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AFECÇÃO DE COLO, VULVA E VAGINA

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AFECÇÕES DE COLO UTERINO, VULVA E VAGINA 
@diogeneshnl - MED T31 (FEBRASGO, TRATADO DE GINECOLOGIA) 
REVISÃO 
 
- Epitélio escamoso: ectocérvice. 
- Epitélio colunar: endocérvice. O pH 
vaginal modifica esse epitélio, fazendo 
que haja proliferação do epitélio sub 
colunar (metaplasia escamosa), com 
substituição do epitélio colunar evertido. 
 
- Junção escamocolunar (JEC): ponto de 
encontro entre os epitélios escamoso e 
colunar do colo uterino. É um limite 
dinâmico que se modifica conforme a 
estimulação hormonal. 
- Zona de transformação: região entre a 
JEC nova e JEC antiga, é o local mais 
comum para a displasia cervical. 
 
 
 
AFECÇÕES DO COLO UTERINO 
 
1. HPV (Papiloma Vírus Humano) 
 
● Epidemiologia 
 
- Os adolescentes e adultos sexualmente 
ativos apresentam maior risco. 
- Em 90% dos casos, o sistema 
imunológico consegue eliminar ou 
controlar o vírus (clearance viral). 
- O vírus pode permanecer em estado 
latente (podendo ser reativado com 
queda da imunidade) ou ainda podendo 
haver reinfecção (novo contato com 
HPV). 
- O HPV está envolvido no câncer de colo 
uterino em 99,7% dos casos. 
 
● Etiologia 
 
- É um vírus DNA da família 
Papilomaviridae. 
- Há cerca de 200 subtipos, e destes, 40 
infectam o sistema anogenital (vulva, 
vagina, colo uterino, uretra, pênis, 
escroto e ânus) nos humanos. 
 
 
 
 
● Classificação 
 
- Baixo risco oncogênico (Tipo 6 e 11): 
principais causadores de verrugas 
genitais. Outros tipos: 40, 42, 43 e 44. 
- Alto risco oncogênico (Tipo 16 e 18): 
responsáveis pelos casos de câncer de 
colo uterino. Outros tipos: 31, 33, 35, 39, 
45, 51, 52, 56, 58, 59 e 66. 
 
● Transmissão 
 
- Ocorre pelo coito, contato pele a pele 
dos genitais dos parceiros, contato 
oral-genital, contato manual-genital. 
- O uso regular de preservativo 
consegue aproximadamente 
60% de proteção. 
- Pode ocorrer também através do parto 
(devido a lesões genitais durante a 
passagem), caso a mãe esteja infectada. 
- Papilomatose respiratória 
recorrente: doença rara com 
formação de tumores benignos, 
semelhantes a verrugas, nas 
vias aéreas, principalmente na 
laringe. Os sintomas incluem 
rouquidão, tosse crônica e 
dificuldade para respirar, sendo 
mais grave em crianças e não 
tendo cura definitiva 
- A transmissão via objetos é rara. 
 
● Fatores de riscos 
 
- Quantidades de parceiros sexuais; 
- Relação sexual desprotegida; 
- Início da atividade sexual precoce; 
- Imunossupressão (inclui HIV); 
- Presença de IST’s; 
- Desnutrição; 
- Cânceres; 
- Anticoncepcional oral de alta dosagem; 
- Tabagismo. 
 
● Quadro clínico 
 
A infecção pelo HPV é descrita em três formas de 
apresentação: 
 
1. Latente: não há manifestações clínicas, 
citológicas ou morfológicas. O vírus é 
identificado por meio de exames de 
detecção do DNA viral (biologia 
molecular) 
 
2. Lesões clínicas: lesões visíveis a olho nu 
- Verrugas cutâneas: envolve os tipos 
HPV-2 e HPV-4. 
- Papiloma oral: é uma lesão benigna na 
boca, geralmente assintomática, que se 
manifesta como uma protuberância com 
aparência de "couve-flor" na língua, 
lábios ou palato, e é transmitida por 
contato direto, incluindo sexo oral. 
- Verrugas anogenitais (condiloma 
aculminado): podem ser únicas ou 
 
AFECÇÕES DE COLO UTERINO, VULVA E VAGINA 
@diogeneshnl - MED T31 (FEBRASGO, TRATADO DE GINECOLOGIA) 
múltiplas, de tamanhos variáveis 
(pápulas, placa, filiforme, verrucosas e 
granulares. Geralmente assintomáticos, 
mas podem ser pruriginosas, dolorosas 
ou friáveis. 
 
3. Lesões subclínicas: não é visível a olho 
nu. Ocorre por microlesões causadas 
pelo HPV identificadas através da 
alteração citológicas (exame de 
Papanicolau, colposcopia e peniscopia 
ou aplicação de lugol e ácido acético). 
 
● Diagnóstico 
 
O diagnóstico das verrugas anogenitais é clínico. 
 
- Exame físico: a lesão pode se manifestar 
como uma úlcera superficial na ecto ou 
endocérvice. 
- Toque vaginal: avalia o volume 
do colo, tamanho do útero, 
fundo de saco e paredes 
vaginais. 
- Toque retal: avalia o esfíncter 
anal, paramétrios e tumores na 
mucosa. 
- Tumores internos resultam em colo 
uterino aumentado, liso e endurecido 
(colo em barril). 
 
1. Técnica de biologia molecular: 
 
- Genotipagem do HPV por PCR - Teste 
molecular DNA-HPV (padrão ouro para 
detecção e tipo de HPV). 
- Coleta de células do colo uterino (ecto e 
endocérvice) com escovinha/espátula, 
igual ao Papanicolau. 
- 
Passou a ser em 2025 o método 
principal de rastreio de câncer 
de colo de útero, substituindo a 
citopatologia (Papanicolau). 
- Captura híbrida de 2ª geração. 
 
 
2. Citopatologia (Papanicolau): 
 
- Em 2025 passou a servir de como um 
exame complementar em caso de HPV 
oncogênico detectado (tipos ≠ 16/18) = 
(citologia reflexa), após teste molecular 
DNA-HPV. 
- Estratifica o risco e decide se a 
paciente precisa de 
colposcopia imediata ou se 
pode apenas repetir exame 
molecular DNA-HPV no futuro. 
 
- Examina apenas as células isoladas (sua 
morfologia). 
- Após coleta das células da ectocérvice e 
endocérvice, são analisadas no 
microscópio, permitindo a classificação 
(Sistema Bethesda): 
 
- Negativo para lesão 
intraepitelial ou malignidade 
(NILM). 
- ASC-US → células escamosas 
atípicas de significado 
indeterminado. 
- ASC-H → células escamosas 
atípicas, não sendo possível 
excluir lesão de alto grau. 
- AGC → células glandulares 
atípicas. 
- Lesão de baixo grau (LSIL): 
inclui NIC I (Neoplasia 
Intraepitelial cervical grau 1). 
Corresponde a mudanças 
displásicas leves, associadas a 
infecção inicial pelo HPV, 
geralmente transitórias. Não é 
considerada lesão precursora 
do câncer de colo de útero. 
- Lesão de alto grau (HSIL): inclui 
NIC II e NIC III. Corresponde a 
alterações displásicas 
moderadas/severas, são lesões 
pré-neoplásicas. 
- AIS → adenocarcinoma in situ. 
- Carcinoma invasor. 
 
 
 
 
Cuidados antes da coleta 
 
- Abstinência sexual de 2 a 3 dias. 
- Não utilizar duchas vaginais nos 2 dias 
que antecedem o exame. 
- Não utilizar cremes vaginais por no 
mínimo 3 dias antecedendo o exame. 
 
 
 
 
 
AFECÇÕES DE COLO UTERINO, VULVA E VAGINA 
@diogeneshnl - MED T31 (FEBRASGO, TRATADO DE GINECOLOGIA) 
OBS: 
 
- A coleta recomendada pelo MS é dupla, 
ou seja, da endocérvice e ectocérvice. 
- Não é recomendada a coleta no período 
menstrual, sendo o período 
periovulatório a melhor época para 
coleta. 
 
3. Colposcopia: 
 
- Indica ao examinador o local mais 
adequado para a realização da biópsia, 
na presença de citologia com alterações 
pré-malignas e malignas, avaliando a 
extensão e gravidade das lesões. 
- É utilizado para avaliar o colo uterino e 
a zona de transformação de forma 
magnificada (ampliação de 6 a 40 vezes). 
 
Teste do ácido acético (3-5%): áreas com maior 
densidade nuclear (lesões intraepiteliais) 
tornam-se acetobrancas. 
 
Teste de Schiller: Utiliza solução de Lugol (iodo + 
iodeto de potássio). Áreas com pouco ou nenhum 
glicogênio (como metaplasia imatura, inflamação, 
atrofia ou neoplasia) não coram, permanecendo 
amarelas/esbranquiçadas. 
- Iodo positivo -> teste de Schiller negativo 
(cor marrom escuro). 
- Iodo negativo -> teste de Schiller positivo 
(cor amarelo mostarda). 
 
 
 
 
Achados e conduta (colposcopia): 
 
 
 
4. Histopatológico: 
 
- Padrão ouro para diagnóstico das 
lesões causadas pelo HPV. 
- O exame histopatológico é feito a partir 
de biópsia de lesão suspeita (colo do 
útero, vulva, vagina, ânus ou orofaringe). 
- Confirma se há lesão intraepitelial e qual 
seu grau (NIC I, II, e III). 
- Avalia não só as células, mas também a 
arquitetura do tecido (camadas, invasão, 
profundidade). 
 
5. Imunoistoquímica: 
 
- Exame complementar útil em casos 
duvidosos ou quando se deseja maior 
precisão prognóstica. 
- Utiliza principalmente o marcador 
p16INK4a, superexpresso quando o HPV 
de alto risco integra seu DNA na célula 
hospedeira. Correlaciona ao NIC II e III.● Tratamento verrugas 
 
- Os tratamentos disponíveis são para as 
condições causadas pelo HPV, e não 
contra o vírus. 
- Atua sobre as lesões verrucosas com o 
objetivo de melhorar os sintomas, 
erradicação das lesões e interromper a 
transmissão. 
 
Tratamento domiciliar 
 
- Realizado pelo próprio paciente. 
 
1. Imiquimode 50 mg/g creme: 
 
- É um imunomodulador tópico que 
estimula resposta imune inflamatória, 
 
AFECÇÕES DE COLO UTERINO, VULVA E VAGINA 
@diogeneshnl - MED T31 (FEBRASGO, TRATADO DE GINECOLOGIA) 
promovendo destruição das células 
infectadas pelo HPV. 
- O tratamento deve ser mantido até o 
desaparecimento da verruga ou por um 
período máximo de 4 meses. 
- Para verrugas externas genitais/anais, 
usar em dias alternados. 
 
2. Podofilotoxina: 
 
- Possui propriedades antimitóticas. 
- Ciclo de tratamento: aplicação por 3 
dias consecutivos (pela manhã e à noite), 
seguido por 4 dias sem aplicação. 
- Outro ciclo de tratamento é 
indicado se verruga 
remanescente. 
- Recomenda-se 4 ciclos de 
tratamento. 
 
Tratamento ambulatorial 
 
1. Ácido tricloroacético (80-90% em 
solução): 
 
- Agente cáustico que promove a 
desnaturação de proteínas e 
coagulação química do tecido, levando 
à necrose e destruição da lesão. 
- Deve-se evitar contato com a mucosa 
normal, e esperar que a solução seque. 
- Pode ser usado em gestantes. 
- Aplicar semanalmente até a destruição 
completa da lesão. 
 
2. Podofilina 10-25% solução: 
 
- Atua inibindo a mitose. 
- Deve-se evitar contato com a mucosa 
normal, e esperar que a solução seque. 
- Não pode ser usado em gestantes, 
lactentes e áreas extensas. 
- Aplicar semanalmente até a destruição 
completa da lesão. 
 
3. Eletrocauterização. 
 
4. Exérese cirúrgica. 
 
5. Crioterapia: 
 
- Uso de nitrogênio líquido (-196 °C) ou 
óxido nitroso. 
- Destrói as verrugas por congelamento 
tecidual, sendo segura, eficaz e indicada 
inclusive na gravidez. 
 
● Prevenção 
 
 
- Pessoas vivendo com HIV, 
transplantados de órgãos/sólidos ou 
medula e pacientes oncológicos (até 45 
anos). 
 
CÂNCER DE COLO UTERINO 
 
 
● Epidemiologia 
 
- É o 3° câncer mais comum entre as 
mulheres. 
- Para cada ano do triênio 2023-2025 
foram estimados 17.010 casos novos, o 
que representa uma taxa bruta de 
incidência de 15,38 casos a cada 100 mil 
mulheres. 
- É um câncer evitável, visto que o estágio 
pré-invasor é longo. 
 
● Oncogenese 
 
- Infecção pelo HPV → persistência viral → 
integração do DNA viral ao genoma da 
célula hospedeira → expressão das 
oncoproteínas virais (E6 e E7) → 
inativação das proteínas supressoras 
tumorais (p53 e pRb) → perda do 
controle do ciclo celular → proliferação 
descontrolada e acúmulo de mutações. 
- Pode haver disseminação: 
- Direta: é a mais comum. Pode 
envolver o corpo uterino, 
vagina, paramétrios, cavidade 
peritoneal, bexiga e reto. 
- Linfática: o risco de metástase 
de linfonodo pélvico aumenta 
com a profundidade de invasão. 
- Hematogênica: os locais mais 
comuns são os pulmões, fígado 
e ossos. 
 
● Histopatologia 
 
- A maioria dos cânceres de colo uterino 
são do tipo 
epidermóide/espinocelular/carcinoma 
de células escamosas (HPV 16 é o tipo 
mais encontrado), representando 70-75% 
dos casos. 
- Origina-se das células da JEC, 
apresentando na região de 
ectocérvice. 
- Os adenocarcinomas, incluindo o 
carcinoma adenoescamoso, 
representam 25% dos casos. Nestes, o 
tipo HPV 18 é mais comum. 
- Origina nas células colunares 
da endocérvice. Tem difícil 
diagnóstico devido sus 
localização interna. 
 
AFECÇÕES DE COLO UTERINO, VULVA E VAGINA 
@diogeneshnl - MED T31 (FEBRASGO, TRATADO DE GINECOLOGIA) 
 
 
● Fatores de risco 
 
- O HPV é responsável por 99,7% dos casos 
de câncer de colo de útero. 
 
 
● Quadro clínico 
 
- Em fases iniciais, o câncer invasor, bem 
como as lesões precursoras, são 
assintomáticos. A lesão é descoberta 
pelo rastreio ou colposcopia. 
- As manifestações mais comuns em 
mulheres sintomáticas, são: 
- Sangramento irregular; 
- Corrimento vaginal mucoide ou 
com odor (achado inespecífico); 
- Sinusorragia (sangramento 
pós-coito). 
- O câncer avançado pode apresentar-se 
com: 
- Dor pélvica, com irradiação 
para extremidades; 
- Sintomas urinários e intestinais 
devido à invasão ou 
compressão tumoral. 
 
● Estadiamento 
 
O estadiamento no pré-tratamento define a 
terapia e o prognóstico. 
 
- O estadiamento mais recente: Federação 
Internacional de Ginecologia e 
Obstétrica (FIGO) de 2018. 
 
 
- O diagnóstico do estádio IA (IA1 ou IA2) é 
feito por meio do exame 
anatomopatológico de procedimento 
excisional e este deve ter margens livres. 
- Também pode ser feito em amostra de 
traquelectomia (colo do útero) ou 
histerectomia (útero inteiro). 
- É importante que no exame 
anatomopatológico conste se há 
envolvimento do espaço linfovascular 
(IELV). Esse dado não altera o 
estadiamento, mas modifica o 
tratamento. 
 
 
IMAGEM 
 
- Identifica os fatores prognósticos 
adicionais, para melhor modalidade de 
tratamento. 
 
1. Ressonância Magnética (RM): 
 
- Método de escolha para tumores > 10 
mm. 
- Avalia localização, tamanho, 
profundidade e extensão (vaginal, 
parametrial, vesical, retal). 
- Alto valor preditivo negativo para 
invasão vesical/retal → muitas vezes 
dispensa cistoscopia e endoscopia. 
 
2. US pode substituir a RM se houver 
contraindicação. 
 
3. PET-CT: 
 
- Mais preciso para detecção de 
metástases linfonodais > 10 mm. 
- Acometimento linfonodal classifica 
paciente como estádio IIIC, com pior 
prognóstico. 
 
4. Exames complementares: 
 
- Carcinoma invasivo → radiografia de 
tórax + avaliação de hidronefrose (US, 
TC, RM ou pielografia). 
- Cistoscopia e sigmoidoscopia → apenas 
em pacientes sintomáticas ou com 
crescimento endocervical em 
“barril”/invasão da parede vaginal 
anterior. 
 
AFECÇÕES DE COLO UTERINO, VULVA E VAGINA 
@diogeneshnl - MED T31 (FEBRASGO, TRATADO DE GINECOLOGIA) 
 
 
 
● Rastreamento 
 
 
Diretriz, 2025: 
 
 
DIRETRIZ ANTIGA 
 
1. Citopatologia 
 
População alvo: 
 
- Mulheres ativas com idade de 25-64 
anos. 
- O primeiro e o segundo exame 
são feitos anualmente, e se 
negativo, o rastreamento é feito 
a cada 3 anos. 
- Se mulher com idade superior a 
64 anos que nunca realizou 
citologia, são feitos dois testes 
em um intervalo de 1-3 anos. Se 
os dois testes forem negativos, 
está excluída do rastreio. 
 
Situações especiais: 
 
- Gestante: o exame não tem 
contraindicações e deve seguir 
normalmente. 
- Mulheres na pós-menopausa: devem 
realizar o teste normalmente. Em caso 
de atrofia secundária ao 
hipoestrogenismo, proceder a 
estrogenização antes da coleta. 
- Mulheres submetidas à histerectomia 
total por lesões benignas, sem história 
prévia de diagnóstico ou tratamento de 
lesões cervicais de alto grau, podem ser 
excluídas do rastreamento, desde que 
apresentem exames anteriores normais. 
- Mulheres sem história de atividade 
sexual não devem ser rastreadas. 
- Mulheres imunossuprimidas: teste 
semestral no primeiro ano, seguido de 
testes anuais. 
- HIV: rastreio a cada 6 meses. 
 
 
Recomendações: 
 
 
 
 
● Diagnóstico 
 
O rastreamento detecta risco, mas o diagnóstico 
definitivo depende de: 
 
DIRETRIZ ANTIGA 
 
- Rastreio: citologia. 
- Diagnóstico: colposcopia + biópsia 
(anatomopatológico). 
 
 
● Tratamento 
 
1. Tratamento destrutivo: 
 
Destruição do tecido lesionado. Não é possível 
realizar biopsia e há dificuldade em destruir toda 
lesão em profundidade. 
- Eletrocoagulação (anestesia local). 
- Criocoagulação: congelamento do 
tecido por meio de óxido nítrico. 
- Vaporização com laser. 
 
 
 
 
2. Tratamento excisional (exérese de zona 
de transformação: 
 
Padrão ouro para tratamento de HSIL. 
- Permite a biópsia. 
- Mulheres NIC II e III devem realizar 
procedimento excisional. 
 
AFECÇÕES DE COLO UTERINO, VULVA E VAGINA 
@diogeneshnl - MED T31 (FEBRASGO, TRATADODE GINECOLOGIA) 
 
 
- Conização cervical: é realizada exérese 
de zona de transformação (EZT) tipo 3, 
ou seja, boa parte do canal endocervical 
(2-2,5 cm) é retirada. É diagnóstica e, 
também, terapêutica. 
- Traquelectomia: visa à remoção total do 
colo uterino, com manutenção do útero. 
É realizada em mulheres com câncer de 
colo uterino estágio IA2 ou estágio IB1, 
com desejo de preservação da 
fertilidade. Pode ser realizada via 
abdominal ou vaginal. 
- Histerectomia: procedimento de retirada 
do útero. É a cirurgia ginecológica mais 
realizada no mundo. Só tem indicação 
quando lesão benigna, sendo necessário 
a excisão prévia para excluir foco de 
malignidade. 
- Exenteração pélvica: ressecção, em 
monobloco, dos órgãos genitais 
femininos, em conjunto com os do trato 
urinário inferior e/ou reto e sigmoide. 
Pode ser uma opção de tratamento nos 
raros casos do estádio IVA, sem 
envolvimento da parede pélvica 
(prognóstico ruim), ou nos casos de 
recidiva, após radioterapia primária. 
 
3. Radioterapia: 
 
- Radioterapia primária: é considerado 
padrão inicial de tratamento para os 
estádios IB3, IIA2, IIB, III e IV. 
- Radioterapia adjuvante: utilizada como 
adjuvante nas pacientes submetidas a 
tratamento cirúrgico com os seguintes 
fatores de risco para recorrência: 
 
 
 
4. Quimioterapia: 
 
- Geralmente, administrada com cisplatina 
de agente único ou a combinação de 
cisplatina mais fluorouracil. 
- Redução do risco de morte, com 
melhoria absoluta de 10% na 
sobrevida; 
- Redução do risco de 
recorrência; 
- Redução do risco de 
recorrência local. 
 
 
 
SEGUIMENTO PÓS-TRATAMENTO: 
 
- Nos primeiros 2 anos: citologia a cada 3 
meses. 
- Próximos 3 anos: citologia a cada 6 
meses. 
- Rastreio anual após esses 5 
anos. 
 
● Prevenção 
 
- Prevenção primária: vacinação em 
crianças e adolescentes sem vida sexual 
ativa e medidas educativas para 
promoção de sexo seguro; 
- Prevenção secundária: buscar lesões 
precursoras de câncer de colo uterino; 
- Prevenção terciária: tratamento da 
doença já instalada. 
 
AFECÇÕES DA VULVA 
 
1. Líquen escleroso: 
 
- Conceito: Dermatose crônica, 
inflamatória, não infecciosa, de provável 
origem autoimune. 
- Etiologia: Associação frequente com 
doenças autoimunes (vitiligo, tireoidite, 
lúpus, artrite reumatoide, doença 
celíaca). 
- Manifestações clínicas: Prurido vulvar 
crônico (principal sintoma), dor, 
dispareunia, disúria; lesões 
branco-nacaradas em “figura de oito”; 
pele fina e enrugada (“papel de cigarro”); 
pode causar sinéquias e estenose do 
introito. 
- Diagnóstico: Clínico; biópsia em casos 
duvidosos ou suspeita de malignidade. 
 
AFECÇÕES DE COLO UTERINO, VULVA E VAGINA 
@diogeneshnl - MED T31 (FEBRASGO, TRATADO DE GINECOLOGIA) 
- Tratamento: Corticoides tópicos de alta 
potência (clobetasol 0,05% ou 
mometasona 0,1%); orientações de 
higiene íntima e uso de emolientes. 
 
2. Líquen plano: 
 
- Conceito: Dermatose mucocutânea 
crônica, inflamatória, autoimune. 
- Etiologia: Imunomediada, associada a 
doenças autoimunes (vitiligo, anemia 
perniciosa, tireoidite autoimune). 
- Manifestações clínicas: Mais comum 
entre 30-60 anos; na vulva, forma erosiva 
com erosões violáceas, atrofia, exsudato 
vaginal abundante, dor, dispareunia; 
presença de estrias brancas (estrias de 
Wickham). 
- Diagnóstico: Clínico; biópsia (quando 
necessária) deve ser feita na borda da 
lesão. 
- Tratamento: Corticoides tópicos 
potentes (clobetasol, mometasona); 
emolientes, anestésicos tópicos 
(xilocaína) e anti-inflamatórios para 
controle da dor. 
 
3. Líquen simples crônico: 
 
- Conceito: Dermatose resultante de 
coçadura crônica → espessamento da 
pele e liquenificação. 
- Etiologia: Causada pelo ciclo 
prurido-coçadura; pode ser 
desencadeada por irritantes locais. 
- Manifestações clínicas: Prurido intenso, 
espessamento da pele vulvar, lesões 
localizadas ou difusas; maior risco de 
infecção secundária. 
- Diagnóstico: Clínico. 
- Tratamento: Quebrar o ciclo 
prurido-coçadura: higiene íntima 
adequada, anti-histamínicos sedativos, 
corticoides tópicos potentes. 
 
4. Cisto da glândula de Bartholin 
 
- Conceito: Obstrução do ducto da 
glândula de Bartholin com acúmulo de 
muco. 
- Etiologia: Obstrução do ducto → 
retenção de secreção. 
- Manifestações clínicas: Geralmente 
unilateral, indolor, 1–3 cm; pode causar 
desconforto em cistos maiores. 
- Diagnóstico: Exame ginecológico de 
rotina. 
- Tratamento: 
- Assintomático e 3 cm → 
drenagem + cateter de Word ou 
marsupialização. 
 
5. Abscesso da glândula de Bartholin 
 
- Conceito: Infecção do cisto de Bartholin. 
- Etiologia: Principal agente: E. coli; 
também gonococo, clamídia, anaeróbios. 
- Manifestações clínicas: Dor intensa, 
eritema, edema, dificuldade para 
caminhar ou ter relação sexual; febre em 
alguns casos. 
- Diagnóstico: Clínico; coleta de secreção 
para cultura. 
- Tratamento: Incisão e drenagem + 
cateter de Word/marsupialização; 
antibióticos de amplo espectro (ex.: 
sulfametoxazol-trimetoprima + 
metronidazol). 
 
6. Neoplasia intraepitelial vulvar (NIV) 
 
- Conceito: Lesão pré-maligna da vulva 
com presença de células escamosas 
anormais. 
- Etiologia: 
- NIV usual/HSIL: associada ao 
HPV oncogênico 
(principalmente 16), tabagismo e 
imunossupressão. 
- NIV diferenciada: relacionada 
ao líquen escleroso, típica em 
idosas. 
- Manifestações clínicas: Prurido (mais 
comum), dor, verrugas, áreas 
esbranquiçadas ou queratóticas; pode 
ser multifocal. 
- Diagnóstico: Padrão-ouro = 
histopatológico (biópsia). 
- Tratamento: 
- NIV diferenciada → excisão 
cirúrgica com margens. 
- NIV usual (HSIL) → terapias 
medicamentosas ou excisionais 
individualizadas (para preservar 
a anatomia e função). 
 
7. Câncer de vulva 
 
- Conceito: Neoplasia maligna da vulva 
(5–6% dos cânceres ginecológicos). 
- Etiologia: HPV oncogênico 
(principalmente 16), líquen escleroso, 
idade avançada. 
- Manifestações clínicas: Lesão vulvar 
visível, muitas vezes percebida pela 
paciente; pode ser assintomática, ou 
causar prurido, dor, sangramento. 
- Diagnóstico: Exame clínico + biópsia 
(confirmação histológica). 
- Tratamento: Cirúrgico (excisão local 
ampla ou vulvectomia parcial/total 
conforme extensão); pode associar 
linfadenectomia e radioterapia em casos 
avançados. 
 
 
 
 
 
AFECÇÕES DA VAGINA 
 
1. Neoplasia intraepitelial vaginal (NIVA) 
 
 
AFECÇÕES DE COLO UTERINO, VULVA E VAGINA 
@diogeneshnl - MED T31 (FEBRASGO, TRATADO DE GINECOLOGIA) 
- Conceito: Alteração displásica do 
epitélio vaginal (lesão pré-maligna). 
- Etiologia: HPV oncogênico; histerectomia 
prévia por NIC; imunossupressão; 
radioterapia; exposição ao DES 
intraútero. 
- Manifestações clínicas: Geralmente 
assintomática; pode haver alteração de 
citologia, corrimento ou sinusorragia. 
- Diagnóstico: Citologia alterada + 
vaginoscopia; confirmação por biópsia 
(histopatologia). 
- Tratamento: Semelhante à NIC, 
dependendo do grau (NIVA 1–3): 
observação, tratamento local destrutivo 
ou excisional. 
 
2. Câncer de vagina 
 
- Conceito: Neoplasia maligna primária 
rara (80% dos casos são metástases de 
outros tumores). 
- Etiologia: HPV oncogênico, ISTs, irritação 
crônica, radioterapia, exposição ao DES. 
- Manifestações clínicas: Sangramento 
vaginal (mais comum); corrimento fétido, 
sinusorragia, massa vegetante no 
introito vaginal; pode ser assintomático. 
- Diagnóstico: Exame clínico + 
colposcopia/vaginoscopia; confirmação 
por biópsia. 
- Tratamento: Cirurgia (ressecção local ou 
exenteração pélvica em casos 
avançados), radioterapia e/ou 
quimioterapia conforme estadiamento.

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