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Indaial – 2022 Planejamento tributário Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Prof. Valdecir Knuth 2a Edição Contabilidade e Elaboração: Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Prof. Valdecir Knuth Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: S345c Schlotefeldt, Josiane de Oliveira Contabilidade e planejamento tributário. / Josiane de Oliveira Schlotefeldt; Valdecir Knuth. – Indaial: UNIASSELVI, 2022 214 p.; il. ISBN 978-85-515-0464-2 1. Carga tributária. – Brasil. I. Knuth, Valdecir. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 657 Olá, acadêmico! Seja muito bem-vindo ao Livro Didático de Contabilidade e Planejamento Tributário. Você já parou para refletir que todas as empresas devem recolher tributos, sejam elas de pequeno ou grande porte? Nesse sentido, paira a sua importância, como futuro contador, de realizar cálculos e controles eficientes e adequados desses desembolsos, bem como efetuar pesquisas e fazer o planejamento para que essas organizações sejam as mais eficazes possíveis no que diz respeito à carga tributária. Para te auxiliar na sua trajetória na área tributária, desde a Unidade 1 você já terá contato com a parte prática ao calcular, contabilizar e apurar os tributos sobre o faturamento e sobre a folha de pagamento das empresas. No entanto, antes, é importante compreender como funciona o sistema tributário do nosso país, os elementos dos tributos e a competência tributária de cada ente federativo. Na Unidade 2, o conhecimento será ainda mais aprofundado, ao compreender os regimes de tributação em que as empresas poderão se enquadrar. O estudo se dará regime por regime, sendo possível conhecer as principais leis inerentes, características, e realizar o cálculo e contabilização de cada tributo especificamente em todos os regimes tributários, seja no Lucro Presumido, Lucro Real, Simples Nacional, ou Lucro Arbitrado. No que se refere à Unidade 3, você irá conhecer como funciona o planejamento tributário, como adequar a empresa para a economia tributária, além de compreender como ocorre uma fraude tributária. Você irá estudar como fazer a análise dos efeitos tributários na empresa. Esta é uma excelente oportunidade para você também estudar a melhor opção de compra de mercadoria para revenda e/ou insumos para a produção, de acordo com os impactos das decisões sobre compras para a empresa realizar o planejamento tributário. Conforme comentamos anteriormente, as empresas precisam de contadores capacitados para atuar na área tributária, auxiliando no desenvolvimento delas e contribuindo com seus colaboradores, sociedade e país. É isso que objetivamos ao desenvolver este livro de Contabilidade e Planejamento Tributário. Bons estudos e sucesso! Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Prof. Valdecir Knuth. APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - ASPECTOS GERAIS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA ...................................1 TÓPICO 1 - ELEMENTOS BÁSICOS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA ...............................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 CONCEITO E OBJETO DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA ................................................3 3 ELEMENTOS DOS TRIBUTOS..............................................................................................4 3.1 FATO GERADOR ...................................................................................................................................... 5 3.2 CONTRIBUINTE...................................................................................................................................... 5 3.3 BASE DE CÁLCULO .............................................................................................................................. 5 3.4 ALÍQUOTA ............................................................................................................................................... 6 3.5 CRÉDITO.................................................................................................................................................. 6 3.6 COMPENSAÇÃO .................................................................................................................................... 6 3.7 PAGAMENTO............................................................................................................................................7 4 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL .....................................................................................7 4.1 IMPOSTOS.............................................................................................................................................. 10 4.2 CONTRIBUIÇÕES ..................................................................................................................................12 4.3 TAXAS .................................................................................................................................................... 13 4.4 CUMULATIVIDADE E NÃO CUMULATIVIDADE ............................................................................. 15 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 20 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 21 TÓPICO 2 - TRIBUTAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO E CONTABILIZAÇÃO ...................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25 2 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS – ISS .................................................................................. 25 2.1 PARTE TEÓRICA ...................................................................................................................................25 2.2 PARTE PRÁTICA ..................................................................................................................................28 3 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO – ICMS ............................................................... 33 3.1 PARTE TEÓRICA ...................................................................................................................................33 3.2 PARTE PRÁTICA ................................................................................................................................. 40 4 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI .............................................. 46 4.1 PARTE TEÓRICA ...................................................................................................................................46 4.2 PARTE PRÁTICA ..................................................................................................................................50 5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS E CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS .................................................... 53 5.1 PARTE TEÓRICA NO REGIME CUMULATIVO ..................................................................................53 5.2 PARTE PRÁTICA NO REGIME CUMULATIVO .................................................................................55 5.3 PARTE TEÓRICA NO REGIME NÃO CUMULATIVO ........................................................................58 5.4 PARTE PRÁTICA NO REGIME NÃO CUMULATIVO .........................................................................61 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 68 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 69 TÓPICO 3 - TRIBUTAÇÃO SOBRE O LUCRO, FOLHA DE PAGAMENTO E CONTABILIZAÇÃO................................................................................................................ 71 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 71 2 IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA – IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL ....................................................................................... 71 2.1 PARTE TEÓRICA ................................................................................................................................... 72 2.2 PARTE PRÁTICA .................................................................................................................................. 75 3 FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO – FGTS ............................................... 77 4 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS ....................................................... 77 4.1 PARTE PRÁTICA ...................................................................................................................................78 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 80 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 82 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 83 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 84 UNIDADE 2 — ENQUADRAMENTOS TRIBUTÁRIOS PARA AS EMPRESAS .........................87 TÓPICO 1 — LUCRO PRESUMIDO ........................................................................................ 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 89 2 LUCRO PRESUMIDO – PARTE TEÓRICA.......................................................................... 89 2.1 BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E CSLL ..............................................................................................92 2.2 PERÍODO DE APURAÇÃO DO IRPJ E CSLL ...................................................................................94 2.3 BASE DE CÁLCULO E PERÍODO DE APURAÇÃO DOS DEMAIS TRIBUTOS ..........................94 3 PARTE PRÁTICA ................................................................................................................95 3.1 CONTABILIZAÇÕES ............................................................................................................................96 3.2 APURAÇÃO DOS TRIBUTOS .............................................................................................................99 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................103 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 104 TÓPICO 2 - LUCRO REAL ...................................................................................................107 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................107 2 LUCRO REAL – PARTE TEÓRICA ....................................................................................107 2.1 BASE DE CÁLCULO E PERÍODO DE APURAÇÃO DE IRPJ E CSLL ..........................................111 2.2 BASE DE CÁLCULO E PERÍODO DE APURAÇÃO DOS DEMAIS TRIBUTOS ..........................115 3 LUCRO REAL – PARTE PRÁTICA .................................................................................... 116 3.1 CONTABILIZAÇÕES ........................................................................................................................... 117 3.2 APURAÇÃO DOS TRIBUTOS ...........................................................................................................120 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................126 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 127 TÓPICO 3 - LUCRO ARBITRADO E SIMPLES NACIONAL..................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................129 2 DEFINIÇÃO DO LUCRO ARBITRADO ..............................................................................1303 HIPÓTESES DE ARBITRAMENTO DO LUCRO ................................................................. 131 3.1 BASE DE CÁLCULO QUANDO A RECEITA BRUTA É CONHECIDA ........................................... 133 3.2 BASE DE CÁLCULO QUANDO A RECEITA BRUTA NÃO É CONHECIDA ................................ 135 3.3 CÁLCULO DOS TRIBUTOS .............................................................................................................. 136 3.4 CONTABILIZAÇÃO ............................................................................................................................ 139 4 SIMPLES NACIONAL .......................................................................................................139 4.1 MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE .................................................................141 4.2 VEDAÇÕES ......................................................................................................................................... 143 4.3 ANEXOS ...............................................................................................................................................144 4.4 CÁLCULO DOS TRIBUTOS .............................................................................................................. 145 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................146 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................149 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................150 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................152 UNIDADE 3 — PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PARA GESTÃO NAS EMPRESAS ..................155 TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ...................................................................... 157 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 157 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ...................................................................................... 157 2.1 CARACTERÍSTICAS DO PLANEJAMENTO ....................................................................................158 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................166 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 167 TÓPICO 2 - TIPOS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO .....................................................169 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................169 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS .......................................169 2.1 ANÁLISE DOS EFEITOS TRIBUTÁRIOS NA EMPRESA ................................................................. 171 2.2 EFEITO TRIBUTÁRIO – SIMPLES NACIONAL ............................................................................... 172 2.3 EFEITO TRIBUTÁRIO – LUCRO PRESUMIDO E LUCRO REAL .................................................177 2.4 ANÁLISE DO EFEITO TRIBUTÁRIO – SIMPLES NACIONAL, LUCRO PRESUMIDO E LUCRO REAL ..................................................................................................................................181 3 AUDITORIA TRIBUTÁRIA ................................................................................................183 3.1 TRABALHOS DA AUDITORIA TRIBUTÁRIA....................................................................................184 3.2 CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA ....................................................................................185 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................187 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................188 TÓPICO 3 - OTIMIZAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................... 191 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 191 2 COMO OTIMIZAR OS RESULTADOS NAS EMPRESAS .................................................... 191 2.1 LUCRO X PREJUÍZO .......................................................................................................................... 194 2.2 O PESO DOS ENCARGOS SOBRE OS SALÁRIOS E REMUNERAÇÕES .................................. 195 2.3 CONTRIBUIÇÃO DO INSS PATRONAL COM BASE NA RECEITA .............................................. 197 2.4 CÁLCULOS PARA IDENTIFICAR A MELHOR OPÇÃO DE COMPRA DE MERCADORIA PARA REVENDA E/OU INSUMOS PARA A PRODUÇÃO ...........................................................198 2.4.1 Decisões sobre compras .......................................................................................................198 3 CÁLCULOS PARA SE IDENTIFICAR A MELHOR OPÇÃO DE ENQUADRAMENTO FISCAL .............................................................................................. 202 3.1 DECISÃO SOBRE O ENQUADRAMENTO FISCAL ........................................................................ 202 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 206 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................210 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 211 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................213 1 UNIDADE 1 - ASPECTOS GERAIS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer o campo de atuação da contabilidade tributária; • compreender o Sistema Tributário Nacional e os elementos dos tributos; • entender os tributos conforme a esfera tributária; • interpretar o regime de cumulatividade e não cumulatividade; • calcular, contabilizar e apurar a tributação sobre o faturamento das empresas; • calcular, contabilizar e apurar a tributação sobre o lucro e sobre a folha de pagamento. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ELEMENTOS BÁSICOS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA TÓPICO 2 – TRIBUTAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO E CONTABILIZAÇÃO TÓPICO 3 – TRIBUTAÇÃO SOBRE O LUCRO, FOLHA DE PAGAMENTO E CONTABILIZAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 ELEMENTOS BÁSICOS DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos, de forma teórica, o que é contabilidade tributária e o seu objeto de estudo. Além disso, estudaremos os conceitos dos tributos que nortearão o restante desta unidade, são eles: ISS, ICMS, IPI, PIS, COFINS, IRPJ e CSLL. Na sequência será abordado o Sistema Tributário Nacional vigente no Brasil, a hierarquia das leis e quais os regimes de tributação existentes, com o intuito de entendermos a competência tributária de cada ente da federação: tributos municipais, estaduais e federais. Por fim, estudaremos os regimes cumulativos e não cumulativos de alguns tributos e o comportamento destes em cada um. Compreender a cumulatividade e não cumulatividade é muito importante: a cumulatividade não gera compensação de tributos, já a não cumulatividade gera e isso depende do regime de tributação escolhido.2 CONCEITO E OBJETO DA CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA O objetivo da contabilidade é fornecer informações úteis para a tomada de decisão dos diversos usuários, sejam sócios, investidores, fornecedores, sociedade, bancos, clientes e governo. Vemos que há uma infinidade de usuários, e para conseguir atendê-los, a contabilidade foi ramificada em diferentes áreas. A Contabilidade Tributária é a área que, segundo Bonho, Silva e Alves (2018), associa contabilidade com administração e direito tributário. Assim, representa muito mais do que a simples contabilização de tributos, ao contemplar a aplicação do direito tributário como norma, sobre fatos ou atividades das empresas. Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 22) acrescentam que o aspecto principal da contabilidade tributária é: realizar na prática o que é determinado pela legislação tributária, mesmo que os resultados econômicos apresentados pela empresa sejam divergentes dos resultados fiscais, estabelecidos pela legislação. Seu enfoque é adequar os Princípios e Normas Contábeis sem ferir o direito tributário, independentemente de a legislação aplicada ser ou não injusta. TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 A partir disso, percebe-se que a contabilidade tributária utiliza a contabilidade geral e a legislação tributária para atender aos seus usuários. Dessa forma, os principais usuários da contabilidade tributária são os sócios e o próprio governo. No caso dos sócios, as informações geradas pela contabilidade tributária são de suma importância, visto que os tributos representam uma grande fatia das despesas das empresas, o que, diretamente, consome grande parte do faturamento auferido. No que se refere ao governo, ele está interessado no correto recebimento da sua receita, ou seja: dos tributos, por isso verifica se as empresas estão recolhendo tributos para os cofres públicos de forma adequada e lícita. No entanto, antes de aplicar na prática a contabilidade tributária, precisamos compreender algumas questões teóricas importantes relacionadas aos tributos. Para isso, seguimos ao próximo tópico, em que estudaremos os elementos dos tributos. 3 ELEMENTOS DOS TRIBUTOS No subtópico anterior, compreendemos que em questões tributárias, as empresas precisam seguir a legislação tributária. No Brasil, uma das principais leis sobre o assunto é a Lei nº 5.172, de 1966, que corresponde ao Código Tributário Nacional – CTN. O CTN (BRASIL, 1966, s.p.) traz em seu artigo 3º o conceito de tributo, que é o seguinte: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Como exemplos de tributos, podem-se citar os tributos sobre importação, exportação, mercadorias, serviços, produtos industrializados, sobre o lucro, sobre a folha de pagamento. A figura a seguir traz alguns exemplos de tributos: FIGURA 1 – EXEMPLOS DE TRIBUTOS FONTE: <https://jus.com.br/artigos/70728/conceito-de-tributo>. Acesso em: 30 mar. 2022. 5 Entendido o conceito de tributo, é importante que compreendamos alguns elementos relacionados aos tributos, conhecidos como elementos dos tributos. São eles: fato gerador, contribuinte, base de cálculo, alíquota, crédito, compensação e pagamento. É o CTN que dá embasamento e explica o que significa cada um deles. 3.1 FATO GERADOR Conforme o artigo 114 do CTN (1966, s.p.), “fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. Segundo o artigo 115: “fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal”. Esclarecendo o parágrafo anterior, o fato gerador é o momento em que se cria a exigência da obrigação principal ou acessória para o contribuinte (aquele que tem o dever de pagar o tributo). A obrigação principal significa a obrigação do pagamento dos tributos. Já a obrigação acessória depende da existência de uma obrigação principal e remete às prestações de contas que a empresa ou pessoa física devem fazer ao fisco. No caso do IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), este tem como fato gerador a propriedade ou a posse de um imóvel. Cada tributo tem o seu próprio fato gerador, podendo ser: a circulação de mercadorias, rendas de qualquer natureza, saída de produtos para o exterior, entrada de produtos estrangeiros, prestação de serviços etc. 3.2 CONTRIBUINTE Segundo o artigo 121 do CTN (1966), contribuinte é o sujeito passivo da obrigação principal, que é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo. Ou seja, é quem se sujeita, conforme a legislação, a pagar tributos, podendo ser pessoa física ou jurídica. O foco nesta disciplina de Contabilidade e Planejamento Tributário é o contribuinte personificado em pessoa jurídica (empresa). Assim como acontece no fato gerador, o contribuinte pode variar dependendo do tributo em questão. Alguns exemplos de contribuinte são: o importador, o exportador, o proprietário, comerciante etc. 3.3 BASE DE CÁLCULO A base de cálculo é a expressão econômica do fato gerador do tributo, devendo ser instituída em lei. Ou seja: é o valor monetário sobre o qual se calcula, a partir de uma alíquota, o valor do tributo. Sobre a alíquota, abordaremos no tópico a seguir. Diferentes tributos possuem diferentes bases de cálculo, podendo ser: o faturamento, o lucro, o produto etc. Conforme estudamos cada tributo, aprenderemos sobre suas bases de cálculo. 6 3.4 ALÍQUOTA Após conhecermos o fato gerador, o contribuinte e a base de cálculo, precisamos da alíquota para definir o valor a ser pago de determinado tributo. A alíquota indica o percentual aplicado sobre a base de cálculo para encontrar o valor do tributo. Como esperado, a alíquota varia de tributo para tributo, mas também pode variar em um mesmo tributo, pois conforme veremos nas próximas unidades, existem regimes de tributação e eles definem algumas regras, entre elas, as alíquotas aplicáveis. O quadro a seguir apresenta alguns exemplos: QUADRO 1 – EXEMPLOS DE ALÍQUOTAS DE TRIBUTOS Alíquota Tributo 15% Imposto de Renda 9% Contribuição Social 0,65% PIS cumulativo 1,65% PIS não cumulativo 3% COFINS cumulativo 7,6% COFINS não cumulativo FONTE: Os autores Ficou curioso para conhecer mais sobre cada tributo? Nos próximos subtópicos estudá-lo-emos de uma forma bem aprofundada. 3.5 CRÉDITO O crédito também é um elemento muito relevante. Algumas empresas possuem o direito de acumular créditos fiscais decorrentes do pagamento de tributos na aquisição de mercadorias, insumos e outras operações. Apenas empresas que estão em regimes “não cumulativos” do tributo possuem direito a esse crédito. É o caso de empresas do regime do Lucro Real no que se refere ao PIS, COFINS e ICMS, ou empresas do Lucro Presumido no que se refere ao ICMS, por exemplo. Os créditos fiscais, abordaremos com mais profundidade no subtópico 3.6, quando falarmos de cumulatividade e não cumulatividade. 3.6 COMPENSAÇÃO Sabe aquelas empresas que têm direito ao crédito fiscal? Essas empresas utilizam o crédito fiscal do tributo para fazer a compensação dos valores que têm para pagar no final do período (normalmente um mês). 7 Essa compensação acontece depois de calcular o valor que deve ser pago de determinado tributo. Os créditos vêm para abater nesse valor. Por exemplo: compensam- se os créditos fi scais de PIS com os débitos (a pagar) de PIS, logo, o valor a ser desembolsado efetivamente é o valor dos débitos menos os créditos. A compensação de créditos fi scais abordaremos com mais profundidade no Subtópico 1.6, quando falarmos de cumulatividade e não cumulatividade. 3.7 PAGAMENTO Conforme o artigo 162, inciso I, do CTN (1966), o pagamento do tributo é efetuado em moeda corrente. Dessa forma, as datas de vencimento de cada tributo variam, podendo ser mensal, trimestral,anual, ou outras formas. O pagamento do tributo extingue o débito do contribuinte, eliminando a obrigação principal. Agora que estudamos os elementos dos tributos, vamos conhecer o Sistema Tributário Nacional, que norteia tudo o que se refere a tributos no Brasil. 4 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL O CTN (1966) normatiza o Sistema Tributário Nacional – STN – no livro primeiro, a partir do artigo 2º e seguintes. Vejamos os principais: Se uma empresa possui R$ 650,00 a pagar de determinado tributo, mas também possui R$ 270,00 a compensar, o valor a ser pago no período será apenas a diferença entre eles: R$ 650 – R$ 270 = R$ 380,00. NOTA Não confunda CTN com STN. CTN é a sigla para Código Tributário Nacional, lei que aborda as principais questões tributárias. Já STN é a sigla para Sistema Tributário Nacional, no qual é composto por um conjunto de leis federais, estaduais e municipais que formam a complexa estrutura tributária brasileira. NOTA 8 Art. 2º O sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional n. 18, de 1º de dezembro de 1965, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, nas Constituições e em leis estaduais, e em leis municipais (CTN, 1966, s.p.). No artigo 2º, vemos que o STN é formado por diversas leis, sejam elas federais, estaduais ou municipais. A referida Emenda Constitucional – EC – nº 18, de 1965, também possui informações importantes sobre o STN. Em seu artigo 1º afirma que: O sistema tributário nacional compõe-se de impostos, taxas e contribuições de melhoria, e é regido pelo disposto nesta Emenda, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal, e, nos limites das respectivas competências, em leis federal, estadual ou municipal (BRASIL, 1965, s.p.). A EC 18 complementa o que o CTN afirmou anteriormente, dizendo que o STN também é composto por impostos, taxas e contribuição de melhoria. Você deve se perguntar: se existem tantas leis, como saber qual vem primeiro? Para essa pergunta, a resposta encontra-se na hierarquia das leis, conforme a Figura 2: FIGURA 2 – PIRÂMIDE DA HIERARQUIA DAS LEIS FONTE: Quizlet (2021, s. p.) A figura da pirâmide demonstra que a Constituição Federal – CF – de 1988, bem como suas emendas constitucionais, são a lei máxima, ou também conhecida como lei mestre. No entanto, como veremos mais à frente, a Constituição Federal não aborda profundamente cada tributo e são necessárias leis complementares, ou seja: leis que complementam aquilo que foi abordado na CF. O que não é abordado em lei complementar está em leis ordinárias. A seguir, têm-se as medidas provisórias e outras leis, e por fim, as resoluções, normalmente provenientes de órgãos de classe. 9 Por exemplo, no artigo 145, a Constituição Federal fixa tributos, mas não especifica cada um deles, além disso, no artigo 146, comenta que cabe à lei complementar normatizar diversas questões, como segue: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo (BRASIL, 1988). Então apenas analisando os dois artigos supracitados, já percebemos que apesar da CF ser a lei maior, ela precisa de leis complementares. Aproveitando, que chegamos ao artigo 145 surge um debate bem comum entre os acadêmicos: se os poderes poderão instituir tributos e estes poderão ser impostos, taxas ou contribuição, quer dizer que tributo não é a mesma coisa que imposto? Ou vice-versa? Você pensava que imposto e tributo eram sinônimos? Fique tranquilo, muita gente também pensa assim. No entanto, veja só: os impostos, como taxas e contribuições, são espécies de tributos. Ou seja: imposto é um tributo, mas não necessariamente um tributo será um imposto, visto que poderá ser taxa ou contribuição. Falando em imposto, vamos conhecer mais sobre eles? 10 4.1 IMPOSTOS Sobre o significado de imposto, o artigo 16 do CTN (1966) indica que: “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. Sobre a quais poderes compete instituir determinados tributos, o CTN (1966, s.p.) complementa com o artigo 18: Art. 18. Compete: I - à União, instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se aqueles não forem divididos em Municípios, cumulativamente, os atribuídos a estes; II - ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios, instituir, cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos Municípios. Quais os impostos que existem? Conforme o CTN (1966) são os seguintes: QUADRO 2 – IMPOSTOS Impostos Sigla Imposto sobre Importação II Imposto sobre Exportação IE Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana IPTU Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a eles Relativos ITBI e ITCMD Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza IRPJ, IRPF, IRRF Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Imposto sobre Serviços ISS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestações de Serviços de Transporte interestadual e intermunicipal e de Comunicação ICMS Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores IPVA Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários IOF FONTE: CTN (1966, s.p.) Há uma segregação dos impostos conforme a competência tributária, seja a União (Federais), Estados (Estaduais) ou Municípios (Municipais). A Constituição Federal (1988) aponta no artigo 153, os impostos de competência da União: 11 Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar (BRASIL, 1988). Já no que se refere aos impostos de competência dos Estados, pode-se verificar no artigo 155 da CF (1988): Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III - propriedade de veículos automotores (BRASIL, 1988). Por último, verifica-se no artigo 156 da CF (1988) os impostos de competência dos Municípios: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar (BRASIL, 1988). Você confere essa segregação resumida no Quadro 3: QUADRO 3 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Impostos Federais Impostos Estaduais Impostos Municipais • II; • IE; • ITR; • IRPJ; • IRPF; • IRRF; • IPI; • IOF. • ITCMD; • ICMS; • IPVA. • ITBI; • IPTU; • ISS. FONTE: As autoras 12 A partir da exposição dos artigos da CF, deu para compreender como a pirâmide da hierarquia das leis funciona? A CF, por exemplo, comenta a existência de impostos, mas é só no CTN (que é uma lei complementar) que constam todos eles. Interessante e complexo, não é? Você verá que ao longo da disciplina conheceremos outras leis complementares e ordinárias que abrangem questões tributárias. Vai ser muito bacana. Agora, continuaremos nossos estudos sobre mais uma espécie de tributo: as contribuições. 4.2 CONTRIBUIÇÕES Sobre as contribuições, o artigo 149 da Constituição Federal (1988) já limita ser de competência exclusiva da União, ou seja: não há contribuição dos Estados ou Municípios, apenas Federais: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo (BRASIL, 1988). No artigo 195, acrescenta que: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social (BRASIL, 1988). No artigo 239 complementa: Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego, outras ações da previdência social e o abono de que trata o § 3º deste artigo (BRASIL, 1988). 13 As contribuições relatadas nos artigos 149, 195 e 239 são as seguintes: • Programa de Integração Social – PIS. • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS. • Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. • Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. • Fundo de Garantia por Tempo de Serviços – FGTS. Confira no Quadro 4 a incidência das contribuições mencionadas: QUADRO 4 – INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS Do Empregador Do Trabalhador Folha de Salários Receita ou Faturamento Lucro Folha de Salários INSS; FGTS; PIS; COFINS. CSLL. INSS. FONTE: As autoras Perceba que tanto o empregador como o trabalhador pagam INSS. Já o FGTS é uma contribuição exclusiva do empregador e incide sobre a folha de salários. Quanto ao PIS e COFINS, incidem sobre a receita ou faturamento da empresa, e por fim, a CSLL incide sobre o lucro auferido. 4.3 TAXAS O CTN (1966) aborda as taxas a partir do seu artigo 77. Percebe-se que as taxas podem ser de competência tanto da União, como dos Estados e Municípios: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Como o “INSS” começa com a letra “I”, muitas pessoas acreditam que ele é considerado um imposto. No entanto, não confunda: INSS é uma contribuição social, e é paga tanto pela empresa como pelo empregado. NOTA 14 Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários (CTN, 1966, s.p.). Sobre as taxas, analise a Figura 3, que representa um mapa mental sobre o assunto: FIGURA 3 – MAPA MENTAL SOBRE TAXA FONTE: Entendeu direito (2021, s.p.). 15 4.4 CUMULATIVIDADE E NÃO CUMULATIVIDADE Conforme estudamos no Tópico 3.5, em alguns casos existe a possibilidade do crédito fiscal. O crédito fiscal está diretamente ligado à cumulatividade e não à cumulatividade de um tributo e é de suma importância compreendermos esses conceitos antes de irmos para o Tópico 2. Quando um tributo é cumulativo, ele não possibilita a compensação dos valores pagos referentes a operações anteriores. Ou seja: se uma empresa adquirir mercadorias para estoque e pagar esse estoque PIS ou COFINS ao fornecedor, no regime cumulativo a empresa não poderá compensar esse valor pago de tributos. É um valor que compõe o custo da mercadoria, neste caso. Vamos a um exemplo: No mês de abril de X1, uma empresa no regime em que PIS e COFINS são cumulativos adquiriu mercadorias à vista para estoque no valor de R$ 26.000,00. Supondo que o valor de PIS totalizou R$ 169,00 e o de COFINS R$ 780,00, como fica a contabilização dessa compra? D – Estoque R$ 26.000,00 C – Caixa R$ 26.000,00 Ainda em abril, digamos que a empresa vendeu todo esse estoque por R$ 72.000,00 a prazo e que nesta venda houve a incidência de R$ 468,00 de PIS e R$ 2.160,00 de COFINS para a empresa recolher aos cofres públicos, como fica a contabilização dessa venda? D – Clientes (AC) R$ 72.000,00 C – Receita de vendas (DR) R$ 72.000,00 D – CMV (DR) R$ 26.000,00 C – Estoque (AC) R$ 26.000,00 D – PIS s/ vendas (DR) R$ 468,00 C – PIS a recolher (PC) R$ 468,00 D – COFINS s/ vendas (DR) R$ 2.160,00 C – COFINS a recolher (PC) R$ 2.160,00 Perceba que, independente dos tributos pagos na compra, tudo foi contabilizado no estoque. No caso da venda,perceba que todo o valor da compra do estoque se transformou em custo da mercadoria vendida no momento da venda de mercadorias. Além disso, os valores de R$ 468 e R$ 2.160 deverão ser pagos integralmente, pois há valores a compensar. Por outro lado, em casos de não cumulatividade há a possibilidade de aprovei- tamento de tributos pagos em operações anteriores. Esse aproveitamento ocorre com a compensação deles nos tributos a pagar nas vendas. Vejamos o mesmo exemplo anterior, mas agora em uma empresa no regime de não cumulatividade para o PIS e COFINS. 16 No mês de abril de X1, uma empresa no regime em que PIS e COFINS são não cumulativos adquiriu mercadorias à vista para estoque no valor de R$ 26.000,00. Supondo que o valor de PIS totalizou R$ 429,00 e o de COFINS R$ 1.975, como fica a contabilização dessa compra? D – Estoque R$ 23.596,00 D – PIS a recuperar R$ 429,00 D – COFINS a recuperar R$ 1.975,00 C – Caixa R$ 26.000,00 Ainda em abril, digamos que a empresa vendeu todo esse estoque por R$ 72.000,00 a prazo e que nesta venda houve a incidência de R$ 1.188,00 de PIS e R$ 5.472,00 de COFINS para a empresa recolher aos cofres públicos, como fica a contabilização dessa venda? D – Clientes (AC) R$ 72.000,00 C – Receita de vendas (DR) R$ 72.000,00 D – CMV (DR) R$ 23.596,00 C – Estoque (AC) R$ 23.596,00 D – PIS s/ vendas (DR) R$ 1.188,00 C – PIS a recolher (PC) R$ 1.188,00 D – COFINS s/ vendas (DR) R$ 5.472,00 C – COFINS a recolher (PC) R$ 5.472,00 QUADRO 5 – APURAÇÃO DOS TRIBUTOS PIS COFINS Débitos R$ 1.188 R$ 5.472 Créditos R$ 429 R$ 1.975 Valor a recolher R$ 759 R$ 3.497 FONTE: As autoras Contabilização de Transferência do saldo a recuperar para o saldo a recolher: D – PIS a recolher R$ 429 D – COFINS a recolher R$ 1.975 C – PIS a recuperar R$ 429 C – COFINS a recuperar R$ 1.975 17 TABELA 1 – CÁLCULOS D PIS A RECUPERAR (AC) C 1 R$ 429,00 R$ 429,00 3 R$ - D PIS A RECOLHER (PC) C 3 R$ 429,00 R$ 1.188,00 2 R$ 759,00 D COFINS A RECUPERAR (AC) C 1 R$ 1.975,00 R$ 1.975,00 3 R$ - D COFINS A RECOLHER (PC) C 3 R$ 1.975,00 R$ 5.472,00 2 R$ 3.497,00 FONTE: As autoras Percebeu a diferença deste exemplo de não cumulatividade para o de cumulatividade? Neste caso, a possibilidade do crédito fiscal faz com que utilizemos contas de “Tributos a Recuperar” que são contas do Ativo e significam que a empresa tem um direito de recuperar esses tributos nas próximas etapas de suas atividades. Os valores a recuperar são descontados do Estoque, ou seja: vai para o Estoque a diferença entre o valor total da nota fiscal e os tributos a recuperar. No momento da venda, percebe-se que o custo da mercadoria vendida é menor, já que os tributos recuperáveis não compuseram o custo do Estoque no momento da compra. Ao final do mês de abril de X1 a empresa faz uma contabilização de transferência dos saldos a recuperar, visto que todo o valor que constava na conta foi utilizado para abater dos tributos a recolher. No entanto, nem sempre o valor de tributos a recuperar fica 18 zerado no final do mês: nos casos em que a empresa tem menos valores a recolher do que a recuperar, faz-se a transferência dos saldos, mas o valor remanescente na conta de tributo a recuperar é transportado para o mês seguinte, podendo ser utilizado normalmente. Conforme comentado anteriormente, o que define se um tributo será cumulativo ou não cumulativo é o regime de tributação no qual ele está enquadrado. Importante comentar que um tributo pode ser cumulativo em um regime e não cumulativo em outro. Vejamos o Quadro 6, que resume os tributos cumulativos e não cumulativos em cada regime de tributação. QUADRO 6 – CUMULATIVIDADE E NÃO CUMULATIVIDADE Lucro Real Lucro Presumido Simples Nacional Cumulativo Não Cumulativo Cumulativo Não Cumulativo Cumulativo Não Cumulativo ISS PIS, COFINS, ICMS, IPI. ISS, PIS, COFINS ICMS, IPI. Todos - FONTE: As autoras Identifica-se no Quadro 6 que o ISS é sempre cumulativo, independente do regime. O Lucro Real é o regime que mais possibilita créditos, sendo possível de PIS, COFINS, ICMS e IPI. No Lucro Presumido, apenas ICMS e IPI são não cumulativos. Já no Simples Nacional, todos os tributos são cumulativos, ou seja, não há créditos fiscais no Simples Nacional. No exemplo prático que utilizamos, consideramos créditos da compra de mercadorias para o estoque, mas existem muitas outras hipóteses de que dão direito ao crédito. Essas hipóteses variam conforme o tributo, de acordo com o que se pode ver no Quadro 7: 19 QUADRO 7 – OPERAÇÕES QUE DÃO DIREITO A CRÉDITO NA NÃO CUMULATIVIDADE ICMS IPI PIS e COFINS • Operações de que tenha resultado a entrada de mer- cadoria no estabelecimen- to, ao ativo imobilizado, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de co- municação. • Entrada de energia elétrica quando consumida no processo de industrialização. • Entrada de matéria-prima, produto intermediário, ma- terial de embalagem. • Bens adquiridos para revenda; • Bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviço e na fabricação de bens; • Energia elétrica consumida no estabelecimento; • Aluguéis de prédios pagos a pessoa jurídica; • Bens do ativo imobilizado. FONTE: As autoras Percebe-se que ICMS e IPI têm possibilidades diferentes de aproveitamento de crédito fiscal. Enquanto o ICMS dá esse direito quando ocorre entrada de mercadoria, ativo imobilizado, serviços de transporte e comunicação e ainda energia elétrica (neste caso para as indústrias), o IPI dá direito na compra de matéria-prima, produtos intermediários e material de embalagem. Já o PIS e a COFINS têm possibilidades iguais (nos próximos tópicos veremos que, inclusive, eles possuem a mesma base de cálculo) para crédito fiscal: sejam os bens adquiridos para revenda, como os insumos, energia elétrica (nesse caso, independe se é uma indústria, comércio ou prestadora de serviço), aluguel pago a pessoa jurídica e bens do ativo imobilizado. É importante ressaltar que quando o ativo imobilizado é mencionado, está se referindo ao ativo ligado diretamente à atividade fim da empresa que dá direito a crédito fiscal. Ou seja: não são todos os imobilizados que darão direito a crédito e o contador deve analisar cada situação. 20 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Contabilidade tributária é o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e adequada. • Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. • Os tributos possuem elementos importantes, sendo: fato gerador, contribuinte, base de cálculo, alíquota, crédito, compensação e pagamento. • A Constituição Federal e suas Emendas Constitucionais são a lei máxima, mas que leis complementares e ordinárias complementam os assuntos não abordados nelas. • O Código Tributário Nacional norteia as principais questões tributárias no Brasil. • O Sistema Tributário Nacional são todos os impostos, taxas e contribuições. • Impostos, taxas e contribuições são espécies de tributos. • Os impostos federais são: de importação, exportação, propriedade territorial rural, de renda, sobre produtos industrializados, sobre operações financeiras. • Os impostos estaduais são: sobre causa mortis e doação, mercadorias e serviços de transporte e comunicação, sobre veículos automotores. • Os impostos municipais são: sobre transmissão de bens imóveis, propriedade territorial urbana e sobre serviços. • Todas as contribuições são federais: PIS, COFINS, INSS, FGTS, CSLL. • As taxas podem ser tanto federais, como municipais e estaduais. • Os tributos cumulativos não dão direito a crédito fiscal. Os tributosnão cumulativos dão e não compõem o custo de determinado bem ou mercadoria. • Os tributos não cumulativos no Lucro Real são: PIS, COFINS, IPI e ICMS. • Os tributos não cumulativos no Lucro Presumido são: IPI e ICMS. • No Simples Nacional não há tributo não cumulativo. RESUMO DO TÓPICO 1 21 1 Aprendemos que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir tributos, e que cabe à lei complementar dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Nesse sentido, classifique os tributos em federais, estaduais ou municipais (ou todos): Tributo Federal Estadual Municipal ISS IPVA IRPJ De Limpeza Pública PIS COFINS De Vistoria CSLL INSS IRPF ITBI II IE ITCMD De Funcionamento ITR IPTU ICMS FGTS IPI IOF 2 A partir das informações a seguir, faça a contabilização da compra, venda, transferência de saldos (se houver) e indique quanto ficou a recolher de cada tributo, em uma empresa do regime cumulativo para PIS e COFINS e em uma empresa do regime não cumulativo para PIS e COFINS. AUTOATIVIDADE 22 - Em setembro de X1, a empresa adquiriu à vista mercadorias para revenda no valor de R$ 20.000,00. Nessa compra ela pagou R$ 330 de PIS e R$ 1.520 de COFINS. - A empresa vendeu à vista todas as mercadorias adquiridas por R$ 35.000. Na venda houve a incidência de R$ 577,50 de PIS e R$ 2.660,00 de COFINS. Lançamentos Contábeis no REGIME CUMULATIVO: Compra: Venda: Transferência de saldo de tributos ao final do mês: PIS a recolher: COFINS a recolher: Lançamentos Contábeis no REGIME NÃO CUMULATIVO: Compra: Venda: Transferência de saldo de tributos ao final do mês: PIS a recolher: COFINS a recolher: 3 Algumas empresas possuem o direito de acumular créditos fiscais decorrentes do pagamento de tributos na aquisição de mercadorias, insumos e outras operações. Apenas empresas que estão em regimes “não cumulativos” do tributo possuem direito a esse crédito. No que se refere às possibilidades de crédito no regime não cumulativo, assinale a alternativa CORRETA que contém somente tributos passíveis de creditamento: a) ( ) PIS, COFINS, ISS, IPI. b) ( ) PIS, COFINS, ICMS, IPI. c) ( ) PIS, COFINS, ISS, ICMS. d) ( ) PIS, COFINS, ISS, TAXAS. 4 Sabemos que os tributos são desembolsos consideráveis para as empresas, e para um cálculo e apuração corretos, devemos compreender as características importantes de cada tributo. É por isso que antes de calcular, deve-se compreender os elementos do tributo. Sobre os elementos dos tributos, analise as sentenças a seguir: 23 I- Fato gerador, compensação e pagamento, são alguns exemplos de elementos de tributos. II- Crédito, alíquota e base de cálculo, são alguns exemplos de elementos de tributos. III- Contribuinte, fato gerador e alíquota são alguns exemplos de elementos de tributos. IV- Base de cálculo, apuração e compensação, são alguns exemplos de elementos de tributos. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. c) ( ) Somente a sentença III está correta. d) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. 5 O funcionamento do Sistema Tributário Nacional é pautado no recolhimento de tributos, com o objetivo de financiar as atividades do Estado, como melhorias nos serviços prestados à população, investimentos em infraestruturas e pagamentos dos salários dos servidores (IBPT EDUCAÇÃO, 2019). Sobre do que se compõem o Sistema Tributário nacional, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Tributos, taxas e contribuições de melhoria. b) ( ) Impostos, alíquotas e taxas. c) ( ) Impostos, taxas e contribuições de melhoria. d) ( ) Impostos, taxas e cumulatividade. 24 25 TRIBUTAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO E CONTABILIZAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos todos os tributos incidentes sobre o faturamento e as contabilizações envolvidas nas diversas operações que incidem sobre esses tributos. O faturamento é todo o valor gerado pela empresa em determinado período, são os valores de vendas e prestação de serviços. Inicialmente, é o imposto sobre serviços que será abordado. O ISS é um imposto municipal incidente sobre serviços prestados. Também estudaremos o ICMS, que é um imposto estadual, incidente sobre diversas operações envolvendo mercadorias, prestação de serviços de transporte interestadual e estadual e serviços onerosos de comunicação. Em seguida, o IPI será estudado. Ele é um imposto que incide sobre produtos industrializados, mas está diretamente ligado ao faturamento da empresa. Por fim, serão abordados PIS e COFINS, que são tributos federais incidentes sobre o faturamento das empresas. 2 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS – ISS Já aprendemos que o ISS é o Imposto sobre Serviços e que ele é um imposto de competência municipal. No entanto, ainda não vimos quais são os seus elementos e legislação específicos. De um modo geral, o ISS é um imposto sobre o faturamento das empresas prestadoras de serviços. Um comércio ou uma indústria que não tenham atividade de serviços, não terão ISS. 2.1 PARTE TEÓRICA Vamos começar pela Constituição Federal? Já sabemos que o artigo 156 menciona o ISS no inciso III: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar (BRASIL, 1988). Ademais, sobre o ISS, a CF (1988) comenta que: UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 26 § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados (BRASIL, 1988). Vemos que a própria Constituição menciona que é uma lei complementar que irá dizer quais as alíquotas que devem ser utilizadas e já adianta que não haverá incidência em exportações de serviços. Para isso, foi criada a Lei Complementar 116/2003, que dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências. É importante compreender que como o ISS é um imposto municipal, cada cidade terá a sua própria lei para o imposto, seguindo a Lei nº 116. Partindo do entendimento que os elementos dos tributos são importantes, iniciaremos os estudos pelo fato gerador do ISS. Qual é? Conforme o artigo 1º da Lei nº 116/2003, o ISS tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. Além disso, incide também sobre o serviço proveniente do exterior do país ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior dele. Como mencionado anteriormente, existem as não incidências de ISS, conforme o artigo 2º da Lei nº 116/2003: Art. 2o O imposto não incide sobre: I - as exportações de serviços para o exterior do País; II - a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios- gerentes e dos gerentes-delegados; III - o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras. Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior (BRASIL, 2003). As não incidências de ISS estão relacionadas às exportações de serviços para o exterior, no entanto, há que analisar se os resultados dos serviços desenvolvidos no Brasil já foram aqui verificados: se sim, haverá incidência. Ademais, não incide ISS sobre as relações de emprego, entre diretores econselheiros de empresas, e o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários. O artigo 5º aborda sobre o contribuinte, em que: contribuinte é o prestador do serviço. Isso quer dizer que quem paga efetivamente o tributo é quem está prestando o serviço para alguém. 27 Continuando com os elementos do ISS, a base de cálculo dele é o preço do serviço. No que se refere à alíquota, a Lei nº 116 (2003) afi rma que pode variar: Art. 8o As alíquotas máximas do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza são as seguintes: I - (VETADO) II - demais serviços, 5%. Art. 8o-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2% (BRASIL, 2003). A partir disso vemos que a alíquota do ISS pode variar entre 2% a 5%. Quem defi ne as alíquotas exatas para cada serviço é a lei do ISS de cada município. As alíquotas podem ser diferentes de cidade para cidade. Quanto ao crédito e compensação, eles não existem no ISS, pois é um tributo cumulativo. Quanto ao pagamento, varia conforme cada município, mas de um modo geral, é um imposto mensal. A data de vencimento do ISS também varia conforme cada município da federação preferir. Cabe comentar sobre mais dois artigos da Lei nº 116/2003. O artigo 3º da Lei do ISS é muito importante. Ele menciona casos de exceção sobre em que local o ISS será devido. De um modo geral: o serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento do prestador. No entanto, cada município, a partir da sua própria lei, vai defi nir quais são essas exceções à regra. Nesse sentido, o ISS das exceções é devido no local do estabelecimento do tomador, ou seja: na cidade de quem contratou o serviço. Todavia, essas exceções podem gerar alguns problemas se o prestador e o tomador forem de cidades diferentes. Por exemplo: se uma empresa do Rio de Janeiro presta um serviço que é exceção do artigo 3º para uma empresa de São Paulo, signifi ca que a empresa de RJ terá que pagar o ISS para a cidade de São Paulo. No entanto, para fazer esse pagamento, as empresas precisam ter uma inscrição municipal naquela cidade e muitas vezes nem sabem que necessitam disso. Por causa dessas situações, geram-se problemas com o fi sco como com a contabilidade. Para evitar que essas situações aconteçam, existe o artigo 6º da Lei nº 116. Ele menciona que os municípios, a partir das suas leis, poderão atribuir a responsabilidade do tributo para terceira pessoa, ou seja: o tomador é que deve pagar o tributo nesses casos. A empresa Uni Serviços Ltda. prestou um serviço para a Joana Ferreira. Nesse caso, quem é o contribuinte do ISS? De um modo geral, o contribuinte é a empresa Uni Serviços Ltda. NOTA 28 A Lei nº 116 traz em seu artigo 6º diversos serviços em que o tomador é o responsável pelo pagamento, no entanto, vale lembrar que cada município deverá decidir quais serviços serão tributados dessa forma. Assim, ao utilizarmos o exemplo anterior da empresa do RJ que prestou um serviço de exceção em SP, é a empresa paulistana que terá que pagar o ISS para a sua cidade, e não mais a empresa do RJ. Dessa forma, diminuem-se as burocracias na prestação de determinados serviços em cidades diferentes. Agora que já aprendemos a principal lei que regulamenta o ISS, confi ra o resumo dos elementos desse imposto no Quadro 8: QUADRO 8 – ELEMENTOS DO ISS Fato Gerador Contribuinte Base de Cálculo Alíquota Crédito e compensação Pagamento Prestação de serviços O prestador de serviços, salvo as exceções do artigo 6º conforme legislado por cada município. Preço do serviço De 2% a 5%. Cada município defi ne. Não há, pois o ISS é cumulativo. Mensal. FONTE: As autoras Entendido tudo sobre a parte teórica do ISS, vamos para a parte prática e colocar a mão na massa? Ou melhor: colocar a mão nos débitos e créditos. 2.2 PARTE PRÁTICA O conhecimento sobre tributos é muito importante para as empresas, seja por representarem uma alta porcentagem das despesas mensais, como também por impactar na contabilidade e no atendimento ao fi sco. Vejamos como esse impacto na contabilidade acontece. Para conhecer e estudar a Lei Complementar nº 116/2003 na íntegra, acesse o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm. DICA 29 Vamos supor que a empresa Só Serviços Ltda. presta serviços de consultoria. Na cidade em que a empresa está situada, a alíquota de ISS sobre serviços de consultoria é 3%. Além disso, esse serviço não é uma exceção do artigo 3º e 6º da Lei Complementar nº 116/2003. Considerando o exposto, vejamos as operações e respectivas contabilizações da empresa no mês de abril/X2: Dia 05/04: Prestação de serviço de consultoria a prazo, referente à Nota Fiscal de Serviço – NFS – nº 15, no valor de R$ 1.000,00. D – Clientes a receber (AC) R$ 1.000 C – Receita com prestação de serviços (DR) R$ 1.000 D – ISS sobre serviços (DR) R$ 30 C – ISS a recolher (PC) R$ 30 Dia 15/04: Prestação de serviço de consultoria à vista, referente à NFS nº 16 no valor de R$ 500,00. D – Caixa (AC) R$ 500 C – Receita com prestação de serviços (DR) R$ 500 D – ISS sobre serviços (DR) R$ 15 C – ISS a recolher (PC) R$ 15 Dia 29/04: Prestação de serviço de consultoria à vista, referente à NFS nº 17, no valor de R$ 1.500,00. D – Caixa (AC) R$ 1.500 C – Receita com prestação de serviços (DR) R$ 1.500 D – ISS sobre serviços (DR) R$ 45 C – ISS a recolher (PC) R$ 45 Qual o valor de ISS a recolher referente a abril/X2? R$ 30 + R$ 15 + R$ 45 = R$ 90,00. A partir dos lançamentos contábeis, percebe-se que o registro do ISS na contabilidade se dá com um débito em conta de despesa e um crédito em conta do passivo, gerando, assim, a obrigação do pagamento do tributo. Essa obrigação é uma obrigação principal. Na empresa em questão, o valor a pagar será de R$ 90,00 e será emitida uma guia (boleto) para efetuar o pagamento. O vencimento da guia será até o último dia do mês seguinte, ou seja, maio, porém, conforme já mencionado, a data de vencimento varia de cidade para cidade. A Figura 4 demonstra um exemplo de guia de ISS. 30 FIGURA 4 – EXEMPLO DE GUIA DE ISS FONTE: Prefeitura Municipal de São Paulo (2015, s.p.) Após a empresa pagar a guia de ISS, a conta de “ISS a recolher” ficará com saldo zero, até novas notas de serviço serem emitidas e gerarem a obrigação principal. Outro ponto é que além da necessidade de emissão de nota fiscal de serviço, as empresas prestadoras de serviços normalmente precisam informar mensalmente a quantidade de notas emitidas e tomadas (serviços contratados). Tanto a emissão da nota de serviço quanto a prestação de contas ao município são consideradas obrigações acessórias. A Figura 5 apresenta um exemplo de nota fiscal de serviço. FIGURA 5 – EXEMPLO DE NOTA FISCAL DE SERVIÇOS FONTE: <https://bit.ly/37AkMmB>. Acesso em: 30 mar. 2022. 31 Analise as informações contidas na nota fiscal da Figura 5. Consta a data de emissão, os dados do prestador do serviço e do tomador, além da discriminação dos serviços que foram prestados. Consta o valor total da nota e o código do serviço. Esse código varia de cidade para cidade, não sendo universal. Além do mais, consta o valor da base de cálculo para o ISS, a alíquota e o valor do ISS. Você se lembra dos artigos 3º e 6º da Lei nº 116/2003? Que são exceções relacionadas ao local que o ISS será devido e ao responsável pelo pagamento do tributo? Faremos um exemplo de como fica na contabilidade e na nota fiscal nesses casos específicos. Vamos supor que a empresa Bom Serviços Ltda. presta serviços de demolição. Na cidade em que a empresa está situada, a alíquota de ISS sobre serviços de demolição é 5%. Além disso, esse serviço é uma exceção do artigo 3º e 6º da Lei Complementar nº 116/2003, ou seja: além do ISS ter que ser pago no local do estabelecimento do tomador, o responsável pelo pagamento é o próprio tomador. Considerando o exposto, vejamos as operações e respectivas contabilizações da empresano mês de agosto/X5: Dia 20/08: Prestação de serviço de demolição a prazo, referente à Nota Fiscal de Serviço – NFS – nº 285, no valor de R$ 2.200,00. D – Clientes a Receber (AC) R$ 2.090 D – ISS a compensar (AC) R$ 110 C – Receita com prestação de serviços (DR) R$ 2.200 D – ISS s/ serviços (DR) R$ 110 C – ISS a recolher (PC) R$ 110 No dia 31/08 deve ser feita a compensação do ISS que é de responsabilidade do tomador, visto que nesse caso o prestador não é o responsável pelo pagamento: D – ISS a recolher (PC) R$ 110 C – ISS a compensar (AC) R$ 110 Qual o valor de ISS a recolher referente a agosto/X5? R$ 0,00. Todo o ISS deve ser pago pelo tomador. Veja que nesses casos específicos, a diferença começa no registro da receita na contabilidade. Registramos um crédito em conta de receita com serviços no valor total do serviço prestado. No entanto, fazemos um débito na conta de “ISS a compensar” no ativo, pois é o tomador quem pagará o imposto (o nosso cliente). Se o cliente é quem vai pagar o ISS, a empresa prestadora só receberá o valor líquido entre o total da nota fiscal e o ISS. Por isso é que fazemos um débito menor na conta de “Clientes a receber”, já que receberemos do cliente apenas o líquido. 32 Perceba que não deixamos de registrar na contabilidade o débito na despesa com ISS e um crédito no passivo. Mesmo que não seja a empresa prestadora a responsável por pagar o tributo, ela acaba recebendo menos do tomador, logo, isso é uma despesa. No final do mês deve-se fazer a compensação dos valores registrados no ativo como “ISS a compensar” com aqueles valores creditados em “ISS a recolher”. Essa compensação acontece transferindo o saldo da conta de ativo para a conta de passivo. Não haverá saída de caixa para a empresa prestadora e a quitação do ISS se dá com a compensação dessas contas. O ISS de serviços que são exceção do artigo 3º e 6º é comumente chamado de ISS retido. Dá-se esse nome, pois o ISS é retido na nota fiscal para o tomador pagar, logo, o valor líquido da nota fiscal é menor. Veja um exemplo desses casos na Figura 6. FIGURA 6 – EXEMPLO DE NOTA DE SERVIÇO COM RETENÇÃO DE ISS FONTE: As autoras O que muda na nota fiscal da Figura 6 para a nota da Figura 5 é que na Figura 6 há a informação de que o ISS é retido, e o valor líquido na nota é a diferença entre o valor total do serviço prestado e o ISS retido. O valor dos serviços é o valor que o prestador registrará na sua receita com prestação de serviços. O valor líquido da nota é o valor que o tomador pagará ao prestador, e o ISS retido é o valor que o tomador pagará ao município, além de ser registrado pelo prestador como ISS a compensar. Agora que já aprendemos sobre o ISS, vamos para o próximo tributo? 33 3 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO – ICMS O ICMS é um tributo estadual, que incide sobre operações relacionadas a mercadorias e serviços de transporte (exceto o municipal) e de serviços de comunicação. Como já vimos no tópico 1, o artigo 155 da Constituição Federal menciona o ICMS. 3.1 PARTE TEÓRICA A Constituição já enfatiza no artigo 155 que o ICMS será não cumulativo, ou seja: dará direito a crédito fiscal em determinadas operações. No entanto, assim como acontece com o ISS, o ICMS possui uma lei complementar para regulamentá-lo. Esta lei é a Lei Complementar nº 87 de 1996, conhecida como Lei Kandir. Iniciando pelo elemento fato gerador, diferentemente do ISS, o ICMS possui mais de um, devido sua ampla incidência. O artigo 2º da Lei Kandir indica os 8 fatos geradores do ICMS: Art. 2° O imposto incide sobre: I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. § 1º O imposto incide também: I - sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade. II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente (BRASIL, 1996). 34 Sobre o contribuinte do ICMS, a Lei Kandir, em seu artigo 4º aborda que: Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. Parágrafo único. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial: I - importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua finalidade; II - seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III - adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados; IV - adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização (BRASIL, 1996). Em resumo, independentemente de a pessoa realizar operações que geram ICMS com habitualidade ou não, ou tendo intuito comercial ou não, ela também será considerada contribuinte do imposto, inclusive quem importa mercadorias, quem é destinatária de serviços prestados no exterior, quem adquire bens de licitação ou apreendidos ou abandonados ou adquire lubrificantes e combustíveis e energia elétrica de outro estado (quando não destinados à comercialização ou industrialização). Já no artigo 13, a Lei Kandir aborda a base de cálculo do imposto. É importante mencionar que assim como o ICMS possui vários fatos geradores, ele também possui diversas bases de cálculo que dependem da operação a que se refere. Para compreender de uma forma mais simples, analise o Quadro 9 que demonstra de forma dinâmica as bases de cálculo do ICMS: QUADRO 9 – BASES DE CÁLCULO DO ICMS Operação Base de Cálculo Saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular. Transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente. Transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente;. Valor da operação. Fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; Valor da operação. 35 Prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Preço do serviço. Fornecimento de mercadoria com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios. Valor da operação. Fornecimento de mercadoria com prestação de serviços compreendidos na competência tributária dos Municípios