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CONCEITO DE ESPORTE 1. Dificuldade de Definição ● O termo esporte possui múltiplos significados, influenciados por fatores históricos, sociais, econômicos, políticos e culturais. ● Não há definição única e precisa, sendo interpretado de formas distintas pela ciência, pela mídia e pelo senso comum. 2. Perspectiva Sociológica (Ronaldo Helal) ● Brincadeira: atividade espontânea, voluntária, sem regras fixas e com foco no prazer. ● Jogo: brincadeira com regras estabelecidas. ● Esporte: competição com atividade física relevante, organizada e regulada por entidades externas aos participantes. 3. Definições em Dicionários ● Geralmente incluem elementos como prática metódica, atividade física, destreza, recreação, condicionamento, saúde e competição. ● Algumas definições também incorporam o esporte como passatempo ou hobby. 4. Esporte e Lazer ● Ao longo do tempo, o conceito de esporte se aproximou do lazer, gerando confusão. ● A mídia muitas vezes inclui atividades que não se enquadram totalmente nas definições acadêmicas (ex.: xadrez, cassino, hipismo). 5. Lei Pelé (Lei nº 9.615/1998) ● Reconhece diversas dimensões: formal, não formal, profissional, amador, educacional, de rendimento, participação e formação. ● Considera aspectos como cidadania, lazer, saúde e desenvolvimento pessoal, o que amplia e torna mais imprecisa a definição. 6. Diferença entre Linguajar Popular e Acadêmico ● Na internet, o termo esporte é amplamente usado, mas bases acadêmicas apresentam número muito menor de registros. 7. Relatório PNUD (2017) ● Objetivo: mapear atividades físicas e esportivas no Brasil, motivado por eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. ● Definição de Atividades Físicas e Esportivas (AFEs): práticas com significativo esforço físico, sem fins produtivos, associadas a saúde, competição, sociabilidade, diversão, relaxamento, estética, entre outros. ● Apenas 22,5% dos adultos brasileiros cumprem a recomendação da OMS de 150 minutos semanais de atividade física moderada ou vigorosa. O conceito de esporte é amplo e não possui uma definição única, pois é influenciado por aspectos históricos, sociais, econômicos, políticos e culturais. A sociologia do esporte, segundo Ronaldo Helal, diferencia três níveis de prática: a brincadeira, que é espontânea, voluntária e sem regras fixas; o jogo, que surge quando a brincadeira adota regras; e o esporte, que é uma competição com atividade física relevante, regulada por uma organização externa aos participantes. Dicionários tradicionais descrevem o esporte como prática metódica, individual ou coletiva, que exige exercício físico e destreza, podendo ter fins de recreação, manutenção da saúde, condicionamento ou competição. Com o tempo, o termo passou a se confundir com lazer, e a mídia muitas vezes inclui na categoria esportes atividades que não se encaixam completamente nas definições acadêmicas, como xadrez ou hipismo. No Brasil, a Lei Pelé (Lei nº 9.615/1998) amplia ainda mais o conceito ao considerar modalidades formais, não formais, profissionais, amadoras, educacionais, de rendimento, de participação e de formação, associando o esporte a valores como cidadania, lazer, saúde e desenvolvimento pessoal. Essa diversidade de interpretações cria diferenças entre o uso popular e o uso acadêmico do termo. Um relatório do PNUD, elaborado após a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, definiu Atividades Físicas e Esportivas como práticas que envolvem movimentação corporal significativa, sem fins produtivos, relacionadas a objetivos como saúde, competição, sociabilidade, estética e relaxamento. Apesar disso, apenas 22,5% dos adultos brasileiros cumprem a recomendação da OMS de pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada ou vigorosa. PRÁTICA DE AFES NO BRASIL 1. Influência das desigualdades sociais ● Oportunidades de prática são desiguais e influenciadas por renda, escolaridade, gênero, cor da pele, idade e localização geográfica. ● Brasil está entre os 10 países mais desiguais do mundo. ● Melhor condição socioeconômica e educacional aumenta o acesso às AFEs. 2. Participação na Educação Básica ● Sul do país apresenta maior frequência às aulas de Educação Física, Norte a menor. ● Diferenças explicadas pela obrigatoriedade da disciplina, disponibilidade de professores e estrutura escolar. ● No Ensino Médio, a participação diminui. 3. Participação na população adulta ● Apenas 31,5% praticaram esportes nos últimos 3 meses. ● Maior participação entre pessoas com renda acima de 5 salários mínimos e ensino superior completo. ● Homens praticam mais que mulheres, jovens mais que idosos, brancos mais que negros. ● Grupos com menor índice: pessoas com deficiência, baixa escolaridade e menor renda. 4. Modalidades mais praticadas ● Caminhada: 37% dos praticantes. ● Futebol (campo, areia, society, futsal): 23%. ● Academia/fitness: 12%. ● Essas três modalidades somam 80% das práticas, indicando baixa diversidade. ● Futebol é o único esporte coletivo com destaque. 5. Motivos para prática ● Adultos e mulheres: melhora da qualidade de vida. ● Jovens e homens: relaxamento ou diversão. 6. Motivos para não praticar ● Jovens (15-17 anos) e pessoas de menor renda: desinteresse. ● Adultos (18+ anos) e rendas de 1 a 5 salários mínimos: falta de tempo. 7. Situação de crianças e adolescentes ● Estudos internacionais mostram influência da renda, apoio familiar, acesso a espaços esportivos, segurança e desigualdade de gênero. ● Famílias praticantes incentivam mais seus filhos. ● Meninas recebem menos apoio familiar para permanecer no esporte. ● No Brasil, a PeNSE aponta baixa adesão, mas sem detalhamento por modalidade. 8. Perfil mais ativo no Brasil ● Jovem, homem, branco, de alta renda e alta escolaridade. 9. Perfil menos ativo ● Idosos, mulheres, negros, pessoas com deficiência e com baixa renda e escolaridade. A prática de atividades físicas e esportivas (AFEs) no Brasil está fortemente ligada a desigualdades sociais que limitam o acesso e a participação da população. Apesar de fatores individuais como motivação e hábito influenciarem, as oportunidades de prática são desiguais e dependem de marcadores como renda, escolaridade, gênero, cor da pele, idade e localização geográfica. O país, entre os mais desiguais do mundo, apresenta um cenário em que o acesso às AFEs é maior para quem tem melhores condições socioeconômicas e educacionais. Entre estudantes da Educação Básica, a presença nas aulas de Educação Física varia conforme a região, sendo mais alta no Sul e mais baixa no Norte, influenciada pela disponibilidade de professores e pela obrigatoriedade da disciplina. No Ensino Médio, a participação cai ainda mais. Entre adultos, apenas 31,5% praticaram esportes nos últimos três meses, e o grupo com maior participação é formado por pessoas com renda acima de cinco salários mínimos e ensino superior completo. Homens praticam mais que mulheres, jovens mais que idosos, e brancos mais que negros. Pessoas com deficiência, baixa escolaridade ou menor renda apresentam os índices mais baixos de envolvimento. As modalidades mais praticadas no país são caminhada, futebol e atividades de academia/fitness, representando 80% das escolhas, o que revela baixa diversidade esportiva. O futebol é o único esporte coletivo com destaque. Os motivos para a prática variam: melhora na qualidade de vida é o mais citado por adultos e mulheres, enquanto relaxamento/diversão é mais mencionado por jovens e homens. Já a falta de tempo e o desinteresse são as principais barreiras, especialmente para quem tem menor renda ou é mais jovem. No caso de crianças e adolescentes, estudos internacionais mostram que renda, apoio familiar, proximidade e acesso a espaços esportivos, bem como segurança, influenciamdiretamente a participação, e desigualdades de gênero reduzem o suporte recebido por meninas. Famílias que praticam esportes tendem a incentivar mais seus filhos. No Brasil, faltam dados detalhados sobre crianças, mas a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) indica baixa adesão às AFEs. Em geral, o perfil mais ativo é o jovem, homem, branco, de alta renda e alta escolaridade, enquanto idosos, mulheres, negros, pessoas com deficiência e de baixa renda e instrução estão entre os menos ativos, evidenciando um forte impacto das iniquidades sociais no acesso às práticas esportivas. Iniquidades sociais no esporte ● Desigualdades socioeconômicas e acesso ao esporte ○ Participação de crianças e adolescentes no esporte está diretamente relacionada à renda familiar. ○ Países como EUA, Finlândia e Alemanha mostram que crianças de famílias de maior renda praticam mais esportes. ○ Minorias étnicas (afro-americanos, negros, hispânicos) participam menos que crianças brancas ou não hispânicas. ● Barreiras para prática esportiva ○ Restrição de tempo, distância até locais de prática, mobilidade, segurança e tipo de ambiente. ○ Acesso facilitado a locais de prática e status socioeconômico positivo aumentam participação. ● Suporte familiar ○ Famílias oferecem menos apoio às meninas, dificultando sua continuidade no esporte. ○ Pais praticantes influenciam positivamente filhos, pais não praticantes impactam negativamente. ○ Crianças em famílias reconstruídas ou monoparentais apresentam menor participação. ● Lesões e condições socioeconômicas ○ Nos EUA, crianças em esportes de contato intenso sofrem lesões, agravadas por baixa escolaridade e condições econômicas deficientes. ● Situação no Brasil ○ Falta de pesquisas detalhadas sobre participação infantil no esporte. ○ PeNSE mostra baixa adesão dos jovens às atividades físicas e esportivas (AFEs). ○ Adultos também apresentam baixa prática (meninas. ○ Plataforma de Ação de Pequim, 1995, reconheceu o esporte como ferramenta de empoderamento feminino. ○ Incentivar meninas no esporte promove autoestima, liderança, conhecimento corporal e direitos. ● Desafios atuais ○ Meninas se envolvem mais tarde e abandonam o esporte mais cedo, especialmente negras e em áreas urbanas. ○ Dados mostram que menos da metade das meninas pratica atividade física regular em relação aos meninos. ○ Professores de educação física ainda reproduzem métodos sexistas que reforçam desigualdades. O esporte é uma ferramenta poderosa de desenvolvimento humano e social. Segundo a ONU, ele promove cultura de paz, empoderamento, autoestima, habilidades para a vida e bem-estar psicossocial, transformando a maneira como as pessoas se relacionam entre si e com o mundo. No Brasil, o direito ao esporte, lazer e acesso a equipamentos comunitários é garantido por lei, ajudando na sociabilidade e no desenvolvimento de competências para a vida adulta. O esporte também combate discriminações relacionadas a raça, gênero, idade e orientação sexual, valorizando a diversidade cultural e social. No entanto, desigualdades de gênero ainda persistem. Crianças internalizam padrões de gênero desde cedo, e esportes como futebol e voleibol carregam estigmas que limitam a participação feminina, enquanto modalidades menos conhecidas tendem a ser mais inclusivas. Historicamente, meninos e meninas eram separados nas aulas de educação física, e apenas na Plataforma de Ação de Pequim, em 1995, o esporte foi reconhecido como importante para empoderar mulheres. Incentivar meninas no esporte aumenta autoestima, liderança, conhecimento corporal e consciência de direitos. Apesar disso, meninas costumam se envolver mais tarde e abandonar a prática antes dos meninos, especialmente em áreas urbanas e entre meninas negras. Além disso, pesquisas apontam que professores de educação física ainda podem reproduzir métodos sexistas, reforçando desigualdades de gênero. Papel educacional do esporte ● Histórico do esporte na educação ○ Antiguidade: valorização das práticas físicas na Grécia para culto ao corpo e fins bélicos. ○ Influência das escolas inglesas no modelo educativo, inspirando Pierre de Coubertin e os Jogos Olímpicos modernos. ○ Década de 1970: Movimento “Esporte para Todos” e Carta Internacional de Educação Física e Esportes da UNESCO reconhecem o esporte como direito humano, incluindo lazer e educação. ● Tipos de esporte ○ Esporte-Educação: foca nos princípios socioeducativos (participação, cooperação, coeducação, corresponsabilidade, inclusão, desenvolvimento esportivo e espírito esportivo). ○ Esporte-Lazer: destinado ao bem-estar e ao tempo livre. ○ Esporte de Desempenho: foca em competições e rendimento, aceitando talentos individuais. ● Distinção entre esporte educacional e escolar ○ Esporte educacional: aberto a todos, independente de vocação, visa formar cidadania, respeitar regras, aprender a lidar com vitórias e derrotas, desenvolver espírito de equipe e promover inclusão. ○ Esporte escolar: voltado a vocações esportivas e competições externas intercolegiais, priorizando desenvolvimento esportivo e espírito esportivo. ● Marco legal no Brasil ○ Constituição Federal de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Zico (1993) e Lei Pelé (1998) reforçam o direito ao esporte e destacam a função do esporte educacional como democratizador e formador de cultura e cidadania. ● Desafios e oportunidades ○ A maioria das crianças não participa de práticas esportivas por falta de tempo, recursos e infraestrutura. ○ O esporte educacional promove autonomia, inclusão, desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social, autoestima e cidadania. ● Função pedagógica e valores ○ Professores devem criar atividades estruturadas e intencionais, usando jogos e situações-problema que extrapolem o contexto esportivo. ○ Esporte desenvolve socialização, disciplina, trabalho em equipe, liderança, persistência, solidariedade, cooperação e motivação. ● Exemplo prático ○ O jogo “bobinho” pode ser transformado em uma ferramenta educacional ao trabalhar habilidades motoras, organização em grupo, estratégias coletivas e regras compartilhadas, promovendo aprendizado e valores sociais. O esporte sempre teve papel importante na educação, desde a Grécia antiga, com foco no corpo e na preparação bélica, e mais tarde nas escolas inglesas, que influenciaram Pierre de Coubertin e os Jogos Olímpicos modernos. Na década de 1970, movimentos como “Esporte para Todos” e a Carta Internacional da UNESCO reconheceram o esporte como direito humano, incluindo lazer e educação. Hoje, ele se divide em esporte-educação, esporte-lazer e esporte de desempenho, cada um com objetivos diferentes, sendo o esporte-educação voltado para princípios socioeducativos como inclusão, cooperação e desenvolvimento do espírito esportivo. O esporte educacional é aberto a todos, independente de talento, e tem como objetivo formar cidadãos, ensinar a lidar com vitórias e derrotas, respeitar regras e promover a colaboração. Já o esporte escolar valoriza vocações e foca em competições intercolegiais. No Brasil, leis como a Constituição de 1988, o ECA, a Lei Zico e a Lei Pelé reforçam o direito ao esporte e seu papel na cidadania, cultura e inclusão. Apesar disso, muitas crianças não participam de atividades esportivas devido à falta de tempo, recursos ou infraestrutura. O esporte educacional, quando bem estruturado, promove autonomia, autoestima, desenvolvimento físico, cognitivo e social, além de preparar os indivíduos para a vida em sociedade. Professores de educação física têm papel fundamental, criando jogos e situações-problema que ensinem valores como disciplina, liderança, persistência, solidariedade, cooperação e motivação. Um exemplo é o jogo “bobinho”, que pode ser usado para desenvolver habilidades motoras, trabalho em equipe, estratégias e respeito às regras, mostrando que o esporte pode ser uma poderosa ferramenta pedagógica e social. Sistema Nacional do Desporto (SND) e políticas públicas ● Base legal e estrutura do esporte brasileiro ○ Lei Pelé define princípios, finalidades, manifestações esportivas, Sistema Brasileiro do Desporto (SBD), prática profissional e justiça desportiva. ○ SBD engloba o SND, Ministério do Esporte, Conselho Nacional do Esporte, sistemas de desporto estaduais, do Distrito Federal e municipais, organizados de forma autônoma e colaborativa. ○ Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Confederação Brasileira de Clubes (CBC), federações estaduais e ligas regionais fazem parte do SND/SBD. ● Objetivos do SBD e SND ○ SBD: garantir prática desportiva regular e melhorar padrões de qualidade. ○ SND: promover e aprimorar práticas desportivas de rendimento. ● Esporte escolar e rendimento ○ Esporte escolar integra o sistema e recebe verba de COB, CPB e CBC. ○ Estrutura atual privilegia esporte de rendimento, atendendo pequena parcela da população, enquanto a maioria pratica esporte sem vínculo institucional. ● Recursos e programas governamentais ○ Recursos vêm de Lei Agnelo Piva, Lei de Incentivo ao Esporte, convênios, contratos de desempenho e patrocínios de empresas públicas e privadas. ○ Programas voltados para megaeventos (Copa 2014, Olimpíadas 2016) priorizam formação de atletas de rendimento. ● Exemplos de programas ○ Segundo Tempo (Ministério do Esporte): prática e aprendizado de modalidades, sem foco em seleção de talentos. ○ Forças do Esporte (Ministério da Defesa): baseado no modelo do Segundo Tempo. ○ Mais Educação e Esporte e Lazer da Cidade (Ministério da Educação): levam esporte pedagógico ao ambiente escolar e municipal. ○ Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs): infraestruturapara prática esportiva (Ministério da Cultura). ○ Academia da Saúde (Ministério da Saúde): programas de atividades físicas e esportivas. ○ Apesar dos esforços, menos de 2% da população é atendida, principalmente crianças, adolescentes e jovens. ● Proposta de novo sistema nacional (2015) ○ Estrutura para incluir jovens, adultos e idosos, com progressão etária: vivência esportiva, aprendizagem, formação esportiva, especialização, aperfeiçoamento e alto rendimento. ● Desafios e recomendações para políticas públicas ○ Distribuição de recursos deve atender todos os cidadãos, não apenas o esporte de rendimento ou populações vulneráveis. ○ Políticas públicas devem abranger todas as idades, considerando o aumento da longevidade e a necessidade de inclusão de adultos e idosos. O esporte brasileiro é regulamentado pela Lei Pelé, que estabelece princípios, finalidades e define a organização do Sistema Brasileiro do Desporto (SBD) e do Sistema Nacional do Desporto (SND). O SBD inclui o SND, o Ministério do Esporte, o Conselho Nacional do Esporte e os sistemas estaduais, do Distrito Federal e municipais, que devem atuar de forma autônoma e colaborativa. No SND estão o Comitê Olímpico Brasileiro, o Comitê Paralímpico Brasileiro, a Confederação Brasileira de Clubes, federações estaduais e ligas regionais. O SBD busca garantir a prática desportiva regular e de qualidade, enquanto o SND foca nas práticas de rendimento. O esporte escolar, parte do sistema, recebe verba das entidades de alto rendimento, mas a maior parte da população pratica esporte de forma independente, mostrando que a estrutura atual privilegia o rendimento em detrimento da massificação do esporte. Os recursos para o esporte de rendimento vêm de leis de incentivo, convênios, contratos de desempenho e patrocínios públicos e privados. Muitos programas governamentais, como os criados para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas 2016, priorizam atletas de rendimento. Entre os programas sociais, o Segundo Tempo (Ministério do Esporte) e o Forças do Esporte (Ministério da Defesa) promovem vivência e aprendizagem esportiva, sem foco em talentos. Outros programas, como Mais Educação, Esporte e Lazer da Cidade, CEUs e Academia da Saúde, oferecem infraestrutura e atividades físicas, mas juntos atendem menos de 2% da população, concentrando-se em crianças, adolescentes e jovens. Em 2015, foi proposta uma nova organização do esporte nacional, prevendo progressão etária e inclusão de jovens, adultos e idosos, desde vivência esportiva até alto rendimento. Para que o esporte beneficie toda a população, as políticas públicas precisam distribuir recursos de forma mais equilibrada, atender todas as faixas etárias e não se limitar a populações vulneráveis, acompanhando o aumento da longevidade da população brasileira. CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES ● Definição de esporte ○ Prática regida por regras formais e organizada por associações, federações e confederações. ○ Modalidades classificadas com base na lógica interna, interação com adversário, desempenho motor e objetivos táticos (Gonzalez, 2004). ○ Modelo usado na BNCC para ensino escolar. ● Critério de interação ○ Esporte só existe com disputa entre adversários. ○ Sem interação: ginástica rítmica, patinação artística, boliche. ○ Com interação: futebol, judô, handebol, tênis, voleibol. ● Esportes sem interação ○ Esportes de marca: comparação de tempo, distância ou peso (atletismo, remo, ciclismo, levantamento de peso). ○ Esportes técnico-combinatórios: avaliação estética e grau de dificuldade do movimento (ginásticas, patinação artística, nado sincronizado, saltos ornamentais). ○ Esportes de precisão: arremesso ou lançamento para acertar alvo (bocha, golfe, tiro com arco, sinuca). ● Esportes com interação ○ Esportes de combate: disputa individual com controle ou ataque ao adversário (judô, boxe, karatê, jiu-jítsu). ○ Esportes de campo e taco: rebater bola para percorrer bases e marcar pontos (beisebol, críquete, softbol). ○ Esportes com rede divisória ou parede de rebote: enviar bola ou peteca para quadra adversária, dificultando devolução (voleibol, tênis, badminton, raquetebol, squash, peteca). ○ Esportes de invasão: equipes atacam a meta adversária e defendem a própria, geralmente com posse de bola (futebol, basquetebol, handebol, futsal, rugby, polo aquático, floorball). ● Aplicação prática ○ Compreender tipos de esporte ajuda o profissional de educação física a escolher atividades que desenvolvam habilidades e competências. ○ Esportes podem ser classificados como individuais ou coletivos e de acordo com princípios táticos ou interação com adversário. ○ JECs (jogos esportivos coletivos) se enquadram na categoria de esportes coletivos com interação. O esporte é definido como uma prática organizada por regras formais e por instituições esportivas, como federações e confederações. A classificação de Gonzalez (2004), utilizada pela BNCC, organiza os esportes com base na interação com adversário, desempenho motor e objetivos táticos, permitindo entender melhor suas características. As modalidades podem ser divididas em sem interação e com interação entre adversários. Nos esportes sem interação, temos três categorias principais: esportes de marca, que medem tempo, distância ou peso, como atletismo e remo; esportes técnico-combinatórios, que avaliam a estética e dificuldade do movimento, como ginásticas e patinação artística; e esportes de precisão, que exigem arremesso ou lançamento em direção a um alvo, como tiro com arco e golfe. Nos esportes com interação, há quatro categorias: esportes de combate, disputados individualmente com contato ou controle sobre o adversário, como judô e boxe; esportes de campo e taco, onde a equipe rebate a bola para percorrer bases e marcar pontos, como beisebol e softbol; esportes com rede divisória ou parede de rebote, em que a bola ou peteca é enviada à quadra adversária dificultando a devolução, como voleibol, tênis e badminton; e esportes de invasão, nos quais as equipes atacam a meta adversária e defendem a própria, com posse de bola, como futebol, basquetebol e handebol. Compreender essa classificação ajuda profissionais de educação física a identificar semelhanças entre modalidades, escolher atividades adequadas e desenvolver competências. Os JECs, ou jogos esportivos coletivos, se enquadram na categoria de esportes coletivos com interação, sendo importantes para ensino e prática escolar. Esportes coletivos e JECs ● Definição de esportes coletivos ○ Modalidades com equipes de duas ou mais pessoas. ○ Podem estar em qualquer categoria de esportes com interação, exceto esportes de combate, que são individuais. ● Jogo e esporte coletivo ○ O jogo é lúdico e competitivo, imprevisível, dinâmico e com regras claras. ○ O esporte coletivo é um sistema complexo, onde uma equipe tenta desequilibrar a outra, enquanto ambas buscam organização e equilíbrio. ○ O esporte é considerado uma manifestação do jogo; o jogo é a categoria maior que engloba o esporte. ● Princípios operacionais dos JECs ○ Ataque: manter posse de bola, progredir até a meta adversária e marcar pontos. ○ Defesa: proteger a própria meta, impedir a progressão do adversário e recuperar a bola. ○ Estruturas de esportes coletivos, como basquete e futebol, possuem lógica semelhante; gestos técnicos e sistemas defensivos podem variar. ● Família dos JECs ○ JECs integram a família dos jogos esportivos coletivos. ○ Experiências em uma modalidade podem ser transferidas para outra da mesma família (ex.: basquete e polo aquático). ○ Outros jogos não esportivizados também contribuem para o aprendizado de esportes coletivos (ex.: jogo dos 10 passes). ● Características dos JECs ○ Grupo de esportes de cooperação/oposição, comou sem compartilhamento do terreno. ○ Conflito de objetivos opostos, decisões táticas rápidas e autonomia dos jogadores. ○ Sistema complexo, que exige estratégias pedagógicas baseadas na lógica do jogo. ● Pedagogia dos JECs ○ Ensino fundamentado na dimensão tática e na lógica do jogo. ○ Permite práticas significativas e aprendizagem plena, diferenciando-se de atividades meramente físicas. ○ Muitos profissionais ainda utilizam abordagens divergentes, não fundamentadas no jogo. Esportes coletivos são aqueles em que equipes de duas ou mais pessoas competem, estando incluídos nas categorias de esportes com interação, exceto os esportes de combate, que são individuais. O jogo é um fenômeno lúdico e competitivo, imprevisível e dinâmico, com regras claras, e o esporte coletivo é considerado uma manifestação do jogo, sendo um sistema complexo no qual uma equipe busca desequilibrar a outra enquanto ambas tentam se organizar e manter equilíbrio. Nos JECs, os princípios de ataque incluem manter a posse de bola, progredir até a meta adversária e marcar pontos, enquanto na defesa, a equipe protege sua meta, impede a progressão do adversário e recupera a bola. A lógica desses esportes é semelhante entre modalidades, como basquete e futebol, embora gestos técnicos e sistemas defensivos possam variar. Os JECs fazem parte da família dos jogos esportivos coletivos, permitindo que a experiência em uma modalidade seja transferida para outra da mesma família. Além disso, outros jogos não esportivizados podem contribuir para o aprendizado dessas modalidades. Caracterizam-se como esportes de cooperação e oposição, com autonomia dos jogadores, decisões táticas rápidas e conflito de objetivos, formando um sistema complexo que exige estratégias pedagógicas baseadas na lógica do jogo. A pedagogia dos JECs se fundamenta na dimensão tática e na lógica do jogo, proporcionando práticas significativas e aprendizagem efetiva. No entanto, grande parte dos profissionais de educação física ainda adota abordagens que não consideram essas características, limitando o potencial educativo dos esportes coletivos.