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FATORES RELEVANTES PARA O SURGIMENTO DA MODERNIDADE

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FATORES RELEVANTES PARA O SURGIMENTO DA MODERNIDADE. 
 Alinharemos alguns fatores que contribuíram de forma significativa para o surgimento da Modernidade, esse período tão decisivo para a compreensão do mundo contemporâneo, marcado pelo pluralismo e secularismo. Cronologicamente situaremos esse advento da Modernidade no final do século XV e início do século XVI, e usaremos o ano de 1500 como um recurso de memorização importante e um ponto de partida, já que muitos dos fatores que contribuíram para o conceito de Modernidade estão situados próximos a esta data. Outra data importante, quase três séculos depois desta, é a data-chave para o fator político, ou seja, 1789, quando ocorreu a Revolução Francesa. 
 Conceitualmente entendemos Modernidade como a passagem clara de uma cosmovisão teocêntrica para uma visão de mundo antropocêntrica. Se antes, no período medieval, o fator divino estava naturalmente presente nas mais diversas atividades e atitudes do ser humano e nas grandes linhas mestras da vida em sociedade (vida religiosa majoritária, sacralização da natureza, temor reverencial em relação ao monarca, autoridade moral da igreja), no período moderno veremos surgir uma ênfase na razão como autoridade última, grandes mudanças na compreensão da própria geografia do globo, a Renascença, novas alternativas religiosas que rompem com o monopólio romano, alterações sociais e políticas importantes (aparecimento da burguesia por ex.) e avanço acentuado do saber científico autônomo. Em todas as áreas, aparecem pessoas dispostas a iniciarem uma busca pela verdade, movidas por grande autonomia intelectual, ou seja, com o uso predominante da razão ao invés da fé, como se fazia até então. 
 I – FATOR GEOGRÁFICO. 
 Destacamos nesse ponto os grandes impérios construídos por Portugal e Espanha (o Tratado de Tordesilhas, de 1494, dividiu o Novo Mundo entre esses dois países), principalmente em função do domínio de uma técnica de navegação mais avançada e de fortes investimentos na conquista de novas terras em direção ao oeste. As conquistas de novas terras para Portugal começaram pela implantação de entrepostos comerciais em terras mais próximas da Europa, primeiro na África Ocidental, o chamado contorno africano, onde colonizaram Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, e, mais ao sul, Angola e Moçambique. Posteriormente a essas conquistas das últimas décadas do século XV (1480/1490), teremos o início da exploração de terras no continente americano, no Brasil, após a posse ocorrida em 1500. Só em 1532 vai ocorrer a fundação da primeira colônia, em São Vicente, litoral de São Paulo.
 A construção do Império marítimo português vai se estender por outros pontos geográficos, chegando até a Ásia/Oceania, com a conquista de Timor Leste, hoje nação independente. 
 O Império espanhol, sob o comando de Fernando e Isabel, conquistou terras em vários pontos do globo terrestre, e na América Latina, por exemplo, a esmagadora maioria dos países é de fala espanhola. Também a conquista de terras tão distantes, como as Filipinas, confirma a força da expansão geográfica comandada pela Espanha. 
 
 As grandes navegações e a expansão geográfica das potências colonizadoras européias, principalmente Portugal e Espanha, tornam mais evidente a teoria do heliocentrismo, ou seja, o sol como centro do nosso sistema planetário, colocando em desuso a concepção geocêntrica, que defendia que a terra era o centro do universo. O heliocentrismo era uma concepção de universo defendida pelo astrônomo e matemático polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), e que acabou por se revelar como a mais acertada e científica, bem como ficou evidente nesse período a esfericidade do planeta terra. 
 II – FATOR RELIGIOSO. 
 Quando se analisa a aliança Trono-Igreja, no período Medieval, percebe-se que o componente religioso da vida social era um instrumento de manutenção do controle social sobre os súditos. A influência da Igreja foi grande sobre os mais diversos aspectos do cotidiano da Idade Média, sendo que a mesma alcançou o status de religião oficial do Império, lançando os fundamentos intelectuais, morais e sociais do que ficou conhecido como Cristandade. Ou seja, uma civilização e uma cultura permeada pelo divino, repleta de princípios cristãos, norteadores de cada aspecto da existência do indivíduo e da sociedade. 
 Uma ruptura historicamente importante desse monopólio religioso consolidado em Roma (Papado), e que exercia influência sobre toda a Europa, ocorreu a partir de 31 de outubro de 1517, ocasião em que um religioso agostiniano, Martinho Lutero, afixa as suas 95 teses nas portas da Catedral de Wittenberg, procedimento comum naquela universidade alemã, quando alguém desejava iniciar um debate acadêmico. Lutero estava desafiando uma força poderosa, o Papado, bem como a venda das indulgências (perdão formal de pecados). A clareza e a franqueza da linguagem que utiliza nas suas teses, causaram uma revolução. Muitas cópias das 95 teses foram produzidas, primeiro em latim, língua na qual foi publicada inicialmente. Mas depois, elas foram traduzidas para o alemão e passaram a ser lidas também pelo povo, em toda a Alemanha, e acolhidas com entusiasmo.
 Os nobres alemães e mesmo a população mais simples tiveram a mesma percepção: ali estava uma oportunidade de livrarem-se dos pesados impostos eclesiásticos cobrados por Roma, e de constituírem uma igreja nacional, o que acabou ocorrendo, surgindo o Luteranismo. Abriu-se então a porta para o movimento histórico conhecido como Protestantismo, que foi se ramificando em centenas de denominações cristãs diferentes. 
 
III – FATOR CULTURAL. 
 A Renascença ou o movimento denominado Renascimento, marcou um novo período na forma de abordar as artes em geral. O termo Renascença é muito amplo e também tem sido usado para referir-se a uma determinada área geográfica, como por exemplo, quando se afirma a existência da Renascença italiana, ou da Renascença francesa. Mas, de modo geral, podemos apontar que a expressão Renascença ou Renascimento traz em seu bojo a proposta (que adquiriu forma prática) de uma volta aos clássicos gregos e latinos, sendo que Erasmo de Roterdam é um nome sempre lembrado como uma grande expressão dessa postura. A literatura de Erasmo é apenas um exemplo. Na pintura e na escultura o Renascimento estudou em detalhes a anatomia humana, analisou as leis da ótica e da perspectiva. Assim, nas poses e proporções das estátuas e das pinturas, os artistas renascentistas registraram um ser humano idealizado, com saliente expressão de personalidade e confiança do domínio do homem sobre a natureza. 
 É impressionante percebermos que, mesmo na atualidade, a produção de um gênio do Renascimento, como Leonardo da Vinci, que nasceu em 1452 e morreu em 1519, permaneça com uma vigorosa força e crescente expressividade. De maior gênio da produção artística do Renascimento, Da Vinci passou a condição de gênio universal. 
 O movimento de revalorização da cultura grega e romana antiga e a crítica à cultura tradicional medieval, geraram a postura humanista, caracterizada da seguinte forma:
 a) o homem é o centro do universo. 
 b) o mundo natural é reino do homem. 
 c) O humano e o seu entorno devem ser o centro das preocupações do homem. 
 d) A vida ativa e mais importante que a vida contemplativa.
 IV – FATOR FILOSÓFICO.
 Através do estudo das reflexões filosóficas de Santo Agostinho (354-430 d.C.) e São Tomás de Aquino (1225-1274 d.C.), percebe-se que no período medieval a fé tem supremacia sobre a razão. A razão tem a sua importância, entretanto, a filosofia está subordinada à teologia. É comum afirmar-se, nesse tempo, que é preciso crer para compreender. A filosofia na Modernidade mudará essa atitude.A filosofia na Modernidade também é antropocêntrica, ou seja, estimulará o ser humano a seguir em direção à autonomia do uso da razão, sendo que somente esta julga o que é verdadeiro e o que não é. Em outras palavras, a razão é colocada à serviço da busca de liberdade. É tempo do racionalismo, através do qual a Europa mais culta começa a transmitir a confiança de que a razão é o principal instrumento do homem para enfrentar os desafios da vida cotidiana e para equacionar os problemas que o rodeavam. 
 Obviamente esse movimento rumo a uma maior autonomia do pensamento humano, e na direção da produção intelectual mais livre e movida pela razão e não mais pela fé incondicional, terá desdobramentos no campo econômico. O desenvolvimento do capitalismo nos séculos XVII e XVIII será acompanhado pela crescente ascensão social da burguesia que tomará consciência de sua condição de classe social. A burguesia podia contar com liberdade para comercializar seus excedentes, uma vez que a Modernidade proporcionava uma maior segurança jurídica nos negócios e no comércio em geral. E nos países onde prevaleceram as teses filosóficas mais liberais, os burgueses podiam contar inclusive com liberdade de pensamento, de crença e culto, não sofrendo maiores constrangimentos nessas áreas, como havia sido comum na Idade Média. 
 É um período da História em que ocorre ainda o despertar da Revolução Industrial (complexo de transformações socioeconômicas que alterou profundamente a vida da Europa ocidental e outras partes do globo, a partir do século XVIII), com o surgimento impetuoso da idéia de progresso, uma crença que a razão, a ciência e a tecnologia tinham condições de melhorar de forma substancial a vida da humanidade. 
 
 
 V – FATOR POLÍTICO. 
 As mudanças culturais trazidas pelo Renascimento, a maior liberdade de escolha de culto preconizada pela Reforma Protestante, a ampliação da utilização da razão como fator mais importante para julgar-se o que é verdade ou não, e mesmo a conquista de novas terras (colonialismo), vão inicialmente fortalecer as monarquias nacionais, em detrimento do poder supranacional do Império. Ocorre um fortalecimento da idéia de nacionalismo, tanto naquelas nações onde predominam as monarquias absolutistas, como também, por exemplo, na Inglaterra, de monarquia parlamentarista. Havia um anseio pela liberdade. E na Inglaterra, já em 1734, em seu exílio, quando escreveu seu livro Cartas Inglesas, Voltaire pode perceber grandes transformações que tinham transformado a ilha em um país livre, onde tudo era debatido com clareza, ninguém era preso por suas idéias, além da cultura e da ciência florescerem de forma exuberante. 
 Posteriormente, os ideais de liberdade vão se ampliando e atingem círculos cada vez mais amplos. O ponto culminante desse movimento tem sido tradicionalmente entendido, do ponto de vista de alteração de regime político, como sendo a Revolução Francesa, ocorrida em 1789. Ao invés de uma centralização do poder através da monarquia absoluta, temos a vitória da tese expressa na tríplice seqüência de palavras chaves da democracia moderna: liberdade, igualdade, fraternidade.
 O direito de uma nação possuir sua Constituição passa a ser gradativamente reconhecido. São lançados os fundamentos sobre os quais será construído o que modernamente chamamos de estado democrático de direitos, ou império da lei. Prevalece no Ocidente o conceito de Estado laico, ou seja, desvinculado de qualquer religião. 
 
 
 VI – FATOR CIENTÍFICO.
 Logicamente o fator científico vai estar presente, de uma forma ou de outra, em diversos dos pontos anteriores. O avanço da ciência contribuiu de forma decisiva para o surgimento da Modernidade. As grandes navegações foram impulsionadas por técnicas náuticas cada vez mais avançadas, e embarcações mais seguras e com capacidade para viagens mais longas. Os mapas e instrumentos de orientação tornavam-se cada vez mais confiáveis. 
 A invenção da imprensa de tipos móveis tornou possível a edição de um número maior de livros e com tiragens cada vez maiores. Mais livros publicados e com maior número de exemplares em cada edição. As idéias do Renascimento, os debates dos reformadores religiosos, e as idéias filosóficas mais avançadas, dependeram em grande parte do livro para serem disseminadas. 
 Em um clima de maior liberdade intelectual, todos os ramos da ciência – medicina, principalmente anatomia, biologia, química, com seus novos experimentos, astronomia e física, alcançaram novos campos de investigação e produziram novos remédios, novas máquinas, novos horizontes. Entretanto, essa conjugação de fatores e as conseqüentes alterações produzidas, não geraram a felicidade (eudaimonia) para todos, ideal que já estava presente na filosofia aristotélica, três séculos a.C. Pelo contrário, a Modernidade verá um incremento das diferenças sociais, uma ampliação da concentração de renda, um desequilíbrio crescente entre países de economias centrais (potências colonizadoras) e países de economias periféricas (colônias), numa palavra, a Modernidade conhecerá as contradições do Capitalismo, que permearão todo o século XIX e XX, acirrando a luta de classes e ampliando as injustiças sociais.

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