados pela família 
Alencar, apoiaram a Revolução Pernambucana. O 
movimento, que se restringiu ao município do Cariri, 
especialmente na cidade do Crato, foi rapidamente 
sufocado. 
Em 1824, após a independência, foi a vez dos 
cearenses das cidades do Crato, Icó e 
Quixeramobim demonstrarem sua insatisfação com 
o governo imperial. Assim eles se aderiram aos 
revoltosos pernambucanos na Confederação do 
Equador. 
Os fatores que levaram à Confederação do 
Equador foram: Um país recém independente de 
Portugal; Ortouga de uma constituição 
centralizadora, a qual dava poderes ao imperador; 
Crise do ciclo da cana-de-açúcar e do algodão. 
Tais situações geraram no nordeste brasileiro um 
sentimento de insatisfação, desejo de sair da 
monarquia para republica e uma ânsia de montar 
uma federação autônoma. 
A confederação do Equador foi um movimento 
político contra o governo imperial de Dom Pedro I, 
atrelados a um sentimento de sair da monarquia e 
montar uma república. O movimento nasceu em 
Pernambuco e incentivou o Ceará, pois o Ceará era 
bastante influenciado por Pernambuco, uma vez 
que Ceará se desmembrou de Pernambuco em 
1799. 
Padre Mororó foi um dos principais personagens da 
confederação do Equador aqui no Ceará. Em 
Quixeramobim, mobilizou a cidade para resistir àconstituição centralizadora. 
 
 
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9 
 
Governo do Ceará a época da Confederação do 
Equador 
-Presidente da Província do Ceará: Costa Barros 
-Autoproclamado presidente republicano que se 
opôs a Costa barros: Pedro Figueiras e Tristão 
Alencar 
 
Motivos para Ceará ter entrado no conflito 
- Crise do algodão 
- Constituição outorgada 
- Laços parentescos com Pernambuco (Vale 
lembrar da família Alencar e o desmembramento do 
Ceará de Pernambuco, em 1799) 
 
A Derrota 
- Na tentativa de ajudar outros estados, Pedro 
Filgueiras e Tristão Gonçalves viajaram e 
acabaram mortos em combate 
- Abandono dos revolucionários 
 
A economia do Algodão 
O algodão começou a ser cultivado no Ceará num 
período de 1801 a 1900 com objetivo de abastecer 
os mercados locais e internacionais. 
A guerra de secessão norte americana ocorreu no 
período de 1861 a 1865, fazendo com que, nesse 
período, o Ceará ganhasse um destaque na 
exportação de algodão a escalas internacionais, 
principalmente para a Inglaterra. 
Nessa época, o algodão foi chamado de “ouro 
branco”. 
Foi nesse período que Fortaleza desbancou Aracati 
do posto de cidade principal do Ceará: o algodão 
substituía o charque em importância econômica. 
Fatores que favoreceram a cotonicultura no Ceará: 
o clima quente e a regularidade das chuvas (no 
sentido de que há uma época certa para o inverno 
e outra para o verão), a fertilidade dos solos 
(praticamente virgens), o curto ciclo vegetativo do 
algodão, a não exigência de muitos investimentos 
na lavoura (facilidade de cultivo, colheita, 
beneficiamento, etc.). Com isso, não só 
latifundiários dedicaram-se à atividade, mas 
também pequenos proprietários, agregados, 
moradores e arrendatários. – FARIAS 
 
Linha Do Tempo Do Algodão 
-1820: Crise do algodão (competitividade com o 
algodão Norte Americano, isso levou aos conflitos 
da Revolução Pernambucana e Confederação do 
Equador). 
-1840: Experimentamos uma leve recuperação 
-1860: Auge da produção da cotonicultura, em 
virtude da guerra da secessão 
-1880-90: Queda das exportações (volta do 
algodão norte americano e queda dos preços do 
algodão) 
 
Consequências da economia do algodão 
- Acumulo de capital (nascimento de uma burguesia 
em Fortaleza, isso levou à Belle Époque) 
- Investimento em Ferrovias no Ceará 
- Ascensão de Fortaleza como cidade mais 
importante no Ceará. 
 
A ESCRAVIDÃO NEGRA NO CEARÁ 
O Ceará foi a primeira província brasileira a libertar 
seus escravos, durante o século XIX. 
 
Fatores que levaram ao pioneirismo Cearense 
em libertar os escravos 
- O binômio econômico cearense (Pecuária e 
Algodão) não necessitavam, em larga escala, da 
mão de obra escrava. OBS: Eu não estou dizendo 
que não tinham escravos no Ceará, tinha sim, o que 
eu estou dizendo é que não tinham em expressiva 
quantidade. 
- O preço dos cativeiros e dos negros eram altos e 
vale lembrar que o Ceará era pobre. Não era viável 
manter muitos cativeiros 
- Campanhas e movimentos abolicionistas: 
- Movimento dos Jangadeiros: Lutaram contra o 
tráfico interprovincial de Escravo, o qual surgiu 
após a lei Eusébio de Queiroz – Nome importante: 
Dragão do Mar 
 - Pressão da Burguesia: campanhas abolicionistas, 
inspiradas nos ideais da 
Revolução Francesa: Sociedade libertadora 
Cearense. 
 
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10 
 
Contexto: 
No século XIX, um movimento de grande 
importância aconteceu no Ceará: a campanha 
abolicionista, que aboliu a escravidão no estado em 
25 de março de 1884, antes da Lei Áurea, que é de 
1888. Foi, portanto, o primeiro estado brasileiro a 
abolir a escravatura. Dentro do Ceará, o primeiro 
município a abolir a escravatura foi Acarape, que 
depois do evento, passou a ser chamado de 
Redenção. O abolicionismo foi favorecido pela 
pouca importância da escravidão na economia 
cearense relativamente às outras regiões do Brasil. 
Um cearense se destacou nessa época: o 
jangadeiro Francisco José do Nascimento que se 
recusou a transportar escravos em sua jangada. 
José do Nascimento ficou conhecido como Dragão 
do Mar (atualmente nome de um centro cultural em 
Fortaleza). 
Inicia-se na segunda metade do século XIX, tendo 
a sua mais atuante sociedade abolicionista sido 
fundada em 1880, a Sociedade Cearense 
Libertadora. Junto com as ações da Sociedade 
Libertadora, que congregava principalmente a elite 
econômica e intelectual, o pioneirismo cearense foi 
possível graças, sobretudo, à coragem de um 
homem de origem humilde, pardo, jangadeiro e 
abolicionista: Francisco José do Nascimento, o 
Dragão do Mar ou Chico da Matilde. Em 25 de 
março de 1884, o presidente da província, o baiano 
Sátiro Dias, declarou a libertação de todos os 
escravos do Ceará, tornando o estado o primeiro a 
abolir a escravidão no país, quatro anos antes da 
Lei Áurea. 
Assim, em janeiro de 1883, Acarape (atual 
Redenção) passou para a história nacional como o 
primeiro núcleo urbano a libertar seus negros. 
Fortaleza deu liberdade a seus cativos em 24 de 
maio de 1883. Finalmente, a 25 de março de 1884, 
promulgou-se lei inviabilizando a escravidão na 
província – embora existam registros de cativos no 
Ceará em datas posteriores. 
 
Leia o fragmento a seguir. Está feita a nossa íntima 
união, quer de reciprocidade de sentimentos, quer 
de riscos e perigos. O Ceará não cede a 
Pernambuco em patriotismo e zelo da sua 
liberdade: ambas são províncias do Brasil, cheias 
de gás, e daqueles ilustres caracteres que a 
natureza gravou nos corações livres dos brasileiros 
honrados. Do papel junto verá V. Exª. os motivos 
que nos obrigarão a depor o Presidente do governo 
desta província dentro de quatorze dias. O senhor 
Pedro José da Costa Barros em tão pouco período 
de tempo tornou-se alvo dos ressentimentos desse 
povo brioso que já não sofre os enganos, e para 
melhor dizer, o descaramento do gabinete do Rio 
de Janeiro. Quis levar-nos como escravos nos 
ferros do despotismo, e pretendeu que o Ceará 
negasse a Pernambuco aqueles indispensáveis 
socorros que um irmão deve prestar a seu irmão 
consternado: propôs mesmo que nós fôssemos de 
todos opostos aos sentimentos dos [desolados] 
pernambucanos. O fragmento refere-se à 
participação do Ceará no movimento conhecido 
como 
 
A) Revolta da Cabanagem. 
B) Insurreição do Crato. 
C) Revolução Pernambucana. 
D) Confederação do Equador. 
E) Revolta da Balaiada. 
 
Gab. D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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11 
 
 
 
A Oligarquia Acciolina 
Entendemos como Oligarquia Acciolina, o período 
em que o Ceará foi dominado pelo grupo político 
liderados pela família Nogueira Accioly, nos anos 
1896 a 1912. “ FARIAS” 
Para essa configuração, foi de fundamental 
importância a política dos Governadores. 
 
Gestões de Accioly 
Marcada por abusos, autoritarismos, nepotismos e 
modernização no estado. 
 
1ª gestão (1896-1900) 
- Atritos com Rodolfo Teófilo por conta das 
vacinações na população 
- Criação da Academia de Direito do Ceará, porem 
foi muito criticada pelo descaso com a educação 
básica 
- Secas 
 
2ª gestão (1904 – 1908) 
- Obs: de 1900 a 1904, quem comandou o Ceará foi 
Pedro Borges, bode expiatório de Accioly. 
- Atritos com os comerciantes locais, uma vez que 
Accioly favorecia os grandes vendedores. 
- Secas e aumento de tributos 
 
3ª gestão (1908 – 1912) 
- Implementação da Sede do IFOCS em Fortaleza 
- Crescimento econômico 
- Protestos 
- Política das salvações (Hermes da Fonseca) e 
passeata das crianças (declínio de Accioly) 
 
Em 1910, Hermes da Fonseca foi eleito presidente 
do Brasil com um objetivo de salvar os estados das 
mãos dos oligarcas, fato esse que ficou conhecido 
como “política das salvações”. Com isso, em 1912, 
a oposição cearense (opositores ao oligarca 
Nogueira Accioly), lançaram a candidatura de 
Franco Rabelo para o governo, tendo ocorrido 
diversos conflitos,entre eles a “passeata da 
criança”, uma passeata que diversas crianças 
foram mortas. Em consequência disso, Accioly 
renunciou ao cargo, entrando como líder do 
governo, Franco Rabelo, o qual foi deposto dois 
anos depois por um episódio que ficou conhecido 
como sedição de Juazeiro. 
O governo de Pedro Borges (1900-04), eleito para 
desmascarar Accioly, acabou sendo uma 
continuidade da oligarquia. Accioly foi ainda reeleito 
para dois mandatos, em 1904 e 1908, 
respectivamente. Isso intensificou as ações dos 
oposicionistas, integrados por oligarcas dissidentes 
do esquema governista, por burgueses, pela classe 
média, por populares e até por coronéis. 
 
Sedição de Juazeiro 
Conflito entre Franco Rabelo Versus Padre Cícero, 
Floro Bartolomeu e Accioly 
Tal fato liga-se ao fracasso nacional da “política das 
salvações” – o presidente Hermes da Fonseca, 
Pinheiro Machado e as oligarquias articularam 
revoltas armadas nos estados, visando derrubar os 
governos “salvacionistas” no poder. Assim caiu 
Franco Rabelo, o “salvador” cearense, eleito em 
1912, após o fim da oligarquia acciolina.-FARIAS 
 
O Caldeirão 
O Caldeirão foi uma comunidade religiosa e coletiva 
surgida no Crato sob a liderança do beato Zé 
Lourenço e destruída em 1936 pelo governo de 
Menezes Pimentel, com o apoio da Igreja e dos 
latifundiários. 
 
Banditismo 
Entre os séculos 19 e meados do 20, um tipo 
específico de banditismo se desenvolveu no sertão 
nordestino: o cangaço 
Para isso, contavam com o isolamento do sertão, 
com o tradicional descaso e a incompetência das 
autoridades constituídas, bem como com a 
conivência ou proteção de vários chefes políticos 
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12 
 
locais, os grandes proprietários rurais, conhecidos 
como "coroneis” 
História do cangaço O cangaço existiu a partir do 
século 19, mas atingiu o auge entre o início do 
século 20, marcado pela ação do bando de Antonio 
Silvino, e a década de 1940, quando foi morto o 
cangaceiro Corisco, no interior da Bahia. Entre a 
atuação dos dois, destacou-se aquele que tornou-
se a personificação do cangaço, por ser o líder de 
uma quadrilha que atuou por quase duas décadas 
em diversos estados do Nordeste: Virgulino 
Ferreira da Silva, o célebre Lampião 
"Lampião foi o mais famoso chefe cangaceiro que 
existiu no país e teve atuação entre 1922 e 1938. 
Ele era de uma família de posição razoável, mas 
que se viu despossuída de tudo por uma disputa de 
terras. Lampião liderou um grupo de homens que 
aterrorizou o interior do Nordeste com seus saques. 
Foi morto em uma emboscada, em 1938 
"O cangaço é entendido pelos historiadores como 
um fenômeno de banditismo que se espalhou pelo 
Nordeste brasileiro a partir do século XIX, sendo 
muito atuante por boa parte da primeira metade do 
século XX. O surgimento do cangaço é explicado 
pelo contexto social, político e econômico dessa 
região. Entraves da sociedade brasileira, como a 
desigualdade social, a pobreza e a falta de acesso 
à Justiça e a outros serviços fornecidos pelo 
Estado, foram fundamentais para o surgimento do 
cangaço. Isso porque boa parte da população no 
interior do Nordeste vivia em condição de pobreza 
e estava sujeita aos interesses das poucas famílias 
poderosas que governavam. Essas poucas famílias 
poderosas usavam de seu poderio econômico para 
conquistar poderio político e transformavam a 
política em um palco de troca de interesses, 
fazendo com que a população mais carente não 
tivesse acesso a nenhum tipo de benesse. 
Desavenças eram resolvidas por meio das armas, 
uma vez que a justiça só atendia aos poderosos. Do 
ponto de vista econômico, a situação da população 
nordestina era de pobreza e o trabalho do povo era 
intensamente explorado. O sofrimento das famílias 
se tornava maior nos períodos de seca, que 
atrapalhava a obtenção do sustento via agricultura 
e criação de animais. Esse cenário propiciava o 
surgimento do banditismo, e foi exatamente assim 
que o cangaço se consolidou. Os cangaceiros eram 
grupos de bandidos que perambulavam pelo 
interior do Nordeste, promovendo ataques e saques 
por onde passavam. Eles se deslocavam pela 
Caatinga e evitavam grandes confrontos. Obtinham 
suas armas por meio do saque contra as forças 
policiais e se juntavam em pequenos grupos. Eram 
vistos como heróis por parte da população e 
recebiam ajuda de algumas pessoas conhecidas 
como coiteiros 
 
Fortaleza na Belle Époque 
A elite formada notadamente por comerciantes e 
profissionais liberais vindos de outras regiões 
brasileiras e do exterior ajudou a promover 
mudanças importantes em Fortaleza. De influência 
europeia e guiada por ideais de civilidade, esse 
contingente teve atuação destacada. O período da 
vida da cidade compreendido entre as últimas 
décadas do século XIX e as primeiras do século XX, 
que foi amplamente influenciado pelas ideias de 
modernidade estética e comportamental, 
especialmente francesas, ficou conhecido como 
Belle Époque. 
Como explica Sebastião Rogério Ponte, Belle 
Époque é um “termo francês cunhado para traduzir 
a euforia européia com as novidades decorrentes 
da revolução científico-tecnológica (1850-1870 em 
diante). Com efeito, esse período, momento 
fundante do nosso mundo contemporâneo, é 
marcado por um intenso fluxo de mudanças que 
não só produziu transformações de ordem urbana, 
política e econômica, como também afetou 
profundamente o cotidiano e a subjetividade das 
pessoas, alterando seus comportamentos e 
condutas, seus modos de perceber e de sentir”. 
Segundo Rogério Ponte, "no que toca a Fortaleza, 
o processo remodelador que significou sua 
inserção na belle époque teve como base 
econômica as grandes exportações de algodão, 
através de seu porto, a partir da década de 1860. 
Daí em diante, a capital cearense acumulou capital, 
expandiu-se em todos os sentidos – comercial, 
populacional, espacial, cultural etc. – e tornou-se, 
ainda no final do século XIX, o principal centro 
urbano do Ceará e um dos oito primeiros do Brasil. 
Empolgados com esse crescimento, a burguesia 
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13 
 
enriquecida com as vendas do algodão, 
negociantes estrangeiros radicados na cidade, 
médicos e demais elites políticas e intelectuais 
procuraram modernizar a cidade por meio de 
reformas e empreendimentos que a alinhassem aos 
padrões materiais e estéticos das grandes 
metrópoles ocidentais." 
"Fortaleza inicia sua belle époque na década de 
1880 mesmo, absorvendo com imediatez algumas 
inovações que acabavam de despontar nos centros 
de referência, o que demonstra o estreito contato 
que a capital tinha com a Europa." 
A cidade incorporou equipamentos urbanos 
(bondes, fotografia, telégrafo, telefone, praças, 
boulevards e cafés) que causaram sensação. O 
Passeio Público, no Centro, foi um deles. Com 
jardins floridos, árvores frondosas, lagos artificiais, 
estátuas de deuses mitológicos e visão privilegiada 
do mar, o espaço virou ponto de encontro das elites, 
sendo passarela para o desfile de elegantes e 
cenário de sociabilidade. 
Em 1875, o engenheiro pernambucano Adolfo 
Herbster elabora um plano urbanístico, objetivando 
disciplinar a expansão da cidade através do 
alinhamento de suas ruas e da abertura de novas 
avenidas. 
Os lucros do algodão, no entanto, reduzir-se-iam 
com a recuperação da cotonicultura norte-
americana na década de 1870. Com isso, o Ceará 
entrou no século XX em difícil situação econômica. 
Curiosamente, foi o algodão encalhado e os 
capitais acumulados do comércio que 
possibilitaram a instalação das pequenas primeiras 
fábricas têxteis cearenses. 
Mas se Fortaleza conhecia algum progresso 
material, o mesmo não se podia dizer dos sertões, 
onde imperava ainda a violência, a arbitrariedade e 
a exploração da massa pelos latifundiários. Os 
camponeses sofriam os males da concentração da 
terra. Grupos de jagunços a serviço de potentados 
lutavam por terra e influência política, massacrandoinocentes. Imperava a impunidade.- FARIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O CEARÁ NOS ANOS TRINTA 
Em 1930, Getúlio Vargas chegava à Presidência da 
República através duma “revolução”. Iniciava-se 
uma nova era para o País: leis trabalhistas, 
industrialização de base, centralismo político, etc. 
Vitoriosa a “Revolução” de 30, passaram os 
Estados a serem governados por interventores – 
indicados por Getúlio e escolhidos entre os 
tenentes e civis que haviam apoiado o golpe 
varguista. Com o objetivo de afastar os 
governadores adeptos às oligarquias da republica 
velha e colocar em pratica algumas medidas 
centralizadoras da Era Vargas. 
No Ceará, após o afastamento das oligarquias da 
primeira república, foi nomeado interventor o 
médico Fernandes Távora (1931), que governou 
por pouco tempo, pois continuou com as práticas 
políticas do período histórico anterior. Távora, na 
realidade, era um dissidente das oligarquias 
“caídas” em 30. 
O segundo interventor cearense foi Roberto 
Carneiro de Mendonça (1931-34), que procurou 
conciliar os “revolucionários” de 1930 com os 
oligarcas da Velha República. Durante seu 
mandato, em 1932, ocorreu uma forte seca e 
alguns cearenses foram mandados para São Paulo, 
a fim de que combater a revolução 
constitucionalista. 
Em 1933, convocaram-se eleições para uma 
Assembleia Constituinte, o que ensejou a 
reorganização dos partidos locais. Os tenentes e 
liberais apoiadores da “Revolução” de 30 fundaram 
o Partido Social-Democrático (PSD), enquanto as 
tradicionais oligarquias, junto com segmentos 
conservadores da Igreja, reuniram-se na Liga 
Eleitoral Católica (LEC) 
“O terceiro interventor foi Felipe Moreira Lima 
(1934-35), que realizou uma gestão agitada. Aliado 
ao PSD, não conseguiu evitar que a LEC vencesse 
as eleições para deputado estadual de 1934 e 
elegesse, indiretamente, no ano posterior, o novo 
governador do estado, Menezes Pimentel. Dessa 
forma, as antigas oligarquias cearenses da primeira 
república retomavam o poder. 
Menezes Pimentel administrou o Ceará por 10 
anos, entre 1935 e 1937, como governador legal, e 
entre 1937 e 1945, como interventor do Estado 
Novo. Foi um movimento de muita violência e 
autoritarismo.” –FARIAS 
 
Ceará e o Estado Novo (1937-45) 
Vale a pena entender o contexto geral do Brasil 
durante o Estado Novo, seus pormenores e 
características, assim, adequaremos essa 
realidade para o Ceará. 
"Estado Novo é como ficou conhecida a ditadura 
instaurada por Getúlio Vargas entre os anos de 
1937 e 1945. Teve forte influência de ideais 
fascistas, até mesmo na Constituição, que iniciou 
institucionalmente o período e foi apelidada de 
polaca, porque foi inspirada nas leis da Polônia e 
Itália. 
O anticomunismo e o nacionalismo também eram 
fortes, assim como a propaganda a favor do 
governo, por meio do Departamento de Imprensa e 
Propaganda (DIP). Por outro lado, foi nesse período 
que foi promulgada a Consolidação das Leis 
Trabalhistas (CLT), a Justiça do Trabalho foi criada, 
bem como diversas estatais, e o salário mínimo foi 
instituído. O Brasil também participou da Segunda 
Guerra Mundial, ao lado dos “Aliados”, uma vez que 
recebemos incentivos financeiros norte americano 
e pelo fato de um navio brasileiro ter sido atacado. 
 
Contexto do Estado novo no Ceará 
Durante o estado novo, o Ceará estava sendo 
governado pelo interventor Menezes Pimentel. Foi 
um governo marcado por autoritarismos, 
perseguições a grupos de esquerdas, além de 
prisões daqueles que se opunham ao regime de 
Vargas. 
Um dos pontos principais a se ater na história do 
Ceará, durante esse período, é o contexto da 
segunda guerra mundial no Ceará. 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHO 
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15 
 
2º Guerra mundial e o Ceará 
O Brasil e o Ceará entraram nesse conflito em 
1942. Foi implementada uma base militar norte 
americana em Fortaleza, onde hoje fica localizado 
o bairro do Pici. 
Além da implementação da base militar, houve uma 
mudança nos modos de vida da cidade, 
adequando-se ao estilo de vida norte americano, 
haja vista a presença deles aqui em Fortaleza. 
Outro fator importante é o que ficou conhecido 
como “exército da borracha”. Foi um período de 
intensa migração interna do Ceará para Amazônia, 
uma vez que a borracha era matéria prima 
primordial durante a segunda guerra, porém, muitos 
cearenses morreram durante esse trabalho, houve 
rompimentos familiares. 
 
O Ceará na república liberal-democrática (1945-
64) 
Lembrando que , durante o estado novo (1937-
1945), o Ceará foi comandado pelo interventor 
Menezes Pimentel que foi nomeado por Vargas. 
No periodo da 2ª guerra mundial, o Brasil envolveu-
se no conflito, resultando na criação de uma base 
aerea norte americana em Fortaleza-CE, o qual 
geral uma onda de protestos da população contra o 
Nazismo. Ao mesmo tempo, uma intensa 
propaganda governamental influenciava os 
sertanejos a migrar para a Amazônia e explorar 
látex nos seringais da região num “esforço de 
guerra”. Milhares de cearenses foram para o norte 
em busca de “tempos novos”. 
No Ceará, como no restante do Brasil, as 
manifestações contra o nazismo passaram a criticar 
igualmente a ditadura getulista, resultando no 
desmoronamento do Estado Novo. 
Com isso, os opositores do interventor Menezes 
Pimentel criaram a União Democrática Nacional 
(UDN), enquanto Menezes criava o Partido Social 
Democrático (PSD),em segundo plano, organizou-
se o Partido Social Progressista (PSP). 
Com a demissao de Menezes e ascoligações da 
UDN e PSP, em 1947, elegeram como governador 
Faustino Albuquerque. 
Lembrando que nos períodos de 1945-1964, foi 
marcado por fragilidades dos grupos políticos, 
quando, nas eleições, os governadores não 
conseguiam eleger seu sucessor, fazendo com que 
a oposição vencesse. Os dois principais partidos do 
período, UDN e PSD, alternam-se no poder. 
 
Industria das Secas 
Departamento nacional de obras contra as 
secas (DNOCS) 
Órgão criado em 1909, vinculado ao Ministério da 
Viação e Obras Públicas, com o nome de Inspetoria 
de Obras contra as Secas. Em 1919, passou a 
chamar-se Inspetoria Federal de Obras contra as 
Secas (IFOCS) e, em 1945, recebeu o nome atual. 
 
Período 1909-1930 
A criação da IFOCS resultou da insatisfação com o 
modo como vinha sendo encaminhado o combate 
contra as secas no Nordeste desde 1877. Durante 
a administração do presidente Francisco de Paula 
Rodrigues Alves (1902-1906), quando foi 
desencadeada a campanha de erradicação da 
febre amarela e de outras moléstias epidêmicas no 
Rio de Janeiro, tomou corpo a idéia de que também 
seria possível erradicar o flagelo da seca. Assim, 
em 1904, foram criadas várias comissões federais 
temporárias para tratar do problema, como a 
Comissão de Estudos e Obras contra os Efeitos das 
Secas e a Comissão de Perfuração de Poços. 
Essas comissões revelaram-se contudo incapazes 
de produzir uma solução integrada para a região, 
confirmando a necessidade de uma agência 
unificada e permanente que, entre outras coisas, 
eliminasse os abusos praticados na distribuição de 
recursos. Muitas vezes, os recursos destinados à 
luta contra as secas eram na verdade utilizados 
para consolidar a influência política dos chefes do 
interior. 
Instalada em 1909, a inspetoria teve como primeiro 
diretor o engenheiro de minas Arrojado Lisboa, que 
reuniu uma equipe de engenheiros, agrônomos, 
botânicos, pedologistas, geólogos e hidrólogos, 
além de vários técnicos estrangeiros, numa 
primeira tentativa de estudar o meio físico semi-
árido do Nordeste. Além de examinar as 
potencialidades e os limites do solo, da água e da 
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16 
 
flora nativa, essa equipe deveria examinar a 
possibilidade de adaptação de outras espécies na 
região. Os estudos realizados não levaramem 
conta, entretanto, a estrutura socioeconômica do 
Nordeste. Por outro lado, Arrojado Lisboa lançou-
se à construção de barragens nos estados do 
Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. 
A inspetoria não correspondeu ao que dela se 
esperava no desempenho de suas funções. Na 
grave seca de 1915, verificou-se que o Nordeste 
enfrentava as mesmas dificuldades anteriores à 
criação do órgão, cuja falta de dinamismo seria a 
conseqüência da escassez de verbas e da 
burocratização. 
Durante o governo de Epitácio Pessoa (1919-
1922), além de alterar seu nome, a inspetoria 
empenhou-se na execução de obras de grande 
porte, contratando firmas de engenharia 
estrangeiras para a construção de estradas e 
portos. Para assegurar o apoio financeiro 
permanente à IFOCS, foi criado o Fundo Especial 
para Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis do 
Nordeste, constituído basicamente de 2% da 
receita anual da União e de contribuições dos 
estados nordestinos. 
A administração de Artur Bernardes (1922-1926) 
interrompeu as obras iniciadas no governo anterior 
e aboliu o fundo especial. Enfrentando graves 
problemas financeiros, Bernardes desenvolveu 
uma política de contenção de gastos que atingiu 
seriamente o Nordeste. 
 
Período pós-1930 
A participação da Paraíba na Aliança Liberal e a 
contribuição dos estados nordestinos em geral na 
Revolução de 1930 foram recompensadas com a 
nomeação do paraibano José Américo de Almeida 
para o Ministério da Viação e Obras Públicas, o que 
trouxe novo dinamismo para a IFOCS. Ao mesmo 
tempo, a seca prolongada de 1931 a 1932 levou o 
governo a dotar a inspetoria de recursos adicionais. 
Em 1932, as despesas da IFOCS atingiram quase 
10% da receita federal, contra menos de 1% nos 
anos anteriores. 
 
Os financiamentos diminuíram após esse período, 
mas prosseguiram as obras de construção de 
represas e rodovias. Até 1930, a capacidade de 
acumulação em 92 açudes públicos alcançava 625 
milhões de metros cúbicos. Na década de 1930, 
essa capacidade foi quadruplicada, com 31 novas 
represas postas em serviço. 
A partir de 1940, começou a ser questionada a 
política de construção de obras públicas como 
reservatórios, poços e rodovias, que ofereciam 
apenas uma solução hidráulica à seca. Foi com a 
publicação nesse ano de um artigo de José 
Augusto Trindade, primeiro diretor do serviço de 
pesquisa da IFOCS, que o problema da 
desapropriação dos latifúndios situados nas bacias 
irrigáveis dos grandes açudes públicos passou a 
ser um dos principais pontos de debate na 
avaliação das dificuldades do Nordeste. Para 
Trindade, a irrigação deveria corrigir o equilíbrio 
social em favor do pequeno proprietário e do 
meeiro, as principais vítimas das secas. A 
necessidade de uma reforma fundiária passou 
assim a constar do elenco de soluções para a 
região, ao mesmo tempo em que se fortalecia a 
visão de que só o desenvolvimento econômico e a 
melhoria dos níveis de bem-estar social poderiam 
tornar o Nordeste menos vulnerável à seca. 
Em 1945, a IFOCS passou a chamar-se 
Departamento Nacional de Obras contra as Secas. 
Ao final da década de 1940, os programas federais 
para o Nordeste sofreram modificações com o 
estabelecimento de duas agências de 
desenvolvimento de recursos — a Comissão do 
Vale do São Francisco (CVSF) e a Companhia 
Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF). O 
interesse foi deslocado da parte setentrional do 
Nordeste para a área cortada pelo curso médio e 
inferior do São Francisco, e o DNOCS entrou numa 
fase de atuação restrita. 
A seca de 1951 colocou mais uma vez em 
discussão a política federal em relação ao 
Nordeste. Ao mesmo tempo em que eram feitas 
acusações de incapacidade e corrupção ao 
DNOCS, tomava corpo a tese do desenvolvimento 
econômico, em detrimento da solução hidráulica. 
Nesse momento foi criado o Banco do Nordeste do 
Brasil S.A. 
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17 
 
O DNOCS continuou a atuar, embora com uma 
imagem já totalmente desfavorável. A seca de 
1958, uma das mais severas e com um dos mais 
elevados números de refugiados, apresentou-se 
como uma prova indiscutível de que toda a política 
até então executada havia sido inócua. Ainda 
assim, o DNOCS recebeu novos recursos para 
enfrentar a situação. Foram retomadas as obras de 
construção da represa de Orós, iniciadas no 
governo de Epitácio Pessoa, e novo impulso foi 
dado aos programas de assistência à construção 
de pequenos açudes particulares, à utilização dos 
açudes públicos para a geração de energia elétrica, 
à perfuração de poços e ao abastecimento de água. 
Foi também confiada ao DNOCS nesse ano a 
construção de uma rodovia ligando Fortaleza a 
Brasília, numa extensão de 1.600km. 
Entretanto, a imagem do órgão junto à opinião 
pública era cada vez mais negativa. O DNOCS era 
visto como uma instituição que se aproveitava das 
secas para manipular verbas de forma corrupta, 
favorecendo o enriquecimento ilícito de políticos e 
fazendeiros da região, realizando obras 
“fantasmas” e forjando pagamentos a trabalhadores 
inexistentes. As acusações chegaram a provocar a 
abertura de uma comissão parlamentar de inquérito 
(CPI). 
Por fim, o descrédito do DNOCS levou o governo a 
buscar uma solução mais radical para o Nordeste, 
criando em 1959 a Superintendência de 
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O DNOCS 
passou a ser controlado por essa nova agência. 
Num balanço de suas atividades, de sua criação até 
1970 o DNOCS atuou numa área de 949.578km2, 
abrangendo os estados de Minas Gerais, Bahia, 
Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio 
Grande do Norte, Ceará e Piauí. Construiu 246 
represas públicas, acumulando 113 bilhões de 
metros cúbicos de água, e cooperou na construção 
de 594 represas particulares, com capacidade para 
mais de 1,3 bilhão de metros cúbicos; organizou 
148 serviços de abastecimento de água; colocou 
em ação 820km de canais de irrigação beneficiando 
12 mil hectares de terras; perfurou 7.135 poços e 
os aparelhou para o bombeamento destinado a fins 
agropecuários; construiu sete usinas hidrelétricas, 
com 10.666cv e 650km de linhas de transmissão; 
construiu 8.760km de estradas de rodagem, e 
preparou 78 campos de pouso para aviões de 
pequeno e médio porte. 
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-
tematico/departamento-nacional-de-obras-contra-
as-secas-dnocs 
 
A Legião Cearense do Trabalho (LCT) 
A Legião Cearense do Trabalho (LCT) foi uma 
organização operária conservadora, nacionalista, 
cristã, paternalista, autoritária, corporativista, 
anticomunista e antiliberal, existente no Ceará entre 
1931 e 1937, sendo fundada e liderada pelo tenente 
Severino Sombra. 
Sombra conseguiu muito sucesso com a LCT 
devido ao baixo grau de organização e politização 
dos trabalhadores, à política de conciliação do 
interventor cearense Carneiro de Mendonça e ao 
apoio da Igreja e da LEC. 
O pensamento da LCT e de Sombra estava no livro 
"Ideal Legionário". Visava criar um estado 
centralizado, intervencionista, harmonioso e 
corporativista, "protegendo" os trabalhadores. 
Também se destacou na entidade o padre Hélder 
Câmara (depois, um dos mais importantes lideres 
da ala progressista da Igreja, falecido em 1999). 
Sombra pensava em estender a legião para todo o 
Brasil. Mas, por apoiar a Revolução 
Constitucionalista de 1932, foi preso e exilado em 
Portugal. Depois, a LCT acabou filiando-se à AIB 
(Ação Integralista Brasileira) de Plínio Salgado, que 
se tornou rival de Sombra. 
Em 1933, Sombra retornou do exilio e, não 
conseguindo obter a chefia da AlB, abandonou a 
LCT e fundou no Ceará uma entidade semelhante, 
a Campanha Legionária. Mas não obteve sucesso 
devido ao apoio agora prestado pela Igreja aos 
integralistas, ao surgimento de entidades operárias 
de esquerda, às disputas com a própria LCT e à lei 
de sindicalização de Vargas. A Campanha 
Legionária, a LCT e AIB foram fechadas em 1937, 
com a implantação da ditadura do Estado 
 
 
 
JOSÉ ROBERTO DE FRANÇA E SOUSA FILHOjr1568585@gmail.com
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/departamento-nacional-de-obras-contra-as-secas-dnocs
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/departamento-nacional-de-obras-contra-as-secas-dnocs
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/departamento-nacional-de-obras-contra-as-secas-dnocs
 
 
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A Fragilidade das Elites - 
REDEMOCRATIZAÇÃO 
A novidade no pós-45 foi a existência de partidos 
nacionais (até então os partidos eram estaduais), o 
que, porém, não evitou especificidades políticas 
locais. No Ceará, havia outro complicador do jogo 
político: a histórica fragilidade estrutural das elites 
cearenses, em virtude da econômica precária 
(baseada na exportação agrícola e no comércio). O 
Ceará continuava a ser uma região pobre, de solos 
ruins e castigada por secas periódicas. Para aquela 
fragilidade contribuía ainda a própria divisão interna 
das camadas dominantes. 
A fragilidade dos grupos políticos locais fica clara 
quando se percebe que no período 1945-64, 
quando das eleições, o governador não conseguia 
eleger seu sucessor. Quem ganhava era a 
oposição (exceção dá-se em 1962, como adiante 
veremos). 
Os dois principais partidos do período, UDN e PSD, 
alternam-se no poder. Não eram agremiações de 
forte conteúdo ideológico. Ao contrário, havia 
dentro desses partidos alas brigando entre si. O 
que lhes dava um pouco de unidade era o 
clientelismo, a capacidade de estar no poder, 
garantir cargos no Estado, verbas públicas, 
privilégios econômicos, etc. 
Na UDN tinham-se duas facções: uma do sul do 
Ceará, liderada por Fernandes Távora, e outra, no 
norte, chefiada por José Sabóia de Albuquerque, de 
Sobral. 
O PSD, surgido da burocracia do Estado Novo, 
possuía como maiores líderes Menezes Pimentel, 
José Martins Rodrigues e Expedito Machado. Um 
grupo chefiado por Olavo Oliveira deixaria o PSD e 
formaria o PSP (Partido Social Progressista). 
Dependendo de quem lhe ofertasse mais 
vantagens, o "olavismo" ora apoiava a UDN, ora o 
PSD. Era o "fiel da balança", capaz de decidir as 
eleições. 
Havia ainda, tendo como maior reduto a capital, o 
pequeno Partido Republicano (PR), chefiado pelo 
ex-interventor e prefeito de Fortaleza entre 1947-51 
Acrísio Moreira da Rocha, figura carismática, o 
qual, junto com os irmãos Péricles e Crisanto, 
representava, para muitos, no Ceará o populismo 
reinante no Brasil. Após a cassação do registro do 
PCB, em 1947, muitos comunistas foram "abrigar-
se" no PR. 
A partir de mais ou menos 1954, um novo partido 
iria superar o "olavismo" como "fiel da balança", o 
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sobre a chefia 
do rico comerciante Carlos Jereissati - vinculado 
nacionalmente ao getulismo e a João Goulart. 
Foram governadores do Ceará nesse periodo: 
Faustino Albuquerque (UDN 1947-51), Raul 
Barbosa (PSD 1951-54), Paulo Sarasate (UDN 
1955-58), Parsifal Barroso (PSB, PTB 1959-63) 
Virgílio Távora (UDN-PSD/"União Pelo Ceará" 
1963-66). 
 
A criação da Sudene 
A Superintendência do Desenvolvimento do 
Nordeste, mais conhecida pela sigla Sudene, é uma 
autarquia federal, subordinada ao Ministério do 
Interior, com sede em Recife, Pernambuco. O 
objetivo de sua criação foi a promoção e 
coordenação do desenvolvimento do Nordeste, 
região que para os fins da Sudene compreende os 
estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do 
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, 
Bahia, e parte do território de Minas Gerais 
enquadrada no Polígono das Secas, e o território 
federal de Fernando de Noronha. O Nordeste da 
Sudene é, a rigor, uma definição já de "política de 
desenvolvimento", pois é o conjunto de estados 
"subdesenvolvidos" em relação à parte do país que 
se poderia considerar como "mais desenvolvida". 
Inclui o estado do Maranhão, não tradicionalmente 
reconhecido como Nordeste, a parte mineira, que 
tampouco tem algo a ver com seus novos parceiros 
regionais, e o território federal de Fernando de 
Noronha, uma simples base militar do Exército. 
Esse conjunto de 1.650.000km2 correspondente a 
18,4% do território nacional, abrigava em 1980 
cerca de 35 milhões de habitantes, ou seja, 30% da 
população brasileira. 
A Sudene foi criada pela Lei n° 3.692, de 15 de 
dezembro de 1959, do Congresso Nacional, 
promulgada pelo presidente Juscelino Kubitschek. 
O diploma legal dispunha como finalidades e 
funções da superintendência: a) estudar e propor 
diretrizes para o desenvolvimento do Nordeste; b) 
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19 
 
supervisionar, coordenar e controlar a elaboração e 
execução de projetos a cargo de órgãos federais na 
região e que se relacionem especificamente com o 
seu desenvolvimento; c) executar, diretamente ou 
mediante 
a convênio, acordo ou contrato, os projetos 
relativos ao desenvolvimento do Nordeste que lhe 
foram atribuídos nos termos da legislação em vigor, 
e d) coordenar programas de técnica nacional, 
assistência ou estrangeira, ao Nordeste. 
 
Origens, criação e objetivos 
 
Formalmente, a criação da Sudene coroou um 
amplo processo político, que já havia resultado na 
criação do Conselho do Desenvolvimento do 
Nordeste (Codeno), em março de 1959, por decreto 
do presidente Kubitschek, e que, de fato, era a 
guarda avançada da Sudene, enquanto o 
Congresso Nacional discutia e aprovava a 
mensagem do Poder Executivo que propunha a 
criação da superintendência. 
Histórica e politicamente, a criação da Sudene foi o 
resultado da percepção do aguçamento das 
diferenças entre o Nordeste e o chamado Centro-
Sul do Brasil - o triângulo São Paulo-Rio-Minas — 
a partir da industrialização deste último. A 
historiografia oficial da própria Sudene põe ênfase 
nas causas imediatas — a seca de 1958 e suas 
consequências: desemprego rural e êxodo — e 
toma como 
"causas históricas" a própria ideologia do órgão: o 
fato de que o aguçamento das diferenças regionais 
indicava o planejamento como o único caminho 
para promover o desenvolvimento. O planejamento 
aparece com uma racionalidade a-histórica e uma 
marcha linear: primeiro, ocorreu a criação do Banco 
do Nordeste do Brasil em 1952, e depois veio a 
criação do Grupo de Trabalho para o 
Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) em 1956, 
este no âmbito do Conselho de Desenvolvimento. 
Até mesmo, remotamente, a criação do 
Departamento Nacional de Obras contra as Secas 
(DNOCS), no princípio do século, como Inspetoria 
Federal, anunciava uma ação "planejada" 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Governo militares 
O marechal Humberto Castello Branco (Cearense) 
foi o primeiro presidente brasileiro durante o 
período da Ditadura Militar. Seu governo iniciou-se 
a partir da escolha do marechal para presidente em 
eleição indireta realizada em 11 de abril de 1964 e 
estendeu-se até 1967. 
Castello Branco já assumiu o governo com o Brasil 
regido pelo decreto conhecido como Ato 
Institucional nº 1. O AI-1, como também se chama 
esse ato, cumpria exatamente o objetivo de 
justificar a deposição de João Goulart e de criar o 
aparato jurídico para permitir que a ditadura 
impusesse a repressão e a perseguição aos seus 
opositores políticos. 
O AI-1 não anulou a Constituição de 1946, mas 
realizou modificações pontuais na Carta 
Constitucional do país. Ele deu poderes para que o 
governo de Castello Branco realizasse inúmeros 
expurgos tanto nos meios militares quanto nos 
meios civis. O historiador Boris Fausto fala que, em 
números conservadores, a repressão iniciada a 
partir do AI-1 resultou no expurgo de cerca de 1400 
pessoas da burocracia civil e cerca de 1200 nas 
Forças Armadas. 
O Ato Institucional nº 2 foi decretado no final de 
1965 e foi uma resposta da insatisfação que existia 
nas Forças Armadas com o governo de Castello 
Branco. O presidente brasileiro era enxergado 
como muito moderado, e as pressões levaram o 
presidente a endurecermais ainda o regime. O AI-
2 fortaleceu o poder do Executivo e decretou que a 
escolha dos presidentes aconteceria a partir de 
eleições indiretas. 
O Ato Institucional nº 3 foi decretado em fevereiro 
de 1966 e estipulou o sistema bipartidário no país. 
Houve então o surgimento da Aliança Renovadora 
Nacional (Arena) e o Movimento Democrático 
Brasileiro (MDB), este conhecido como oposição 
consentida. O AI-3, além disso, decretou que 
eleições para governadores e prefeitos também 
seriam indiretas. 
Outros destaques que podem ser feitos a respeito 
do governo de Castello Branco foi a criação do 
Serviço Nacional de Informação (SNI), além da Lei 
de Segurança Nacional e o decreto do AI-4, que 
autorizou a redação de uma nova Constituição para 
o Brasil, outorgada em março de 1967. No entanto, 
o enfraquecimento de Castello Branco nas Forças 
Armadas resultou na escolha de Artur Costa e Silva 
como o novo presidente do país. 
 
Era da Ditadura e o Ceará 
Plácido Castelo foi eleito pela Assembleia 
Legislativa em 1966. Durante seu governo houve 
perseguição política a deputados e várias 
manifestações com a prisão e tortura de estudantes 
e trabalhadores, tendo ocorrido inclusive atentados 
a bomba em Fortaleza. Criado o BANDECE e a 
pavimentação da rodovia CE-060, a rodovia "do 
algodão". Também tem início as obras do estádio 
Castelão. 
Durante o governo de César Cals se sucedeu o 
auge da repressão militar. Vários cearenses de 
esquerda estiveram envolvidos na Guerrilha do 
Araguaia. Cals procurou governar 
tecnocraticamente, formando sua própria facção 
política rompendo com Virgílio Távora. No mandato 
de seu sucessor, Adauto Bezerra (mandato de 
1975 a 1978) não acontecem grandes mudanças. 
Adauto volta-se politicamente para o interior com a 
criação de uma secretaria de assuntos municipais. 
Renuncia seu mandato para se eleger deputado 
federal. O vice-governador Waldemar Alcântara 
toma posse e termina o mandato. 
Vista do litoral de Fortaleza na década de 1980 
vendo-se o monumento ao Interceptor oceânico. 
Virgilio Távora retorna ao governo em 1979 sendo 
o último eleito indiretamente e resgata seu primeiro 
governo com a criação do PLAMEG II. Inicia a 
industrialização da região noroeste do Ceará e cria 
o PROMOVALE (projetos de irrigação) e sua 
esposa, a primeira dama Luiza Távora implementa 
projetos sociais como a Central de Artesanato do 
Ceará. Seu governo foi marcado pela ausência, 
quase que total, de oposição na Assembléia, 
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nomeações aproximadas de 16.000 pessoas para 
cargos públicos e várias greves. 
Gonzaga Mota foi eleito pelo voto popular tomando 
posse em 1983 e rompe com os coronéis anteriores 
para criar seu próprio grupo político. Seu 
rompimento rendeu-lhe ataques do regime militar 
com a suspensão de verbas federais. 
 
O CEARÁ DOS CORONÉIS (1963 –1982): 
1.CORONÉIS DO EXÉRCITO BRASILEIRO: 
Virgílio Távora, César Cals e Adauto Bezerra; 
2. O bipartidarismo no Ceará: ARENA (apoio à 
ditadura civil-militar) e MDB (oposição à ditadura); 
 
Características de cada coronel 
 
César Cals (1971-1975) 
- Gestão marcada por autoritarismos 
- Criação da SEI (Serviço estadual de Informação) 
– colher informações 
- Criação da Coelce 
 
Adalto Bezerra (1975 – 1978) 
- Construção de rodovias ligando áreas produtoras 
de algodão ao litoral 
- Saneamento básico na capital 
- Criação da UECE 
Virgílio Távora (1979 – 1982) 
- Vale lembrar que essa é a segunda gestão de 
Virgílio; a primeira se deu no início da ditadura 
militar 
- Criação da secretaria de comunicação (objetivar a 
centralização de informações e controle da 
publicidade 
- Obras assistencialistas para conter a tensão social 
no estado 
- PLAMEG II- Continuar a modernização 
conservadora com obras de cunho industrial 
- Criação do distrito industrial de Maracanaú 
 
O CICLO DOS CORONÉIS 
O golpe de 1964 ocorreu exatamente um ano após 
a posse de Virgílio Távora. O coronel ficou então 
dividido, pois, apesar de criticar as "Reformas de 
Base" de João Goulart, era seu amigo pessoal e 
fora dele ministro. Essa aproximação de Távora 
com Jango fez até com que alguns militares "linha 
dura" pedissem a cassação do governador. Távora 
escapou da deposição por sua amizade com 
Castelo Branco e influência do tio, Juarez Távora, 
junto aos golpistas. A longo prazo, a Ditadura 
acabou beneficiando Távora, pois, contando com a 
amizade do presidente (cearense) Castelo Branco, 
obteve, além de prestígio político, muitos recursos 
para seus projetos industrialistas. 
As esquerdas buscaram se reorganizar após o 
Golpe de 64, tendo grande influência junto ao 
movimento estudantil através do PORT (Partido 
Operário Revolucionário Trotskista), AP (Ação 
Popular) e PCdoB. O Partido Comunista do 
Brasil liderou o movimento estudantil uni sersitário 
e instalou campos de treinamentos de guerrilheiros 
visando apoiar a futura guerrilha do Araguaia. ALN 
(Ação Libertadora Nacional) e PCBR (Partido 
Comunista Brasileiro Revolucionário) fizeram ações 
armadas no Ceará. 
 
Na sucessão, contudo, Távora não conseguiu 
indicar um nome de seu agrado. O quadro político 
mudara com a instalação do bipartidarismo no país 
(no Ceará, a ARENA reuniu a maior parte dos 
políticos da UDN, do PSD e do PSP, enquanto no 
MDB ingressaram políticos do PTB, das esquerdas 
e uma ala do PSD, chefiada por José Martins 
Rodrigues) e com a determinação de eleições 
indiretas para governador (seria este escolhido 
pelos deputados estaduais, embora, na prática, 
apenas se referendasse o nome indicado pelos 
militares). Paulo Sarasate, amigo de Castelo 
Branco e ardoroso defensor da "Revolução" de 
1964, conseguiu que fosse eleito, para surpresa 
geral, o obscuro deputado Plácido Aderaldo 
Castelo, que governa o Estado entre 1966-71. 
Em 1971, com as bênçãos do presidente da 
República, Médici, e a pressão dos militares do 
Recife, foi indicado para governar o Ceará um 
tecnocrata, o coronel e engenheiro César Cals de 
Oliveira, o que não agradou a Virgílio Távora, que 
contava em voltar ao poder. Concomitantemente, 
dentro da ARENA fortalecia-se o grupo do coronel 
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Adauto Bezerra, figura vinda de uma poderosa 
família de Juazeiro, ligada ao cultivo de algodão e 
ao ramo bancário. 
 
Surgiam assim os famosos três "coronéis do 
Ceará", todos militares de carreira, Virgílio Távora, 
Adauto Bezerra e César Cals, que, nos anos de 
1970 e início da década de 1980, dominaram 
politicamente o Estado. Tinham entre si um acordo 
("Acordo dos Coronéis") que os mantinha na 
"cúpula" do Estado e "dividia" as bases entre eles, 
não deixando espaços para o MDB local. 
Após a administração de César Cals (1971-75), foi 
a vez de Adauto Bezerra assumir o poder local, 
governando entre 1975-78. 
No ano de 1979, Virgílio Távora, com o apoio de 
Geisel, regressou ao governo cearense e 
consolidou a transição para a "modernidade 
conservadora", com obras estruturais e de cunho 
industrialista, como o sistema Pacoti-Riachão, a 
energização rural e o término do Distrito Industrial. 
 
Modernização conservadora 
O golpe de 1964 reforçou a tendência de 
centralização política e administrativa nos 
Executivos federal e estadual, facilitando os 
acordos de cúpulas. Decisões administrativas 
seriam tomadas de forma mais discricionária 
referente à alocação de recursos e investimentos 
para as diversas regiões do Estado. Estavam 
criadas, sob a liderança de Virgílio, as condições de 
implantação de um projeto de modernização 
conservadora. 
O processo de modernização do Ceará teve início 
na segunda metade do século XX partindo das 
propostas defendidas e executadas por Virgílio 
Távora. Virgílio Távora é o principal formulador do 
projeto de modernização executado no Ceará. Isso 
se opõe à posição que indica Virgílio como um 
político tradicional, um autêntico coronel da política 
nordestina. 
Então, fala-se de

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