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Destrinchando artigos - ART. 252 CP - Uso de gás tóxico ou asfixiante

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PEQUENO “DESTRINCHADO” DE ARTIGOS DO CÓDIGO PENAL
TITULO VIII – Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública
Capitulo I – Dos Crimes de Perigo Comum
Fiz aqui uma pequena explicação sobre o Art. 252, pegando apenas pontos mais importantes não me aprofundando em detalhes e contradições doutrinárias. Quem quiser aprofundamentos, explicações minuciosas de quem é o elemento passivo, ativo, quem é a vítima, etc., existem diversos trabalhos sobre este artigo na internet que poderão lhe ajudar.
Neste “destrinchado”, falarei bem resumidamente.
Art. 252 – USO DE GÁS TÓXICO OU ASFIXIANTE>>> Cuidado com suas flatulências!!! Elas são nada mais e nada menos que gás metano.
Creio que você está com o seu Código penal aberto e acompanhando a leitura do artigo que diz “Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante”.
Certo, antes de mais nada, é interessante saber que há uma grande diferença entre gás tóxico e gás asfixiante e o porquê eles causam riscos a coletividade.
Gás Tóxico: é gás venenoso, é aquele que mata por envenenamento. Exemplos: Gás mostarda, gás sarin.
Gás asfixiante: como o próprio nome já diz, ele asfixia a pessoa de alguma forma, seja impedindo a fixação das moléculas de oxigênio nas células sanguíneas, como é o caso do Dióxido de carbono, ou ele altera fisiologicamente algumas funções do corpo não permitindo que você respire, por exemplo o trancamento da traqueia. Um gás capaz de causar isso é o gás lacrimogênio e o gás de cozinha.
Resumindo, ou você respira e morre porquê o ar está envenenado, ou seu corpo não consegue absorver o oxigênio do ar, ou você sequer consegue respirar porque seu sistema respiratório fica irritado e tranca tudo.
Legal né?!!! Já sabemos agora o porquê do art. 252, CP.
Curiosidade meio inútil: escrevi aquela descrição logo ali no início deste “destrinchado” sobre os gases fisiológicos meio brincando, mas sabia que é sério? Gases fisiológicos, que são nossos “puns”, são gás metano.
O gás metano é um gás altamente asfixiante quando em quantidades concentradas. Então tome cuidado com o que você anda comendo na janta e com o ambiente no qual você irá dormir à noite, se é bem ventilado, pois dependendo do ritmo de trabalho do seu organismo, você pode se asfixiar e asfixiar alguém que durma com você.
Já pensou comer aquela feijoada no almoço, aquela batata doce com repolho na janta e depois ser processado pela esposa por ter praticado o crime do art. 252, CP a noite toda no quarto trancado?!!!
CHEGA DE ENROLAÇÃO, eu sei que você quer estudar.
O artigo 252, CP é um daqueles artigos autoexplicativos que dispensam estudos clínicos avançados, que seu texto já diz tudo o que você precisa saber nos restando apenas saber ou lembrar que não precisa haver o fato, não precisam haver mortes, lesões ou perdas patrimoniais para que configure o crime. Basta haver o risco, mesmo que o autor venha a falhar na sua tentativa, já terá cometido o crime.
TENTATIVA: eu, estudante de direito, mero mortal discordo de que exista esta forma, mas doutrinadores e diversos trabalhos sobre o artigo espalhados na internet dizem que este crime admite tentativa. Segundo eles admite somente, unicamente e exclusivamente na forma plurissubsistente, ou seja, se a ação se compõe de vários atos antes da consumação.
Mas daí eu penso, se basta haver o risco, seja com o dolo ou seja com culpa, para caracterizar o crime como pode haver tentativa? Eu pensei em um exemplo mais ou menos assim: um indivíduo invade uma casa com a intenção de matar seu vizinho e sua família. Ao entrar no quarto onde dormiam marido e mulher com o filho, o autor coloca perto da cama do casal um cilindro de 50 litros de Gás metano, porém, ao colocar o pesado cilindro no chão, é emitido um pesado som que acorda a família. O autor é imobilizado pelo dono da casa e o crime não ocorre.
Tudo bem, eu poderia dizer que isso é realmente uma tentativa, mas vamos voltar lá no crime de explosão e pegar algumas características dele.
Precisa haver explosão para caracterizar o crime de explosão?
Precisa ser um explosivo de verdade?
Precisa matar ou lesionar alguém?
A resposta para as três perguntas do crime de explosão é NÃO. A simples colocação do artefato explosivo ou simulacro já configura o crime. Isso por causa do desespero, da correria, do pisoteio que uma ameaça de bomba, mesmo que falsa pode causar.
Agora me responda: será que um vazamento de gás ou a mera ameaça de vazamento não causaria desespero ou correria assim como na explosão?
Imaginemos um exemplo: 
EXEMPLO: Na festa de formatura da faculdade, Pedrinho fica com raiva de dez outros formandos que ficaram caçoando da sua roupa na formatura toda fazendo-o virar motivo de piada na festa.
Movido pela raiva pois todos estavam rindo dele, Pedrinho se aproveita que o salão é todo lacrado com vidro blindado, que o sistema de ar/ventilação pode ser controlado para deixar o local no vácuo e que a tubulação de gás passa no fundo do salão, foi até a central de energia, desativou a abertura de portas e falou no microfone a seguinte frase:
- “atenção a todos os que riram de mim: vocês irão morrer nesta noite! Todas as saídas estão trancadas e eu irei liberar gás de cozinha neste salão lacrado. Vão rir no inferno agora”.
Ao ouvirem isso, os formandos confusos foram testar as portas e viram que tudo estava realmente lacrado, estava até começando ficar abafado mesmo lá dentro. Começou então um desespero no salão, gente gritando, gente correndo tentando achar saída, gente sendo pisoteada, gente tentando quebrar as janelas mas sem sucesso pois era tudo blindado. Pedrinho então correu escondido até a tubulação no fundo do salão, quebrou todas as válvulas deixando buracos na tubulação e depois se dirigiu a central de gás para abrir a válvula principal, que estava fechada.
Quando foi abrir a válvula, que iria liberar diversos pesados jatos de gás de cozinha no salão, foi golpeado e parado pelo cozinheiro que havia saído para levar o lixo e ouviu toda sua declaração no microfone.
Agora vejamos: não houveram mortes por causa do gás, não houve lesões por causa do gás, nem sequer danos ao patrimônio por causa do gás, nem sequer houve uso de gás neste caso. Mas houveram diversas lesões, talvez mortes e possíveis destruições no salão por causa do desespero que aquela mera tentativa causou.
O artigo diz justamente “expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem”, que foi o que aconteceu, independente se o gás foi ou não liberado, o agente tinha o dolo e foi executar sua ação que acabou sem sucesso, mas mesmo assim causou danos a vida, a integridade física e ao patrimônio de muita gente. Como então pode haver forma tentada?
Não vou falar para vocês irem pela minha ideia, pois como eu disse sou um mero estudante de direito que fica especulando e ninguém vai me dar ideia kkk, mas fica essa análise como curiosidade para vocês aê ok? Nas suas provas, siga os doutrinadores e os livros de direito.
FORMA CULPOSA: Prevista no parágrafo único do artigo.
Este sim é previsto com todas as letras no artigo. A modalidade culposa é aceita sem muito segredo, sem muita análise, tendo em vista que gases exigem alta perícia na sua manipulação e utilização, e crime culposo é quando o agente age com imperícia, imprudência ou negligência.
EXEMPLO: um zelador de prédio que ao encerrar seu turno, dirige-se à central de gás do prédio para conferir se está tudo ok. O mesmo deseja baixar um pouco a pressão da tubulação que está um pouco acima do normal e gira a válvula principal pensando estar fechando-a, mas na verdade está abrindo ainda mais a circulação do gás nas tubulações do prédio que não resistem a sobrecarga e rompem-se em diversos locais liberando gás GLP (gás liquefeito de petróleo – gás de cozinha altamente asfixiante) em diversos apartamentos. Ao ouvirem os ruídos de rompimento e sentirem o cheiro do gás, os moradores saíram de seus apartamentos e abandonaram o prédio. O sistema de incêndio e o gás foi cortado pelo própriomecanismo de segurança. Não houveram mortes, nem lesões e os únicos danos ao patrimônio foram os rompimentos das tubulações.
O mesmo cometeu o crime culposamente. Ele não teve a intenção de liberar gás no prédio, muito pelo contrário, ele tinha a intenção de evitar aquilo, mas agiu com imperícia.
A PENA:
- Se houver dolo >>> reclusão, de um a quatro anos, e multa.
- Se for culposo >>> detenção, de três meses a um ano.
O ARTIGO 258, CP diz em seu texto “Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.”
Auto explicativo né? Muito bem.
O artigo 252 acaba em seu parágrafo único não tendo mais o que destacar ou explicar.
Espero que isso ajude nos seus estudos, pois fazendo esses “destrinchados” em cada artigo, eu mesmo acabo por estudar e guardar tudo.
Em breve posto mais “destrinchados” ok?
Abraços
Lucas Ventura

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