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Os textos escolares e suas avaliações Antonio Marcos lopes freitas Edivaldo dos Santos Viana Otávio Braga da Silva Resumo: A avaliação é um processo continuo que possibilita ao professor descobrir possíveis deficiência de aprendizado do aluno, fazendo com que professor e aluno reflitam sobre o que há de errado na metodologia usada na aquisição e transmissão do conhecimento. A avaliação nunca pode ser motivo de opressão do aluno por parte do professor. É através da avaliação que o aluno pode melhorar no que diz respeito ao processo de aprendizagem. A tarefa de avaliar se torna ainda mais difícil quando se volta para a produção de texto, a redação escolar. Por muito tempo a redação era voltada somente para a avaliação da ortografia e concordância, a redação clássica. Mas recentemente, com uma nova concepção sobre os gêneros textuais, foi que a produção de texto escolar passou a preparar o aluno para exercer uma atividade mais ativa no contexto sociocultural. Esse novo método de produção textual passou a ser chamado de redação mimética. Palavra-chave: avaliação, produção textual, competências, escola, aluno Introdução: Este trabalho pretende discutir a respeito dos métodos avaliativos utilizado por professores em sala de aula na produção de textos. Tendo como parâmetro as perspectivas propostas por Beth Marcuschi. O objeto de estudo aqui será os modelos de redação escolar e a forma que ela é trabalhada nas escolas de hoje e como eram trabalhadas no passado. Observa-se que há dois modelos distintos de redação escolar, a clássica e a mimética. A primeira voltada unicamente para o âmbito escolar, onde a única preocupação do aluno é escrever para o professor, desconsiderando o contexto social. A segunda abrange os gêneros que circulam diretamente nos meios sociais, onde o mais importante é fazer com que os alunos se apropriem de conhecimentos que facilite sua interação com a sociedade. Desenvolvimento: Como diz Marcuschi produzir um texto é uma atividade bastante complexa e pressupõe um sujeito não apenas atento às exigências, às necessidades e aos propósitos requeridos por seu contexto sócio histórico e cultural, mas também capaz de realizar diversas ações e projeções de natureza textual, discursiva e cognitiva, antes e no decorrer da elaboração textual. Antigamente a produção de texto nas escolas era restrita a saber utilizar de forma adequada a escrita. O que se avaliava era apenas a ortografia e a apropriação das regras gramaticais. Muito por isso que nas aulas de português era corriqueiro os exercícios de analises sintáticas e de analises e produção de palavras soltas e descontextualizadas. Geralmente os temas propostos nas redações clássicas eram puramente casuais e sem nenhum objetivo especifico, para que essa redação pudesse ser aproveitada fora do contexto escolar, sem tomar a escrita como uma forma de interlocução, pois a indicação sobre o que escrever não aparecia de modo contextualizado, nem eram estabelecidos os objetivos da atividade, nem o leitor presumido e o espaço em que o texto iria circular. O tema geralmente abarca algum evento (campanha contra a violência), alguma data comemorativa (dia das mães), alguma ocorrência na comunidade (festa da padroeira) ou simplesmente reproduz assuntos tradicionais da cultura escolar (minhas férias, uma aventura, um passeio). Nesses casos, o tema (que acaba se transformando muitas vezes no próprio título do trabalho do aluno), costuma ser escrito na lousa ou indicado oralmente pelo professor, sem que seja fornecida qualquer orientação de planejamento do texto. É a redação clássica por excelência. De acordo com Marcuschi e Suassuna (2007, p. 62). A avaliação era dada a partir de somatória de erros, em que o professor considerava o texto do aluno “bom” aquele que tivesse o menor ou nenhum número de erro ortográfico e de concordância. Recentemente ocorreram mudanças significativas na forma de ensino de elaboração de texto no espaço escolar. O estudo sobre os gêneros textuais passou a ser foco principal para a produção de texto. No entanto, de início, o ensino se preocupou apenas em nomear e classificar, parecido com que acontece com o ensino de gramatica, sem trazer o conhecimento adequado para o aluno. Outro modelo de redação que vem sendo inserida no âmbito escolar nos últimos anos é a mimética. O proposito principal da redação mimética é fazer com que o aluno se aproprie das competências e habilidades necessárias para se portar adequadamente em qualquer situação interacional. Nesse contexto é que os gêneros textuais passaram a ser trabalhados sobre uma perspectiva de relação com as práticas sociais. Os estudos sobre os gêneros textuais, a concepção de língua como interação e os estudos sócio interacionistas provocaram significativas transformações no encaminhamento do trabalho com o texto em sala de aula. A escrita de textos passou então a ser vista como uma habilidade que deve ser ensinada e que precisa fazer sentido para o aluno. Começaram a se fazer presente um cuidado em explicitar para o aprendiz, parcial ou amplamente, as condições de produção e circulação do texto, bem como uma atenção no sentido de propiciar encaminhamentos pedagógicos que favoreçam o planejamento, a revisão e a reescrita dos textos. Nessa perspectiva, o que se solicita dos estudantes não é uma simples ‘narração’ ou uma ‘descrição’, por exemplo, mas a elaboração de um texto que incorpore os traços de gêneros que circulam na esfera extraescolar. Isso não significa, obviamente, deixar de lado o ensino das sequências narrativas ou descritivas ou argumentativas presentes nos diferentes gêneros textuais, mas envolve uma mudança significativa no foco da aprendizagem, que passa a dar prioridade ao gênero textual extraescolar e não se fixa apenas no tema ou no gênero escolarizado. De acordo com Marcuschi e Suassuna (2007, p. 66-67) . Como pode-se observar no texto de Marcuschi o papel fundamental do professor é trazer aos alunos os recursos necessários para construção de um texto que atenda as necessidades de comunicação em todo âmbito social. O texto produzido na escola deve ser uma simulação para as situações exigidas fora do contexto escolar. É por isso que a escola deve trabalhar com as diferentes formas de letramento como: literário, jornalístico, cientifico, etc. e abranger os diversos gêneros textuais (ofícios, editoriais, texto de opinião, bilhete, memorando, entre outros que circulam no meio social). Deve-se também explicitar para o aluno o que exige a escrita para os diferentes contextos de produção textual, para quem deve escrever, para quê escrever, o meio de circulação do texto, e o tom a ser usado na escrita. O papel do professor é fazer com que o aluno se aproprie dessas competências. A avalição não está ligada ao conhecimento da gramatica normativa e a ortografia do aluno, mas sim da evolução do seu conhecimento e suas competências. Na tomada da decisão avaliativa, são estabelecidos procedimentos comparativos entre o fenômeno, a pessoa ou o evento avaliado e a expectativa que se tem a respeito desse fenômeno, pessoa ou evento. É nessa confluência de parâmetros que se instala a avaliação. Esta se caracteriza como um ‘refletir sobre’ os saberes construídos com vistas à revisão do ensino e da aprendizagem, e não como um “identificar erros” com vistas ao estabelecimento de uma medida para o aluno. A avaliação é dinâmica e passível de alterações, estando sujeita a versões variadas (mas não infinitas), culturalmente situadas, no decorrer do processo interacional. Essa proposta avaliativa rompe com a perspectiva quantitativa, e é elaborada com base em um discurso reflexivo e crítico da concepção de avaliação somativa, fundada na mensuração de resultados. De acordo com Marcuschi e Suassuna (2007, p. 62). Conclusão: A avaliação deve ser vista como um processo que viabilize um meio de crescimento pessoal e intelectual para o aluno, levando em consideração suaevolução no processo de aprendizagem sem restringi-lo a um mecanismo que priorize uma somatória de conceitos avaliativos. Ela não pode ser um método de opressão e de intimidação para o aluno, com seus testes e correções em público, mas sim uma forma de auxilio e acompanhamento para melhorar cada vez mais o aprendizado do aluno. Referencias: MARCUSCHI, Beth; SUASSUNA, Lívia. Avaliação em língua portuguesa: contribuições para a prática pedagógica.1 ed. Remp. Belo Horizonte. Autentica. 2007.