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Aula 1 - Imprensa-Jornal

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COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL
A história do jornal, rádio, TV e cinema - imprensa
- IMPRENSA - "de olho no passado" - youtube / JORNAL
	200 anos de imprensa no Brasil.
	Em 1808, Dom João VI autorizou a Imprensa Régia no Brasil (decreto de 13 de maio de 1808), porém com forte censura a fim de impedir a divulgação de qualquer coisa contra o reino, a família e os bons costumes. Com os prelos (prensas) de 1808 não veio a liberdade de imprensa. E pouco mais de um mês depois várias medidas renovaram os dispositivos referentes à censura e à vigilância sobre os impressos - tanto os oriundos da Impressão Régia quanto os do exterior.
	Também existiam os jornais não oficiais. "O Correio Brasiliense" (ou "Armazém Literário" - como assim?), de Hipólito José da Costa (maçom foragido), era redigido na Inglaterra e contrabandeado para o Brasil. Ele tinha mais de 100 páginas e era vendo uma vez por mês, em média. Foi lançado em 1º de junho de 1808 e lançado ininterruptamente até dezembro de 1822. Braziliense, segundo Hipólito, era o natural do Brasil e Brasileiro, o português estrangeiro. Ou seja, a publicação é voltada ao Brasil. 
	Em 10 de setembro de 1808 o primeiro jornal oficial, "A Gazeta do Rio de Janeiro", foi publicado e eram publicadas notícias sobre a natureza europeia, documentos oficiais, as virtudes da família real - tudo que fosse a favor da família real e suas origens. A princípio seria semanário, mas depois veio a ser bissemanário. O jornal, dirigido por Frei Tibúrcio José da Rocha, procurou se apresentar como independente, já que a censura continuava em vigor. Em seu primeiro número veio escrito "Esta gazeta, ainda que pertença por privilégio aos oficiais da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, não é, contudo, oficial e o governo somente responde por aqueles papéis que nela manda imprimir em seu nome".
	Em 1811 foi lançado o jornal "A Idade D'ouro" em Salvador, aprovado e apoiado pelo Conde D'ouro. O jornal apoiava as forças portuguesas do General Madeira e era contra Independência de D. Pedro I. Quando o General Madeira foi derrotado, a imprensa de D'ouro acaba em 1823.
	O primeiro jornal com conteúdo científico a ser publicado no Brasil foi o "O Patriota", em 1813 e funcionou até dezembro de 1814. Foi pioneiro em ilustrações, gravuras, tabelas, quadros e abordagem analítica de temas. Entre os que trabalhavam nesse jornal, está o editor Manuel Ferreira, considerado o primeiro jornalista do Brasil (era profissionalmente jornalista).
	A situação da imprensa não mudou antes de 1821. Nesse ano, as restrições à imprensa foram diminuídas pelas Cortes portuguesas, e no Brasil as tensões que levariam à independência faziam florescer uma imprensa política. A censura prévia acaba, mas a liberdade não é real.
	A Revolução do Porto de 1820 coloca fim ao absolutismo português e exige a volta de D. João VI. De 25 de abril de 1822 - dia em que D. João VI retornou à Portugal - até 23 de julho de 1840 - quando a maioridade de seu neto, D. Pedro II, foi declarada, proliferaram-se tipografias, panfletos e jornais. A imprensa de 1821-1823, em grande parte, não passava de "insultos impressos" transformados em uma luta política na qual o próprio príncipe D. Pedro I participou com escritos. Em 1824, a primeira constituição brasileira outorgada por D. Pedro I estabelece a liberdade de imprensa com normas, mas incluiu limitações suficientemente vagas para que os governos de turno aplicassem restrições e represálias. Mais que insultos, eram publicadas ideias em confrontos e os homens que as sustentaram pela imprensa pagaram por isso com a vida ou com os maiores sofrimentos, entre eles, destacam-se: Cipriano José Barata de Almeida (Sentinela da Liberdade - primeiro jornal republicano brasileiro), João Soares Lisboa (editor do Correio do Rio de Janeiro - o primeiro a defender, pela imprensa, a convocação de uma constituinte brasileira e a primeira pessoa a ser processada no Brasil por abuso da liberdade de imprensa), Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, ou Frei Caneca (editor do Typhis Pernambucano, que defendia a liberdade de imprensa e condenava a escravidão - foi preso em combate na repressão à Confederação do Equador e fuzilado), Líbero Badaró (editor do Observatório Constitucional - defensor da tese de que a imprensa deveria ser tanto livre quanto responsável; era crítico ao autoritarismo do Imperador e morreu em 1830 como o primeiro jornalista assassinado no Brasil por conta do que escrevia).
	Um dos maiores exemplos do papel da imprensa na independência foi o "Revérbero Constitucional Fluminense”, escrito por Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa, em setembro de 1821. Em São Paulo, o primeiro jornal impresso só foi surgir em 1823; era o chamado “Farol Paulistano”.
	O “Diário do Rio de Janeiro” (1821-1878) era um jornal um pouco diferente. Ele levava a neutralidade ao extremo. Foi fundado pelo português Zeferino Vito de Meireles, que trabalhou na Imprensa Régia e obteve licença para abrir uma tipografia própria. Antonio Maria Jaurdan o sucedeu após sua morte em um atentado em 1822. O jornal se destacou por ser o primeiro do país com caráter essencialmente informativo e o primeiro a publicar anúncios. Entre as notícias estavam furtos, assassinatos e outros fatos do dia a dia - noticiava notícias locais, não de outros lugares. Levou o apelido de "Diário da Manteiga" pelo preço do jornal ser o mesmo do da manteiga. Jornal de grande popularidade, primou por se manter distanciado dos temas políticos. A própria proclamação da independência não foi informada de imediato aos leitores, como em todos os jornais, e foi mencionada somente uma semana depois. Também não noticiou 57 anos depois a queda da Monarquia. Foi importante, portanto, por ter sido o primeiro a ser exclusivamente informativo e de anúncios. Em 1846, já no Segundo Reinado, publicou cartas da Confederação. Machado de Assis fazia textos para o jornal.
	Após a independência, a imprensa viveu um período de agressões aos jornalistas e muitos tumultos. A aristocracia rural brasileira, liderada por José Bonifácio, perseguia seus opositores. Os liberais radicais e seus jornais eram os principais alvos. O jornal "Malagueta Extraordinária", de Augusto May, criticou a falta de liberdade de imprensa e o abuso de autoridade do governo, como consequência recebeu respostas ofensivas, vulgares e foi espancado violentamente em sua própria casa. Mas os jornais não davam trégua aos portugueses. Após o espancamento de outro jornalista, David Pamplona, a situação ficou mais grave e então D. Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte, dando força à imprensa. 
	Cipriano Barata foi o jornalista que mais se destacou na época. Ele, que era conhecido como "da pá virada" e "sentinela da liberdade" fazia parte de revistas que publicavam coisas com a intenção de criar tumulto - a maioria das coisas era mentira, mas queriam que o povo reagisse à tudo que estava errado - Pasquins, que esmorece na metade do século XIX.
	1822 - independência do Brasil. Em 1827, a censura volta a ser abolida.
	O "Jornal do Commercio", em 1827, era conservador simplificado. Era um jornal com ideais republicanos e fazia parte da imprensa abolicionista.
	O "Observador Constitucional" começou a ser publicado em 1829 por Líbero Badaró, 2 vezes por semana, com arquivos científicos e críticas à D. Pedro I. Incentivava manifestações e foi morto por isso.
	Em 1837 começou a ser lançado "A Lanterna Mágica", com caricaturas que não tinham publicações ilustradas com tom agressivo.
	Segundo Reinado (1840-1889): 90% da população era rural e 85% era analfabeta, o que impunha barreiras ao desenvolvimento da imprensa brasileira, que já supera a fase dos pasquins panfletários, dando origem à jornais mais estáveis e estruturados. O número de títulos no primeiro momento diminui as edições e as tiragens aumentam. Quanto à liberdade de imprensa, D. Pedro II era tolerante às críticas escritas e ao deboche das caricaturas, que eram a principal forma de ilustração. Os jornais que pregavam amudança da forma de governo nunca foram oprimidos por isso, ao contrário do que ocorria com as publicações monarquistas após a Proclamação da República. A situação nas províncias era diferente, mas na capital, mesmo durante a Guerra do Paraguai, não houve cerceamento à imprensa.
	O desenvolvimento dos jornais intensificou-se na segunda metade do século XIX, quando os formatos mudaram, os prelos se modernizaram e prédios foram construídos para abrigá-los. A maioria dos diários fundados no século XIX deixou de circular, mas permanecem: Jornal do Brasil, O Fluminense, A Província de São Paulo (O Estado de S. Paulo), A Tribuna e o Correio do Povo.
	Os jornais que antes se limitavam à política e à atividade comercial e de informação geral, ampliou-se com o surgimento de periódicos ilustrados, como A Semana Ilustrada (1860), Jornal das Senhoras (1852) e O Colono Alemão (1836). Os monarquistas, republicanos, abolicionistas e escravocratas debatiam nos jornais em defesa dessas causas.
	O Brasil entra, na década de 1850, na era das ferrovias e das telecomunicações. Entre a primeira ferrovia que foi inaugurada em 1854, cuja iniciativa foi do Barão de Mauá, até o final do Império, em 1889, 9 mil km de estradas de ferro foram construídas, o que facilitou a distribuição dos jornais nas regiões de maior população e mais intensa atividade econômica.
	O telégrafo foi introduzido no Brasil em 1852, mas não era de acesso público. Nos anos seguintes, a rede operada pela Repartição Geral dos Telégraphos foi ampliada e em 1889 media 10.755 km e tinha 172 estações entre o Pará e o Rio Grande do Sul. O custo e as condições de transmissão não favoreciam o envio de mensagens longas, mas permitiram aos jornais das maiores cidades brasileiras receber informações sobre os principais acontecimentos no mesmo dia em que ocorriam, pela interligação ao cabo submarino que partia de Londres e chegava a Recife (inaugurado em 1874). É mais um exemplo de como a tecnologia ajudou a imprensa, e ajudou também no consumo - o jornal torna-se um produto de consumo.
	Em 1852, o Jornal das Senhoras foi publicado. Em 1855, o "Brasil Ilustrado" iniciou a publicação regular de uma revista de caricatura. Em 1876, foi o ano da "Revista Ilustrada", semanal, cujo destaque era Ângelo Agostini.
	O jornal "A República" surgiu no Rio de Janeiro em 1870. Ficou famoso pela publicação do manifesto republicano. Em São Paulo, o "Correio Paulistano" agitava a opinião pública sobre a abolição e a República. Nesta época, já haviam jornais espalhados por todo o país.
	Em 1889, foi publicado o "O Estado de S. Paulo", antes A Província de S. Paulo, com letras ocupando toda a página dizendo "Viva a República".
	República Velha (1889-1930). A imprensa atravessa um novo ciclo de transformações e volta ao cerceamento da liberdade e atos de violência - no início sobretudo contra os poucos jornais que se mantinham monarquistas, por parte de agentes e simpatizantes do governo. Não foram atos isolados, mas reflexos do clima de "caça às bruxas", estabelecido pelo Governo Provisório - do qual faziam parte os jornalistas Quintino Bocaiúva e Aristides Lobo, que pregavam a causa republicana.
	Baixou-se o Decreto 85, de 23 de dezembro de 1889, pelo qual “os indivíduos que conspirarem contra a República e o seu governo: que aconselharem ou promoverem por palavras escritos ou atos a revolta civil ou a indisciplina militar... serão julgados por uma comissão militar... e punidos com as penas militares de sedição”. A República Velha teve história acidentada, marcada por revoltas militares e civis, prolongados períodos de estado de sítio e medidas de repressão às liberdade em geral e em particular à de imprensa, como a Lei Adolfo Gordo.
	Em 1891, surge o "Jornal do Brasil", com sua postura empresarial e montado como uma empresa. Os jornais agora são como empresas e a evolução da imprensa cresce com o progresso do mundo ocidental.
	Apesar da repressão, a imprensa da República Velha desenvolve-se em dois novos segmentos: o da imprensa operária e o da voltada para as comunidades imigrantes. As publicações operárias cresceram com a industrialização e com a imigração registrada no início do século XX, fazendo com que o surgimento de títulos voltados para esse público se multiplicasse. De 1890-1910 surgem vários jornais e 60 deles eram editados em outros idiomas para os imigrantes.
	Em 1907, o "Gazeta de Notícias" é o primeiro jornal editado em cores e em 1910 funda a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no Rio de Janeiro.
	Até aquela época, não tinha o repórter. Os jornais recebiam as notícias e as publicavam. O jornalismo deixou de ser opinativo para ser informativo.
	Durante a República Velha, a imprensa viu surgir, do ponto de vista técnico, o primeiro desafiante ao seu monopólio como fonte se informação barata: o rádio, que chegou ao Brasil em 1923 pela mão de Edgard Roquette-Pinto. No começo, as emissoras limitaram-se a programas de entretenimento para só depois veicular publicidade de notícias.
	Enquanto isso, os principais jornais deram um salto no processo de técnicas que ajudavam a impressão: mecanização do sistema, tinta que secava mais rápido, papel mais barato, invenção de novas impressoras - menos prensas, mais exemplares com uma maior qualidade.
	Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os EUA tiveram o monopólio das agências e seu modelo jornalístico e suas técnicas, como o lead, é difundido pelo mundo.
	Em 1928, é lançado "O Cruzeiro" de Chateau.
	Entre a Revolução de 1930 e o Fim do Estado Novo (1930-1945), na política brasileira aconteceu: a instabilidade do Governo Provisório, a Revolução de 1932, a Constituição de 1934 e o estabelecimento do Estado Novo em 1937. A imprensa acompanhou essa evolução e alinhou-se à facções em combate em 1932. 
	A partir do golpe de 1937, o espaço para o exercício da liberdade de imprensa desapareceu e as diferenças políticas foram sufocadas. O peso do Estado fez-se crescente sobre os jornais com base numa Carta Constitucional outorgada no mesmo ano, que tornava a imprensa um serviço público e sujeita ao controle estatal. Em 1939 (-1945), o governo criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) - no Palácio Tiradentes-, com a qual poderia censurar toda a produção jornalística, cultural e de entretenimento, produzir conteúdos e controlar o abastecimento de papel. A polícia política vigiava de perto os profissionais de imprensa. 
	Era reprodução obrigatória ou induzida a propaganda estatal, pressionada por meio de verbas publicitárias, financiamentos, subsídios ou obstáculos ao fornecimento de insumos, quase todos importados. Com a DIP, foram vetados 420 jornais e 346 revistas. Não houve alterações expressivas no aspecto técnico da imprensa, já que a Guerra engajou a capacidade industrial dos países desenvolvidos, fornecedores de equipamentos, no esforço bélico.
	A deposição de Vargas em 1945 foi o fim de um ciclo autoritário que representou o início de uma experiência democrática republicana, que se prolongaria até o golpe militar de 1964. Getúlio Vargas suicida-se em 1954 em meio a uma crise política desencadeada pelo atentado contra o jornalista Carlos Lacerda - que fazia muitas críticas à Vargas. O episódio causou comoção nacional, com incidentes em várias cidades à jornais que era contra o presidente.
	A turbulência foi menos drástica em 1961, na renúncia de Jânio Quadros e quando sei vice, João Goulart, só assumiu após aceitar a adoção do regime parlamentarista, que foi revogado 1963. Todos esses eventos contribuíram para tornar a política o tema central da imprensa brasileira, que ao mesmo tempo passava por mudanças estruturais.
	O período de 1945-1964, além de ter tido um aumento da receita publicitária (liberdade para escrever o que quiser, exceto se for contra o patrocinador), foi um período de absoluta liberdade, mas as relações entre o governo e os jornalistas mantinham algumas práticas do passado, que perderam espaço por conta dessa participação da publicidade no faturamento das empresas.A TV surge na metade dessa fase, o rádio tem enorme audiência, mas os jornais são o meio de comunicação por excelência.
	Após o fim da II Guerra Mundial, a produção foi voltada para os bens de capital e de consumo e uma retomada do comércio internacional. Para a imprensa, isso significou o início de um novo ciclo de modernização tecnológica - modesto, se comparado com a revolução tecnológica que ocorreria no final do século XX. Ainda assim, os jornais brasileiros investiram em equipamentos. As inovações eram as técnicas jornalísticas inspiradas no modelo americano (objetividade, lead, pirâmide invertida, diagramação mais atrativa, organização das redações por editorias).
	Os jornais de início apoiaram o Golpe Militar (1964-1985), os militares tiveram o respaldo de quase todos os jornais, pois achavam que os militares trariam benefícios ao Brasil, porém depois os jornais foram contra os militares à medida em que eles tornavam-se cada vez mais autoritários, economicamente menos eficaz e moralmente mais frágil. De início, não houve maior repressão à imprensa, entretanto perdeu força como espaço de discussão dos grandes temas nacionais - o que ocorreu mais pelo afastamento da cena pública do que pela censura direta. O exílio, a prisão ou o ostracismo forçado eram o destino de personalidades de prestígio antes de 1964 e após a redemocratização.
	Com as restrições ao noticiário político e social e da expansão econômica do país, os jornais reforçaram suas editorias de economia - o que desenvolveu um jornalismo econômico vigoroso e seria uma extraordinária utilidade para a imprensa e para a população nas décadas de 1980 e 1990. Se a população e a economia suportaram tamanha instabilidade, foi porque os jornais tiveram a capacidade de informar bem a respeito.
	A TV chegou ao país em 1950 e tornou-se um meio de comunicação de massa, fortalecido pela possibilidade de realizar transmissões ao vivo a longas distâncias e em cores, com o desenvolvimento das telecomunicações na década de 1970. Paralelamente, até o final dos anos 1960, o crescimento econômico acompanhou a aceleração do processo de urbanização - a população urbana supera a rural e o analfabetismo torna-se inferior a 40% em 1960. Por conta disso, a imprensa passa por mais um ciclo de mudanças.
	Os jornais vespertinos desaparecem ou tornam-se matutinos, o número de títulos nas maiores cidades diminui, porém os jornais líderes aumentaram sua circulação e se modernizaram tecnologicamente com a introdução de fotocomposição e da impressão offset na década de 1970 e com a informatização.
	Paralelamente à imprensa estabelecida sobre bases tradicionais, surge uma "imprensa alternativa", composta por veículos independentes em relações às empresas jornalísticas e ao mercado publicitário, cujo conteúdo se caracterizava pelo tom crítico em relação à situação econômica e política do país, mas também aos costumes. O primeiro foi o "Pif Paf", criado por Millôr Fernandes, em maio de 1964, que teve 8 edições. Mais duradouro foram "O Pasquim", que mesclava política e humor e "Opinião", com artigos sobre a situação nacional e internacional. A maioria durou pouco tempo pela censura ou à falta de sustentação financeira.
	O período foi sombrio para a liberdade de imprensa. O endurecimento do regime militar, com o AI-5, em 1968, reintroduziu a censura direta e indireta.
	Em agosto de 1974, o presidente da República, general Ernesto Geisel anunciava uma “lenta, gradativa e segura distensão”. A partir dessa data ocorreu efetivamente uma abertura política, embora os atentados aos direitos humanos e à liberdade de imprensa continuassem. Entre os casos trágicos de maior repercussão está a morte – suicídio por enforcamento segundo a versão oficial – do jornalista Valdimir Herzog, em 25 de outubro de 1975. Os jornais brasileiros não se resignaram com as promessas e concessões e passaram a buscar a ampliação da abertura, aumentando o noticiário crítico ao governo, acompanhando a crescente atividade dos movimentos sociais, em particular as greves então ilegais em todos os setores e repercutindo as manifestações de uma oposição que se fortalecia a cada oportunidade, em especial a partir da revogação do AI-5 e da Anistia aos punidos pelo regime.
	Historicamente, o restabelecimento da democracia é considerado em 1989, com a primeira eleição direta para presidente da República de Fernando Collor, e não com José Sarney em 1885 - pois deu-se sob o arcabouço jurídico anterior. Com a instituição de 1988, a imprensa ganha mais liberdade, como nenhuma antes.
	Em 1992, as denúncias de corrupção que durante meses vinham sendo veiculadas pela imprensa chegaram ao próprio presidente da República, Fernando Collor de Mello, o primeiro a ser eleito pelo voto direto após o ciclo de governos militares. Numa tentativa de obter respaldo popular, ele pediu à população que saísse às ruas com as cores nacionais. O efeito foi o contrário e, no dia 16 de agosto, multidões manifestaram-se pacificamente em todo o País, predominantemente de preto, exigindo o seu afastamento. Em 1º de setembro, o pedido de impeachment foi entregue formalmente à Câmara dos Deputados, que o aprovou no dia 29 do mesmo mês, por 441 votos a 38. Afastado interinamente do cargo, foi submetido a julgamento por crime de responsabilidade pelo Senado Federal, que, em 29 de dezembro, decidiu por seu afastamento definitivo e imediato e perda dos direitos políticos por oito anos. Quatro horas depois do encerramento da votação pelos senadores, o vice Itamar Franco, que já exercia a Presidência, foi confirmado no posto - um exemplo da força da influência exercida pelos meios de comunicação: campanha à presidência e o impeachment de Fernando Collor de Melo.

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