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Teoria Geral
do Estado
Aula 3
PROFESSORA ANA CLÁUDIA M. LEAL FELGUEIRAS
Estado e seus elementos: 
povo, governo, soberania e nação
“Todos os Estados, todos os domínios que têm tido ou
têm império sobre os homens são Estados, e são
repúblicas ou principados.” (Maquiavel, O Príncipe,
apud Bonavides P; Ciência Política, 21º edição)
Conceito de Estado:
Hely Lopes Meirelles (2005, p.60) conceitua:
“ O Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis:
Povo, Território e Governo Soberano. Povo é o componente humano
do Estado; Território,sua base física; Governo Soberano, o elemento
condutor do Estado que detém e exerce o poder absoluto de
autodeterminação e auto-organização emanado do Povo. Não há, nem
pode haver Estado independente sem Soberania , isto é, sem este poder
absoluto, indivisível e incontrastável de organizar-se e de conduzir-se
segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir as decisões
inclusive pela força, se necessário.”
Origem:
• A palavra “estado” deriva do latim “status”, que significa: estado, posição e ordem.
Em seu sentido ontológico Estado significa um organismo próprio dotado de
funções próprias, ou seja, o modo de ser da sociedade politicamente organizada,
uma das formas de manifestação do poder.
• O responsável pela inclusão do termo “Estado” foi Maquiavel em sua obra “O
Príncipe”, publicada em 1531. O trecho da obra que faz referência ao termo Estado
é o seguinte: “todos os estados, todos os domínios que tiveram e têm poder sobre
os homens, são estados e são ou repúblicas ou principados”
Estado: 
• pedaço de terra, pedaço da humanidade
• pedaço de terra, punhado de gente
Definições de acordo com a concepção do autor ou enfoque que deseje dar (fenômeno 
de força; ordem sociológica; finalista, jurídico, orgânica ou organicista)
"O Estado é a nação politicamente organizada"
"O Estado é o conjunto de serviços públicos coordenados e hierarquizados"
Diferentes visões do Estado?
•Visão filosófica;
•Visão jurídica e
•Visão sociológica.
Visão filosófica
• Segundo Hegel (1770-1831) o Estado é “a síntese do espírito
objetivo, o valor social mais alto, que concilia a contradição
Família e Sociedade, como instituição acima da qual
sobrepaira tão-somente o absoluto, em exteriorizações
dialéticas, que abrangem a arte, a religião e a filosofia.”
(Bonavides P; Ciência Política, 21º edição)
Visão jurídica
• Segundo Kant (1724-1804):
O Estado é “a reunião de uma multidão de homens vivendo sob as leis do Direito”. (Kant,
Metaphysik der Sitten, p. 135 apud Bonavides P; Ciência Política, 21º edição)
• Segundo Del Vecchio (1878-1970):
“o sujeito da ordem jurídica na qual se realiza a comunidade de vida de um povo.” (Del
Vecchio, Philosophie du Droit, pp.351-352 apud Bonavides P; Ciência Política, 21º edição)
• Segundo Burdeau (1905-1988):
“O Estado se forma quando o poder assenta numa instituição e não num homem. Chega-se
a esse resultado mediante uma operação jurídica que eu chamo a institucionalização do Poder.”
(Burdeau, Traité de Science Politique, t.II, p.128 apud Bonavides P; Ciência Política, 21º edição)
Visão sociológica
• Segundo Oppenheimer (1864-1943):
“instituição social, que um grupo vitorioso impôs a um grupo vencido, com o único fim de
organizar o domínio do primeiro sobre o segundo e resguardar-se contra as rebeliões intestinas e
agressões estrangeiras” (Oppenheimer, Der Staat, p.5 apud Bonavides P; Ciência Política, 21º edição)
• Segundo Max Weber (1864-1920):
‘“a violência não é o instrumento normal e único do Estado”, mas aquele que lhe é
“específico”’ (Bonavides P; Ciência Política, 21º edição)
“aquela comunidade humana que, dentro de um determinado território, reivindica para si de
maneira bem-sucedida, o monopólio da violência física legítima” (Webber, Wirtschaft und
Gesellschaft, I Halbband, p.29 e II Halbband, p.829 apud Bonavides P; Ciência Política, 21º edição)
Elementos componentes do Estado:
• Território;
• Poder político (soberania) e
• Elemento humano
Território
• São partes constitutivas do território o solo, subsolo, espaço aéreo, águas
internas (rios, lagos) e as águas litorâneas.
• É sobre uma base territorial que o Estado exerce o seu poder e
autoridade.
• “É no espaço territorial que os homens reunidos em comunidade se
assumem em sociedade política, compartilhando um objetivo político
comum. A realização de um determinado Estado, como algo instituído
para que se alcance o bem comum, tem, na sua configuração territorial,
um elemento importante no que se refere à distribuição de recursos.”
Poder político (Soberania)
• É o supremo poder, ou o poder político de um Estado, que se sobrepõe ou está
acima de qualquer outro poder, não admitindo limitações, exceto quando
dispostas voluntariamente por ele.
• Segundo Jean Bodin a soberania seria: una, indivisível, imprescritível e
inalienável. Fabriz & Ferreira, Teoria Geral dos elementos constitutivos do Estado.
Soberania
• Etimologicamente, o termo soberania provém de superanus,
supremias, ou super omnia, configurando-se definitivamente
através da formação francesa souveraineté, que expressava, no
conceito de Bodin, "o poder absoluto e perpétuo de uma
República".
• O primeiro autor a conceituar soberania foi Jean Bodin. Para ele, soberania é o "poder
absoluto e perpétuo de uma República". Esse conceito foi de fundamental importância
para o surgimento e definição do Estado moderno, no entanto, não difere em muito, de
conceitos contemporâneos que concluem que a soberania é um poder do Estado. Em tal
sentido, soberano é o Estado que não depende de outro Estado, é um Estado
independente politicamente.
• Paulo Napoleão Nogueira da Silva a "A soberania pode ser definida como o poder de
autodeterminação. É o poder do Estado de não admitir qualquer interferência exterior
nos assuntos de seu exclusivo interesse".
Soberania – Conceitos:
• Para Carré de Malberg a soberania designa, não o poder, mas uma qualidade
do poder do Estado. A soberania é o grau supremo a que pode atingir esse
poder, supremo no sentido de não reconhecer outro poder juridicamente
igual ou superior a ele dentro do mesmo Estado. De tal sorte, quando o
Estado traça normas para regular as relações entre os indivíduos que lhes
estão sujeitos, sobre a organização da família, a punição de criminosos, sobre
o comércio, etc., exerce o poder de modo soberano e as normas que edita são
coativas, sem que qualquer outro poder ou autoridade interfira ou se
oponha.
Soberania – Conceitos:
• A soberania do Estado é considerada geralmente sob o aspecto interno e
sob o externo.
• Sob o aspecto interno, a soberania do Estado se manifesta quando edita
leis que subordinam a todos os indivíduos que habitam seu território.
• De forma externa, quer significar que a soberania do Estado se
manifesta nas relações recíprocas entre os Estados, não havendo
subordinação nem dependência, e sim igualdade.
A soberania no conceito da escola clássica é: 
• una: não pode existir mais de uma autoridade soberana em um mesmo
território;
• indivisível: o poder delega atribuições reparte competências mas não divide a
soberania;
• inalienável: o corpo social é uma entidade coletiva datado de vontade própria,
resultante da soma das vontades individuais e se consubstancia na
Constituição e nas leis; e
• imprescritível: a soberania não pode sofrer limitação no tempo, um Estado
quando nasce, nasce definitivamente, não se concebendo soberania
temporária.
• A soberania é una, integral e universal. 
• Não pode sofrer restrições de qualquer tipo, salvo, naturalmente, as que 
decorrem dos imperativos de convivência pacífica das nações soberanas 
no plano do Direito Internacional.
• Soberania relativa ou condicionada por um poder normativo 
dominante não é soberania. Deve ser posta em termos de autonomia.
Fonte do poder soberano:
• Para as teorias carismáticas do direito divino (sobrenatural ou providencial) dos
reis, o poder vem de Deus e se concentra na pessoa sagrada do soberano.• Para as correntes de fundo democrático, a soberania provém da vontade do povo
(teoria da soberania popular) ou da nação propriamente dita (teoria da soberania
nacional).
• Para as escolas alemãs e vienense, a soberania provém do Estado, como entidade
jurídica dotada de vontade própria (teoria da soberania estatal). Desdobram-se
estes troncos doutrinários em várias ramificações, formando uma variedade imensa
de escolas e doutrinas.
• a soberania é limitada pelos princípios de direito natural e pelos direitos
humanos, pelo direito grupal, pelos imperativos da coexistência pacífica dos
povos na órbita internacional, pelos tratados internacionais, pela jurisdição
voluntária a cortes internacionais, etc.
• D. Natural e D. Humanos: O Estado é apenas instrumento de coordenação do
direito, e porque o direito positivo, que do estado emana, só encontra
legitimidade quando conforme com as leis eternas e imutáveis da natureza -
"uma lei humana não é verdadeiramente lei senão enquanto deriva da lei natural;
se, em certo ponto, se afasta da lei natural, não é mais lei e sim uma violação da
lei - s. Tomás de Aquino”.
Limites da Soberania: 
• pelo direito grupal, isto é, pelos direitos dos grupos particulares que compõem o Estado
(grupos biológicos, pedagógicos, econômicos, políticos, espirituais, etc.), bem como pelos
imperativos da coexistência pacífica dos povos na órbita internacional.
• Sendo o fim do estado a segurança do bem comum, compete-lhe coordenar a atividade e
respeitar a natureza de cada um dos grupos menores que integram a sociedade civil.
• O Estado existe para servir ao povo e não o povo para servir o Estado.
• O governo há de ser um governo de leis, não a expressão da soberania nacional
simplesmente. As leis definem e limitam o poder. "a autoridade do direito é maior do que a
autoridade do Estado".
• No plano internacional - É limitada pelos imperativos da coexistência de Estados
soberanos, não podendo invadir a esfera de ação das outras soberanias. Limitam a soberania
o princípio da coexistência pacífica das soberanias. Também , pelos tratados internacionais,
pela jurisdição voluntária a cortes internacionais. Todos os Estados têm seu espaço para
fazer seu ordenamento jurídico válido e eficaz dentro de seu território.
Limites da Soberania: 
• A soberania, que a Constituição adota em seu art. 1º, I, como um fundamento da
República Federativa do Brasil (definida como o poder supremo que o Estado
Brasileiro possui nos limites do seu território, não se sujeitando a nenhum outro
poder de igual ou superior magnitude e tornando-se um país independente de
qualquer outro no âmbito internacional) irá se manifestar apenas na pessoa da
República Federativa do Brasil, entendida como a união de todos os entes internos,
representando todo o povo brasileiro, povo este que é o verdadeiro titular da
soberania.
• O ente federativo "União" não é titular da soberania, apenas de autonomia tal como
os Estados, Distrito Federal e Municípios. A República Federativa do Brasil é a
única soberana e que se manifesta internacionalmente como pessoa jurídica de
direito internacional.
Soberania?
Elementos Humanos
• População: Exprime um conceito
demográfico, numérico, indicando a
totalidade de habitantes de um Estado,
“independentemente de qualquer relação
ética, política, ou jurídica, que possa
intervir entre eles.(Gropalli, 1968, p.
111)”
• Tem por objetivo traduzir, sob o prisma
econômico e estatístico, o conjunto de
pessoas que se encontram no território
pátrio temporária ou definitivamente.
Fabriz & Ferreira, Teoria Geral dos elementos constitutivos do Estado.
Elemento humano
• Nação: Conceito político, de cunho sociológico (nasceris: nascer); grupo
humano no qual os indivíduos se sentem mutuamente unidos, por laços tanto
materiais como espirituais.
“Embora fundada em elementos reais, como seja o homem e a terra, a nação só
aparece como resultado da elaboração histórica, quando o grupo se caracteriza
pela homogeneidade em seu modo de sentir e de viver (Neto, 1967, p.40)”
“Uma nação se reconhece no conjunto de indivíduos que compartilharam,
compartilham e compartilharão um mesmo destino histórico, cívico e
espiritual, condicionados a uma ética, inseridos numa mesma cultura,
comungando um mesmo modo de vida. (Del-Vecchio, 1956, p.102)”
Elementos Humanos
• Povo: composto pelo conjunto de
cidadãos, isto é, o conjunto das
pessoas que mantêm um vínculo
jurídico-político com o Estado.
“Quanto aos associados, recebem eles,
coletivamente, o nome de povo e se
chama em particular, cidadãos,
enquanto partícipes da autoridade
soberana, e súditos enquanto
submetidos às leis do Estado”
(Rousseau, 1997, p.70)
Sociedade civil (Jusnaturalistas)
• Sociedade civil como sociedade política.
• “Conforme o modelo jusnaturalístico da origem do Estado, (...), o Estado ou
Sociedade civil nasce por contraste com um estado primitivo da humanidade em
que o homem vivia sem outras leis senão as naturais. Nasce, portanto, com a
instituição de um poder comum que só é capaz de garantir aos indivíduos
associados alguns bens fundamentais como a paz, a liberdade, a propriedade, a
segurança, que, no Estado natural, são ameaçados seguidamente pela explosão de
conflitos, cuja solução é confiada exclusivamente à autotutela.” (Bobbio N,
Dicionário de Política)
Jusnaturalismo defende que o Direito independe da vontade do homem e existe antes mesmo 
dele.
• "O homem deve sair do Estado de natureza no qual cada um segue
os caprichos da própria fantasia, para unir-se como todos os outros
... e submeter-se a uma pressão externa publicamente legal. . .: quer
dizer que cada um deve, antes de qualquer outra coisa, entrar num
Estado civil" (Metafísica dos costumes. I. Doutrina do direito, § 44
apud Bobbio N, Dicionário de Política)
Sociedade Civil (Rousseau)
• Sociedade civil como sociedade civilizada.
• ‘Através da identificação do Estado de natureza e do Estado
selvagem, a Sociedade civil não se contrapõe mais somente à
sociedade natural, abstrata e idealmente considerada, mas
também à sociedade dos povos primitivos. Assim sendo, a
expressão Sociedade civil adquire, neste novo contexto,
também o significado de sociedade "civilizada“.’ (Bobbio N,
Dicionário de Política)
Sociedade civil (Visão atual)
• “Em outras palavras, Sociedade civil é representada como o terreno dos conflitos
econômicos, ideológicos, sociais e religiosos que o Estado tem a seu cargo resolver,
intervindo como mediador ou suprimindo-os; como a base da qual partem as solicitações
às quais o sistema político está chamado a responder; como o campo das várias formas de
mobilização, de associação e de organização das forças sociais que impelem à conquista
do poder político.” (Bobbio N, Dicionário de Política)

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