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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ 1 Professor Manoel Gustavo Nogueira Vidal gustavob612@hotmail.com SISTEMAS LINEARES 1- Equação Linear: É toda equação do tipo: a1x1 + a2x2 + ... + anxn = b Os números reais (conhecidos) a1, a2, ..., an são ditos coeficientes , o real b é o termo independente (ou constante) e x1, x2, ..., xn são as variáveis (ou incógnitas). A equação acima é chamada linear pelo fato de o polinômio no 1o membro ser do 1o grau. Portanto, o expoente de todas as incógnitas deve ser 1, e cada monômio deve conter uma , e apenas uma, variável. Não são lineares, por exemplo, as equações: x1 - 3x22 + 2x3 = 4 , -x1x2 + 5x3 = 0 , x x x1 2 3 3 1 5− + = − Se a seqüência (α1, α2 ,..., αn) de reais torna a sentença a1α1 + a2α2 + ... + anαn = b verdadeira, então é dita solução da equação linear acima. Ex.: 1) A equação -3x1 - 4x2 + x3 + 2x4 = 5 admite a seqüência (-1 , 0, 0, 1) como solução, pois: -3. (-1) - 4.0 + 0 + 2.1 = 5 (V) Entretanto, a seqüência (1, 0, 0, -1) não é solução, pois: -3.1 -4.0 + 0 + 2.(-1) = 5 (F) 2) A equação 0x1 + 0x2 + ... + 0xn = 0 admite qualquer ênupla (α1 ,α2 , ..., αn ) como solução. 3) A equação 0x1 + 0x2 + ... + 0xn = b , com b ≠ 0 não admite solução, pois toda seqüência (α1, α2 , ..., αn) torna a sentença 0α1 + 0α2 + ... + 0αn = b falsa. 2- Sistema Linear: Um conjunto de m equações lineares, com n incógnitas (m, n ≥ 1), é dito sistema linear de m equações a n incógnitas (S): Genericamente: (S) a x a x ... a x b a x a x ... a x b ......................................... a x a x ... a x b 11 1 12 2 1n n 1 21 1 22 2 2n n 2 m1 1 m2 2 mn n n + + + = + + + = + + + = Em (S), os coeficientes aij são reais, não todos simultaneamente nulos. É notável que (S) pode ser escrito sob a forma matricial: a a ... a a a ... a ......................... a a ... a x x x b b b 11 12 1n 21 22 2n m1 m2 mn 1 2 n 1 2 n = . M M Por meio desta notação, definem-se as matrizes: a) Matriz completa: é a matriz composta pelos coeficientes das incógnitas mais os termos independentes. A = a a ... a b a a ... a b a a ... a b 11 12 1n 1 21 22 2n 2 m1 m2 mn n M M M M b) Matriz incompleta: é a matriz completa a menos da última coluna. A’ = a a ... a a a ... a ......................... a a ... a 11 12 1n 21 22 2n m1 m2 mn c) Matriz das incógnitas: é a matriz coluna formada pelas variáveis do sistema. X = x x x 1 2 n M d) Matriz dos termos independentes: é a matriz coluna formada pelos termos constantes. B = b b b 1 2 n M Dessa forma, o sistema (S) ainda pode ser assim representado: A’.X = B A seqüência (α1, α2 , ..., αn ) será dita solução de (S) quando, e somente quando, for solução de todas as m equações lineares. Resolver um sistema linear é encontrar o conjunto de todas as soluções desse sistema (conjunto verdade ou conjunto solução), representado por V. 3- Tipos de Sistemas Lineares: 3.1- Quanto aos termos independentes: a) Homogêneo: quando todos os termos independentes são nulos. Está claro que uma possível solução para qualquer sistema homogêneo é a seqüência (0, 0, ..., 0), chamada trivial, nula ou imprópria. Caso um sistema homogêneo apresente soluções diferentes, estas são chamadas não-triviais ou próprias. b) Não homogêneos: quando existe pelo menos um termo constante não nulo. 3.2- Quanto ao número de soluções a) Possível ou Consistente: quando apresenta pelo menos uma solução. Divide-se em dois tipos: a.1) Determinado : o conjunto solução é unitário a.2) Indeterminado : V é infinito UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ 2 Professor Manoel Gustavo Nogueira Vidal gustavob612@hotmail.com b) Impossível ou Inconsistente : quando V é vazio (não apresenta solução). 4) Sistema de Cramer (ou Normal) É todo aquele em que a matriz incompleta A’ é quadrada (m = n) e também det A’ ≠ 0 (D ≠ 0) 4.1- Regra de Cramer: Todo sistema normal é possível admitindo uma e só uma solução, dada por: D Di i =α , onde Di é o determinante da matriz obtida pela substituição da i-ésima coluna pela coluna dos termos constantes. Ex.: Seja o sistema (S) dado por S −=+− −=+−− =−+ 77zy5x 1z2y3x 0zy2x , então: D = 013 715 123 112 ≠−= − −− − ⇒ (S é normal) Dx = 13 717 121 110 −= −− −− − Dy = 2 0 1 3 1 1 5 7 7 26 − − − − = − Dz = 0 715 123 012 = −− −−− . Dessa forma : 1 13 13 D Dx x −= − == ; 2 13 26 D Dyy = − − == ; 0 13 0 D Dz z = − == ⇒ V= {(-1 , 2, 0)} (conjunto unitário) 5- Sistemas Equivalentes: Dois sistemas, (S) e (S’), são equivalentes (representa-se (S)∼(S’)) quando: I- São impossíveis , ou II- São possíveis e qualquer solução de (S) é solução de (S’), e vice-versa Pode-se obter um sistema (S’) equivalente a (S) por meio de qualquer transformação elementar abaixo: T.1- Permutação de duas equações quaisquer; T.2- Multiplicação de todos os termos de uma equação qualquer por uma constante r , r ≠ 0; T.3- Substituição de uma equação qualquer pela soma dela com outra previamente multiplicada por uma constante r , r ≠ 0. 6- Sistema Escalonado Um sistema é dito escalonado (ou que está na forma escalonada) quando: a) Todas as equações apresentam, pelo menos, um coeficiente não nulo ; b) A quantidade de coeficientes nulos, antes do primeiro coeficiente não nulo, aumenta da esquerda para a direita e de equação para equação, formando uma “escada”. 6.1- Resolução de Sistemas Escalonados: Tipo I : m = n S a x a x ... a x b a x ... a x b ................................ a x b 11 1 12 2 1n n 1 22 2 2n n 2 mn n n + + + = + + = = , em que aii ≠ 0 , ∀i , 1 ≤ i ≤ n Observa-se que a matriz incompleta A’ é tal que: det A’ = a a ... a 0 a ... a ......................... 0 0 ... a 11 12 1n 22 2n mn = ≠ ⇒a a ann11 22 0. ..... (S) é normal. Portanto, pela regra de Cramer, (S) é possível e determinado. Para resolver (S), basta isolar xn na última equação, substituir seu valor na penúltima, encontrando xn -1 , é assim por diante, até encontrar-se x1 . Ex.: S 5x 6y 5z t 7 (1) 2y 8z t 1 (2) 3z 2t 6 (3) 5t 15 (4) + − − = − − + + = + = = ⇒ ( )4 → t = 3 (3) → 3z + 2.3 = 6 ⇒ z = 0 ( )2 → -2y + 8.0 + 3 = 1 ⇒ y = 1 ()1 → 5x + 6.1 - 5.0 -3 = -7 ⇒ x = -2 Então V = {(-2, 1, 0, 3)} (solução única) Tipo II: m < n S a x a x ... ... a x b a x ... ... a x b ................................... a x +...+a x b 11 1 12 2 1n n 1 2j j 2n n 2 mr r mn n n + + + = + + = ≥ = > ( ) ( ) j r j 2 Este sistema é resolvido por recorrência ao tipo I do seguinte modo: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ 3 Professor Manoel Gustavo Nogueira Vidal gustavob612@hotmail.com - Nas m equações transpõem-se as variáveis que não iniciam nenhuma equação de (S) (denominamos variáveis livres) para o 2o membro; - O “novo” sistema (S’) obtido deve ser encarado como do tipo I, apenas com as variáveis que sobraram (em número de m); - Arbitrando valores para as variáveis livres, obtém-se um sistema possível e determinado. Como o número de valores que podem ser atribuídos aumenta indefinidamente, o número de soluções de (S) é infinito, o que o classifica como possível e indeterminado. Ex.: S 3x 2y z t 2 2z 3t 1 ~ S 3x z 2 2y t 2z 1 3t − + − = − − = − + = − + + = − + ' (y e t são variáveis livres) Atribuindo-se os valores reais α a y e β a t, o sistema (S’) pode ser encarado como do tipo I, admitindo solução única: S’ += ++−=+ (2) 3β-12z (1) β2α2z3x ⇒ 6 β-4α+3- = x β2α2 2 3β13x 2 3β1 Z (1)(2) ⇒++−= = +− +→ +− =→ Como α e β são reais quaisquer, (S) admite infinitas soluções, porém todas do tipo: V = +−−+− β, 2 3β1 α,, 6 β4α3 , α , β ∈ ℜ OBS.: Por definição, o número n - m é denominado grau de indeterminação do sistema e representa a quantidade de variáveis livres do sistema. 7- Método da Eliminação de Gauss (escalonamento) Resolver um sistema linear pela regra de Cramer apresenta sérias limitações: além de o sistema ter de ser normal, no mínimo, serão utilizados n + 1 determinantes de ordem n. O método do escalonamento serve para encontrar a solução de qualquer sistema linear, consistindo em transformar um sistema (S) em um sistema equivalente (S1), porém escalonado , de fácil resolução. 7.1- Procedimentos: Este método baseia-se nas transformações elementares, vistas no item 5. I- A 1a equação deve possuir a 1a incógnita , xi , com coeficiente não nulo. II- Anulam-se os coeficientes de xi nas outras equações do seguinte modo: multiplica-se a 1a equação por um número apropriado, somando-a com cada equação restante; III- Abandona-se, temporariamente, a 1a equação (não modificam); IV- Repetem-se os procedimentos anteriores, abandonando sempre a i-ésima equação e anulando-se a i- ésima incógnita (2 < i < n -1), até o sistema ficar escalonado. OBS.: a) Se, durante o método, for encontrado uma equação como 0x1 + 0x2 + ... + 0xn = 0 , esta deverá ser excluída do sistema. b) Encontrando-se uma equação como 0x1 + 0x2 + ... + 0xn = b (b ≠ 0), o sistema é impossível. Exemplo: 2x y z 0 x (3 / 2) x (-5 / 2) 3x 2y z 1 + 5x y 7z 7 + + − = − − + = − − + = − ∼ 2x y z 0 1 2 y 1 2 z 1 x (-2) 7 2 19 2 z 7 x (2) + − = − − = − − + = − ∼ 2x y z 0 y z 2 x (7) 7y 19z 14 + − = + = − + = − ∼ 2x y z 0 y z 2 26z 0 + − = + = = 8- Operações Elementares Sobre Linhas Seja A uma matriz m x n. Qualquer das operações abaixo feitas sobre as linhas de A é uma operação elementar. 0.1- Permutar as posições de duas linhas; 0.2- Multiplicar todos os elementos de uma linha por uma constante r , r ≠ 0. 0.3- Substituir uma linha pela soma dela com outra previamente multiplicada por uma constante r, r ≠0 9- Matrizes Linha-Equivalentes (ou equivalentes por linhas) São matrizes, de mesma ordem, tais que uma é obtida da outra por meio das operações elementares acima. Se M é linha-equivalente a A, então: M ∼∼∼∼ A 10- Matriz Escalonada (ou na forma escalonada) É uma matriz na qual o número de zeros, antes do primeiro elemento não nulo, aumenta de linha para linha, até a última. Ocasionalmente as últimas linhas podem ser nulas. Por meio das operações elementares sobre linhas, qualquer matriz A, não nula, pode ser transformada numa matriz escalonada B, tal que: B ∼∼∼∼ A Exemplo: A = 2 1 1 0 3 2 1 1 5 1 7 7 − − − − − − ∼ + x (3/2) (-5/2) + + UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ 4 Professor Manoel Gustavo Nogueira Vidal gustavob612@hotmail.com −− −−− − 7 2 19 2 70 1 2 1 2 10 0112 ∼ 2 1 1 0 0 1 1 2 0 7 19 14 − − − ∼ 2 1 1 0 0 1 1 2 0 0 26 0 − = B Por meio deste exemplo, fica explícita a analogia entre o método do escalonamento e as operações elementares sobre linhas. Portanto, é possível enunciar o seguinte teorema: “Se A’.X = B e C’.X = D são dois sistemas com m equações a n incógnitas, e as respectivas matrizes completas, A e B, são equivalentes por linhas, então os sistemas são equivalentes.” 11- Características de uma Matriz Se A é uma matriz não nula e B uma matriz linha- equivalente a A, define-se característica de A - ρ(A) - o número de linhas não nulas de B. Se A é uma matriz nula, por definição ρ(A) = 0 . Ex.: A = 3 3 4 5 2 2 2 2 7 7 7 7 ∼ 3 3 4 5 1 1 1 1 1 1 1 1 ∼ 1 1 1 1 3 3 4 5 1 1 1 1 ∼ 1 1 1 1 0 0 1 2 0 0 0 0 ⇒ ρ (A) = 2 12- Teorema de Rouché - Capelli : Seja (S) um sistema linear de m equações a n incógnitas, A’ a matriz incompleta de (S) , A a matriz completa de (S) , ρ (A’) = p ∈ ρ (A) = q . Nessas condições: p < q ⇔ (S) é impossível p = q < n ⇔ (S) é possível e indeterminado p = q = n ⇔ (S) é possível e determinado x (-2) x (2) x (7) x (1/2) x (1/7) x (-3) (-1) + + 2 linhas não nulas Linha nula
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