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Indaial – 2022 Planejamento tributário Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Prof. Valdecir Knuth 2a Edição Contabilidade e Elaboração: Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Prof. Valdecir Knuth Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: S345c Schlotefeldt, Josiane de Oliveira Contabilidade e planejamento tributário. / Josiane de Oliveira Schlotefeldt; Valdecir Knuth. – Indaial: UNIASSELVI, 2022 214 p.; il. ISBN 978-85-515-0464-2 1. Carga tributária. – Brasil. I. Knuth, Valdecir. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 657 Olá, acadêmico! Seja muito bem-vindo ao Livro Didático de Contabilidade e Planejamento Tributário. Você já parou para refletir que todas as empresas devem recolher tributos, sejam elas de pequeno ou grande porte? Nesse sentido, paira a sua importância, como futuro contador, de realizar cálculos e controles eficientes e adequados desses desembolsos, bem como efetuar pesquisas e fazer o planejamento para que essas organizações sejam as mais eficazes possíveis no que diz respeito à carga tributária. Para te auxiliar na sua trajetória na área tributária, desde a Unidade 1 você já terá contato com a parte prática ao calcular, contabilizar e apurar os tributos sobre o faturamento e sobre a folha de pagamento das empresas. No entanto, antes, é importante compreender como funciona o sistema tributário do nosso país, os elementos dos tributos e a competência tributária de cada ente federativo. Na Unidade 2, o conhecimento será ainda mais aprofundado, ao compreender os regimes de tributação em que as empresas poderão se enquadrar. O estudo se dará regime por regime, sendo possível conhecer as principais leis inerentes, características, e realizar o cálculo e contabilização de cada tributo especificamente em todos os regimes tributários, seja no Lucro Presumido, Lucro Real, Simples Nacional, ou Lucro Arbitrado. No que se refere à Unidade 3, você irá conhecer como funciona o planejamento tributário, como adequar a empresa para a economia tributária, além de compreender como ocorre uma fraude tributária. Você irá estudar como fazer a análise dos efeitos tributários na empresa. Esta é uma excelente oportunidade para você também estudar a melhor opção de compra de mercadoria para revenda e/ou insumos para a produção, de acordo com os impactos das decisões sobre compras para a empresa realizar o planejamento tributário. Conforme comentamos anteriormente, as empresas precisam de contadores capacitados para atuar na área tributária, auxiliando no desenvolvimento delas e contribuindo com seus colaboradores, sociedade e país. É isso que objetivamos ao desenvolver este livro de Contabilidade e Planejamento Tributário. Bons estudos e sucesso! Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Prof. Valdecir Knuth. APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - ASPECTOS GERAIS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA ...................................1 TÓPICO 1 - ELEMENTOS BÁSICOS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA ...............................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 CONCEITO E OBJETO DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA ................................................3 3 ELEMENTOS DOS TRIBUTOS..............................................................................................4 3.1 FATO GERADOR ...................................................................................................................................... 5 3.2 CONTRIBUINTE...................................................................................................................................... 5 3.3 BASE DE CÁLCULO .............................................................................................................................. 5 3.4 ALÍQUOTA ............................................................................................................................................... 6 3.5 CRÉDITO.................................................................................................................................................. 6 3.6 COMPENSAÇÃO .................................................................................................................................... 6 3.7 PAGAMENTO............................................................................................................................................7 4 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL .....................................................................................no mês de agosto/X5: Dia 20/08: Prestação de serviço de demolição a prazo, referente à Nota Fiscal de Serviço – NFS – nº 285, no valor de R$ 2.200,00. D – Clientes a Receber (AC) R$ 2.090 D – ISS a compensar (AC) R$ 110 C – Receita com prestação de serviços (DR) R$ 2.200 D – ISS s/ serviços (DR) R$ 110 C – ISS a recolher (PC) R$ 110 No dia 31/08 deve ser feita a compensação do ISS que é de responsabilidade do tomador, visto que nesse caso o prestador não é o responsável pelo pagamento: D – ISS a recolher (PC) R$ 110 C – ISS a compensar (AC) R$ 110 Qual o valor de ISS a recolher referente a agosto/X5? R$ 0,00. Todo o ISS deve ser pago pelo tomador. Veja que nesses casos específicos, a diferença começa no registro da receita na contabilidade. Registramos um crédito em conta de receita com serviços no valor total do serviço prestado. No entanto, fazemos um débito na conta de “ISS a compensar” no ativo, pois é o tomador quem pagará o imposto (o nosso cliente). Se o cliente é quem vai pagar o ISS, a empresa prestadora só receberá o valor líquido entre o total da nota fiscal e o ISS. Por isso é que fazemos um débito menor na conta de “Clientes a receber”, já que receberemos do cliente apenas o líquido. 32 Perceba que não deixamos de registrar na contabilidade o débito na despesa com ISS e um crédito no passivo. Mesmo que não seja a empresa prestadora a responsável por pagar o tributo, ela acaba recebendo menos do tomador, logo, isso é uma despesa. No final do mês deve-se fazer a compensação dos valores registrados no ativo como “ISS a compensar” com aqueles valores creditados em “ISS a recolher”. Essa compensação acontece transferindo o saldo da conta de ativo para a conta de passivo. Não haverá saída de caixa para a empresa prestadora e a quitação do ISS se dá com a compensação dessas contas. O ISS de serviços que são exceção do artigo 3º e 6º é comumente chamado de ISS retido. Dá-se esse nome, pois o ISS é retido na nota fiscal para o tomador pagar, logo, o valor líquido da nota fiscal é menor. Veja um exemplo desses casos na Figura 6. FIGURA 6 – EXEMPLO DE NOTA DE SERVIÇO COM RETENÇÃO DE ISS FONTE: As autoras O que muda na nota fiscal da Figura 6 para a nota da Figura 5 é que na Figura 6 há a informação de que o ISS é retido, e o valor líquido na nota é a diferença entre o valor total do serviço prestado e o ISS retido. O valor dos serviços é o valor que o prestador registrará na sua receita com prestação de serviços. O valor líquido da nota é o valor que o tomador pagará ao prestador, e o ISS retido é o valor que o tomador pagará ao município, além de ser registrado pelo prestador como ISS a compensar. Agora que já aprendemos sobre o ISS, vamos para o próximo tributo? 33 3 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO – ICMS O ICMS é um tributo estadual, que incide sobre operações relacionadas a mercadorias e serviços de transporte (exceto o municipal) e de serviços de comunicação. Como já vimos no tópico 1, o artigo 155 da Constituição Federal menciona o ICMS. 3.1 PARTE TEÓRICA A Constituição já enfatiza no artigo 155 que o ICMS será não cumulativo, ou seja: dará direito a crédito fiscal em determinadas operações. No entanto, assim como acontece com o ISS, o ICMS possui uma lei complementar para regulamentá-lo. Esta lei é a Lei Complementar nº 87 de 1996, conhecida como Lei Kandir. Iniciando pelo elemento fato gerador, diferentemente do ISS, o ICMS possui mais de um, devido sua ampla incidência. O artigo 2º da Lei Kandir indica os 8 fatos geradores do ICMS: Art. 2° O imposto incide sobre: I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. § 1º O imposto incide também: I - sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade. II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente (BRASIL, 1996). 34 Sobre o contribuinte do ICMS, a Lei Kandir, em seu artigo 4º aborda que: Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. Parágrafo único. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial: I - importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua finalidade; II - seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III - adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados; IV - adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização (BRASIL, 1996). Em resumo, independentemente de a pessoa realizar operações que geram ICMS com habitualidade ou não, ou tendo intuito comercial ou não, ela também será considerada contribuinte do imposto, inclusive quem importa mercadorias, quem é destinatária de serviços prestados no exterior, quem adquire bens de licitação ou apreendidos ou abandonados ou adquire lubrificantes e combustíveis e energia elétrica de outro estado (quando não destinados à comercialização ou industrialização). Já no artigo 13, a Lei Kandir aborda a base de cálculo do imposto. É importante mencionar que assim como o ICMS possui vários fatos geradores, ele também possui diversas bases de cálculo que dependem da operação a que se refere. Para compreender de uma forma mais simples, analise o Quadro 9 que demonstra de forma dinâmica as bases de cálculo do ICMS: QUADRO 9 – BASES DE CÁLCULO DO ICMS Operação Base de Cálculo Saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular. Transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente. Transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente;. Valor da operação. Fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; Valor da operação. 35 Prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Preço do serviço. Fornecimento de mercadoria com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios. Valor da operação. Fornecimento de mercadoria com prestação de serviços compreendidos na competência tributária dos Municípiose com indicação expressa de incidência do imposto de competência estadual, como definido na lei complementar aplicável. Preço corrente da mercadoria. Desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior. A soma das seguintes parcelas: Valor da mercadoria ou bem + II + IPI + IOF + outros impostos, taxas, contribuições ou despesas aduaneiras. Recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior. Valor da prestação de serviço + todos os encargos relacionados. Aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do exterior e apreendidos ou abandonados. Valor da operação + II + IPI + despesas. Entrada no território do Estado de lubrificante e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou industrialização. Valor da operação. Utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subsequente. Valor da prestação no Estado de origem. FONTE: As autoras A partir do Quadro 9 já começamos a ver a complexidade que o ICMS tem. É importante sempre acompanhar a legislação e suas atualizações. O ICMS possui diversas alíquotas que variam conforme as operações. Como já mencionado anteriormente, este imposto é estadual e cada estado define as alíquotas que devem ser utilizadas. Algo que deve ser comentado é que os estados brasileiros possuem alíquotas interestaduais que são utilizadas todas as vezes em que operações ocorram entre estados. A Figura 7 apresenta as alíquotas interestaduais entre todos os estados brasileiros. 36 FIGURA 7 – ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS DE ICMS FONTE: . Acesso em: 30 mar. 2022. Para compreender as alíquotas interestaduais, identifique o estado de origem e em seguida o estado de destino para verificar qual alíquota é a correta. Por exemplo, se o estado de origem for Santa Catarina e o destino Rio Grande do Sul, a alíquota interestadual será 12%. Se a origem for Rio Grande do Sul e o destino Paraná, a alíquota interestadual será 12%. Perceba que as alíquotas interestaduais são utilizadas apenas entre os estados. As alíquotas de operações internas dos estados são definidas por lei específica em cada um. É importante salientar que apesar da existência da Lei Kandir, como o ICMS é um imposto estadual, cada estado do Brasil possui uma lei específica para regular o seu imposto. No que se refere ao elemento crédito e compensação, é possível o aprovei- tamento de crédito de ICMS de diversas formas previstas na legislação. Vejamos o que indicam os artigos 19 e 20 da Lei Kandir: Art. 19. O imposto é não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado. Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação. 37 § 1º Não dão direito a crédito as entradas de mercadorias ou utilização de serviços resultantes de operações ou prestações isentas ou não tributadas, ou que se refiram a mercadorias ou serviços alheios à atividade do estabelecimento. § 5o Para efeito do disposto no caput deste artigo, relativamente aos créditos decorrentes de entrada de mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo permanente, deverá ser observado: I - a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito avos por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento; II - em cada período de apuração do imposto, não será admitido o creditamento de que trata o inciso I, em relação à proporção das operações de saídas ou prestações isentas ou não tributadas sobre o total das operações de saídas ou prestações efetuadas no mesmo período; III - para aplicação do disposto nos incisos I e II deste parágrafo, o montante do crédito a ser apropriado será obtido multiplicando-se o valor total do respectivo crédito pelo fator igual a 1/48 (um quarenta e oito avos) da relação entre o valor das operações de saídas e prestações tributadas e o total das operações de saídas e prestações do período, equiparando-se às tributadas, para fins deste inciso, as saídas e prestações com destino ao exterior ou as saídas de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos (BRASIL, 1996). O que podemos perceber do artigo 19? Que haverá crédito de ICMS nas entradas de mercadorias na empresa e, também, na aquisição de serviços de transporte. No entanto, há que se tomar cuidado pois, aquelas mercadorias e serviços que não tem tributação de ICMS, não darão direito à crédito do imposto. O artigo 20 fala, além de outros assuntos, que serão abordados em seguida, a respeito da possibilidade de aproveitamento de créditos de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado. Diferentemente do aproveitamento de créditos de mercadorias que poderá acontecer integralmente no mês da aquisição, os créditos do imobilizado devem ser aproveitados ao longo de 48 meses, ou seja: cada mês representa 1/48 avos do crédito total, mas não basta só isso. É necessário ainda descobrir a proporção de vendas tributadas com relação às vendas totais daquele mês, pois a lei não permite aproveitar créditos do ativo imobilizado a partir de vendas isentas de ICMS. Vejamos um exemplo: Exemplo: A empresa Refrigerantes Coloridos Ltda. adquiriu em janeiro de X2 um bem para o seu ativo imobilizado. O valor da nota fiscal foi R$ 50.000,00 e o ICMS destacado de R$ 8.500,00. Naquele janeiro, o valor das vendas tributadas da Refrigerantes Coloridos Ltda. foi R$ 237.000,00 e o valor total das vendas foi R$ 300.000,00. A partir disso, por onde começamos o cálculo do crédito de ICMS do ativo imobilizado no mês de janeiro? 38 Primeiro, dividimos por 48 o crédito de ICMS, a fim de chegarmos ao 1/48 avos: R$ 8.500 / 48 = R$ 177,08. Isso significa que se todas as vendas da empresa forem tributadas, o valor que será possível aproveitar desse ativo imobilizado mensalmente é R$ 177,08. No entanto, sabemos que a empresa teve R$ 300 mil de vendas totais e que apenas R$ 237 mil foram tributadas. Nesse caso, precisamos encontrar qual a porcentagem que representa as vendas tributadas: 237.000 / 300.000 = 0,79 ou 79%. A partir disso, só precisamos descobrir quanto é 79% de R$ 177,08: R$ 177,08 x 79% = R$ 139,90. Finalmente chegamos ao valor que poderá ser aproveitado de ICMS nessa aquisição de imobilizado no mês de janeiro de X2: R$ 139,90. É importante salientar que esse valor pode variar a cada mês, visto que o valor de vendas tributadas e não tributadas variam, além de que a empresa pode ter diversos outros imobilizados em que os créditos poderão ser aproveitados. Continuando o artigo 20, ele é um tanto curioso, pois afirma que inclusive as mercadorias destinadas ao uso ou consumo, darão direito a crédito. No entanto, é preciso ter cautela, pois logo em seguida, no artigo 33, a Lei Kandir salienta que o crédito proveniente de uso ou consumo somente será possível a partir de janeiro de 2033: Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o seguinte: I - somente darão direito de crédito as mercadorias destinadas ao uso ou consumo do estabelecimento nele entradas a partir de 1º de janeiro de 2033; II - somente dará direito a crédito a entrada de energia elétrica no estabelecimento: a) quando for objeto de operação de saída de energia elétrica; b) quando consumida no processo de industrialização;c) quando seu consumo resultar em operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção destas sobre as saídas ou prestações totais (BRASIL, 1996). Conforme exposto no inciso I do artigo 33, ainda não é possível aproveitar créditos de ICMS de entradas para uso ou consumo. Importante salientar que é considerado uso ou consumo o material que é usado nas atividades comerciais, operacionais ou administrativas, desde que não se agregue fisicamente ao que está sendo produzido. Alguns exemplos são: café consumido no escritório, papéis, canetas, material de limpeza, graxa de alguma máquina da produção etc. (FAZCOMEX, 2021). Além de mercadorias, serviços de transporte e ativo imobilizado, a lei Kandir permite o aproveitamento de crédito de ICMS do consumo de energia elétrica proveniente do processo produtivo: ou seja, de indústrias. Como o ICMS é um imposto estadual, cada estado normatiza a forma do aproveitamento do imposto da energia elétrica. 39 No estado de Santa Catarina, por exemplo, o aproveitamento ocorre a partir de 80% da base de cálculo de ICMS constante na nota de energia elétrica, e aplica-se uma alíquota de 25% sobre a base. Se uma indústria tem uma conta de energia, em determinado mês, no valor de R$ 2.500,00, e suponhamos que a base de cálculo de ICMS seja R$ 2.000,00, qual o valor que poderá ser aproveitado dessa conta? Primeiro calculamos 80% da base de cálculo: R$ 2.000 x 80% = R$ 1.600,00. Após encontrar a base de cálculo passível de aproveitamento, aplica-se a alíquota de 25%= R$ 1.600 x 25% = R$ 400,00. Ou seja, nesse mês, o crédito de ICMS aproveitado da conta de energia elétrica essa indústria é de R$ 400,00. É relevante comentar que cada estado do Brasil utiliza formas diferentes de aproveitamento de crédito da energia elétrica, seja pela base de cálculo ou pela alíquota. Nesse sentido, é importante pesquisa a legislação vigente em que cada estado. As leis são encontradas, normalmente, nos sites das Fazendas Estaduais. Por fim, especificamente quanto à compensação de créditos, ocorre de um modo geral integralmente a cada mês, salvo a exceção dos créditos provenientes do ativo imobilizado e salvo se os créditos forem maiores que os débitos, o que acarretará em transporte de créditos para os períodos seguintes. No que se refere ao elemento pagamento, o ICMS é devido mensalmente. Confira no Quadro 10 um resumo dos elementos do ICMS: QUADRO 10 – ELEMENTOS DO ICMS Fato Gerador Diversos. Ver artigo 2º da Lei Kandir. Contribuinte Qualquer pessoa, que realize operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Base de Cálculo Varia, podendo ser: o valor da operação, preço do serviço, preço corrente da mercadoria, entre outros mais específicos. Ver Quadro 9 ou artigo 13 da Lei Kandir. Alíquota Varia conforme o Estado e conforme a operação. Crédito e compensação Permite aproveitamento na aquisição de mercadorias, energia elétrica em indústrias, e ativo imobilizado. A compensação é mensal, salvo do ativo imobilizado ou quando sobra créditos para o mês seguinte. Pagamento Mensal. FONTE: A autora 40 3.2 PARTE PRÁTICA Consideremos as informações do mês de julho de X4, da empresa Bicecross Comércio e Indústria de Bicicletas Ltda. A empresa fabrica bicicletas e vende acessórios para ciclistas: • A empresa adquire e vende mercadorias tributadas e não tributadas. • A alíquota interna do Estado em que a empresa está situada é de 12% entre empresas. • Para a energia elétrica, a legislação do estado permite um aproveitamento de crédito de 80% sobre a base de cálculo da fatura e a alíquota do ICMS é de 25%. • Para aquisições de ativo imobilizado, a alíquota é de 17% nesse estado. • Nas vendas, foram vendidas todas as mercadorias e matérias-primas adquiridas, ou seja, zera-se o estoque. • O custo da devolução de venda de mercadorias é de R$ 3.323,00. • Todas as operações ocorreram a prazo. QUADRO 11 – INFORMAÇÕES DA EMPRESA BICECROSS Operação Valor R$ Base de Cálculo ICMS 1 Compra de mercadorias para revenda R$ 52.000 R$ 23.000 R$ 2.760 2 Compra de matéria-prima para fabricação de bicicletas R$ 146.200 R$ 146.200 R$ 17.544 3 Devolução de compra de matéria- prima R$ 10.000 R$ 10.000 R$ 1.200 4 Energia elétrica do mês R$ 3.250 R$ 3.000 R$ 600 5 Aquisição de fretes para recebimento de mercadorias R$ 17.400 R$ 15.000 R$ 1.800 6 Compra de material para uso ou consumo R$ 5.000 0 0 7 Venda de mercadorias R$ 80.000 R$ 35.384 R$ 4.246,08 8 Devolução de venda de mercadorias R$ 4.100 R$ 4.100 R$ 492 9 Venda de produtos industrializados R$ 380.000 R$ 380.000 R$ 45.600 10 Aquisição de ativo imobilizado para uso na produção R$ 120.000 R$ 120.000 R$ 20.400 FONTE: As autoras Para complementar seus estudos, que tal acessar a Lei Kandir na íntegra? Acesse o link a seguir: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm DICA 41 Iniciaremos fazendo as contabilizações de todas as operações: 1) Compra de mercadorias para revenda D – Estoque R$ 49.240 D – ICMS a recuperar R$ 2.760 C – Fornecedores R$ 52.000 Como temos o direito de aproveitamento de crédito nas compras de mercadorias, lançamos a débito na conta de “ICMS a recuperar” o valor recuperável. Logo, esse valor não fará parte do custo da mercadoria, por isso que na conta “Estoque” é lançada apenas a diferença entre o valor pago e o valor a recuperar. 2) Compra de matéria-prima para fabricação de bicicletas D – Estoque de matéria-prima R$ 128.656 D – ICMS a recuperar R$ 17.544 C – Fornecedores R$ 146.200 No caso da aquisição da matéria-prima, vale a mesma regra da compra de mercadorias. O que muda é a conta de estoque. 3) Devolução de compra de matéria-prima D – Fornecedores R$ 10.000 C – ICMS a recolher R$ 1.200 C – Estoque R$ 8.800 Nós devolvemos para o fornecedor uma matéria-prima que tínhamos comprado. Nesse caso, precisamos debitar a conta “Fornecedores”, pois não teremos mais essa obrigação. Em seguida, precisamos gerar um valor de ICMS, pois quando adquirimos a matéria-prima nós aproveitamos o crédito, agora que estamos devolvendo precisamos pagar (um débito fiscal). Por fim, sai do “Estoque” a diferença. 4) Energia elétrica do mês D – Despesa com energia R$ 2.650 D – ICMS a recuperar R$ 600 C – Energia a pagar R$ 3.250 O enunciado do exemplo indica que no caso da energia elétrica e do estado em que a empresa está situada, a legislação permite um aproveitamento de crédito de 80% sobre a base de cálculo da fatura e a alíquota do ICMS é de 25%. Nesse sentido, chegou- se no valor de R$ 600 assim: 42 Base de cálculo constante na nota: R$ 3.000 Base de cálculo permitida pela lei: 3.000 x 80% = R$ 2.400 Aplicação da alíquota sobre a base de cálculo permitida: 2.400 x 25% = R$ 600 Assim como nas aquisições de mercadorias e matéria-prima, lançamentos um débito em “ICMS a recuperar” referente ao valor de R$ 600. O valor total da conta de energia fica como crédito no passivo, e a diferença é considerada uma despesa de energia. 5) Aquisição de fretes para recebimento de mercadorias D – Estoque R$ 15.600 D – ICMS a recuperar R$ 1.800 C – Fornecedores R$ 17.400 Os fretes para recebimento de mercadorias são considerados parte do estoque, por isso são lançados de igual forma. 6) Compra de material para uso ou consumo D – Material de uso ou consumo R$ 5.000 C – Contas a pagar R$ 5.000 No caso de uso ou consumo, não há a possibilidade de aproveitamento de créditos de ICMS, nesse caso, todo o valor é lançado como despesa de uso ou consumo. 7) Venda de mercadorias D – Clientes a receber R$ 80.000 C – Receita de venda de mercadorias R$ 80.000 D – CMV R$ 64.840 C – Estoque R$ 64.840 D – ICMS s/ vendas R$ 4.246,08 C – ICMS a recolher R$ 4.246,08 Nas vendas de mercadorias há sempre três lançamentos contábeis: do reconhecimento da receita (80.000), baixa do estoque (49.240+15+600) e o registro do impostoa pagar. Nesse caso, lançamos um débito na conta de despesa com “ICMS sobre vendas” e um crédito no passivo em “ICMS a recolher”. 8) Devolução de venda de mercadorias D – Devolução de vendas R$ 4.100 C – Clientes a receber R$ 4.100 D – Estoque R$ 3.323 C – CMV R$ 3.323 43 D – ICMS a recuperar R$ 492 C – ICMS s/ vendas R$ 492 A devolução de venda ocorre quando um cliente devolve uma mercadoria que comprou. Nesse sentido, precisamos lançar um débito na conta de despesa com “Devolução de Vendas” e um crédito na conta “Clientes” já que essa venda foi a prazo e agora a empresa não tem mais o direito de receber do seu cliente. Ao contrário da venda de mercadorias, na devolução de venda lançamos um débito na conta “Estoque” e um crédito na conta “CMV” para fazer o estorno dessa mercadoria que está voltando para o estoque. Por fim, registramos também o estorno do ICMS: quando vendemos uma mercadoria, pagamos ICMS sobre ela. Se o cliente devolveu para a empresa a mercadoria, precisamos também aproveitar esse ICMS. Por isso lançamos um débito na conta de “ICMS a recuperar” e um crédito na conta de “ICMS s/ vendas” para estornar essa despesa. 9) Venda de produtos industrializados D – Clientes a receber R$ 380.000 C – Receita de venda de produtos R$ 380.000 D – CPV R$ 119.856 C – Estoque de matéria-prima R$ 119.856 D – ICMS s/ vendas R$ 45.600 C – ICMS a recolher R$ 45.600 Na venda de produtos industrializados ocorrem os mesmos lançamentos contábeis das vendas de mercadorias, o que muda é a conta de receita de vendas, do custo do produto vendido e do estoque de matéria-prima. 10) Aquisição de ativo imobilizado para uso na produção D – Ativo imobilizado R$ 99.600 D – ICMS a recuperar do ativo imobilizado R$ 20.400 C – Contas a pagar R$ 120.000 Você deve se perguntar: aprendemos que na aquisição do ativo imobilizado não é possível fazer o aproveitamento de crédito de ICMS todo de uma vez só, então qual o motivo dos R$ 20.400 terem sido lançados em ICMS a recuperar? Perceba que a conta de ICMS utilizada é uma conta específica para o ativo imobilizado, diferente daquela utilizada para mercadorias e energia. Nesse caso, lançamos inicialmente o valor integral do crédito na conta “ICMS a recuperar do ativo imobilizado” e só no final do mês que descobriremos o valor efetivo a ser recuperado desse bem. Vejamos o cálculo a seguir: 44 QUADRO 12 – CONTROLE DE CRÉDITO DO ATIVO PERMANENTE Competência Crédito de ICMS 1/48 Vendas Tributadas Vendas Totais Fator ICMS a recuperar julho/X4 R$ 20.400 R$ 425 R$ 411.284 R$ 455.900 90,21% R$ 383,39 FONTE: As autoras Conforme aprendemos na parte teórica, para o aproveitamento de crédito de ICMS do ativo imobilizado, deve-se fazer o cálculo de 1/48 avos e em seguida verificar a proporção de vendas tributadas para vendas totais. Dessa forma, encontra-se o fator a ser utilizado para encontrar o valor a recuperar. Ao dividir o crédito de ICMS total por 48, chega-se no valor mensal de R$ 425, ou seja: o valor máximo a ser aproveitado em cada mês é R$ 425. Ao dividir o valor de vendas tributadas pelas vendas totais, tem-se o fator de aproveitamento para o mês de julho: 90,21%. Chegamos dessa forma nesse percentual: QUADRO 13 – RESUMO DAS VENDAS Vendas Tributadas Vendas Totais + R$ 35.384 + R$ 380.000 - R$ 4.100 (devolução de venda) = R$ 411.284 + R$ 80.000 + R$ 380.000 - R$ 4.100 (devolução de venda) = R$ 455.900 411.284 / 455.900 = 0,9021 ou 90,21% FONTE: As autoras Assim, multiplicamos o valor de 1/48 por 90,21% para chegar ao ICMS recuperável do ativo imobilizado no mês de julho: 425 x 90,21% = R$ 383,39. Após encontrarmos o valor que efetivamente iremos recuperar, precisamos contabilizá-lo. No entanto, antes, perceba que houve uma perda no mês de julho, pois se todas as vendas fossem tributadas, a empresa aproveitaria R$ 425, no entanto, só podemos aproveitar R$ 383,39. Essa diferença é contabilizada como uma despesa de ICMS não recuperável: 11) Lançamento Contábil do ICMS efetivo a recuperar do ativo imobilizado em julho/X4: D – Despesa com ICMS não recuperável R$ 41,61 D – ICMS a recuperar R$ 383,39 C – ICMS a recuperar do ativo imobilizado R$ 425 45 Para compreender esse lançamento é simples: retiramos 1/48 avos, ou seja, R$ 425, com um crédito em “ICMS a recuperar do ativo imobilizado”. Debitamos os R$ 383,39 em ICMS a recuperar e o restante, que não será recuperado, é lançado na despesa com ICMS não recuperável. Agora que fizemos todos os lançamentos contábeis necessários, precisamos apurar o ICMS a recolher de julho/X4: QUADRO 14 – APURAÇÃO DE ICMS DO MÊS DE JULHO/X4 Créditos Fiscais Débitos Fiscais Mercadorias R$ 2.760 Devolução de compra R$ 1.200 Matéria-prima R$ 17.544 Venda de mercadorias R$ 4.246,08 Energia elétrica R$ 600 Venda de produtos R$ 45.600 Fretes R$ 1.800 Devolução de venda R$ 492 Ativo Imobilizado R$ 383,39 TOTAL R$ 23.579,39 TOTAL R$ 51.046,08 Confronto dos créditos e débitos fiscais: 51.046,08 – 23.579,39 = R$ 27.466,69 FONTE: As autoras A partir do Quadro 14 vemos que os débitos fiscais superam os créditos. Nesse caso, haverá ICMS a recolher no mês de julho. No entanto, como o ICMS é não cumulativo, podemos compensar os créditos, assim, o valor que fica a recolher é R$ 27.466,69. É necessário efetuar uma contabilização da transferência dos créditos para os débitos: 12) Transferência dos saldos a recuperar para recolher: D – ICMS a recolher R$ 23.579,39 C – ICMS a recuperar R$ 23.579,39 Efetuando estes lançamentos, nós zeramos a conta de “ICMS a recuperar”. No mês seguinte, por exemplo, a empresa começará o mês sem saldo de imposto a recuperar, salvo o valor do ativo imobilizado que deverá ser calculado ao final do período. O ICMS tem diversas particularidades. Ao longo da disciplina e nas autoatividades faremos mais exercícios práticos para exercitar o que aprendemos. Agora vamos conhecer mais um imposto? É o IPI. 46 4 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI O IPI é um tributo federal, que incide sobre produtos industrializados. Como já vimos no tópico 1, é no artigo 153 da Constituição Federal que se menciona o IPI. 4.1 PARTE TEÓRICA A Constituição já enfatiza no artigo 153 que o IPI será seletivo em função da essencialidade do produto, o que significa que quanto mais essencial ele for, menor será o imposto. Além do mais, menciona que será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. No entanto, assim como acontece com o ISS e ICMS, o IPI possui lei complementar para regulamentá-lo. Esta lei é o Decreto nº 7.212/2010, também conhecido como Regulamento do IPI. Iniciando pelo elemento fato gerador, o artigo 35 do Regulamento do IPI indica dois fatos geradores do IPI: Art. 35. São fatos geradores do imposto: I - o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira; e II - a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial (BRASIL, 2010). No entanto, o que é considerado produto industrializado? Conforme o artigo 3º do Regulamento do IPI: Art. 3o Produto industrializado é o resultante de qualquer operação definida neste Regulamento como industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária (BRASIL, 2010). Mas o que é considerado industrialização? O artigo 4º explica que é qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo: Art. 4 o Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação); II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto(beneficiamento); III - a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV - a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). 47 Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados (BRASIL, 2010). Nesse sentido, percebe-se que existem várias formas de industrialização, tais como: transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento e renovação. No entanto, é importante saber diferenciar o que é industrialização e o que a lei não considera. A lei não considera industrialização o preparo de produtos alimentares na residência do preparador ou em restaurantes, bares ou em cozinhas industriais; preparo de refrigerantes por meio de máquinas em restaurantes, bares, para venda direta ao consumidor; confecção de produto de artesanato que é o produto proveniente de trabalho manual realizado por pessoa natural, quando o trabalho não contar com o auxílio de terceiros assalariados e quando o produto for vendido a consumidor diretamente ou por intermédio de entidade de que o artesão faça parte ou seja assistido; manipulação em farmácia, edificações (BRASIL, 2010). Sobre o contribuinte do IPI, o regulamento no artigo 24, enfatiza que: Art. 24. São obrigados ao pagamento do imposto como contribuinte: I - o importador, em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço aduaneiro de produto de procedência; II - o industrial, em relação ao fato gerador decorrente da saída de produto que industrializar em seu estabelecimento, bem como quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar; III - o estabelecimento equiparado a industrial, quanto ao fato gerador relativo aos produtos que dele saírem, bem como quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar; e IV - os que consumirem ou utilizarem em outra finalidade, ou remeterem a pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoras, o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, quando alcançado pela imunidade prevista no inciso I do art.18. Parágrafo único. Considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial ou comerciante, em relação a cada fato gerador que decorra de ato que praticar (BRASIL, 2010). Para resumir, de um modo geral, o contribuinte do IPI é aquele que importou produtos, ou que industrializou (conforme o artigo 4º). Já no artigo 190, o regulamento aborda sobre a base de cálculo do imposto, que será o valor dos produtos importados mais o frete, tributos, encargos e despesas envolvidas. Quanto aos produtos nacionais, a base de cálculo é o valor total da operação: Art. 190. Salvo disposição em contrário deste Regulamento, constitui valor tributável: I - dos produtos de procedência estrangeira: a) o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos tributos aduaneiros, por ocasião do despacho de importação, acrescido do montante desses tributos e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele; e 48 b) o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento equiparado a industrial; ou II - dos produtos nacionais, o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial. § 1° O valor da operação referido na alínea “b” do inciso I e no inciso II compreende o preço do produto, acrescido do valor do frete e das demais despesas acessórias, cobradas ou debitadas pelo contribuinte ao comprador ou destinatário (BRASIL, 2010). No que se refere à alíquota, o artigo 189 menciona que o imposto será calculado mediante aplicação das alíquotas, constantes da TIPI – Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – sobre o valor tributável dos produtos. A TIPI é atualmente normatizada pelo Decreto nº 8.950/2016 e está organizada em Seções, Capítulos e Subcapítulos, em que constam todos os tipos de produtos existentes. Os produtos são classifi cados conforme o NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul –, que é um código de oito números utilizado no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Além do NCM, a TIPI traz a descrição do produto a que está referenciando e a alíquota de IPI incidente. As alíquotas variam de 0% a 30%, dependendo do produto, podendo chegar a 300% no caso do NCM 2402.20.00 que corresponde a cigarros que contenham tabaco (VELLOZA; GOMES, 2021). “A porcentagem elevada pelo Poder Executivo objetiva gravar com um imposto mais oneroso um produto maléfi co à saúde e inibir o seu consumo, além do caráter pedagógico que a medida extrafi scal impõe” (VELLOZA; GOMES, 2021, p. 3). A Figura 8 apresenta um recorte da TIPI para demonstração. Neste recorte do Capítulo 33, ve-se produtos relacionados com perfumaria e cosméticos. Os produtos classifi cados no código 33.02 possuem alíquota de 5%. Já os perfumes e águas de colônia do código 33.03 variam: para perfumes é 42%, para águas de colônia é 12%. Alguns produtos de beleza do código 33.04 também tem alíquotas variáveis, tais como 0%, 12% e 22%. Para conhecer e pesquisar sobre os NCMs, acesse o site Siscomex, do Portal único do Comércio Exterior no link a seguir: https://portalunico.siscomex.gov.br/ classif/#/sumario?perfi l=publico. DICA 49 FIGURA 8 – TIPI FONTE: . Acesso em: 30 mar. 2022. Quanto ao elemento crédito e compensação, foi mencionado anteriormente que a Constituição Federal já determina que o IPI será não cumulativo, compensando- se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. Isso signifi ca que o imposto cobrado na operação tributada deverá sofrer abatimento da operação anterior em razão de crédito existente na escrita fi scal do contribuinte. Assim, quando o contribuinte adquire determinado produto, por exemplo, insumos para utilização do processo industrial, deverá registar contabilmente o valor do crédito do IPI na entrada (VELLOZA; GOMES, 2021). A Figura 8 é apenas um pequeno recorte da TIPI. No total, a TIPI possui 425 páginas. Para conhecer a tabela de incidência na íntegra, acesse o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Decreto/Anexo/AND8 950.pdf. DICA 50 Depois, quando efetuar a venda da mercadoria industrializada, deverá registrar contabilmente o valor do IPI incidente na operação. Ao final do período, o contribuinte realizará o confronto entre créditos e débitos e poderá verificar se deve ou não pagar o IPI do período, ou ainda, se poderá transportar o saldo de crédito do imposto para o período ou períodos subsequentes (VELLOZA; GOMES, 2021). No que se refere ao último elemento do IPI, o pagamento, o artigo 259 do regulamento afirma que é mensal o período de apuração do imposto incidente nas saídas dos produtos do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial. Confira no Quadro 15 um resumo dos elementos do imposto. QUADRO 15 – ELEMENTOS DO IPI Fato Gerador Desembaraço aduaneiro e a saída de produto do estabelecimento industrial. Contribuinte O importador e quem industrializa um produto. Base de Cálculo Produtos importados: o valor que servir de base para o cálculo dos tributos aduaneiros, mais o montante desses tributos e dos encargos e o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento equiparado a industrial. Produtos Nacionais: o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimentoindustrial. Alíquota Varia conforme a TIPI. Crédito e compensação Aquisições para utilização no processo industrial. Pagamento Mensal. FONTE: As autoras Agora que já compreendemos a parte teórica, vamos praticar? 4.2 PARTE PRÁTICA Consideremos as informações do mês de julho de X4, da empresa Bicecross Comércio e Indústria de Bicicletas Ltda. A empresa fabrica bicicletas e vende acessórios para ciclistas: • A alíquota de IPI sobre os produtos é de 10%, seja nas aquisições ou nas vendas. • No setor de vendas, foram vendidas todas as matérias-primas adquiridas, ou seja, zera-se o estoque. 51 • Todas as operações ocorreram a prazo. • Desconsiderar ICMS. QUADRO 16 – INFORMAÇÕES DA EMPRESA BICECROSS Operação Valor R$ IPI Valor total da nota 1 Compra de mercadorias para revenda R$ 52.000 - R$ 52.000 2 Compra de matéria-prima para fabricação de bicicletas R$ 146.200 R$ 14.620 R$ 160.820 3 Devolução de compra de matéria- prima R$ 10.000 R$ 1.000 R$ 11.000 4 Energia elétrica do mês R$ 3.250 - R$ 3.250 5 Aquisição de fretes para recebimento de mercadorias R$ 17.400 - R$ 17.400 6 Compra de material para uso ou consumo R$ 5.000 - R$ 5.000 7 Venda de mercadorias R$ 80.000 - R$ 80.000 8 Devolução de venda de mercadorias R$ 4.100 - R$ 4.100 9 Venda de produtos industrializados R$ 380.000 R$ 38.000 R$ 418.000 10 Aquisição de ativo imobilizado para uso na produção R$ 120.000 - - FONTE: As autoras Iniciaremos analisando as operações. Contabilizaremos apenas aquelas que tem incidência de IPI, pois as demais já vimos no tópico anterior. Vamos lá? A operação Número 1 é uma compra de mercadorias para revenda. Nesse caso, não haverá crédito de IPI, pois conforme aprendemos na parte teórica, só há esse direito em aquisições destinadas ao processo produtivo. Vamos seguir. A operação 2 foi uma compra de matéria-prima para fabricar bicicletas. Nessa aquisição, há o direito a crédito do imposto. Perceba que o IPI, diferentemente do ISS e ICMS, soma-se valor da operação. O valor da matéria-prima é R$ 146.200. A alíquota de IPI é de 10%, ou seja: R$ 14.620. Somando R$ 146.200 com R$ 14.620, tem-se o valor total da nota fiscal de compra de matéria-prima: R$ 160.820. D – Estoque de Matéria-Prima R$ 146.200 D – IPI a recuperar R$ 14.620 C – Fornecedores R$ 160.820 A operação 3 é uma devolução de compra de matéria-prima. Nesse caso, no momento em que adquirimos a matéria-prima, nós aproveitamos IPI, sendo assim, quando devolvemos esse material ao fornecedor, temos que devolver também o imposto. 52 D – Fornecedores R$ 11.000 C – IPI a recolher R$ 1.000 C – Estoque de matéria-prima R$ 10.000 A operação 4 refere-se à conta de energia do mês e não há incidência de IPI sobre energia. O mesmo ocorre com as operações número 5 que é a aquisição de frete para recebimentos de mercadorias, e número 6 que é referente a uso ou consumo. Importante salientar, conforme comentado no tópico anterior, que é considerado uso ou consumo o material que é usado nas atividades comerciais, operacionais ou administrativas, desde que não se agregue fisicamente ao que está sendo produzido. Alguns exemplos são: café consumido no escritório, papéis, canetas, material de limpeza, graxa de alguma máquina da produção etc. (FAZCOMEX, 2021). Nesse sentido, não há que se confundir material para uso ou consumo com matéria-prima, insumos ou embalagem. Nas operações 7, 8 e 10 não há incidência de IPI, pois as primeiras estão relacionadas à atividade de revenda, e a última não gera direito a crédito, conforme legislação. Já a número 9 envolve IPI. A operação 9 é a venda de produtos industrializados. Perceba que o valor dos produtos é R$ 380.000. Sobre esse valor, há incidência de 10% de IPI, ou seja: R$ 38.000. Com isso, o valor total da receita de vendas é R$ 418.000. A contabilização fica assim: D – Clientes a receber R$ 418.000 C – Receitas de vendas de produtos R$ 418.000 D – CPV R$ 136.200 C – Estoque de matéria-prima R$ 136.200 D – IPI s/ produtos R$ 38.000 C – IPI a recolher R$ 38.000 Agora que fizemos todos os lançamentos contábeis necessários, precisamos apurar o IPI a recolher de julho/X4: QUADRO 17 – APURAÇÃO DE IPI DO MÊS DE JULHO/X4 Créditos Fiscais Débitos Fiscais Matéria-prima R$ 14.620 Venda de produtos R$ 38.000 Devolução de compra de produtos R$ 1.000 TOTAL R$ 14.620 TOTAL R$ 39.000 Confronto dos créditos e débitos fiscais: 39.000 – 14.620 = R$ 24.380 FONTE: As autoras 53 A partir do Quadro 17 vemos que os débitos fiscais superam os créditos. Nesse caso, haverá IPI a recolher no mês de julho. No entanto, como o IPI é não cumulativo, podemos compensar os créditos, assim, o valor que fica a recolher é R$ 24.380. É necessário efetuar uma contabilização da transferência dos créditos para os débitos: Transferência dos saldos a recuperar para recolher: D – IPI a recolher R$ 14.620 C – IPI a recuperar R$ 14.620 Efetuando estes lançamentos, nós zeramos a conta de “IPI a recuperar”. No mês seguinte, por exemplo, a empresa começará o mês sem saldo de imposto a recuperar. E aí, o que achou de estudar sobre o IPI? Vamos iniciar agora os estudos sobre PIS e COFINS! 5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS E CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Neste tópico, estudaremos PIS e COFINS, pois são contribuições sociais que possuem a mesma base de cálculo, mas não possuem a mesma alíquota. PIS e COFINS são tributos federais, que incidem em diversas operações. Como já vimos no tópico 1, é o artigo 149 da Constituição Federal que aborda a competência da União em instituir contribuições sociais. 5.1 PARTE TEÓRICA NO REGIME CUMULATIVO No Tópico 1 foi abordado que PIS e COFINS podem ser cumulativos e não cumulativos. No que se refere ao PIS e COFINS cumulativos, é a Lei nº 9.718 de 1998, que dá o norteio. Já para PIS e COFINS não cumulativos as leis diferem entre os tributos: para o PIS é a Lei nº 10.637 de 2002, para a COFINS é a Lei nº 10.833 de 2003. Vamos iniciar os estudos pelo PIS e COFINS cumulativos. Quanto ao elemento fato gerador, a Lei nº 9.718/1998 menciona no artigo 2º que “as contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento”. O artigo 3º complementa que “o faturamento a que se refere o art. 2o compreende a receita bruta”. Sendo assim, é o faturamento (receita bruta) que gera a obrigação de PIS e COFINS cumulativos. No que se refere ao elemento contribuinte, o contribuinte da contribuição para o PIS e COFINS é a pessoa jurídica que auferir as receitas a que se refere o art. 2º. Ou seja, a pessoa jurídica que aufira receitas. 54 Com relação à base de cálculo, o parágrafo segundo do artigo 3º menciona o seguinte: 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluem-se da receita bruta: I - as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; II - as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimento pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de participações societárias, que tenham sido computados como receita bruta; IV - as receitas de que trata o inciso IV do caput do art. 187 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, decorrentes da venda de bens do ativo não circulante, classificado como investimento, imobilizado ou intangível; e VI - a receita reconhecida pela construção, recuperação, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos (BRASIL, 1998). Nesse sentido, é importante compreender que tanto as vendas canceladas (devoluções de vendas), descontos incondicionais, reversões de provisões e perdas, bem como o resultado positivo de avaliaçãoe investimentos, lucros, dividendos, vendas do ativo não circulante, e ganho de avaliação com melhoramento de estruturas, devem ser excluídos da receita bruta para se chegar à base de cálculo de PIS e COFINS. Ainda sobre a base de cálculo, a decisão do STF de número 574.706/2021, decidiu que o ICMS destacado nas notas fiscais de venda deverá fazer parte das exclusões da base de cálculo de PIS e COFINS, visto que não compõe o preço da mercadoria. A alíquota do PIS é 0,65% e de COFINS é 3%, conforme o artigo 4º, inciso IV da citada Lei: “IV – sessenta e cinco centésimos por cento e três por cento incidentes sobre a receita bruta decorrente das demais atividades”. A decisão do STF que excluiu o ICMS da base do PIS e da COFINS é válida apenas para as SAÍDAS. No que se refere às entradas (aquisições), o ICMS não deve ser excluído da base dos créditos de PIS e COFINS. Isso foi confirmado pelo Parecer da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional SEI nº 14.483/ME, em que menciona: “não é possível, com base apenas no conteúdo do acórdão, proceder ao recálculo dos créditos apurados nas operações de entrada, porque a questão não foi, nem poderia ter sido, discutida nos autos”. INTERESSANTE 55 Quanto ao elemento pagamento, PIS e COFINS são tributos mensais. Já sobre o crédito e compensação, não existe no regime cumulativo de PIS e COFINS. Assim, finalizamos a parte teórica de PIS e COFINS cumulativos. O Quadro 18 apresenta um resumo dos elementos desses tributos: QUADRO 18 – ELEMENTOS DO PIS E COFINS CUMULATIVOS Fato Gerador Contribuinte Base de Cálculo Alíquota Crédito e compensação Pagamento Faturamento Pessoa jurídica que auferir faturamento =Receita Bruta - Devoluções de vendas - Descontos incondicionais - ICMS destacado - IPI = Base de cálculo 0,65% para PIS 3% para COFINS Não há Mensal FONTE: As autoras Vamos praticar? 5.2 PARTE PRÁTICA NO REGIME CUMULATIVO Consideremos as informações do mês de julho de X4, da empresa Bicecross Comércio, Serviços e Indústria de Bicicletas Ltda. A empresa fabrica bicicletas, vende acessórios para ciclistas e também faz consertos: • Nas vendas, todo o estoque foi vendido, ou seja, zera-se o estoque. • Todas as operações ocorreram a prazo. • Custo da mercadoria da devolução de venda: R$ 3.129. • Desconsiderar IPI e ISS. QUADRO 19 – INFORMAÇÕES DA EMPRESA BICECROSS Operação Valor R$ ICMS PIS COFINS 1 Compra de mercadorias para revenda R$ 52.000 R$ 6.240 - - 2 Compra de matéria-prima para fabricação de bicicletas R$ 146.200 R$ 17.544 - - 3 Devolução de compra de matéria-prima R$ 10.000 R$ 1.200 - - 4 Energia elétrica do mês R$ 3.250 R$ 812,50 - - 56 5 Aquisição de fretes para recebimento de mercadorias R$ 17.400 R$ 2.088 - - 6 Compra de material para uso ou consumo R$ 5.000 - - - 7 Venda de mercadorias R$ 80.000 R$ 9.600 R$ 457,60 R$ 2.112 8 Devolução de venda de mercadorias R$ 4.100 R$ 492 R$ 23,45 R$ 108,24 9 Venda de produtos indus- trializados R$ 380.000 R$ 45.600 R$ 2.173,60 R$ 10.032 10 Prestação de serviços R$ 15.000 - R$ 97,50 R$ 450 11 Receitas financeiras R$ 550 - - - FONTE: As autoras Iniciaremos analisando as operações. Contabilizaremos apenas aquelas que têm incidência de PIS e COFINS, pois as demais já vimos no tópico anterior. Vamos lá? As operações 1, 2, 4, 5 e 6 são compras de mercadorias, matéria-prima, energia elétrica, frete, uso ou consumo. Nesses casos, não haverá crédito de PIS e COFINS, pois conforme aprendemos na parte teórica, no regime cumulativo não é possível fazer esse aproveitamento. Perceba que na operação 3, referente à devolução de compra, também não há que devolver PIS e COFINS ao fornecedor, visto que não houve o aproveitamento na entrada. Já na operação 7 há incidência de PIS e COFINS, pois refere-se ao faturamento da empresa. É necessário excluir o ICMS da base de cálculo, lembra? Então, a partir do valor das mercadorias que é R$ 80.000 menos o ICMS que é R$ 9.600, chega-se à base de cálculo de: R$ 70.400. Assim, aplicamos a alíquota de 0,65% para encontrar o PIS: R$ 457,60, e aplicamos a alíquota de 3% para encontrar a COFINS: R$ 2.112. A contabilização fica assim: D – Clientes a receber R$ 80.000 C – Receita de vendas de mercadorias R$ 80.000 D – CMV R$ 61.072 C – Estoque R$ 61.072 D – PIS s/ vendas R$ 457,60 C – PIS a recolher R$ 457,60 D – COFINS s/ vendas R$ 2.112 C – COFINS a recolher R$ 2.112 57 Na operação 8 também haverá PIS e COFINS. No momento da venda de mercadorias nós geramos débitos fiscais para pagar esses tributos. Então, se ocorreu uma devolução de venda, nós temos o direito de estornar os tributos. Para encontrar a base de cálculo, exclui-se o ICMS: R$ 4.100 – R$ 492 = R$ 3.608. A partir da base de cálculo de R$ 3.608, estornaremos R$ 23,45 de PIS e R$ 108,24 de COFINS: D – Devolução de vendas R$ 4.100 C – Clientes a receber R$ 4.100 D – Estoque R$ 3.129 C – CMV R$ 3.129 D – PIS a recolher R$ 23,45 C – PIS s/ vendas R$ 23,45 D – COFINS a recolher R$ 108,24 C – COFINS s/ vendas R$ 108,24 Na operação 9, a empresa também terá que gerar PIS e COFINS a pagar. Independente se a venda está relacionada a mercadorias, produtos, ou serviços, haverá incidência desses tributos, salvo exceções da lei. As alíquotas são sempre as mesmas: 0,65% e 3%. Excluindo o ICMS, chegamos a uma base de: R$ 334.400. D – Clientes a receber R$ 380.000 C – Receita de vendas de mercadorias R$ 380.000 D – CPV R$ 119.856 C – Estoque de Matéria Prima R$ 119.856 D – PIS s/ vendas R$ 2.173,60 C – PIS a recolher R$ 2.173,60 D – COFINS s/ vendas R$ 10.032 C – COFINS a recolher R$ 10.032 É importante mencionar que se caso estivéssemos considerando IPI, ele também deveria ser excluído da base de cálculo. A operação 10 refere-se a prestações de serviço que a empresa fez. A base de cálculo permanece sendo R$ 15.000, pois não há ICMS em prestações de serviços: D – Clientes a receber R$ 15.000 C – Receita com prestação de serviços R$ 15.000 D – PIS s/ prestação de serviços R$ 97,50 C – PIS a recolher R$ 97,50 D – COFINS s/ prestação de serviços R$ 450 C – COFINS a recolher R$ 450 58 A operação 11 tem incidência de PIS e COFINS? A resposta é: não, no caso de regime cumulativo. Lembre-se de que no regime cumulativo, o fato gerador dos tributos é o faturamento. Receitas financeiras não fazem parte do faturamento da empresa. Agora que fizemos todos os lançamentos contábeis necessários, precisamos apurar PIS e COFINS a recolher de julho/X4: QUADRO 20 – APURAÇÃO DE PIS E COFINS DO MÊS DE JULHO/X4 PIS COFINS Venda de mercadorias R$ 457,60 Venda de mercadorias R$ 2.112 Venda de produtos R$ 2.173,60 Venda de produtos R$ 10.032 Prestação de serviços R$ 97,50 Prestação de serviços R$ 450 Devolução de vendas (R$ 23,45) Devolução de vendas (R$ 108,24) TOTAL R$ 2.705,25 TOTAL R$ 12.485,76 FONTE: As autoras A partir do Quadro 20 identificam-se todos os débitos fiscais que a empresa teve com PIS e COFINS, provenientes de vendas e prestação de serviços, e o estorno relacionado à devolução de vendas. Com isso, há que se pagar R$ 2.705,25 de PIS e R$ 12.485,76 de COFINS, não havendo créditos a compensar, pois neste regime não é possível. Sobre a possibilidade de aproveitamento de créditos, veremos no próximo tópico ao abordar o regime não cumulativo para PIS e COFINS. 5.3 PARTE TEÓRICA NO REGIME NÃO CUMULATIVO Conforme mencionado anteriormente, no regime não cumulativo as leis que normatizam PIS e COFINS são diferentes. Para o PIS é a Lei nº 10.637 de 2002, e para a COFINS é a Lei nº 10.833 de 2003. Apesar de serem diferentes, seguem um padrão de sequência. Quanto ao fato gerador de PIS e COFINS não cumulativos, as leis 10.637/2002 e 10.833/2003 mencionam que: “incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Nesse sentido, percebe-se que há uma diferença entre o fato gerador do regime cumulativoe não cumulativo. No regime cumulativo é o faturamento. No regime não cumulativo são todas as receitas auferidas independentemente da denominação. 59 No que diz respeito ao elemento contribuinte, as leis mencionam que: “o contribuinte é a pessoa jurídica que auferir as receitas”, ou seja, a empresa. No que se refere à base de cálculo, é o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica. Conforme o parágrafo 3º do artigo 1º da Lei nº 10.833/2003, não integram a base de cálculo: § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: I - isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero); II - decorrentes da venda de bens do ativo não circulante, classificado como investimento, imobilizado ou intangível; III - auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; V - referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de participações societárias, que tenham sido computados como receita (BRASIL, 2003). Além do mais, o ICMS que incide sobre as vendas também deve ser excluído base de cálculo de PIS e COFINS, conforme a decisão do STF de número 574.706/2021. As alíquotas de PIS e COFINS são 1,65% e 7,60%, respectivamente. No entanto, para as receitas financeiras as alíquotas são diferenciadas: 0,65% para PIS e 4% para COFINS, conforme disposto no Decreto nº 8.426/2015: Art. 1º Ficam restabelecidas para 0,65% e 4%, respectivamente, as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não-cumulativa das referidas contribuições (BRASIL, 2015). No regime não cumulativo é possível o aproveitamento de créditos, ou seja, há crédito e compensação. São várias as possibilidades de crédito, conforme o Artigo 3º da Lei nº 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I - bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: a) no inciso III do § 3o do art. 1° desta Lei; e b) nos §§ 1o e 1o-A do art. 2° desta Lei; II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; 60 IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V - valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. VII - edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mão-de-obra, tenha sido suportado pela locatária; VIII - bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX - energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. IX - energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. X - vale-transporte, vale-refeição ou vale-alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. XI - bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. § 1° O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; II - dos itens mencionados nos incisos IV, V e IX do caput, incorridos no mês; III - dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI do caput, incorridos no mês; IV - dos bens mencionados no inciso VIII do caput, devolvidos no mês. § 2° Não dará direito a crédito o valor: I - de mão de obra paga a pessoa física; e II - da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. § 4° O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê-lo nos meses subsequentes (BRASIL, 2002). Para resumir, de um modo geral, o que possibilita crédito de PIS e COFINS são: • Bens adquiridos para revenda. • Bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção de produtos. • Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos pagos a pessoa jurídica. • Máquinas, equipamentos incorporados ao ativo imobilizado para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. • Bens recebidos em devolução de vendas tributadas. • Energia elétrica consumida. 61 Importante mencionar que no que se refere aos créditos de ativo imobilizado, o aproveitamento se dará a partir da depreciação do bem, iniciando no mês de aquisição. No que se refere ao elemento pagamento, é mensal. PIS e COFINS deverão ser pagos até o 25o dia do mês subsequente ao de ocorrência do fato gerador. Se o dia do vencimento não for dia útil, considerar-se-á antecipado o prazo para o primeiro dia útil que o anteceder. O Quadro 21 apresenta um resumo dos elementos desses tributos: QUADRO 21 – ELEMENTOS DO PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS Fato Gerador Contribuinte Base de Cálculo Alíquota Crédito e compensação Pagamento Todas as receitas, salvo as isentas e do ativo não circulante. Pessoa jurídica que auferir receitas. = Receitas - Devoluções de vendas - Descontos incondicionais - ICMS destacado - IPI = Base de cálculo 1,65% para PIS 7,6% para COFINS; 0,65% e 4% de PIS e COFINS para receita financeira. bens para revenda; insumos; aluguéis pagos a pessoa jurídica; máquinas e equipamentos, devolução de vendas tributadas; energia elétrica. Mensal FONTE: As autoras Vamos praticar? 5.4 PARTE PRÁTICA NO REGIME NÃO CUMULATIVO Consideremos as informações do mês de julho de X4, da empresa Bicecross Comércio, Serviços e Indústria de Bicicletas Ltda. A empresa fabrica bicicletas, vende acessórios para ciclistas e também faz consertos: • Nas vendas, todo o estoque foi vendido, ou seja, zera-se o estoque. • Todas as operações ocorreram a prazo. • Custo da mercadoria da devolução de venda: R$ 2.800. • Desconsiderar IPI e ISS. 62 QUADRO 22 – INFORMAÇÕES DA EMPRESA BICECROSS Operação Valor R$ ICMS BC PIS/ COFINS PIS COFINS 1 Compra de mercadorias para revenda R$ 52.000 R$ 6.240 R$ 52.000 R$ 858 R$ 3.952 2 Compra de matéria-prima para fabricação de bicicletas R$ 146.200 R$ 17.544 R$ 146.200 R$ 2.412,30 R$ 11.111,20 3 Devolução de compra de matéria-prima R$ 10.000 R$ 1.200 R$ 10.000 R$ 165 R$ 760 4 Energia elétrica do mês R$ 3.250 R$ 812,50 R$ 3.250 R$ 53,63 R$ 247 5 Aquisição de fretes para recebimento de mercadorias R$ 17.400 R$ 2.088 R$ 17.400R$ 287,10 R$ 1.322,40 6 Compra de material para uso ou consumo R$ 5.000 - - - - 7 Venda de mercadorias R$ 80.000 R$ 9.600 R$ 70.400 R$ 1.161,60 R$ 5.350,40 8 Devolução de venda de mercadorias R$ 4.100 R$ 492 R$ 3.608 R$ 59,53 R$ 274,21 9 Venda de produtos indus- trializados R$ 380.000 R$ 45.600 R$ 334.400 R$ 5.517,60 R$ 25.414,40 10 Prestação de serviços R$ 15.000 - R$ 15.000 R$ 247,50 R$ 1.140 11 Receitas financeiras de apli- cação R$ 550 - R$ 550 R$ 3,58 R$ 22 12 Aluguel pago a pessoa jurídica R$ 2.500 - R$ 2.500 R$ 41,25 R$ 190 13 Aquisição de máquina para produção R$ 320.000 R$ 38.400 R$ 281.600 depreciação depreciação 14 Depreciação da máquina adquirida. 10% a.a 281.600 / 10anos = 28.160 28.160 / 12mes = 2.346,67 R$ 2.346,67 R$ 38,72 R$ 178,35 FONTE: As autoras Iniciaremos fazendo as contabilizações de todas as operações: 1) Compra de mercadorias para revenda D – Estoque R$ 40.950 D – ICMS a recuperar R$ 6.240 D – PIS a recuperar R$ 858 D – COFINS a recuperar R$ 3.952 C – Fornecedores R$ 52.000 63 Conforme foi abordado na parte teórica, as aquisições de mercadorias para revenda geram créditos de PIS e COFINS. Perceba que nas entradas, o ICMS não deve ser excluído da base de cálculo de PIS e COFINS, nesse sentido, a base para calcular PIS e COFINS é R$ 52.000. A diferença entre o total da aquisição e os tributos a recuperar vai para o estoque. 2) Compra de matéria-prima para fabricação de bicicletas D – Estoque de MP R$ 115.132,50 D – ICMS a recuperar R$ 17.544 D – PIS a recuperar R$ 2.412,30 D – COFINS a recuperar R$ 11.111,20 C – Fornecedores R$ 146.200 3) Devolução de compra de matéria-prima D – Fornecedores R$ 10.000 C – ICMS a recolher R$ 1.200 C – PIS a recolher R$ 165 C – COFINS a recolher R$ 760 C – Estoque R$ 7.875 Perceba que ao comprarmos a matéria-prima no número 2, nós aproveitamos diversos tributos. No entanto, tivemos que fazer uma devolução dessa compra na nº 3, portanto, temos que devolver também o valor dos tributos que recuperamos. Nesse caso, mesmo sendo uma “saída”, não se exclui o ICMS da base de PIS e COFINS. 4) Energia elétrica D – Despesa com energia elétrica R$ 2.136,87 D – ICMS a recuperar R$ 812,50 D – PIS a recuperar R$ 53,63 D – COFINS a recuperar R$ 247 C – Energia a pagar R$ 3.250 Como vimos no inciso IX do artigo 3º da Lei do PIS e consequentemente da COFINS, a energia elétrica gera créditos no regime não cumulativo. A base de cálculo é o valor total da conta de energia. 5) Aquisição de fretes para o recebimento de mercadorias D – Estoque R$ 13.702,50 D – ICMS a recuperar R$ 2.088 D – PIS a recuperar R$ 287,10 D – COFINS a recuperar R$ 1.322,40 C – Fornecedores R$ 17.400 64 Ficou se perguntando o motivo do frete gerar crédito de PIS e COFINS? O frete é contabilizado no estoque, assim, é considerado custo na aquisição de mercadorias e por isso, gera crédito desses tributos. 6) Compra de material de uso ou consumo D – Despesa de uso ou consumo R$ 5.000 C – Contas a pagar R$ 5.000 Material de uso ou consumo não gera créditos de PIS e COFINS. 7) Venda de mercadorias D – Clientes a receber R$ 80.000 C – Receita de vendas de mercadorias R$ 80.000 D – CMV R$ 54.652,50 C – Estoque R$ 54.652,50 D – ICMS s/ vendas R$ 9.600 C – ICMS a recolher R$ 9.600 D – PIS s/ vendas R$ 1.161,60 C – PIS a recolher R$ 1.161,60 D – COFINS s/ vendas R$ 5.350,40 C – COFINS a recolher R$ 5.350,40 Nas vendas precisamos diminuir o ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS, por isso que a base é: R$ 80.000 – R$ 9.600 = R$ 70.400,00. 8) Devolução de venda de mercadorias D – Devolução de vendas R$ 4.100 C – Clientes a receber R$ 4.100 D – Estoque R$ 2.800 C – CMV R$ 2.800 D – ICMS a recuperar R$ 492 C – ICMS s/ vendas R$ 492 D – PIS a recuperar R$ 59,53 C – PIS s/ vendas R$ 59,53 D – COFINS a recuperar R$ 274,21 C – COFINS s/ vendas R$ 274,21 Na devolução de vendas, precisamos estornar os tributos que geramos no momento da venda. Com isso, a base para PIS e COFINS é o valor da devolução menos o ICMS: R$ 4.100 – R$ 492 = R$ 3.608. Apesar da devolução de venda ser uma “entrada”, como está estritamente relacionada a uma venda, temos que excluir o ICMS nesse caso. 65 9) Venda de produtos industrializados D – Clientes a receber R$ 380.000 C – Receita de vendas de produtos R$ 380.000 D – CPV R$ 107.257,50 C – Estoque R$ 107.257,50 D – ICMS s/ vendas R$ 45.600 C – ICMS a recolher R$ 45.600 D – PIS s/ vendas R$ 5.517,60 C – PIS a recolher R$ 5.517,60 D – COFINS s/ vendas R$ 25.414,40 C – COFINS a recolher R$ 25.414,40 Nas vendas precisamos diminuir o ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS, por isso que a base é: R$ 380.000 – R$ 45.600 = R$ 334.400. 10) Prestação de serviços D – Clientes a receber R$ 15.000 C – Receita com prestação de serviços R$ 15.000 D – PIS s/ prestação de serviços R$ 247,50 C – PIS a recolher R$ 247,50 D – COFINS s/ prestação de serviços R$ 1.140 C – COFINS a recolher R$ 1.140 11) Receitas financeiras D – Aplicação financeira R$ 550 C – Rendimento de aplicação financeira R$ 550 D – PIS s/ receitas financeiras R$ 3,58 C – PIS a recolher R$ 3,58 D – COFINS s/ receitas financeiras R$ 22 C – COFINS a recolher R$ 22 Lembre-se de que conforme o artigo 1º do Decreto nº 8.426/2015 é necessário pagar PIS e COFINS sobre receitas financeiras, e as respectivas alíquotas são 0,65% e 4%. 12) Aluguel pago a pessoa jurídica D – Despesa de aluguel R$ 2.268,75 D – PIS a recuperar R$ 41,25 D – COFINS a recuperar R$ 190 C – Alugueis a pagar R$ 2.500 66 Assim como a energia elétrica, o aluguel pago a pessoa jurídica também dá direito ao crédito de PIS e COFINS, conforme o inciso IV do artigo 3º das leis de PIS e COFINS. 13) Aquisição de máquina para produção D – Máquinas e equipamentos R$ 281.600 D – ICMS a recuperar do Ativo Imobilizado R$ 38.400 C – Contas a pagar R$ 320.000 Veja que, apesar de precisarmos considerar a base de cálculo de R$ 281.600 para aproveitamento de crédito de PIS e COFINS, esse aproveitamento não acontece no momento da aquisição do imobilizado. O correto aproveitamento de crédito ocorrerá pela depreciação dessa máquina, no item 11. 14) Depreciação da máquina adquirida no item 13 Ao considerarmos o valor de custo do ativo imobilizado, temos um total de R$ 281.600. Sabe-se que a taxa de depreciação dessa máquina é 10% ao ano. Assim, será depreciado anualmente: R$ 28.160. No entanto, precisamos do valor mensal: R$ 28.160 / 12 = R$ 2.346,67. Ou seja, em cada mês, a base de cálculo desse ativo imobilizado para aproveitamento de crédito de PIS e COFINS será R$ 2.346,67. D – Despesa de depreciação R$ 2.129,60 D – PIS a recuperar R$ 38,72 D – COFINS a recuperar R$ 178,35 C – (-) Depreciação acumulada R$ 2.346,67 Agora que fizemos todos os lançamentos contábeis necessários, precisamos apurar PIS e COFINS de julho/X4: QUADRO 23 – APURAÇÃO DE PIS E COFINS DO MÊS DE JULHO/X4 Créditos Fiscais Débitos Fiscais Operação PIS COFINS Operação PIS COFINS Compra de mercadoria R$ 1.145,10 R$ 5.274,40 Venda de mercadorias R$ 1.161,60 R$ 5.350,40 Compra de MP R$ 2.412,30 R$ 11.111,20 Venda de produtos R$ 5.517,60 R$ 25.414,40 Energia R$ 53,63 R$ 247 Prestação de serviços R$ 247,50 R$ 1.140 Aluguéis R$ 41,25 R$ 190 Receitas financeiras R$ 3,58 R$ 22 67 Depreciação do AI R$ 38,72 R$ 178,35 Devolução de compra R$ 165 R$ 760 Devolução de vendas R$ 59,53 R$ 274,21 TOTAL R$ 3.750,53 R$ 17.275,16 TOTAL R$ 7.095,28 R$ 32.686,80 Confronto de débitos e créditos de PIS 7.095,28 – 3.750,53 = R$ 3.344,75 Confronto de débitos e créditos de COFINS 32.686,80 – 17.275,16 = R$ 15.411,64 FONTE: As autoras A partir do Quadro 23 vemos que os débitos fiscais superam os créditos. Nesse caso, haverá PIS e COFINS a recolher no mês de julho. No entanto, como são não cumulativos, podemos compensar os créditos, assim, o valor que fica a recolheré R$ 3.344,75 de PIS e R$ 15.411,64 de COFINS. É necessário efetuar uma contabilização da transferência dos créditos para os débitos: Transferência dos saldos a recuperar para recolher: D – PIS a recolher R$ 3.750,53 C – PIS a recuperar R$ 3.750,53 D – COFINS a recolher R$ 17.275,16 C – COFINS a recuperar R$ 17.275,16 Efetuando estes lançamentos, nós zeramos as contas “a recuperar”. No mês seguinte, por exemplo, a empresa começará sem saldo de imposto a recuperar. Após estudar sobre PIS e COFINS, nós finalizamos o Tópico 2 da Unidade 1. 68 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O ISS é um imposto municipal, cumulativo, sua alíquota varia entre 2% e 5%. • A lei geral do ISS é a Lei Complementar 116/2003. • O ICMS é um imposto estadual, de um modo geral é não cumulativo, sua alíquota varia conforme os estados. • A Lei geral do ICMS é a Lei nº 87/1996, também conhecida como Lei Kandir. • Existem alíquotas interestaduais para o ICMS, em que deve ser o estado de origem e de destino. • O IPI é um imposto federal, de um modo geral é não cumulativo, sua alíquota varia conforme os produtos constantes na TIPI. • A Lei geral do IPI é o Decreto nº 7.212/2010, conhecido como regulamento do IPI – RIPI. • O PIS e a COFINS são tributos federais, podem ser cumulativos e não cumulativos, dependendo do regime de tributação adotado. Para o regime cumulativo, suas alíquotas são, respectivamente, 0,65% e 3%. Para o regime não cumulativo são 1,65% e 7,6%, respectivamente. Sobre as receitas financeiras há uma alíquota diferenciada no regime não cumulativo que é 0,65% e 4%, respectivamente. • Para o regime cumulativo, PIS e COFINS possuem a mesma lei: Lei nº 9.718 de 1998. • Para o regime não cumulativo, a lei do PIS é a Lei nº 10.637/2002 e a de COFINS é a Lei nº 10.833/2003. 69 1 As possibilidades de aproveitamento de crédito fiscal variam conforme o regime de tributação de cada empresa. Nesse sentido, dependendo do regime de tributação, um mesmo tributo poderá ser cumulativo em um e não cumulativo em outro. Assinale as operações que podem gerar crédito conforme cada tributo: Operações ISS ICMS IPI PIS cumulativo COFINS cumulativo PIS não cumulativo COFINS não cumulativo Serviço tomado Compra de mercadoria para revenda Compra de matéria- prima Energia elétrica consumi- da no processo produtivo Energia elétrica Aquisição de imobilizado para atividade fim Depreciação de ativo imobilizado utilizado na atividade fim Aluguel pago a pessoa jurídica Aquisição de transporte para entrega de merca- doria 2 Cada tributo tem suas características, seja em relação a alíquota, base de cálculo, fato gerador, cumulatividade, entre outras. Conforme os conteúdos estudados no Tópico 2, indique as alíquotas de cada tributo, e suas particularidades (quando for o caso): ISS: ____________ IPI: ____________ ICMS: ____________ PIS: ____________ COFINS: ____________ 3 As indústrias possuem particularidades de contabilização, bem como de tributação. Considerando uma indústria, a partir da venda a prazo de um produto produzido pela empresa no valor de R$ 50.000,00, indique o valor dos tributos e efetue a contabilização completa da receita, considerando um CPV de R$ 15.000: AUTOATIVIDADE 70 ICMS (12% sobre o produto): ____________ IPI (15% sobre o produto): ____________ PIS cumulativo: ____________ COFINS cumulativo: ____________ 4 Dependendo do regime de tributação, alguns tributos variam de cumulativo e não cumulativo, é o caso do IPI, ICMS, PIS e COFINS. No que se refere ao ICMS não cumulativo, assinale a alternativa CORRETA que possibilita o crédito fiscal desse tributo: a) ( ) Bens adquiridos para revenda. b) ( ) Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos pagos a pessoa jurídica. c) ( ) Serviços tomados. d) ( ) Venda de mercadorias. 5 São vários os tributos incidentes sobre o faturamento das organizações, mas variam conforme o setor de atuação de cada empresa. Assinale a alternativa CORRETA sobre tributos que incidem sobre o faturamento das empresas: a) ( ) COFINS e IRPJ b) ( ) PIS e IRPJ. c) ( ) PIS e COFINS. d) ( ) PIS, COFINS e IRPJ. 71 TÓPICO 3 - TRIBUTAÇÃO SOBRE O LUCRO, FOLHA DE PAGAMENTO E CONTABILIZAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos o IRPJ e a CSLL, que são tributos sobre o lucro das empresas, além do INSS Patronal e FGTS, que são tributos sobre a folha de pagamento. Você deve se perguntar: qual é o motivo de estudar folha de pagamento se a disciplina é referente a tributos? Pois bem, dependendo do regime de tributação a que a empresa optar, haverá diferença no pagamento de INSS Patronal sobre a folha de pagamento e pró-labore. As empresas destinam um valor considerável para o INSS Patronal, por isso é importante compreender a dinâmica dessa contribuição. O INSS Patronal é aquele valor pago pela empresa sobre os funcionários e pró-labore, diferentemente daquele INSS que é descontado de cada colaborador. Além disso, as empresas recolhem sobre a folha de pagamento o FGTS, mas diferentemente do INSS Patronal, essa contribuição não muda conforme o regime tributário adotado. 2 IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA – IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL O IRPJ é um imposto federal que incide sobre o lucro das pessoas jurídicas. No artigo 153, inciso III, a Constituição Federal menciona que compete à União instituir impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Ambos os tributos (CSLL e IRPJ) possuem a mesma base de cálculo, por isso serão tratados conjuntamente neste tópico: Art. 28. Parágrafo Único. As pessoas jurídicas sujeitas ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, conforme o caso, ficarão sujeitas ao mesmo critério para a determinação da base de cálculo da CSLL, mantidos os ajustes e as alíquotas previstos na legislação para cada tributo (RECEITA FEDERAL, 2017, s.p.). Ao longo dos anos, várias leis foram criadas e alteradas para legislar sobre o IRPJ e CSLL. Atualmente, as principais são: Decreto nº 9.580/2018, também conhecido como Regulamento do Imposto de Renda, a Instrução Normativa – IN 1.700/2017 e o CTN/1966. UNIDADE 1 72 2.1 PARTE TEÓRICA Conforme o artigo 43 do CTN/1966, o fato gerador do IRPJ é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior (CTN, 1966, s.p.). Ou seja, são os valores que a empresa gera a partir da sua atividade: vendas e serviços ou outros proventos: como investimentos e vendas de imobilizado. Isso também é verdadeiro para a CSLL. Quanto ao contribuinte, o artigo 4º da IN 1.700/2017 menciona que são as pessoas jurídicas e empresas individuais, ou seja: as empresas. No que se refere à base de cálculo, os artigos 27 e 28 da IN 1.700/2017 indicam que a base de cálculo do IRPJ e da CSLL é o lucro real, lucro presumido ou lucro arbitrado, correspondente ao período de apuração. Resumindo, é o lucro das empresas, esse lucro varia conforme o regime de tributação de cada organização. Sobre isso, estudaremos na Unidade 2. Com relação à alíquota, o artigo 29 da IN 1.700/2017 menciona que a do IRPJ é 15%. Além disso, a parte do lucro que exceder R$ 20.000,00 por mês terá incidência de um adicional de 10%. Já a alíquota da CSLL, conforme o artigo 30 da IN 1.700/2017 é, de um modo geral, 9%, e não possui adicional. Vamos a um exemplo? Veja que como o lucro foi trimestral, estamos trabalhando com um período de três meses. Nesse sentido, sobre o valor que ultrapassou R$ 60.000 (R$ 20.000 x 3 meses), devem ser pagos 10% a mais. Se estivéssemos considerando um período anual, ou seja, 12 meses, deveríamos considerar o valor de lucro que ultrapassou R$ 240.000,00. Exemplo 1: Uma empresa teve um lucro trimestral no primeiro trimestre7 4.1 IMPOSTOS.............................................................................................................................................. 10 4.2 CONTRIBUIÇÕES ..................................................................................................................................12 4.3 TAXAS .................................................................................................................................................... 13 4.4 CUMULATIVIDADE E NÃO CUMULATIVIDADE ............................................................................. 15 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 20 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 21 TÓPICO 2 - TRIBUTAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO E CONTABILIZAÇÃO ...................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25 2 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS – ISS .................................................................................. 25 2.1 PARTE TEÓRICA ...................................................................................................................................25 2.2 PARTE PRÁTICA ..................................................................................................................................28 3 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO – ICMS ............................................................... 33 3.1 PARTE TEÓRICA ...................................................................................................................................33 3.2 PARTE PRÁTICA ................................................................................................................................. 40 4 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI .............................................. 46 4.1 PARTE TEÓRICA ...................................................................................................................................46 4.2 PARTE PRÁTICA ..................................................................................................................................50 5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS E CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS .................................................... 53 5.1 PARTE TEÓRICA NO REGIME CUMULATIVO ..................................................................................53 5.2 PARTE PRÁTICA NO REGIME CUMULATIVO .................................................................................55 5.3 PARTE TEÓRICA NO REGIME NÃO CUMULATIVO ........................................................................58 5.4 PARTE PRÁTICA NO REGIME NÃO CUMULATIVO .........................................................................61 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 68 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 69 TÓPICO 3 - TRIBUTAÇÃO SOBRE O LUCRO, FOLHA DE PAGAMENTO E CONTABILIZAÇÃO................................................................................................................ 71 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 71 2 IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA – IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL ....................................................................................... 71 2.1 PARTE TEÓRICA ................................................................................................................................... 72 2.2 PARTE PRÁTICA .................................................................................................................................. 75 3 FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO – FGTS ............................................... 77 4 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS ....................................................... 77 4.1 PARTE PRÁTICA ...................................................................................................................................78 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 80 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 82 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 83 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 84 UNIDADE 2 — ENQUADRAMENTOS TRIBUTÁRIOS PARA AS EMPRESAS .........................87 TÓPICO 1 — LUCRO PRESUMIDO ........................................................................................ 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 89 2 LUCRO PRESUMIDO – PARTE TEÓRICA.......................................................................... 89 2.1 BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E CSLL ..............................................................................................92 2.2 PERÍODO DE APURAÇÃO DO IRPJ E CSLL ...................................................................................94 2.3 BASE DE CÁLCULO E PERÍODO DE APURAÇÃO DOS DEMAIS TRIBUTOS ..........................94 3 PARTE PRÁTICA ................................................................................................................95 3.1 CONTABILIZAÇÕES ............................................................................................................................96 3.2 APURAÇÃO DOS TRIBUTOS .............................................................................................................99 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................103 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 104 TÓPICO 2 - LUCRO REAL ...................................................................................................107 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................107 2 LUCRO REAL – PARTE TEÓRICA ....................................................................................107 2.1 BASE DE CÁLCULO E PERÍODO DE APURAÇÃO DE IRPJ E CSLL ..........................................111 2.2 BASE DE CÁLCULO E PERÍODO DE APURAÇÃO DOS DEMAIS TRIBUTOS ..........................115 3 LUCRO REAL – PARTE PRÁTICA .................................................................................... 116 3.1 CONTABILIZAÇÕES ........................................................................................................................... 117 3.2 APURAÇÃO DOS TRIBUTOS ...........................................................................................................120 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................126 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 127 TÓPICO 3 - LUCRO ARBITRADO E SIMPLES NACIONAL..................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................129 2 DEFINIÇÃO DO LUCRO ARBITRADO ..............................................................................130de 2021, de R$ 72.000,00. Qual o valor que será pago de IRPJ? Terá adicional? E qual o valor de CSLL? O valor de IRPJ será R$ 72.000 x 15% = R$ 10.800,00. O adicional será: R$ 72.000 – R$ 60.000 = R$ 12.000 x 10% = R$ 1.200 Total de IRPJ: R$ 12.000,00. O valor de CSLL será R$ 72.000 x 9% = R$ 6.480,00. 73 Não há crédito e compensação de IRPJ e CSLL, visto que são tributos cumulativos. Quanto ao pagamento, poderá ser trimestral ou por estimativa. No caso do período trimestral, o artigo 31 da IN 1.700/2017 indica que as apurações trimestrais serão encerradas em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano. No caso de optar pelo pagamento por estimativa, os pagamentos devem ocorrer mensalmente, até o último dia útil. Como o próprio nome diz, o pagamento por estimativa acontece a partir de uma base de cálculo estimada mensal. Após ter decorrido o ano inteiro, em dezembro de cada ano é que se verifica a “real” base de cálculo para o IRPJ e CSLL, não mais utilizando a base estimada. Com isso, ou a empresa paga a diferença dos tributos, ou compensa o que pagou a maior em períodos seguintes. Quanto a esta base de cálculo estimada, o artigo 33 da IN 1.700/2017 explica os percentuais de estimação que serão adotados: “Art. 33. A base de cálculo do IRPJ, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de 8% sobre a receita bruta definida pelo art. 26, auferida na atividade, deduzida das devoluções, das vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos”. No que se refere à CSLL: “Art. 34. A base de cálculo da CSLL, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de 12% sobre a receita bruta definida pelo art. 26, auferida na atividade, deduzida das devoluções, das vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos”. Os percentuais de CSLL e IRPJ ainda variam conforme a atividade da empresa. O Quadro 24 apresenta um resumo: QUADRO 24 – PERCENTUAIS DE ESTIMAÇÃO ATIVIDADE IRPJ CSLL Revenda de combustível e derivados. 1,6% 12% Comércio, indústria, transporte de cargas, serviços hospitalares. 8% 12% Transporte de passageiros. 16% 12% Serviços em geral, intermediação de negócios, locação de bens. 32% 32% FONTE: Adaptado de Gestão Contabilidade (2017) Com relação ao IRPJ, ao optar pelo pagamento por estimativa, uma empresa que revende combustíveis e derivados aplicará sobre a receita bruta o percentual de 1,6%. Uma transportadora de cargas, serviços hospitalares, indústria e comércio aplicará 8%. Empresa transportadora que não seja de cargas aplicará 16%. Por fim, prestadoras de serviços aplicarão o percentual de 32%. Já a CSLL será 12% para venda de combustíveis, comércio, indústria, transporte de cargas e serviços hospitalares. Nas demais atividades, ligadas a serviços, será 32%. 74 No caso de pagamento por estimativa, após encontrar a base de cálculo, devem ser realizados alguns acréscimos à base de cálculo conforme a IN 1.700/2017: “Art. 39. Serão acrescidos às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, no mês em que forem auferidos, os ganhos de capital, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não compreendidas na receita bruta definida no art. 26”. Exemplo 2: Uma empresa transportadora de cargas optou pelo pagamento de IRPJ e CSLL por estimativa. No mês de janeiro, a receita bruta menos exclusões, totalizou R$ 27.000,00. Qual o valor de IRPJ e da CSLL a pagar por estimativa em janeiro? Receita bruta R$ 27.000 IRPJ CSLL x Percentual de estimação 8% 12% = Base de cálculo estimada R$ 2.160 R$ 3.240 x Alíquota do tributo 15% 9% = Tributo a pagar R$ 324 R$ 291,60 FONTE: As autoras Lembra do adicional de IRPJ que deve ser pago quando o lucro ultrapassa R$ 20.000 por mês? Isso também se aplica no pagamento por estimativa, mas neste exemplo não, pois o lucro estimado foi R$ 2.160. Exemplo 3: Uma empresa transportadora de cargas optou pelo pagamento de IRPJ e CSLL por estimativa. No mês de janeiro, a receita bruta menos exclusões, totalizou R$ 27.000,00. Qual o valor de IRPJ e da CSLL a pagar por estimativa em janeiro? Receita bruta R$ 27.000 IRPJ CSLL x Percentual de estimação 8% 12% = Base de cálculo estimada R$ 2.160 R$ 3.240 + Receitas financeiras R$ 500 R$ 500 + Ganho de capital R$ 1.500 R$ 1.500 = Base de cálculo estimada total R$ 4.160 R$ 5.240 x Alíquota do tributo 15% 9% = Tributo a pagar R$ 624 R$ 471,60 FONTE: As autoras 75 Perceba que as receitas financeiras e o ganho de capital são incluídos no cálculo após encontrar a base de cálculo estimada. Então, lembre-se: não se aplica percentual de estimação aos ganhos de capitais e demais receitas que não sejam as receitas com atividade fim da empresa. Para resumir os elementos do IRPJ e da CSLL, apresenta-se o Quadro 25: QUADRO 25 – ELEMENTOS DO IRPJ Fato Gerador Contribuinte Base de Cálculo Alíquota Crédito e compensação Pagamento IRPJ CSLL IRPJ CSLL IRPJ CSLL IRPJ CSLL IRPJ CSLL IRPJ CSLL Renda ou proventos de qualquer natureza. Empresas Lucro 15% + 10% sobre o que ultrapassar R$ 20.000 ao mês. 9% - Trimestral ou Estimativa Mensal. FONTE: As autoras 2.2 PARTE PRÁTICA Começaremos pelas contabilizações da apuração trimestral. Utilizando as informações do Exemplo 1, em que houve um lucro trimestral no primeiro trimestre de 2021 de R$ 72.000,00, faremos as contabilizações necessárias: Contabilização em 31 de março de 2021: D – Despesa de IRPJ R$ 12.000 C – IRPJ a pagar R$ 12.000 D – Despesa CSLL R$ 6.480 C – CSLL a pagar R$ 6.480 Nos casos de apuração trimestral o valor calculado para IRPJ e CSLL é lançado a débito em conta de despesa e a crédito em conta de tributo a pagar. O lançamento sempre ocorrerá no último dia daquele trimestre. Seguindo para o Exemplo 2, da empresa transportadora de cargas, referente à apuração por estimativa mensal em janeiro, as contabilizações são as seguintes: D – IRPJ Devido por Estimativa (AC) R$ 624 C – IRPJ por Estimativa a recolher (PC) R$ 624 D – CSLL Devida por Estimativa (AC) R$ 471,60 C – CSLL por Estimativa a recolher (PC) R$ 471,60 76 Perceba que fazemos um débito em conta de ativo circulante. Essa conta está no grupo de tributos a recuperar, pois a empresa pagou IRPJ e CSLL por estimativa, o que significa que ela antecipou pagamentos para a União. No final do ano, em dezembro, a empresa fará a apuração de tudo o que foi pago por estimativa e tudo que deveria ser pago após encontrar o lucro efetivo da empresa. Assim, fará as compensações necessárias. Vamos analisar a sequência do Exemplo 3, em dezembro de 2021: QUADRO 26 – EXEMPLO 3 01/21 02/21 03/21 04/21 05/21 06/21 07/21 08/21 09/21 10/21 11/21 12/21 TOTAL PAGO Receita bruta 27.000 30.000 29.000 25.000 32.000 28.000 29.000 25.000 27.000 26.000 31.000 28.000 IRPJ por estimativa 624 360 348 300 384 336 348 300 324 312 372 336 4.344 CSLL por estimativa 471,6 324 313,2 270 345,6 302,4 313,2 270 291,6 280,8 334,8 302,4 3.819,6 Lucro do ano R$ 67.400 IRPJ R$ 67.400 x 15% = R$ 10.110 CSLL R$ 67.400 x 9% = R$ 6.740 FONTE: As autoras Na primeira linha do Quadro, apresenta-se a receita bruta mensal do ano de 2021 da empresa. Na segunda e terceira linha, os valores pagos de IRPJ e CSLL por estimativa. O total pago por estimativa de IRPJ foi R$ 4.344. O total pago de CSLL foi R$ 3.819,60. Após passar todos os meses de 2021, a empresa conseguiu auferir o lucro efetivo da empresa, e chegou a um total de R$ 67.400 (valor aleatoriamente atribuído considerando 20% de lucro sobre a receita bruta). Agora que a empresa já tem o valor efetivo do lucro, foi possível apurar o IRPJ e a CSLL: R$ 10.110 e R$ 6.740. Ao fazer o confronto do que foi pago por estimativa e o valor efetivo, verifica-se que a empresa terá que pagar uma diferença à União: IRPJ: R$ 10.110 – 4.344 = R$ 5.766 CSLL: R$ 6.740 – 3.819,60 = R$ 2.920,40 A partir disso, temos alguns lançamentos contábeis para efetuar em 31/12. O primeiro lançamento é a provisãodo valor que a empresa realmente deveria pagar para a União: Provisão de IRPJ e CSLL: D – Despesa de IRPJ R$ 10.110 C – IRPJ a pagar R$ 10.110 77 D – Despesa CSLL R$ 6.740 C – CSLL a pagar R$ 6.740 O segundo lançamento é a compensação dos saldos que estão no ativo circulante relacionados aos valores pagos por estimativa, para o passivo circulante: Compensação do que foi pago por estimativa D – IRPJ a pagar R$ 4.344 C – IRPJ Devido por Estimativa (AC) R$ 4.344 D – CSLL a pagar R$ 3.819,60 D – CSLL Devida por Estimativa (AC) R$ 3.819,60 Agora, os valores em aberto no passivo circulante são R$ 5.766 e R$ 2.920,40. Esses valores serão pagos em 31/01 do ano seguinte. 3 FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO – FGTS “Todo trabalhador brasileiro com contrato de trabalho formal, regido pela CLT e, também, trabalhadores rurais, temporários, avulsos, safreiros e atletas profissionais têm direito ao FGTS” (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2018, s. p.). O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS –, foi criado pela Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966 e começou a valer em 1º de janeiro de 1967, com o intuito de proteger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro depósito (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2018). O valor do FGTS será sempre de 8% do salário bruto pago ao trabalhador (ou seja, sobre o total da remuneração), exceto para os casos de jovens aprendizes que é de 2%, independente do regime de tributação. Sobre o valor do pró-labore dos sócios é facultativo o recolhimento de FGTS. 4 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS O INSS Patronal é uma forma de contribuição previdenciária voltada exclusivamente para pessoas jurídicas, isto é, empresas que mantém funcionários em sua folha de pagamento. A porcentagem recolhida de INSS Patronal é de 20%. mas varia conforme o Risco Ambiental do Trabalho – RAT –, como indica o Quadro 27: 78 QUADRO 27 – ALÍQUOTAS DE INSS PATRONAL Tributação/Setor INSS Patronal Simples Nacional/ Indústria ou Comércio 0. Simples Nacional/ Serviços Ver anexos IV, V e VI do Simples Nacional. Lucro Presumido/ Lucro Real/ Indústria ou Serviços Varia de 26,8% a 28,8% devido ao RAT que varia de 1% a 3%. Lucro Presumido/ Lucro Real/ Comércio Normalmente é 26,8% pois o RAT normalmente é 1%. FONTE: As autoras O RAT é o Risco Ambiental do Trabalho. Fundamentado no inciso II do artigo 22 da Lei nº 8.212/1991, que representa a contribuição da empresa e se baseia em percentuais que caracterizam o risco da atividade econômica. Conforme a Receita Federal (2015), a alíquota de contribuição para o RAT será de 1% se a atividade é de risco mínimo; 2% se de risco médio; e de 3% se de risco grave. Incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos. Além do RAT, a Lei nº 8.212/1991, em seu artigo 22-A informa os percentuais de Terceiros (5,8%) para o cálculo do INSS, sendo: Salário-Educação: 2,5% INCRA: 0,2% SENAI/SENAC/SENTAT: 1,0 SESI/SESC/SEST: 1,5% SEBRAE: 0,6% Nesse sentido, sobre a folha dos funcionários a empresa pagará sempre 20% + 5,8% + RAT (salvo no Simples Nacional). Importante mencionar que sobre o pró-labore dos sócios, a alíquota do INSS Patronal é 20% fixo (salvo no Simples Nacional). 4.1 PARTE PRÁTICA Suponha que uma empresa, em fevereiro de X2 tenha uma despesa de R$ 65.000,00 referente à remuneração de seus funcionários e despesa de R$ 8.000,00 referente ao pró-labore dos sócios. Considerando um RAT de 2%, qual o valor do FGTS e do INSS Patronal? Considere uma empresa do Lucro Real ou Presumido: 79 QUADRO 28 – EXEMPLO Informações Funcionários Sócios Total INSS Patronal R$ 65.000 x 27,8% = R$ 18.070 R$ 8.000 x 20% = R$ 1.600 R$ 19.670 FGTS R$ 65.000 x 8% = R$ 5.200 - R$ 5.200 FONTE: A autora A alíquota de 27,8% foi considerada a partir das informações: 20% (patronal) + 5,8% (terceiros) + 2% (RAT) = 27,8%. Vamos contabilizar? Em 28 de fevereiro de X2: D – Despesa de FGTS R$ 5.200 C – FGTS a recolher R$ 5.200 D – Despesa de INSS R$ 19.670 C – INSS a recolher R$ 19.670 Após contabilizar o INSS patronal e o FGTS, finalizamos a primeira Unidade da disciplina. Aproveite para fazer a Leitura Complementar e também as autoatividades a fim de maturar o conteúdo que estudamos. 80 NOTA FISCAL ELETRÔNICA (NF-e): O QUE É, COMO EMITIR, EXEMPLOS E MAIS Carin Tom Emitir nota fiscal é uma das principais rotinas em qualquer negócio, mas ainda gera muitas dúvidas entre micro e pequenos empreendedores. Hoje, com a nota fiscal eletrônica, o processo está muito mais simples, prático e ágil, e a tendência é que os antigos talões desapareçam do mercado em breve. A nota fiscal é um documento com validade jurídica que serve para registrar uma venda de produto ou prestação de serviço. Sua emissão é obrigatória em qualquer transação, porque é a partir dela que o Fisco recolhe os devidos tributos sobre as operações das empresas — do contrário, a empresa responsável pode sofrer penalidades por praticar sonegação de impostos. Para o empreendedor, a nota fiscal facilita o controle de entrada e saída, dos impostos pagos e do faturamento, além de servir como prova da regularidade do negócio em caso de auditorias e fiscalizações. Por isso, a nota fiscal é a base das relações comerciais de confiança e garante a credibilidade das empresas no mercado. Existem, atualmente, cinco principais tipos de notas fiscais eletrônicas, cada uma servindo para substituir determinados documentos. A nota fiscal eletrônica (NF-e) é a versão de nota digital mais comum, voltada às empresas do comércio. Logo, sua emissão é obrigatória em qualquer venda de produtos que precisam pagar ICMS. A nota fiscal de serviços eletrônica (NFS-e), como o nome sugere, é a nota digital que registra a prestação de serviços. O Conhecimento de transporte eletrônico (CT-e) é uma nota fiscal que registra operações de transporte rodoviário de carga. A nota fiscal do consumidor eletrônica (NFC-e) é usada no varejo para registrar a venda direta ao consumidor final. A nota fiscal avulsa eletrônica (NFA-e) é um documento digital emitido individualmente por empresas que não estão obrigadas a emitir a NF-e e têm pouca frequência de vendas. Afinal, como as notas fiscais são validadas e quais são os órgãos envolvidos? Bom, quando um produto é vendido, por exemplo, a empresa gera um arquivo eletrônico com todas as informações fiscais da operação realizada – a NF-e –, que é assinado por meio do certificado digital e enviado on-line para a Sefaz do estado em que ela LEITURA COMPLEMENTAR 81 está localizada. Por fim, é gerada uma única via do Documento Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica (DANFE), que traz em destaque o código de acesso e um código de barras para facilitar a confirmação das informações nos postos fiscais. Como emitir nota fiscal? 1. Primeiro descubra qual tipo de nota a empresa emite: produtos, serviços ou consumidor? 2. Adquira um certificado digital. 3. Faça seu cadastro fiscal junto ao governo. 4. Escolha o software emissor. 5. Comece a emitir as notas fiscais! FONTE: CONTA AZUL. Nota Fiscal Eletrônica (NF-e): o que é, como emitir, exemplos e mais. 2021. Disponível em: https://blog.contaazul.com/emissao-nota-fiscal/. Acesso em: 30 mar. 2022. 82 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • IRPJ e CSLL são tributos federais que incidem sobre o lucro das empresas. Podem ser pagos de forma trimestral ou por estimativa mensal. • Quando o IRPJ e CSLL são apurados por estimativa mensal, utilizam-se percentuais de presunção para chegar ao lucro estimado. • A alíquota geral de IRPJ é 15% + 10% de adicional para o que ultrapassa R$ 20.000 ao mês, ou R$ 60.000 no trimestre ou R$ 240.000 no ano. • A alíquota geral de CSLL é 9% e não tem adicional. • As leisprincipais de IRPJ e CSLL são o Decreto nº 9.580/2018 e a IN 1.700/2017. • O FGTS e o INSS Patronal são contribuições federais incidentes sobre a folha de pagamento. • O INSS Patronal incide sobre a folha de pagamento e pode variar entre 26,8% a 28,8%. Isso depende do RAT da empresa. • O INSS Patronal também incide sobre o pró-labore dos sócios com uma alíquota de 20%. • O FGTS é de 8% sobre a folha de pagamento, e é facultativo o recolhimento sobre pró-labore dos sócios. 83 1 O cálculo de IRPJ e CSLL varia conforme a empresa e conforme a forma de apuração, podendo ser anual ou trimestral. A partir de um lucro trimestral de R$ 65.000, apure e contabilize o IRPJ e a CSLL: 2 Além de incidirem sobre o faturamento e o lucro, os tributos também incidem sobre a folha de pagamento das empresas. Considerando uma folha de pagamento no valor de R$ 22.000 e um pró-labore de R$ 7.000, calcule e contabilize o INSS Patronal e o FGTS de uma empresa que tem um RAT de 3%. 3 Os tributos podem ser divididos entre aqueles que incidem sobre o faturamento das empresas, sobre a folha de pagamento e sobre o lucro das empresas. Assinale a alternativa CORRETA que contém apenas tributos que incidem sobreo lucro das empresas: a) ( ) IRRF e CSLL. b) ( ) IRPJ e CSLL. c) ( ) IRRF e COFINS. d) ( ) IRPJ e COFINS. 4 O IRPJ e CSLL são tributos relevantes para as empresas, visto que as suas alíquotas são consideradas altas pelos empresários brasileiros. Considerando o exposto, assinale a alternativa CORRETA que apresenta as alíquotas de IRPJ, Adicional de IRPJ e CSLL, respectivamente: a) ( ) 9%, 10% e 15%. b) ( ) 10%, 15% e 9%. c) ( ) 15%, 15% e 10%. d) ( ) 15%, 10% e 9%. 5 Os tributos podem ser divididos entre aqueles que incidem sobre o faturamento das empresas, sobre a folha de pagamento e sobre o lucro das empresas. Assinale a alternativa CORRETA que contém apenas tributos que incidem sobre a folha de pagamento: a) ( ) INSS Patronal, FGTS, INSS, IRRF. b) ( ) INSS Patronal, ISS, FGTS, IRRF. c) ( ) INSS Patronal, PIS, COFINS, FGTS. d) ( ) INSS Patronal, PIS, ISS, IRRF. AUTOATIVIDADE 84 REFERÊNCIAS BONHO, F.; SILVA, F.; ALVES, A. Contabilidade básica. Porto Alegre: Sagah, 2018. 204 p. BRASIL. Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Decreto nº 8.950, de 29 de dezembro de 2016. Aprova a Tabela de Incidência do Impostos sobre Produtos Industrializados – TIPI. Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/ Decreto/D8950.htm#art6. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Decreto nº 8.426, de 1º de abril de 2015. Restabelece as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não-cumulativa das referidas contribuições. Brasília. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/decreto/d8426.htm. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Altera a legislação tributária federal e dá outras providências. Brasília. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.833.htm. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Lei nº 10.637 de 30 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não cumulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ l10637.htm. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Lei nº 9.718 de 27 de novembro de 1998. Altera a legislação tributária federal. Brasília. Disponível em: https://bit.ly/3Oq6W7a. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá outras providências. Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília. Disponível em: https://bit.ly/3rACBJd. Acesso em: 30 mar. 2022. 85 BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. (Código Tributário Nacional). Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Emenda Constitucional nº 18, de 1º de dezembro de 1965. Reforma do sistema tributário. Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc18-65.htm. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Parecer SEI nº 14483/2021/ME. Recurso Extraordinário nº 574.706/PR. Julgamento do Tema nº 69 de Repercussão Geral, com fixação da tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para fins de incidência do PIS e da COFINS". Brasília. Disponível em: https://www.gov.br/pgfn/pt-br/assuntos/representacao-judicial/ documentos-portaria-502/parecer-sei-14483-2021.pdf. Acesso em: 30 mar. 2022. BRASIL. Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966. Cria o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências. Brasília. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5107.htm. Acesso em: 30 mar. 2022. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. 2018. Disponível em: https://www.caixa.gov.br/beneficios-trabalhador/fgts/ Paginas/default.aspx. Acesso em: 30 mar. 2022. CONTA AZUL. Nota Fiscal Eletrônica (NF-e): o que é, como emitir, exemplos e mais. 2021. Disponível em: https://blog.contaazul.com/emissao-nota-fiscal/. Acesso em: 30 mar. 2022. CREPALDI, S.; CREPALDI, G. Contabilidade fiscal e tributária: teoria e prática. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 432 p. ENTENDEU DIREITO. Curso de direito: direito tributário I. 2021. Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/14802814/90/images/47/Fl.+47.jpg. Acesso em: 30 mar. 2022. FABRETTI, L. Contabilidade tributária. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 411p. FAZCOMEX. Blog. Comércio Exterior. Entenda a diferença entre matéria prima, uso ou consumo e insumo. 2021. Disponível em: https://www.fazcomex.com. br/blog/materia-prima-consumo-insumo/. Acesso em: 30 mar. 2022. GESTÃO CONTABILIDADE. Percentuais de presunção de IRPJ e CSLL no lucro presumido. 2017. Disponível em: https://www.gestaocontabilidade.net/uploads/ downloads/presuncao-presumido-20170324104346.pdf. Acesso em: 30 mar. 2022. MEURER, A. Contabilidade tributária. Curitiba: Contentus, 2020. 120 p. 86 QUIZLET. Direito constitucional: hierarquia das normas. 2021. Disponível em: https://quizlet.com/148487624/direito-constitucional-hierarquia-das-normas- estrategia-c-prof-nadia-carolina-flash-cards/. Acesso em: 30 mar. 2022. PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Imposto sobre serviços: orientações gerais. 2015. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ fazenda/pesquisa/?p=18576. Acesso em: 30 mar. 2022. PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Contribuinte. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3uZIPUX. Acesso em: 30 mar. 2022. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Classificação fiscal de mercadorias: NCM. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e- comercio-exterior/classificacao-fiscal-de-mercadorias/ncm. Acesso em: 30 mar. 2022. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1.700 de 14 de março de 2017. Dispõe sobre a determinação e o pagamento do imposto sobre a renda e da contribuição social sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas e disciplina o tratamento tributário da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofinsno que se refere às alterações introduzidas pela Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014. Brasília. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/ sijut2consulta/link.action?idAto=81268. Acesso em: 30 mar. 2022. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. FAP – Fator acidentário de prevenção. 2015. Disponível em: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/orientacao- tributaria/declaracoes-e-demonstrativos/gfip-sefip-guia-do-fgts-e-informacoes- a-previdencia-social-1/fap-fator-acidentario-de-prevencao-legislacao- perguntas-frequentes-dados-da-empresa. Acesso em: 30 mar. 2022. TAXGROUP. Tabela ICMS 2021 atualizada. 2021. Disponível em: https://www. taxgroup.com.br/intelligence/tabela-icms-2021-atualizada/. Acesso em: 30 mar. 2022. VELLOZA, R.; GOMES, D. Entenda como funciona a cobrança, a incidência e a tributação de IPI. In: Jota Info. 2021. Disponível em: https://www.jota.info/ opiniao-e-analise/artigos/notas-sobre-ipi-incidencia-operacoes-30072021. Acesso em: 30 mar. 2022. 87 ENQUADRAMENTOS TRIBUTÁRIOS PARA AS EMPRESAS UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os regimes tributários existentes; • compreender a legislação incidente sobre cada regime; • analisar a legislação incidente sobre cada tributo conforme o regime tributário; • identifi car as características dos tributos em cada regime; • calcular e apurar ISS, PIS, COFINS, ICMS, IPI e INSS Patronal em cada regime; • calcular e apurar IRPJ e CSLL em cada regime de tributação; • contabilizar os tributos incidentes em operações em cada regime tributário. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – LUCRO PRESUMIDO TÓPICO 2 – LUCRO REAL TÓPICO 3 – LUCRO ARBITRADO E SIMPLES NACIONAL Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 88 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 89 TÓPICO 1 — LUCRO PRESUMIDO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o regime de tributação chamado Lucro Presumido. Mas o que é um regime de tributação? É a forma como as empresas calculam e pagam os seus tributos, segundo a legislação brasileira. O Lucro Presumido é um dos regimes existentes. Inicialmente estudaremos a parte teórica, que engloba as principais leis inerentes ao regime tributário, bem como as principais características que embasam a prática. Na parte teórica, estudaremos as empresas que podem optar pelo lucro presumido, formas de cálculo dos tributos sobre o lucro a partir de percentuais de presunção, bem como a base de cálculo desses tributos e período de apuração. Outros tributos serão estudados no que diz respeito à teoria, como o ISS (Imposto sobre Serviços), PIS (Programa de Integração Social), COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e INSS Patronal. Na parte prática, aplicaremos os conceitos estudados na parte teórica. Serão calculados todos os tributos mencionados, as apurações mensais e trimestrais serão realizadas, bem como as contabilizações de operações comuns em empresas do lucro presumido. 2 LUCRO PRESUMIDO – PARTE TEÓRICA O Lucro Presumido – LP – é um dos regimes de tributação do nosso país. No dicionário, a palavra “presumido” significa: “estimado”, “previsto”, “pressuposto”, “suposto”. Mas o que isso tem a ver com tributação, e mais, o que tem a ver com um regime tributário? Conceitualmente, o Lucro Presumido tem esse nome por “presumir/estimar” um percentual de lucro para cada tipo de atividade empresarial. Esse percentual de lucro é fixo, definido em lei e será abordado mais adiante. Falando em lei, o LP é regido principalmente pelo Decreto nº 9.580 de 2018, que é conhecido como Regulamento do Imposto de Renda, ou RIR/2018, que regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Dessa forma, o RIR/2018 norteia também o Lucro Real e Lucro Arbitrado, que estudaremos nos Tópicos 2 e 3. 90 Outra legislação relevante já mencionada neste material é a IN 1.700/2017, que, além de outros assuntos, dispõe sobre a determinação e o pagamento do imposto sobre a renda e da contribuição social sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas. Para iniciar os nossos estudos, é importante mencionar que nem todas as empresas podem optar pelo Lucro Presumido. Existem algumas regras, conforme o RIR/2018: Art. 587. A pessoa jurídica cuja receita bruta total no ano-calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 ou a R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a doze meses, poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido. § 1º A opção pela tributação com base no lucro presumido será defi nitiva em relação a todo o ano-calendário. § 3º Somente a pessoa jurídica que não esteja obrigada à tributação pelo lucro real poderá optar pela tributação com base no lucro presumido. § 4º A opção de que trata este artigo será manifestada com o pagamento da primeira ou da quota única do imposto sobre a renda devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário (BRASIL, 2018). Resumindo: as empresas com receita bruta total no ano anterior de até R$ 78.000.000,00 poderão ser do lucro presumido, ou, se a empresa iniciou suas atividades em julho do ano anterior, por exemplo, ela poderá ser do lucro presumido se sua receita bruta total tiver sido de até R$ 6.500.000 x 6 (de julho a dezembro) = R$ 39.000.000,00. Além disso, empresas obrigadas ao Lucro Real (outro regime de tributação que veremos mais à frente), não poderão optar pelo Lucro Presumido. Alguma empresa é obrigada a ser do Lucro Presumido? A resposta é NÃO. As empresas podem optar pelo LP, mas nenhuma é obrigada. Normalmente, as empresas podem fazer a opção pelo LP quando for mais benéfi co para a empresa, por meio de um planejamento tributário. O planejamento tributário SERÁ ESTUDADO na Unidade 3 Deste livro didático. É importante compreender que é o regime de tributação que indica a forma de apuração do lucro, assim, como o próprio nome diz, o Lucro Presumido presume um percentual de lucro para as empresas. Se estamos falando em lucro, isso vai impactar diretamente na forma de calcular IRPJ e CSLL, pois são tributos calculados sobre o lucro. Não menos importante, também infl uencia na forma de apuração do ICMS e IPI, em que serão não cumulativos, e no PIS e COFINS, que serão cumulativos. Para ter acesso ao Regulamento do Imposto de Renda – RIR/2018 – de forma integral, acesse o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2018/decreto/D9580.htm. DICA 91 Para a apuração do IRPJ e da CSLL no Lucro Presumido, relembramos o Quadro 1 de percentuais de presunção, que já vimos no Tópico 3 da Unidade 1: QUADRO 1 – PERCENTUAIS DE PRESUNÇÃO ATIVIDADE IRPJ CSLL Revenda de combustível e derivados. 1,6% 12% Comércio, indústria, transporte de cargas, serviços hospitalares. 8% 12% Transporte de passageiros. 16% 12% Serviços em geral, intermediação de negócios, locação de bens. 32% 32% FONTE: Gestão Contabilidade (2017, s. p.) O Quadro 1 resume o que consta nos artigos 591 e 592 do RIR/2018, bem como o que é mencionado nos artigos 33 e 34 da IN 1.700/2017. De um modo geral, no que se refere ao IRPJ, para o setor de revenda de combustível e derivados, a legislação presume um lucro de 1,6%. Já para comércio, indústria, transporte de cargas e serviços hospitalares, presume-se um lucro de 8%. Para transporte de passageiros presume-se um lucro de 16% e para serviços em geral, intermediação de negócios e locação de bens, presume-se um lucrode 32%. Quanto à CSLL, a presunção de lucro nas atividades é sempre 12%, salvo os serviços em geral, intermediação de negócios e locação de bens, que é 32%. Já compreendemos que no lucro presumido existem os percentuais de presunção de lucro, mas qual é a base de cálculo utilizada para se chegar no lucro presumido? Será que são as vendas brutas? As vendas líquidas? Será que outras receitas entram na base? Vamos lá. Para acessar uma tabela mais analítica sobre os percentuais de presunção, acesse o link: https://www.econeteditora.com.br/boletim_imposto_renda/ir-11/ boletim-16/irpj_percentuais_presuncao_irpj_csll.php. DICA 92 2.1 BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E CSLL Conforme vimos na Unidade 1, a base de cálculo é a expressão econômica do fato gerador do tributo, devendo ser instituída em lei. Ou seja: é o valor monetário sobre o qual se calcula, a partir de uma alíquota, o valor do tributo. O artigo 591 do RIR/2018 menciona o seguinte: Art. 591. A base de cálculo do imposto sobre a renda e do adicional, em cada trimestre, será determinada por meio da aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta definida pelo art. 208, auferida no período de apuração, deduzida das devoluções e das vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, e observado o disposto no § 7º do art. 238 e nas demais disposições deste Título e do Título XI (BRASIL, 2018, grifo nosso). Resumindo: a base de cálculo para encontrar o lucro presumido é a receita bruta. Mas o que é receita bruta? Para descobrir, temos que consultar o artigo 208 do regulamento, que diz o seguinte: Art. 208. A receita bruta compreende: I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II - o preço da prestação de serviços em geral; III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV - as receitas da atividade ou do objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas no inciso I ao inciso III do caput . § 1º A receita líquida será a receita bruta diminuída de: I - devoluções e vendas canceladas; II - descontos concedidos incondicionalmente; III - tributos sobre ela incidentes; e IV - valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 1976 , das operações vinculadas à receita bruta. § 2º Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou do contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário. § 3º Na receita bruta incluem-se os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 1976 , das operações previstas no caput , observado o disposto no § 2º (BRASIL, 2018). Resumindo: a receita bruta é a venda de mercadorias, produtos ou serviços, diminuída de devoluções de vendas e vendas canceladas e descontos incondicionais (aqueles descontos dados no momento da venda, na nota fiscal). Além disso, diminui-se da receita bruta o IPI que é um imposto por fora e o ICMS ST – Substituição Tributária –, quando for o caso. No entanto, a base de cálculo para o IRPJ e CSLL não para por aí. O que acontece se a empresa tiver receitas financeiras? E se tiver ganho de capital na venda de algum imobilizado? Isso entraria na base de cálculo? A resposta é sim e podemos encontrar no artigo 222 do RIR/2018: 93 Art. 222. Os ganhos de capital, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pelo art. 208 serão acrescidos à base de cálculo de que trata esta Subseção, para efeito de incidência do imposto sobre a renda (BRASIL, 2018). Resumindo: apesar de não serem considerados receita bruta, os ganhos de capital, demais receitas e outros resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidos no artigo 208 devem ser acrescidos à base de cálculo para calcular IRPJ e CSLL que são tributos sobre a renda. Para esclarecer as etapas da formação da base de cálculo, analise o Quadro 2 que segue: QUADRO 2 – FORMAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E CSLL NO LUCRO PRESUMIDO 1 Vendas de mercadorias, produtos ou prestação de serviços 2 (-) Devolução de vendas 3 (-) IPI e ICMS ST (quando for o caso) 4 (-) Descontos incondicionais concedidos 5 = Receita bruta 6 % Aplicam-se os percentuais de presunção conforme a atividade empresarial (tabela) 7 = Lucro Presumido sobre vendas 8 + Ganhos de capital 9 + Receitas financeiras 10 + Outras receitas previstas na legislação 11 = Lucro Presumido Total (ou Base de Cálculo para IRPJ e CSLL) FONTE: Os autores Analisando o Quadro 2 fica mais fácil compreender a forma para chegar à base de cálculo do IRPJ e CSLL. Inicialmente, agrupam-se as atividades com percentual de presunção iguais (se forem diferentes, tem que fazer o cálculo separado, por exemplo: comércio e serviços possuem percentuais de presunção diferentes). Após, excluem-se as devoluções de vendas, IPI e ICMS ST, e os descontos incondicionais. Dessa forma, chega-se à receita bruta. A partir da receita bruta, aplicam-se os percentuais de presunção conforme a atividade e a tabela. Assim, chega-se ao lucro presumido sobre vendas (ou prestação de serviços). Após fazer isso com todas as atividades empresariais, somam-se os ganhos de capital, receitas financeiras e outras receitas, chegando ao lucro presumido total. A partir do lucro presumido total é que se calculam o IRPJ e CSLL, conforme já aprendemos na Unidade 1. 94 É importante lembrar que o IRPJ possui adicional de 10% quando o lucro ultrapassar R$ 60.000,00 no trimestre, lembram? Falando em trimestre, qual é o período de apuração do IRPJ e CSLL no Lucro Presumido? Mensal, trimestral ou anual? É o que veremos a seguir. 2.2 PERÍODO DE APURAÇÃO DO IRPJ E CSLL Conforme o artigo 588 do RIR/2018: “O imposto sobre a renda com base no lucro presumido será determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano- calendário, observado o disposto neste Título e no Título XI” (BRASIL, 2018). Logo, para chegarmos ao lucro presumido, temos que somar os valores por trimestre, conforme o Quadro 3: QUADRO 3 – PERÍODO DE APURAÇÃO DE IRPJ E CSLL Trimestre Meses 1º trimestre Janeiro + Fevereiro + Março 2º trimestre Abril + Maio + Junho 3º trimestre Julho + Agosto + Setembro 4º trimestre Outubro + Novembro + Dezembro FONTE: Os autores Já aprendemos como chegar ao lucro presumido e assim poder calcular IRPJ e CSLL. Mas e os demais tributos? ISS, ICMS, IPI, PIS e COFINS, INSS Patronal? Como se comportam no lucro presumido? 2.3 BASE DE CÁLCULO E PERÍODO DE APURAÇÃO DOS DEMAIS TRIBUTOS Como vimos na Unidade 1, todo tributo tem a sua própria base de cálculo e suas particularidades. De um modo geral, um tributo que não seja IRPJ e CSLL estar no lucro presumido ou não, não muda a sua base de cálculo, apenas a alíquota utilizada (em alguns casos) e a cumulatividade ou não cumulatividade. 95 Por exemplo, ISS, PIS e COFINS serão cumulativos, ou seja, não possibilitam créditos fiscais. Já ICMS e IPI serão não cumulativos. Todos esses tributos são mensais. INSS Patronal também é um tributo mensal, mas está relacionado à folha de pagamento. Quais as alíquotas? Analise o Quadro 4 que resume as bases de cálculo, alíquotas, cumulatividade, não cumulatividade e período de apuração: QUADRO 4 – RESUMO DO COMPORTAMENTO DOS TRIBUTOS NO LUCRO PRESUMIDO Tributo Base de cálculo (resumo) Alíquota Período de apuração Cumulativo? ISS Prestação de serviços 2% a 5% Depende do município Mensal Sim ICMS Produto, mercadoria ou serviço de transporte ou comunicação Depende do Estado e operação Não IPI Produto Depende do produto Não PIS Receita Bruta 0,65% Sim COFINS Receita Bruta 3% Sim INSS Patronal Folha de pagamento bruta 25,8% + RAT (que varia de 1% a 3% conforme a empresa) sobre a folha de funcionários; 20% sobre opró- labore bruto. Sim FONTE: Os autores Após a explicação teórica das características dos tributos no Lucro Presumido, iremos para a parte prática efetuar os cálculos de apurações e contabilizações. 3 PARTE PRÁTICA A partir de agora iremos aplicar na prática os conhecimentos do Tópico 2. Inicialmente, iremos analisar as informações do segundo trimestre de 2021, da empresa Fonseca Indústria Comércio e Serviços Ltda. que está enquadrada no Lucro Presumido. Sua atividade possui um risco de 3%, ou seja, um RAT de 3% para fins de INSS Patronal. 96 Primeiramente, faremos as contabilizações das operações, considerando todos os tributos incidentes. Em seguida, faremos a apuração dos tributos mensais (ISS, ICMS, IPI, PIS, COFINS e INSS Patronal) e trimestrais (IRPJ e CSLL). QUADRO 5 – INFORMAÇÕES DA EMPRESA FONSECA LTDA. OPERAÇÕES A PRAZO ABRIL MAIO JUNHO 1 Compra de equipamento para fabricação (ICMS 12%) R$ 151.500,00 R$ - R$ - 2 Compras de mercadorias (ICMS 12%) R$ 50.000,00 R$ 47.000,00 R$ 56.000,00 3 Devolução de compra de mercadorias R$ - R$ - R$ 2.000,00 4 Compra de matéria-prima (ICMS 12%/ IPI 10%) Produto R$ 35.000,00 R$ 36.000,00 R$ 40.000,00 IPI R$ 3.500,00 R$ 3.600,00 R$ 4.000,00 TOTAL R$ 38.500,00 R$ 39.600,00 R$ 44.000,00 5 Vendas de mercadorias (ICMS 12%) CMV da Venda R$ 150.000,00 R$ 160.000,00 R$ 170.000,00 R$ 44.000,00 R$ 41.360,00 R$ 49.520,00 6 Devolução de vendas (CMV proporcional ao CMV das vendas) CMV da Devolução de Venda R$ - R$ 10.000,00 R$ - R$ - R$ 2.585,00 R$ - 7 Prestação de serviços (5%) R$ 21.000,00 R$ 17.000,00 R$ 18.500,00 8 Vendas de industrialização (CMV é o saldo de estoque de matéria- -prima) (ICMS 12% / IPI 10%) Produto R$ 100.000,00 R$ 102.000,00 R$ 95.000,00 IPI R$ 10.000,00 R$ 10.200,00 R$ 9.500,00 TOTAL R$ 110.000,00 R$ 112.200,00 R$ 104.500,00 CMV da Venda de Industrialização R$ 88.000,00 R$ 89.760,00 R$ 83.600,00 9 Receitas Financeiras R$ 500,00 R$ 260,00 R$ 480,00 10 Ganho de Capital na venda de veículo R$ 5.050,00 R$ - R$ - 11 Energia elétrica Base de cálculo do ICMS (Permite apro- veitamento de 80% da base de cálculo com uma alíquota de 25%) R$ 600,00 R$ 700,00 R$ 650,00 R$ 540,00 R$ 630,00 R$ 585,00 12 Folha de pagamento dos funcionários (Salários, adicionais, décimo terceiro e férias) R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 13 Pró-labore dos sócios R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 FONTE: Os autores 3.1 CONTABILIZAÇÕES O Quadro 6 apresenta todas as contabilizações por número da operação e por mês. 97 QUADRO 6 – CONTABILIZAÇÕES Op D/C Contas ABRIL MAIO JUNHO 1 D D D C Máq. e equipamentos ICMS a recuperar AI (AC) ICMS a recuperar AI (ANC) Contas a pagar R$ 133.320,00 R$ 4.545,00 R$ 13.635,00 R$ 151.500,00 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - 2 D D C Estoque ICMS a recuperar Fornecedores R$ 44.000,00 R$ 6.000,00 R$ 50.000,00 R$ 41.360,00 R$ 5.640,00 R$ 47.000,00 R$ 49.280,00 R$ 6.720,00 R$ 56.000,00 3 D C C Fornecedores ICMS a recolher Estoque R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 2.000,00 R$ 240,00 R$ 1.760,00 4 D D D C Estoque MP ICMS a recuperar IPI a recuperar Fornecedores R$ 30.800,00 R$ 4.200,00 R$ 3.500,00 R$ 38.500,00 R$ 31.680,00 R$ 4.320,00 R$ 3.600,00 R$ 39.600,00 R$ 35.200,00 R$ 4.800,00 R$ 4.000,00 R$ 44.000,00 5 D C D C D C D C D C Clientes Receita de vendas CMV Estoque ICMS s/ vendas ICMS a recolher PIS s/ vendas PIS a recolher COFINS s/ vendas COFINS a recolher R$ 150.000,00 R$ 150.000,00 R$ 44.000,00 R$ 44.000,00 R$ 18.000,00 R$ 18.000,00 R$ 858,00 R$ 858,00 R$ 3.960,00 R$ 3.960,00 R$ 160.000,00 R$ 160.000,00 R$ 41.360,00 R$ 41.360,00 R$ 19.200,00 R$ 19.200,00 R$ 915,20 R$ 915,20 R$ 4.224,00 R$ 4.224,00 R$ 170.000,00 R$ 170.000,00 R$ 49.520,00 R$ 49.520,00 R$ 20.400,00 R$ 20.400,00 R$ 972,40 R$ 972,40 R$ 4.488,00 R$ 4.488,00 6 D C D C D C D C D C Devolução de vendas Clientes Estoque CMV ICMS a recuperar ICMS s/ vendas PIS a recolher PIS s/ vendas COFINS a recolher COFINS s/ vendas R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 2.585,00 R$ 2.585,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 57,20 R$ 57,20 R$ 264,00 R$ 264,00 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - 7 D C D C D C Clientes Receita prestação serviços ISS s/ serviços ISS a recolher PIS s/ serviços PIS a recolher R$ 21.000,00 R$ 21.000,00 R$ 1.050,00 R$ 1.050,00 R$ 136,50 R$ 136,50 R$ 17.000,00 R$ 17.000,00 R$ 850,00 R$ 850,00 R$ 110,50 R$ 110,50 R$ 18.500,00 R$ 18.500,00 R$ 925,00 R$ 925,00 R$ 120,25 R$ 120,25 98 D C COFINS s/ serviços COFINS a recolher R$ 630,00 R$ 630,00 R$ 510,00 R$ 510,00 R$ 555,00 R$ 555,00 8 D C D C D C D C D C D C Clientes Receita de vendas indústria CPV Estoque MP ICMS s/ vendas ICMS a recolher IPI s/ produto IPI a recolher PIS s/ vendas PIS a recolher COFINS s/ vendas COFINS a recolher R$ 110.000,00 R$ 110.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 637,00 R$ 637,00 R$ 2.940,00 R$ 2.940,00 R$ 112.200,00 R$ 112.200,00 R$ 42.000,00 R$ 42.000,00 R$ 12.240,00 R$ 12.240,00 R$ 10.200,00 R$ 10.200,00 R$ 649,74 R$ 649,74 R$ 2.998,80 R$ 2.998,80 R$ 104.500,00 R$ 104.500,00 R$ 39.000,00 R$ 39.000,00 R$ 11.400,00 R$ 11.400,00 R$ 9.500,00 R$ 9.500,00 R$ 605,15 R$ 605,15 R$ 2.793,00 R$ 2.793,00 9 D C Aplicação financeira Rendimento da aplicação R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 480,00 R$ 480,00 10 D C Contas a receber Ganho de capital R$ 5.050,00 R$ 5.050,00 R$ - R$ - R$ - R$ - 11 D D C Despesa com energia ICMS a recuperar Contas a pagar R$ 492,00 R$ 108,00 R$ 600,00 R$ 574,00 R$ 126,00 R$ 700,00 R$ 533,00 R$ 117,00 R$ 650,00 12 D C D C Despesa de salários Salários a pagar INSS Patronal INSS a recolher R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 13 D C D C Despesa pró-labore Pró-labore a pagar INSS Patronal INSS a recolher R$ 6.000,00R$ 6.000,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 FONTE: Os autores Antes de efetivamente apurarmos os valores de todos os tributos, precisamos dar atenção ao ativo imobilizado que foi adquirido em abril. Nele, consta ICMS a recuperar, no entanto, precisamos fazer a transferência da conta “ICMS a recuperar AI (ANC)” para a conta “ICMS a recuperar”. O valor a ser transferido é de 1/48 do crédito de ICMS. É importante mencionar que se houvesse alguma venda isenta de ICMS, isso deveria ser considerado no cálculo, no entanto, isso não se aplica ao exemplo que estamos utilizando. Nesse caso, o cálculo da transferência de crédito de ICMS do ativo imobilizado fica assim: Valor total do crédito do ativo imobilizado: R$ 18.180 1/48: R$ 18.180 / 48 = R$ 378,75 por mês. Lançamentos contábeis da transferência de ICMS do Ativo Imobilizado: 99 QUADRO 7 – CONTABILIZAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO DO AI Op D/C Contas ABRIL MAIO JUNHO 14 D C ICMS a recuperar ICMS a recuperar AI (AC) R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 FONTE: Os autores Com a contabilização, esse ICMS já poderá ser aproveitado na apuração ao final do mês. Agora que fizemos as contabilizações é possível apurar os tributos. Lembrando que algumas contabilizações ainda serão realizadas para que haja a transferência de tributos a recolher e recuperar (no caso do ICMS e IPI) e o registro da contabilização do IRPJ e CSLL que são tributos trimestrais. 3.2 APURAÇÃO DOS TRIBUTOS Lembre-se que PIS, COFINS, ISS e INSS Patronal são tributos cumulativos e não geram crédito fiscal no lucro presumido, por isso, só haverá débitos fiscais na apuração deles. Já o ICMS e IPI são tributos não cumulativos e precisamos fazer a separação do que é crédito e o que é débito para chegar no valor a recolher ou a recuperar. QUADRO 8 – APURAÇÃO DOS TRIBUTOS MENSAIS PIS ABRIL MAIO JUNHO DÉBITOS Venda de mercadorias R$ 858,00 R$ 915,20 R$ 972,40 Venda de produtos R$ 637,00 R$ 649,74 R$ 605,15 Prestação de serviços R$ 136,50 R$ 110,50 R$ 120,25 Devolução de vendas - (R$ 57,20) - TOTAL A RECOLHER R$ 1.631,50 R$ 1.618,24 R$1.697,80 COFINS ABRIL MAIO JUNHO DÉBITOS Venda de mercadorias R$ 3.960,00 R$ 4.224,00 R$ 4.488,00 Venda de produtos R$ 2.940,00 R$ 2.998,80 R$ 2.793,00 Prestação de serviços R$ 630,00 R$ 510,00 R$ 555,00 Devolução de vendas - (R$ 264,00) - TOTAL A RECOLHER R$ 7.530,00 R$ 7.468,80 R$ 7.836,00 100 ICMS ABRIL MAIO JUNHO CRÉDITOS R$ 10.686,75 R$ 11.664,75 R$ 12.015,75 Compra de mercadorias R$ 6.000,00 R$ 5.640,00 R$ 6.720,00 Compra de MP R$ 4.200,00 R$ 4.320,00 R$ 4.800,00 Energia elétrica R$ 108,00 R$ 126,00 R$ 117,00 Devolução de venda - R$ 1.200,00 - Ativo imobilizado R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 DÉBITOS R$ 30.000,00 R$ 31.440,00 R$ 32.040,00 Devolução de compra - - R$ 240,00 Venda de mercadorias R$18.000,00 R$ 19.200,00 R$ 20.400,00 Venda de produtos R$ 12.000,00 R$ 12.240,00 R$ 11.400,00 TOTAL A RECOLHER R$ 19.313,25 R$ 19.775,25 R$ 20.024,25 IPI ABRIL MAIO JUNHO CRÉDITOS R$ 3.500,00 R$ 3.600,00 R$ 4.000,00 Compra de MP R$ 3.500,00 R$ 3.600,00 R$ 4.000,00 DÉBITOS R$ 10.000,00 R$ 10.200,00 R$ 9.500,00 Venda de produtos R$ 10.000,00 R$ 10.200,00 R$ 9.500,00 TOTAL A RECOLHER R$ 6.500,00 R$ 6.600,00 R$ 5.500,00 ISS ABRIL MAIO JUNHO DÉBITOS Prestação de Serviços R$ 1.050,00 R$ 850,00 R$ 925,00 TOTAL A RECOLHER R$ 1.050,00 R$ 850,00 R$ 925,00 INSS PATRONAL ABRIL MAIO JUNHO DÉBITOS Folha de pagamento R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 Pró-labore R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 TOTAL A RECOLHER R$ 6.960,00 R$ 6.960,00 R$ 6.960,00 FONTE: Os autores 101 No exemplo, os débitos de ICMS e IPI foram maiores que os créditos, logo, não houve saldos de tributos a recuperar em períodos seguintes. No entanto, é necessário registrar na contabilidade a compensação dos créditos com os débitos, ou seja: compensamos todos os créditos fiscais: QUADRO 9 – CONTABILIZAÇÃO DA COMPENSAÇÃO DE ICMS E IPI Op D/C Contas ABRIL MAIO JUNHO 14 D C ICMS a recolher ICMS a recuperar R$ 10.686,75 R$ 10.686,75 R$ 11.664,75 R$ 11.664,75 R$ 12.015,75 R$ 12.015,75 15 D C IPI a recolher IPI a recuperar R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.600,00 R$ 3.600,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 FONTE: Os autores Está sentindo falta de algum tributo? Sim, falta calcularmos IRPJ e CSLL. Vamos lá? Utilizando a estrutura que aprendemos anteriormente, calcularemos IRPJ e CSLL empregando as informações trimestrais, ou seja: a soma dos três meses do exemplo. É importante mencionar que comércio e indústria possuem os mesmos percentuais de presunção. No entanto, prestação de serviços não. Logo, devemos encontrar neste caso, dois “Lucros Presumidos”: um para comércio e indústria, e outro para serviços. Após encontrarmos, seguimos o cálculo normalmente, acrescendo ganhos de capital e receitas financeiras. QUADRO 10 – APURAÇÃO DE IRPJ E CSLL DO TRIMESTRE Lucro Presumido sobre Comércio e Indústria Vendas de mercadorias R$ 480.000,00 Vendas de produtos R$ 326.700,00 (-) Devolução de vendas (R$ 10.000,00) (-) IPI (R$ 29.700,00) = Receita bruta de vendas R$ 767.000,00 IRPJ CSLL x Percentuais de presunção 8% 12% = Lucro Presumido sobre com. e ind. R$ 61.360,00 R$ 92.040,00 Lucro Presumido sobre Serviços Prestação de Serviços R$ 56.500,00 = Receita bruta de serviços R$ 56.500,00 102 IRPJ CSLL x Percentuais de presunção 32% 32% = Lucro Presumido sobre serviços R$ 18.080,00 R$ 18.080,00 = Lucro Presumido s/ com, ind. e ser. R$ 79.440,00 R$ 110.120,00 + Ganhos de capital R$ 5.050,00 R$ 5.050,00 + Receitas financeiras R$ 1.240,00 R$ 1.240,00 + Outras receitas previstas na legislação - - = Lucro Presumido Total R$ 85.730,00 R$ 116.410,00 x Alíquotas 15% 9% = Tributos R$ 12.859,50 R$ 10.476,90 + Adicional de IRPJ R$ 2.573,00 - = Total de tributos a pagar R$ 15.432,50 R$ 10.476,90 FONTE: Os autores Atenção para o adicional de IRPJ: o Lucro Presumido Total foi R$ 85.730,00. Considerando que as informações são trimestrais, o lucro ultrapassou R$ 60.000,00 que é o valor máximo para não precisar pagar adicional (ou R$ 20 mil por mês). Nesse sentido, devemos calcular adicional de IRPJ sobre aquilo que ultrapassou sessenta mil: Base de cálculo para adicional de IRPJ = 85.730 – 60.000 = R$ 25.730,00. Aplicando a alíquota de 10%, temos um adicional de: 25.730 x 10% = R$ 2.573,00. Agora que já temos os valores apurados de IRPJ e CSLL, precisamos registrá- los na contabilidade: QUADRO 11 – CONTABILIZAÇÃO DE IRPJ E CSLL Op D/C Contas 2º Trimestre 17 D C Despesa de IRPJ IRPJ a recolher R$ 15.432,50 R$ 15.432,50 18 D C Despesa de CSLL CSLL a recolher R$ 10.476,90 R$ 10.476,90 FONTE: Os autores Assim, finalizamos as apurações e cálculos de todos os tributos da empresa Fonseca Ltda., que está enquadrada no Lucro Presumido. No Tópico 2, aprenderemos na prática a aplicação dos tributos no Lucro Real. 103 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O Lucro Presumido tem esse nome por presumir, conforme legislação, um lucro conforme o setor da empresa. • IRPJ e CSLL são tributos apurados de forma trimestral e para calculá-los utilizam-se percentuais de presunção. • PIS, COFINS, ISS e INSS Patronal são tributos cumulativos. • As alíquotas de PIS e COFINS são, respectivamente, 0,65% e 3%. • As alíquotas de ICMS, IPI e ISS variam conforme legislação e localização. • O INSS Patronal sobre a folha de pagamento tem alíquotas variáveis, que mudam conforme o RAT da empresa, podendo variar entre 26,80% até 28,80%, de um modo geral. • O INSS Patronal sobre pró-labore possui alíquota de 20%. • ICMS e IPI são tributos não cumulativos e geram créditos fiscais. 104 1 O Lucro Presumido é um dos regimes de tributação existentes no Brasil. Sua principalcaracterística é a apuração trimestral de IRPJ e CSLL com base em percentuais de presunção que variam conforme a atividade da empresa. Sobre as características do regime tributário Lucro Presumido, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) PIS e COFINS são cumulativos nesse regime. b) ( ) ICMS, IPI, PIS e COFINS são não cumulativos nesse regime. c) ( ) Para a atividade de indústria, os percentuais de presunção são 12% e 8% para IRPJ e CSLL, respectivamente. d) ( ) Para a atividade de comércio, os percentuais de presunção são 8% e 16% para IRPJ e CSLL, respectivamente. 2 Os percentuais de presunção são definidos em lei para presumir o lucro das empresas e encontrar a base de cálculo para apuração de IRPJ e CSLL. Com base na tabela de presunção e outros conhecimentos relacionados ao lucro presumido, analise as sentenças a seguir: I- Uma empresa que atua no ramo de comércio teve uma receita bruta trimestral no valor de R$ 70.000,00. Como a receita bruta ultrapassou R$ 60.000,00, terá que pagar adicional de IRPJ. II- Uma empresa que atua no ramo de serviços gerais auferiu uma receita bruta trimestral de R$ 200.000,00. O lucro presumido sobre serviços será de R$ 64.000,00, seja para o IRPJ como para a CSLL. III- As receitas financeiras e ganhos de capital devem ser adicionados à base de cálculo do lucro presumido após a aplicação dos percentuais de presunção, pois não há que se presumir lucro para esse tipo de receita. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Conforme o regime tributário em que as empresas estão enquadradas, existem características diversas, seja para os tributos sobre o lucro ou para os demais tributos. Essas características envolvem alíquotas, cumulatividade, base de cálculo, período de apuração, entre outros. Conforme as especificidades dos tributos no lucro presumido, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: AUTOATIVIDADE 105 ( ) As alíquotas de PIS e COFINS são 1,65% e 3%, respectivamente. ( ) As alíquotas de ISS variam de 2% a 5%. ( ) As alíquotas gerais de IRPJ e CSLL são, respectivamente, 15% + 10% de adicional, e 9%. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) F – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A empresa UNI Comércio Ltda. é uma empresa do lucro presumido. Analise as informações do último trimestre, encontre o lucro presumido e calcule IRPJ e CSLL: Venda de mercadorias: R$ 150.000,00 Devolução de vendas: R$ 2.600,00 Descontos condicionais: R$ 500,00 Descontos incondicionais: R$ 1.000,00 Receita financeira: R$ 750,00 Ganho de capital: R$ 8.000,00 5 A empresa EDU Serviços Ltda. é uma empresa de serviços gerais. Analise as informações do último trimestre, encontre o lucro presumido e calcule IRPJ e CSLL: Prestação de serviços: R$ 500.000,00 Descontos condicionais: R$ 13.400,00 Receita financeira: R$ 7.500,00 Ganho de capital: R$ 18.000,00 106 107 LUCRO REAL 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos o regime de tributação chamado Lucro Real. Na primeira parte serão abordados assuntos teóricos relacionados ao tema, tais como, as principais leis que abrangem o Lucro Real, destacando sobre: a base de cálculo dos tributos sobre o lucro nesse regime, formas de cálculo (anual ou por estimativa mensal), ajustes necessários para se chegar ao lucro real (adições, exclusões e compensações). Além disso, ainda no subtópico 2, estudaremos o comportamento do ISS, PIS, COFINS, ICMS, IPI e INSS Patronal, suas alíquotas, possibilidade de créditos fiscais e principal legislação. Por fim, no Subtópico 3, abordaremos a parte prática de forma conjunta com todos os tributos estudados. Nessa parte, além de calcularmos a tributação, faremos a apuração e contabilização de operações corriqueiras em empresas do Lucro Real. Vamos lá? 2 LUCRO REAL – PARTE TEÓRICA O Lucro Real é considerado o regime de tributação mais complexo de todas as opções existentes, isso porque empresas optantes por essa forma de tributação precisam estar com a contabilidade realizada até o último dia do mês seguinte a apuração. Você deve estar se perguntando: “Mas como assim? Todas as empresas não deveriam ter a contabilidade em dia?” Sim, as empresas devem estar com a contabilidade em dia, no entanto, para as empresas do Lucro Real isso é obrigatório, pois para calcular IRPJ e CSLL o lucro contábil é utilizado. É daí que vem a explicação para o nome “Lucro Real”, pois o lucro contábil, muitas vezes, pode ser diferente do Lucro Real para título de cálculo de imposto de renda. Essa dinâmica surge devido às leis fiscais que se chocam com as normas de contabilidade, nesse sentido, existem alguns ajustes necessários a se fazer no “Lucro Contábil” para chegar ao “Lucro Real”. Falando em legislação, o lucro real é abrangido principalmente pelo RIR/2018 e pela IN 1.700/2017. No que se refere ao RIR/2018, o Lucro Real é abordado no Título VIII, a partir do artigo 257. Conceitualmente, conforme o RIR/2018, lucro real é: UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 108 Art. 258. O lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Regulamento. § 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração em observância às disposições das leis comerciais. Art. 259. O lucro líquido do período de apuração é a soma algébrica do lucro operacional, das demais receitas e despesas, e das participações, e deverá ser determinado em observância aos preceitos da lei comercial (BRASIL, 2018). Resumindo: o lucro real é o lucro que consta na Demonstração do Resultado do Exercício (lucro líquido), porém, com ajustes conforme a lei fiscal. Os ajustes são muito importantes, pois eles é que determinam o Lucro Real que será a base de cálculo para calcular IRPJ e CSLL. Para facilitar, analise o Quadro a seguir que resume os principais ajustes do lucro líquido para se chegar ao lucro real: QUADRO 12 – RESUMO DOS PRINCIPAIS AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO Ajustes Adições Exclusões Compensações São despesas da DRE que são somadas (adicionadas) ao lucro líquido. São receitas da DRE que são diminuídas (excluídas) do lucro líquido. É o prejuízo fiscal (e não contábil) que poderá ser compensado (excluído) do lucro líquido. Despesas com alimentação de sócios, acionistas e admi- nistradores. Receitas que constam na DRE, mas que não são tributáveis. Prejuízo fiscal de períodos anteriores, limitada a compensação de 30% do lucro líquido ajustado. Doações (salvo exceções, ver artigos 377 e 385 do RIR/2018). Lucros e dividendos recebidos. Despesas com brindes. Valores registrados como equivalência patrimonial. O valor da CSLL, registrado como custo ou despesa operacional. FONTE: Os autores É importante que você compreenda o que é um prejuízo fiscal. Prejuízo fiscal é o lucro real negativo de determinado período. Por exemplo, é quando, após todos os ajustes (adições e exclusões), o lucro líquido ajustado fica negativo. Isso não significa que a empresa teve um prejuízo contábil. Vamos a um exemplo: 109 QUADRO 13 – EXEMPLO DE PREJUÍZO FISCAL Informação R$ Lucro Líquido (na DRE) R$ 13.000,00 + Adições R$ 1.000,00 - Exclusões R$ 20.000,00 - Compensações R$ 2.000,00 = Lucro líquido ajustado (Prejuízo fi scal) (R$ 8.000,00) FONTE: Os autores O prejuízo fi scal poderá ser compensado em períodos futuros, limitado a 30% do lucro líquido ajustado daquele período, conforme o inciso III do artigo 261 do RIR/2018: Art. 261. Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração: III - o prejuízo fi scal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições eexclusões previstas neste Regulamento, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e os documentos exigidos pela legislação fi scal, comprobatórios do prejuízo fi scal utilizado para compensação, observado o disposto no art. 514 ao art. 521 (BRASIL, 2018). Será que qualquer empresa pode ser do Lucro Real? A resposta é sim. Veja alguns benefícios de optar por esse regime de tributação: QUADRO 14 – BENEFÍCIOS DE OPTAR PELO LUCRO REAL Possibilidade de compensar prejuízos fi scais anteriores Reduzir ou suspender o recolhimento de IRPJ e CSLL Utilização de crédito de PIS e COFINS Possibilidade mais ampla de planejamento tributário FONTE: Adaptado de Portal Tributário (2021) No entanto, algumas são obrigadas, conforme o artigo 257 do RIR/2018: Prejuízo fi scal não é o mesmo que prejuízo contábil. Prejuízo contábil é o valor negativo que consta na última linha da DRE. Prejuízo fi scal é quando o lucro líquido ajustado nas empresas do Lucro Real é negativo. ATENÇÃO 110 Art. 257. Ficam obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas: I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00 ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a doze meses; II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, agências de fomento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, sociedades de crédito ao microempreendedor e à empresa de pequeno porte, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades abertas de previdência complementar; III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou à redução do imposto sobre a renda; V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma estabelecida no art. 219; VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultante de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); VII - que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio; VIII - que tenham sido constituídas como sociedades de propósito específico, formadas por microempresas e empresas de pequeno porte, observado o disposto no art. 56 da Lei Complementar nº 123, de 2006 ; e IX - que emitam ações nos termos estabelecidos no art. 16 da nº Lei 13.043, de 2014 ; § 1º As pessoas jurídicas não enquadradas no disposto no caput poderão apurar os seus resultados tributáveis com base nas disposições deste Título. § 2º As pessoas jurídicas de que tratam os incisos I, III, IV e V do caput poderão optar, durante o período em que submetidas ao Programa de Recuperação Fiscal - Refis, pelo regime de tributação com base no lucro presumido, observado o disposto no art. 523 (BRASIL, 2018). Para resumir, veja no Quadro 15 algumas informações que obrigam as empresas a serem do Lucro Real: QUADRO 14 – EMPRESAS OBRIGADAS AO LUCRO REAL • receita total no ano anterior maior que R$ 78 milhões de reais, ou maior que R$ 6.500.000,00 mensais. • bancos, sociedades corretoras de títulos, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, entre outros. • empresas que tem lucros, rendimentos e ganhos de capital provenientes do exterior, e aquelas que emitem ações. FONTE: Adaptado de Brasil (2018) 111 No que se refere ao demais tributos, PIS, COFINS, ICMS e IPI, são não cumulativos neste regime e geram créditos fiscais, conforme já estudamos na Unidade 1. Já compreendemos que o lucro real é um regime complexo. Mas qual é a base de cálculo utilizada para calcular IRPJ e CSLL? Vamos lá. 2.1 BASE DE CÁLCULO E PERÍODO DE APURAÇÃO DE IRPJ E CSLL Conforme os artigos 27 e 28 da IN 1.700/2017: Art. 27. A base de cálculo do IRPJ, determinada segundo a legislação vigente na data da ocorrência do respectivo fato gerador, é o lucro real, lucro presumido ou lucro arbitrado, correspondente ao período de apuração. Art. 28. A base de cálculo da CSLL, determinada segundo a legislação vigente na data da ocorrência do respectivo fato gerador, é o resultado ajustado, resultado presumido ou resultado arbitrado, correspondente ao período de apuração. Parágrafo único. As pessoas jurídicas sujeitas ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, conforme o caso, ficarão sujeitas ao mesmo critério para a determinação da base de cálculo da CSLL, mantidos os ajustes e as alíquotas previstos na legislação para cada tributo (RECEITA FEDERAL, 2017). Resumindo, a base de cálculo para o IRPJ e CSLL é o Lucro Real. No entanto, existem duas formas de se chegar ao Lucro Real e isso depende dos períodos de apuração escolhidos pela empresa: trimestral ou mensal. Se a empresa escolher apurar IRPJ e CSLL de forma trimestral, a base de cálculo será o Lucro Real, conforme o esquema: QUADRO 16 – ESQUEMA PARA CHEGAR AO LUCRO REAL TRIMESTRAL Lucro líquido (DRE) (+) Adições (-) Exclusões (-) Compensações = Lucro Real (base de cálculo para IRPJ e CSLL trimestrais) x 15% + 10% de adicional de IRPJ (quando for o caso) x 9% de CSLL. FONTE: Os autores 112 A empresa também pode pagar IRPJ e CSLL por estimativa, nesse caso, o pagamento é mensal e utiliza-se a mesma tabela de percentuais de presunção que é utilizada no Lucro Presumido. Assim, não precisaremos pegar a DRE, ajustar o lucro contábil e chegar ao lucro real ao longo do ano, pois utilizaremos como base a receita bruta, assim como é no lucro presumido, porém mensal. No entanto, é possível que no decorrer do ano-calendário, a empresa apure um balanço, encontre o Lucro Real e apure os valores devidos. É que o chamamos de balancete de suspensão ou redução do pagamento mensal. Veja o exemplo prático de balancete de redução para facilitar a aprendizagem: QUADRO 17 – EXEMPLO DE BALANCETE DE REDUÇÃO Em janeiro de X1 a empresa Modelo Ltda., pagou IRPJ e CSLL por estimativa mensal. O valor calculado com base nos percentuais de presunção foi: IRPJ: R$ 1.200 CSLL: R$ 1.080 Em fevereiro de X1 a empresa conseguiu levantar um balancete da contabilidade, e verificou que o Lucro Líquido de janeiro a fevereiro foi de R$ 35.000,00. Dessa forma, calculou-se o IRPJ e CSLL (considerando que não houve ajustes): Lucro Líquido: R$ 35.000 (+/-) Ajustes: R$ 0 = Lucro Real: R$ 35.000 IRPJ = R$ 35.000 x 15% = R$ 5.250 (não há adicional pois o lucro não passou de R$ 20 mil por mês de apuração) (-) IRPJ pago por estimativa em janeiro: (R$ 1.200) = IRPJ a pagar em fevereiro: R$ 5.250 – 1.200 = R$ 4.050,00 CSLL = R$ 35.000 x 9% = R$ 3.150 (-) CSLL pago por estimativa em janeiro: (R$ 1.080) = CSLL a pagar em fevereiro: R$ 3.150 – 1.080 = R$ 2.070,00 FONTE: Os autores O que aconteceu no exemplo? No mês de janeiro, a empresa calculou os tributos sobre o lucro a partir da estimativa mensal. Em fevereiro, a empresa teve condições de fazer um balancete e chegar ao Lucro Real, assim, calculou o IRPJ e CSLL referentes ao período de janeiro a fevereiro. Com isso, verificaram que o valor a pagar era R$ 5.250 e R$ 3.150. No entanto, como já havia sido pago por estimativa no mês anterior, pode-se reduzir o valor a ser pago, por isso que efetivamente em fevereiro foi pago apenas R$ 4.050 e R$ 2.070,00. Daí o nome: balancete de redução. No exemplo em questão, em março a empresa deverá pagar IRPJ e CSLL por estimativa mensal, ou caso a pessoa jurídica pretenda suspender ou reduzir o pagamento do IRPJ ou da CSLL deverá levantar novo balanço oubalancete e assim sucessivamente até dezembro. 113 Vamos a um exemplo de suspensão de pagamento: QUADRO 18 – EXEMPLO DE BALANCETE DE SUSPENSÃO Em janeiro de X1 a empresa Modelo Ltda., pagou IRPJ e CSLL por estimativa mensal. O valor calculado com base nos percentuais de presunção foi: IRPJ: R$ 1.200 CSLL: R$ 1.080 Em fevereiro de X1 a empresa conseguiu levantar um balancete da contabilidade, e verificou que o Lucro Líquido de janeiro a fevereiro foi de R$ 5.000,00. Dessa forma, calculou-se o IRPJ e CSLL (considerando que não houve ajustes): Lucro Líquido: R$ 5.000 (+/-) Ajustes: R$ 0 = Lucro Real: R$ 5.000 IRPJ = R$ 35.000 x 15% = R$ 750 (não há adicional pois o lucro não passou de R$ 20 mil por mês de apuração) (-) IRPJ pago por estimativa em janeiro: (R$ 1.200) = IRPJ a pagar em fevereiro: 0 (suspensão de pagamento) CSLL = R$ 5.000 x 9% = R$ 450 (-) CSLL pago por estimativa em janeiro: (R$ 1.080) = CSLL a pagar em fevereiro: 0 (suspensão de pagamento). FONTE: Os autores No exemplo de balancete de suspensão, verifica-se que após levantar um balanço em fevereiro, referente aos meses de janeiro e fevereiro, a empresa teve um lucro real de R$ 5.000,00. Ao calcular o IRPJ e CSLL desse período, os valores a pagar são menores do que os valores que já foram pagos em janeiro. Com isso, suspende-se o pagamento desses tributos. Em março, por exemplo, a empresa volta a calcular por estimativa, ou se caso a pessoa jurídica pretenda suspender ou reduzir o pagamento do IRPJ ou da CSLL em qualquer outro mês do mesmo ano-calendário, deverá levantar novo balanço ou balancete. Lembre-se de que quando o Lucro ultrapassa R$ 20 mil reais mensais ou R$ 60 mil reais no trimestre, a empresa precisa pagar 10% de adicional de IRPJ sobre o que ultrapassar. CSLL não tem adicional. ATENÇÃO 114 O Quadro 19 que resume a periodicidade da apuração de IRPJ e CSLL: QUADRO 19 – PERÍODOS DE APURAÇÃO DE IRPJ E CSLL Trimestral Estimativa mensal (ou a anual) Encontra-se o lucro real a partir do lucro líquido constante na DRE com ajustes e aplicam-se as alíquotas de 15% para IRPJ (mais adicional de 10% para o que ultrapassar R$ 60.000,00) e 9% para CSLL. Os tributos são calculados mensalmente pelos percentuais de presunção utilizados no Lucro Presumido, mas também pode haver o levantamento de balancete de suspensão ou redução a qualquer momento, compensando- se o que foi pago anteriormente. Ou o balancete de suspensão/redução será levantado apenas em dezembro de cada ano. Se a empresa apresentar prejuízo fiscal a partir de um balancete levantado, também haverá suspensão de pagamento. FONTE: Os autores Além disso, existem algumas obrigações acessórias que empresas do Lucro Real devem adotar. É o caso do Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR –, e o Livro de Apuração da Contribuição Social – LACS. O Artigo 310 da IN 1.700/2017 explicita as informações que devem constar nos livros: Art. 310. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real deverá escriturar o Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur), de que trata o inciso I do caput do art. 8º do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, o qual será entregue em meio digital. § 2º A pessoa jurídica tributada com base no lucro real apresentará, entre outras, as seguintes informações na ECF: I - dados relativos ao e-Lalur, que conterá: a) parte A, onde serão apresentadas as seguintes informações da demonstração do lucro real de que trata a alínea “b” do inciso I do art. 8º do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977: 1. lucro líquido do período de apuração; 2. registros de ajuste do lucro líquido, com identificação das contas analíticas do plano de contas e indicação discriminada por lançamento correspondente na escrituração comercial, quando presentes; e 3. lucro real; b) parte B, onde serão mantidos os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos subsequentes e de outros valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos futuros e não constem na escrituração comercial; II - dados relativos ao e-Lacs, que conterá: a) parte A, onde serão apresentadas as seguintes informações da demonstração da base de cálculo da CSLL de que trata o inciso II do § 1º do art. 50 da Lei nº 12.973, de 2014: 1. lucro líquido do período de apuração; 115 2. registros de ajuste do lucro líquido, com identificação das contas analíticas do plano de contas e indicação discriminada por lançamento correspondente na escrituração comercial, quando presentes; e 3. resultado ajustado; b) parte B, onde serão mantidos os registros de controle de bases de cálculo negativas da CSLL a compensar em períodos subsequentes e de outros valores que devam influenciar a determinação do resultado ajustado de períodos futuros e não constem na escrituração comercial; III - apuração do IRPJ de que trata a alínea "b" do inciso I do art. 8º do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, e apuração da CSLL de que trata o inciso II do § 1º do art. 50 da Lei nº 12.973, de 2014; e IV - demais informações econômico-fiscais (RECEITA FEDERAL, 2017). Já aprendemos as formas de calcular IRPJ e CSLL no lucro real. Mas e os demais tributos? ISS, ICMS, IPI, PIS e COFINS, INSS Patronal? Como se comportam no lucro real? 2.2 BASE DE CÁLCULO E PERÍODO DE APURAÇÃO DOS DEMAIS TRIBUTOS No Lucro Real, ICMS, IPI, PIS e COFINS serão não cumulativos, ou seja, possibilitam créditos fiscais. Já o ISS e INSS Patronal serão cumulativos. Todos esses tributos são mensais. INSS Patronal também é um tributo mensal, mas está relacionado à folha de pagamento. E quais as alíquotas? Analise o Quadro 20, que resume as bases de cálculo, alíquotas, cumulatividade, não cumulatividade e período de apuração: QUADRO 20 – RESUMO DO COMPORTAMENTO DOS TRIBUTOS NO LUCRO REAL Tributo Base de cálculo (resumo) Alíquota Período de apuração Cumulativo? ISS Prestação de serviços 2% a 5% Depende do município Mensal Sim ICMS Produto, mercadoria ou serviço de transporte ou comunicação Depende do Estado e operação Não IPI Produto Depende do produto Não PIS Receita Bruta 1,65% Não PIS Receitas financeiras 0,65% Não COFINS Receita Bruta 7,6% Não COFINS Receitas financeiras 4% Não INSS Patronal Folha de pagamento bruta 25,8% + RAT (que varia de 1% a 3% conforme a empresa) sobre a folha de funcionários; 20% sobre o pró-labore bruto. Sim FONTE: Os autores 116 Diferentemente do Lucro Presumido, no Lucro Real incide PIS e COFINS sobre receitas financeiras. As alíquotas são diferenciadas, sendo 0,65% para PIS e 4% para COFINS. Após a explicação teórica das características dos tributos no Lucro Real, iremos para a parte prática efetuar os cálculos, apurações e contabilizações. 3 LUCRO REAL – PARTE PRÁTICA A partir de agora iremos aplicar na prática os conhecimentos do Tópico 2. Inicialmente, iremos analisar as informações do primeiro trimestre de 2021, da empresa Fonseca Indústria Comércio e Serviços Ltda., que está enquadrada no Lucro Real trimestral. Sua atividade possui um risco de 3%, ou seja, um RAT de 3% para fins de INSS Patronal. Primeiramente, faremos as contabilizações das operações, considerando todos os tributos incidentes. Em seguida, faremos a apuração dos tributos mensais (ISS, ICMS, IPI, PIS, COFINS e INSS Patronal) e trimestrais (IRPJ e CSLL). QUADRO 21 – INFORMAÇÕES DA EMPRESA FONSECA LTDA. OPERAÇÕES A PRAZO ABRIL MAIO JUNHO 1 Compra de equipamento para fabricação (ICMS 12%) R$ 151.500,00 R$ - R$ - 2 Compras de mercadorias (ICMS 12%) R$ 50.000,00 R$ 47.000,00 R$ 56.000,00 3 Devolução de compra de mercadorias R$ - R$ - R$ 2.000,00 4 Compra de matéria-prima (ICMS 12%/ IPI 10%) Mercadorias R$ 35.000,00 R$ 36.000,00 R$ 40.000,00 IPI R$ 3.500,00 R$ 3.600,00 R$ 4.000,00 TOTAL R$ 38.500,00 R$ 39.600,00 R$ 44.000,00 5 Vendas de mercadorias3 HIPÓTESES DE ARBITRAMENTO DO LUCRO ................................................................. 131 3.1 BASE DE CÁLCULO QUANDO A RECEITA BRUTA É CONHECIDA ........................................... 133 3.2 BASE DE CÁLCULO QUANDO A RECEITA BRUTA NÃO É CONHECIDA ................................ 135 3.3 CÁLCULO DOS TRIBUTOS .............................................................................................................. 136 3.4 CONTABILIZAÇÃO ............................................................................................................................ 139 4 SIMPLES NACIONAL .......................................................................................................139 4.1 MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE .................................................................141 4.2 VEDAÇÕES ......................................................................................................................................... 143 4.3 ANEXOS ...............................................................................................................................................144 4.4 CÁLCULO DOS TRIBUTOS .............................................................................................................. 145 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................146 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................149 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................150 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................152 UNIDADE 3 — PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PARA GESTÃO NAS EMPRESAS ..................155 TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ...................................................................... 157 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 157 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ...................................................................................... 157 2.1 CARACTERÍSTICAS DO PLANEJAMENTO ....................................................................................158 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................166 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 167 TÓPICO 2 - TIPOS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO .....................................................169 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................169 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS .......................................169 2.1 ANÁLISE DOS EFEITOS TRIBUTÁRIOS NA EMPRESA ................................................................. 171 2.2 EFEITO TRIBUTÁRIO – SIMPLES NACIONAL ............................................................................... 172 2.3 EFEITO TRIBUTÁRIO – LUCRO PRESUMIDO E LUCRO REAL .................................................177 2.4 ANÁLISE DO EFEITO TRIBUTÁRIO – SIMPLES NACIONAL, LUCRO PRESUMIDO E LUCRO REAL ..................................................................................................................................181 3 AUDITORIA TRIBUTÁRIA ................................................................................................183 3.1 TRABALHOS DA AUDITORIA TRIBUTÁRIA....................................................................................184 3.2 CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA ....................................................................................185 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................187 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................188 TÓPICO 3 - OTIMIZAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................... 191 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 191 2 COMO OTIMIZAR OS RESULTADOS NAS EMPRESAS .................................................... 191 2.1 LUCRO X PREJUÍZO .......................................................................................................................... 194 2.2 O PESO DOS ENCARGOS SOBRE OS SALÁRIOS E REMUNERAÇÕES .................................. 195 2.3 CONTRIBUIÇÃO DO INSS PATRONAL COM BASE NA RECEITA .............................................. 197 2.4 CÁLCULOS PARA IDENTIFICAR A MELHOR OPÇÃO DE COMPRA DE MERCADORIA PARA REVENDA E/OU INSUMOS PARA A PRODUÇÃO ...........................................................198 2.4.1 Decisões sobre compras .......................................................................................................198 3 CÁLCULOS PARA SE IDENTIFICAR A MELHOR OPÇÃO DE ENQUADRAMENTO FISCAL .............................................................................................. 202 3.1 DECISÃO SOBRE O ENQUADRAMENTO FISCAL ........................................................................ 202 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 206 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................210 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 211 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................213 1 UNIDADE 1 - ASPECTOS GERAIS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer o campo de atuação da contabilidade tributária; • compreender o Sistema Tributário Nacional e os elementos dos tributos; • entender os tributos conforme a esfera tributária; • interpretar o regime de cumulatividade e não cumulatividade; • calcular, contabilizar e apurar a tributação sobre o faturamento das empresas; • calcular, contabilizar e apurar a tributação sobre o lucro e sobre a folha de pagamento. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ELEMENTOS BÁSICOS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA TÓPICO 2 – TRIBUTAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO E CONTABILIZAÇÃO TÓPICO 3 – TRIBUTAÇÃO SOBRE O LUCRO, FOLHA DE PAGAMENTO E CONTABILIZAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 ELEMENTOS BÁSICOS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos, de forma teórica, o que é contabilidade tributária e o seu objeto de estudo. Além disso, estudaremos os conceitos dos tributos que nortearão o restante desta unidade, são eles: ISS, ICMS, IPI, PIS, COFINS, IRPJ e CSLL. Na sequência será abordado o Sistema Tributário Nacional vigente no Brasil, a hierarquia das leis e quais os regimes de tributação existentes, com o intuito de entendermos a competência tributária de cada ente da federação: tributos municipais, estaduais e federais. Por fim, estudaremos os regimes cumulativos e não cumulativos de alguns tributos e o comportamento destes em cada um. Compreender a cumulatividade e não cumulatividade é muito importante: a cumulatividade não gera compensação de tributos, já a não cumulatividade gera e isso depende do regime de tributação escolhido.(ICMS 12%) CMV da Venda R$ 220.000,00 R$ 215.000,00 R$ 225.000,00 R$ 44.000,00 R$ 41.360,00 R$ 49.520,00 6 Devolução de vendas (CMV proporcional ao CMV das vendas) CMV da Devolução de Venda R$ - R$ 10.000,00 R$ - R$ - R$ 2.585,00 R$ - 7 Prestação de serviços (5%) R$ 21.000,00 R$ 17.000,00 R$ 18.500,00 8 Vendas de industrialização (CMV é o saldo de estoque de matéria- -prima) (ICMS 12% / IPI 10%) Produto R$ 100.000,00 R$ 102.000,00 R$ 95.000,00 IPI R$ 10.000,00 R$ 10.200,00 R$ 9.500,00 TOTAL R$ 110.000,00 R$ 112.200,00 R$ 104.500,00 CMV da Venda de Industrialização R$ 40.000,00 R$ 42.000,00 R$ 39.000,00 9 Receitas Financeiras R$ 500,00 R$ 260,00 R$ 480,00 10 Ganho de Capital na venda de veículo R$ 5.050,00 R$ - R$ - 117 11 Energia elétrica Base de cálculo do ICMS (Permite aproveita- mento de 80% da base de cálculo com uma alíquota de 25%) R$ 600,00 R$ 700,00 R$ 650,00 R$ 540,00 R$ 630,00 R$ 585,00 12 Folha de pagamento dos funcionários (Salários, adicionais, décimo terceiro e férias) R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 13 Pró-labore dos sócios R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 14 Aluguel pago à pessoa jurídica R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 15 Depreciação do equipamento adquirido na operação 1. R$ 994,21 R$ 994,21 R$ 994,21 16 Despesa com alimentação de sócios R$ 500,00 R$ 320,00 R$ 1.000,00 17 Despesas com brindes R$ 1.000,00 R$ 200,00 R$ - 18 Doações não dedutíveis R$ - R$ 1.000,00 R$ - Prejuízo fiscal de períodos anteriores (não há contabilização dessa informação) R$ 55.200,00 FONTE: Os autores 3.1 CONTABILIZAÇÕES O Quadro 22 apresenta todas as contabilizações por número da operação e por mês. QUADRO 22 – CONTABILIZAÇÕES DO LUCRO REAL Op D/C Contas ABRIL MAIO JUNHO 1 D D D C Máq. e equipamentos ICMS a recuperar AI (AC) ICMS a recuperar AI (ANC) Contas a pagar R$ 133.320,00 R$ 4.545,00 R$ 13.635,00 R$ 151.500,00 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - 2 D D D D C Estoque ICMS a recuperar PIS a recuperar COFINS a recuperar Fornecedores R$ 39.375,00 R$ 6.000,00 R$ 825,00 R$ 3.800,00 R$ 50.000,00 R$ 37.012,50 R$ 5.640,00 R$ 775,50 R$ 3.572,00 R$ 47.000,00 R$ 44.100,00 R$ 6.720,00 R$ 924,00 R$ 4.256,00 R$ 56.000,00 3 D C C C C Fornecedores ICMS a recolher PIS a recolher COFINS a recolher Estoque R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 2.000,00 R$ 240,00 R$ 33,00 R$ 152,00 R$ 1.575,00 4 D D D D D C Estoque MP ICMS a recuperar IPI a recuperar PIS a recuperar COFINS a recuperar Fornecedores R$ 27.562,50 R$ 4.200,00 R$ 3.500,00 R$ 577,50 R$ 2.660,00 R$ 38.500,00 R$ 28.350,00 R$ 4.320,00 R$ 3.600,00 R$ 594,00 R$ 2.736,00 R$ 39.600,00 R$ 31.500,00 R$ 4.800,00 R$ 4.000,00 R$ 660,00 R$ 3.040,00 R$ 44.000,00 118 5 D C D C D C D C D C Clientes Receita de vendas CMV Estoque ICMS s/ vendas ICMS a recolher PIS s/ vendas PIS a recolher COFINS s/ vendas COFINS a recolher R$ 220.000,00 R$ 220.000,00 R$ 44.000,00 R$ 44.000,00 R$ 26.400,00 R$ 26.400,00 R$ 3.194,40 R$ 3.194,40 R$ 14.713,60 R$ 14.713,60 R$ 215.000,00 R$ 215.000,00 R$ 41.360,00 R$ 41.360,00 R$ 25.800,00 R$ 25.800,00 R$ 3.121,80 R$ 3.121,80 R$ 14.379,20 R$ 14.379,20 R$ 225.000,00 R$ 225.000,00 R$ 49.520,00 R$ 49.520,00 R$ 27.000,00 R$ 27.000,00 R$ 3.267,00 R$ 3.267,00 R$ 15.048,00 R$ 15.048,00 6 D C D C D C D C D C Devolução de vendas Clientes Estoque CMV ICMS a recuperar ICMS s/ vendas PIS a recuperar PIS s/ vendas COFINS a recuperar COFINS s/ vendas R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 2.585,00 R$ 2.585,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 145,20 R$ 145,20 R$ 668,80 R$ 668,80 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - 7 D C D C D C D C Clientes Receita prestação serviços ISS s/ serviços ISS a recolher PIS s/ serviços PIS a recolher COFINS s/ serviços COFINS a recolher R$ 21.000,00 R$ 21.000,00 R$ 1.050,00 R$ 1.050,00 R$ 346,50 R$ 346,50 R$ 1.596,00 R$ 1.596,00 R$ 17.000,00 R$ 17.000,00 R$ 850,00 R$ 850,00 R$ 280,50 R$ 280,50 R$ 1.292,00 R$ 1.292,00 R$ 18.500,00 R$ 18.500,00 R$ 925,00 R$ 925,00 R$ 305,25 R$ 305,25 R$ 1.406,00 R$ 1.406,00 8 D C D C D C D C D C D C Clientes Receita de vendas indústria CPV Estoque MP ICMS s/ vendas ICMS a recolher IPI s/ produto IPI a recolher PIS s/ vendas PIS a recolher COFINS s/ vendas COFINS a recolher R$ 110.000,00 R$ 110.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 1.617,00 R$ 1.617,00 R$ 7.448,00 R$ 7.448,00 R$ 112.200,00 R$ 112.200,00 R$ 42.000,00 R$ 42.000,00 R$ 12.240,00 R$ 12.240,00 R$ 10.200,00 R$ 10.200,00 R$ 1.649,34 R$ 1.649,34 R$ 7.596,96 R$ 7.596,96 R$ 104.500,00 R$ 104.500,00 R$ 39.000,00 R$ 39.000,00 R$ 11.400,00 R$ 11.400,00 R$ 9.500,00 R$ 9.500,00 R$ 1.536,15 R$ 1.536,15 R$ 7.075,60 R$ 7.075,60 119 9 D C D C D C Aplicação financeira Rendimento da aplicação PIS s/ receita financeira PIS a recolher COFINS s/ receita financeira COFINS a recolher R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 3,25 R$ 3,25 R$ 20,00 R$ 20,00 R$ 260,00 R$ 260,00 R$ 1,69 R$ 1,69 R$ 10,40 R$ 10,40 R$ 480,00 R$ 480,00 R$ 3,12 R$ 3,12 R$ 19,20 R$ 19,20 10 D C Contas a receber Ganho de capital R$ 5.050,00 R$ 5.050,00 R$ - R$ - R$ - R$ - 11 D D D D C Despesa com energia ICMS a recuperar PIS a recuperar COFINS a recuperar Contas a pagar R$ 436,50 R$ 108,00R$ 9,90 R$ 45,60 R$ 600,00 R$ 509,25 R$ 126,00 R$ 11,55 R$ 53,20 R$ 700,00 R$ 472,88 R$ 117,00 R$ 10,73 R$ 49,40 R$ 650,00 12 D C D C Despesa de salários Salários a pagar INSS Patronal INSS a recolher R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 13 D C D C Despesa pró-labore Pró-labore a pagar INSS Patronal INSS a recolher R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 14 D D D C Despesa com aluguel PIS a recuperar COFINS a recuperar Aluguel a pagar R$ 1.361,25 R$ 24,75 R$ 114,00 R$ 1.500,00 R$ 1.361,25 R$ 24,75 R$ 114,00 R$ 1.500,00 R$ 1.361,25 R$ 24,75 R$ 114,00 R$ 1.500,00 15 D D D C Despesa depreciação PIS a recuperar COFINS a recuperar (-) Depreciação acumulada R$ 902,25 R$ 16,40 R$ 75,56 R$ 994,21 R$ 902,25 R$ 16,40 R$ 75,56 R$ 994,21 R$ 902,25 R$ 16,40 R$ 75,56 R$ 994,21 16 D C Alimentação de sócios Contas a pagar R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 320,00 R$ 320,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 17 D C Despesa com brindes Contas a pagar R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ - R$ - 18 D C Doações não dedutíveis Contas a pagar R$ - R$ - R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ - R$ - FONTE: Os autores Antes de efetivamente apurarmos os valores de todos os tributos, precisamos dar atenção ao ativo imobilizado que foi adquirido em abril. Nele, consta ICMS a recuperar, no entanto, precisamos fazer a transferência da conta “ICMS a recuperar AI (ANC)” para a conta “ICMS a recuperar”. O valor a ser transferido é de 1/48 do crédito de ICMS. Importante mencionar que se houvesse alguma venda isenta de ICMS, isso deveria ser considerado no cálculo, no entanto, isso não se aplica ao exemplo que estamos utilizando. Nesse caso, o cálculo da transferência de crédito de ICMS do ativo imobilizado fica assim: 120 Valor total do crédito do ativo imobilizado: R$ 18.180 1/48: R$ 18.180 / 48 = R$ 378,75 por mês. Lançamentos contábeis da transferência de ICMS do Ativo Imobilizado: QUADRO 23 – CONTABILIZAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO DO AI Op D/C Contas JANEIRO FEVEREIRO MARÇO 14 D C ICMS a recuperar ICMS a recuperar AI (AC) R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 FONTE: Os autores Com a contabilização, esse ICMS já poderá ser aproveitado na apuração ao final do mês. Agora que fizemos as contabilizações, é possível apurar os tributos. Lembrando que algumas contabilizações ainda serão realizadas para que haja a transferência de tributos a recolher e recuperar (no caso do ICMS, IPI, PIS e COFINS) e o registro da contabilização do IRPJ e CSLL que são tributos trimestrais. 3.2 APURAÇÃO DOS TRIBUTOS Lembre-se de que ISS e INSS Patronal são tributos cumulativos e não geram crédito fiscal no lucro real, por isso, só haverá débitos fiscais na apuração deles. Já o ICMS, IPI, PIS e COFINS, são tributos não cumulativos e precisamos fazer a separação do que é crédito e o que é débito para chegar no valor a recolher ou a recuperar. QUADRO 24 – APURAÇÃO DOS TRIBUTOS MENSAIS PIS JANEIRO FEVEREIRO MARÇO CRÉDITOS R$ 1.453,55 R$ 1.567,40 R$ 1.635,88 Compra de mercadorias R$ 825,00 R$ 775,50 R$ 924,00 Compra de MP R$ 577,50 R$ 594,00 R$ 660,00 Energia elétrica R$ 9,90 R$ 11,55 R$ 10,73 Devolução de venda - R$ 145,20 - Depreciação R$ 16,40 R$ 16,40 R$ 16,40 Aluguel R$ 24,75 R$ 24,75 R$ 24,75 121 DÉBITOS R$ 5.161,15 R$ 5.053,33 R$ 5.144,52 Venda de mercadorias R$ 3.194,40 R$ 3.121,80 R$ 3.267,00 Venda de produtos R$ 1.617,00 R$ 1.649,34 R$ 1.536,15 Prestação de serviços R$ 346,50 R$ 280,50 R$ 305,25 Devolução de compra - - R$ 33,00 Receitas financeiras R$ 3,25 R$ 1,69 R$ 3,12 TOTAL A RECOLHER R$ 3.707,60 R$ 3.485,93 R$3.508,64 COFINS JANEIRO FEVEREIRO MARÇO CRÉDITOS R$ 6.695,16 R$ 7.219,56 R$ 7.534,96 Compra de mercadorias R$ 3.800,00 R$ 3.572,00 R$ 4.256,00 Compra de MP R$ 2.660,00 R$ 2.736,00 R$ 3.040,00 Energia elétrica R$ 45,60 R$ 53,20 R$ 49,40 Devolução de venda - R$ 668,80 - Depreciação R$ 75,56 R$ 75,56 R$ 75,56 Aluguel R$ 114,00 R$ 114,00 R$ 114,00 DÉBITOS R$ 23.777,60 R$ 23.278,56 R$ 23.700,80 Venda de mercadorias R$ 14.713,60 R$ 14.379,20 R$ 15.048,00 Venda de produtos R$ 7.448,00 R$ 7.596,96 R$ 7.075,60 Prestação de serviços R$ 1.596,00 R$ 1.292,00 R$ 1.406,00 Devolução de compra - - R$ 152,00 Receitas financeiras R$ 20,00 R$ 10,40 R$ 19,20 TOTAL A RECOLHER R$ 17.082,44 R$ 16.059,00 R$ 16.165,84 ICMS JANEIRO FEVEREIRO MARÇO CRÉDITOS R$ 10.686,75 R$ 11.664,75 R$ 12.015,75 Compra de mercadorias R$ 6.000,00 R$ 5.640,00 R$ 6.720,00 Compra de MP R$ 4.200,00 R$ 4.320,00 R$ 4.800,00 Energia elétrica R$ 108,00 R$ 126,00 R$ 117,00 Devolução de venda - R$ 1.200,00 - Ativo imobilizado R$ 378,75 R$ 378,75 R$ 378,75 122 DÉBITOS R$ 38.400,00 R$ 38.040,00 R$ 38.640,00 Devolução de compra - - R$ 240,00 Venda de mercadorias R$26.400,00 R$ 25.800,00 R$ 27.000,00 Venda de produtos R$ 12.000,00 R$ 12.240,00 R$ 11.400,00 TOTAL A RECOLHER R$ 27.713,25 R$ 26.375,25 R$ 26.624,25 IPI JANEIRO FEVEREIRO MARÇO CRÉDITOS R$ 3.500,00 R$ 3.600,00 R$ 4.000,00 Compra de MP R$ 3.500,00 R$ 3.600,00 R$ 4.000,00 DÉBITOS R$ 10.000,00 R$ 10.200,00 R$ 9.500,00 Venda de produtos R$ 10.000,00 R$ 10.200,00 R$ 9.500,00 TOTAL A RECOLHER R$ 6.500,00 R$ 6.600,00 R$ 5.500,00 ISS JANEIRO FEVEREIRO MARÇO DÉBITOS Prestação de Serviços R$ 1.050,00 R$ 850,00 R$ 925,00 TOTAL A RECOLHER R$ 1.050,00 R$ 850,00 R$ 925,00 INSS PATRONAL JANEIRO FEVEREIRO MARÇO DÉBITOS Folha de pagamento R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 R$ 5.760,00 Pró-labore R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 TOTAL A RECOLHER R$ 6.960,00 R$ 6.960,00 R$ 6.960,00 FONTE: Os autores No exemplo, os débitos de ICMS, IPI, PIS e COFINS foram maiores que os créditos, logo, não houve saldos de tributos a recuperar em períodos seguintes. No entanto, é necessário registrar na contabilidade a compensação dos créditos com os débitos, ou seja: compensamos todos os créditos fiscais: 123 QUADRO 25 – CONTABILIZAÇÃO DA COMPENSAÇÃO DE ICMS, IPI, PIS E COFINS Op D/C Contas JANEIRO FEVEREIRO MARÇO 20 D C ICMS a recolher ICMS a recuperar R$ 10.686,75 R$ 10.686,75 R$ 11.664,75 R$ 11.664,75 R$ 12.015,75 R$ 12.015,75 21 D C IPI a recolher IPI a recuperar R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.600,00 R$ 3.600,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 22 D C PIS a recolher PIS a recuperar R$ 1.453,55 R$ 1.453,55 R$ 1.567,40 R$ 1.567,40 R$ 1.635,88 R$ 1.635,88 23 D C COFINS a recolher COFINS a recuperar R$ 6.695,16 R$ 6.695,16 R$ 7.219,56 R$ 7.219,56 R$ 7.534,96 R$ 7.534,96 FONTE: Os autores Está sentindo falta de algum tributo? Sim, falta calcularmos IRPJ e CSLL. Vamos lá? A partir dos valores das operações que ocorreram no trimestre, precisamos estruturar uma DRE para encontrar o lucro contábil: QUADRO 26 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA FONSECA LTDA. RECEITA BRUTA R$ 660.000,00 (-) DEDUÇÕES R$ 207.598,30 Devoluções R$ 10.000,00 IPI R$ 29.700,00 ICMS R$ 79.200,00PIS R$ 15.317,94 COFINS R$ 70.555,36 ISS R$ 2.825,00 = RECEITA OPERACIONAL LIQUIDA R$ 452.401,70 (-) CMV R$ 132.295,00 (-) CPV R$ 121.000,00 = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO R$ 199.106,70 (-) DESPESAS OPERACIONAIS R$ 87.906,77 Energia R$ 1.418,63 Aluguel R$ 4.083,75 Depreciação R$ 2.706,74 INSS Patronal R$ 20.880,00 Folha de pagamento dos funcionários (Salários e adicionais) R$ 60.000,00 +/- RESULTADO FINANCEIRO R$ 1.182,34 Receitas financeiras R$ 1.240,00 PIS s/ receita R$ 8,06 COFINS s/ receita R$ 49,60 = LUCRO OPERACIONAL R$ 111.199,93 124 +/- OUTRAS RECEITAS/OUTRAS DESPESAS R$ 16.970,00 Pró-labore dos sócios R$ 18.000,00 Alimentação de sócios R$ 1.820,00 Doações não dedutíveis R$ 1.000,00 Ganhos de capital R$ 5.050,00 Despesas com brindes R$ 1.200,00 = RESULTADO ANTES DO IRPJ E CSLL R$ 94.229,93 (-) CSLL R$ 6.189,75 (-) IRPJ R$ 10.316,24 (-) Adicional IRPJ R$ 877,49 = LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO R$ 76.846,45 FONTE: Os autores Para demonstrar a formação do Lucro Real, apresentam-se o Lalur e o Lacs: QUADRO 27 – LACS LACS RESULTADO ANTES DO IRPJ E CSLL R$ 94.229,93 (+) Adições R$ 4.020,00 Alimentação de sócios R$ 1.820,00 Doações não dedutíveis R$ 1.000,00 Despesas com brindes R$ 1.200,00 (-) Exclusões R$ - (-) Compensações R$ 29.474,98 Prejuízo fiscal de períodos anteriores R$ 29.474,98 =Lucro Real R$ 68.774,95 CSLL R$ 6.189,75 FONTE: Os autores QUADRO 28 – LAJUR LACS RESULTADO ANTES DO IRPJ E CSLL R$ 94.229,93 (+) Adições R$ 4.020,00 Alimentação de sócios R$ 1.820,00 Doações não dedutíveis R$ 1.000,00 Despesas com brindes R$ 1.200,00 (-) Exclusões R$ - (-) Compensações R$ 29.474,98 Prejuízo fiscal de períodos anteriores R$ 29.474,98 125 =Lucro Real R$ 68.774,95 IRPJ R$ 10.316,24 Adicional de IRPJ R$ 877,49 Total de IRPJ R$ 11.193,74 FONTE: Os autores Para explicar a compensação de R$ 29.474,98 de prejuízo fiscal, precisamos do lucro ajustado após adições e exclusões: R$ 94.229,93 + R$ 4.020,00 = R$ 98.249,93. No entanto, lembra o que diz a lei? Diz que só podemos compensar até 30% do lucro ajustado, limitado ao valor a compensar. Nesse caso, quanto é 30% de R$ 98.249,93? É R$ 29.474,98. Atenção para o adicional de IRPJ: o Lucro Real foi R$ 68.774,95. Considerando que as informações são trimestrais, o lucro ultrapassou R$ 60.000,00 que é o valor máximo para não precisar pagar adicional (ou R$ 20 mil por mês). Nesse sentido, devemos calcular adicional de IRPJ sobre aquilo que ultrapassou sessenta mil: Base de cálculo para adicional de IRPJ = 68.774,95 – 60.000 = R$ 8.774,95 Aplicando a alíquota de 10%, temos um adicional de: 8.774,95 x 10% = R$ 877,49 Agora que já temos os valores apurados de IRPJ e CSLL, precisamos registrá- los na contabilidade: QUADRO 29 – CONTABILIZAÇÃO DE IRPJ E CSLL Op D/C Contas 2º Trimestre 24 D C ICMS a recolher ICMS a recuperar R$ 11.193,74 R$ 11.193,74 25 D C Despesa de CSLL CSLL a recolher R$ 6.189,75 R$ 6.189,75 FONTE: Os autores Assim, finalizamos as apurações e cálculos de todos os tributos da empresa Fonseca Ltda. que está enquadrada no Lucro Real. No Tópico 3, aprenderemos na prática a aplicação dos tributos no Lucro Arbitrado. 126 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O Lucro Real é considerado o regime de tributação mais complexo. • IRPJ e CSLL podem ser apurados de forma trimestral ou por estimativa mensal (anual). • Quando IRPJ e CSLL são apurados trimestralmente, chama-se de Lucro Real trimestral. Para isso, utilizam-se valores contábeis para identificar o lucro líquido, efetuar ajustes e chegar ao lucro real. • Quando o IRPJ e CSLL são apurados por estimativa mensal, utiliza-se a tabela dos percentuais de presunção usadas no lucro presumido. Concomitantemente, normalmente utilizam-se também os balancetes de suspensão ou redução. • ISS e INSS Patronal são tributos cumulativos. • ICMS, IPI, PIS e COFINS são tributos não cumulativos e geram créditos fiscais. • As alíquotas de PIS e COFINS são, respectivamente, 1,65% e 7,6%. Incide PIS e COFINS sobre receita financeira, e as alíquotas são, respectivamente, 0,65% e 4%. • As alíquotas de ICMS, IPI e ISS variam conforme legislação e localização. • O INSS Patronal sobre a folha de pagamento tem alíquotas variáveis, que mudam conforme o RAT da empresa. Podendo variar entre 26,80% até 28,80%, de um modo geral. • O INSS Patronal sobre pró-labore possui alíquota de 20%. 127 1 O Lucro Real é considerando um dos regimes de tributação mais complexos no Brasil. Empresas maiores são as que mais aderem a esse enquadramento tributário. Sobre as características do regime de Lucro Real, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Qualquer empresa pode optar pelo enquadramento no Lucro Real. b) ( ) Uma empresa com receita bruta no ano anterior de até R$ 78 milhões, é obrigada a se enquadrar no Lucro Real. c) ( ) A apuração de IRPJ e CSLL ocorrerá de forma trimestral, apenas. d) ( ) A apuração de IRPJ e CSLL ocorrerá por estimativa mensal, apenas. 2 O Lucro Real trimestral é apurado a partir do lucro líquido contábil, ajustado por adições, exclusões e compensações. Com base na legislação pertinente, analise as sentenças a seguir: I- Adições são despesas que o fisco não considera dedutível para IRPJ e CSLL. II- Exclusões são despesas que devem ser excluídas do lucro líquido. III- Um exemplo de compensação é o prejuízo contábil de períodos anteriores. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença I está correta. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Quando a empresa paga IRPJ e CSLL por estimativa deve considerar a forma diferente de cálculo. Conforme as especificidades do pagamento por estimativa, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Ao optar pelo pagamento por estimativa, a empresa utiliza os percentuais de presunção utilizados no lucro presumido. ( ) A suspensão do pagamento pode ocorrer quando o valor a pagar no período acumulado é menor do que já foi pago anteriormente por estimativa. ( ) A redução do pagamento ocorre quando o valor a pagar no período acumulado é compensado pelos valores que já foram pagos anteriormente por estimativa. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. AUTOATIVIDADE 128 4 A empresa Modelo Ltda. é uma empresa do lucro real. Analise as informações da DRE do último trimestre, encontre o lucro real, calcule IRPJ e CSLL, apresente LALUR e LACS e explique o resultado: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA EMPRESA MODELO LTDA RECEITA BRUTA R$ 50.000,00 (-) DEDUÇÕES R$ 10.570,00 Devoluções R$ 500,00 ICMS R$ 6.000,00 PIS R$ 726,00 COFINS R$ 3.344,00 RECEITA OPERACIONAL LIQUIDA R$ 39.430,00 CMV R$ 12.000,00 RESULTADO OPERACIONAL BRUTO R$ 27.430,00 (-) DESPESAS OPERACIONAIS R$ 15.688,30 Telefone R$ 500,00 Água e esgoto R$ 360,00 Manutenção R$ 1.269,00 Serviços de terceiros R$ 1.350,00 Salários R$ 12.000,00 Material de escritório R$ 400,00 RESULTADO FINANCEIRO R$ 190,70 Receitas financeiras R$ 200,00 PIS s/ receita R$ 1,30 COFINS s/ receita R$ 8,00 LUCRO OPERACIONAL R$ 11.741,70 OUTRAS RECEITAS/OUTRAS DESPESAS R$ 15.220,00 Pró-labore dos sócios R$ 15.000,00 Alimentação de sócios R$ 420,00 Doações não dedutíveis R$ 500,00 Ganhos de capital R$ 1.000,00 Despesas com brindes R$ 300,00 RESULTADO ANTES DO IRPJ E CSLL -R$ 3.478,30 FONTE: Os autores 5 A empresa CLASSE Ltda. é uma prestadora de serviços enquadrada no Lucro Real, com um RAT de 2%. Analise as informações do mês de janeiro de X1, e apure ISS (3%), PIS, COFINS e INSS Patronal, apresentando os débitos e créditos fiscais quando for o caso: Prestação de serviços: R$ 100.000,00 Descontos condicionais: R$ 240,00Aquisição de insumos para prestação de serviços: R$ 20.000,00 Receita financeira: R$ 1.000,00 Ganho de capital: R$ 3.600,00 Aluguel pago a pessoa jurídica: R$ 1.200,00 Depreciação de máquinas e equipamentos utilizados na prestação: R$ 266,00 Folha de pagamento dos funcionários: R$ 5.000,00 129 TÓPICO 3 - LUCRO ARBITRADO E SIMPLES NACIONAL UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO As empresas que não estão enquadradas no regime tributário do lucro real devem ser enquadradas no regime tributário do lucro arbitrado ou do Simples Nacional. Isso ocorre quando os atos e fatos contábeis em que a empresa está inserida constitui a sua base legal para a ocorrência. É muito comum no Brasil existir o arbitramento do lucro pelas pessoas jurídicas, quando essas são impostas pela Receita Federal do Brasil, pois este órgão federal utiliza esse artifício como uma prerrogativa de imposição para aplicar a base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social da pessoa jurídica com este enquadramento. Isso quer dizer que as empresas que não podem enquadrar-se no regime tributário com base no Lucro Real “não conseguem escapar” do Lucro Arbitrado ou do Simples Nacional. Embora os analistas tributários entendam que o regime do Lucro Arbitrado não seja interessante para as empresas por se tornar extremamente caro para a manutenção do fluxo de caixa, é importante conhecer a sua finalidade e as suas aplicações para comparar com os outros modelos de regime tributário existentes. O entendimento desta matéria é fundamental, pois, ao serem observadas as normas aplicáveis para esse regime tributário, estas são bastante idênticas aquelas aplicadas ao Lucro Presumido. Sob nenhuma hipótese a pessoa jurídica pode eximir-se das exigências impostas pela Receita Federal do Brasil nas mesmas proporções existentes nos outros regimes tributários, inclusive multas ou notificações a partir deste arbitramento podem ocorrer e deverão ser cumpridas. Além disso, existe o regime tributário do Simples Nacional que nada mais é do que uma forma simplificada de cobrança dos tributos e declarações de obrigação das empresas que apenas podem se enquadrar nessa modalidade de tributação. 130 2 DEFINIÇÃO DO LUCRO ARBITRADO A legislação tributária brasileira também prevê o enquadramento tributário das empresas no lucro arbitrado. O regime de tributação com base no lucro arbitrado é utilizado quando não é possível realizar a apuração do imposto devido por intermédio do lucro real ou do lucro presumido e muito menos pelo Simples Nacional, que são os demais regimes tributários contemplados pela legislação. De acordo com Febretti (2008), o lucro arbitrado é uma prerrogativa do Fisco. Ele poderá arbitrar o lucro, na forma da lei, nas hipóteses em que a escrituração contábil e fi scal do contribuinte assim ocorrerem: a) Se o contribuinte, obrigado a tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fi scais, ou deixar de elaborar as demonstrações fi nanceiras exigidas pela legislação fi scal. b) Se a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou defi ciências que a tornem imprestável para: identifi car a efetiva movimentação fi nanceira, inclusive a bancária; determinar o lucro real; c) Se o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fi scal, ou o livro Caixa, no caso de opção pelo lucro presumido. d) Se o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido. e) Se o comissário ou representante de pessoa jurídica estrangeira deixar de escriturar e apurar o lucro de sua atividade separadamente do lucro do comitente, residente ou domiciliado no exterior. f) Se o contribuinte não mantiver em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas o livro Razão ou fi chas utilizadas para resumo e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. Desta forma, o lucro arbitrado é um recurso disponível e quase sempre utilizado como última alternativa, não encontrando demais modalidades para enquadramento tributário das empresas. IMPORTANTE Segundo Oliveira et al. (2011), esse modelo de regime tributário somente deve ser aplicado quando não existir nenhuma confi ança nos controles internos e na escrituração contábil do contribuinte em qualquer hipótese apresentada, e isso, com certeza, poderá gerar muitas dúvidas ao auditor fi scal. 131 Em outras palavras, o lucro arbitrado é utilizado pela autoridade tributária para determinação da base de cálculo do Imposto de Renda e da contribuição social devidos pelo contribuinte, quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido ou se recusar a fornecer os livros e documentos contábeis e fi scais solicitados em um processo de fi scalização (OLIVEIRA et al., 2011, p. 186). Por esse motivo, conforme o site Já Calculei (2021, s.p., grifo nosso): O Lucro Arbitrado corresponde a um cálculo do imposto de renda utilizado pela autoridade tributária ou pelo contribuinte. Isso acontece quando a pessoa jurídica deixa de cumprir as obrigações acessórias determinadas pelo Lucro Presumido ou Real, como a não apresentação de documentos ou, até mesmo, por fraudes fi scais. Conforme Santos e Barros (2005), mesmo as empresas (pessoas jurídicas) tributadas nesse regime fi cam obrigadas a comprovar as receitas efetivamente recebidas ou auferidas. Desta forma, a escrituração contábil deverá contemplar esses registros, o que em caso de negativa na escrituração poderá culminar em potencial notifi cação tributária. Embora não seja tratada como uma sanção, mas de apuração da base de cálculo, o lucro arbitrado não libera a empresa da aplicação das penalidades previstas na legislação. Essa forma de tributação concede à pessoa jurídica enquadrada nesse regime tributário proceder ao autoarbitramento. 3 HIPÓTESES DE ARBITRAMENTO DO LUCRO A aplicação do arbitramento do lucro para as pessoas jurídicas necessita de algumas análises, visto que essa aplicação não é por opção e sim por uma obrigação condicionada em função de alguns fatores que estão preestabelecidos pela legislação da Receita Federal do Brasil. Para isso é necessário conhecer as regras estabelecidas no regulamento do Imposto de Renda, instituído pelo Decreto nº 9.580, de 2018. Como sugestão de leitura, acesse o Decreto nº 9.580/2018, disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/ id/51525535/do1-2018-11-23-decreto-n-9-580-de-22-de-novembro- de-2018-51525026. IMPORTANTE 132 Vejamos os fatores que levam ao Arbitramento do Lucro da Pessoa Jurídica, estabelecidos no artigo 680 (Decreto nº 9.580/2018): Art. 608. O lucro arbitrado, quando não conhecida a receita bruta, será determinado por meio de procedimento de ofício, com a utilização de uma das seguintes alternativas de cálculo (Lei nº 8.981, de 1995, art. 51; e Lei nº 6.404, de 1976, art. 178, § 1º): I - um inteiro e cinco décimos do lucro real referente ao último período em que a pessoa jurídica manteve escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais; II - quatro centésimos da soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo, investimento, imobilizado e intangível, existentes no último balanço patrimonial conhecido; III - sete centésimos do valor do capital, inclusive a sua correção monetária contabilizada como reserva de capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou alteração da sociedade; IV - cinco centésimos do valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido; V - quatro décimos do valor das compras de mercadorias efetuadas no mês; VI - quatro décimos da soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de matérias-primas, produtos intermediáriose materiais de embalagem; VII - oito décimos da soma dos valores devidos no mês a empregados; ou VIII - nove décimos do valor mensal do aluguel devido (BRASIL, 2018). Conforme Santos e Barros (2005), isso apenas é possível quando a empresa tem condições para a apuração da receita bruta e desde que se possa aplicar as hipóteses já mencionadas. Desta forma, a pessoa jurídica poderá efetuar o pagamento do Imposto de Renda de acordo com base no lucro arbitrado, porém, devem ser observadas as seguintes regras apresentadas por Santos e Barros (2005) com base na legislação: • Deve ser realizada a cada trimestre do ano calendário, a apuração com base no lucro arbitrado, o que deverá assegurar, nos trimestres não submetidos ao arbitramento, a tributação com base no lucro real. Isso se a pessoa jurídica dispuser de escrituração, na forma exigida pelas leis comerciais e fiscais, que demonstre o lucro real dos períodos não abrangidos pela tributação com base no lucro arbitrado. • Por expressa autorização da IN SRF nº 93/1997 (art. 47), a pessoa jurídica que, em qualquer trimestre do ano-calendário, tiver seu lucro arbitrado poderá optar pela tributação com base no lucro presumido relativamente aos demais trimestres desse ano-calendário, desde que não esteja obrigada à apuração do lucro real. • O imposto apurado com base no lucro arbitrado terá por vencimento o último dia útil do mês subsequente ao do encerramento de cada período de apuração. De acordo com as hipóteses estabelecidas pela Receita Federal do Brasil para as empresas se enquadrarem no lucro arbitrado, é possível observar que é comum ocorrer esse procedimento em muitas entidades. 133 Isso ocorre porque em função de qualquer descuido na elaboração das informações contábeis, abre-se precedentes para enquadrar a empresa no lucro arbitrado. Dessa forma, é importante que o Contador esteja atento e com zelo elabore essas informações contábeis que são transmitidas eletronicamente para a Receita Federal do Brasil, evitando assim qualquer hipótese de enquadramento neste regime tributário. 3.1 BASE DE CÁLCULO QUANDO A RECEITA BRUTA É CONHECIDA Quando são conhecidas as necessidades e obrigatoriedades para aplicar o regime tributário do lucro arbitrado para as pessoas jurídicas, é necessário identificar a base de cálculo aplicável para apuração do imposto de renda de pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. É importante ressaltar que a base de cálculo possui um tratamento diferenciado que depende exclusivamente dos seguintes fatores: • ter conhecimento da receita bruta ou não da empresa; • quando existe a opção do autoarbitramento pelo próprio contribuinte da pessoa jurídica; • e também ao se identificar o tipo de atividade conforme o CNAE da empresa. Para se realizar a apuração do valor do lucro arbitrado, a empresa deverá ter os registros para apurar o valor da receita bruta. A título de exemplo, Febretti (2008) apresenta, conforme artigo 15 da lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, que sempre serão aplicados os mesmos percentuais aplicáveis ao Lucro Presumido, porém será determinado pela aplicação dos percentuais de presunção do lucro, acrescido de 20%. Observe no quadro a seguir a diferença dos percentuais aplicados entre o arbitramento e presunção para aplicação da alíquota. QUADRO 30 – DIFERENÇA ENTRE ARBITRAMENTO E PRESUNÇÃO Art. 15 % de presunção % de arbitramento Caput 8% 9,60% Inciso I 1,6% 1,92% Inciso II 16% 19,2% Inciso III 32% 38,40% FONTE: Adaptado de Febretti (2008) 134 Isso significa que, conforme artigo 15 da Lei nº 9.249/1995, conforme o quadro anterior, a porcentagem da presunção de 8% se multiplica 20% que, nesse caso, resulta em 1,60%, pois 8% x 20% = 1,60% e, em seguida, se acrescenta esse resultado aos 8% da presunção. Logo, 8% + 1,60% = 9,60%. Para o Inciso I, conforme quadro anterior, a porcentagem da presunção de 1,6% se multiplica aos 20% para o arbitramento, que se calcula da seguinte forma: 1,6% x 20% = 0,32% e, em seguida, soma-se esse resultado aos 1,6% da presunção. Logo, 1,6% + 0,32% = 1,92%. Para o Inciso II, a porcentagem da presunção de 16% se multiplica aos 20% para o arbitramento, que se calcula da seguinte forma: 16% x 20% = 3,20% e, em seguida, soma-se esse resultado aos 1,6% da presunção. Logo, 16% + 3,20% = 19,20%. Para o Inciso III, a porcentagem da presunção de 32% se multiplica aos 20% para o arbitramento, que se calcula da seguinte forma: 32% x 20% = 6,40% e, em seguida, soma-se esse resultado aos 1,6% da presunção. Logo, 32% + 6,40% = 38,40%. No caso das instituições financeiras, o percentual para determinação do lucro arbitrado é de 45% (RECEITA, 2020): No caso do valor de partida para a definição da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, devemos utilizar a Receita Bruta. Compreende a Receita Bruta, conforme determinado no Decreto-Lei nº 1.598/1977: Art. 12 A receita bruta compreende: I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II - o preço da prestação de serviços em geral; III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: I - devoluções e vendas canceladas; II - descontos concedidos incondicionalmente; III - tributos sobre ela incidentes; e IV - valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta (BRASIL, 1977). Isso se aplica nas atividades desenvolvidas por bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, agências de fomento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta. Se acontecer de a receita da empresa não ser conhecida, como se procederá a apuração? Conforme Febretti (2008), nesses casos deve-se optar por um dos índices a seguir: 135 a) 1,5 do lucro real relativo ao último período em que a pessoa jurídica manteve escrituração, atualizado monetariamente. Caso o lucro real for decorrente do período base anual, o valor que será a base ao arbitramento será proporcional ao número de meses do período- base considerado. b) 0,04 da soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo e permanente, existentes no último balanço patrimonial conhecido, atualizado monetariamente. c) 0,07 do valor do capital, inclusive sua Correção Monetária do Balanço contabilizada como reserva de capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou de alteração da sociedade, atualizado monetariamente. d) 0,05 do valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido, atualizado monetariamente. e) 0,4 do valor das compras de mercadorias efetuadas no mês. f) 0,4 da soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem. g) 0,8 da soma dos valores devidos no mês aos empregados. h) 0,9 do valor mensal do aluguel devido. No entanto, esse é um recurso que somente deve ser aplicado em último caso. 3.2 BASE DE CÁLCULO QUANDO A RECEITA BRUTA NÃO É CONHECIDA Se porventura não houver a possibilidade de apurar a receita bruta de vendas da empresa, a pessoa jurídica não poderá em hipótese alguma adotar o enquadramento no lucro presumido de forma opcional pois não há nenhum tipo de amparo legal quanto a esse aspecto. No caso da impossibilidade de determinar o valor da receita bruta de vendas da empresa, esta deverá seguir rigorosamente a determinaçãodo artigo 608 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 9.580/2018) e deverá cumprir os seguintes critérios: Art. 608. O lucro arbitrado, quando não conhecida a receita bruta, será determinado por meio de procedimento de ofício, com a utilização de uma das seguintes alternativas de cálculo (Lei nº 8.981, de 1995, art. 51; e Lei nº 6.404, de 1976, art. 178, § 1º): Perceba como a legislação tributária brasileira é extremamente rigorosa na apuração dos tributos pelo regime arbitrário. IMPORTANTE 136 I - um inteiro e cinco décimos do lucro real referente ao último período em que a pessoa jurídica manteve escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais; II - quatro centésimos da soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo, investimento, imobilizado e intangível, existentes no último balanço patrimonial conhecido; III - sete centésimos do valor do capital, inclusive a sua correção monetária contabilizada como reserva de capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou alteração da sociedade; IV - cinco centésimos do valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido; V - quatro décimos do valor das compras de mercadorias efetuadas no mês; VI - quatro décimos da soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem; VII - oito décimos da soma dos valores devidos no mês empregados; ou VIII - nove décimos do valor mensal do aluguel devido (BRASIL, 2018). Com base nos aspectos apresentados no artigo 535 do regulamento do imposto de renda da pessoa jurídica, será desenvolvido um exemplo de cálculo para melhor compreensão desse tema no subtópico a seguir. 3.3 CÁLCULO DOS TRIBUTOS A apuração do imposto de renda da pessoa jurídica é realizada cumprindo os seguintes critérios: a) Alíquota: ao Imposto de Renda trimestralmente apurado pela empresa será aplicada a alíquota de 15%. b) Adicional: todos os valores para efeito tributário que excederem o lucro de R$ 20.000,00 ao mês ou R$ 60.000,00 no trimestre sofrerão incidência do adicional de alíquota do imposto de renda da pessoa jurídica em 10%. c) Deduções do Imposto de Renda devido: A legislação do imposto de renda prevê que podem ser deduzidos do imposto de renda o valor que foi retido desse mesmo tributo (imposto de renda da pessoa jurídica) e as demais receitas que integram a base de cálculo (rendimentos de aplicações financeiras e juros sobre o patrimônio líquido e também o imposto de renda retido por órgãos públicos). Exemplo de cálculo para a apuração do IRPJ: Período segundo trimestre de X1. Regime tributário lucro arbitrado. Receita bruta de vendas de mercadorias R$ 1.500.000,00. Receita bruta de prestação de serviços R$ 350.000,00. Rendimentos de aplicações financeiras (renda fixa) R$ 38.000,00. 137 Desconto R$ 5.000,00. Alienação de ativo permanente com ganho de capital R$ 50.000,00. Receita de aluguéis R$ 17.000,00. TABELA 1 – DETERMINAÇÃO DA BASE DO CÁLCULO DO IRPJ I – Determinação da base de cálculo do IRPJ Alíquota Base de Cálculo Valor 9,60% R$ 1.500.000,00 R$ 144.000,00 38,40% R$ 350.000,00 R$ 134.400,00 Soma R$ 278.400,00 Rendimentos de aplicação financeira R$ 38.000,00 Ganhos de capital na alienação de bens R$ 50.000,00 Desconto obtido R$ 5.000,00 Receita de aluguel R$ 17.000,00 Base de cálculo do imposto R$ 388.400,00 FONTE: Os autores Para apurar o valor do imposto devido, identificaremos os próximos passos: TABELA 2 – IRPJ DEVIDO NO TRIMESTRE II – IRPJ devido no trimestre: Base de cálculo (lucro arbitrado) R$ 388.400,00 (x) Alíquota do IRPJ 15% (=) IRPJ devido no trimestre R$ 58.260,00 Adicional do IRPJ R$ 388.400,00 – R$ 60.000,00 R$ 328.400,00 (x) Alíquota do Adicional do IRPJ 10% Adicional devido no trimestre R$ 32.840,00 IRPJ no trimestre R$ 58.260,00 + R$ 32.840,00 R$ 91.100,00 FONTE: Os autores Assim, o valor do IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – está em R$ 91.100,00. A seguir, temos um exemplo de cálculo para a apuração da CSLL – Contribuição Social sobre Lucro Líquido: 138 Período segundo trimestre de X1. Regime tributário lucro arbitrado. Receita bruta de vendas de mercadorias R$ 1.500.000,00. Receita bruta de prestação de serviços R$ 350.000,00. Rendimentos de aplicações financeiras (renda fixa) R$ 38.000,00. Desconto R$ 5.000,00. Alienação de ativo permanente com ganho de capital R$ 50.000,00. Receita de aluguéis R$ 17.000,00. TABELA 3 – DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CSLL I – Determinação da base de cálculo da CSLL Alíquota Base de Cálculo Valor 12,00% R$ 1.500.000,00 R$ 180.000,00 32,00% R$ 350.000,00 R$ 112.000,00 Soma R$ 292.000,00 Rendimentos de aplicação financeira R$ 38.000,00 Ganhos de capital na alienação de bens R$ 50.000,00 Desconto obtido R$ 5.000,00 Receita de aluguel R$ 17.000,00 Base de cálculo do imposto R$ 402.000,00 FONTE: Os autores Para apurar o valor do imposto devido, deve-se proceder da seguinte forma: TABELA 4 – CSLL DEVIDO NO TRIMESTRE II – IRPJ devido no trimestre: Base de cálculo (lucro arbitrado) R$ 402.000,00 (x) Alíquota da CSLL 9% (=) IRPJ devido no trimestre R$ 36.180,00 FONTE: Os autores O valor da CSLL – Contribuição Social sobre Lucro Líquido – está em R$ 36.180,00. 139 3.4 CONTABILIZAÇÃO O valor do IRPJ e da CSLL, apurados devidamente ao final de cada trimestre, devem ser registrados nas demonstrações contábeis pelo seu valor apurado devido. a) IRPJ • Na apuração do resultado do 1º trimestre será realizado o seguinte registro: D - Provisão para o Imposto de Renda (Resultado) R$ 91.100,00 C - IRPJ a recolher (Passivo Circulante) R$ 91.100,00 • No último dia de abril, mês do vencimento do imposto: D - IRPJ a recolher (Passivo Circulante) R$ 91.100,00 C - Disponibilidades (Ativo Circulante) R$ 91.100,00 b) CSLL • Na apuração do resultado do 1º trimestre será realizado o seguinte registro: D - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (Resultado) R$ 36.180,00 C - CSLL a recolher (Passivo Circulante) R$ 36.180,00 • No último dia de abril, mês do vencimento do imposto: D - CSLL a recolher (Passivo Circulante) R$ 36.180,00 C - Disponibilidades (Ativo Circulante) R$ 36.180,00 4 SIMPLES NACIONAL A economia brasileira tem forte influência das atividades e riqueza gerada pelas empresas de micro e pequeno porte, as quais desempenham um papel fundamental para o crescimento da nação, pela forte contribuição na geração de empregos e na melhoria de renda e condições sociais da população em geral. As empresas não são obrigadas a optar pelo simples, mesmo assim muitas acabam optando por este enquadramento tributário. Segundo o CFA (2019, s.p.): Para fugir da crise econômica que assola o país há mais de quatro anos, muitas pessoas recorreram ao empreendedorismo. De acordo com dados do Ministério da Economia, mensurados até abril de 2019, o país tem hoje mais de 13 milhões de empresas optantes pelo Simples Nacional, regime tributário que define as micro e pequenas empresas (MPEs) por faixa de faturamento. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), elas já são as principais geradoras de riqueza no país. As MPEs respondem por 53,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do comércio e, na indústria e no setor de serviços, a participação delas também é relevante – 22,5% e 36,3%, respectivamente. Para se ter uma ideia da relevância delas para a economia do Brasil, basta olhar os números referentes aos empregos formais. Estima- 140 se, a partir das estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que as MPEs contribuíram com 93,6 mil empregos com carteira assinada. O saldo representa 72,3% do total gerado no país em abril de 2019, que foi de 129,6 mil. Por esse motivo, as empresas de micro e pequeno porte recebem um tratamento diferenciado na cobrançade tributos. O Simples Nacional entrou em vigor a partir do ano de 1997, com o advento da Lei nº 9.317/1996. O objetivo central desta legislação foi o de regular o tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às micro e pequenas empresas, afirma Santos e Barros (2005). O que isso representa para as empresas? O Simples Nacional representa uma importante contribuição ao facilitar a apuração e recolhimento do imposto. Conforme Endeavor (2018, s.p.): Um regime de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos. Foi criado pela Lei Geral para simplificar a vida do empreendedor de pequeno porte! Ele unifica oito impostos em um único boleto e reduz sua carga tributária. Segundo o ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif, por exemplo, para quem sai do regime e opta pelo Lucro Presumido, o aumento médio de tributação é de 54%. Os impostos são: – Federais: IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI – Previdência: INSS patronal – Estaduais: ICMS – Municipais: ISS. O regime tributário do Simples Nacional agrupa em um único documento de arrecadação vários impostos e contribuições que são devidos para microempresas ou empresas de pequeno porte, a saber: I- Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. II- Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI. III- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. IV- Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS. V- Contribuição para o PIS/PASEP. VI- Contribuição patronal previdenciária (CPP) para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da ME e da EPP que se dedicam às atividades de prestação de alguns serviços expressos na lei. VII- Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS. VIII- Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS. 141 No entanto, Santos e Barros (2005) alertam que as condições estabelecidas para as Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) para fins de estatuto não se confundem com os requisitos exigidos para que tais pessoas jurídicas possam se inscrever no Simples Nacional. São coisas distintas ser ME/EPP para fins de estatuto e ME/EPP para se inscrever no Simples Nacional. O Simples Nacional nada mais é do que uma forma simplificada e unificada para o recolhimento dos tributos, com a aplicação de percentuais progressivos que incidem sobre uma única base de cálculo, que corresponde à receita bruta gerada nas vendas da empresa. Dessa forma: Uma ME/EPP, registrada como tal segundo as normas do estatuto, não precisa necessariamente, estar enquadrada no Simples. Isso pode ocorrer inclusive em decorrência das diferenças de limites de receita bruta das respectivas legislações (estatuto da ME/EPP e Lei do Simples) (SANTOS; BARROS, 2005, p. 42). 4.1 MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE Para efeitos do Simples Nacional, de acordo com Vhsys (2021), a partir de fevereiro de 2021 são consideradas para as microempresas o limite de até R$ 360 mil de faturamento anual (R$ 30 mil mensais). Também a partir dessa data, de acordo com Vhsys (2021) são consideradas para efeitos do Simples Nacional para as Empresas de Pequeno Porte (EPP) o limite de faturamento anual de até R$ 4,8 milhões (R$ 400 mil por mês). A legislação referente ao Simples Nacional prevê alguns benefícios para as empresas ME/EPP. Em se tratando de um tratamento jurídico diferenciado, essas empresas são favorecidas nas seguintes áreas: administrativas; previdenciária; trabalhista; creditícia; de desenvolvimento empresarial. IMPORTANTE 142 Os limites de mercado interno e exportação são avaliados separadamente e não podem exceder o valor de R$ 9.600.000,00. Vale dizer, assim como a empresa não pode ter uma receita de mercado interno superior ao limite de R$ 4.800.000,00, ainda que não tenha receitas de exportação, também não pode ter uma receita de exportação superior ao limite adicional de R$ 4.800.000,00 (SIMPLES NACIONAL, 2021). Isso signifi ca que o Simples Nacional é um regime facultativo para o contribuinte, pois cabe ao empresário decidir por optar ou não por este regime tributário, apesar de a empresa estar enquadrada na condição de ME ou EPP. A opção pelo Simples Nacional deve ser formalizada pela pessoa jurídica por meio da Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica (FCPJ) exclusivamente pela internet e disponível no site da Receita Federal do Brasil (www.receita.fazenda.gov.br). A partir de sua inscrição, a empresa se submete à sistemática do regime tributário do Simples Nacional (SANTOS; BARROS, 2005). Como já vimos neste subtópico, o enquadramento da empresa no Simples Nacional prevê o cálculo do valor dos tributos e contribuições unifi cadas mediante a aplicação de percentuais específi cos sobre a receita bruta mensal. Conforme explica Santos e Barros (2005), esse percentual aumenta progressivamente à medida que a receita auferida se torna maior. Em outras palavras, quanto maior é a receita, maior é o percentual de tributação, observando-se os limites estabelecidos pela legislação. O Simples Nacional é um regime tributário simplifi cado exclusivo para as pequenas empresas, especialmente as MEs e EPPs, que faturam até 4,8 milhões anuais. O valor de impostos no Simples Nacional é de 9,3% do faturamento. Ao optar pelo Simples Nacional, a microempresa paga todos os impostos em uma única guia (DAS), com alíquotas adequadas ao seu faturamento e segmento (GULARTE, 2021). Confi ra a relação das atividades vedadas ao ingressar na sistemática do Simples Nacional em: https://www.jornalcontabil.com.br/veja-quais-sao-as- atividades-impeditivas-para-o-simples-nacional/. IMPORTANTE 143 4.2 VEDAÇÕES Nem todas as empresas podem enquadrar-se no regime tributário do Simples Nacional. Conforme artigo 3º da Lei Complementar nº 123/2006, há situações em que ocorrem algumas vedações para as pessoas jurídicas, que são as seguintes: Art. 3º [...] § 4º [...] I- de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II- que seja fi lial, sucursal, agência ou representação, no país, de pessoa jurídica com sede no exterior; III- de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário, ou seja, sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; IV- cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não benefi ciada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V- cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fi ns lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; VI- constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII- que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII- que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, fi nanciamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX- resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; X- constituída sob a forma de sociedade por ações (BRASIL, 2006). Se porventura alguma empresa enquadrada em ME ou EPP incorrer em alguma das situações previstas nos incisos do § 4º, será excluída do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, assim como o regime que trata o art. 12, com efeitosa partir do mês seguinte ao que incorrida a situação impeditiva. Para conhecer mais sobre o MEI e formalizar a abertura da sua empresa, acesse o site: https://blog.advise.com.br/legislacao-para-mei/. DICA 144 4.3 ANEXOS Na tributação do Simples Nacional há a necessidade de identificar o ramo de atuação da empresa, se esta é do ramo comercial, industrial ou de prestação de serviços. Isso porque existem anexos diferentes aplicados (TORRES, 2021). Confira a seguir: TABELA 5 – TABELA SIMPLES NACIONAL – COMÉRCIO – 2018 Faixa Alíquota Valor a Deduzir (em R$) Receita Bruta em 12 Meses (em R$) 1ª Faixa 4,00% – Até 180.000,00 2ª Faixa 7,30% 5.940,00 De 180.000,01 a 360.000,00 3ª Faixa 9,50% 13.860,00 De 360.000,01 a 720.000,00 4ª Faixa 10,70% 22.500,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 5ª Faixa 14,30% 87.300,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 6ª Faixa 19,00% 378.000,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 FONTE: Torres (2021, s. p.) TABELA 6 – TABELA SIMPLES NACIONAL – INDÚSTRIA – 2018 Faixa Alíquota Valor a Deduzir (em R$) Receita Bruta em 12 Meses (em R$) 1ª Faixa 4,50% – Até 180.000,00 2ª Faixa 7,80% 5.940,00 De 180.000,01 a 360.000,00 3ª Faixa 10,00% 13.860,00 De 360.000,01 a 720.000,00 4ª Faixa 11,20% 22.500,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 5ª Faixa 14,70% 85.500,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 6ª Faixa 30,00% 720.000,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 FONTE: Torres (2021, s. p.) TABELA 7 – TABELA SIMPLES NACIONAL – SERVIÇOS – 2018 Faixa Alíquota Valor a Deduzir (em R$) Receita Bruta em 12 Meses (em R$) 1ª Faixa 6,00% – Até 180.000,00 2ª Faixa 11,20% 9.360,00 De 180.000,01 a 360.000,00 3ª Faixa 13,50% 17.640,00 De 360.000,01 a 720.000,00 4ª Faixa 16,00% 35.640,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 145 5ª Faixa 21,00% 125.640,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 6ª Faixa 33,00% 648.000,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 FONTE: Torres (2021, s. p.) 4.4 CÁLCULO DOS TRIBUTOS Para determinar o percentual da alíquota do simples nacional, o sujeito passivo deve utilizar como base de cálculo o valor da receita bruta de vendas acumulado nos 12 (doze) meses anteriores ao período de apuração. O valor devido mensalmente, para fins de recolhimento pela ME ou EPP, será o resultante da aplicação da alíquota que corresponde ao valor da receita bruta de vendas mensal auferida. Será utilizada como receita bruta de vendas total mensal auferida ou recebida, do produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, do preço dos serviços prestados e do resultado nas operações em conta alheia, no mercado interno e externo, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. É importante observar que a segregação da receita, na forma do art. 18 da Lei Complementar nº 123, de 2006, estabelece que: • as receitas decorrentes da revenda de mercadorias; • as receitas decorrentes da venda de mercadorias industrializadas pelo contribuinte; • as receitas decorrentes da prestação de serviços, bem como as de locação de bens móveis; • as receitas decorrentes da venda de mercadorias sujeitas à substituição tributária e tributação concentrada em uma única etapa (monofásica), bem como, em relação ao ICMS, antecipação tributária com encerramento de tributação; • as receitas decorrentes da exportação de mercadorias para o exterior, inclusive as vendas realizadas por meio de comercial exportadora ou da sociedade de propósito específico, prevista no art. 56 da L.C. 123/2006 (BRASIL, 2006). Fazendo uma simulação para a apuração do Simples Nacional por ramo de atividade com um faturamento no valor de R$ R$ 650.000,00, temos: Comércio: R$ 650.000,00 x 9,50% = R$ 61.750,00 ( - ) R$ 13.860,00 = R$ 47.890,00. Indústria: R$ 650.000,00 x 10,00% = R$ 65.000 ( - ) R$ 13.860,00 = R$ 51.140,00. Serviços: R$ 650.000,00 x 13,50% = R$ 87.750,00 ( - ) R$ 17.640,00 = R$ 70.110,00. Com isso, encerramos o estudo deste Tópico. 146 G20 DISCUTE TRIBUTAÇÃO DE ECONOMIA DIGITAL, ENQUANTO BRASIL ENGATINHA FIGURA – REUNIÃO SERÁ SOBRE A ECONOMIA DIGITAL, NOS DIAS 17 E 18 FONTE: . Acesso em: 31 mar. 2022. O grupo das 20 economias mais ricas do globo (G20), do qual o Brasil faz parte, fará uma reunião sobre a economia digital nesta semana, nos dias 17 e 18. Enquanto o mundo trava um forte debate sobre a tributação digital, especialmente as “Big Techs” (gigantes como Amazon e Google), o Brasil engatinha na discussão. O jornal O Estado de S. Paulo conversou com especialistas e há um consenso de que o assunto está longe de ser resolvido. Aqui, a reforma tributária está em pauta, com a promessa dos novos presidentes da Câmara e do Senado de que vão acelerar sua tramitação no Congresso. Os textos propostos, porém, deixam de fora a questão da economia digital. Um ponto que dificulta a chegada de um consenso em todo o mundo é o de que, na economia digital, quase toda atividade pode ser classificada como serviço. A divisão de bens e serviços tem sido cada vez mais difusa com o uso das novas tecnologias. Em muitos casos, há a pergunta sobre se o que será taxado é um produto, um serviço ou uma terceira opção. O debate interno se torna mais complicado porque há aqui um imposto específico para cada segmento produtivo. No exterior, como nos países da Europa, por exemplo, a área fiscal optou por um tributo único, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), sem LEITURA COMPLEMENTAR 147 distinção entre as áreas de atuação. A batalha internacional diz respeito onde o tributo deve ser cobrado. Os americanos sustentam que seja nos países onde estão as sedes das companhias. A maioria das outras nações alega que as atividades se desenvolvem em seu território, com agregação de valor e em função de seus consumidores. Portanto, o argumento é o de que, pelo menos uma parte dos impostos, deveria ser cobrada onde o serviço é usufruído. “Aqui há uma discussão infrutífera sobre a economia digital, mas ao mesmo tempo tem um tributo ruim. Mas que pega parte dessas operações das grandes companhias”, afirmou Aristóteles de Queiroz Camara, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), com relação ao PIS e à Cofins. “Isso é algo que não tem parâmetro na Europa ou nos EUA. É por isso que é tão urgente o debate no Brasil”, diz. Dessa forma, a instalação de atividades de companhias internacionais em terras domésticas já gera receitas ao governo. O problema, de acordo com Camara, é que o tributo é arcaico, mas acaba funcionando nesse campo, ainda que não seja a forma ideal. A pior consequência, segundo o professor, é que gera problemas em outros campos e, por isso, são os tributos que geram mais disputas judiciais. Ele comentou que a reforma tributária não toca na área digital, mas que uma de suas maiores preocupações hoje é com o aceno feito pelo governo de voltar a introduzir a CPMF ou um tributo financeiro semelhante. “Em tese, essa CPMF iria abranger a tributação digital, mas isso está errado. Isso é um assunto mais ligado ao imposto de renda (das empresas). No Brasil, o assunto está deturpado”, diz. “A CPMF é uma solução ruim para o problema errado”. Expectativa O mundo está completamente sem rumo sobre qual a melhor forma de aplicar tributos sobre os produtos digitais – em especial, os que têm origem fora de seus territórios. Há mais de cinco anos, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) se debruça sobre o tema para tentar encontrar pontos em comum à maior parte dos países – uma proposta foi lançada em outubro de 2019, tentando costurar as questões de seus vários membros. Na avaliação da entidade, houve “progressos substanciais” para alcançar uma solução consensual de longo prazo para os desafios fiscais decorrentes da digitalização da economia. A expectativa é a de que se chegue a um acordo até meados deste ano. Um estudo da KPMG, lançado no ano passado, destacou que os benefícios para a economia global trazidos pela inovação tecnológicaforam muitos, e que os governos têm se esforçado para incentivar empresas do setor a manter seus países alinhados com o que há de mais moderno no mundo. “No entanto, certos setores e negócios se beneficiam desproporcionalmente de impostos preferenciais, criando um campo de jogo desigual”, diz o estudo. 148 Celso de Barros Correia Neto, professor do IDP, diz que não há solução acabada para o assunto. Para ele, também não há como escapar de levar em consideração o número de usuários como critério de tributação. “Isso envolve o desafio de repensar a soberania fiscal”. Ele diz que a conversa internacional sobre a quem cabe a tributação ainda nem chegou ao Brasil – e há muitas indefinições sobre o tema, que acabam no Supremo Tribunal Federal (STF), que pode demorar anos para definir sentença sobre o tema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. FONTE: ISTO É DINHEIRO. G20 discute tributação de economia digital, enquanto Brasil engatinha. 2021. Disponível em: /www.istoedinheiro.com.br/g20-discute-tributacao-de-economia-digital-enquanto-16/. Acesso em: 31 mar. 2022. 149 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • As empresas que não estão enquadradas no regime tributário do lucro real devem ser enquadradas no regime tributário do lucro arbitrado ou do Simples Nacional. • O regime de tributação com base no lucro arbitrado é utilizado quando não é possível realizar a apuração do imposto devido por intermédio do lucro real ou do lucro presumido e muito menos pelo Simples Nacional, que são os demais regimes tributários contemplados pela legislação. • O Lucro Arbitrado corresponde a um cálculo do imposto de renda utilizado pela autoridade tributária ou pelo contribuinte. • A aplicação do arbitramento do lucro para as pessoas jurídicas necessita de algumas análises, visto que essa aplicação não é por opção e sim por uma obrigação condicionada em função de alguns fatores que estão preestabelecidos pela legislação da Receita Federal do Brasil. • Se porventura não houver a possibilidade de apurar a receita bruta de vendas da empresa, a pessoa jurídica não poderá em hipótese alguma adotar o enquadramento no lucro presumido de forma opcional, uma vez que não há nenhum tipo de amparo legal para isso. • A partir do ano de 1997, com o advento da Lei nº 9.317/1996, passou a vigorar o Simples Nacional. • Nem todas as empresas podem enquadrar-se no regime tributário do Simples Nacional. • Para determinar o percentual da alíquota do simples nacional, o sujeito passivo deve utilizar como base de cálculo o valor da receita bruta de vendas acumulada nos doze meses anteriores ao período de apuração. 150 1 A legislação tributária brasileira prevê o enquadramento tributário das empresas no lucro arbitrado. Em que circunstâncias é utilizado o regime do Lucro Arbitrado? a) ( ) É utilizado quando não é possível realizar a apuração do imposto devido por intermédio do lucro real ou do lucro presumido e muito menos pelo simples nacional, que são os demais regimes tributários contemplados pela legislação. b) ( ) É utilizado quando é possível realizar a apuração do imposto devido por intermédio do lucro real ou do lucro presumido e pelo simples nacional, que são os demais regimes tributários contemplados pela legislação. c) ( ) É utilizado quando não é possível realizar a apuração do imposto devido por intermédio do lucro comercial ou do lucro presumido e muito menos pelo simples nacional, que são os demais regimes tributários contemplados pela legislação. d) ( ) É utilizado quando não é possível realizar a apuração do imposto devido por intermédio do lucro real ou do lucro comercial e muito menos pelo simples nacional, que são os demais regimes tributários contemplados pela legislação. e) ( ) É utilizado quando não é possível realizar a apuração do imposto devido por intermédio do lucro real ou do lucro presumido e sempre pelo simples nacional, que são os demais regimes tributários contemplados pela legislação. 2 O lucro arbitrado é uma prerrogativa do Fisco. Ele poderá arbitrar o lucro, na forma da lei, na hipótese em que a escrituração contábil e fiscal do contribuinte for desclassificada. Sobre as hipóteses para o fisco aplicar o Lucro Arbitrado, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Quando o contribuinte, obrigado a tributação com base no lucro presumido, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal. b) ( ) Quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive a bancária e determinar o lucro real. c) ( ) Quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração fiscal e da produção, ou o livro Caixa, no caso de opção pelo lucro presumido. d) ( ) Quando o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no Simples Nacional. e) ( ) Quando o comissário ou representante de pessoa física estrangeira escriturar e apurar o lucro de sua atividade separadamente do lucro do comitente, residente ou domiciliado no exterior. AUTOATIVIDADE 151 3 A aplicação do arbitramento do lucro para as pessoas jurídicas necessita de algumas análises, visto que não é por opção e sim por uma obrigação condicionada em função de alguns fatores que estão preestabelecidos pela legislação da Receita Federal do Brasil. Discorra sobre os fatores que levam à essa tributação. 4 A aplicação do arbitramento do lucro para as pessoas jurídicas necessita de algumas análises, visto que essa aplicação não é por opção e sim por uma obrigação condicionada em função de alguns fatores que estão preestabelecidos pela legislação da Receita Federal do Brasil. Desta forma, quais são as necessidades e obrigatoriedades para aplicar o regime tributário do lucro arbitrado para as pessoas jurídicas? a) ( ) Ter conhecimento da receita líquida ou não da empresa. b) ( ) Identificar a base de cálculo aplicável para apuração do imposto de renda de pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido. c) ( ) Existir a opção do arbitramento pelo próprio cliente da pessoa jurídica. d) ( ) Elaborar essas informações contábeis, que são transmitidas eletronicamente para o fisco estadual, pelo Contador com muita atenção e zelo. e) ( ) Elaborar os cálculos sobre o melhor enquadramento tributário para empresas enquadradas no simples arbitrado. 5 Nem todas as empresas podem enquadrar-se no regime tributário do Simples Nacional, pois há situações em que são vedadas a participação nesta modalidade de enquadramento. As vedações para este enquadramento acontecem em quais situações? Justifique. 152 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003a. Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm. Acesso em: 4 jan. 2022. BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 20 jan. 2022. BRASIL. Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Altera a legislação do imposto sobre a renda. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto-lei/del1598.htm.Acesso em: 16 jan. 2022. BRASIL. Decreto nº 9.580 de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm. Acesso em: 17 jan. 2022. CFA. Conselho Federal de Administração. MPEs são responsáveis por fomentar a economia no país. 26 ago. 2019. Disponível em: https://cfa.org.br/ancoras-da- economia/. Acesso em: 16 jan. 2022. ENDEAVOR. Simples Nacional: tudo que você precisa saber. 29 jun. 2018. Disponível em: https://endeavor.org.br/leis-e-impostos/simples-nacional-tudo- que-voce-precisa-saber/. Acesso em: 18 jan. 2022. FEBRETTI, L. C. Contabilidade tributária e societária para advogados. 2. ed., São Paulo: Atlas, 2008. FEBRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009. GULARTE, C. O que é lucro presumido? Veja quais são os prós e contras e tabela completa. 22 jul 2021. Disponível em: https://www.contabilizei.com.br/ contabilidade-online/lucro-presumido/. Acesso em: 9 jan. 2022. JÁ CALCULEI. O que é lucro arbitrado e quando ele é aplicado? 12 abr. 2021. Disponível em: https://www.jacalculei.com.br/contabilidade-online/o-que-e- lucro-arbitrado/. Acesso em: 12 jan. 2022. 153 OLIVEIRA, L. M. de et al. Manual de contabilidade tributária: textos e testes com as respostas. 10. Ed., São Paulo: Atlas, 2011. PORTAL TRIBUTÁRIO. Lucro Real – vantagens e desvantagens. 2021. Disponível em: http://www.portaltributario.com.br/artigos/lucro-real-vantagens- desvantagens.htm. Acesso em: 5 fev. 2022. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1.700 de 14 de março de 2017. Dispõe sobre a determinação e o pagamento do imposto sobre a renda e da contribuição social sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas e disciplina o tratamento tributário da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins no que se refere às alterações introduzidas pela Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link. action?idAto=81268. Acesso em: 30 mar. 2022. RECEITA. Capítulo XIV – Lucro Arbitrado 2020. 2020. Disponível em: https:// www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/orientacao-tributaria/declaracoes- e-demonstrativos/ecf/perguntas-e-respostas-pessoa-juridica-2020-arquivos/ capitulo-xiv-lucro-arbitrado-2020.pdf. Acesso em: 14 jan. 2022. SANTOS, C.; BARROS, S. F. Imposto de renda jurídica para contadores. São Paulo: IOB-Thomson, 2005. SIMPLES NACIONAL. Perguntas e respostas simples nacional. 2021. Disponível em: http://www8.receita.fazenda.gov.br/simplesnacional/arquivos/manual/ perguntaosn.pdf. 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Acesso em: 12 jan. 2022. 154 155 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PARA GESTÃO NAS EMPRESAS UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer de que forma o planejamento tributário pode adequar a empresa para a economia tributária; • compreender o planejamento tributário como um conjunto de sistemas legais que visam diminuir o pagamento de tributos e compreender a economia de impostos como uma premissa do planejamento tributário; • compreender o efeito tributário – simples nacional; lucro presumido e lucro real; • compreender a análise do efeito tributário – simples nacional, lucro presumido e lucro real; • conhecer a auditoria tributária e identifi car os crimes contra a ordem tributária; • avaliar o peso dos encargos sobre os salários e remunerações e compreender como ocorre a contribuição INSS Patronal com base na receita; • conhecer os impactos das decisões sobre compras para a empresa realizar o planejamento tributário e avaliar a melhor forma de enquadramento fi scal para a empresa: simples nacional, lucro presumido e lucro real. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO TÓPICO 2 – TIPOS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO TÓPICO 3 – OTIMIZAÇÃO DOS RESULTADOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 156 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 157 TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, você irá estudar o planejamento tributário e a sua elaboração, pois o enquadramento tributário, que pode ser Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado (abordados na Unidade 2) e o Simples Nacional, são fundamentais para a economia tributária nas empresas. Essa economia se dá em função de algumas oportunidades de enquadramento tributário. Por essa razão, os métodos de planejamento tributário como o operacional, estratégico e jurídico são de grande importância para esse planejamento. Os créditos tributários são os valores que os sujeitos ativos da obrigação tributária podem exigir dos sujeitos passivos a partir da ocorrência de um determinado fato gerador. Um excelente planejamento das finanças empresariais envolve gerenciamento dos créditos tributários nas compras e dos prazos de pagamentos aos fornecedores. A economia tributária gerada nas compras resulta em economia financeira pelos prazos negociados com a melhor opção na análise das cotações ao valor presente. Ao final deste tópico, você irá estudar a forma de apuração dos tributos no regime de apuração do Lucro Real. 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Todo e qualquer tipo de planejamento é necessário para as nossas vidas, pois planejar é prever, é estimar quanto é possível vender ou pagar de gastos. Então, pode- se entender que o planejamento também deve estar presente na gestão fiscal das empresas, pois o custo tributário nas empresas é extremamente elevado (em território brasileiro) e há necessidade de buscar um bom planejamento tributário para reduzir esse peso financeiro nos resultados da empresa. Por isso, vamos compreender as principais características e funções do Planejamento Tributário. O planejamento tributário busca adequar a empresa para uma constante economia tributária, pois é um conjunto de sistemas legais que tem por objetivo reduzir o pagamento de tributos. Nesse caso, o contribuinte tem o direito de estruturar a sua 158 empresa de maneira que melhor ofereça soluções para a gestão do caixa, reduzindo os custos de seu empreendimento, inclusive dos impostos. Sendo o planejamento tributário de forma jurídica e lícita, a fazenda pública irá respeitar. Desta maneira, existem modelos de planejamento tributário possíveis. Além do planejamento tributário, existe a auditoria tributária que tem a finalidade de examinar a situação fiscal da empresa e contribuir para a prevenção das fraudes fiscais. Segundo Gularte (2021), a fraude fiscal está relacionada com qualquer engano de forma maliciosa, promovida de má-fé, com o objetivo de ocultar as evidências da verdade ou fuga ao cumprimento do dever. Isso ocorre quando o contribuinte planeja coibir ou retardar a ocorrência do fato gerador tributário ou alterar as características essenciais com o objetivo de reduzir ou eliminar o montante do imposto devido. A diferença entre o que é a sonegação e o que é a fraude é que, na primeira, os dados são escondidos e, na segunda, são modificados para enganar o Fisco. Dando continuidade, de acordo com Tamanini e Sousa (2010), os objetivos do planejamento tributário são: corrigir eventuais erros de interpretação e a execução no cumprimento das obrigações e rotinas fiscais na empresa;2 CONCEITO E OBJETO DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA O objetivo da contabilidade é fornecer informações úteis para a tomada de decisão dos diversos usuários, sejam sócios, investidores, fornecedores, sociedade, bancos, clientes e governo. Vemos que há uma infinidade de usuários, e para conseguir atendê-los, a contabilidade foi ramificada em diferentes áreas. A Contabilidade Tributária é a área que, segundo Bonho, Silva e Alves (2018), associa contabilidade com administração e direito tributário. Assim, representa muito mais do que a simples contabilização de tributos, ao contemplar a aplicação do direito tributário como norma, sobre fatos ou atividades das empresas. Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 22) acrescentam que o aspecto principal da contabilidade tributária é: realizar na prática o que é determinado pela legislação tributária, mesmo que os resultados econômicos apresentados pela empresa sejam divergentes dos resultados fiscais, estabelecidos pela legislação. Seu enfoque é adequar os Princípios e Normas Contábeis sem ferir o direito tributário, independentemente de a legislação aplicada ser ou não injusta. TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 A partir disso, percebe-se que a contabilidade tributária utiliza a contabilidade geral e a legislação tributária para atender aos seus usuários. Dessa forma, os principais usuários da contabilidade tributária são os sócios e o próprio governo. No caso dos sócios, as informações geradas pela contabilidade tributária são de suma importância, visto que os tributos representam uma grande fatia das despesas das empresas, o que, diretamente, consome grande parte do faturamento auferido. No que se refere ao governo, ele está interessado no correto recebimento da sua receita, ou seja: dos tributos, por isso verifica se as empresas estão recolhendo tributos para os cofres públicos de forma adequada e lícita. No entanto, antes de aplicar na prática a contabilidade tributária, precisamos compreender algumas questões teóricas importantes relacionadas aos tributos. Para isso, seguimos ao próximo tópico, em que estudaremos os elementos dos tributos. 3 ELEMENTOS DOS TRIBUTOS No subtópico anterior, compreendemos que em questões tributárias, as empresas precisam seguir a legislação tributária. No Brasil, uma das principais leis sobre o assunto é a Lei nº 5.172, de 1966, que corresponde ao Código Tributário Nacional – CTN. O CTN (BRASIL, 1966, s.p.) traz em seu artigo 3º o conceito de tributo, que é o seguinte: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Como exemplos de tributos, podem-se citar os tributos sobre importação, exportação, mercadorias, serviços, produtos industrializados, sobre o lucro, sobre a folha de pagamento. A figura a seguir traz alguns exemplos de tributos: FIGURA 1 – EXEMPLOS DE TRIBUTOS FONTE: . Acesso em: 30 mar. 2022. 5 Entendido o conceito de tributo, é importante que compreendamos alguns elementos relacionados aos tributos, conhecidos como elementos dos tributos. São eles: fato gerador, contribuinte, base de cálculo, alíquota, crédito, compensação e pagamento. É o CTN que dá embasamento e explica o que significa cada um deles. 3.1 FATO GERADOR Conforme o artigo 114 do CTN (1966, s.p.), “fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. Segundo o artigo 115: “fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal”. Esclarecendo o parágrafo anterior, o fato gerador é o momento em que se cria a exigência da obrigação principal ou acessória para o contribuinte (aquele que tem o dever de pagar o tributo). A obrigação principal significa a obrigação do pagamento dos tributos. Já a obrigação acessória depende da existência de uma obrigação principal e remete às prestações de contas que a empresa ou pessoa física devem fazer ao fisco. No caso do IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), este tem como fato gerador a propriedade ou a posse de um imóvel. Cada tributo tem o seu próprio fato gerador, podendo ser: a circulação de mercadorias, rendas de qualquer natureza, saída de produtos para o exterior, entrada de produtos estrangeiros, prestação de serviços etc. 3.2 CONTRIBUINTE Segundo o artigo 121 do CTN (1966), contribuinte é o sujeito passivo da obrigação principal, que é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo. Ou seja, é quem se sujeita, conforme a legislação, a pagar tributos, podendo ser pessoa física ou jurídica. O foco nesta disciplina de Contabilidade e Planejamento Tributário é o contribuinte personificado em pessoa jurídica (empresa). Assim como acontece no fato gerador, o contribuinte pode variar dependendo do tributo em questão. Alguns exemplos de contribuinte são: o importador, o exportador, o proprietário, comerciante etc. 3.3 BASE DE CÁLCULO A base de cálculo é a expressão econômica do fato gerador do tributo, devendo ser instituída em lei. Ou seja: é o valor monetário sobre o qual se calcula, a partir de uma alíquota, o valor do tributo. Sobre a alíquota, abordaremos no tópico a seguir. Diferentes tributos possuem diferentes bases de cálculo, podendo ser: o faturamento, o lucro, o produto etc. Conforme estudamos cada tributo, aprenderemos sobre suas bases de cálculo. 6 3.4 ALÍQUOTA Após conhecermos o fato gerador, o contribuinte e a base de cálculo, precisamos da alíquota para definir o valor a ser pago de determinado tributo. A alíquota indica o percentual aplicado sobre a base de cálculo para encontrar o valor do tributo. Como esperado, a alíquota varia de tributo para tributo, mas também pode variar em um mesmo tributo, pois conforme veremos nas próximas unidades, existem regimes de tributação e eles definem algumas regras, entre elas, as alíquotas aplicáveis. O quadro a seguir apresenta alguns exemplos: QUADRO 1 – EXEMPLOS DE ALÍQUOTAS DE TRIBUTOS Alíquota Tributo 15% Imposto de Renda 9% Contribuição Social 0,65% PIS cumulativo 1,65% PIS não cumulativo 3% COFINS cumulativo 7,6% COFINS não cumulativo FONTE: Os autores Ficou curioso para conhecer mais sobre cada tributo? Nos próximos subtópicos estudá-lo-emos de uma forma bem aprofundada. 3.5 CRÉDITO O crédito também é um elemento muito relevante. Algumas empresas possuem o direito de acumular créditos fiscais decorrentes do pagamento de tributos na aquisição de mercadorias, insumos e outras operações. Apenas empresas que estão em regimes “não cumulativos” do tributo possuem direito a esse crédito. É o caso de empresas do regime do Lucro Real no que se refere ao PIS, COFINS e ICMS, ou empresas do Lucro Presumido no que se refere ao ICMS, por exemplo. Os créditos fiscais, abordaremos com mais profundidade no subtópico 3.6, quando falarmos de cumulatividade e não cumulatividade. 3.6 COMPENSAÇÃO Sabe aquelas empresas que têm direito ao crédito fiscal? Essas empresas utilizam o crédito fiscal do tributo para fazer a compensação dos valores que têm para pagar no final do período (normalmente um mês). 7 Essa compensação acontece depois de calcular o valor que deve ser pago de determinado tributo. Os créditos vêm para abater nesse valor. Por exemplo: compensam- se os créditos fi scais de PIS com os débitos (a pagar) de PIS, logo, o valor a ser desembolsado efetivamente é o valor dos débitos menos os créditos. A compensação de créditos fi scais abordaremos com mais profundidade no Subtópico 1.6, quando falarmos de cumulatividade e não cumulatividade. 3.7 PAGAMENTO Conforme o artigo 162, inciso I, do CTN (1966), o pagamento do tributo é efetuado em moeda corrente. Dessa forma, as datas de vencimento de cada tributo variam, podendo ser mensal, trimestral,evitar possíveis contingências fiscais (multas e sanções), assim como o pagamento indevido de tributos; e também em implementar formas lícitas de economia tributária. Conforme afirma Zanluca (2021), há a edição de grande quantidade de normas que regem o sistema tributário, oriundas dos três entes tributantes: União, Estados e Municípios, e existem dezenas de obrigações acessórias que uma empresa deve cumprir para estar em dia com o fisco: declarações, formulários, livros, guias etc. Diante dessa realidade, o grande volume de informações e sua contínua complexidade acabam dificultando a aplicação de rotinas e o planejamento, que não pode ser fixo ou engessado, deve ser sempre monitorado e atualizado. 2.1 CARACTERÍSTICAS DO PLANEJAMENTO Nas Unidades 1 e 2 deste material de estudos, tivemos a oportunidade de constatar a existência de um elevado nível de tributação nas empresas no Brasil e como essa tributação representa parcela significativa dos custos de uma organização. Assim, se o enquadramento tributário não for bem analisado, pode chegar a inviabilizar a atividade empresarial. Ainda precisamos considerar a existência da complexidade do sistema tributário que pode, muitas vezes, tirar a tranquilidade dos contribuintes. 159 Na contribuição de Monteiro (2014), não é novidade para o profi ssional da área tributária das empresas quão complexo é o sistema tributário brasileiro. Não é só pela pesada carga de tributos, mas também pelo emaranhado de normas que regulam o prazo para a apuração e recolhimento. Em linhas gerais, esse tema é um pesadelo. Se já é para quem conhece o tema, imagine para o cidadão médio. Qual é o motivo desse sistema ser tão complexo? É apenas em função do número elevado de tributos que compõe o ordenamento? Ou é o modo como são cobrados esses tributos? Em linhas gerais, pode-se dizer que sim, esses motivos são os que geram maior impacto em nosso sistema tributário. Por exemplo, o ICMS (Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação) é o principal tributo no país. É desse imposto que os Estados tiram a sua maior renda. Graças a esse imposto, temos até hoje os problemas de guerra fi scal entre os Estados. Se a empresa não efetuar o devido pagamento de um tributo, isso implica uma dívida ou renegociação com o governo para quitação do débito tributário e pode gerar ainda mais sanções, como multas e juros. É por isso que Zanluca (2021) defi ne o planejamento tributário como o conjunto de sistemas legais que visam reduzir o pagamento de tributos. O contribuinte tem o direito e precisa estruturar a sua empresa da maneira que melhor possa reduzir os custos do seu empreendimento, principalmente, em relação aos impostos. Se a forma celebrada da empresa é jurídica e lícita, a fazenda pública deve respeitá-la. Conforme dados do IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação –, no Brasil, em média, 33% do faturamento empresarial é dirigido ao pagamento de tributos (ZANLUCA, 2021). Somente o ônus do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro das empresas pode corresponder a 51,51% do lucro líquido apurado. Da somatória dos custos e despesas, mais da metade do valor é representada pelos tributos. Assim, torna-se imprescindível a adoção de um sistema de economia legal. O princípio constitucional não deixa dúvidas que, dentro da lei, o contribuinte pode agir no seu interesse. Planejar tributos é um direito tão essencial quanto planejar o fl uxo de caixa, fazer investimentos etc., portanto, a ideia por trás do planejamento tributário é evitar erros ou fraudes e reduzir os encargos tributários da empresa. Porém, dentro do âmbito legal o planejamento tributário também é conhecido no mercado como elisão fi scal ou economia legal. Acesse a Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, que dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. DICA 160 Desta forma, o planejamento tributário consiste em adequar a organização da melhor maneira possível a fim de buscar constantemente a diminuição dos custos do empreendimento, desde que os meios sejam lícitos e possíveis juridicamente. Assim, podemos relacionar os objetivos do planejamento tributário elencados por Fernandes (2020, s.p.). São eles: a) Evitar a incidência de um tributo. O melhor do planejamento é quando se evita o pagamento de um tributo. Ou seja, você impede o fato gerador e não há no que se falar de obrigação tributária. São várias as escolhas que podem evitar um tributo, como o local de onde se faz uma determinada transação ou com quem (tipo de empresa) é feita essa transação. b) Reduzir os valores de recolhimento. É inevitável ter que pagar tributos. O bom é que as escolhas do Planejamento poderão levar a sua empresa em uma situação de redução desses valores de recolhimento, seja com uma redução da alíquota ou na mudança da base. Essa é a forma mais comum de planejamento. c) Retardar uma obrigação tributária. Se você não conseguiu afastar a incidência, ou ainda não reduziu os valores de recolhimento é possível trabalhar com a possibilidade de retardar a obrigação. Você já ouviu na escolha entre o método de caixa ou de competência? Essa é uma das formas. Isso porque existe uma grande quantidade de normas no sistema tributário oriundas dos governos Federal, Estadual e Municipal. Além delas, existem tantas outras obrigações acessórias para que uma empresa esteja em dia com o fisco. Vejamos quais são as obrigações acessórias para as empresas enquadradas no regime tributário Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. O que é Elisão Fiscal? É uma estratégia para reduzir a carga tributária de uma empresa através da omissão do fator gerador do tributo. Através de um planejamento é possível encontrar formas dentro da legislação para fazer essa manobra sem burlar o pagamento dos impostos. Existem algumas alternativas previstas na lei de forma clara e outras que se apropriam das brechas legais para que a redução de tributos seja viável. Tudo é possível de ser realizado sem descumprir nenhuma obrigação, por meio do planejamento tributário, para que as empresas saiam ganhando e economizem. Leia o artigo completo, disponível em: https://bit.ly/3rOYcxL IMPORTANTE 161 QUADRO 1 – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS – SIMPLES NACIONAL, LUCRO PRESUMIDO E LUCRO REAL Obrigações Acessórias Simples Nacional PGDAS: Programa Gerador do Documento de Arrecadação do Simples Nacional – Declaratório. DEFIS: Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais. DIRF: Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte. DESTDA: Declaração de Substituição Tributária. ECD facultativa): Escrituração Contábil Digital; (Vide manual do SPED para mais detalhes). EFD ICMS/IPI: Escrituração Fiscal Digital. DME: Declaração de Operações Liquidadas com Moeda em Espécie. DMED – Específico para entidades que mantêm programas ou contratos de assistência à saúde. DIMOB – Específico para pessoas jurídicas e equiparadas que comercializaram imóveis que houverem construído, loteado ou incorporado para esse fim; que intermediaram aquisição, alienação ou aluguel de imóveis ou realizarem sublocação de imóveis. **SEFIP/GFIP: Sistema Empresa de Fundo de Garantia e Informação à Previdência Social. **RAIS: Relação Anual de Informações Sociais. OUTRAS OBRIGAÇÕES: ESOCIAL DCTFWEB EFD-REINF Obrigações Acessórias Lucro Presumido DCTF: Declaração de Débitos Tributários Federais. EFD Contribuições (contribuição para o PIS/Pasep, contribuição da Cofins e escrituração digital da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta). GIA Estadual: Guia de Informações e Apuração de ICMS. GIA – Substituição tributária. LFE: Livro Fiscal Eletrônico; SISCOSERV: Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços.SINTEGRA (Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços) é uma obrigação estadual destinada a empresas que recolhem ICMS e fazem uso do PED (Pagamento 162 Eletrônico de Dados) para emitir documentação fiscal e/ou escriturar os Livros Fiscais. Também é válida para contribuintes que utilizam ECF (Emissor de Cupom Fiscal). Mas, depois que a EFD ICMS/IPI foi implantada, o SINTEGRA tem sido menos utilizado. ECF: Escrituração Contábil Fiscal. DIRF: Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte. ECD: Escrituração Contábil Digital; Atenção: Observar critério de obrigatoriedade (Vide manual do SPED para mais detalhes). EFD ICMS/IPI: Escrituração Fiscal Digital. DME: Declaração de Operações Liquidadas com Moeda em Espécie. DMED – Específico para entidades que mantêm programas ou contratos de assistência à saúde. DIMOB – Específico para pessoas jurídicas e equiparadas que comercializaram imóveis que houverem construído, loteado ou incorporado para esse fim; que intermediaram aquisição, alienação ou aluguel de imóveis ou realizarem sublocação de imóveis. **SEFIP/GFIP: Sistema Empresa de Fundo de Garantia e Informação à Previdência Social. **RAIS: Relação Anual de Informações Sociais. Esocial DCTFWEB EFD-REINF Obrigações Acessórias Lucro Real DCTF: Declaração de Débitos Tributários Federais. EFD Contribuições (contribuição para o PIS/Pasep, contribuição da Cofins e escrituração digital da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta). GIA Estadual: Guia de Informações e Apuração de ICMS. GIA – Substituição tributária. LFE: Livro Fiscal Eletrônico. SISCOSERV: Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços. ECF: Escrituração Contábil Fiscal. DIRF: Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte. ECD: Escrituração Contábil Digital. 163 EFD ICMS/IPI: Escrituração Fiscal Digital. DME: Declaração de Operações Liquidadas com Moeda em Espécie. DMED – Específico para entidades que mantêm programas ou contratos de assistência à saúde. DIMOB – Específico para pessoas jurídicas e equiparadas que comercializaram imóveis que houverem construído, loteado ou incorporado para esse fim; que intermediaram aquisição, alienação ou aluguel de imóveis ou realizarem sublocação de imóveis. DES – Declaração Eletrônica de Serviços. Tem natureza municipal e é específica para empresas prestadores de serviços. Verifique em seu munícipio se é obrigatório o envio. SINTEGRA (Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços) é uma obrigação estadual destinada a empresas que recolhem ICMS e fazem uso do PED (Pagamento Eletrônico de Dados) para emitir documentação fiscal e/ ou escriturar os Livros Fiscais. Também é válida para contribuintes que utilizam ECF (Emissor de Cupom Fiscal). Mas, depois que a EFD ICMS/ IPI foi implantada, o SINTEGRA tem sido menos utilizado. Esocial DCTFWEB EFD-REINF FONTE: Adaptado de . Acesso em: 31 mar. 2022. Também existe o DAS, que é o documento de Arrecadação do Simples Nacional. É um imposto calculado sobre o faturamento mensal da empresa. Caso a empresa não possua movimento dentro do mês, será isento do imposto. Como se percebe, são muitas as obrigações. Dando continuidade, ao analisar as obrigações acessórias para as empresas enquadradas no Lucro Presumido, segundo Lopes (2021), uma importante declaração a ser entregue ao fisco é a DES, que é a Declaração Eletrônica de Serviços, utilizada para declarar ao fisco o total de serviços prestados no mês. Trata-se de uma declaração municipal a qual estão sujeitas as empresas prestadoras de serviço. Vale ressaltar que essa obrigação só é exigida para algumas prefeituras. A EFD Contribuições é uma obrigação federal que compõe o Sistema Público de Escrituração Digital – SPED –, a ser enviada pelas empresas na escrituração da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, bem como para a escrituração digital da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta, incidente nos setores de comércio, 164 serviços e indústrias, no acolhimento de receitas referentes aos CNAEs (Códigos Nacionais de Atividades Econômicas), atividades, serviços e produtos (NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul) nela relacionados. Além das declarações que as empresas precisam entregar ao fisco, existem vários sistemas disponíveis e que são utilizados para atender à demanda da necessidade fiscal. Um desses sistemas é o SPED FISCAL, que é uma iniciativa do governo que busca simplificar os processos de arquivamento, envio e validação das obrigações economizando papéis físicos. Serve para encaminhar ao governo federal as apurações de IPI e ICMS. Alguns estados dispensaram a entrega da GIA (Guia de Informações e Apuração). Somente requerem a entrega do SPED FISCAL. Com relação ao ICMS, existe a GIA ESTADUAL, que é a Guia de Informações e Apuração de ICMS. Serve para informar ao governo estadual as apurações individuais dos contribuintes a respeito do ICMS. Estão obrigados somente os contribuintes que possuem inscrição estadual. Em seguida, temos a GIA – Substituição Tributária –, que é a Guia de Informações e Apuração de ICMS-ST. Serve para informar ao governo estadual as apurações individuais dos contribuintes a respeito do ICMS-ST. Estão obrigados somente os contribuintes que realizam a venda de produtos sujeitos aos regimes de ST (Convênio ICMS 92/2015). Com relação aos livros fiscais, temos a LFE, que quer dizer Livro Fiscal Eletrônico. É uma obrigação acessória que se estabelece apenas para as empresas de Brasília. A LFE é para informar à Receita Federal todo contribuinte que consta no ICMS e/ou no ISS no Distrito Federal. Por final, temos o SISCOSERV, que é o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio. O SISCOSERV foi criado para controlar os dados dos serviços de importações e exportações. Observe como é complexo o sistema para o cumprimento das obrigações acessórias das empresas. Então, se analisarmos detalhadamente o fechamento dos balancetes mensais e o balanço anual das empresas, poderíamos propiciar economia em IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica – e CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido –, isso porque cada registro contábil tem uma consequência tributária a favor ou contra a contabilidade da empresa. Isso precisa ser avaliado para verificar as oportunidades de economia tributária, ou seja, se é melhor manter a empresa no enquadramento do regime tributário do Lucro Real, Lucro Presumido ou Simples Nacional. Como exemplo dessa situação, Fernandes (2016) aborda as vantagens do Lucro Real, como o IRPJ e CSLL, calculados com base no resultado real da empresa, diminuindo distorções. É possível compensar prejuízos realizados em apurações futuras 165 de lucro na base de cálculo. Existem duas formas de apuração, a trimestral e a anual por estimativa. Nessa escolha é possível contribuir para o caixa da empresa. O regime não cumulativo do PIS e COFINS pode contribuir para reduzir a carga destes tributos. As desvantagens são a complexidade no tratamento e obrigações acessórias. Requer um rigoroso controle e observância dos princípios contábeis. As obrigações acessórias são mais complexas e exigem extrema atenção. Fernandes (2016) afi rma que no caso do Lucro Presumido, a vantagem é que é bem mais simples do que se trabalhar no Lucro Real. Se o lucro da sua empresa for superior à presunção, há uma vantagem tributária. As obrigações são menos complexas, nem por isso devem ter uma menor atenção. As Alíquotas de PIS e COFINS são menores do que no Lucro Real. As desvantagens representam que não há a possibilidade de compensar créditos de PIS e COFINS. Se a lucratividade da empresa se reduzir durante o ano não há ajuste de base. É necessário um balanço apurado para distribuir lucros para os sócios acima da presunção adotada para o IRPJ. Vale ressaltar que estamos tratandode formas legais para que a empresa defenda os seus interesses. Desta maneira, podemos dizer que a economia de impostos é uma premissa do planejamento tributário e podem tornar a empresa mais competitiva no cenário nacional e internacional. Para isso, ele precisa ser feito de forma completa e abrangente para assegurar condições econômicas de pagamentos de tributos com riscos calculados. No próximo tópico, nós veremos as formas de se fazer essa análise, considerando fatores internos e externos, em que estudaremos os tipos de planejamento tributário existentes. Assim, o planejamento tributário é um direito da empresa e uma ferramenta tão necessária quanto qualquer outra para a sua sobrevivência no mercado. ATENÇÃO 166 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O planejamento tributário busca adequar a empresa para uma constante economia tributária e existem modelos de planejamento tributário possíveis. • Fraude caracteriza qualquer engano malicioso promovido de má-fé para ocultação da verdade ou fuga ao cumprimento do dever. • O planejamento tributário é um conjunto de sistemas legais que visam diminuir o pagamento de tributos. • O planejamento tributário é um direito da empresa e uma ferramenta tão necessária quanto qualquer outra para a sua sobrevivência no mercado. • A economia de impostos é uma premissa do planejamento tributário e podem tornar a empresa mais competitiva no cenário nacional e internacional. 167 RESUMO DO TÓPICO 1 1 O planejamento tributário também é conhecido no mercado como elisão fiscal ou economia legal. De acordo com essa assertiva, no que consiste o planejamento tributário? Justifique. 2 O planejamento tributário busca adequar a empresa para uma constante economia tributária, pois é um conjunto de sistemas legais que tem por objetivo reduzir o pagamento de tributos. O planejamento tributário tem a função de auxiliar as empresas ou contribuintes na otimização de seus direitos. Que direito tem o contribuinte? a) ( ) O contribuinte tem o direito de estruturar a sua empresa de maneira que melhor ofereça soluções para a gestão da produção, reduzindo os custos de seu empreendimento, inclusive dos impostos. b) ( ) O contribuinte tem o direito de estruturar a sua empresa de maneira que melhor ofereça soluções para a gestão do caixa, reduzindo os custos de seu empreendimento, inclusive dos impostos. c) ( ) O contribuinte tem o direito de estruturar a sua empresa de maneira que melhor ofereça soluções para a gestão do caixa, reduzindo os custos da produção, inclusive dos impostos. d) ( ) O governo tem o direito de estruturar a sua empresa de maneira que melhor ofereça soluções para a gestão do caixa, reduzindo os custos de seu empreendimento, inclusive dos impostos. e) ( ) O contribuinte tem o direito de estruturar a sua empresa de maneira que melhor ofereça soluções para a gestão do caixa, reduzindo os custos de seu empreendimento, inclusive a área comercial. 3 A fraude fiscal está relacionada com qualquer engano de forma maliciosa, promovida de má-fé, com o objetivo de ocultar as evidências da verdade ou fuga ao cumprimento do dever. Isso ocorre quando o contribuinte planeja coibir ou retardar a ocorrência do fato gerador tributário ou alterar as características essenciais com o objetivo de reduzir ou eliminar o montante do imposto devido. De acordo com esses aspectos, qual é a diferença entre sonegação e fraude? 4 Todo e qualquer tipo de planejamento é necessário para as nossas vidas, pois planejar é prever, é estimar o quanto é possível vender ou pagar de gastos. O que se pode entender sobre a contribuição do planejamento para as empresas? a) ( ) Pode-se entender que o planejamento também deve estar presente na gestão fiscal das empresas, pois o custo tributário nas empresas é extremamente elevado (em território brasileiro) e há necessidade de buscar um bom planejamento tributário para reduzir esse peso produtivo nos seus resultados. AUTOATIVIDADE 168 b) ( ) Pode-se entender que o planejamento também deve estar presente na gestão fiscal das empresas, pois o custo tributário nas empresas é extremamente elevado (em território brasileiro) e há necessidade de buscar um bom planejamento tributário para reduzir esse peso comercial nos seus resultados. c) ( ) Pode-se entender que o planejamento também deve estar presente na gestão fiscal das empresas, pois o custo financeiro nas empresas é extremamente elevado (em território brasileiro) e há necessidade de buscar um bom planejamento tributário para reduzir esse peso financeiro nos seus resultados. d) ( ) Pode-se entender que o planejamento também deve estar presente na gestão fiscal das empresas, pois o custo tributário nas empresas é extremamente elevado (em território brasileiro) e há necessidade de buscar um bom planejamento tributário para reduzir esse peso financeiro nos seus resultados. e) ( ) Pode-se entender que o planejamento também deve estar presente na gestão da produção das empresas, pois o custo tributário nas empresas é extremamente elevado (em território brasileiro) e há necessidade de buscar um bom planejamento tributário para reduzir esse peso financeiro nos seus resultados. 5 Além das declarações que as empresas precisam entregar ao fisco, existem vários sistemas disponíveis e que são utilizados para atender à demanda da necessidade fiscal. Um desses sistemas é o SPED FISCAL, que é uma iniciativa do governo que busca simplificar os processos de arquivamento, envio e validação das obrigações economizando papéis físicos. Sobre o SISCOSERV, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) É o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio. Foi criado para controlar os dados dos serviços de importações e exportações. b) ( ) Serve para informar ao governo estadual as apurações individuais dos contribuintes. Estão obrigados somente os contribuintes que realizam a venda de produtos sujeitos aos regimes da Substituição Tributária. c) ( ) É a Guia de Informações e Apuração de ICMS. Serve para informar ao governo estadual as apurações individuais dos contribuintes a respeito do ICMS. Estão obrigados somente os contribuintes que possuem inscrição estadual. d) ( ) Trata-se de uma obrigação federal que compõe o Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, a ser enviada pelas empresas na escrituração da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. e) ( ) Trata-se de uma declaração municipal a qual estão sujeitas as empresas prestadoras de serviço, utilizada para declarar ao fisco o total de serviços prestados no mês. 169 TIPOS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 1 INTRODUÇÃO Agora que já sabemos o que envolve o planejamento tributário e sua função para as empresas, há a necessidade de considerar que ele abrange as atividades de qualquer tipo de empresa e seus efeitos exercem refl exos na estrutura gerencial e contábil-fi nanceira. É de fundamental importância conhecer quis são os tipos de planejamento tributário, como o operacional, o estratégico e o jurídico, pois impactam diretamente na economia tributária proposta. Os aspectos relacionados à auditoria tributária também permitem avaliar os métodos e critérios que são adotados pelas empresas nas áreas fi scais e tributárias com o propósito de verifi car o exato cumprimento das normas legais. UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS Todo e qualquer procedimento de atividades empresariais requer um bom planejamento tributário. Desta forma, há a necessidade de conhecer os tipos de planejamento tributário existentes. Assim, buscou-se a contribuição de Tamanini e Sousa (2010), que destacam os tipos de planejamento existentes. Acesse o link para saber quais são os tipos de empresas existentes no Brasil, e que requerem planejamento tributário, pois é uma realidade que atinge todas elas.Disponível em: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/tipos-de- empresas?gclid=CjwKCAiA1JGRBhBSEiwAxXblwbF2hiv0G22vHj2yMg5Pi1h_3 MG_-nhlu7yFJZbPRCBTlO_jqMLFfxoCiIsQAvD_BwE. DICA 170 QUADRO 2 – TIPOS DE PLANEJAMENTO EXISTENTES Operacional Estratégico Jurídico Refere-se aos pro- cedimentos formais prescritos pelas nor- mas ou pelo costume. Implica mudança de algumas caracterís- ticas estratégicas da empresa, tais como estrutura de capital, tipos de emprésti- mos, contratação de mão de obra etc. Em que se consideram exclusivamen- te os efeitos fiscais no tempo. Nesse caso, o planejamento se subdivide em outras três categorias: • Preventivo: Desenvolvido continu- amente por intermédio de orienta- ções, manuais de procedimentos, sobretudo, as atividades de cum- primento da legislação tributária nas obrigações principais e acessórias. • Corretivo: Detectada uma anorma- lidade, deve-se proceder o estudo para alternativas de correção. • Especial: Surgida em função de determinado fato, por exemplo, lançamento de novos produtos, reestruturação societária etc. FONTE: Adaptado de Tamanini e Sousa (2010) Nesse amplo espectro de atuação do planejamento tributário, Menezes (2018) afirma que a gestão tributária consiste em uma soma de procedimentos e ações que toda empresa deve desempenhar no que se refere ao recolhimento de tributos. A carga tributária complexa e elevada incide nas atividades de uma entidade, independentemente de sua natureza jurídica. Assim, devido à crise financeira que o Brasil enfrenta, as empresas necessitam se reinventar com uma eficiente administração de suas obrigações tributárias para garantir sua sobrevivência e competitividade, pois os tributos refletem importante parcela dos custos das empresas. Isso quer dizer que para a empresa se desenvolver adequadamente, seja ela de micro ou pequeno porte, é necessário que os gestores estejam dispostos a desenvolver uma gestão tributária, e que seja implementada desde seu nascimento, na escolha do regime de tributação. Neste sentido, o contador desempenha o papel de informar ao empresário sobre as questões da gestão tributária e, para tanto, ele utilizará a Contabilidade Tributária como fonte para tal procedimento. 171 2.1 ANÁLISE DOS EFEITOS TRIBUTÁRIOS NA EMPRESA Se os demonstrativos contábeis não estiverem atualizados, podem apresentar distorções na análise real da situação fiscal da empresa. Assim, Tamanini e Sousa (2010) consideram de suma importância que o reconhecimento de todas as receitas e despesas se faça pelo regime de competência e não pelo regime de caixa. Para demonstrar isso, de acordo com o balancete apresentado no Quadro seguinte, serão extraídas algumas informações tributárias possíveis de serem avaliadas. QUADRO 3 – CUSTOS TRIBUTÁRIOS EM UMA EMPRESA HIPOTÉTICA Tributos Gerados Ano 20X1 Valor % Faturamento % Relativo Grupo FATURAMENTO DO PERÍODO R$ 6.500.000,00 100,00% ICMS R$ 1.085.500,00 16,70% 40,82% IPI R$ 546.000,00 8,40% 20,53% INSS R$ 407.550,00 6,27% 15,33% COFINS R$ 198.900,00 3,06% 7,48% FGTS R$ 121.550,00 1,87% 4,57% IRPJ R$ 125.750,00 1,93% 4,73% PIS R$ 65.650,00 1,01% 2,47% ISS R$ 61.750,00 0,95% 2,32% CSLL R$ 35.750,00 0,55% 1,34% IOF R$ 3.200,00 0,05% 0,12% IPTU R$ 3.200,00 0,05% 0,12% OUTROS R$ 1.950,00 0,03% 0,07% IPVA R$ 1.300,00 0,02% 0,05% CONTRIBUIÇÃO SINDICAL R$ 1.300,00 0,02% 0,05% Total Tributos Gerados R$ 2.659.350,00 40,91% FONTE: Os autores Podemos extrair as seguintes informações do quadro anterior: 1. 99,71% da carga tributária desta empresa no ano decorrem somente dos dez primeiros tributos relativo ao grupo. 2. Os tributos que estão diretamente relacionados ao faturamento e às receitas da empresa (ICMS com 40,82%, IPI com 20,53%, PIS com 2,47%, COFINS com 7,48% e ISS com 2,32%) representam 73,62% da carga tributária. Nesse caso, é fundamental realizar um estudo mais específico sobre cada um para verificar sua adequação e possibilidades de planejamento, pois muitos produtos podem ter a incidência de carga tributária diferenciada. 172 3. Os tributos incidentes sobre a folha de pagamento dos funcionários (INSS com 6,27% e FGTS com 1,87%) representam 8,14% em relação ao faturamento da empresa, o que é bastante representativo. Como tais incidências ocorrem sobre salários e remuneração, uma análise sobre a folha de pagamento (com a aplicação de uma auditoria trabalhista) é bastante interessante de tempos em tempos. 4. Os tributos sobre o lucro da empresa (IRPJ com 1,93% e a CSLL com 0,55%) consomem cerca de 2,48% do faturamento e observa-se que há uma grande necessidade de serem avaliados com relação a sua formação, pois muitas vezes a empresa não poderá ter a incidência do adicional de 10% no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, o que de fato pode representar uma diferença no momento de uma comparação entre empresas. Deve-se estar atento principalmente com relação ao lucro contábil antes da provisão do IRPJ e da CSLL, pois se estiver acima de 7,31% do faturamento (para chegar a esse número, dividiu-se 2,48% por 34% que é a soma da alíquota máxima do 25% IRPJ + 9% CSLL), isso quer dizer que, se o lucro estiver abaixo desse patamar, signifi ca que há algum fator onerando a tributação sobre os lucros e esse aspecto precisa ser analisado com bastante critério. 5. É preciso entender que nenhum tributo deve ser considerado “barato” para a empresa, apesar do mesmo apresentar um porcentual pequeno sobre o faturamento. 2.2 EFEITO TRIBUTÁRIO – SIMPLES NACIONAL Para verifi carmos como funciona o planejamento tributário na prática, utilizaremos um exemplo de uma empresa (fi ctícia) do ramo alimentício, com sede em Santa Catarina. Esta empresa é fabricante de petiscos e cujos produtos são imunes ao IPI. No entanto, pode se creditar do ICMS das compras de matéria-prima e outras entradas previstas em lei. A empresa possui a seguinte receita de vendas brutas do exercício social anterior. Janeiro de 20X0: R$ 207.931,45 Fevereiro de 20X0: R$ 117.742,75 Março de 20X0: R$ 119.722,30 Abril de 20X0: R$ 182.251,40 É importante que se faça uma análise de 3 a 4 vezes por ano sobre essas incidências tributárias. Importante frisar que caso ocorram discrepâncias é possível que receitas de vendas não tenham sido devidamente registradas ou registradas com erros (embora seja raro) na aplicação dos porcentuais para a apuração desses tributos. IMPORTANTE 173 Maio de 20X0: R$ 147.176,20 Junho de 20X0: R$ 183.275,51 Julho de 20X0: R$ 148.396,94 Agosto de 20X0: R$ 157.335,96 Setembro de 20X0: R$ 214.165,00 Outubro de 20X0: R$ 172.613,00 Novembro de 20X0: R$ 142.498,70 Dezembro de 20X0: R$ 126.890,79 Total do Faturamento em 20X0 = R$ 1.920.000,00 A partir dos dados apresentados e sabendo que a empresa em questão será tributada conforme o Anexo II da Lei 123/06, podemos calcular o montante do Simples Nacional que será gerado no próximo exercício fiscal da empresa. Veja, a seguir, a Tabela do Simples Nacional de 2021 atualizada de acordo com a Receita Federal: QUADRO 4 – SIMPLES PARA A INDÚSTRIA (FABRICAÇÃO EM GERAL) Faixa Receita bruta em 12 meses (em R$) Alíquota Valor a deduzir (em R$) 1ª Faixa Até 180.000,00 4,50% – 2ª Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 7,80% 5.940,00 3ª Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 10,00% 13.860,00 4ª Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 11,20% 22.500,00 5ª Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,70% 85.000,00 6ª Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30,00% 720.000,00 FONTE: Gaspar (2021, s. p.) O valor do Simples Nacional da empresa hipotética está apurado da seguinte forma: • 5ª faixa de tributação com alíquota de 14,70% e parcela a deduzir em R$ 85.000,00. • Faturamento de R$ 1.920.000,00 x 14,70% = R$ 282.240,00. • Valor de R$ 282.240,00 ( - ) R$ 85.000,00 da parcela a deduzir. • R$ 197.240,00. Portanto, o valor final do Simples Nacional para a empresa pagar é de R$ 197.240,00. 174 Há ainda a necessidade de se observar que as empresas optantes do SimplesNacional devem ficar atentas a algumas restrições. Conforme Batagin (2021), não podem ser optantes pelo Simples Nacional as empresas que possuem as seguintes condições: 1) Tipos de empresas que não possuam as seguintes naturezas jurídicas: • Sociedade empresária. • Sociedade simples. • Sociedade limitada unipessoal. • Empresa individual de responsabilidade limitada. • Empresário individual. 2) Que tenha auferido, no ano-calendário imediatamente anterior ou no ano calendário em curso, receita bruta no mercado interno superior a R$ 4.800.000,00 ou ao limite adicional de igual valor para exportação de mercadorias e serviços. 3) Que tenha auferido, no ano-calendário de início de atividade, receita bruta no mercado interno superior ao limite proporcional de R$ 400.000,00 multiplicados pelo número de meses em funcionamento no período, inclusive as frações de meses, ou ao limite adicional de igual valor para exportação de mercadorias e serviços. 4) Que tenha como sócio da empresa outra pessoa jurídica. 5) Que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior. 6) Que tenha como outro sócio pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que seja optante pelo simples nacional, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00. 7) Cujo titular ou sócio participante com mais de 10% do capital de outra empresa não beneficiada pela Lei do Simples Nacional, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00. 8) Cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00. 9) Constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo. 10) Que participe do capital de outra pessoa jurídica. 11) Que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar. As empresas de micro e pequeno porte optantes pelo Simples Nacional de 2021 podem exercer diferentes atividades, tendo também diferentes lucros. Por esse motivo, existe a Tabela de Alíquotas do Simples Nacional. IMPORTANTE 175 12) Resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 anos-calendário anteriores. 13) Constituída sob a forma de sociedade por ações. 14) Cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade. 15) Que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). 16) Que tenha sócio domiciliado no exterior. 17) De cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal. 18) Que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. 19) Que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores. 20) Que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica. 21) Que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas. 22) Que exerça atividade de importação de combustíveis. 23) Que exerça atividade de produção ou venda no atacado de: cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes, cervejas sem álcool e bebidas alcoólicas (exceto, a partir de 2018, as produzidas ou vendidas no atacado por cervejarias, vinícolas, produtores de licores e destilarias de micro e pequeno porte). 24) Que realize cessão ou locação de mão de obra. 25) Que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis. 26) Que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir à prestação de serviços tributados pelo ISS. 27) Sem inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível. Todas as restrições citadas devem ser sempre consultadas periodicamente, pois podem ocorrer alterações na legislação. Segundo Dau (2021), com relação ao cálculo do Simples Nacional, propriamente dito, para chegar ao valor que precisa ser recolhido, é preciso considerar o faturamento acumulado da empresa nos últimos 12 meses, e consultar a Tabela do Simples Nacional para verificar a alíquota. 176 Algumas atividades e condições da Pessoa Jurídica ou de seus sócios impossibilitam a opção pelo Simples Nacional. Essas situações estão listadas na Lei Complementar 123/2006, artigo 3º, parágrafo 4º (BRASIL, 2006). Vejamos: § 4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; X - constituída sob a forma de sociedade por ações. XI - cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade. Nem sempre isso é possível. Quando ocorrer o excesso de receita no ano calendário em que foi feita a opção pelo Simples Nacional, a empresa deverá atentar aos seguintes fatores: • A ME (Microempresa) que exceder a receita bruta no ano em exercício será enquadrada como EPP (Empresa de Pequeno Porte) no ano seguinte. • A EPP que exceder a receita bruta em 20% no ano em exercício será desenquadrada no mês seguinte. • A EPP que exceder a receita bruta em menos de 20% no ano em exercício será desenquadrada a partir do ano seguinte. • A EPP que exceder a receita bruta em 20% no ano de início das atividadesserá desenquadrada retroativamente ao início das atividades. IMPORTANTE 177 A opção pelo Simples Nacional possui vedações definidas ainda no artigo 17 da Lei Complementar Federal nº 123/2006 (BRASIL, 2006). Vejamos: I - que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); II - que tenha sócio domiciliado no exterior; III - de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; IV - que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; V - que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores; VI - que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; VII - que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; VIII - que exerça atividade de importação de combustíveis; IX - que exerça atividade de produção ou venda no atacado de: a) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes; b) bebidas alcoólicas e cervejas sem álcool; X - que realize cessão ou locação de mão de obra; XI - que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis. XII - que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS. XIIII - com ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível. Veja quantas informações conseguimos para o planejamento tributário envolvendo o regime tributário das empresas enquadradas no Simples Nacional. No entanto, ainda não acabou! No próximo subtópico estudaremos os aspectos tributários das empresas enquadradas no Lucro Presumido e Lucro Real. 2.3 EFEITO TRIBUTÁRIO – LUCRO PRESUMIDO E LUCRO REAL Deste item adiante serão desenvolvidos cálculos para análise do enquadramento da empresa para o lucro presumido e lucro real. Começaremos por analisar o histórico referente ao ICMS, considerando: • venda com alíquota de 12%; • historicamente, suas compras representam 60% do valor de suas vendas. Apresenta- se o valor de R$ 849.269,46. 178 No Estado de Santa Catarina, a alíquota para a apuração do ICMS, tanto para vendas como para compras dentro do Estado é de 12%. Conforme Woelfer (2020), os Fornecedores e os Adquirentes devem estar atentos às novas regras, para correta emissão de seus documentos fiscais a partir de 01/03/2020. Esta mudança da alíquota do ICMS de 17% para 12% aplica-se na emissão dos documentos fiscais por contribuintes do Regime Normal de apuração do ICMS em relação ao ICMS da operação própria, cujo destaque é feito em campo próprio da respectiva NF. Também para as empresas do Simples Nacional, terá efeitos quanto à dedução do ICMS da operação própria a ser subtraído no cálculo da Substituição Tributária (ST), quando promover saídas de produtos sujeito ao regime da ST, na condição de Substituto Tributário. Woelfer (2020) diz que como “efeito colateral” todos devem ficar atentos com relação ao preço que será praticado pelos devidos fornecedores do Regime Normal de Apuração, onde passam a ter uma carga de 12% e não mais 17% em relação ao ICMS. Desta forma, entendemos que ele deve reduzir o seu preço de venda para compensar a redução do crédito de ICMS que o adquirente terá com valor menor. Inclusive, quando o adquirente for do Simples Nacional, entendemos caber este direito à redução do valor por parte de seu fornecedor. Já para as empresas do Simples Nacional na condição de fornecedor, não terá como reduzir o valor de venda, visto que a empresa paga o ICMS de acordo com a faixa em que se encontra nos moldes da LC 123/06. Assim, esta redução não terá efeitos nesta forma de tributação (Simples Nacional). Esta alteração também não afeta a alíquota a ser aplicada no caso do cálculo do ICMS por ocasião do desembaraço de mercadoria, no momento da importação. Dessa forma, temos as projeções do ICMS sobre vendas e sobre compras: • Vendas R$ 1.920.000,00 x 12% = R$ 230.400,00 • Compras (60% das vendas) R$ 1.152.000,00 x 12% = R$ 138.240,00 • Valor do ICMS na compra = R$ 230.400,00 ( - ) Valor do ICMS na venda = R$ 138.240,00 • Valor do ICMS efetivo = $ 92.160,00 As informações extraídas da apuração anterior permitem identificar o valor do ICMS efetivo em R$ 92.160,00 pela subtração do valor do ICMS nas compras, pelo valor do ICMS nas vendas. Agora temos condições de realizar a análise do PIS e da COFINS pelo regime tributário do LUCRO PRESUMIDO. • Base de cálculo PIS Lucro Presumido: R$ 1.920.000,00 • Alíquota PIS Lucro Presumido: 0,65% • Valor PIS Lucro Presumido: R$ 12.480,00 179 • Base de cálculo COFINS Lucro Presumido: R$ 1.920.000,00 • Alíquota COFINS Lucro Presumido: 3,00% • Valor COFINS Lucro Presumido: R$ 57.600,00 Em seguida, deve-se apurar o IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica – e a CSLL – Contribuição Social sobre Lucro Líquido – no enquadramento do Lucro Presumido. Nesse caso, há a necessidade de apurar a base de cálculo do IRPJ e CSLL em: • IRPJ 8% • CSLL 12%. Dessa forma, temos para o IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica – os seguintes valores: 1º trimestre: Vendas R$ 445.396,50 x 8% = R$ 35.631,72 base de cálculo do IRPJ 2º trimestre: Vendas R$ 512.703,11 x 8% = R$ 41.016,25 base de cálculo do IRPJ 3º trimestre: Vendas R$ 519.897,90 x 8% = R$ 41.591,83 base de cálculo do IRPJ 4º trimestre: Vendas R$ 442.002,49 x 8% = R$ 35.360,20 base de cálculo do IRPJ Com a base de cálculo apurada, será necessário apurar a alíquota de 15% para identificar o IRPJ efetivo para a empresa enquadrada no regime tributário do Lucro Presumido. É importante observar que a empresa não atingiu a base acumulada em R$ 60.000,00 ao trimestre, desta forma, não haverá a incidência do adicional da alíquota de 10% no IRPJ. 1º trimestre: Base de cálculo do IRPJ = R$ 35.631,72 x 15% = R$ 5.344,76 2º trimestre: Base de cálculo do IRPJ = R$ 41.016,25 x 15% = R$ 6.152,44 3º trimestre: Base de cálculo do IRPJ = R$ 41.591,83 x 15% = R$ 6.238,77 4º trimestre: Base de cálculo do IRPJ = R$ 35.360,20 x 15% = R$ 5.304,03 Com isso, o valor total do IRPJ para a empresa no enquadramento tributário do Lucro Presumido é de R$ 23.040,00 (R$ 5.344,76 + R$ 6.152,44 + R$ 6.238,77 + R$ 5.304,03). A CSLL segue o mesmo padrão de cálculo, porém, a base de cálculo é de 12% e a alíquota é de 9%. Dessa forma, temos para o IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica – os seguintes valores: 180 1º trimestre: Vendas R$ 445.396,50 x 12% = R$ 53.447,58 base de cálculo da CSLL 2º trimestre: Vendas R$ 512.703,11 x 12% = R$ 61.524,37 base de cálculo da CSLL 3º trimestre: Vendas R$ 519.897,90 x 12% = R$ 62.387,75 base de cálculo da CSLL 4º trimestre: Vendas R$ 442.002,49 x 12% = R$ 53.040,30 base de cálculo da CSLL Com a base de cálculo apurada, será necessário apurar a alíquota de 9% para identificar a CSLL efetiva para a empresa enquadrada no regime tributário do Lucro Presumido. 1º trimestre: Base de cálculo do IRPJ = R$ 53.447,58 x 9% = R$ 4.810,28 2º trimestre: Base de cálculo do IRPJ = R$ 61.524,37 x 9% = R$ 5.537,19 3º trimestre: Base de cálculo do IRPJ = R$ 62.387,75 x 9% = R$ 5.614,90 4º trimestre: Base de cálculo do IRPJ = R$ 53.040,30 x 9% = R$ 4.773,63 Com isso, o valor total do IRPJ para a empresa no enquadramento tributário do Lucro Presumido é de R$ 20.736,00 (R$ 4.810,28 + R$5.537,19 + R$ 5.614,90 + R$ 4.773,63). Em seguida, será realizada a análise da tributação pelo lucro real. Para isso, há a necessidade de separar algumas informações adicionais a título de exemplo para o cálculo: » Estoque inicial de R$ 47.000,00. » Estoque final de R$ 100.000,00. » Custo com mão de obra de R$ 216.000,00. » Custo com mão de obra referente Férias e 13º Salário de R$ 24.000,00. » INSS empresa em 27,80% (20% mais os adicionais como INCRA, SESI, SENAI, SAT etc.) sobre salários e o 13º salário com o acréscimo de 1/3 das férias, o que irá perfazer o valor de INSS em R$ 66.720,00. » FGTS de R$ 19.200,00. » Matérias-primas/mercadorias/insumos de R$ 1.152.000,00. » Outros custos e despesas de R$ 25.000,00. » Depreciações e equipamentos de R$ 18.000,00. » Pró-labore e serviços de terceiros pessoa física R$ 24.000,00. » INSS sobre pró-labore e serviços de terceiros pessoa física de R$ 4.800,00. » Despesas gerais e administrativas de R$ 24.000,00. Importante é considerar a alíquota do PIS de 1,65% e da Cofins de 7,60% e aproveitar o crédito das compras para estes impostos. Portanto, o PIS e a COFINS para a empresa enquadrada no regime tributário do Lucro Real é de R$ 19.008,00 de crédito nas compras para o PIS e R$ 87.552,00 de crédito nas compras para a COFINS. 181 Pelo exemplo apurado, o melhor regime tributário para o crédito dos valores nas compras é o Lucro Real, pois os valores dos créditos são superiores. 2.4 ANÁLISE DO EFEITO TRIBUTÁRIO – SIMPLES NACIONAL, LUCRO PRESUMIDO E LUCRO REAL Agora temos os resultados para as três situações. Projetamos os resultados finais em uma DRE – Demonstração do Resultado do Exercício – para melhor visualização e análise conforme exposto no Quadro seguinte. Assim, temos: QUADRO 5 – RESUMO DOS TRIBUTOS, CONTRIBUIÇÕES E RESULTADO FINAL Demonstração do Resultado Projetado Simples Nacional Lucro Presumido Lucro Real Receita de Vendas R$ 1.920.000,00 R$ 1.920.000,00 R$ 1.920.000,00 ( - ) Simples Nacional -R$ 197.240,00 R$ - R$ - ( - ) PIS R$ - -R$ 12.480,00 -R$ 31.680,00 ( - ) COFINS R$ - -R$ 57.600,00 -R$ 145.920,00 ( - ) ICMS R$ - -R$ 230.400,00 -R$ 230.400,00 Receita Líquida de Vendas R$ 1.722.760,00 R$ 1.619.520,00 R$ 1.512.000,00 ( - ) Estoque Inicial -R$ 47.000,00 -R$ 47.000,00 -R$ 47.000,00 Estoque Final R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 ( - ) Salários -R$ 216.000,00 -R$ 216.000,00 -R$ 216.000,00 ( - ) 13º Salário + 1/3 Férias -R$ 24.000,00 -R$ 24.000,00 -R$ 24.000,00 ( - ) INSS s/ salários em 27,80% com adicionais R$ - -R$ 66.720,00 -R$ 66.720,00 ( - ) FGTS -R$ 19.200,00 -R$ 19.200,00 -R$ 19.200,00 ( - ) Matérias-primas/ mercadorias/insumos -R$ 1.152.000,00 -R$ 1.152.000,00 -R$ 1.152.000,00 ( - ) Outros Custos e Despesas -R$ 25.000,00 -R$ 25.000,00 -R$ 25.000,00 ( - ) Depreciações Equipamentos -R$ 18.000,00 -R$ 18.000,00 -R$ 18.000,00 Créditos PIS R$ - R$ - R$ 19.008,00 Créditos COFINS R$ - R$ - R$ 87.552,00 Créditos de ICMS nas Compras R$ - R$ 138.240,00 R$ 138.240,00 ( - ) Pró-Labore e Serviços 3º PF -R$ 24.000,00 -R$ 24.000,00 -R$ 24.000,00 ( - ) INSS s/ Pró-Labore e Serviços 3º PF R$ - -R$ 4.800,00 -R$ 4.800,00 182 ( - ) Despesas Gerais e Administrativas -R$ 24.000,00 -R$ 24.000,00 -R$ 24.000,00 Lucro antes do IRPJ + CSLL R$ 273.560,00 R$ 237.040,00 R$ 236.080,00 IRPJ R$ - -R$ 23.040,00 -R$ 35.412,00 CSLL R$ - -R$ 20.736,00 -R$ 21.247,20 RESULTADO FINAL R$ 273.560,00 R$ 193.264,00 R$ 179.420,80 FONTE: Os autores De acordo com os números apresentados, descarta-se a opção pelo Lucro Real, pois ele está em R$ 179.420,80. O Lucro Presumido está em segundo lugar com R$ 193.264,00 e o Simples Nacional apresenta um lucro de R$ 273.620,00. Vale lembrar que o IRPJ no enquadramento do regime tributário do Lucro Real é de R$ 35.412,00 devido à incidência de 15% sobre o lucro tributável de R$ 236.080,00, assim como a CSLL de 9% sobre o lucro tributável de R$ 236.080,00, o que permitirá apurar o valor de R$ 21.247,20. Qualquer variação nos valores apresentados na DRE – Demonstração do Resultado do Exercício – pode interferir na decisão. Por isso, os dados históricos corretos, bem como a projeção para o próximo exercício, se tornam muito importantes para a análise, como também a atualização do profissional em relação à legislação pertinente aos tributos. Em função do resultado obtido, devemos levar em consideração ainda nesse exemplo a relação do crédito do ICMS para os clientes. Se isso for um fator mercadológico relevante, temos que considerar com maior prudência a opção, visto que se for a do Simples Nacional, o crédito a ser transferido é menor do que se fosse pelo Lucro Real. Desta forma, o planejamento tributário para essa situação e considerando as variáveis analisadas com o devido conservadorismo, inclusive as variáveis de mercado, fica clara a opção pelo Simples Nacional, pois é o melhor resultado apresentado nesse comparativo. Esse é apenas um exemplo do planejamento tributário para demonstrar a sua importância para as empresas. Todavia, para auxiliar na análise da situação tributária, podemos utilizar a auditoria, cujo tema vem a seguir. 183 3 AUDITORIA TRIBUTÁRIA Outra ferramenta útil para a análise e acompanhamento do trabalho fiscal e tributário de uma organização é a auditoria com a finalidade de verificar o cumprimento das normas e aproveitar as vantagens oferecidas pelo sistema tributário em vigor. Veja a contribuição de Carrijo (2020, s.p., grifo nosso): Sem dúvidas, o principal objetivo da auditoria tributária é garantir mais segurança fiscal aos negócios. Para tanto, ela confere aos empresários a oportunidade de enxergar as operações de seus empreendimentos com mais nitidez, apontando tudo aquilo que está certo ou errado; tudo o que pode representar riscos a curto, médio ou longo prazo. E por falar em riscos, prevenir as empresas contra eles é justamente o segundo maior objetivo da auditoria tributária. Oferecendo aos negócios meios para melhor controlar processos e atividades, bem como para identificar aquilo que precisa ser ajustado, a auditoria acaba por blindá-los contra possíveis autuações por parte do Fisco e, consequentemente, contra prejuízos no faturamento. Para além desses, ainda é possível citar vários outros objetivos da auditoria tributária, como o aprimoramento da gestão fiscal e o melhor controle das rotinas e registros contábeis, por exemplo. O Brasil possui um dos sistemas mais complexos do mundo, com cerca de cinco mil leis que regem o sistema tributário e aproximadamente 80 tributos (taxas, impostos e contribuições) diferentes. Lembra Oliveira et al. (2011, p. 341) que, nesse sentido: Auditoria tributária corresponde à avaliação dos métodos e critérios adotados pelas empresas nas áreas fiscais/tributárias com a finalidade de verificar o exato cumprimento das normas vigentes no sentido de evitar acúmulo de contingências pela adoção de procedimentos incorretos ou deixar de aproveitar possíveis vantagens fiscais pela ausência de adoção de procedimentos alternativos. A atividade da auditoria inclui a revisão dos cálculos e todos os aspectos relativos ao cumprimento das obrigações acessórias e principais dos tributos diretos e indiretos. O objetivo é certificar-se de que os procedimentos adotados atendem às legislações vigentes. A partir disso surgem as recomendações de alternativas legais para a economia e recuperação de impostos, pagos a mais ou indevidamente, e também a identificação de possíveis contingências e estudo de soluções para as devidas regularizações de forma menos onerosa e aproveitando-se da legislação (OLIVEIRA et al., 2011). O trabalho de auditoria requer o estabelecimento de um plano de trabalho para realização das auditorias, diz Andrade Filho (2009). Esse plano deve abranger a natureza, a extensão e a finalidade dos exames e contemplar também a natureza e a época derealização. 184 Nesse sentido, a finalidade dos exames determina o escopo da auditoria. Em outras palavras, é o objetivo da auditoria que ditará a natureza e a extensão dos exames que deverão ser realizados (ANDRADE FILHO, 2009). 3.1 TRABALHOS DA AUDITORIA TRIBUTÁRIA O trabalho de auditoria pode se prestar a diversas finalidades, como destacadas por Andrade Filho (2009) na sequência: QUADRO 6 – TIPOS DE AUDITORIA Auditoria de balanço Realizada por auditor independente que visa formar opinião sobre a situação patrimonial, econômica e financeira e emitir parecer que será publicado com as demonstrações contábeis exigidas por lei. Auditoria em fusões e aquisições Contratadas com a finalidade de oferecer uma opinião sobre a situação da empresa em venda. O caráter deste tipo de auditoria é eminentemente preventivo. Auditorias especiais e perícias Oferece opinião sobre balanços levantados para fins específicos. A perícia constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio. Revisões de procedimentos Visam à expedição de um parecer formal sobre o cumprimento das obrigações tributárias em uma entidade. FONTE: Adaptado de Andrade Filho (2009, p. 9-12) Para tanto, Oliveira et al. (2011) propõe um roteiro para um programa de auditoria com dois eixos básicos, a saber: Execução de procedimentos: a natureza, a época de aplicação e a extensão dos procedimentos de comprovação específicos a serem executados nos livros e documentos. Procedimentos contábeis a serem revistos pela auditoria: são relacionados os tópicos do balanço patrimonial e as principais influências no cálculo do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas. Isso inclui: disponibilidades, contas a receber, valores mobiliários, imóveis destinados a venda, adiantamentos a fornecedores, impostos a recuperar, estoques, investimentos, ativo intangível, obrigações, variações monetárias e encargos financeiros, impostos de renda a pagar, obrigações diversas, patrimônio líquido e impostos de renda. IMPORTANTE 185 Elas são conduzidas, via de regra, dentro dos padrões técnicos de uma auditoria convencional. Toda auditoria culmina com a apresentação de um relatório. Os relatórios e pareceres expressam uma opinião abalizada do auditor sobre determinado assunto. No entanto, existe diferença entre relatório e parecer? De acordo com Andrade Filho (2009), um parecer é um relatório em forma abreviada e tem a função de dar a conhecer ao público o resultado produzido pelo trabalho de auditoria. Já o relatório tem a mesma finalidade de um parecer, mas com maior riqueza de detalhes. As auditorias têm uma função que vão além da verificação dos procedimentos e métodos. Os exames da auditoria podem revelar a ocorrência de fraudes ou situações em que o não cumprimento das obrigações tributárias pode atrair a aplicação de normas penais. Por isso, Andrade Filho (2009) considera o caráter preventivo da auditoria. A fraude caracteriza-se pela ação ou omissão praticada com má-fé com o objetivo de impedir a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária ou que implique a modificação de algum dos outros aspectos da relação jurídica tributária (ANDRADE FILHO, 2009). A sonegação ocorre mediante a ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência de fato gerador ou das condições pessoais do contribuinte (ANDRADE FILHO, 2009). As penas mais comuns são as multas. Elas incidem sempre que houver o não cumprimento de obrigações tributárias principais ou acessórias e nos casos em que não puder ser aplicada a norma do art. 138 do Código Tributário Nacional, que exclui da responsabilidade por multa quando houver a denúncia espontânea da falta, seguida do recolhimento do tributo devido acrescido de juros de mora (ANDRADE FILHO, 2009, p. 20). Além da multa, a penalidade pode incluir a multa de mora que incide quando a obrigação tributária não é cumprida no prazo legal e desde que as autoridades fiscais tenham dado início do procedimento fiscal para realização do lançamento tributário. Depois de iniciado o procedimento administrativo, também pode ser aplicável a multa de ofício, que pode ser agravada conforme as circunstâncias da falta, explica Andrade Filho (2009). 3.2 CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA Além da fraude e da sonegação, o não cumprimento de obrigações tributárias pode caracterizar crime contra a ordem tributária, se a conduta que deu causa à infração for enquadrada nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90. 186 Nestes casos, Andrade Filho (2009) nos informa que constitui crime contra a ordem tributária: a. Omitir informação ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias. b. Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal. c. Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda ou qualquer outro documento relativo à operação tributável. d. Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato. e. Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. f. Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo. g. Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos. h. Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer porcentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal. i. Deixar de aplicar ou aplicar em desacordo com o estatuto, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento. j. Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Portanto, o auditor deve ter ciência de que as condutas definidas nas leis só serão puníveis quando praticadas com dolo. O auditor deve tomar todo cuidado para não fazer juízos com base em conjecturas. O dolo e fraude devem ser provados em qualquer hipótese, diz Andrade Filho (2009). Disso decorre o caráter preventivo quanto ao fazer a verificação dos procedimentos e métodos tributários adotados pela organização. Com isso, encerramos o Tópico 2, em que abordamos os tipos de planejamento tributário. 187 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Os tipos de planejamento existentes são o operacional (refere-se aos procedimentos formais prescritos pelas normas ou pelo costume); o estratégico (implica mudança de algumas características estratégicas da empresa, tais como estrutura de capital, tipos de empréstimos, contratação de mão de obra etc.); e o jurídico (em que se consideram exclusivamente os efeitos fiscais no tempo). • A gestão tributária consiste em uma soma de procedimentos e ações que toda empresa deve desempenhar no que se refere ao recolhimento de tributos. • No momento em que a Pessoa Jurídica solicita a inscrição como optante do Simples Nacional, esta deve ter ciência de sua projeção de receita para o período. • Uma importante ferramenta útil para a análise e acompanhamento do trabalho fiscal e tributário de uma organização é a auditoria com a finalidade de verificar o cumprimento das normas e aproveitar as vantagens oferecidas pelo sistema tributário em vigor. • A atividade da auditoria inclui a revisão dos cálculose todos os aspectos relativos ao cumprimento das obrigações acessórias e principais dos tributos diretos e indiretos. • O trabalho de auditoria pode se prestar a diversas finalidades, como: auditorias especiais e perícias, auditoria em fusões e aquisições, auditoria de balanço e revisões de procedimentos. • Um parecer é um relatório em forma abreviada e tem a função de dar a conhecer ao público o resultado produzido pelo trabalho de auditoria. 188 1 A atividade da auditoria inclui a revisão dos cálculos e todos os aspectos relativos ao cumprimento das obrigações acessórias e principais dos tributos diretos e indiretos. O objetivo é certificar-se de que os procedimentos adotados atendem às legislações vigentes. Quais são os procedimentos contábeis a serem revistos pela auditoria? a) ( ) São relacionados os tópicos do balanço patrimonial e as principais influências no cálculo do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas. Isso inclui: disponibilidades, contas a receber, valores mobiliários, imóveis destinados a venda, adiantamentos a fornecedores, impostos a recuperar, estoques, investimentos, ativo intangível, obrigações, variações monetárias e encargos financeiros, impostos de renda a pagar, obrigações diversas, patrimônio líquido e impostos de renda. b) ( ) São relacionados os tópicos do balanço da produção da empresa e as principais influências no cálculo do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas. Isso inclui: disponibilidades, contas a receber, valores mobiliários, imóveis destinados a venda, adiantamentos a fornecedores, impostos a recuperar, estoques, investimentos, ativo intangível, obrigações, variações monetárias e encargos financeiros, impostos de renda a pagar, obrigações diversas, patrimônio líquido e impostos de renda. c) ( ) São relacionados os tópicos do balanço patrimonial e as principais influências no cálculo do imposto sobre a circulação das mercadorias e serviços. Isso inclui: disponibilidades, contas a receber, valores mobiliários, imóveis destinados a venda, adiantamentos a fornecedores, impostos a recuperar, estoques, investimentos, ativo intangível, obrigações, variações monetárias e encargos financeiros, impostos de renda a pagar, obrigações diversas, patrimônio líquido e impostos de renda. d) ( ) São relacionados os tópicos do balanço patrimonial e as principais influências no cálculo do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas. Isso inclui: disponibilidades, contas a receber, valores mobiliários, imóveis destinados a venda, adiantamentos a fornecedores, impostos a recuperar, estoques, investimentos, ativo intangível, obrigações, variações monetárias e encargos financeiros, impostos de renda a receber, obrigações diversas, patrimônio das vendas e impostos de renda. e) ( ) São relacionados os tópicos do balanço patrimonial e as principais influências na demonstração do resultado do exercício. Isso inclui: disponibilidades, contas a receber, valores mobiliários, imóveis destinados a venda, adiantamentos a fornecedores, impostos a recuperar, estoques, investimentos, ativo intangível, obrigações, variações monetárias e encargos financeiros, impostos de renda a pagar, obrigações diversas, patrimônio líquido e impostos de renda. AUTOATIVIDADE 189 2 Uma ferramenta útil para a análise e acompanhamento do trabalho fiscal e tributário de uma organização é a auditoria com a finalidade de verificar o cumprimento das normas e aproveitar as vantagens oferecidas pelo sistema tributário em vigor. Nesse sentido, o que corresponde à auditoria tributária? 3 Com relação ao cálculo do Simples Nacional, propriamente dito, para chegar ao valor que precisa ser recolhido é preciso considerar o faturamento acumulado da empresa nos últimos 12 meses, e consultar a Tabela do Simples Nacional para verificar a alíquota. Se a empresa atingir o excesso de receita no ano calendário em que foi feita a opção pelo Simples Nacional, quais são os fatores que os gestores da empresa deverão estar atentos? Analise as seguintes alternativas e assinale a correta: a) ( ) A ME que exceder a receita bruta no ano em exercício será enquadrada como Lucro Real no ano seguinte. b) ( ) A EPP que exceder a receita bruta em 30% no ano em exercício será desenquadrada no mês seguinte. c) ( ) A EPP que exceder a receita bruta em menos de 20% no ano em exercício será desenquadrada a partir do ano anterior. d) ( ) A EPP que exceder a receita bruta em 20% no ano de início das atividades será desenquadrada retroativamente ao início das atividades. e) ( ) Poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto na Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Geral da União dos Estados e Municípios, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica. 4 Os exames da auditoria podem revelar a ocorrência de fraudes ou situações em que o não cumprimento das obrigações tributárias pode atrair a aplicação de normas penais. O que caracteriza a fraude? Justifique. 5 Todo e qualquer procedimento de atividades empresariais requer um bom planejamento tributário. Desta forma, há a necessidade de conhecer os tipos de planejamento tributário existentes. Quais são os tipos de planejamento tributário existentes? a) ( ) Operacional: Implica mudança de algumas características estratégicas da empresa, tais como estrutura de capital, tipos de empréstimos, contratação de mão de obra etc. b) ( ) Estratégico: Refere-se aos procedimentos formais prescritos pelas normas ou pelo costume. c) ( ) Jurídico: pode ser o Preventivo que é detectada uma anormalidade, deve-se proceder o estudo para alternativas de correção. d) ( ) Jurídico: pode ser o Especial que é desenvolvido continuamente por intermédio de orientações, manuais de procedimentos, sobretudo, as atividades de cumprimento da legislação tributária nas obrigações principais e acessórias. e) ( ) Jurídico: pode ser o Especial que surge em função de determinado fato, por exemplo, lançamento de novos produtos, reestruturação societária etc. 190 191 TÓPICO 3 - OTIMIZAÇÃO DOS RESULTADOS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A otimização dos resultados nas empresas tem relação direta com a gestão de custos, pois é nesta área que o gestor empresarial precisa tomar bastante cuidado com a valorização dos estoques e consequentemente a formação dos preços de vendas dos produtos. No entanto, nesta unidade, a abordagem está voltada para o planejamento tributário, porque há necessidade de conhecer os impactos tributários nos créditos dos tributos nas compras dos insumos para a produção. É importante reforçar que os benefícios de um planejamento tributário empresarial estão relacionados com a redução dos custos do negócio e o aumento da competitividade. Também evita a aplicação de penalidades e principalmente auxilia na definição do melhor regime tributário. 2 COMO OTIMIZAR OS RESULTADOS NAS EMPRESAS As empresas só continuarão existindo se forem lucrativas e somente serão lucrativas, se produzirem mais, com mais qualidade e baixo custo. Não poderão hesitar de cobrar o que entendem que o produto vale. A precificação ou formulação dos preços de venda dos produtos e serviços não raros é complicada, em razão dos conflitos relacionados aos sentimentos de quem o está realizando: (a) querer servir aos mais diversos grupos de clientes, e (b) estar no negócio para ganhar dinheiro. Para isso, buscou-se em Roach (2021, s. p.): Mais do que um recurso que garante vendas, a precificação de produtos é uma estratégia de marketing – e, quanto melhor for o preço praticado pela sua loja, maiores são as suas chances de fidelizar clientes e conquistar novos clientes em potencial. A precificação é também um dos elementos responsáveis por garantir clientes satisfeitos e um processo de compra orgânico e natural, e deve ser priorizada juntamente com os canais de atendimento ao cliente e as opções de pagamento online disponibilizadas na loja. Especialistas afirmamque é real a possibilidade de se aumentar lucro em basicamente todos os negócios envolvendo produtos e serviços, corrobora Leite (2021, s.p.): 192 Quando a empresa segue a cartilha da boa administração e faz a sua gestão de custos de forma adequada, ela abre espaço para agregar qualidade para suas mercadorias e serviços. Se você sabe quais itens fazem mais sucesso financeiramente – ou quais deles têm o melhor custo-benefício –, pode focar mais seus esforços de venda neles. A dificuldade de atingir este objetivo ocorre porque as pessoas responsáveis pelos preços de venda não pensam de forma correta na formulação dos preços e correspondente lucratividade. Para a maior parte dos formuladores de preços de venda, o preço envolve a mistura de compromissos, adivinhações, cálculos, seguir concorrentes e fazer as coisas que os competidores estão praticando. Fazem errado também aqueles que desconhecem o fato de que a venda é uma rodovia de mão dupla: comprador e vendedor ficam frente a frente para cumprir um objetivo pessoal e previamente definido. É necessário saber que alguns clientes irão valorizar determinado produto mais que outros. Conforme Paulillo (2021, s.p.), “a expectativa do cliente é o conjunto de características, atributos e funcionalidades do produto ou serviço que ele está adquirindo que ele acredita que serão capazes de solucionar seu problema ou atender suas necessidades”. Em outras palavras, é o resultado que o cliente espera obter ao adquirir um produto ou serviço. Imagine em um restaurante um casal jovem com filhos menores e outro casal festejando 40 anos de casados. Serão percebidos valores diferentes para o cardápio oferecido. Nestes casos se recomenda contemplar nas estratégias de precificação, possíveis alternativas, tais como: cardápio normal, menu para jovens, descontos especiais para idosos, menu especial etc. Trata-se de uma forma de servir os mais variados clientes possíveis e lucrar com isso. A razão é o simples fato que para cada prato oferecido existem pelo menos duas pessoas dispostas a pagar preços diferentes. Não se trata simplesmente de estabelecer um valor numérico, são necessárias estratégias de maximizar os resultados, o que é factível de ser implementado prontamente. Existem muitas estratégias de precificação diferenciadas. Entre uma infinidade de exemplos praticados e conhecidos, incluem-se: (a) Conforme Renne (2021), o sistema de passagem do metrô em Washington é um pouco diferente do Brasil. A cobrança é feita com base no horário e distância percorrida. Como o cálculo do valor é feito apenas na saída, você precisará do ticket para deixar a estação. O montante debitado será de acordo com o seu destino final, dessa forma, o metrô de Washington DC (USA) pratica valores diferentes nos horários de pico e fora deles. (b) Empresas de telefonia que praticam preços diferenciados, de acordo com a região e correspondente capacidade financeira dos clientes. Se alguns pagam mais e podem fazê-lo, é lucro para a empresa. A receita adicional pode subsidiar alguns produtos/ serviços e melhorar a qualidade de outros. Existem, por sua vez, restaurantes que concedem descontos no preço do almoço, aos clientes que chegarem entre 13:30 e 14:30 horas (x%) e 14:30 até as 15 horas (y%). São as refeições “half-menu” (“metade do menu”). 193 A ideia centrada essencialmente em cortar custos nem sempre é uma resposta completa o suficiente para a empresa. É melhor oferecer produtos com diferentes níveis de qualidade e preços, para manter a rentabilidade frente aos clientes leais. É o que companhias que vendem cigarro e whisky fazem. Para muitos profissionais, a precificação é uma das áreas da estratégia empresarial, na qual se sentem desconfortáveis e vulneráveis. Para estes o assunto é muito complexo. Uma possível solução recomendada, entre alternativas, pode incluir quatro iniciativas: (a) concentrar esforços e incentivos de vendas, nos produtos com maiores margens; (b) se possível, trabalhar com mix de produtos; (c) utilizar-se da política de preços promocionais; (d) facilitar o financiamento das vendas para os clientes. Em qualquer atividade, se pode aumentar a lucratividade, percebendo-se que a precificação envolve muito mais achados que a simples identificação do preço justo para o produto. A precificação de produtos e serviços é algo difícil se previamente não for analisada a demanda e a elasticidade de preços. Lima (2018) afirma que se precifique seus produtos corretamente e melhore suas vendas, criando a base para um negócio que irá prosperar. Obtenha uma estratégia de precificação errada e você poderá criar problemas que sua empresa talvez nunca consiga superar. Para muitos, o tema preços tem sido assunto e/ou experiência frustrante: muitas opções, muitos fatores a contemplar e pouco tempo e paciência para dedicar-se. Formular o preço de venda é mais que um número, é uma série de estratégias integradas. É difícil formular o preço “perfeito”. Se o preço está alto, perdem-se vendas para clientes em potencial, que não estão dispostos a pagar mais. Se baixo, a empresa deixa de lucrar com clientes dispostos a pagar mais pelo produto ou serviço. É aconselhável a utilização de pesquisas de mercado para obter ideias do montante que os potenciais clientes estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço. Cabe ressalvar que: (a) não são as pesquisas de mercado isoladamente que fornecerão as respostas que permitirão definir o preço ótimo; (b) o montante que o cliente está disposto a pagar é subjetivo e o entendimento da resposta é a chave para o sucesso da precificação. É importante se conscientizar que deixar de lucrar por conta da má formulação do preço é algo semelhante à perda que ocorre com uma aeronave que decola com metade das poltronas vazias. Para a empresa atingir o sucesso, há a necessidade de balancear as forças, direcionando seus esforços para a criação de valores aos seus clientes através de processos internos que orientam as ações da empresa. Isso é preciso ser feito para se manter a criação de valores em longo prazo. 194 2.1 LUCRO X PREJUÍZO Empresas do mesmo segmento podem apresentar resultados opostos. Por quê? A resposta pode estar na forma de pensar e a cultura existente em uma e outra. Para lucrar há a necessidade de se criar esta cultura na empresa. Geralmente são muitas as pessoas de alguma maneira conectadas com o assunto preço de venda. O pessoal de marketing estabelece preços e descontos promocionais. O pessoal de vendas geralmente tem poderes para negociar estes preços, contemplando as demandas de cada região, em razão da muita ou pouca concorrência. A área financeira desenvolve os planos de pagamento. Todos precisam: (a) entender como suas ações afetam os resultados da empresa, e (b) receber treinamento, orientações, informações, incentivos e ferramentas de trabalho para que a empresa possa lucrar e crescer. Em algumas empresas há a necessidade de mudanças. Faz-se necessário reforçar a cultura do lucro. Há inclusive alguma semelhança com o que ocorre com as pessoas, quando estabelecem para si a importância de perder peso e realizar mudanças na forma de viver. Implica em comer dentro de um contexto diferenciado e também de se exercitar regularmente. Nas pessoas o efeito é se sentir melhor; nas empresas é lucrar e crescer. A área comercial deveria investir mais tempo nos clientes e produtos mais rentáveis. Para que tal possa ocorrer, há a necessidade de se trocar informações na empresa. Esta será mais lucrativa se as pessoas forem bem-informadas. Existem pessoas que não entendem o verdadeiro significado do lucro. Estas precisam saber como o seu dia a dia no trabalho afeta, de alguma maneira, a última linha da demonstração de resultados da empresa. A transparência aumenta o moral das pessoas, quando estas aprendem e conhecem a melhor maneira de realizar seus trabalhos. Elas também precisam aprender que o acréscimo de 1% no preço de venda dos produtosanual, ou outras formas. O pagamento do tributo extingue o débito do contribuinte, eliminando a obrigação principal. Agora que estudamos os elementos dos tributos, vamos conhecer o Sistema Tributário Nacional, que norteia tudo o que se refere a tributos no Brasil. 4 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL O CTN (1966) normatiza o Sistema Tributário Nacional – STN – no livro primeiro, a partir do artigo 2º e seguintes. Vejamos os principais: Se uma empresa possui R$ 650,00 a pagar de determinado tributo, mas também possui R$ 270,00 a compensar, o valor a ser pago no período será apenas a diferença entre eles: R$ 650 – R$ 270 = R$ 380,00. NOTA Não confunda CTN com STN. CTN é a sigla para Código Tributário Nacional, lei que aborda as principais questões tributárias. Já STN é a sigla para Sistema Tributário Nacional, no qual é composto por um conjunto de leis federais, estaduais e municipais que formam a complexa estrutura tributária brasileira. NOTA 8 Art. 2º O sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional n. 18, de 1º de dezembro de 1965, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, nas Constituições e em leis estaduais, e em leis municipais (CTN, 1966, s.p.). No artigo 2º, vemos que o STN é formado por diversas leis, sejam elas federais, estaduais ou municipais. A referida Emenda Constitucional – EC – nº 18, de 1965, também possui informações importantes sobre o STN. Em seu artigo 1º afirma que: O sistema tributário nacional compõe-se de impostos, taxas e contribuições de melhoria, e é regido pelo disposto nesta Emenda, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal, e, nos limites das respectivas competências, em leis federal, estadual ou municipal (BRASIL, 1965, s.p.). A EC 18 complementa o que o CTN afirmou anteriormente, dizendo que o STN também é composto por impostos, taxas e contribuição de melhoria. Você deve se perguntar: se existem tantas leis, como saber qual vem primeiro? Para essa pergunta, a resposta encontra-se na hierarquia das leis, conforme a Figura 2: FIGURA 2 – PIRÂMIDE DA HIERARQUIA DAS LEIS FONTE: Quizlet (2021, s. p.) A figura da pirâmide demonstra que a Constituição Federal – CF – de 1988, bem como suas emendas constitucionais, são a lei máxima, ou também conhecida como lei mestre. No entanto, como veremos mais à frente, a Constituição Federal não aborda profundamente cada tributo e são necessárias leis complementares, ou seja: leis que complementam aquilo que foi abordado na CF. O que não é abordado em lei complementar está em leis ordinárias. A seguir, têm-se as medidas provisórias e outras leis, e por fim, as resoluções, normalmente provenientes de órgãos de classe. 9 Por exemplo, no artigo 145, a Constituição Federal fixa tributos, mas não especifica cada um deles, além disso, no artigo 146, comenta que cabe à lei complementar normatizar diversas questões, como segue: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo (BRASIL, 1988). Então apenas analisando os dois artigos supracitados, já percebemos que apesar da CF ser a lei maior, ela precisa de leis complementares. Aproveitando, que chegamos ao artigo 145 surge um debate bem comum entre os acadêmicos: se os poderes poderão instituir tributos e estes poderão ser impostos, taxas ou contribuição, quer dizer que tributo não é a mesma coisa que imposto? Ou vice-versa? Você pensava que imposto e tributo eram sinônimos? Fique tranquilo, muita gente também pensa assim. No entanto, veja só: os impostos, como taxas e contribuições, são espécies de tributos. Ou seja: imposto é um tributo, mas não necessariamente um tributo será um imposto, visto que poderá ser taxa ou contribuição. Falando em imposto, vamos conhecer mais sobre eles? 10 4.1 IMPOSTOS Sobre o significado de imposto, o artigo 16 do CTN (1966) indica que: “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. Sobre a quais poderes compete instituir determinados tributos, o CTN (1966, s.p.) complementa com o artigo 18: Art. 18. Compete: I - à União, instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se aqueles não forem divididos em Municípios, cumulativamente, os atribuídos a estes; II - ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios, instituir, cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos Municípios. Quais os impostos que existem? Conforme o CTN (1966) são os seguintes: QUADRO 2 – IMPOSTOS Impostos Sigla Imposto sobre Importação II Imposto sobre Exportação IE Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana IPTU Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a eles Relativos ITBI e ITCMD Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza IRPJ, IRPF, IRRF Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Imposto sobre Serviços ISS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestações de Serviços de Transporte interestadual e intermunicipal e de Comunicação ICMS Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores IPVA Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários IOF FONTE: CTN (1966, s.p.) Há uma segregação dos impostos conforme a competência tributária, seja a União (Federais), Estados (Estaduais) ou Municípios (Municipais). A Constituição Federal (1988) aponta no artigo 153, os impostos de competência da União: 11 Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar (BRASIL, 1988). Já no que se refere aos impostos de competência dos Estados, pode-se verificar no artigo 155 da CF (1988): Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,ou serviços da empresa pode aumentar o resultado líquido em, digamos, 10, 20 ou 30%. Pergunta-se: 1% a mais no preço pago por você na última aquisição de sapatos mudaria a sua opção de compra dele? Esta “matemática” e assunto precisam ser conhecidos por todos da empresa. Pode ocorrer em situações para alavancar, em substituição, a venda de produtos mais rentáveis. Pode se justificar também, considerando-se fatores como volume, concorrência e condição econômica local. Em algumas situações, temporariamente, a empresa poderá estar sintonizada no “market share” (participação no mercado) em detrimento da lucratividade. Além disso, é importante saber valorizar o produto que se está vendendo e lembrar que: (a) raramente é vantagem vender um produto por preço inferior ao custo, (b) descontos até podem ser concedidos, mas de forma discreta e durante apenas um período de tempo e (c) não se pode conceder descontos que possam dificultar vendas subsequentes com lucros. 195 2.2 O PESO DOS ENCARGOS SOBRE OS SALÁRIOS E REMUNERAÇÕES O custo relacionado com os encargos sociais e trabalhistas devidos sobre o valor da remuneração dos empregados é algo assustador. Os porcentuais são variáveis, dependendo das características de operação da empresa ou forma de tributação, porém em média, para as empresas não enquadradas no Simples Nacional, representam: • 88,70 % (os detalhes desse percentual estão no Quadro 7 – Encargos Sociais e Trabalhistas) do valor do salário mensal do empregado. Exemplificando: se a remuneração mensal for R$ 1.000,00, o custo para a empresa será de R$ 1.000,00 + R$ 887,00 = R$ 1.887,00. • Se a remuneração for constituída de comissões sobre as vendas e horas extras, o porcentual atinge aproximadamente 112,58% do valor da remuneração. Exemplificando: R$ 1.000,00 de comissões sobre vendas ou horas extras, pagas ao empregado, custam para a empresa R$ 1.000,00 + R$ 1.112,58 = R$ 2.112,58. No caso de empregado mensalista de micro ou pequena empresa enquadrada no Simples Nacional, com remuneração de R$ 1.000,00, os encargos representam 51,0% (os detalhes desse percentual estão no Quadro 7 – Encargos Sociais e Trabalhistas). Com isso, R$ 1.000,00 de remuneração mensal representará um custo para a empresa de R$ 1.510,00. Faz-se necessário observar que: 1°) As condições e as porcentagens são diferentes de empresa para empresa. Por exemplo, o porcentual para uma indústria de confecções é diferente do de uma construtora. É recomendável estruturar os dados do Quadro seguinte, contemplando as condições específicas da sua empresa, mantendo-os atualizados. 2º) A legislação que trata do assunto é dinâmica. O Quadro 7 apresenta a composição dos porcentuais mencionados e é resultado da pesquisa e cálculo realizado para um grupo de empresas em específico, localizadas no estado de Santa Catarina. 196 QUADRO 7 – ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS FONTE: Os autores Remuneração Empresa no [A] Mensalista (*) Variável (**) SIMPLES (***) % % % INSS (avaliar possível necessidade de adequação à Lei 12.546/11) 20,00% 20,00% SESI / SESC / SEST 1,50% 1,50% SENAI / SENAC / SENAT 1,00% 1,00% INCRA 0,20% 0,20% SEBRAE 0,60% 0,60% SALÁRIO EDUCAÇÃO 2,50% 2,50% SAT (Seguro Acidente Trabalho) - observação 3 3,00% 3,00% FGTS 8,00% 8,00% 8,00% TOTAL 36,80% 36,80% 8,00% [B] % % % DSR (Descanso Semanal Remunerado = 48 domingos : 275 dias úteis/ano) 17,45% Férias (26 dias em média, após descontado o DSR : 275 dias úteis/ano) 9,45% 9,45% 9,45% Adicional de 1/3 das Férias 3,15% 3,15% 3,15% Feriados (12 dias em média por ano : 275 dias/ano) 4,36% 4,36% 4,36% Acidentes do Trabalho (15 dias : 275 dias ano : 4 empregados) - observação 4 1,36% 1,36% 1,36% Décimo Terceiro Salário (30 dias : 275 dias/ano) 10,91% 10,91% 10,91% Licença Paternidade (5 dias : 275 dias/ano : 10 empregados) - observação 5 0,18% 0,18% 0,18% Licença Remunerada (4 dias : 275 dias/ano) 1,45% 1,45% 1,45% TOTAL 30,88% 48,33% 30,87% [C] % % % Av. Prévio Indenizado (39 d : 275 dias/ano x 50% empregados) Lei 12.506/11 7,09% 7,09% 7,09% FGTS sobre o aviso prévio indenizado (8%) 0,57% 0,57% 0,57% Multa 50% do FGTS nas rescisões (50% x 8% x 50% dos empregados) 2,00% 2,00% 2,00% Lei 6.708 art 9 - Indenização p/dispensa no mês anterior ao base de dissídio Contribuição para o Sindicato Assist. médica e/ou seguros saúde e de vida - observação 6 Refeitório e/ou vale alimentação - observação 6 Auxílio e/ou vale transporte - observação 6 Auxílio creche - observação 6 Ajuda escolar - observação 6 Transporte - observação 6 Outros custos - observação 6 TOTAL 9,66% 9,66% 9,66% [D] % % % Incidências Cumulativas [A x B] 11,36% 17,79% 2,47% 88,70% 112,58% 51,00% Mensalista (*) = Empregado de empresa enquadrada no lucro real ou presumido. Remuneração variável (**) = Horas extras, comissão de vendas etc, de empregado de empresa enquadrada no lucro real ou presumido. Empresa no Simples Nacional (***) = Empregado mensalista, trabalhando em empresa enquadrada no Simples Nacional. Observações: ( 1 ) = ajustar segundo a realidade da empresa. ( 2 ) = ajustar as % considerando também a previsão de reajustes da remuneração durante o ano. ( 3 ) = ajustar segundo a atividade econômica preponderante, mais coeficiente FAP aplicado a cada empresa individualmente. ( 4 ) = foi estimado que o evento ocorre com um de cada grupo de 4 empregados, por ano. ( 5 ) = foi estimado que o evento ocorre com um de cada grupo de 10 empregados, por ano. ( 6 ) = custo/despesa absorvida pela empresa, mas contabilizada diretamente nas contas de resultados correspondentes. TOTAL GERAL DOS ENCARGOS ENCARGOS SOBRE A REMUNERAÇÃO DO EMPREGADO GERENCIAL Benefícios e encargos (Ver observação 1) Incidências Cumulativas [A x B] Parcelas agregadas a remuneração e pagas diretamente ao empregado: Parcelas agregadas (Ver observações 1 e 2) ( 365 dias do ano - 52 domingos - 52 1/2 sábados - 12 dias feriados : 275 dias úteis ano) Benefícios e encargos que não incidem sobre os demais encargos: Encargos incidentes diretamente sobre a folha de pagamento (Observação 1) 197 O custo com encargos sociais tem levado algumas empresas a pagar remunerações (total ou parcialmente) sem fazê-las transitar pela folha de pagamento. O que fazem, em nosso entender, é apenas escolher um momento diferente para pagar tais encargos. Tal momento ocorrerá quando houver fiscalização ou quando o empregado requerer os direitos na Justiça e sem dúvidas serão devidos ainda os juros e as multas. Algo que nem sempre é devidamente lembrado é o efeito que provoca a contratação de autônomos. Para realizar tarefas de curta duração e de forma esporádica, geralmente não causa problemas. O que ocorre, entretanto, é que esta condição se converte em longa duração e o envolvido adquire vínculo empregatício. O cálculo da conta final, após alguns meses ou anos, pode apresentar valores muito significativos. É sabido que, sobre o valor de retirada de pró-labore dos sócios em atividade, basicamente recai apenas o INSS, 20%. O INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) é um órgão do governo federal que preserva como objetivo o pagamento mensal aos contribuintes que, de acordo com a legislação vigente já alcançaram o tempo de contribuição para receberem a sua aposentadoria ou mesmo para garantir o recebimento de uma remuneração baseada nas contribuições apresentadas caso o empregado apresente-se sem condições temporárias ou mesmo permanentes de continuar a sua atividade. Esta condição’ nem sempre é satisfatória e seriamente apreciada pelos empresários, em especial os de serviços, como algo que poderá ser um dos fatores favoráveis para a perpetuação de suas empresas, com vantagens para todos. Sócios não possuem direitos trabalhistas e o relacionamento interpessoal, se bem estruturado, será saudável e produtivo. Há a necessidade de se pensar nisto, para permitir a perpetuação das sociedades. 2.3 CONTRIBUIÇÃO DO INSS PATRONAL COM BASE NA RECEITA No Brasil existe a substituiçãoainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III - propriedade de veículos automotores (BRASIL, 1988). Por último, verifica-se no artigo 156 da CF (1988) os impostos de competência dos Municípios: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar (BRASIL, 1988). Você confere essa segregação resumida no Quadro 3: QUADRO 3 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Impostos Federais Impostos Estaduais Impostos Municipais • II; • IE; • ITR; • IRPJ; • IRPF; • IRRF; • IPI; • IOF. • ITCMD; • ICMS; • IPVA. • ITBI; • IPTU; • ISS. FONTE: As autoras 12 A partir da exposição dos artigos da CF, deu para compreender como a pirâmide da hierarquia das leis funciona? A CF, por exemplo, comenta a existência de impostos, mas é só no CTN (que é uma lei complementar) que constam todos eles. Interessante e complexo, não é? Você verá que ao longo da disciplina conheceremos outras leis complementares e ordinárias que abrangem questões tributárias. Vai ser muito bacana. Agora, continuaremos nossos estudos sobre mais uma espécie de tributo: as contribuições. 4.2 CONTRIBUIÇÕES Sobre as contribuições, o artigo 149 da Constituição Federal (1988) já limita ser de competência exclusiva da União, ou seja: não há contribuição dos Estados ou Municípios, apenas Federais: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo (BRASIL, 1988). No artigo 195, acrescenta que: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social (BRASIL, 1988). No artigo 239 complementa: Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego, outras ações da previdência social e o abono de que trata o § 3º deste artigo (BRASIL, 1988). 13 As contribuições relatadas nos artigos 149, 195 e 239 são as seguintes: • Programa de Integração Social – PIS. • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS. • Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. • Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. • Fundo de Garantia por Tempo de Serviços – FGTS. Confira no Quadro 4 a incidência das contribuições mencionadas: QUADRO 4 – INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS Do Empregador Do Trabalhador Folha de Salários Receita ou Faturamento Lucro Folha de Salários INSS; FGTS; PIS; COFINS. CSLL. INSS. FONTE: As autoras Perceba que tanto o empregador como o trabalhador pagam INSS. Já o FGTS é uma contribuição exclusiva do empregador e incide sobre a folha de salários. Quanto ao PIS e COFINS, incidem sobre a receita ou faturamento da empresa, e por fim, a CSLL incide sobre o lucro auferido. 4.3 TAXAS O CTN (1966) aborda as taxas a partir do seu artigo 77. Percebe-se que as taxas podem ser de competência tanto da União, como dos Estados e Municípios: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Como o “INSS” começa com a letra “I”, muitas pessoas acreditam que ele é considerado um imposto. No entanto, não confunda: INSS é uma contribuição social, e é paga tanto pela empresa como pelo empregado. NOTA 14 Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários (CTN, 1966, s.p.). Sobre as taxas, analise a Figura 3, que representa um mapa mental sobre o assunto: FIGURA 3 – MAPA MENTAL SOBRE TAXA FONTE: Entendeu direito (2021, s.p.). 15 4.4 CUMULATIVIDADE E NÃO CUMULATIVIDADE Conforme estudamos no Tópico 3.5, em alguns casos existe a possibilidade do crédito fiscal. O crédito fiscal está diretamente ligado à cumulatividade e não à cumulatividade de um tributo e é de suma importância compreendermos esses conceitos antes de irmos para o Tópico 2. Quando um tributo é cumulativo, ele não possibilita a compensação dos valores pagos referentes a operações anteriores. Ou seja: se uma empresa adquirir mercadorias para estoque e pagar esse estoque PIS ou COFINS ao fornecedor, no regime cumulativo a empresa não poderá compensar esse valor pago de tributos. É um valor que compõe o custo da mercadoria, neste caso. Vamos a um exemplo: No mês de abril de X1, uma empresa no regime em que PIS e COFINS são cumulativos adquiriu mercadorias à vista para estoque no valor de R$ 26.000,00. Supondo que o valor de PIS totalizou R$ 169,00 e o de COFINS R$ 780,00, como fica a contabilização dessa compra? D – Estoque R$ 26.000,00 C – Caixa R$ 26.000,00 Ainda em abril, digamos que a empresa vendeu todo esse estoque por R$ 72.000,00 a prazo e que nesta venda houve a incidência de R$ 468,00 de PIS e R$ 2.160,00 de COFINS para a empresa recolher aos cofres públicos, como fica a contabilização dessa venda? D – Clientes (AC) R$ 72.000,00 C – Receita de vendas (DR) R$ 72.000,00 D – CMV (DR) R$ 26.000,00 C – Estoque (AC) R$ 26.000,00 D – PIS s/ vendas (DR) R$ 468,00 C – PIS a recolher (PC) R$ 468,00 D – COFINS s/ vendas (DR) R$ 2.160,00 C – COFINS a recolher (PC) R$ 2.160,00 Perceba que, independente dos tributos pagos na compra, tudo foi contabilizado no estoque. No caso da venda,perceba que todo o valor da compra do estoque se transformou em custo da mercadoria vendida no momento da venda de mercadorias. Além disso, os valores de R$ 468 e R$ 2.160 deverão ser pagos integralmente, pois há valores a compensar. Por outro lado, em casos de não cumulatividade há a possibilidade de aprovei- tamento de tributos pagos em operações anteriores. Esse aproveitamento ocorre com a compensação deles nos tributos a pagar nas vendas. Vejamos o mesmo exemplo anterior, mas agora em uma empresa no regime de não cumulatividade para o PIS e COFINS. 16 No mês de abril de X1, uma empresa no regime em que PIS e COFINS são não cumulativos adquiriu mercadorias à vista para estoque no valor de R$ 26.000,00. Supondo que o valor de PIS totalizou R$ 429,00 e o de COFINS R$ 1.975, como fica a contabilização dessa compra? D – Estoque R$ 23.596,00 D – PIS a recuperar R$ 429,00 D – COFINS a recuperar R$ 1.975,00 C – Caixa R$ 26.000,00 Ainda em abril, digamos que a empresa vendeu todo esse estoque por R$ 72.000,00 a prazo e que nesta venda houve a incidência de R$ 1.188,00 de PIS e R$ 5.472,00 de COFINS para a empresa recolher aos cofres públicos, como fica a contabilização dessa venda? D – Clientes (AC) R$ 72.000,00 C – Receita de vendas (DR) R$ 72.000,00 D – CMV (DR) R$ 23.596,00 C – Estoque (AC) R$ 23.596,00 D – PIS s/ vendas (DR) R$ 1.188,00 C – PIS a recolher (PC) R$ 1.188,00 D – COFINS s/ vendas (DR) R$ 5.472,00 C – COFINS a recolher (PC) R$ 5.472,00 QUADRO 5 – APURAÇÃO DOS TRIBUTOS PIS COFINS Débitos R$ 1.188 R$ 5.472 Créditos R$ 429 R$ 1.975 Valor a recolher R$ 759 R$ 3.497 FONTE: As autoras Contabilização de Transferência do saldo a recuperar para o saldo a recolher: D – PIS a recolher R$ 429 D – COFINS a recolher R$ 1.975 C – PIS a recuperar R$ 429 C – COFINS a recuperar R$ 1.975 17 TABELA 1 – CÁLCULOS D PIS A RECUPERAR (AC) C 1 R$ 429,00 R$ 429,00 3 R$ - D PIS A RECOLHER (PC) C 3 R$ 429,00 R$ 1.188,00 2 R$ 759,00 D COFINS A RECUPERAR (AC) C 1 R$ 1.975,00 R$ 1.975,00 3 R$ - D COFINS A RECOLHER (PC) C 3 R$ 1.975,00 R$ 5.472,00 2 R$ 3.497,00 FONTE: As autoras Percebeu a diferença deste exemplo de não cumulatividade para o de cumulatividade? Neste caso, a possibilidade do crédito fiscal faz com que utilizemos contas de “Tributos a Recuperar” que são contas do Ativo e significam que a empresa tem um direito de recuperar esses tributos nas próximas etapas de suas atividades. Os valores a recuperar são descontados do Estoque, ou seja: vai para o Estoque a diferença entre o valor total da nota fiscal e os tributos a recuperar. No momento da venda, percebe-se que o custo da mercadoria vendida é menor, já que os tributos recuperáveis não compuseram o custo do Estoque no momento da compra. Ao final do mês de abril de X1 a empresa faz uma contabilização de transferência dos saldos a recuperar, visto que todo o valor que constava na conta foi utilizado para abater dos tributos a recolher. No entanto, nem sempre o valor de tributos a recuperar fica 18 zerado no final do mês: nos casos em que a empresa tem menos valores a recolher do que a recuperar, faz-se a transferência dos saldos, mas o valor remanescente na conta de tributo a recuperar é transportado para o mês seguinte, podendo ser utilizado normalmente. Conforme comentado anteriormente, o que define se um tributo será cumulativo ou não cumulativo é o regime de tributação no qual ele está enquadrado. Importante comentar que um tributo pode ser cumulativo em um regime e não cumulativo em outro. Vejamos o Quadro 6, que resume os tributos cumulativos e não cumulativos em cada regime de tributação. QUADRO 6 – CUMULATIVIDADE E NÃO CUMULATIVIDADE Lucro Real Lucro Presumido Simples Nacional Cumulativo Não Cumulativo Cumulativo Não Cumulativo Cumulativo Não Cumulativo ISS PIS, COFINS, ICMS, IPI. ISS, PIS, COFINS ICMS, IPI. Todos - FONTE: As autoras Identifica-se no Quadro 6 que o ISS é sempre cumulativo, independente do regime. O Lucro Real é o regime que mais possibilita créditos, sendo possível de PIS, COFINS, ICMS e IPI. No Lucro Presumido, apenas ICMS e IPI são não cumulativos. Já no Simples Nacional, todos os tributos são cumulativos, ou seja, não há créditos fiscais no Simples Nacional. No exemplo prático que utilizamos, consideramos créditos da compra de mercadorias para o estoque, mas existem muitas outras hipóteses de que dão direito ao crédito. Essas hipóteses variam conforme o tributo, de acordo com o que se pode ver no Quadro 7: 19 QUADRO 7 – OPERAÇÕES QUE DÃO DIREITO A CRÉDITO NA NÃO CUMULATIVIDADE ICMS IPI PIS e COFINS • Operações de que tenha resultado a entrada de mer- cadoria no estabelecimen- to, ao ativo imobilizado, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de co- municação. • Entrada de energia elétrica quando consumida no processo de industrialização. • Entrada de matéria-prima, produto intermediário, ma- terial de embalagem. • Bens adquiridos para revenda; • Bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviço e na fabricação de bens; • Energia elétrica consumida no estabelecimento; • Aluguéis de prédios pagos a pessoa jurídica; • Bens do ativo imobilizado. FONTE: As autoras Percebe-se que ICMS e IPI têm possibilidades diferentes de aproveitamento de crédito fiscal. Enquanto o ICMS dá esse direito quando ocorre entrada de mercadoria, ativo imobilizado, serviços de transporte e comunicação e ainda energia elétrica (neste caso para as indústrias), o IPI dá direito na compra de matéria-prima, produtos intermediários e material de embalagem. Já o PIS e a COFINS têm possibilidades iguais (nos próximos tópicos veremos que, inclusive, eles possuem a mesma base de cálculo) para crédito fiscal: sejam os bens adquiridos para revenda, como os insumos, energia elétrica (nesse caso, independe se é uma indústria, comércio ou prestadora de serviço), aluguel pago a pessoa jurídica e bens do ativo imobilizado. É importante ressaltar que quando o ativo imobilizado é mencionado, está se referindo ao ativo ligado diretamente à atividade fim da empresa que dá direito a crédito fiscal. Ou seja: não são todos os imobilizados que darão direito a crédito e o contador deve analisar cada situação. 20 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Contabilidade tributária é o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e adequada. • Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. • Os tributos possuem elementos importantes, sendo: fato gerador, contribuinte, base de cálculo, alíquota, crédito, compensação e pagamento. • A Constituição Federal e suas Emendas Constitucionais são a lei máxima, mas que leis complementares e ordinárias complementam os assuntos não abordados nelas. • O Código Tributário Nacional norteia as principais questões tributárias no Brasil. • O Sistema Tributário Nacional são todos os impostos, taxas e contribuições. • Impostos, taxas e contribuições são espécies de tributos. • Os impostos federais são: de importação, exportação, propriedade territorial rural, de renda, sobre produtos industrializados, sobre operações financeiras. • Os impostos estaduais são: sobre causa mortis e doação, mercadorias e serviços de transporte e comunicação, sobre veículos automotores. • Os impostos municipais são: sobre transmissão de bens imóveis, propriedade territorial urbana e sobre serviços. • Todas as contribuições são federais: PIS, COFINS, INSS, FGTS, CSLL. • As taxas podem ser tanto federais, como municipais e estaduais. • Os tributos cumulativos não dão direito a crédito fiscal. Os tributosnão cumulativos dão e não compõem o custo de determinado bem ou mercadoria. • Os tributos não cumulativos no Lucro Real são: PIS, COFINS, IPI e ICMS. • Os tributos não cumulativos no Lucro Presumido são: IPI e ICMS. • No Simples Nacional não há tributo não cumulativo. RESUMO DO TÓPICO 1 21 1 Aprendemos que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir tributos, e que cabe à lei complementar dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Nesse sentido, classifique os tributos em federais, estaduais ou municipais (ou todos): Tributo Federal Estadual Municipal ISS IPVA IRPJ De Limpeza Pública PIS COFINS De Vistoria CSLL INSS IRPF ITBI II IE ITCMD De Funcionamento ITR IPTU ICMS FGTS IPI IOF 2 A partir das informações a seguir, faça a contabilização da compra, venda, transferência de saldos (se houver) e indique quanto ficou a recolher de cada tributo, em uma empresa do regime cumulativo para PIS e COFINS e em uma empresa do regime não cumulativo para PIS e COFINS. AUTOATIVIDADE 22 - Em setembro de X1, a empresa adquiriu à vista mercadorias para revenda no valor de R$ 20.000,00. Nessa compra ela pagou R$ 330 de PIS e R$ 1.520 de COFINS. - A empresa vendeu à vista todas as mercadorias adquiridas por R$ 35.000. Na venda houve a incidência de R$ 577,50 de PIS e R$ 2.660,00 de COFINS. Lançamentos Contábeis no REGIME CUMULATIVO: Compra: Venda: Transferência de saldo de tributos ao final do mês: PIS a recolher: COFINS a recolher: Lançamentos Contábeis no REGIME NÃO CUMULATIVO: Compra: Venda: Transferência de saldo de tributos ao final do mês: PIS a recolher: COFINS a recolher: 3 Algumas empresas possuem o direito de acumular créditos fiscais decorrentes do pagamento de tributos na aquisição de mercadorias, insumos e outras operações. Apenas empresas que estão em regimes “não cumulativos” do tributo possuem direito a esse crédito. No que se refere às possibilidades de crédito no regime não cumulativo, assinale a alternativa CORRETA que contém somente tributos passíveis de creditamento: a) ( ) PIS, COFINS, ISS, IPI. b) ( ) PIS, COFINS, ICMS, IPI. c) ( ) PIS, COFINS, ISS, ICMS. d) ( ) PIS, COFINS, ISS, TAXAS. 4 Sabemos que os tributos são desembolsos consideráveis para as empresas, e para um cálculo e apuração corretos, devemos compreender as características importantes de cada tributo. É por isso que antes de calcular, deve-se compreender os elementos do tributo. Sobre os elementos dos tributos, analise as sentenças a seguir: 23 I- Fato gerador, compensação e pagamento, são alguns exemplos de elementos de tributos. II- Crédito, alíquota e base de cálculo, são alguns exemplos de elementos de tributos. III- Contribuinte, fato gerador e alíquota são alguns exemplos de elementos de tributos. IV- Base de cálculo, apuração e compensação, são alguns exemplos de elementos de tributos. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. c) ( ) Somente a sentença III está correta. d) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. 5 O funcionamento do Sistema Tributário Nacional é pautado no recolhimento de tributos, com o objetivo de financiar as atividades do Estado, como melhorias nos serviços prestados à população, investimentos em infraestruturas e pagamentos dos salários dos servidores (IBPT EDUCAÇÃO, 2019). Sobre do que se compõem o Sistema Tributário nacional, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Tributos, taxas e contribuições de melhoria. b) ( ) Impostos, alíquotas e taxas. c) ( ) Impostos, taxas e contribuições de melhoria. d) ( ) Impostos, taxas e cumulatividade. 24 25 TRIBUTAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO E CONTABILIZAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos todos os tributos incidentes sobre o faturamento e as contabilizações envolvidas nas diversas operações que incidem sobre esses tributos. O faturamento é todo o valor gerado pela empresa em determinado período, são os valores de vendas e prestação de serviços. Inicialmente, é o imposto sobre serviços que será abordado. O ISS é um imposto municipal incidente sobre serviços prestados. Também estudaremos o ICMS, que é um imposto estadual, incidente sobre diversas operações envolvendo mercadorias, prestação de serviços de transporte interestadual e estadual e serviços onerosos de comunicação. Em seguida, o IPI será estudado. Ele é um imposto que incide sobre produtos industrializados, mas está diretamente ligado ao faturamento da empresa. Por fim, serão abordados PIS e COFINS, que são tributos federais incidentes sobre o faturamento das empresas. 2 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS – ISS Já aprendemos que o ISS é o Imposto sobre Serviços e que ele é um imposto de competência municipal. No entanto, ainda não vimos quais são os seus elementos e legislação específicos. De um modo geral, o ISS é um imposto sobre o faturamento das empresas prestadoras de serviços. Um comércio ou uma indústria que não tenham atividade de serviços, não terão ISS. 2.1 PARTE TEÓRICA Vamos começar pela Constituição Federal? Já sabemos que o artigo 156 menciona o ISS no inciso III: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar (BRASIL, 1988). Ademais, sobre o ISS, a CF (1988) comenta que: UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 26 § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados (BRASIL, 1988). Vemos que a própria Constituição menciona que é uma lei complementar que irá dizer quais as alíquotas que devem ser utilizadas e já adianta que não haverá incidência em exportações de serviços. Para isso, foi criada a Lei Complementar 116/2003, que dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências. É importante compreender que como o ISS é um imposto municipal, cada cidade terá a sua própria lei para o imposto, seguindo a Lei nº 116. Partindo do entendimento que os elementos dos tributos são importantes, iniciaremos os estudos pelo fato gerador do ISS. Qual é? Conforme o artigo 1º da Lei nº 116/2003, o ISS tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. Além disso, incide também sobre o serviço proveniente do exterior do país ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior dele. Como mencionado anteriormente, existem as não incidências de ISS, conforme o artigo 2º da Lei nº 116/2003: Art. 2o O imposto não incide sobre: I - as exportações de serviços para o exterior do País; II - a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios- gerentes e dos gerentes-delegados; III - o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras. Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior (BRASIL, 2003). As não incidências de ISS estão relacionadas às exportações de serviços para o exterior, no entanto, há que analisar se os resultados dos serviços desenvolvidos no Brasil já foram aqui verificados: se sim, haverá incidência. Ademais, não incide ISS sobre as relações de emprego, entre diretores econselheiros de empresas, e o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários. O artigo 5º aborda sobre o contribuinte, em que: contribuinte é o prestador do serviço. Isso quer dizer que quem paga efetivamente o tributo é quem está prestando o serviço para alguém. 27 Continuando com os elementos do ISS, a base de cálculo dele é o preço do serviço. No que se refere à alíquota, a Lei nº 116 (2003) afi rma que pode variar: Art. 8o As alíquotas máximas do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza são as seguintes: I - (VETADO) II - demais serviços, 5%. Art. 8o-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2% (BRASIL, 2003). A partir disso vemos que a alíquota do ISS pode variar entre 2% a 5%. Quem defi ne as alíquotas exatas para cada serviço é a lei do ISS de cada município. As alíquotas podem ser diferentes de cidade para cidade. Quanto ao crédito e compensação, eles não existem no ISS, pois é um tributo cumulativo. Quanto ao pagamento, varia conforme cada município, mas de um modo geral, é um imposto mensal. A data de vencimento do ISS também varia conforme cada município da federação preferir. Cabe comentar sobre mais dois artigos da Lei nº 116/2003. O artigo 3º da Lei do ISS é muito importante. Ele menciona casos de exceção sobre em que local o ISS será devido. De um modo geral: o serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento do prestador. No entanto, cada município, a partir da sua própria lei, vai defi nir quais são essas exceções à regra. Nesse sentido, o ISS das exceções é devido no local do estabelecimento do tomador, ou seja: na cidade de quem contratou o serviço. Todavia, essas exceções podem gerar alguns problemas se o prestador e o tomador forem de cidades diferentes. Por exemplo: se uma empresa do Rio de Janeiro presta um serviço que é exceção do artigo 3º para uma empresa de São Paulo, signifi ca que a empresa de RJ terá que pagar o ISS para a cidade de São Paulo. No entanto, para fazer esse pagamento, as empresas precisam ter uma inscrição municipal naquela cidade e muitas vezes nem sabem que necessitam disso. Por causa dessas situações, geram-se problemas com o fi sco como com a contabilidade. Para evitar que essas situações aconteçam, existe o artigo 6º da Lei nº 116. Ele menciona que os municípios, a partir das suas leis, poderão atribuir a responsabilidade do tributo para terceira pessoa, ou seja: o tomador é que deve pagar o tributo nesses casos. A empresa Uni Serviços Ltda. prestou um serviço para a Joana Ferreira. Nesse caso, quem é o contribuinte do ISS? De um modo geral, o contribuinte é a empresa Uni Serviços Ltda. NOTA 28 A Lei nº 116 traz em seu artigo 6º diversos serviços em que o tomador é o responsável pelo pagamento, no entanto, vale lembrar que cada município deverá decidir quais serviços serão tributados dessa forma. Assim, ao utilizarmos o exemplo anterior da empresa do RJ que prestou um serviço de exceção em SP, é a empresa paulistana que terá que pagar o ISS para a sua cidade, e não mais a empresa do RJ. Dessa forma, diminuem-se as burocracias na prestação de determinados serviços em cidades diferentes. Agora que já aprendemos a principal lei que regulamenta o ISS, confi ra o resumo dos elementos desse imposto no Quadro 8: QUADRO 8 – ELEMENTOS DO ISS Fato Gerador Contribuinte Base de Cálculo Alíquota Crédito e compensação Pagamento Prestação de serviços O prestador de serviços, salvo as exceções do artigo 6º conforme legislado por cada município. Preço do serviço De 2% a 5%. Cada município defi ne. Não há, pois o ISS é cumulativo. Mensal. FONTE: As autoras Entendido tudo sobre a parte teórica do ISS, vamos para a parte prática e colocar a mão na massa? Ou melhor: colocar a mão nos débitos e créditos. 2.2 PARTE PRÁTICA O conhecimento sobre tributos é muito importante para as empresas, seja por representarem uma alta porcentagem das despesas mensais, como também por impactar na contabilidade e no atendimento ao fi sco. Vejamos como esse impacto na contabilidade acontece. Para conhecer e estudar a Lei Complementar nº 116/2003 na íntegra, acesse o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm. DICA 29 Vamos supor que a empresa Só Serviços Ltda. presta serviços de consultoria. Na cidade em que a empresa está situada, a alíquota de ISS sobre serviços de consultoria é 3%. Além disso, esse serviço não é uma exceção do artigo 3º e 6º da Lei Complementar nº 116/2003. Considerando o exposto, vejamos as operações e respectivas contabilizações da empresa no mês de abril/X2: Dia 05/04: Prestação de serviço de consultoria a prazo, referente à Nota Fiscal de Serviço – NFS – nº 15, no valor de R$ 1.000,00. D – Clientes a receber (AC) R$ 1.000 C – Receita com prestação de serviços (DR) R$ 1.000 D – ISS sobre serviços (DR) R$ 30 C – ISS a recolher (PC) R$ 30 Dia 15/04: Prestação de serviço de consultoria à vista, referente à NFS nº 16 no valor de R$ 500,00. D – Caixa (AC) R$ 500 C – Receita com prestação de serviços (DR) R$ 500 D – ISS sobre serviços (DR) R$ 15 C – ISS a recolher (PC) R$ 15 Dia 29/04: Prestação de serviço de consultoria à vista, referente à NFS nº 17, no valor de R$ 1.500,00. D – Caixa (AC) R$ 1.500 C – Receita com prestação de serviços (DR) R$ 1.500 D – ISS sobre serviços (DR) R$ 45 C – ISS a recolher (PC) R$ 45 Qual o valor de ISS a recolher referente a abril/X2? R$ 30 + R$ 15 + R$ 45 = R$ 90,00. A partir dos lançamentos contábeis, percebe-se que o registro do ISS na contabilidade se dá com um débito em conta de despesa e um crédito em conta do passivo, gerando, assim, a obrigação do pagamento do tributo. Essa obrigação é uma obrigação principal. Na empresa em questão, o valor a pagar será de R$ 90,00 e será emitida uma guia (boleto) para efetuar o pagamento. O vencimento da guia será até o último dia do mês seguinte, ou seja, maio, porém, conforme já mencionado, a data de vencimento varia de cidade para cidade. A Figura 4 demonstra um exemplo de guia de ISS. 30 FIGURA 4 – EXEMPLO DE GUIA DE ISS FONTE: Prefeitura Municipal de São Paulo (2015, s.p.) Após a empresa pagar a guia de ISS, a conta de “ISS a recolher” ficará com saldo zero, até novas notas de serviço serem emitidas e gerarem a obrigação principal. Outro ponto é que além da necessidade de emissão de nota fiscal de serviço, as empresas prestadoras de serviços normalmente precisam informar mensalmente a quantidade de notas emitidas e tomadas (serviços contratados). Tanto a emissão da nota de serviço quanto a prestação de contas ao município são consideradas obrigações acessórias. A Figura 5 apresenta um exemplo de nota fiscal de serviço. FIGURA 5 – EXEMPLO DE NOTA FISCAL DE SERVIÇOS FONTE: . Acesso em: 30 mar. 2022. 31 Analise as informações contidas na nota fiscal da Figura 5. Consta a data de emissão, os dados do prestador do serviço e do tomador, além da discriminação dos serviços que foram prestados. Consta o valor total da nota e o código do serviço. Esse código varia de cidade para cidade, não sendo universal. Além do mais, consta o valor da base de cálculo para o ISS, a alíquota e o valor do ISS. Você se lembra dos artigos 3º e 6º da Lei nº 116/2003? Que são exceções relacionadas ao local que o ISS será devido e ao responsável pelo pagamento do tributo? Faremos um exemplo de como fica na contabilidade e na nota fiscal nesses casos específicos. Vamos supor que a empresa Bom Serviços Ltda. presta serviços de demolição. Na cidade em que a empresa está situada, a alíquota de ISS sobre serviços de demolição é 5%. Além disso, esse serviço é uma exceção do artigo 3º e 6º da Lei Complementar nº 116/2003, ou seja: além do ISS ter que ser pago no local do estabelecimento do tomador, o responsável pelo pagamento é o próprio tomador. Considerando o exposto, vejamos as operações e respectivas contabilizações da empresa