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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ 
 ELMANO de FREITAS da Costa 
 GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ 
 SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS 
 SAMUEL ELÂNIO de Oliveira Júnior - DPF 
 SECRETÁRIO DA SSPDS 
ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE 
 LEONARDO D`Almeida Couto BARRETO - DPC
 DIRETOR-GERAL DA AESP|CE 
 KAMILLY Távora CAMPOS Petrola - DPC 
 DIRETORA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA DA AESP|CE 
 Francisco EDINALDO do Vale Cavalcante – DPC 
 COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE 
 José ROBERTO de Moura Correia – TC PM 
 COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO DA AESP|CE 
 Francisca ADEIRLA Freitas da Silva – MAJ PM 
 SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE 
 MÔNICA Pontes Rodrigues 
 ORIENTADORA DA CÉLULA DE ENSINO A DISTÂNCIA DA AESP|CE 
 CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM POLICIAMENTO DE PROXIMIDADE, 
 ABORDAGEM E TIRO POLICIAL DEFENSIVO
 
DISCIPLINA 
MEDIAÇÃO E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 
 
CONTEUDISTAS 
Demóstenes Carvalho Rolim Cartaxo 
Nartan da Costa Andrade 
 
FORMATAÇÃO 
JOELSON Pimentel da Silva – 1º SGT PM 
 
• 2023 • 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
MEDIAÇÃO E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS........................................................................... 1 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1 
UNIDADE 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E OS MECANISMOS ALTERNATIVOS DE 
RESOLUÇÃO PACÍFICA DE CONFLITOS SOCIAIS .................................................................... 2 
1.1. Antecedentes Históricos ........................................................................................... 2 
1.2. Mecanismos Alternativos ou Consensuais de Resolução dos Conflitos Sociais .......... 6 
1.3. A Arbitragem ............................................................................................................. 8 
1.4. Negociação ............................................................................................................. 10 
1.5. Conciliação .............................................................................................................. 11 
UNIDADE 2 – A MEDIAÇÃO COMO ALTERNATIVA CONSENSUAL À RESOLUÇÃO DOS 
CONFLITOS: ...................................................................................................................... 13 
2.1. Noções e Conceitos Gerais de Mediação de Conflitos ............................................. 13 
2.2. Princípios da Mediação de Conflitos ....................................................................... 17 
2.3. Objetivos de Mediação De Conflitos ....................................................................... 19 
2.4. Características do Mediador ................................................................................... 20 
2.5. Procedimentos da Mediação de Conflitos ............................................................... 22 
UNIDADE 3 – FORMAS DE EXPRESSÃO E MODELOS DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: ......... 25 
3.1. Abrangência da Mediação De Conflitos ................................................................... 25 
3.2. Modelos e Técnicas de Mediação de Conflitos ........................................................ 26 
3.3. Espécies de Mediação de Conflitos ......................................................................... 27 
UNIDADE 4 – AS EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS DA CRIAÇÃO DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA 
SEARA DA SEGURANÇA PÚBLICA: ..................................................................................... 28 
UNIDADE 5 – A JUSTIÇA RESTAURATIVA: .......................................................................... 33 
CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 37 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 38 
 
 
 
 
 
 
 
1 
MEDIAÇÃO E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 
 
INTRODUÇÃO 
 
A disciplina de MEDIAÇÃO DE CONFLITOS tem por desiderato apresentar ao aluno, a 
importância da utilização de tal mecanismo alternativo ou consensual na resolução dos 
conflitos sociais, e os seus reflexos no âmbito da Segurança Pública do Estado do Ceará. 
Sob tal ótica, há de se salientar que tal Disciplina é de extrema importância à 
formação dos profissionais de Segurança Pública, na medida em que possam ter uma 
noção exata da eficiência de utilização dos mecanismos consensuais ou alternativos de 
resolução de conflitos existentes no Ordenamento Jurídico, ressaltando, sobretudo, a 
utilização da mediação de conflitos que consolida-se cada vez mais como um meio eficaz 
e célere na solução de controvérsias. 
Eis que no trabalho que se apresenta procurou-se conferir a devida relevância ao 
festejado mecanismo que vem avançando cada vez mais nos mais diversos ambientes 
como empresas, escolas e instituições públicas como, por exemplo, as que compõem o 
sistema de Segurança Pública no Brasil. 
Sendo assim, na Unidade I apresentar-se-á de uma forma rápida a evolução histórica 
dos estudos dos conflitos sociais desde os primórdios da humanidade e as formas de 
solução, até atingir o momento da preponderância da jurisdição e do surgimento dos 
denominados mecanismos alternativos de resolução de conflitos, tais como, a 
arbitragem, a conciliação, a negociação e a mediação, inclusive procurando conceituar 
tais institutos. 
Na Unidade II, adentrar-se-á mais especificamente no estudo da mediação de 
conflitos, ressaltando, assim, o seu surgimento e a sua consolidação como mecanismo 
consensual ou alternativo de resolução pacífica do conflito social. 
Na Unidade III, serão tratadas as Formas de expressão e, ainda, modelos e as 
técnicas de mediação de conflitos, bem como as suas fases. 
Na Unidade IV, serão mostradas as experiências práticas de utilização da mediação 
de conflitos na seara policial encontradas atualmente no Brasil, como também a forma 
que órgãos públicos tratam a mediação de conflitos em nosso país, bem como no 
arcabouço normativo que está se formando visando à consolidação legal da mediação de 
conflitos. 
 
2 
Por fim, na Unidade V, será tratada a Justiça Restaurativa, mostrando-se como um 
novo olhar na questão da repressão aos crimes, inclusive sua comparação com a forma 
mais presente hoje no Ordenamento Pátrio, ou seja, a denominada Justiça Retributiva. 
 
UNIDADE 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E OS 
MECANISMOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO PACÍFICA DE 
CONFLITOS SOCIAIS 
 
1.1. Antecedentes Históricos 
 
Desde os tempos mais primitivos, a Sociedade e o Direito discutem a existência de 
mecanismos de resolução e pacificação de conflitos sociais como forma de resolução das 
contendas surgidas nas relações sociais. Desta feita, o surgimento de tais meios confunde-
se certamente com o próprio estudo da lide ou da controvérsia. 
O conflito surgiu em decorrência dos desentendimentos entre tribos, as disputas 
entre povos e mais recentemente as guerras entre países, sendo, portanto, uma 
característica natural do ser humano. Surge, assim, na unidade familiar, na escola, no 
campo do trabalho, etc. 
A seu turno, as causas do conflito no âmbito social/humano são geralmente em 
decorrência da busca por bens, mormente em relação ao patrimônio, dinheiro, luxo, 
dentre outros. É ocasionado, além disso, pela tentativa de acesso ao poder, promoção, 
status, fama e, ainda, concepções de valores, tais como religião, futebol, política, e 
também relacionados a sentimento de ódio e de inveja. 
Interessante observar que quando surge um conflito três situações podem 
acontecer, conforme a figura a seguir: 
 
NEGAÇÃO 
GUERRA 
CONFLITO 
GERÊNCIA 
 
 
3 
Na negação o indivíduo não aceita a existência do conflito entendendo que a 
situação está dentro da normalidade e que ele está absolutamente correto, ou seja, tudo 
está harmônico e não precisa de qualquer mudança. Geralmenteinstitui a mediação na seara policial? 
04) O Governo Federal vem incentivando a instituição da mediação de conflitos? De que 
forma? 
05) Quais medidas o Ministério Público do Estado do Ceará adotou para incentivar a 
criação da mediação de conflitos? 
 
UNIDADE 5 – A JUSTIÇA RESTAURATIVA: 
 
A denominada Justiça Restaurativa é considerada uma manifestação de ordem 
mundial com objetivo de ampliar o acesso à justiça criminal, recriado nas décadas de 70 e 
80 nos Estados Unidos e Europa. 
Tal movimento mundial foi inspirado nas antigas tradições pautadas em diálogos 
pacificadores e construtores de consenso oriundos de culturas africanas e das primeiras 
nações do Canadá e da Nova Zelândia. Sem dúvida, a Justiça Restaurativa assemelha-se 
bastante aos objetivos da mediação de conflitos, portanto, visará à pacificação na seara 
penal. 
Diferencia-se da Justiça oriunda da Jurisdição, ou seja, com aquela que se preocupa 
com a aplicação do direito ao caso concreto pelo Estado-Juiz, denominada comumente de 
Justiça Retributiva em decorrência de algumas peculiaridades, que foram muito bem 
expostas pela Fundadora e Diretora-Presidente do MEDIARE – Diálogos e Processos 
Decisórios – TANIA ALMEIDA, no artigo ali publicado, que trouxe um esquema bastante 
elucidativo publicado por Highton, Alvarez e Gregório em ‘Resolución Alternativa de 
Disputas y Sistema Penal’, que ora também colacionamos, extraído do artigo “Justiça 
Restaurativa e Mediação de Conflitos”, no site www.mediare.com.br: 
 
34 
 JUSTIÇA RETRIBUTIVA JUSTIÇA RESTAURATIVA 
Delito Infração da norma Conflito entre pessoas 
Responsabilidade Individual Individual e social 
Controle Sistema penal Sistema penal / Comunidade 
Protagonistas Infrator e o Estado Vítima , vitimário e comunidade 
Procedimento Adversarial Diálogo 
Finalidade Provar delitos 
Estabelecer culpas 
Aplicar castigos 
Resolver conflitos 
Assumir responsabilidades 
Reparar o dano 
Tempo Baseado no passado Baseado no futuro 
 
Evidencia-se, portanto, que na Justiça Restaurativa não há propriamente uma sanção 
criminal pela conduta porventura praticada pelo criminoso, mas há uma tentativa de 
tentar restaurar de alguma forma o criminoso, a partir de um estudo de vitimologia, ou 
seja, propriamente da vítima. 
Para entender melhor a mediação com foco na Justiça Restaurativa, interessante 
observar o vídeo da Estudiosa e Mediadora Carla Boin. 
 
 
Vídeo 4: Justiça Restaurativa 
 
Outra estudiosa da temática de mediação de conflitos e justiça restaurativa, TANIA 
ALMEIDA, salienta que: 
 
Justiça restaurativa procura equilibrar o atendimento às necessidades das 
vítimas e da comunidade com a necessidade de reintegração do agressor à 
sociedade. Procura dar assistência à recuperação da vítima e permitir que todas 
as partes participem do processo de justiça de maneira produtiva (United 
Kingdom – Restorative Justice Consortium, 1998). Um processo restaurativo 
significa qualquer processo no qual a vítima, o ofensor e/ou qualquer indivíduo 
ou comunidade afetada por um crime participem junto e ativamente da 
resolução das questões advindas do crime, sendo frequentemente auxiliados 
por um terceiro investido de credibilidade e imparcialidade (United Nations, 
2002). 
 
35 
Com efeito, apesar das demandas criminais estarem sujeitas à conceituada extrema 
indisponibilidade, isto é, não podendo, em regra, serem negociadas por envolverem 
predominantemente a atividade punitiva do Estado, impende assinalar que o nosso 
ordenamento jurídico já admite, por exemplo, algumas medidas consideradas 
despenalizadoras no procedimento do Juizado Especial Cível e Criminal, que trata das 
infrações de menor potencial ofensivo, mormente a transação penal, a composição civil 
dos danos ou suspensão condicional do processo, medidas estas que podem ser 
encontradas de forma amiudada na Lei nº 9.099/95. 
No mesmo diapasão, a prática da Justiça Restaurativa já está sendo estimulada 
inclusive pelo Conselho Nacional da Justiça com a edição da Resolução nº 125/2010, já 
citada acima, onde instituiu os mecanismos de efetivação da incumbência dos órgãos 
judiciais em oferecer meios de solução de conflitos pelas chamadas vias consensuais, 
dentre elas a prática restaurativa no âmbito penal. 
Destarte, é forçoso concluir desde logo que na Justiça Restaurativa, a participação da 
vítima ou de seus familiares deverá ocorrer de forma ativa, para que em confronto direto 
de ideias com o autor do fato, oportunidade em que possam ser resolvidas questões e 
controvérsias diretamente relacionadas com a conduta criminosa praticada. 
Para um maior aprofundamento do conteúdo até aqui passado, interessante 
acompanhar as legislações e marcos abaixo listados, alguns já destacados no contexto da 
apostila, que tratam da Mediação de Conflitos e que norteiam de forma clara este 
caminho para que a Justiça e a Paz em seus mais altos sentidos possam efetivamente 
materializar-se. 
- Lei dos Juizados Especiais (Lei n. 9.099/1995), que dispõe sobre os Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais; 
- Resolução n. 125, de 29 de novembro de 2010, do Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ), que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos 
conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário, que, apesar de ter natureza de 
norma administrativa, implantou a política nacional dos meios adequados de solução de 
conflitos; 
- Lei de Arbitragem (Lei n. 9.307/1996) alterada pela Lei n. 13.129/2015 (Altera a Lei 
no 9.307, de 23 de setembro de 1996, e a Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, para 
ampliar o âmbito de aplicação da arbitragem e dispor sobre a escolha dos árbitros 
quando as partes recorrem a órgão arbitral, a interrupção da prescrição pela instituição 
 
36 
da arbitragem, a concessão de tutelas cautelares e de urgência nos casos de arbitragem, a 
carta arbitral e a sentença arbitral, e revoga dispositivos da Lei no 9.307, de 23 de 
setembro de 1996); 
- Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015), no que se 
refere aos artigos que disciplinam os métodos consensuais; 
- Lei de Mediação (Lei n. 13.140/2015); 
- Resolução n. 225, de de 31 de maio de 2016, do CNJ, que dispõe sobre a Política 
Nacional de Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário. 
- Decreto n. 88.984/1983 (criou o Sistema Nacional de Mediação e Arbitragem no 
âmbito das relações trabalhistas, regulamentado pela Portaria do Ministério do Trabalho 
n. 3.112/1988); 
- Preâmbulo da CF/1988: Solução pacífica das controvérsias. 
- CEARÁ. Lei n. 16.039, de 28 de junho de 2016. Dispõe sobre a criação do Núcleo 
de Soluções consensuais no âmbito da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de 
Segurança Pública e Sistema Penitenciário. Diário Oficial do Estado, Fortaleza, CE, 30 jun. 
2016. 
- Instrução Normativa n. 07/2016 (Dispõe sobre a criação do Núcleo de Soluções 
consensuais no âmbito da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança 
Pública e Sistema Penitenciário, consoante previsão na Lei n. 16.039, de 28 de junho de 
2016.). 
Para revisar de forma ampla as temáticas abordadas nesta apostila, válido 
observar o vídeo produzido pela SENASP. 
 
 
Vídeo 5 – Mediação de Conflitos - SENASP - Cientista Político Daniel Seidel 
Professor da Academia de Polícia Civil do Distrito Federal 
 
Agora que você já adquiriu informações acerca da Justiça Restaurativa, implemente 
vosso conhecimento via exercício de fixação. 
 
37 
Exercícios de Fixação 
 
01) Como surgiu a “JUSTIÇA RESTAURATIVA”? 
02) Como se pode conceituar a denominada “JUSTIÇA RESTAURATIVA”? 
03) Quais as principais diferenças entre a “JUSTIÇA RETRIBUTIVA” e a “JUSTIÇA 
RESTAURATIVA”? 
04) O que significa o processo restaurativo? 
 
CONCLUSÃO 
 
Caríssimos, com visto o conteúdo programático desta apostila foi desenvolvido 
especialmente para o curso de formação dos profissionais de segurançapública do Estado 
do Ceará. Não teve a pretensão de esgotar o tema ou tornar o formando expert em 
Mediação de Conflitos, porém, apresentou, aproximou e estimulou a prática de uma das 
uma das mais significativas e fascinantes estratégias de resolução pacífica das 
controvérsias. 
Agora você é dotado de conhecimentos e técnicas da Mediação de Conflitos que 
certamente, se assimiladas e colocadas em ação, proporcionarão muitos ganhos na sua 
vida pessoal e profissional. 
Temos certeza de que por meio do conteúdo disciplinar apresentado nestes dias de 
aula, as quais foram enriquecidas por vossa participação, sempre interagindo e 
enriquecendo o debate, construímos bases sólidas de aprendizado que serão reforçadas 
no decorrer de sua carreira. 
Esperamos sinceramente que consiga êxito neste componente curricular, no curso e 
sobretudo na sua profissão. 
Acerca da profissão, que o trabalho, seja oportunidade diária para que se faça feliz e 
contribua para a felicidade dos outros. Lembre-se a mediação pode ajudar muito nesta 
caminhada. 
 
Gratos pela atenção e seja feliz! 
 
Os autores 
 
38 
REFERÊNCIAS 
 
BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e Arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. 
CINTRA, Antonio Calos de Araújo Cintra et al. Teoria Geral do Processo. 28. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2012. 
FIORELLI, José Osmir et al. Mediação e Solução de Conflitos: Teoria e Prática. São Paulo: 
Atlas, 2008. 
MUSZKAT, Malvina Ester. Org. Mediação de Conflitos – Pacificando e Prevenindo a 
Violência. São Paulo: Summus Editorial, 2003. 
NETO, Adolfo Braga et al. Org. Aspectos Atuais Sobre a Mediação e Outros Métodos 
Extra e Judiciais de Resolução de Conflitos. Rio de Janeiro: GZ Editora. 2012. 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 3. ed. São Paulo: Malheiros 
Editores, 1996. 
RODRIGUES, Horácio Wanderley et al. Teoria Geral do Processo. Rio de Janeiro: Campus 
Jurídico, 2012. 
SALES, Lília Maia de Morais Sales. Mediação de Conflitos – Família, Escola e Comunidade. 
Florianópolis: Conceito Editorial, 2007. 
SALES, Lília Maia de Morais Sales. Org. Estudos sobre Mediação e Arbitragem. Fortaleza: 
ABC Editora, 2003. 
MEDIARE – DIÁLOGOS E PROCESSOS DECISÓRIOS. Justiça Restaurativa e Mediação de 
Conflitos. Disponível em: . Acesso em: 20 mai. 2015. 
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Disponível em: . Acesso em: 20 
mai. 2015. 
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ. Disponível em: . Acesso em: 20 mai. 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
ANEXO ÚNICO 
 
PODER EXECUTIVO - LEI No 13.140, DE 26.06.2015 D.O.U.: 29.06.2015 
 
Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias 
e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei nº 
9.469, de 10 de julho de 1997, e o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972; e revoga o 
§ 2º do art. 6º da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997. 
A Presidenta da República 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias 
entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração 
pública. 
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro 
imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula 
a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia. 
 
CAPÍTULO I - DA MEDIAÇÃO 
 
Seção I 
 
Disposições Gerais 
 
Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios: 
I - imparcialidade do mediador; 
II - isonomia entre as partes; 
III - oralidade; 
IV - informalidade; 
V - autonomia da vontade das partes; 
VI - busca do consenso; 
VII - confidencialidade; 
VIII - boa-fé. 
 
 
40 
§ 1º Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula de mediação, as partes 
deverão comparecer à primeira reunião de mediação. 
§ 2º Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de mediação. 
Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis 
ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação. 
§ 1º A mediação pode versar sobre todo o conflito ou parte dele. 
§ 2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve 
ser homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério Público. 
 
Seção II 
 
Dos Mediadores 
 
Subseção I 
 
Disposições Comuns 
 
Art. 4º O mediador será designado pelo tribunal ou escolhido pelas partes. 
§ 1º O mediador conduzirá o procedimento de comunicação entre as partes, 
buscando o entendimento e o consenso e facilitando a resolução do conflito. 
§ 2º Aos necessitados será assegurada a gratuidade da mediação. 
Art. 5º Aplicam-se ao mediador as mesmas hipóteses legais de impedimento e 
suspeição do juiz. 
Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de 
revelar às partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstância que possa 
suscitar dúvida justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito, 
oportunidade em que poderá ser recusado por qualquer delas. 
Art. 6º O mediador fica impedido, pelo prazo de um ano, contado do término da 
última audiência em que atuou, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das 
partes. 
Art. 7º O mediador não poderá atuar como árbitro nem funcionar como testemunha 
em processos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito em que tenha atuado como 
mediador. 
 
41 
Art. 8º O mediador e todos aqueles que o assessoram no procedimento de 
mediação, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, são equiparados a 
servidor público, para os efeitos da legislação penal. 
 
Subseção II 
 
Dos Mediadores Extrajudiciais 
 
Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que 
tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente 
de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação, ou nele 
inscrever-se. 
Art. 10. As partes poderão ser assistidas por advogados ou defensores públicos. 
Parágrafo único. Comparecendo uma das partes acompanhada de advogado ou 
defensor público, o mediador suspenderá o procedimento, até que todas estejam 
devidamente assistidas. 
Subseção III 
Dos Mediadores Judiciais 
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo 
menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério 
da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de 
mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de 
Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos 
pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. 
Art. 12. Os tribunais criarão e manterão cadastros atualizados dos mediadores 
habilitados e autorizados a atuar em mediação judicial. 
§ 1º A inscrição no cadastro de mediadores judiciais será requerida pelo interessado 
ao tribunal com jurisdição na área em que pretenda exercer a mediação. 
§ 2º Os tribunais regulamentarão o processo de inscrição e desligamento de seus 
mediadores. 
Art. 13. A remuneração devida aos mediadores judiciais será fixada pelos tribunais e 
custeada pelas partes, observado o disposto no § 2º do art. 4º desta Lei. 
 
 
42 
Seção III 
 
Do Procedimento de Mediação 
 
Subseção I 
 
Disposições Comuns 
 
Art. 14. No início da primeira reunião de mediação, e sempre que julgar necessário, 
o mediador deverá alertar as partes acerca das regras de confidencialidade aplicáveis ao 
procedimento. 
Art. 15. A requerimento das partes ou do mediador, e com anuência daquelas, 
poderão ser admitidos outros mediadores para funcionarem no mesmo procedimento, 
quando isso for recomendável em razão danatureza e da complexidade do conflito. 
Art. 16. Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes poderão 
submeter-se à mediação, hipótese em que requererão ao juiz ou árbitro a suspensão do 
processo por prazo suficiente para a solução consensual do litígio. 
§ 1º É irrecorrível a decisão que suspende o processo nos termos requeridos de 
comum acordo pelas partes. 
§ 2º A suspensão do processo não obsta a concessão de medidas de urgência pelo 
juiz ou pelo árbitro. 
Art. 17. Considera-se instituída a mediação na data para a qual for marcada a 
primeira reunião de mediação. 
Parágrafo único. Enquanto transcorrer o procedimento de mediação, ficará suspenso 
o prazo prescricional. 
Art. 18. Iniciada a mediação, as reuniões posteriores com a presença das partes 
somente poderão ser marcadas com a sua anuência. 
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com as partes, 
em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as informações que 
entender necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas. 
Art. 20. O procedimento de mediação será encerrado com a lavratura do seu termo 
final, quando for celebrado acordo ou quando não se justificarem novos esforços para a 
obtenção de consenso, seja por declaração do mediador nesse sentido ou por 
 
43 
manifestação de qualquer das partes. 
Parágrafo único. O termo final de mediação, na hipótese de celebração de acordo, 
constitui título executivo extrajudicial e, quando homologado judicialmente, título 
executivo judicial. 
 
Subseção II 
 
Da Mediação Extrajudicial 
 
Art. 21. O convite para iniciar o procedimento de mediação extrajudicial poderá ser 
feito por qualquer meio de comunicação e deverá estipular o escopo proposto para a 
negociação, a data e o local da primeira reunião. 
Parágrafo único. O convite formulado por uma parte à outra considerar-se-á 
rejeitado se não for respondido em até trinta dias da data de seu recebimento. 
Art. 22. A previsão contratual de mediação deverá conter, no mínimo: 
I - prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de mediação, 
contado a partir da data de recebimento do convite; 
II - local da primeira reunião de mediação; 
III - critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação; 
IV - penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à primeira 
reunião de mediação. 
§ 1º A previsão contratual pode substituir a especificação dos itens acima 
enumerados pela indicação de regulamento, publicado por instituição idônea prestadora 
de serviços de mediação, no qual constem critérios claros para a escolha do mediador e 
realização da primeira reunião de mediação. 
§ 2º Não havendo previsão contratual completa, deverão ser observados os 
seguintes critérios para a realização da primeira reunião de mediação: 
I - prazo mínimo de dez dias úteis e prazo máximo de três meses, contados a partir 
do recebimento do convite; 
II - local adequado a uma reunião que possa envolver informações confidenciais; 
III - lista de cinco nomes, informações de contato e referências profissionais de 
mediadores capacitados; a parte convidada poderá escolher, expressamente, qualquer 
um dos cinco mediadores e, caso a parte convidada não se manifeste, considerar-se-á 
 
44 
aceito o primeiro nome da lista; 
IV - o não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação 
acarretará a assunção por parte desta de cinquenta por cento das custas e honorários 
sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior, 
que envolva o escopo da mediação para a qual foi convidada. 
§ 3º Nos litígios decorrentes de contratos comerciais ou societários que não 
contenham cláusula de mediação, o mediador extrajudicial somente cobrará por seus 
serviços caso as partes decidam assinar o termo inicial de mediação e permanecer, 
voluntariamente, no procedimento de mediação. 
Art. 23. Se, em previsão contratual de cláusula de mediação, as partes se 
comprometerem a não iniciar procedimento arbitral ou processo judicial durante certo 
prazo ou até o implemento de determinada condição, o árbitro ou o juiz suspenderá o 
curso da arbitragem ou da ação pelo prazo previamente acordado ou até o implemento 
dessa condição. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às medidas de urgência em que o 
acesso ao Poder Judiciário seja necessário para evitar o perecimento de direito. 
 
Subseção III 
 
Da Mediação Judicial 
 
Art. 24. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, 
responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação, pré-
processuais e processuais, e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, 
orientar e estimular a autocomposição. 
Parágrafo único. A composição e a organização do centro serão definidas pelo 
respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. 
Art. 25. Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia aceitação 
das partes, observado o disposto no art. 5º desta Lei. 
Art. 26. As partes deverão ser assistidas por advogados ou defensores públicos, 
ressalvadas as hipóteses previstas nas Leis nºs 9.099, de 26 de setembro de 1995, e 
10.259, de 12 de julho de 2001. 
 
 
45 
Parágrafo único. Aos que comprovarem insuficiência de recursos será assegurada 
assistência pela Defensoria Pública. 
Art. 27. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de 
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de mediação. 
Art. 28. O procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até sessenta 
dias, contados da primeira sessão, salvo quando as partes, de comum acordo, requererem 
sua prorrogação. 
Parágrafo único. Se houver acordo, os autos serão encaminhados ao juiz, que 
determinará o arquivamento do processo e, desde que requerido pelas partes, 
homologará o acordo, por sentença, e o termo final da mediação e determinará o 
arquivamento do processo. 
Art. 29. Solucionado o conflito pela mediação antes da citação do réu, não serão 
devidas custas judiciais finais. 
 
Seção IV 
 
Da Confidencialidade e suas Exceções 
 
Art. 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação será 
confidencial em relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em processo 
arbitral ou judicial salvo se as partes expressamente decidirem de forma diversa ou 
quando sua divulgação for exigida por lei ou necessária para cumprimento de acordo 
obtido pela mediação. 
§ 1º O dever de confidencialidade aplica-se ao mediador, às partes, a seus prepostos, 
advogados, assessores técnicos e a outras pessoas de sua confiança que tenham, direta 
ou indiretamente, participado do procedimento de mediação, alcançando: 
I - declaração, opinião, sugestão, promessa ou proposta formulada por uma parte à 
outra na busca de entendimento para o conflito; 
II - reconhecimento de fato por qualquer das partes no curso do procedimento de 
mediação; 
III - manifestação de aceitação de proposta de acordo apresentada pelo mediador; 
IV - documento preparado unicamente para os fins do procedimento de mediação. 
 
 
46 
§ 2º A prova apresentada em desacordo com o disposto neste artigo não será 
admitida em processo arbitral ou judicial. 
§ 3º Não está abrigada pela regra de confidencialidade a informação relativa à 
ocorrência de crime de ação pública. 
§ 4º A regra da confidencialidade não afasta o dever de as pessoas discriminadas no 
caput prestarem informações à administração tributária após o termo final da mediação, 
aplicando-se aos seus servidores a obrigação de manterem sigilo das informações 
compartilhadas nos termos do art. 198 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - 
Código Tributário Nacional. 
Art. 31. Será confidencial a informação prestada por uma parte em sessão privada, 
não podendo o mediador revelá-la às demais, exceto seexpressamente autorizado. 
 
CAPÍTULO II - DA AUTOCOMPOSIÇÃO DE CONFLITOS EM QUE FOR PARTE PESSOA 
JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO 
 
Seção I 
 
Disposições Comuns 
 
Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras 
de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos respectivos órgãos 
da Advocacia Pública, onde houver, com competência para: 
I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; 
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de 
composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público; 
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. 
§ 1º O modo de composição e funcionamento das câmaras de que trata o caput será 
estabelecido em regulamento de cada ente federado. 
§ 2º A submissão do conflito às câmaras de que trata o caput é facultativa e será 
cabível apenas nos casos previstos no regulamento do respectivo ente federado. 
§ 3º Se houver consenso entre as partes, o acordo será reduzido a termo e 
constituirá título executivo extrajudicial. 
 
 
47 
§ 4º Não se incluem na competência dos órgãos mencionados no caput deste artigo 
as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou concessão de direitos 
sujeitos a autorização do Poder Legislativo. 
§ 5º Compreendem-se na competência das câmaras de que trata o caput a 
prevenção e a resolução de conflitos que envolvam equilíbrio econômico-financeiro de 
contratos celebrados pela administração com particulares. 
Art. 33. Enquanto não forem criadas as câmaras de mediação, os conflitos poderão 
ser dirimidos nos termos do procedimento de mediação previsto na Subseção I da Seção 
III do Capítulo I desta Lei. 
Parágrafo único. A Advocacia Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, onde houver, poderá instaurar, de ofício ou mediante provocação, 
procedimento de mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação de serviços 
públicos. 
Art. 34. A instauração de procedimento administrativo para a resolução consensual 
de conflito no âmbito da administração pública suspende a prescrição. 
§ 1º Considera-se instaurado o procedimento quando o órgão ou entidade pública 
emitir juízo de admissibilidade, retroagindo a suspensão da prescrição à data de 
formalização do pedido de resolução consensual do conflito. 
§ 2º Em se tratando de matéria tributária, a suspensão da prescrição deverá 
observar o disposto na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário 
Nacional. 
Seção II 
Dos Conflitos Envolvendo a Administração Pública Federal Direta, suas Autarquias e 
Fundações 
Art. 35. As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal 
direta, suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por adesão, com 
fundamento em: 
I - autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência pacífica do 
Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou 
II - parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da República. 
§ 1º Os requisitos e as condições da transação por adesão serão definidos em 
resolução administrativa própria. 
 
 
48 
§ 2º Ao fazer o pedido de adesão, o interessado deverá juntar prova de atendimento 
aos requisitos e às condições estabelecidos na resolução administrativa. 
§ 3º A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos 
idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda que solucione 
apenas parte da controvérsia. 
§ 4º A adesão implicará renúncia do interessado ao direito sobre o qual se 
fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, de natureza administrativa 
ou judicial, no que tange aos pontos compreendidos pelo objeto da resolução 
administrativa. 
§ 5º Se o interessado for parte em processo judicial inaugurado por ação coletiva, a 
renúncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação deverá ser expressa, mediante 
petição dirigida ao juiz da causa. 
§ 6º A formalização de resolução administrativa destinada à transação por adesão 
não implica a renúncia tácita à prescrição nem sua interrupção ou suspensão. 
Art. 36. No caso de conflitos que envolvam controvérsia jurídica entre órgãos ou 
entidades de direito público que integram a administração pública federal, a Advocacia-
Geral da União deverá realizar composição extrajudicial do conflito, observados os 
procedimentos previstos em ato do Advogado-Geral da União. 
§ 1º Na hipótese do caput, se não houver acordo quanto à controvérsia jurídica, 
caberá ao Advogado-Geral da União dirimi-la, com fundamento na legislação afeta. 
§ 2º Nos casos em que a resolução da controvérsia implicar o reconhecimento da 
existência de créditos da União, de suas autarquias e fundações em face de pessoas 
jurídicas de direito público federais, a Advocacia-Geral da União poderá solicitar ao 
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a adequação orçamentária para 
quitação das dívidas reconhecidas como legítimas. 
§ 3º A composição extrajudicial do conflito não afasta a apuração de 
responsabilidade do agente público que deu causa à dívida, sempre que se verificar que 
sua ação ou omissão constitui, em tese, infração disciplinar. 
§ 4º Nas hipóteses em que a matéria objeto do litígio esteja sendo discutida em ação 
de improbidade administrativa ou sobre ela haja decisão do Tribunal de Contas da União, 
a conciliação de que trata o caput dependerá da anuência expressa do juiz da causa ou do 
Ministro Relator. 
 
 
49 
Art. 37. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias 
e fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedades de economia mista 
federais, submeter seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal 
à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito. 
Art. 38. Nos casos em que a controvérsia jurídica seja relativa a tributos 
administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ou a créditos inscritos em 
dívida ativa da União: 
I - não se aplicam as disposições dos incisos II e III do caput do art. 32; 
II - as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias que 
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação 
de serviços em regime de concorrência não poderão exercer a faculdade prevista no art. 
37; 
III - quando forem partes as pessoas a que alude o caput do art. 36: 
a) a submissão do conflito à composição extrajudicial pela Advocacia-Geral da União 
implica renúncia do direito de recorrer ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais; 
b) a redução ou o cancelamento do crédito dependerá de manifestação conjunta do 
Advogado-Geral da União e do Ministro de Estado da Fazenda. 
Parágrafo único. O disposto no inciso II e na alínea a do inciso III não afasta a 
competência do Advogado-Geral da União prevista nos incisos X e XI do art. 4º da Lei 
Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. 
Art. 39. A propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente nos 
polos ativo e passivo órgãos ou entidades de direito público que integrem a administração 
pública federal deverá ser previamente autorizada pelo Advogado-Geral da União. 
Art. 40. Os servidores e empregados públicos que participarem do processo de 
composição extrajudicial do conflito, somente poderão ser responsabilizados civil, 
administrativa ou criminalmente quando, mediante dolo ou fraude, receberem qualquer 
vantagem patrimonial indevida, permitirem ou facilitarem sua recepção por terceiro, ou 
para tal concorrerem. 
 
 
 
 
 
 
50 
CAPÍTULO III - DISPOSIÇÕES FINAIS 
 
Art. 41. A Escola Nacional de Mediação e Conciliação, no âmbito do Ministério da 
Justiça, poderá criar banco de dados sobre boas práticas em mediação, bem como manter 
relação de mediadores e de instituiçõesde mediação. 
Art. 42. Aplica-se esta Lei, no que couber, às outras formas consensuais de resolução 
de conflitos, tais como mediações comunitárias e escolares, e àquelas levadas a efeito nas 
serventias extrajudiciais, desde que no âmbito de suas competências. 
Parágrafo único. A mediação nas relações de trabalho será regulada por lei própria. 
Art. 43. Os órgãos e entidades da administração pública poderão criar câmaras para 
a resolução de conflitos entre particulares, que versem sobre atividades por eles 
reguladas ou supervisionadas. 
Art. 44. Os arts. 1º e 2º da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997, passam a vigorar 
com a seguinte redação: 
"Art. 1º O Advogado-Geral da União, diretamente ou mediante delegação, e os 
dirigentes máximos das empresas públicas federais, em conjunto com o dirigente 
estatutário da área afeta ao assunto, poderão autorizar a realização de acordos ou 
transações para prevenir ou terminar litígios, inclusive os judiciais. 
§ 1º Poderão ser criadas câmaras especializadas, compostas por servidores públicos 
ou empregados públicos efetivos, com o objetivo de analisar e formular propostas de 
acordos ou transações. 
§ 3º Regulamento disporá sobre a forma de composição das câmaras de que trata o 
§ 1º, que deverão ter como integrante pelo menos um membro efetivo da Advocacia-
Geral da União ou, no caso das empresas públicas, um assistente jurídico ou ocupante de 
função equivalente. 
§ 4º Quando o litígio envolver valores superiores aos fixados em regulamento, o 
acordo ou a transação, sob pena de nulidade, dependerá de prévia e expressa autorização 
do Advogado-Geral da União e do Ministro de Estado a cuja área de competência estiver 
afeto o assunto, ou ainda do Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, do 
Tribunal de Contas da União, de Tribunal ou Conselho, ou do Procurador-Geral da 
República, no caso de interesse dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário ou do 
Ministério Público da União, excluídas as empresas públicas federais não dependentes, 
que necessitarão apenas de prévia e expressa autorização dos dirigentes de que trata o 
 
51 
caput. 
§ 5º Na transação ou acordo celebrado diretamente pela parte ou por intermédio de 
procurador para extinguir ou encerrar processo judicial, inclusive os casos de extensão 
administrativa de pagamentos postulados em juízo, as partes poderão definir a 
responsabilidade de cada uma pelo pagamento dos honorários dos respectivos 
advogados." (NR) 
"Art. 2º O Procurador-Geral da União, o Procurador-Geral Federal, o Procurador-
Geral do Banco Central do Brasil e os dirigentes das empresas públicas federais 
mencionadas no caput do art. 1º poderão autorizar, diretamente ou mediante delegação, 
a realização de acordos para prevenir ou terminar, judicial ou extrajudicialmente, litígio 
que envolver valores inferiores aos fixados em regulamento. 
§ 1º No caso das empresas públicas federais, a delegação é restrita a órgão colegiado 
formalmente constituído, composto por pelo menos um dirigente estatutário. 
§ 2º O acordo de que trata o caput poderá consistir no pagamento do débito em 
parcelas mensais e sucessivas, até o limite máximo de sessenta. 
§ 3º O valor de cada prestação mensal, por ocasião do pagamento, será acrescido de 
juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - 
SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês 
subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento 
relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado. 
§ 4º Inadimplida qualquer parcela, após trinta dias, instaurar-se-á o processo de 
execução ou nele prosseguir-se-á, pelo saldo." (NR) 
Art. 45. O Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, passa a vigorar acrescido do 
seguinte art. 14-A: 
"Art. 14-A. No caso de determinação e exigência de créditos tributários da União 
cujo sujeito passivo seja órgão ou entidade de direito público da administração pública 
federal, a submissão do litígio à composição extrajudicial pela Advocacia-Geral da União é 
considerada reclamação, para fins do disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 
25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional." 
Art. 46. A mediação poderá ser feita pela internet ou por outro meio de 
comunicação que permita a transação à distância, desde que as partes estejam de 
acordo. 
 
 
52 
Parágrafo único. É facultado à parte domiciliada no exterior submeter-se à mediação 
segundo as regras estabelecidas nesta Lei. 
Art. 47. Esta Lei entra em vigor após decorridos cento e oitenta dias de sua 
publicação oficial. 
Art. 48. Revoga-se o § 2º do art. 6º da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997. 
Brasília, 26 de junho de 2015; 194º da Independência e 127º da República. 
 
DILMA ROUSSEFF 
José Eduardo Cardozo 
Joaquim Vieira Ferreira Levy 
Nelson Barbosa 
Luís Inácio Lucena Adamscausa insatisfação dos 
envolvidos e não gera qualquer evolução. 
Na guerra o indivíduo potencializa o conflito e, para ele, as pessoas que possuem 
pensamento diverso do seu são conspiradores, causadores de problemas e, enfim, seus 
inimigos. Geralmente leva para a violência moral ou física e, como reflexo, gera mais 
desarmonia. 
Na gerência, o indivíduo aceita o conflito como algo natural e legítimo e, a partir 
desta visão, procura identificar os pontos convergentes na busca de encontrar solução 
mais pacífica e equânime para todos. Quase sempre promove comprometimento, bem 
estar e evolução. 
De início, preponderava muito mais a negação e a guerra. Destaca-se que o Estado 
não estava tão “maduro” e preponderava a denominada autotutela, que se caracterizava 
pela “lei do mais forte”. Assim, naqueles tempos, quando porventura nascia um conflito 
social, as partes interessadas diretamente na sua solução, se mobilizavam através de 
combates, lutas individuais e guerras para que pudessem resolver um conflito pelo poder 
da força. Muitas vezes, a forma de resolução era injusta, porque não equilibrava e não 
tratava isonomicamente as partes envolvidas no conflito. 
Lembra ADA PELLEGRINI GRINOVER (2011, p. 29) de que: 
 
(...) quem pretendesse alguma coisa que outrem o impedisse de obter haveria 
de, com sua própria força e na medida dela, tratar de conseguir, por si mesmo, 
a satisfação de sua pretensão. Tal regime foi denominado, então, de autotutela 
ou autodefesa, sendo fácil perceber como era o mecanismo de solução de 
conflitos precário e aleatório, porquanto não garantia a justiça, mas a vitória do 
mais forte, mais astuto ou mais ousado sobre o mais fraco ou mais tímido. 
 
E, complementa ainda, que: 
 
(..) apesar da enérgica repulsa à autotutela como meio ordinário para a 
satisfação de pretensões em benefício do mais forte ou astuto, para certos 
casos excepcionalíssimos a própria lei abre exceções à proibição. Constituem 
exemplos o direito de retenção (CC, arts. 578, 644, 1.219, 1.433, inc. II, 1.434 
etc.), o desforço imediato (CC, art. 1210, § 1º), o direito de cortar raízes e ramos 
 
4 
de árvores limítrofes que ultrapassem a extrema do prédio (CC, art. 1.238), a 
autoexecutoriedade as decisões administrativas; sob certo aspecto, podem-se 
incluir entre essas exceções o poder estatal de efetuar prisões em flagrante 
(CPP, art. 301) e os atos que, embora tipificados como crime, sejam realizados 
em legítima defesa ou estado de necessidade (CP, arts. 24-25; CC, arts. 188, 929 
e 930). 
 
Com a evolução dos tempos, surge, assim, a denominada autocomposição, que se 
consubstanciava pelo fato de que uma das partes em conflito, ou até mesmo ambas as 
partes, abrirão mão de um interesse ou de parte dele, com a finalidade de resolver de 
forma pacífica o conflito social. Não existia, assim, na autocomposição, a necessidade de 
um conflitante ser mais forte do que o outro para se resolver de forma pacífica o conflito 
social. 
No tocante à denominada autocomposição, JOSÉ DE ALBUQUERQUE ROCHA (1998, 
p. 33) arremata: 
 
(...) é o modo de tratamento dos conflitos em que a decisão resulta das partes, 
obtida através de meios persuasivos e consensuais, nisso residindo a diferença 
da autotutela, em que a decisão é imposta por uma das partes. Na 
autocomposição, sendo a decisão produzida pelas partes, seu grau de eficácia é 
elevado. 
 
Percebe-se que tanto no momento da denominada autotutela quanto na 
autocomposição, o Estado não era ainda muito forte, não interferindo assim diretamente 
na solução do conflito social, e então as próprias partes ainda resolviam o conflito. No 
entanto, com o início do fortalecimento estatal o que se viu foi a necessidade de se criar 
meio da interferência direta do Estado quando as partes não conseguiam uma 
composição, por exemplo. 
Nesse momento histórico que começam a surgir de uma forma embrionária e ainda 
incipiente, é verdade, as primeiras formas de arbitragem estatal, através da indicação de 
representantes, seja por nascerem com uma suposta proteção divina e, portanto, recairia 
sobre a sua pessoa a prerrogativa de julgar aquele conflito social, como era o caso dos 
sacerdotes em algumas sociedades primitivas, ou até mesmo dos anciãos, que recebiam 
uma autorização daquele corpo social para resolver uma controvérsia por ser considerada 
a pessoa mais velha e, assim, mais experiente daquela sociedade primitiva. 
 
5 
No entanto, na medida em que o Estado foi se tornando cada vez mais forte, sua 
interferência também passa a ser mais direta, ocorrendo o surgimento das denominadas 
arbitragens facultativas e obrigatórias, que se caracterizavam, em síntese, pela existência 
da figura do árbitro, que de uma forma ainda muito tímida exercia a função que os juízes 
exercem atualmente, não com as mesmas garantias hoje conferidas aos membros do 
Poder Judiciário, mas já na condição de legítimos representantes do Estado. 
Todavia, em que pese à participação do Estado de uma forma já direta, como se 
falou alhures, em um dado momento histórico, mostrou-se ser indispensável à criação da 
figura de um representante do Estado para que efetivamente pudesse exercer a função 
de apreciador e julgador de um conflito social, e, assim sendo, surge o Poder Judiciário e a 
figura do juiz, que ao longo dos anos de sua consolidação como agente público 
responsável pela resolução das lides ou das controvérsias sociais, pudesse efetivamente 
encontrar uma solução para o conflito, mas de uma forma mais eqüidistante das partes 
litigantes, agindo de forma isonômica. 
Sob tal ótica, consolida-se a denominada Jurisdição, que se consubstancia pelo 
poder/dever que o Estado-Juiz tem para aplicar o direito ao caso concreto, solucionando 
as lides. Portanto, as decisões dos conflitos foram transferidas quase que exclusivamente 
à submissão do poder estatal, as partes deixaram quase que integralmente de influenciar 
de uma forma direta na resolução dos conflitos, transferindo à apreciação exclusiva do 
Estado a forma de se resolver a controvérsia. 
Entretanto, talvez em virtude de tal exclusividade, foram se instituindo os 
denominados mecanismos alternativos de resolução dos conflitos sociais, com uma 
alternativa à interferência exclusiva do Estado na resolução das lides. Tais mecanismos 
mostraram-se eficazes na solução das controvérsias, e inclusive muitas vezes mais rápidos 
na solução da controvérsia. 
Foi, assim, sob o manto da celeridade que meios alternativos começaram a se 
fortalecer, influenciados também por normativos pátrios ou até mesmo internacionais, 
como bem disse ROBERTO PORTUGAL BACELLAR (2012, p. 43) ao afirma o seguinte: 
 
As Convenções Internacionais, que tem o Brasil como um dos países signatários, 
como se observa no Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos), de 1969, faz previsão de que toda pessoa tem direito 
de ser ouvida com as garantias e dentro de um prazo razoável. 
 
 
6 
Sem dúvida, a morosidade do Judiciário, causada por motivos diversos como volume 
gigantesco de processos e excesso de recursos, em muitos casos influenciou o surgimento 
e a concretização de meios de soluções de conflitos considerados uma alternativa à 
Jurisdição, porquanto passaram a demonstrar ser mais eficazes e céleres, máxime pelo 
fato também de pautaram seus atos por medidas informais e decididas pelas próprias 
partes litigantes em muitos casos ou situações. 
Destarte, é sob o âmbito de tal contexto fático e histórico, que nascem as 
denominadas arbitragem, conciliação, negociação e a mediação como mecanismos 
alternativos ou consensuais à pacificação do conflito social. Com o surgimento de tais 
mecanismos, se mostrará que houve uma maturidade da Sociedade, posto que se 
conseguiu manter ainda sob o manto do Poder Judiciário a resolução das querelas de 
natureza mais grave, fortalecendo tais mecanismos de pacificação socialcomo alternativa 
concreta e direta a interferência estatal em controvérsias mais simples. 
A seu turno, em todas as situações é indispensável a existência do gerenciador de 
conflitos, que deverá ter as seguintes características prioritariamente: a humildade; o 
saber ouvir; a empatia (colocar-se na situação hipotética do outro); o bom senso; o 
afastamento da visão pessoal (sentimento de dono da verdade). 
No tópico 1.2 iremos continuar o aprendizado destacando os chamados meios 
alternativos de resolução de conflitos e procurando entendê-los como complemento da 
função jurisdicional do Estado. 
 
1.2. Mecanismos Alternativos ou Consensuais de Resolução 
dos Conflitos Sociais 
 
Os métodos alternativos de resolução de disputa, conhecidos por uma sigla em 
inglês como ADR (Alternative Dispute Resolution), ou sua sigla em espanhol RAD 
(Resolución Alternativa de Disputas), ou conforme denominação que começa a ser 
empregada no Brasil – MARC (Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos) 
consolidam algumas formas de resolução de disputas sem a intervenção de Autoridade 
Judicial, tornando assim, muitas vezes, a solução de um conflito social mais célere e 
econômica às partes. 
 
 
7 
Assinale-se, por oportuno, que os meios alternativos ou consensuais de resoluções 
de conflitos não são contrários ou antagônicos ao Poder Judiciário, funcionando, na 
verdade, como mecanismos auxiliares, porquanto cada vez mais tem se atribuído a sua 
devida importância e concretizando tais meios como forma de pacificação social. 
Com efeito, é importante destacar que a Justiça não se restringirá mais à 
administração do Estado-juiz, contemplando, assim, outros meios que possibilitem a 
resolução de conflitos frente à difícil realidade brasileira, portanto, não seriam tais 
mecanismos uma afronta ao princípio do acesso à Justiça ou da Inafastabilidade da 
Prestação Jurisdicional, preconizado no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988, 
resumindo-se pelo fato de que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
qualquer lesão ou ameaça de direito, mas, sobretudo, meios complementares a tal 
concretização. 
O próprio Conselho Nacional de Justiça (C.N.J.), instituído no âmbito do Poder 
Judiciário pela Emenda Constitucional nº 45 do ano de 2004, a quem foi atribuído 
constitucionalmente o controle da atuação administrativa e financeira do Poder 
Judiciário, bem como o zelo pela observância do art. 37 da Constituição da República, 
editou a Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, onde admitiu, dentre outros 
aspectos, a necessidade de o Judiciário organizar e uniformizar os serviços de conciliação, 
mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos, para lhes evitar 
disparidades de orientação e práticas, assegurando, assim, a boa execução das políticas 
públicas respeitadas as especificidades de cada segmento da Justiça. Nesse diapasão, 
esclarece JOSÉ LUIS BOLZAN DE MORAIS (2003, pags. 80-81), que: 
 
A justiça consensual em suas várias formulações – na esteira das ADR 
americano, shadow justice ou da justice de proximité francesa – aparece como 
resposta ao disfuncionamento deste modelo judiciário, referindo a 
emergência/recuperação de um modo de regulação social que, muito embora 
possa, ainda, ser percebida como um instrumento de integração, apresenta-se 
como um procedimento geralmente formal, através do qual um terceiro busca 
promover as trocas entre as partes, permitindo que as mesmas se confrontem 
buscando uma solução pactada para o conflito que enfrentam. 
 
Dentre os ditos mecanismos alternativos ou consensuais, podemos citar a 
arbitragem, a negociação, a conciliação, e o objeto principal do presente estudo, no caso 
 
8 
a mediação de conflitos, que vem se mostrando de extrema relevância na sociedade, nos 
mais diversos ramos, inclusive na seara policial como se demonstrará de forma prática. 
Sob tal ótica, firma entendimento LILIA MAIA DE MORAIS SALES (2007, p. 40), que: 
 
A mediação, a negociação, a conciliação e a arbitragem são meios alternativos 
de solução de conflitos. Inicialmente faz-se necessário explicar o termo 
alternativo. Não se deve limitar ao entendimento de se apresentarem como 
alternativas à jurisdição tendo em vista os inúmeros problemas enfrentados 
pelo Poder Judiciário, mas como alternativas à sociedade para a solução dos 
conflitos. Para tipos de conflitos diferentes, apontam-se mecanismos de solução 
distintos. Negociação, conciliação, mediação, arbitragem e Poder Judiciário são 
alternativos à solução de controvérsias, das quais a sociedade dispõe. O termo 
alternativo no tocante à essa matéria é utilizado comumente para designar 
apenas formas de solução de conflitos que não a tradicional (Poder Judiciário). 
 
Assim, quando se fala em alternativo, há o objetivo de afirmar que tais mecanismos 
saem do modelo tradicional de solução do conflito social, geralmente representado pela 
Jurisdição, apresentando-se com meios muitas vezes mais eficazes de resolução de certos 
conflitos sociais, com participação ativa e efetiva das partes litigantes, onde tendem a 
optar voluntariamente por tais meios, posto que elas próprias encontrem de forma ativa 
ou mediante pessoas que porventura indiquem ou escolham, a solução para o conflito 
social. 
 
1.3. A Arbitragem 
 
A Arbitragem é regulada por legislação específica no caso a Lei nº 9.307/96, também 
conhecida por Lei de Arbitragem, legislação que trouxe em seus artigos todo o 
funcionamento e processamento da arbitragem no Brasil, alterada recentemente pela Lei 
nº 13.129, de 26 de maio de 2015. 
Desta forma, a própria Lei preceitua que pessoas capazes de contratar podem 
celebrar convenção de arbitragem para dispor e resolver controvérsias jurídicas 
envolvendo direitos patrimoniais disponíveis. Para tanto, as partes poderão escolher um 
ou mais árbitros de sua confiança, para que processem o feito colocado à apreciação, 
sendo equiparados a servidores públicos para todos os fins de direito. 
 
9 
Ponto relevante a ser considerado é que após instituição da arbitragem, a parte 
demonstra que está abdicando a apreciação do feito pelo Poder Judiciário, não 
necessitando inclusive que a sentença arbitral seja homologada judicialmente. É tanto 
que o árbitro ou árbitros serão de livre escolha das partes litigantes, e prolatará uma 
decisão que não necessitará de homologação, ou seja, confirmação do Poder Judiciário 
para ter validade jurídica e os respectivos efeitos. 
De conseguinte, a arbitragem resolve a controvérsia atacando diretamente o centro 
do conflito, servindo para resolver litígios que envolvam direitos patrimoniais disponíveis, 
que aqueles que poderão ser objeto de disposição por seu titular como questões 
comerciais e industriais de modo geral, questões condominiais e imobiliárias, questões 
pecuárias e agrárias, questões de trânsito de veículos automotores, questões do 
consumidor, questões de transportes, dentre outras. 
Segundo já decidiu o Supremo Tribunal Federal ao declarar a constitucionalidade da 
Lei mediante o Ag. Reg. SE 5.206-7, a instituição da arbitragem não viola ao Princípio da 
Inafastabilidade da Jurisdição, conforme o qual na forma preceituada no art. 5º, XXXV, 
estabelece que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito”, inclusive já mencionado acima. 
Destarte, o Supremo decidiu que a Lei de Arbitragem não viola o mencionado 
preceito constitucional, apesar da impossibilidade de o Poder Judiciário interferir, em 
regra, no procedimento arbitral, a não ser na hipótese de decretação de nulidade da 
sentença arbitral, à luz do art. 33, caput, da Lei nº 9.307/96, tendo, por sua vez, em regra, 
o prazo de 90 (dias) para ser devidamente demandada consoante o § 1º do referido 
artigo. 
No magistério de JOSÉ DE ALBUQUERQUE ROCHA (2012, pags. 267 e 268), a 
arbitragem: 
 
(...) tal como prevista na lei brasileira, é o exercícioda jurisdição desenvolvida 
por agentes privados, árbitro ou árbitros, instituídos por sujeitos também 
privados e instâncias públicas, vez que a atividade dos árbitros e seus efeitos é, 
em parte, regulados pelo direito público, indisponível às partes, regime jurídico 
caracterizador do exercício do poder público. 
 
 
 
 
10 
Na arbitragem, existe assim a figura de um terceiro imparcial, neste caso o árbitro 
que funciona como um Juiz do conflito social, uma vez que o decide, exarando um a 
decisão denominada de sentença arbitral. Não é necessário curso de habilitação de 
arbitragem para figurar como árbitro, mas uma pessoa geralmente com expertise na área 
em conflito, e que é livremente escolhido pelas partes litigantes. 
Por conseguinte, um dos pontos mais relevantes trazidos pela Lei nº 13.129/2015 ao 
alterar a conhecida Lei de Arbitragem foi admitir que a administração pública direta e 
indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos 
patrimoniais disponíveis. 
 
1.4. Negociação 
 
O mecanismo consensual ou alternativo denominado de negociação ocorre no 
âmbito dos conflitos empresariais, caracterizando-se basicamente pela inexistência de um 
terceiro, sendo que o conflito é resolvido pelas próprias partes envolvidas. 
Ao conceituar a negociação, enquanto mecanismo consensual ou alternativo de 
resolução de conflitos, diz LÍLIA MAIA DE MORAIS SALES (2007, págs. 41-42) que: 
 
A negociação é o meio de solução de conflitos em que as pessoas conversam e 
encontram um acordo sem a necessidade da participação de uma terceira 
pessoa como ocorre na mediação. 
(...) 
A negociação pode ser informal, ou seja, as pessoas conversam , chegam a um 
acordo e não assinam qualquer documento – nesse caso não se tem como 
cobrar judicialmente o que foi objeto do acordo. Também pode ser um ato 
formal, se depois da negociação, por exemplo, for celebrado um contrato. 
Nesta situação, em face do descumprimento do que foi negociado, pode um 
das partes exigir perante o Poder Judiciário que seja cumprido o acordo. 
 
Portanto, o aspecto mais relevante da negociação é no sentido de que não há 
necessidade de intervenção de uma terceira pessoa como ocorre em outros mecanismos 
consensuais ou alternativos de resolução de conflitos, sendo, assim, um meio de solução 
pelas próprias partes litigantes. 
 
 
11 
1.5. Conciliação 
 
A conciliação, ao seu turno, consubstancia-se por ser uma forma de resolução do 
conflito através da intervenção direta de uma terceira pessoa, denominado comumente 
de conciliador, o qual apontará soluções para a controvérsia, depois de ouvir as partes 
litigantes. Geralmente está relacionada aos tipos de conflitos sem vínculo emocional 
entre as partes. 
Na conciliação, o conciliador tem uma participação ativa na solução da disputa, 
considerando que opinará, ofertando assim as partes litigantes meios de resolução de 
conflito de forma amigável, sem a necessidade da busca do Estado-Juiz para resolver a 
controvérsia. 
É verdade que para a conciliação ter força de título executivo, é indispensável que 
seja objeto de homologação judicial, ou seja, que a Justiça confirme o acordo porventura 
celebrado. 
No entanto, mesmo assim, não perde assim a característica de meio consensual ou 
alternativa de solução de conflitos sociais. 
De tanta importância e relevância na solução de conflitos sociais, a conciliação é 
regra na Justiça do Trabalho, cujo órgão do Poder Judiciário é inclusive conhecido como a 
Justiça da Conciliação ou do acordo, uma vez que em qualquer momento do processo 
trabalhista poderá ser viabilizada a conciliação. 
No âmbito civil, a Conciliação passou a ser regra com edição da Lei nº 13.105, de 16 
de março de 2015, que instituiu o Novo Código de Processo Civil no Brasil, ao estabelecer 
em seu art. 3º, § 3º, que a conciliação, a mediação e outros métodos de solução 
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores 
públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso de processo judicial. 
Estabeleceu, ainda, o novel Diploma Normativo que o conciliador atuará, 
preferencialmente, nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, como, 
por exemplo, nas questões contratuais e consumeristas. De outra banda, foi dito que 
medição será preferencialmente utilizada nos casos em que existir vínculo anterior entre 
as partes, como, por exemplo, nas questões de família. 
Demais disso, os Juizados Especiais Cíveis e Criminais Estaduais são considerados os 
meios jurisdicionais eminentemente voltados à conciliação, como também nos Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal, onde também coexiste a 
 
12 
predominância da conciliação nas causas de competência da Justiça Federal sujeitos ao 
Juizado Especial, conforme interpretação do art. 3º, Lei nº 10.259/2001. 
Há também no âmbito jurisdicional as intituladas Comissões de Conciliação Prévia da 
Justiça do Trabalho, assim como a Conciliação em matéria criminal, que se concretizam 
mediante os institutos da transação penal e da composição dos danos civis, geram os 
mesmos efeitos relacionados à conciliação. 
Admite-se também no nosso Ordenamento Jurídico a Conciliação extraprocessual, 
quando se permite o acordo extrajudicial, quando efetivamente a conciliação é realizada 
fora das estruturas inerentes ao Poder Judiciário no Brasil, mas como já se disse, nesse 
caso para ter força de título executivo faz-se mister que o acordo celebrado seja 
homologado perante o Juiz. 
De pronto, já se poderá perceber que a conciliação e a mediação são muito 
semelhantes, no entanto, com uma linha tênue de diferença, representada assim pelo 
fato de que na conciliação, o conciliador será parte ativa na resolução da disputa, ao 
tentar demonstrar o melhor às partes na sua solução, ao contrário da mediação, em que 
o mediador terá como um dos seus objetivos primordiais, a pacificação do conflito social 
através da facilitação do diálogo até então inexistente. 
Nesse momento, é importante trazer a título ilustrativo o posicionamento 
sustentado por MARIA DO CARMO MOREIRA CONRADO (2003, p. 87), ao apregoar que: 
 
Na conciliação, o terceiro aconselha, sugere e propõe soluções, mas a decisão 
nasce da vontade das partes. Em nosso ordenamento jurídico, visualiza-se 
conciliação extrajudicial e judicial, sendo esta última, disposta, por exemplo, no 
art. 331 do CPC, na audiência preliminar, englobando direitos, mesmo que 
indisponíveis. 
 
Na conciliação, assim vai existir a figura de um terceiro imparcial, no caso o 
conciliador que também não decide o conflito social, mas aponta às partes os melhores 
meios de solução daquele conflito social apresentado, no entanto, como se verá, o 
mediador não interfere e nem se posiciona, mas somente facilita o diálogo entre as partes 
litigantes. 
Para afunilar ainda mais vosso aprendizado, interessante o exercício de fixação 
abaixo, pois, assim, facilita-se a revisão do conteúdo até aqui proposto. 
 
 
13 
Exercício de Fixação: 
 
01) Quais são os mecanismos primitivos de resolução de conflitos? 
02) O que vem influenciando o crescimento dos denominados mecanismos alternativos 
de resolução de conflitos, em substituição à Jurisdição? 
03) Quais as principais características do gerenciador de conflitos? 
04) Quais mecanismos alternativos ou consensuais de resolução de disputas são 
admitidos pelo Ordenamento Jurídico Pátrio? 
05) Quais são as principais características da arbitragem, da conciliação e da negociação? 
 
UNIDADE 2 – A MEDIAÇÃO COMO ALTERNATIVA CONSENSUAL 
À RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS: 
 
2.1. Noções e Conceitos Gerais de Mediação de Conflitos 
 
A história da mediação de conflitos no Brasil, como mecanismo alternativo ou 
consensual de resolução de conflitos ou disputas remonta a um passado muito recente, 
notadamente nos primeiros anos da década de 90, quandoestudiosos de outros países, 
notadamente europeus e americanos, passaram a proferir palestras apresentando a 
eficiência da mediação de conflitos, máxime pelo fato de fazer com que as partes 
participassem ativamente na busca de alternativas e soluções viáveis na resolução de um 
conflito social. 
Segundo já se apresentou de forma preliminar alhures, a mediação configura-se pela 
participação de uma terceira pessoa no processo de resolução dos conflitos extrajudicial e 
de forma pacífica, com a busca de uma solução encontrada pelas próprias partes 
litigantes, objetivando facilitar o diálogo entre elas. 
Com efeito, na mediação, a terceira pessoa não intervém diretamente, deixando que 
os próprios envolvidos encontrem uma solução para a controvérsia jurídica. Afigura-se 
extremamente relevante para o sucesso do processo de mediação, que o mediador tenha 
a expertise e a paciência de fazer com que as pessoas reflitam e encontrem, elas próprias, 
uma solução do conflito social, colocando-se muitas vezes no lugar do outro. 
 
 
14 
Arremata, por conseguinte, LÍLIA MAIA DE MORAIS SALES (2007, p. 23) que: 
 
A mediação é um procedimento consensual de solução de conflitos por meio do 
qual uma terceira pessoa imparcial – escolhida ou aceita pelas partes – age no 
sentido de encorajar e facilitar a resolução de uma divergência. As pessoas 
envolvidas nesse conflito são responsáveis pela decisão que melhor as satisfaça. 
A mediação representa assim um mecanismo de solução de conflitos utilizado 
pelas próprias partes que, movidas pelo diálogo, encontram uma alternativa 
ponderada, eficaz e satisfatória. O mediador é a pessoa que auxilia na 
construção desse diálogo. 
 
Em seu magistério, aduz ROBERTO PORTUGAL BACELLAR (2012, p. 85): 
 
Como uma primeira noção de mediação, pode-se dizer que, além de processo é 
arte e técnica de resolução de conflitos intermediada por um terceiro mediador 
(agente público ou privado) – que tem por objetivo solucionar pacificamente as 
divergências entre pessoas, fortalecendo suas relações (no mínimo, sem 
qualquer desgaste ou com o menor desgaste possível), preservando os laços de 
confiança e os compromissos que os vinculam. 
 
Para fixar ainda mais os entendimentos preliminares acerca da mediação de 
conflitos, DAYSE BRAGA MARTINS (2003, p. 53), diz que: 
 
A mediação oferece ao indivíduo a possibilidade de crescimento pessoal e 
social ao propiciar a prática do diálogo, do respeito ao próximo e do tratamento 
do problema. Desta forma, o cidadão amplia seus horizontes, pois sai do seu 
mundo individual e enxerga a existência de outros interesses conflitantes, que 
podem ser tão legítimos quanto os seus. 
 
Em muitas ocasiões, o conflito nasce pelas dificuldades com que às partes têm de 
dialogar, sendo indispensável assim que um terceiro venha e influencie na facilitação do 
diálogo entre os agentes. De efeito, a mediação funciona como uma ponte de facilitação 
do diálogo e pacificação social. 
Nesse sentido, o próprio Conselho Nacional de Justiça (C.N.J.), responsável pelo 
controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, bem como por zelar 
pela observância do art. 37 da Constituição da República, e, se for o caso, inclusive, 
editando normas complementares a serem observadas pelos órgãos jurisdicionais, editou 
 
15 
a Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, onde estabeleceu entre os seus 
ditames, que a conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, 
solução e prevenção de litígios, e que a sua apropriada disciplina em programas já 
implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de 
interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças. 
Da mesma forma, o novo Código de Processo Civil Brasileiro – Lei nº 13.105, de 16 
de março de 2015 – que passou a vigorar a partir de março de 2016, conferiu a devida 
importância à mediação de conflitos, a inseriu de forma expressa no Ordenamento 
Jurídico Normativo Pátrio, quando estabeleceu que sua aplicação deverá ser estimulada 
pelos juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive 
no curso do processo judicial. 
No que tange a questão normativa também merece destaque a Lei Federal nº 
13.140, de 26 de junho de 2015, publicada no Diário Oficial da União de 29 de junho de 
2015. Esta Lei dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de 
controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. 
Conforme a própria disposição desta Lei, ficou instituído que ela entrará em vigor no 
prazo de 180 dias a contar da sua publicação no Diário Oficial da União - DOU, destacando 
que foi publicada no D.O.U. em 29 de junho de 2015. 
Pode-se alocar com destaque a questão da mediação extrajudicial e da mediação 
judicial, ou seja, propõe-se que os próprios tribunais, criarão espaços próprios para 
mediação conforme se depreende do artigo 24 da Lei última citada, senão vejamos: 
 
Art. 24. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de 
conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e 
mediação, pré-processuais e processuais, e pelo desenvolvimento de programas 
destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. 
 
Ao final deste material apresenta-se com anexo o texto integral do sobredito 
Diploma Normativo, para que se possa desde já afeiçoar-se com os novos horizontes que 
se avizinham para a mediação de conflitos. 
Em relação à aplicação da mediação de conflitos no âmbito do processo judicial, já 
ponderava DÉBORAH KÁTIA PINI (2003, pág. 46): 
 
 
 
16 
Vale ressaltar que o Poder Judiciário tem como finalidade fazer valer a Lei, 
dizendo o Direito mediante as Decisões, procurando promover a paz social. 
Assim, as decisões proferidas devem, de fato, dirimir o conflito existente, 
justamente para que a soberania do Estado e a tranqüilidade social prevaleçam. 
Daí a grande importância, no procedimento judicial, ou até mesmo anterior a 
este, que os litigantes procedam, quando possível, ao trabalho de mediação, 
para que as decisões judiciais sejam efetivadas no mundo exterior. 
 
De efeito, a mediação é vantajosa por não se limitar diretamente à resolução da lide, 
mas com objetivos bastante delineados de facilitar o relacionamento entre as pessoas, 
com sua preservação empós a solução do conflito. 
Entende-se, assim, que mediação inter-relaciona-se com princípios de várias 
ciências, tais como o Direito, a Psicologia, a Filosofia e a Antropologia e ainda com uma 
abordagem mais ampla do conflito social apresentado. 
Na mediação, por conseguinte, existirá a figura do mediador que, por sua vez, não 
decidirá o conflito social apresentado pelos envolvidos, mas tentará pacificá-las, 
facilitando o diálogo entre eles, o que sequer existia, porquanto os litigantes naquele 
conflito social não mantinham qualquer forma de diálogo. 
Nesse diapasão, firmou posição CÉLIA REGINA ZAPPAROLLI (2003, p. 52): 
 
A mediação, como procedimento, visa à facilitação às partes envolvidas em um 
conflito, à administração pacífica desse conflito por si própria. Ou seja, uma 
pessoa capacitada e neutra, o mediador, usa de técnicas específicas de escuta, 
de análise e definição de interesses que auxiliam a comunicação dessas partes, 
objetivando a flexibilização de posições rumo a opções e soluções eficazes a 
elas e por elas próprias. 
 
Portanto, vê-se que a mediação de conflitos difere um pouco dos demais 
mecanismos consensuais ou alternativos de resolução de conflitos sociais, uma vez que se 
buscará, sobretudo, a facilitação do diálogo, inexistindo, portanto, qualquer decisão ou 
interferência direta na busca de soluções para o conflito social, mas as próprias partes 
procurarão respostas para a controvérsia. 
 
 
 
 
 
17 
2.2. Princípios da Mediação de Conflitos 
 
Os princípios são considerados a baseou alicerce de qualquer sistema jurídico, 
servindo, portanto, de fundamento para delinear o Ordenamento Jurídico. Nessa ótica, 
são invocados como princípios da mediação segundo a Lei nº 13.140/2015: autonomia da 
vontade das partes; busca do consenso; a imparcialidade do mediador; confidencialidade; 
isonomia entre as partes; oralidade; informalidade e boa-fé. 
No que tange a autonomia da vontade das partes, infere-se que os envolvidos são 
livres para optar pela mediação de conflitos, por isso é considerada como mecanismo 
consensual ou alternativo de solução de disputas, uma vez que é facultada à parte 
interessada a opção por tal meio de resolução de controvérsia, não sendo ninguém 
obrigado a atender inclusive os seus chamados ou convites para participação das sessões 
de mediação, que transcorreram na forma também definida pelas mediadas. 
Outro princípio relevante a configurar a mediação de conflitos, segundo expressa 
determinação legal, é a busca do consenso, ou seja, não há na mediação de conflitos 
parte autora, no pólo passivo da demanda, e parte ré no ativo, mas sim interessados ou 
mediados, porquanto as partes não competirão entre si, mas tentaram dialogar, para, 
conjuntamente, encontrarem uma solução para o conflito social, sendo assim, os 
envolvidos é que decidem e não o mediador, já que este serve tão-somente para 
intermediá-lo, suscitando questões a serem dirimidas pelas próprias partes. 
Um princípio relevante também para configurar a mediação seria a imparcialidade 
do mediador, o qual funcionará como facilitador do diálogo até então inexistente no 
conflito, entretanto, não apontará soluções como ocorre como o conciliador e, sim 
deixará que as próprias pessoas façam uma reflexão do conflito apresentado, e 
encontrem meios de pacificá-lo sem a obrigatoriedade da participação direta do Estado-
Juiz. 
Com muita propriedade pontifica SANDRA MARA VALE MOREIRA (2003, pág. 205): 
 
Obedece o mediador aos princípios éticos de independência, imparcialidade, 
competência, discrição e diligência, procurando centrar o foco das discussões 
no problema e não nas pessoas. Busca desarmar as posições de confronto 
assumidas pelas partes e descobrir os reais interesses por trás do conflito, 
detectando-os para trabalhar a cooperação entre as partes. Deve, através de 
questionamentos, dirigir as partes para que elas próprias identifiquem e 
 
18 
externem o real problema que, porventura, esconde-se por trás do discurso 
inicialmente apresentado. 
 
A confidencialidade do processo é aspecto imprescindível, já que, os “problemas” 
trazidos à mesa de mediação muitas vezes envolvem aspectos familiares íntimos, 
relacionamento de vizinhos e valores patrimoniais que, precisam ser preservados para 
que não tragam ainda mais insatisfação e “guerra”. Desta maneira apregoa-se na 
mediação que tudo será mantido, em regra, em sigilo, a não ser se as partes o 
autorizarem. 
O princípio da isonomia entre as partes configura-se pela busca de se tratar 
igualmente os mediados, não privilegiando um deles em detrimento do outro. Desse 
modo, é importante destacar isso aos mediados, para que entendam que na mediação as 
partes além de autônomas devem receber tratamento isonômico. 
 Com a instituição do princípio expresso da oralidade, o legislador 
infraconstitucional quis deixar evidente que na mediação deverá ser priorizada a 
comunicação verbal, e somente será registrado algum ato realizado através da forma 
escrita na hipótese das partes pretenderam homologar tal ato judicialmente ou então 
caso assim optarem expressamente, por exemplo. 
No princípio da informalidade, pretendeu-se, a bem da verdade, estabelecer 
também expressamente o que já era um entendimento corriqueiro dentre os estudiosos 
da mediação de conflitos, no sentido de que na sessão de mediação, não existe um forma 
previamente estabelecida, mas tudo ali deverá ser conduzido de maneira informal pelos 
mediados e o mediador. 
Por fim, o princípio da boa-fé simplesmente tem o condão de se firmar o 
entendimento de que a mediação não poderá ser utilizada para fins de vingança ou 
intimidação da outra parte, e nem tampouco de forma falaciosa ou falseando a verdade, 
mas sim como mecanismo eficiente à pacificação social e resolução de conflitos. 
 Feita a abordagem acerca dos princípios, passemos a observar alguns dos 
objetivos da mediação de conflitos. 
 
 
 
 
19 
2.3. Objetivos de Mediação De Conflitos 
 
Antes de adentrar diretamente nos objetivos da mediação de conflitos, é 
interessante dizer que, dada a amplitude de alcance desta modalidade de solução 
alternativa de resolução de controvérsias, não se pode esgotar os objetivos, finalidades 
ou benefícios, entretanto, interessantes para o aprendizado estudar alguns deles, neste 
sentido, válido observar o magistério de LÍLIA MAIA DE MORAIS SALES (2007, p.34): 
 
A solução de conflitos, por meio da facilitação do diálogo, configura-se no 
objetivo mais evidente da mediação. O diálogo, que é o caminho a ser seguido 
para se alcançar essa solução, deve ter como fundamento a visão positiva do 
conflito, a cooperação entre as partes e a participação do mediador como 
facilitador dessa comunicação. 
 
Dentre os objetivos da mediação pode-se destacar: solução de conflitos; prevenção 
da má administração de conflitos; inclusão social e paz social. 
Sem dúvida, o primeiro objetivo da mediação é solucionar o conflito através de uma 
participação ativa e direta dos envolvidos, fazendo com que eles próprios encontrem 
soluções às controvérsias apresentadas. 
Não obstante tal aspecto, o conflito somente passou a existir porque foi de alguma 
forma mal administrado, e é nesse momento que surge a mediação de conflitos como 
mecanismo eficaz para gerência da controvérsia, atuando como instrumento de 
prevenção da má administração de conflitos. 
Nesse aspecto, ressalta com propriedade LÍLIA MAIA DE MORAIS SALES (2003, p. 
132): 
 
A mediação, por suas características, possui como objetivos a solução e a 
prevenção de controvérsias, a inclusão e a paz social. Solução e prevenção de 
conflitos (prevenção da má administração de problemas), quando determina o 
diálogo pacífico como meio de discussão, incentivando a cooperação e a 
solidariedade entre as partes. Inclusão social, quando estimula a participação 
ativa dos indivíduos na busca pelo entendimento pela decisão do caso, além de 
representar acesso à Justiça. Objetiva, por fim, a paz social, visto que previne a 
má administração dos conflitos, já que entende o conflito como algo próprio do 
ser humano e necessário para o progresso das relações, estimulando a 
comunicação pacífica e ainda conscientiza os indivíduos da sua 
 
20 
responsabilidade individual e social, já que recai sobre eles a responsabilidade 
pela decisão e cumprimento do discutido. 
 
Com efeito, a inclusão e a paz social, que, na verdade, se complementam, fortalecem 
o sentido de que através da mediação de conflitos procura-se pacificar a sociedade, já 
que, as próprias pessoas envolvidas encontram respostas à solução da controvérsia. 
Vistos estes objetivos, no próximo tópico iremos observar a importância do 
mediador e quais competências que deve dotar-se. 
 
2.4. Características do Mediador 
 
O mediador, como já se disse, funciona como a pessoa responsável para intermediar 
o conflito social, para tanto, não é indispensável que se submeta a algum curso ou 
habilitação prévia, também não é necessário curso superior, diploma ou certificado para 
exercer tal mister, mas, a bem da verdade, a doutrina que discute o assunto sustenta que 
o bom mediador deverá ser detentor das seguintes características: empatia; paciência; 
inteligência; criatividade; confiabilidade; humildade; objetividade; habilidade na 
comunicação e imparcialidade em relação ao processo e ao resultado. 
No tocante a figura do mediador, pondera JUAN CARLOS VEZZULLA (2003, pág. 116):Consulta-se um mediador para que não se resolva nem diga o que deve ser 
feito. Pelo contrário, pede-se a intervenção de um mediador para que facilite o 
exercício da autodeterminação, para que possibilite a abordagem de um 
conflito conhecido e por meio do trabalho dos próprios mediados se consigam 
soluções desejadas e satisfatórias que podemos dizer já estavam em estado de 
latência, aguardando serem despertadas. 
 
Não obstante o disposto no parágrafo anterior é válido ressaltar que quando entrar 
em vigor a Lei nº 13.140, de 26.06.2015, já abordada em nosso estudo, haverá pode-se 
dizer dois tipos de mediador, quais sejam: o mediador extrajudicial e o mediador judicial, 
sendo que, para este último será exigido dentre outros curso superior e capacitação 
específica. Para perceber melhor esta questão observemos os artigos 9º , 10 e 11 da Lei, 
senão, vejamos: 
 
 
21 
Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz 
que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, 
independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe 
ou associação, ou nele inscrever-se. 
Art. 10. As partes poderão ser assistidas por advogados ou defensores públicos. 
Parágrafo único. Comparecendo uma das partes acompanhada de advogado ou 
defensor público, o mediador suspenderá o procedimento, até que todas 
estejam devidamente assistidas. 
[.....] 
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo 
menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo 
Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição 
de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e 
Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os 
requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em 
conjunto com o Ministério da Justiça. 
 
Com efeito, o mediador deverá ter, sobretudo, a chamada escuta ativa. 
 
 
 
ESCUTA ATIVA 
 
A excelência no saber ouvir é tecnicamente conhecida como “Escuta ativa”, ou seja, 
deixar os envolvidos livres para falar (respeitando-se). Demonstrar-se realmente 
interessado, com atenção e respeito ao que é colocado. Valorizar as colocações e 
parabenizar os possíveis elogios que as pessoas façam entre si. Enfim é doar-se e acolher 
os envolvidos. 
Agora iremos observar nitidamente a prática operacional da mediação de conflitos, 
conforme pontos a seguir. 
 
 
 
22 
2.5. Procedimentos da Mediação de Conflitos 
 
No processo de mediação, o mediador deverá adotar alguns procedimentos, que 
evidentemente poderão ser alterados a critério das partes, tais como: 
 
a) descrever o processo de mediação para as partes é importante, logo no início da 
sessão de mediação, indicar e esclarecer às partes como funciona o instituto da 
mediação, os efeitos positivos que poderá trazer no sentido de resolver de forma 
consensual e amigável o conflito social apresentado; 
b) definir, com os mediados, todos os procedimentos pertinentes ao processo o 
mediador, além de tentar intermediar o conflito social, visando a sua pacificação, deverá 
compartilhar com as partes o melhor procedimento a ser utilizado na sua solução; 
c) esclarecer quanto ao sigilo dizer também logo às partes mediadas que os debates 
ou soluções apresentadas pelas partes não serão objeto de publicidade, mas ficarão 
sujeitas ao sigilo; 
d) assegurar a qualidade do processo, utilizando todas as técnicas disponíveis e 
capazes de levar a bom termo os objetivos da mediação poderão ser utilizadas nos 
procedimentos relacionados à mediação de conflitos a gravação, a digitalização, 
elaboração de ata com a síntese do que foi discutido, além de outros métodos que sirvam 
a busca integralmente a pacificação social e a facilitação do diálogo das partes ; 
e) sugerir a busca e/ou participação de especialistas na medida em que suas 
presenças se façam necessárias a esclarecimentos para a manutenção da equanimidade 
nada obsta que se as partes ou os mediadores não conseguirem esclarecer dúvidas 
técnicas relacionadas ao conflito social apresentado pelas partes, que seja elaborado um 
laudo pericial por um experto, tratando das questões mais técnicas ali delineadas; 
f) interromper o processo frente a qualquer impedimento ético ou legal se o 
mediador constatar a necessidade de interrupção do procedimento de mediação, poderá 
evidentemente interromper a sessão e remarcá-la para outra data; 
g) suspender ou fiscalizar a mediação quando concluir que sua continuação possa 
prejudicar qualquer dos mediados ou quando houver solicitação das partes demonstrar-
se-á às partes que aquilo conflito social não tem condições de sujeitar-se aos parâmetros 
da mediação de conflitos; 
 
 
23 
h) fornecer às partes, por escrito, as conclusões da mediação quando por elas 
solicitado poderão ser elaborado pelo mediador um documento por escrito e entregue às 
partes, contendo um resumo do que foi resolvido na sessão de mediação de conflitos. 
Todas as ações acima apresentadas apresentam-se bem postadas no que se chama 
de Pré-mediação e Fases da Medição de Conflitos, o que passamos a reproduzir e que 
conduzirão ao aprendizado e visualização ainda mais completo. 
Como visto a mediação trata-se de um procedimento que não obstante buscar o 
caminho da simplicidade e da desburocratização para solução do conflito, precisa ser 
trabalhado com técnica segura e roteiro estabelecido. Por meio de experiências vivenciais 
diversas, os estudiosos chegaram a um consenso acerca de um processo ideal de 
mediação que passa por duas etapas: Pré-mediação e Mediação. 
 
Pré-mediação 
 
O mediador realiza uma conversa separadamente com cada envolvido para que 
tenha conhecimento do conflito do ponto de vista deles. Aqui também é explicado o que 
é o processo de mediação e abre-se o leque para a confiança mediador-mediados. 
 
Mediação 
 
A mediação por sua vez divide-se em quatro fases: 
 
Primeira Fase 
 
O mediador abre a palavra para os envolvidos falarem qual o conflito e suas causas; 
 
Segunda Fase 
 
O mediador faz um resumo do que escutou solicitando que os mediados 
intervenham se algo estiver fora do contexto 
 
 
 
 
24 
Terceira Fase 
 
O mediador, sem impor qualquer obrigação, solicita dos mediados que apresentem 
soluções para o conflito e instiga a busca pelo caminho mais benéfico para ambos; 
 
Quarta Fase 
 
O mediador com o consenso dos envolvidos materializa por escrito a decisão que 
eles mesmos tomaram. 
 Para que o mediador consiga proporcionar aos envolvidos a possibilidade de 
dialogar entre si, o poder de enxergar um novo prisma e a capacidade de civilizadamente 
chegar a uma solução, faz-se necessário que tenha pleno conhecimento, habilidade e 
atitude para cumprir com excelência tanto a pré-mediação como a mediação. 
Percebe-se nitidamente que se trata de algo processual que tem início, meio e fim. 
Uma das virtudes do mediador é a sábia paciência, isto é, saber onde, quando e como 
argumentar. Inexiste tempo certo para uma sessão de Mediação, aliás, o fato pode ser 
resolvido em uma única sessão, em várias sessões ou até mesmo, não ser resolvido. Neste 
último caso, não se entende como fracasso, pois, a valorosa tentativa de pacificamente 
resolver um conflito já é por si só uma ação vitoriosa. 
Para aprofundar melhor o seu aprendizado faça o exercício de fixação para concluir a 
unidade 2. 
Na Unidade 3 iremos estudar dentre outros a abrangência da mediação de conflitos 
e o seu alcance mundial. 
 
Exercício de Fixação 
 
01) Diga o que entende por mediação de conflitos e cite dois de seus princípios? 
02) Destaque três objetivos mais relevantes da mediação de conflitos e comente cada um 
deles. 
03) É necessário curso ou habilitação superior para que um cidadão comum possa figurar 
como mediador em sessão de mediação de conflitos? Fundamenteas respostas nas 
características inerentes ao mediador de conflitos. 
 
 
25 
04) O que é a Pré-mediação? 
05) Cite e explique as fases da mediação de conflitos. 
 
UNIDADE 3 – FORMAS DE EXPRESSÃO E MODELOS DA 
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: 
 
3.1. Abrangência da Mediação De Conflitos 
 
no Brasil, existem várias formas de expressar a mediação de conflitos, sendo as mais 
comuns na seara familiar, penal, trabalhista, hospital, escolar e comunitária, dentre 
outras. Evidentemente, é importante destacar que a mediação de conflitos vem se 
consolidando como mecanismo consensual de resolução de conflitos, 
independentemente da área ou setor, mas, contanto, que as partes consigam voltar a 
dialogar. 
Com bastante lucidez e objetividade diz ADOLFO BRAGA NETO (2003, pág. 21): 
 
Assim e que ao se falar em mediação, busca-se maior pacificação na solução 
privada dos mesmos, abrindo-se a possibilidade do indivíduo exercer a 
cidadania plena, por intermédio de sua capacitação na resolução de suas 
próprias controvérsias. 
 
No campo familiar, a mediação de conflitos é importante porquanto se discutirá a 
responsabilidade de cada uma no conflito originado, situação que muitas vezes é afastada 
em decorrência do aspecto eminentemente emocional que prima os conflitos familiares, 
dificultando inicialmente qualquer diálogo entre as partes. 
Considera-se relevante, além disso, o fato de que na mediação não se procurará 
adversários, mas no sentido de que os envolvidos devem conjuntamente procurar uma 
solução pacífica e satisfatória ao conflito social. 
LILIA MAIA DE MORAIS SALES (2007, p. 144) diz com muita propriedade que: 
 
São justamente nos conflitos familiares que são vividos sentimentos como: 
hostilidade, vingança, depressão, ansiedade, arrependimento, ódio, mágoa etc., 
dificultando a comunicação entre os mediados. Durante uma crise, os familiares 
não conseguem conversar de forma ordenada e pacífica para resolver suas 
 
26 
controvérsias. Assim, a mediação familiar incentiva a comunicação entre as 
partes, responsabilizando-as pela formação de uma nova relação baseada na 
mútua compreensão. 
 
A Mediação de Conflitos também abrange o universo penal, máxime ao manter um 
diálogo construtivo entre vítima e infrator, bem como proporcionar uma percepção da 
dimensão real do problema pelo infrator e pela vítima, sendo, portanto, alternativa à 
justiça repressiva, com a denominada Justiça Restaurativa. 
Há, ainda, a possibilidade da denominada Mediação Hospitalar, que trata do aspecto 
da mediação, em nível pessoal, organizacional e em nível do paciente. 
Por conseguinte, abrange-se também a Mediação Escolar, com a finalidade de tratar 
da Mediação de conflitos na escola. De fato cada vez mais este campo da mediação 
avança, inúmeros são os conflitos entre alunos e alunos, professores e alunos, etc. Se não 
trabalhados estes “desentendimentos” pode acontecer inclusive o agravamento com 
conseqüências graves, inclusive, agressões físicas. 
Por fim, existem situações atuação de plena aplicação da mediação na seara da 
Segurança Pública, com a ação integrada das policias e guardas, das comunidades e dos 
técnicos. Mais adiante iremos observar diversas experiências de mediação e segurança 
pública. 
No próximo tópico interessante observar os modelos, espécies e técnicas de 
mediação de conflitos. 
 
3.2. Modelos e Técnicas de Mediação de Conflitos 
 
São considerados Modelos de Mediação, segundo a Secretaria Nacional de 
Segurança Pública (SENASP): 
 
a) Modelo Tradicional-Linear (Harvard) → busca-se chegar a um acordo satisfatório 
para as partes; 
b) Modelo Transformativo (Bush e Folger) → as próprias partes percebem o conflito 
e encontram a solução, sendo então as próprias protagonistas da mediação; 
c) Modelo Circular-Narrativo (Sara Cobb) → encontra suas bases na comunicação, 
nos elementos verbais, corporais e gestuais. 
 
27 
Já as técnicas utilizadas na concretização da mediação de conflitos são dentre outras: 
a escuta ativa; a observação das expressões; as perguntas abertas; as anotações; a 
gravação e a filmagem. 
Aplicar-se-ão, assim, as técnicas da mediação mediante aos seguintes momentos: no 
primeiro, fala-se sobre o conflito; no segundo, o mediador faz um resumo do conflito; no 
terceiro: apresentação de soluções pelos mediados; e, por fim, o mediador materializa 
por escrito, se for o caso, a decisão tomada pelos mediados. 
 
3.3. Espécies de Mediação de Conflitos 
 
 Também em conformidade com os ensinamentos da SENASP, as Espécies de 
Mediação quanto à metodologia são: 
 
a) Técnica → é bastante útil em contextos complexos; 
b) Comunitária→ forte estímulo à solidariedade, sendo um facilitador do 
estabelecimento de cooperação entre as partes. 
 
Independentemente de ser Técnica ou Comunitária, prevalecem em ambas os 
objetivos, princípios da mediação, ou seja, proporcionar o diálogo para que os envolvidos 
encontrem a pacificação social. Para entender melhor o alcance da mediação de conflitos 
não só no Brasil como no mundo, válido assistir o vídeo abaixo onde se apresenta 
experiência de mediação, inclusive nos Estados Unidos da América na Universidade de 
Columbia. 
 
 
Vídeo 1 – A mediação e seus horizontes. 
 
 
28 
Com o conteúdo deste tópico e também com as diretrizes do vídeo, com vistas ao 
seu maior aprendizado, faça o exercício de fixação antes de iniciar a Unidade 4, na qual, 
serão observados aspectos práticos da mediação de conflitos no campo da segurança 
pública. 
 
Exercício de Fixação 
 
01) Quais as áreas podem abranger a mediação de conflitos? 
02) Como se aplica a mediação de conflitos na seara familiar? 
03) Quais são os modelos de mediação de conflitos segundo a Secretaria Nacional de 
Segurança Pública (SENASP)? 
04) Na seara penal, como poderá ser aplicada a mediação de conflitos? 
05) Quais são as espécies de mediação de conflitos? 
 
UNIDADE 4 – AS EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS DA CRIAÇÃO DA 
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA SEARA DA SEGURANÇA 
PÚBLICA: 
 
Há muitas experiências exitosas de utilização da mediação de conflitos na seara da 
Segurança Pública. Passou-se o tempo de pensar Segurança Pública no aspecto 
eminentemente repressivo ou ostensivo, mas deve-se visualizá-la sob o aspecto de 
futuro. E, então, sob tal contexto que se considera a possibilidade de buscar soluções 
para os conflitos sociais de forma pacificadora e amigável, através da aplicação da 
mediação de conflitos na seara da Segurança Pública. 
Com o fito de justificar entendimentos nesse sentido, exemplifica-se, logo de início, 
que a cidade de Joinville criou um Núcleo de Mediação de Conflitos da Polícia Militar, um 
projeto considerado pioneiro no Brasil, com a pretensão de se resolver pequenos 
desentendimentos entre pessoas com algum grau de relacionamento, como parentes, 
vizinhos e amigos, dispensando-se, para isso, a burocracia policial. Em tal núcleo, ficou 
determinado que o atendimento seria realizado por policiais militares, que passarão a 
intervir entre os envolvidos com a finalidade de gerenciar a crise e buscar acordo, 
prevenindo a violência, com o comparecimento voluntário das pessoas envolvidas em 
 
29 
conflitos, através de uma chamada que poderá ser feita por telefone, e-mail ou carta. 
Outra experiência prática de criação do instituto da mediação de conflitos na seara 
policial diz respeito à criação de um Núcleo de Mediação Comunitária no quartel da 
Polícia Militar em Tabapuã, São Paulo, com o objetivo de tentar uma maior aproximação 
da população com a Polícia, através da conversa e do diálogo, e que funcionou 
inicialmente no sentido de que em toda ocorrência policial ou atendimento público que 
se identifique a existência de um conflito que esteja relacionado em um rol de 
ocorrências passíveis de mediação (tais como injúria, calúnia, difamação, dano, exercício 
arbitrário das próprias razões, outras fraudes, conflitosfamiliares e de vizinhança, etc), e 
as partes litigantes serão consultadas quanto ao interesse em promover a solução do 
conflito, em data oportuna, no núcleo de mediação. E, então, coexistindo o interesse de 
ambas as partes, o mediador agendará uma sessão para mediação e as partes serão 
ouvidas e concitadas a buscarem uma resolução pacífica do conflito, evitando assim 
burocracias e demoras em processos. 
Experiência também interessante ocorreu com a inauguração do Núcleo de 
Mediação Comunitária de Votuporanga, também em São Paulo, os quais serão pontos 
para atendimento do público em geral, nas Organizações Policiais Militares, nos casos em 
que houver a necessidade de mediação comunitária de conflitos. Funcionarão sob 
mediação de um policial militar capacitado pela SENASP, focados em gerir os problemas 
sociais derivados de comportamentos reprováveis, antevendo conflitos e empregando 
práticas preventivas que minimizem a incidência de manifestações violentas. 
O objetivo, então, é atuar nos delitos de ação penal público privada, que só terão 
continuação se as partes quiserem, máxime em crimes como injúria, calúnia, difamação, 
dano, exercício arbitrário das próprias razões, outras fraudes, conflitos familiares e de 
vizinhança, dentre outros. 
Também tivemos experiência com êxito durante um período no Estado do Ceará, 
quando no ano de 2010, na Delegacia do 30º Distrito Policial de Fortaleza, no bairro São 
Cristóvão, em parceria entre a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e a 
Universidade de Fortaleza (UNIFOR), estudantes do curso de Mestrado em Direito 
exerceram as suas atividades perante o núcleo de mediação na tentativa de resolver 
conflitos sociais dos moradores da região do populoso bairro em que se localizava a 
Delegacia, detentor de um grande histórico de violência. 
 
 
30 
 
Vídeo 2 – Experiência de Mediação – 30ª DP 
 
A semente plantada no 30º Distrito surtiu efeito e hoje temos novas iniciativas como 
o Projeto atualmente em desenvolvimento no 2º Distrito, 
 
 
 
O projeto conta com logomarca própria e tem as ações exitosas expostas a partir de 
uma conta criada na rede social Instagram (@calmavamosconversar). Nesse perfil, são 
divulgados os acordos firmados nas sessões de mediação, bem como as partes, em vídeos 
e declarações, manifestam a plena satisfação com a possibilidade de resolver a demanda 
em curto espaço de tempo. 
Funcionando em uma sala do 2ºDP, desde o dia 1º de outubro de 2019, sob a 
supervisão dos Delegados Felipe Porto Segundo e Maria do Socorro Portela Alves do Rêgo 
e coordenado pela Escrivã Ana Paula Lima Cavalcante, o Núcleo Consensual de Mediação 
estruturou e deu forma a atendimentos e acordos que em outras delegacias eram feitos 
de forma intuitiva e sem qualquer metodologia ou registro oficial. 
Atendendo os bairros compreendidos pela circunscrição do 2ºDP (Aldeota, Varjota, 
Meireles e Praia de Iracema), o projeto prevê, em linhas gerais, o agendamento de 
audiência entre partes envolvidas em conflitos de natureza criminal que dependam de 
 
31 
representação ou queixa crime, ou até mesmo fatos atípicos que tenham potencial para, 
futuramente, se transformar em delitos. Na sessão de mediação, a escrivã coordenadora 
oportuniza a possibilidade de acordo, de forma que situações que antes demandavam a 
polícia civil e o judiciário por meses ou até anos, passaram a ser resolvidas em poucos 
dias. O que, seguramente, contribui para a prevenção da violência e da criminalidade, 
bem como para fortalecer, ainda mais, a imagem da Polícia Civil cearense. 
No total, em pouco mais de um ano, já foram realizados mais de 500 (quinhentos) 
atendimentos, os quais resultaram em 177 (cento e setenta e sete) procedimentos 
instaurados, com um percentual de 93,47% de acordos firmados nas sessões de mediação 
realizadas. Dessa forma, o projeto surge como uma alternativa eficaz na resolução de 
pequenos conflitos encaminhados a esta delegacia, possibilitando que o efetivo policial 
restante se concentre nos casos mais gravosos. 
Não obstante, as situações práticas e os meios já criados em alguns estados no 
tocante à mediação de conflitos na seara policial, o Ministério da Justiça vem estimulando 
a instituição de ações relacionadas ao denominado policiamento comunitário, que, 
dentre outros, institui a mediação de conflitos no âmbito da segurança pública. 
Segundo informações extraídas do próprio site do aludido Ministério, “a Justiça 
Comunitária é uma ação do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania - 
PRONASCI que estimula a comunidade a construir e a escolher seus próprios caminhos 
para a realização da justiça, de forma pacífica e solidária. A Secretaria de Reforma do 
Judiciário apóia projetos, por meio de convênios com defensorias públicas, governos 
estaduais, municipais, ministérios públicos, tribunais de Justiça e sociedade civil que 
possuam como foco e objetivo o desenvolvimento de formas negociadas de resolução de 
conflitos e dos direitos do cidadão. A mediação comunitária é uma das mais importantes 
ferramentas para a promoção do empoderamento e da emancipação social. 
Tal política pública, denominada Justiça Comunitária, visa a implantação ou o 
fortalecimento de núcleos por meio do financiamento de atividades de capacitação de 
agentes de mediação comunitária, aquisição de equipamentos, contratação de 
profissionais e adequações de espaços físicos”. 
Portanto, vê-se de forma clara com tal projeto, o interesse manifesto do Governo 
Federal em contribuir na difusão dos programas de mediação de conflitos na seara 
policial, o que certamente acarretará uma nova visão da sociedade no tocante à aplicação 
da importância do mecanismo consensual de mediação de conflitos, que não deve se ater 
 
32 
somente ao Poder Judiciário, mas deverá transpor barreiras, e ser efetivamente 
implementada também nas ações desenvolvidas pelo Estado em relação à Segurança 
Pública, corroborando, por sua vez, com as ações ostensivas, preventivas e investigatórias 
naturalmente vinculadas à segurança. 
No mesmo sentido, vem defendendo o Ministério Público, como inclusive se pode 
constatar no Estado do Ceará, onde a Procuradoria Geral de Justiça do Estado já mantém 
há alguns anos, os denominados “Núcleos de Mediação Comunitária”, através de 
programa específico, que visa promover a pacificação social, o fortalecimento das bases 
comunitárias e a prevenção e solução de conflitos. 
Veja agora um vídeo que mostra de forma bastante clara como funciona um Núcleo 
de Mediação Comunitária. 
 
 
Vídeo 3 – Núcleo de Mediação Comunitária 
 
Com a instituição de tal programa, o Ministério Público Estadual resolveu, então, 
instituir uma normatização própria, em decorrência da ausência de normas federais ou 
estaduais acerca da mediação. Nesse sentido, resolveu normatizar tal mecanismo, ao 
estabelecer, por exemplo, na Resolução nº 01, de 27 de junho de 2007, oriunda do 
Colégio dos Procuradores de Justiça do Estado do Ceará, meios a serem seguidos na 
criação e no funcionamento do Programa de Incentivo à implementação de núcleos de 
mediação no âmbito das Promotorias de Justiça do Estado do Ceará. 
Foi instituído, além disso, no Estado do Ceará, o Dia Estadual do Mediador 
Comunitário, a ser celebrado, anualmente, no dia 13 de setembro, consoante se extrai da 
Lei Estadual nº 14.620, de 18 de janeiro de 2010. Já no município de Fortaleza, também 
instituiu mediante a Lei Municipal nº 9.853, de 11 de novembro de 2011, o Dia Municipal 
do Mediador Comunitário. 
 
 
33 
Com base no aprendizado adquirido, faça o exercício de fixação para aprimorar ainda 
mais vosso aprendizado. 
 
Exercício de Fixação 
 
01) É possível aplicar a mediação de conflitos na seara da Segurança Pública? 
02) Como se implementou o Núcleo de Mediação de Conflitos da Polícia Militar na cidade 
de Joinville? 
03) De que forma o Estado do Ceará

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