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CAPÍTULO 1
Fundamentos e formação histórica do Direito do Trabalho. Tendências atuais do Direito do Trabalho. Flexibilização. Desregulamentação.
Nota de explicativa:
É de fundamental importância conhecer os fatos econômicos, sociais, políticos, culturais e religiosos, ou seja, as fontes materiais que influenciaram na formação de um ramo jurídico, pois só assim será possível compreender, interpretar e aplicar suas normas. 
Iniciaremos, portanto, o estudo do Direito material do trabalho pela sua origem e formação histórica. 
Surgimento do Direito do Trabalho.
Todo e qualquer ramo do direito possui como ponto central uma relação jurídica. Em torno da mesma são elaboradas normas, princípios, institutos. O Direito do Trabalho não escapa à regra, tendo a relação de emprego como categoria básica.
Além de se caracterizar pela posição nuclear que ocupa na seara trabalhista, a relação de emprego foi fundamental na emancipação do Direito do Trabalho. Iniciou-se a especialização deste segmento jurídico a partir do momento que a força de trabalho tornou-se livre e subordinada.� Apenas nesse quadro contextual, é possível identificar a relação de emprego e, consequentemente, o surgimento do referido ramo jurídico.
Nesse sentido, passamos a sumariar a evolução histórica das relações de trabalho, buscando alcançar o surgimento do Direito do Trabalho.
2.1	Origem e evolução da relação de trabalho
O trabalho humano sempre existiu. O emprego da energia pessoal em função de outrem é contemporâneo às primeiras civilizações. O trabalho, no início, tinha como escopo apenas a sobrevivência, buscando atender às necessidades mais primárias e irrenunciáveis.
A partir do momento que o ser humano deixou de ser nômade e fixar-se em uma região, iniciaram-se conflitos entre grupos de diferentes locais. Os choques entre grupos sociais rudimentares, resolvidos, de início, pela simples eliminação física dos vencidos, passaram a resolver-se pela submissão aos vencedores, para satisfazer as suas necessidades.
Portanto, com o desenvolvimento do racionalismo, o homem começou a utilizar a energia laboral alheia para interesses não tão vitais como no seu primórdio. Foi nesse momento histórico que surgiu a Escravidão.
Da escravidão, a relação de trabalho humano passou, de forma gradativa, para a servidão (à pessoa ou à gleba), que imperou na Idade Média, e desta para o remanso do humanismo renascentista e do Iluminismo da Idade Moderna, até chegar à relação de emprego concebida no ventre da Revolução Industrial.
Somente na sociedade industrial pode-se vislumbrar o surgimento da relação empregatícia. Antes disso, não é possível encontrar qualquer vínculo jurídico apto a ser identificado como relação de emprego, uma vez que predominava o trabalho não-livre, sob a forma escrava, servil ou corporativa.
Vale ressaltar que o Direito Romano regulamentava duas formas de trabalho livre: locatio operis e locatio operarum. No entanto, nenhuma delas era capaz de enquadrar-se na figura jurídica “relação de emprego”.
A primeira caracterizava-se pela contratação de um trabalho especificado segundo o seu resultado – a obra. Assemelhava-se ao instituto contemporâneo da empreitada, garantia a autonomia ao prestador do trabalho, bem como lhes transferia o risco do seu labor. 
Na locatio operarum, não importava a locação da obra (do resultado), mas os serviços contratados, ou seja, o trabalho prestado. Essa figura aproximava-se, desse modo, à moderna prestação de serviços (trabalho autônomo). Nesta modalidade de contrato, o risco do resultado transferia-se ao contratante do serviço.�
Feito o devido recorte metodológico, lembrando que só possível falar em relação de emprego e Direito do Trabalho no período da Revolução Industrial, discorreremos de forma singela acerca das relações de trabalho escravo, servil e corporativa.
2.1.1	Escravidão, servidão e corporações de ofício
Como observado no tópico anterior, a escravidão é oriunda das lutas travadas entre tribos rivais. Ao invés de sacrificar os vencidos, percebeu-se ser mais vantajoso escravizá-los com o objetivo de utilizar a sua energia de trabalho e de sua prole. Quando o número de escravos tornava-se excessivo, eram vendidos, trocados ou alugados.
A relação jurídica existente entre escravo (res) e o seu proprietário era de direito real. Os escravos eram considerados coisas, e como tais, além de não possuírem direitos, os produtos do seu trabalho eram do seu proprietário.
O trabalho escravo ajudou a atrelar ao trabalho o sentido de sofrimento, de dor, de atividade subalterna e indigna. Com o advento do Cristianismo, a prática escravocrata sofreu temperamentos e recrudescimento. Nomes como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino contribuíram para a mudança da visão sobre o trabalho humano, passando a ser considerado uma atividade dignificante, um mandamento de Deus, além de colaborar para o desenvolvimento do trabalho servil.
Apesar de existirem normas heterônomas aplicáveis aos escravos, não podemos falar em Direito do Trabalho no período escravocrata. Se já não bastasse o número insignificante de normas, o escravo era considerado objeto do direito, o que tornava impossível a configuração de relação de emprego, uma vez que esta pressupõe a existência de dois sujeitos de direito: empregado e empregador. Ausente um deles, a relação jurídica está fora da tutela trabalhista�. 
No servilismo, a relação de direito real do período escravocrata cedeu lugar para a relação entre o senhor feudal e o servo da terra. Os servos eram vinculados perpetuamente à terra, fornecida pelo senhor feudal, para cultivá-la, mediante uma retribuição, que, no início, era em forma de trabalho, passando a ser em produtos da terra e, posteriormente, em pecúnia (tributo ao dono da propriedade). Diferente dos escravos, os servos possuíam personalidade jurídica completa. Eram “semilivres”, não tendo, porém, o direito de abandonar a gleba. 
O modelo servil entrou em decadência conjuntamente com o sistema feudal. Diversas transformações econômicas, sociais, religiosas e culturais ocorridas na Idade Média possibilitaram o surgimento de um novo regime laboral. A transição do trabalho escravo para o servil, a consolidação do feudalismo, o êxodo rural, a formação dos burgos e o desenvolvimento da atividade comercial. Foi nesse contexto social que nasceram as corporações de ofício.
As atividades mais humildes, relacionadas com o trato da terra, eram desempenhadas pelos escravos ou servos da gleba. Os artesãos e os burgueses aproveitavam certa abertura para constituir associações profissionais denominadas de corporações de ofício. 
O regime corporativo, apesar de refletir induvidoso avanço em relação à escravidão e ao servilismo, foi um sistema opressor e autocrático.� A disciplina rígida, o conteúdo contratual limitador da liberdade dos prestadores de serviços e a dificuldade para ascensão à posição de mestre levaram à extinção das corporações. Os companheiros revoltados com a situação supramencionada assumiram uma posição de luta contra os mestres. Formaram o seu próprio grupo, as compagnonnages�, com intuito reivindicatório e manifestamente contrário ao regime corporativo.
Com a decadência da nobreza e do feudalismo, inaugurou-se uma nova fase na história da humanidade. As revoluções Francesa e Industrial, que vieram na esteira da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, foram eventos que marcaram e influenciaram esse novo período histórico.
Com a Revolução Francesa, a sociedade passou a preocupar-se em suprimir as restrições à liberdade e em afirmar os valores da igualdade e fraternidade. 
As corporações de ofício e as companhias foram proibidas já que estas reprimiam a liberdade individual, um dos princípios da Revolução Francesa. Procurou-se eliminar radicalmente todo tipo de organização que pudesse permitir o ressurgimento de restrições à liberdade de trabalho e assegurar imediatidade entre o indivíduoe o Estado, com a supressão radical de todos os corpos intermediários.�
 
A liberdade propagada pela Revolução Francesa influenciou no desenvolvimento da questão social, um dos fundamentos do Direito do Trabalho.
Apesar de possuir grande influência no surgimento o Direito do Trabalho, a Revolução Francesa não tinha como preocupação os trabalhadores. Buscava assegurar a burguesia no poder, acabando com qualquer ente intermediário existente entre o Estado (burguesia) e o indivíduo. 
Dentre os eventos referidos, o que mais influenciou na transformação dos modelos laborais existentes na relação de emprego foi a Revolução Industrial. 
2.1.2 	Revolução Industrial
A Revolução Industrial pode ser conceituada como um fato econômico, de raiz simplesmente tecnológica, que alterou profundamente o sensível tecido social e, por inevitável decorrência, o tecido jurídico das relações de trabalho, produzindo impactos até os dias atuais, em ondas sucessivas batizadas de segunda e terceira Revolução Tecnológica.�
 
A introdução da máquina no processo de produção causou profundas modificações na economia e na sociedade.
Na economia, a utilização das máquinas a vapor permitiu a produção em larga escala, aumentando a oferta de emprego nas cidades – no primeiro momento -, o que levou ao êxodo rural e a concentração de elemento humano em torno das fábricas.
A concentração da massa trabalhadora ao redor das fábricas trouxe desdobramentos sociais positivos - a formação e urbanização das grandes cidades; formação da consciência coletiva da massa operária -, assim como, conseqüências negativas - grande contingente de mão-de-obra desqualificada e a super-exploração da mesma; péssimas condições de vida e de trabalho.
A liberdade econômica sem limites pregada da Revolução Francesa viabilizou a opressão dos mais fracos economicamente, formando uma nova classe social, a classe operária. Salários ínfimos, jornadas desumanas, condições de higiene degradantes, com graves riscos de acidente e a concentração no ambiente fabril, possibilitaram a intercomunicação dos lamentos e formação da consciência coletiva.
A classe operária, consciente da força da coletividade, passou a pressionar o Poder Público exigindo uma solução para a “questão social” (repercussão social da Revolução Industrial), com a qual também se preocupou a doutrina social cristã�, por meio da Encíclica Rerum Novarum (1891), de Leão XIII, passando pela Quadragésimo Anno (1931) e pela Divini Redemptores (1931), ambas de Pio XI. 
Marx e Engels (1848), também preocupados com a “questão social”, passaram a criticar as condições de trabalho da época, exigindo mudanças em benefício do proletariado. 
 
Diante da desigualdade econômica e social; das pressões da classe operária, da doutrina social cristã e da ideologia socialista/comunista, tornou-se necessária a intervenção do Ente Público, por meio de uma legislação predominantemente imperativa, de força cogente, insuscetível de renúncia pelas partes, uma vez que o Direito Civil, baseado na autonomia contratual das partes e no individualismo, já não suficiente para regular essas novas relações de labor. 
Paralelamente a esses condicionamentos impostos pelo legislador, o rol de normas dispositivas existentes foi reduzido, atenuando-se a autonomia da vontade das partes�. Nesse momento, podemos registrar o nascimento do Direito do Trabalho.
3. 	Fundamentos e formação histórica do Direito do Trabalho.
Não podemos pensar em Direito do Trabalho antes da Revolução Industrial e do sistema capitalista. 
Apesar de existirem algumas normas regulando as relações laborais na Antiguidade e na Idade Média, o Direito do Trabalho surgiu como ramo jurídico durante a Revolução Industrial, na Inglaterra. Somente nesse momento histórico ocorreu a conjunção dos pressupostos da relação empregatícia: trabalho livre e subordinado. O trabalhador tornou-se juridicamente livre com o seu desligamento frente aos meios de produção, entretanto, passou a ser subordinado, no âmbito laboral, ao empregador.�. 
Vale ressaltarmos que, o fundamento do Direito do Trabalho não foi a Revolução Industrial, e sim, o fato econômico e a questão social existente neste período na Inglaterra. Utilizando-se das palavras de José Martins Catharino, afirmamos que o Direito do Trabalho é fruto da interação do fato econômico com a questão social, tendo sua substância costurada com fios entrelaçados desses dois tecidos.� 
O significado da Revolução Industrial para o surgimento e evolução do Direito do Trabalho foi “forçar que se encarasse de uma nova maneira a prestação de trabalho individual em proveito de outrem”�. Foi um agente catalisador desta mudança.
Outros autores� acrescentam como fundamento do Direito do Trabalho: a doutrina social cristã; a ideologia socialista/comunista de Marxs e Angels; e a consciência coletiva da classe operária.
Desta forma são fundamentos do Direito do Trabalho: a) fator econômico; b) questão social; c) doutrina social cristã; d) ideologia socialista/comunista de Marx e Angels; e) consciência coletiva da classe operária.
Observamos, até o momento, os fatores� que influenciaram no surgimento do Direito Laboral, entretanto, passamos agora a analisar a evolução do referido ramo jurídico.
Para fins didáticos, o estudo da formação do Direito do Trabalho costuma ser dividido em fases ou períodos, assinalados por fatos históricos marcantes em cada data, proposto pelos espanhóis Granizo e Rothvoss�. Para eles, a evolução história do ramo jurídico em questão pode ser dividida em quatro fases: 1) formação; 2) intensificação; 3) consolidação; e 4) autonomia.
1ª Fase: FORMAÇÃO – 1802 (Lei de Moral and Health Act) até 1848 (Comissão de Luxemburgo)
O primeiro período vai de 1802 a 1848�. Inicia-se em 1802, na Inglaterra, com a publicação da Lei de Moral and Health Act (Ato da Moral e da Saúde), proibindo o trabalho noturno para crianças e limitando o diurno há 12 horas diárias. Em 1806, na França, foram criados por Napoleão os Conselis de prud’hommes, órgãos com a função de dirimir, mediante conciliação, os dissídios surgidos no ambiente fabril, considerados a manifestação precursora da Justiça do Trabalho. Na Inglaterra, 1824 e 1825, surgiram os Combinations Acts, os quais declararam não mais constituir delito a existência de associações profissionais. Já em 1848, na França, foi criada a Comissão de Luxemburgo, reconhecendo o Direito do Trabalho e diversos direitos dos trabalhadores.
Diante da limitação proposta ao nosso trabalho, não iremos apontar todas as normas trabalhistas surgidas nesse período, todavia, podemos observar que as condições de trabalho e a jornada foram os principais alvos da regulamentação, assim como a proteção aos menores e as mulheres.
2ª Fase: INTENSIFICAÇÃO – 1848 (Manifesto Comunista) até 1890.
O período de Intensificação vai de 1848 a 1890. Nesta fase, podemos apontar como principais acontecimentos o Manifesto Comunista (1848) de Marx e Engels, a implantação da primeira forma de seguro social na Alemanha (1883)
O Manifesto Comunista despertou a consciência da classe trabalhadora, percebendo que seu trabalho agrega valor à mercadoria, passando a reivindicar e resistir. O Manifesto serviu de base para a luta operária.
 
Nesta fase, o Direito do Trabalho já existe como ramo jurídico, no entanto, começa a intensificar a sua produção normativa.
3ª Fase: CONSOLIDAÇÃO – 1890 (Encíclica Rerum Novarum) até 1919 
O terceiro período, denominado de Consolidação (1890 a 1919), é caracterizado pela publicação da principal Encíclica Papal, a Rerum Novarum (Leão XIII), que defendia a melhoria das condições sociais do proletariado e o justo salário, bem como pela Conferência de Berlim (1890), quando 14 países discutiram medidas sobre a duração de trabalho, descanso semanal e férias. Em 1900, surgiu a associação internacional para a proteção legal dos trabalhadores, firmando os primeiros tratadosinternacionais de trabalho�.
4ª Fase: AUTONOMIA – 1919 (Tratado de Versailles) até a presente data
Na quarta fase, intitulada de período da Autonomia (1919 até a presente data), o Direito do Trabalho adquiriu autonomia científica.
Encerrada a primeira grande guerra, foi celebrado o Tratado de Versailles (1919), o qual desempenhou papel importante ao não admitir que o trabalho fosse tratado como mercadoria, assegurando a jornada de 8 horas, a isonomia salarial para trabalho de igual valor, salário mínimo, repouso semanal, inspeção do trabalho, tratamento especial ao trabalho da mulher e do menor trabalhadores.
O referido tratado instituiu a OIT (Organização Internacional do Trabalho/1919), a qual desenvolveu um excelente trabalho de universalização do Direito do Trabalho. 
Nesse mesmo período, começa a constitucionalização do Direito do Trabalho (Constituição de Weimar/ 1919�).
Na primeira parte da fase da autonomia (1919 a 1979), o Direito do Trabalho desenvolveu-se, aprimorou-se e alcançou o patamar constitucional. As fontes autônomas e heterônomas ganharam larga consistência e autonomia.
Na segunda parte desta fase (1979 até os dias atuais), o Direito do trabalho passa por uma crise. Conjugação de fatores (a crise do petróleo, o elevado índice de desemprego, renovação tecnológica, globalização, queda do Estado do Estar-Social) levou a uma acentuada informalização e desorganização do mercado de trabalho, trazendo à tona a discussão sobre a flexibilização e desregulamentação trabalhista, temas que serão analisados em tópico posterior. 
3.1 	Evolução histórica do Direito do Trabalho no Brasil
O surgimento do Direito do Trabalho, no Brasil, deu-se de forma outorgada. Não nasceu diretamente das reivindicações da classe operária, em que pese a existência de alguns movimentos sociais isolados, mas sim, de uma série de medidas legislativas, de caráter populista, editadas por Getúlio Vargas.
 
A doutrina costuma dividir a evolução histórica do Direito do Trabalho em três grandes fases.
1ª Fase: 1822 (Independência) até 1888 (Abolição da escravatura)
A primeira fase inicia-se com a independência (1822) e vai até a abolição da escravatura (1888). Antes deste período não existia legislação trabalhista de forma sistematizada (1500 a 1822). 
O trabalho escravo frustrava o desenvolvimento de uma legislação trabalhista específica. Todavia, foi promulgada, dentro desta fase, a primeira lei que regulou o contrato escrito sobre prestação de serviço, dirigido os brasileiros e estrangeiros. Em 1837, foi estabelecida norma sobre o contrato de prestação de serviço entre colonos dispondo sobre justas causas de ambas as partes. Em 1850, o Código Comercial estabeleceu preceitos alusivos ao aviso prévio e às faltas graves permissivas de rompimento do contrato.
2ª Fase: 1888 (Abolição da escravatura) até 1930 (Revolução de 1930)
A segunda fase vai da abolição da escravatura até a Revolução de 1930. A abolição da escravatura encarna uma radical mudança nas condições de utilização da mão-de-obra. 
Além da abolição da escravatura, a Proclamação da República influenciou na produção legislativa deste período. Espelhou os ideais de proteção e respeito ao trabalhador, inspirações do absolutismo e da doutrina social cristã.
Além do fator interno (abolição da escravatura), fatores externos como a 1ª Grande Guerra, o Tratado de Versailles, a Convenção de Genebra, a criação da OIT, a Constituições Mexicana e Alemã (Weimar) influenciaram no desenvolvimento do Direito do Trabalho brasileiro.
Os diplomas de maior relevância foram: a legislação sobre a sindicalização profissional na agricultura (1903) e dos trabalhadores urbanos (1907); o Código Civil contendo um capítulo sobre locação de serviços; a lei sobre acidente de trabalho (1919); a Lei Eloi Chaves que disciplinou a estabilidade dos ferroviários, a qual foi estendida, posteriormente, aos demais trabalhadores. 
3ª Fase: 1930 (Revolução de 1930) até os dias atuais
O terceiro período começou com a Revolução de 1930 e prossegui até os dias atuais. Até então, era tímida a produção legislativa em nosso país no âmbito trabalhista. A Revolução de 1930 abriu as portas do Brasil para os efeitos da Revolução Industrial. 
Como afirma José Augusto Rodrigues Pinto, pressentindo a necessidade de queimar etapas, Getúlio Vargas, em lugar de apenas esperar ou, mesmo estimular a formação espontânea de um ambiente propício ao desenvolvimento do Direito do Trabalho entre nós, plantou-o praticamente inteiro, sob forma de direito positivo, intensificando a produção da legislação ordinária e a adoção da regulamentação internacional do trabalho existente naquele momento.
Esse período é subdividido em dois outros. De 1930 até 1946, fase esta que se implantou o modelo trabalhista no Brasil. De 1946 até a presente data, fase de aperfeiçoamento do sistema implantado.
Durante a fase de implementação, foram promulgadas as Constituições de 1934 e 1946 e outorgada a Constituições de 1937. Neste período foram criados, por exemplo: “o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e a Justiça do Trabalho; a Previdência Social, abrangendo todos os trabalhadores subordinados (à exceção, originalmente, dos rurais e domésticos); implantou-se toda uma legislação trabalhista, até então inexistente ou desprovida de sistematização, afinal representada pela Consolidação das Leis do Trabalho [...]”, além da constitucionalização, pelas constituições citadas, de diversos direitos laborais. 
A queima de etapas na construção do Direito do Trabalho gerou conseqüências positivas e negativas. Positivamente, podemos apontar para um desenvolvimento dos direitos laborais de forma não tão conflituosa como ocorrido na Inglaterra e na França. Negativamente, destacamos o salto na implementação do Direito do Trabalho, o que causou distorções na evolução do mesmo, tais como: Direito Coletivo do Trabalho não desenvolvido, marcado pelo corporativismo e por uma massa proletariada sem consciência coletiva. 
Grande parte das críticas feitas ao Direito Material do Trabalho, em especial ao Direito Coletivo do Trabalho, decorre da adoção das diretrizes corporativistas imantadas na Carta Del Lavoro italiana, diploma que serviu de base para a elaboração da CLT (1943). 
De 1946 até os dias atuais, o Direito do Trabalho vem se aperfeiçoando. Durante este período, foram promulgadas as Constituições de 1967 e 1988, ampliando cada vez mais seu o âmbito de proteção, apesar das tentativas de flexibilização e desregulamentação. 
Nesta etapa observou-se uma nítida mudança de rumo, conteúdo e tendência no Direito do Trabalho�, a qual será trabalhada no próximo tópico. 
A CF/88 (Constituição da República Federativa do Brasil de 1988), além de elevar inúmeros direitos trabalhistas ao nível constitucional, fortaleceu o princípio da liberdade de organização e de administração sindical, como também ampliou a legitimidade dos entes coletivos. 
Tudo isso indica a abertura de amplo caminho para a expansão do Direito Coletivo dando às categorias um teor de autodeterminação até agora um tanto sufocado pela tutela paternalista da legislação de Direito Individual e conferindo-lhes, paralelamente, responsabilidade de saber regular seus interesses, sobretudo através da convenção coletiva de trabalho, ajustando-se ao atual movimento de idéias conhecido como flexibilização do Direito do Trabalho.�. 
No plano do Direito Individual há demonstrações da tendência em ampliar o campo de proteção trabalhista, v.g.: ao equiparar os avulsos aos empregados, ao conferir diversos direitos aos trabalhadores domésticos, bem como ao ampliar a competência da Justiça do Trabalho para julgar os conflitos decorrentes da relação de trabalho. Quanto a esta última inovação normativa, a mesma não alterou o direito material aplicável aos trabalhadores não subordinados, apenas possibilitou que os seus dissídios sejam julgados por uma Justiçaespecializada (Justiça do Trabalho), o que para nós, é um indício da aplicação do Direito do Trabalho para todo trabalhador subordinado (jurídica ou economicamente). 
4.	Tendências atuais do Direito do Trabalho: flexibilização e desregulamentação. 
A doutrina costuma apresentar como tendências do Direito do Trabalho os seguintes fenômenos: a) Flexibilização e Desregulamentação; b) Ampliação dos sujeitos protegidos pelo Direito do Trabalho; c) Atribuição da qualidade de direito fundamental social a algumas normas trabalhistas. 
O Direito do Trabalho surgiu no período da Revolução Industrial, em um contexto social de desigualdade e opressão. 
Percebendo ser impossível garantir a livre manifestação da vontade quando há desigualdades entre as partes contratantes (empregado x empregador), ou seja, manter o dogma da autonomia da vontade, princípio basilar do Direito Civil à época, tornou-se necessário a intervenção estatal na regulamentação do trabalho, criando normas de proteção ao operário.
No âmbito trabalhista, sempre se buscou a proteção do mais fraco, com a intenção de atingir a isonomia substancial entre as partes. Até de forma inconsciente, utilizava-se dos princípios da função social do contrato, da boa-fé objetiva, da dignidade da pessoa humana como mecanismo de proteção contra a coação sofrida pelo empregado�. 
Onde há desigualdade �, existe uma tendência à opressão contra a parte hipossuficiente. É justamente na tendência à opressão que o Estado deve atuar, evitando qualquer lesão a direitos. Para atingir tal objetivo, foram atribuídas às normas trabalhistas as qualidades de irrenunciáveis e garantidoras das condições mínimas de labor.
Entretanto, o paradigma e o contexto histórico no qual o Direito Laboral foi construído já não são os mesmos. As relações individuais de trabalho vêm sofrendo alterações nos últimos anos, em face da conjugação de fatores como: a crise econômica no início de 1970, desencadeada pela alta o petróleo; inovação tecnológica; as modificações radicais na organização da produção; a necessária competitividade com paises orientais e a necessidade de combater o desemprego, entre outros. �
Com a falência do Estado do Bem-Estar Social e o crescimento da política neoliberal, a discussão sobre a flexibilização trabalhista ganhou força. Muitos sustentam que o predomínio de normas imperativas trabalhistas é o fato gerador da crise das empresas, retirando-lhes a possibilidade de adaptarem-se a um mercado turbulento e competitivo. 
Todavia, sabemos que o grande problema das empresas nacionais é a alta carga tributária e não os encargos trabalhistas. Ademais, nos países em que se adotou a flexibilização ou a desregulamentação trabalhista, os problemas supramencionados não foram solucionados, demonstrando que o calcanhar de Aquiles não é a legislação trabalhista. 
A flexibilização reclamada pelos empregadores, buscando diminuir os custos sociais, nada mais é do que um reflexo da globalização, onde se pretende amoldar, por negociação coletiva, as normas trabalhistas, sem ferir as garantias mínimas do empregado. No entanto, para que isso não ocorra, é imprescindível termos sindicatos fortes, o que não possuímos. 
Nossos sindicatos não têm a força necessária para lutar com os entes patronais, deficiência esta legada do nosso Direito do Trabalho outorgado.
Em nossa CF/1988, a flexibilização é prevista em situações específicas (art. 7º, incs. VI, XIII e XIV). Em tais hipóteses é necessária a devida motivação de que a adoção pela flexibilização justifica-se em proteção do próprio trabalho como valor social�. 
A desregulamentação trabalhista, também denominada de flexibilização radical ou heterônoma, consiste na abolição da legislação protetora do trabalho, para que toda a regulamentação seja estabelecida pelos próprios atores sociais. Com isso estaria resgatada a autonomia da vontade das partes. Segundo esta corrente, a humanidade já evoluiu o bastante para dispensar a intervenção estatal nas relações de trabalho�. 
Enquanto a flexibilização busca abrandar a rigidez dos fundamentos do Direito do Trabalho, sem despojá-lo inteiramente do seu núcleo tutelar, realizando a redução e/ou adaptação das condições e direitos laborais, a desregulamentação atua no âmbito externo ao contrato, perseguindo uma radical auto-regulação pelos grupos e indivíduos envolvidos, uma vez que afasta toda a regulamentação estatal protetiva do trabalhador.
Devemos ressaltar que, diante o exposto, o Direito do Trabalho e o Direito Civil cada dia se aproximam. O Direito do Trabalho, que era funcionalizado e protetor, vem exaltando a autonomia coletiva das partes. Já o Direito Civil, que era baseado na autonomia das partes, vem buscando implementar a função social nos seus institutos. 
Apesar de parecer paradoxal, podemos apontar como tendência o aumento dos sujeitos protegidos pela legislação juslaboral. A equiparação dos avulsos aos empregados, a atribuição de diversos direitos aos trabalhadores domésticos, bem como a ampliação da competência da Justiça do Trabalho para julgar os conflitos decorrentes da relação de trabalho são indícios desta tendência. Quanto a esta última inovação normativa, a mesma não alterou o direito material aplicável aos trabalhadores não subordinados, apenas possibilitou que os seus dissídios sejam julgados por uma Justiça especializada (Justiça do Trabalho), o que para nós, é um indicativo da futura aplicação do Direito do Trabalho para todo trabalhador subordinado (jurídica ou economicamente). 
Podemos ainda apresentar como tendência a adoção das teorias da flexissegurança, da parassubordinação e da subordinação objetiva ou estrutural. As duas últimas serão, posteriormente, estudadas em capítulo específico.
A flexissegurança (ou flexiseguridad ou flexicurity), idéia oriunda da Dinamarca, pretende conciliar dois valores sensivelmente antagônicos, quais sejam: a flexibilidade do mercado de trabalho e a segurança dos trabalhadores contra o desemprego�. 
 
Apresenta-se como uma espécie de terceira via entre o modelo americano de total desregulamentação e a segurança do emprego surgida no modelo de constitucionalização dos direitos sociais. Basicamente deseja, de um lado, flexibilizar ainda mais a mobilidade do emprego, facilitando as formas flexíveis de contratação e a dispensa sem ônus e, de outro, compensar a classe trabalhadora (trade-off), através de um robusto seguro-desemprego aliado a uma rigorosa política de recolocação de trabalho (outplacement).
Para José Affonso Dallegrave Neto, apesar da idéia de flexissegurança ter obtido êxito na Dinamarca, a mesma não emplacaria no Brasil em face das condições socioeconômicas serem completamente diversas da Dinamarca
Por fim, ressaltamos mais uma tendência, a de atribuir a algumas normas trabalhistas a qualidade de direito fundamental. 
O Direito do Trabalho foi constitucionalizado, em especial, com a Constituição Federal de 1988. Com a sua constitucionalização, grande parte dos direitos laborais adquiriu a qualidade de direito fundamental, com as suas respectivas eficácias (imediata, vinculante, horizontal e vertical). 
Impõe-se aos juristas uma interpretação da legislação laboral conforme os direitos constitucionais trabalhistas, ou seja, uma releitura do ordenamento jurídico laboral (filtragem constitucional� e interpretação conforme a Constituição) com novas lentes, oxigenando as antigas normas, que a luz dos valores da dignidade humana, da igualdade substancial e da justiça social, passam a ter outros significados e alcances. 
� Ao se afirmar que a força de trabalho tornou-se livre e subordinada, pretende-se dizer que: o trabalhador tornou-se juridicamente livre com o seu desligamento frente aos meios de produção, entretanto, passou a ser subordinado, no âmbito laboral, ao empregador. 
� DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 288.
� BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito doTrabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 51.
� O artesão não podia exercer livremente sua arte ou ofício, precisando, para tanto, ingressar em uma corporação, grupos de produção de tipo autoritário, com rígida hierarquia, no topo do qual estavam os mestres; no meio, os companheiros ou oficiais e, no piso, os aprendizes. Para se tornar mestre era necessário produzir uma obra prima. (CATHARINO, José Martins. Compêndio de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 1981, p. 5.).
�As companhias (compagnonnages) assemelham-se mais aos sindicatos que as próprias corporações de ofício. Enquanto estas reuniam em um só órgão mestres (opressores), companheiros e aprendizes (oprimidos), as companhias agrupavam profissionais (companheiros) contra o monopólio dos mestres em busca de condições melhores de trabalho. (BATALHA, Wilson de Souza; BATALHA, Silvia Marina Labate. Sindicatos. Sindicalismo. 2. ed., São Paulo: LTr, 1994, p. 22) 
� BATALHA, Wilson de Souza; BATALHA, Silvia Marina Labate. Sindicatos. Sindicalismo. 2. ed., São Paulo: LTr, 1994, p. 23.
� PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho: noções fundamentais de direito do trabalho, sujeitos e institutos de direito individual. 5. ed., São Paulo: LTr, 2003, p. 32.
� A doutrina social cristã além de condenar os excessos do capitalismo, socialismo e do comunismo, defendia: a intervenção do Estado nas relações de trabalho para assegurar o bem comum; a propriedade não é um direito absoluto, e ao dono corresponde, na verdade, uma função de administrador, devendo submeter-se às limitações necessárias, dada a sua função social; o trabalho é titulo de honra, que toca a dignidade da pessoa humana; o trabalho deve ser justo e suficiente para manter o trabalhador e sua família de forma decorosa; o descanso deverá permitir-lhe a reposição de forças e os deveres religiosos; não devem ser exploradas as “meias-forças” (mulheres e crianças); trabalhadores e empregadores não devem enfrentar lutas de classe; a sociedade deve organizar-se corporativamente e as organizações profissionais deverão regular as relações de trabalho; o estado deve intervir para regular e fixar condições em favor de quem não conta com outra sorte de proteção. (ALONSO GARCIA, Manuel. Derecho del Trabajo. Barcelona: José Maria Bosch Editor, 1960, p. 122).
� BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 63.
� DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p.85.
� CATHARINO, José Martins. Compêndio de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 1981, p. 5
� PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho: noções fundamentais de direito do trabalho, sujeitos e institutos de direito individual. 5. ed., São Paulo: LTr, 2003, p. 26.
� V.g.: Evaristo de Morais Filho assevera que as principais causas do aparecimento do ramo jurídico em questão são: os vícios e as conseqüências da liberdade econômica e do liberalismo político; o maquinismo; a concentração de massas humanas e de capitais; as lutas de classes, com as conseqüentes rebeliões sociais com destaques para os ludistas ou cartistas na Inglaterra; as revoluções de 1848 e 1871, na França, e de 1848, na Alemanha; livres acordos entre grupos econômicos e profissionais regulando as relações entre patrões e operários, mas tarde, reconhecidos pelo Estado como lei; a Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII; a guerra (1914-1918), cujo fim (1919) conferiu ao Direito do Trabalho posição definitiva nos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais (MORAES FILHO, Evaristo. Introdução ao Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1971, p. 47.).
� Os manuais de Direito do Trabalho apresentam como fundamentos desse ramo jurídico suas primeiras fontes materiais. 
� Para Maurício Godinho Delgado, apesar de ser bastante recorrente nos manuais de Direito do Trabalho, possui o inconveniente de não permitir uma compreensão mais sistemática sobre o padrão de organização do mercado de trabalho e de sua normatização. Apesar de descritiva, não é explicativa da substancia do Direito do Trabalho e dos modelos justrabalhistas a que se refere tal periodização. O mesmo divide em 4 fases a evolução do Direito do Trabalho: a) fase das manifestações incipientes ou esparsas(1802 a 1848); b) fase da sistematização e consolidação do Direito do Trabalho (1848 a 1919); c) fase da institucionalização do Direito do Trabalho (1919 a 1979); d) fase da crise e transição do Direito do Trabalho (1979 até os dias atuais).
� Inicia-se, na Inglaterra, com a publicação da Lei de Moral and Health Act (Ato da Moral e da Saúde), por iniciativa do Industrial Robert Peel, daí também ser chamada de Lei Peel (1802). Proibiu o trabalho noturno para crianças e limitou o diurno a 12 horas diárias, além de ter fixado um rol de deveres alusivos à educação e higiene nos ambientes de trabalho. Em 1806, na França, foram criados por Napoleão os Conselis de prud’hommes, organismos de composição paritária, com representantes de empregados e empregadores, com a função de dirimir, mediante conciliação, os dissídios surgidos no ambiente fabril. São considerados a manifestação precursora da Justiça do Trabalho. Em 1813, na França, foi proibido o trabalho de menores em minas. Em 1819, na Inglaterra, foi proibido o emprego de menores de 16 anos. Também na Inglaterra, 1824 e 1825, surgiram os Combinations Acts, os quais declararam não mais constituir delito a existência de associações profissionais. Em 1833, ainda na Inglaterra, foi instituída a Inspeção do Trabalho e, afinal, reduzida a jornada dos menores para 8 horas. Na década de 1840 e 1850, foi proibido o trabalho feminino nas minas e sua redução para de 10 horas diárias nas indústrias. Em 1839, na Alemanha, teve início a edição de normas sobre o trabalho feminino e de menores de idade. Na França, em 1941, proibiram o trabalho de menores de 8 anos, além de restringir sua duração a 8 horas por dia para menores de 12 anos e a 12 horas para os menores de 16anos. Em 1843, na Itália, era proibido o emprego de menores de menores de 9 anos de idade, bem como o trabalho noturno para menores de 12 anos. Em 1848, na França, foi criada a Comissão de Luxemburgo, reconhecendo o Direito do Trabalho e diversos direitos dos trabalhadores, tais como: direito ao trabalho, fim do merchandage, jornada de 10 horas. (OLIVEIRA, José César de. Curso de Direito do Trabalho: estudos em memória de Célio Goyatá. Coord. Alice Monteiro de Barros. São Paulo, 1994, p. 71-72). 
� OLIVEIRA, José César de. Curso de Direito do Trabalho: estudos em memória de Célio Goyatá. Coord. Alice Monteiro de Barros. São Paulo, 1994, p. 72
� BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 64.
� José Augusto Rodrigues Pinto, nesse mesmo sentido, assevera que: “A radical mudança de estrutura da Previdência Social, a alteração do sistema de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o declínio conseqüente da garantia do emprego, através da estabilidade definitiva, a nova regulamentação do direito de greve, a inclusão, mesmo tímida, do empregado doméstico na órbita da tutela trabalhista, a integração do empregado rural à disciplina da Consolidação das Leis do Trabalho, a instituição do Programa de Integração Social (PIS), a criação de um regime previdencial para os domésticos e rurais, a reformulação de todo o Capítulo concernente à medicina e segurança do Trabalho na CLT são provas palpáveis de que se abriu uma perspectiva de amplas mudanças no Direito do Trabalho, suficiente para marcar o período respectivo com sinais peculiares que o tornam distinto, ainda que integrado, do todo evolutivo”. (PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho: noções fundamentais de direito do trabalho, sujeitos e institutos de direito individual. 5. ed., São Paulo: LTr, 2003, p.45).
� � PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho: noções fundamentais de direito do trabalho, sujeitos e institutos de direitoindividual. 5. ed., São Paulo: LTr, 2003, p.47.
� É valido consignar a convergência das rotas dos “ramos”: Direito Civil e Direito do Trabalho. A autonomia privada da vontade, tão exaltada pelo Direito Civil, hoje vêm sendo desejada por doutrinadores juslaboralistas ao defender a flexibilização. Da mesma forma, os princípios da função social do contrato de trabalho, da boa-fé e da dignidade da pessoa humana do trabalhador, adotados desde o primórdio do Direito do Trabalho, vêm sendo conclamados pelos civilistas modernos. 
� De acordo com Teresa Negreiros, com base na sua teoria do “paradigma da essencialidade”, os contratos que versem sobre a aquisição ou utilização de bens que, considerando a sua destinação, são tidos como essenciais estão sujeitos a um regime tutelar, justificado pela necessidade de proteção da parte mais vulnerável. É possível concluirmos que a referida teoria possui ampla aplicação no âmbito laboral, pois a necessidade de colocação da energia do trabalhador em função de outrem de forma subordinada para a sobrevivência sua e de sua família, demonstra a essencialidade do objeto do contrato de trabalho, impondo, consequentemente, um maior dirigismo estatal nas relações laborais. (SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. Rio de Janeiro: Lúmen Iures, 2004, p. 218.). 
� BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 79-80.
� Nesse mesmo sentido a ementa do seguinte acórdão: TRT/SP 02990131366 RO - Ac. 8ª T - 20000223713 - DOE 30.05.2000 - Rel. Juíza Wilma Nogueira de Araújo Vaz da Silva.
� LIMA, Francisco Meton Marques de. Elementos de direito do Trabalho e processo trabalhista. São Paulo: LTr, 2004, p. 38.
� O Livro Verde sobre Relações Laborais da União Européia (2006) e a Diretiva n.º 21 da União Européia propugnam pela adoção da flexibilidade combinada com segurança. 
� SCHIER, Paulo Ricardo. Filtragem Constitucional. Construindo uma nova dogmática jurídica. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1999, p. 147-148.

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