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Ao entrar no quarto compartilhado do ambulatório geriátrico, a dermatologista encontra Maria, 78 anos, queixa-se de coceira generalizada e manchas arroxeadas nos antebraços. A cena — pele fina, visível atrofia dérmica, presença de equimoses superficiais e fissuras nos calcanhares — é exemplar de como a pele do idoso funciona como órgão sentinela das alterações sistêmicas. Narrar este caso permite abordar, com vocabulário técnico e exposição clara, os princípios que regem a dermatologia em saúde do idoso: alterações fisiológicas do envelhecimento, padrões clínicos prevalentes, abordagem diagnóstica e intervenção terapêutica integradas ao manejo geriátrico.
Fisicamente, a pele senescente evidencia redução da espessura epidérmica e dérmica, diminuição das fibras elásticas e colágeno, perda de gordura subcutânea e comprometimento da barreira cutânea. Esses achados traduzem-se em xerose, fragilidade capilar (fenômeno das púrpuras senis), cicatrização retardada e maior suscetibilidade a traumas iatrogênicos. Além disso, a função imunológica cutânea é alterada: há imunossenescência local, com menor vigilância contra neoplasias e infecções. Clinicamente, observa-se alta prevalência de prurido crônico, dermatite de contato acumulativa, infecções fúngicas intertriginosas, herpes zoster, lesões pré-malignas (queratose actínica) e carcinomas cutâneos (carcinoma basocelular e espinocelular).
No plano diagnóstico, a avaliação geriátrica dermatológica deve priorizar história abrangente — tempo de evolução, prurido, dor, fatores desencadeantes, alterações cognitivas, mobilidade e revisão farmacológica cuidadosa. A polifarmácia é causa frequente de reações cutâneas e xerose medicamentosa. O exame físico exige inspeção total, avaliação de mucosas, unhas e couro cabeludo, além de documentação fotográfica e uso criterioso de dermatoscopia para distinguir lesões pigmentadas ou superficiais. Quando indicado, biópsia por punch ou excisional é imprescindível para confirmar suspeita neoplásica ou esclarecer dermatites atípicas.
As intervenções devem respeitar as particularidades do envelhecimento cutâneo e a comorbidade do paciente. Na xerose, emolientes formulados com ceramidas, ácidos graxos essenciais e humectantes (ureia, glicerina) aplicados rotineiramente são a base do tratamento; banhos curtos e com pH neutro são recomendados. O prurido crônico demanda abordagem multifatorial: rever medicamentos, investigar causas sistêmicas (insuficiência renal, colestase, hipotiroidismo), e combinar emoliência com compostos tópicos (corticosteroides de baixa potência quando inflamação) e, se necessário, agentes sistêmicos de baixa dose ou fototerapia. Para infecções, a escolha antimicrobiana considera função renal/hepática e interações medicamentosas.
No manejo de neoplasias cutâneas, o princípio é balancear agressividade oncológica e expectativa/qualidade de vida. Lesões de baixo risco podem ser observadas; carcinomas de alto risco merecem excisão com margem adequada, podendo recorrer a cirurgia micrográfica quando indicado. A prevenção primária inclui fotoproteção continuada e educação sobre sinais de alerta de melanoma. Vacinação contra herpes zoster deve ser discutida conforme diretrizes, reduzindo incidência e gravidade de zoster, condição com impacto funcional e doloroso significativo em idosos.
Aspectos preventivos e de reabilitação são centrais: adaptar cuidados domiciliares para minimizar traumas, promover hidratação e nutrição adequadas (proteínas, vitaminas A, C, zinco), manejo da incontinência para reduzir dermatite perineal, e atenção a calçados e orteses para prevenir lesões nos pés. A interdisciplinaridade com geriatria, enfermagem, fisioterapia, nutrição e psicologia potencializa resultados, especialmente quando há fragilidade ou alterações cognitivas que comprometem adesão.
É imprescindível contemplar questões éticas e comunicacionais: discutir metas de cuidado, avaliar capacidade decisória e priorizar conforto quando a intervenção agressiva traz mais riscos que benefícios. No caso de Maria, a revisão medicamentosa identificou diurético e anticoagulante que potencializavam xerose e púrpuras; com emolientes diários, ajuste de terapia e educação cuidadosa, a coceira e as fissuras melhoraram. Uma biópsia de pequena lesão actínica permitiu terapia curativa ambulatorial, preservando função e autonomia.
Por fim, dermatologia em saúde do idoso é disciplina que exige olhar técnico, sensibilidade geriátrica e atitude educativa. A pele reflete não apenas exposições ambientais, mas o estado geral de saúde, fragilidade, e interações farmacológicas. Integrar diagnóstico preciso, terapêutica personalizada e prevenção resulta em ganho funcional, diminuição de complicações e melhor qualidade de vida na terceira idade.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) Quais são as alterações cutâneas fisiológicas do envelhecimento?
R: Redução da espessura epidermal e dérmica, perda de colágeno/elastina, diminuição da gordura subcutânea, xerose e menor capacidade de cicatrização.
2) Como abordar prurido crônico em idosos?
R: Revisar medicamentos, investigar causas sistêmicas, otimizar hidratação cutânea, usar tópicos anti-inflamatórios e considerar terapias sistêmicas ou fototerapia se necessário.
3) Quando biopsiar uma lesão em pele de idoso?
R: Biopsiar lesões suspeitas de malignidade, ulceradas, de borda irregular, que mudaram rapidamente ou não respondem ao tratamento empírico.
4) Quais cuidados preventivos são essenciais?
R: Fotoproteção, hidratação cutânea diária, nutrição adequada, revisão de medicações, calçados apropriados e educação para evitar traumas e infecções.
5) Como conciliar tratamento oncológico cutâneo e fragilidade do paciente?
R: Avaliar risco/benefício individual, priorizar procedimentos menos invasivos quando possível, considerar expectativa de vida e metas de qualidade de vida.
1. Qual a primeira parte de uma petição inicial?
a) O pedido
b) A qualificação das partes
c) Os fundamentos jurídicos
d) O cabeçalho (X)
2. O que deve ser incluído na qualificação das partes?
a) Apenas os nomes
b) Nomes e endereços (X)
c) Apenas documentos de identificação
d) Apenas as idades
3. Qual é a importância da clareza nos fatos apresentados?
a) Facilitar a leitura
b) Aumentar o tamanho da petição
c) Ajudar o juiz a entender a demanda (X)
d) Impedir que a parte contrária compreenda
4. Como deve ser elaborado o pedido na petição inicial?
a) De forma vaga
b) Sem clareza
c) Com precisão e detalhes (X)
d) Apenas um resumo
5. O que é essencial incluir nos fundamentos jurídicos?
a) Opiniões pessoais do advogado
b) Dispositivos legais e jurisprudências (X)
c) Informações irrelevantes
d) Apenas citações de livros
6. A linguagem utilizada em uma petição deve ser:
a) Informal
b) Técnica e confusa
c) Formal e compreensível (X)
d) Somente jargões

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