Prévia do material em texto
Resumo da Aula: Antidiabéticos Orais e Introdução à Terapia com Insulina Inibidores da DPP-4: Prolongando a Ação do GLP-1 o GLP-1: um hormônio intestinal (incretina) que nosso corpo produz quando nos alimentamos. · Funções do GLP-1: 1 Estimula o pâncreas a secretar insulina. ○ Retarda o esvaziamento do estômago. ○ Promove a saciedade. ○ Por isso, seus análogos (como Ozempic e Monjaro) são usados no tratamento de diabetes e obesidade. Em seguida, introduziu o novo grupo: Inibidores da DPP-4. · O que é a DPP-4? É uma enzima (dipeptidil peptidase-4) que, fisiologicamente, degrada o hormônio GLP-1, finalizando sua ação. · Mecanismo de Ação: 1 Raciocínio: "Se eu sei que essa enzima degrada o GLP-1, o que acontece se eu usar uma substância que inibe essa enzima? O tempo de atividade do GLP-1 endógeno (o que nosso corpo produz) vai prolongar!" ○ Esses fármacos aumentam a meia-vida do GLP-1, potencializando seus efeitos naturais de controle da glicemia. · Vantagens: 1 Boa tolerabilidade e poucos efeitos colaterais, sendo uma boa opção para pacientes idosos. · Fármacos de Exemplo: 1 Sitagliptina (Nome comercial: Januvia) ○ Vildagliptina (Nome comercial: Galvus) Ponto Importante: É fundamental saber que não se pode associar um análogo de GLP-1 (ex: Ozempic) com um inibidor de DPP-4 (ex: Januvia). Essa associação potencializa demais a ação do hormônio, causando desequilíbrios. Isso está descrito nas diretrizes brasileiras de diabetes. Inibidores do SGLT2: Eliminação de Glicose pela Urina Este foi o último grupo de antidiabéticos orais discutido. · Mecanismo de Ação: 1 No rim, a glicose é filtrada e depois reabsorvida de volta para o sangue por um transportador chamado SGLT2. ○ O fármaco inibe esse transportador. Com isso, a glicose não é reabsorvida, permanece no túbulo renal e é eliminada na urina. ○ Isso ajuda a reduzir a glicemia por um mecanismo diferente dos outros fármacos. · Pergunta "Um paciente com glicose na urina não é um problema?" 1 Resposta da professora: Em um paciente que não usa esse medicamento, sim, é um sinal de glicemia elevada. No entanto, para o paciente que está em tratamento com um inibidor de SGLT2, é esperado e desejado que a glicose apareça na urina. · Ponto Importante (Benefício Cardiovascular): Esses medicamentos têm um impacto muito positivo no sistema cardiovascular. 1 Por quê? Ao aumentar a glicose no túbulo renal, eles também puxam mais água para a urina, exercendo um efeito diurético. Isso ajuda a reduzir a pressão arterial e a diminuir eventos cardiovasculares, como insuficiência cardíaca. Por isso, são muito usados tanto na endocrinologia quanto na cardiologia. · Fármaco de Exemplo: 1 Dapagliflozina (Nome comercial: Forxiga) Protocolo de Tratamento e Insulinoterapia O tratamento do diabetes tipo 2 segue um protocolo escalonado, baseado no valor da hemoglobina glicada (HbA1c). · HbA1c 9% (com sintomas): Inicia-se a terapia baseada em insulina. Introdução à Insulina: · História: As primeiras insulinas eram extraídas de tecido bovino e suíno. Hoje, são produzidas por biotecnologia para serem idênticas à insulina humana. · Estrutura e Tipos: A insulina é uma proteína. Pequenas mudanças na sua sequência de aminoácidos dão origem a diferentes tipos de insulina com diferentes tempos de ação. ○ Exemplos: Lispro (ultra-rápida), Regular (rápida), NPH (intermediária), Glargina/Lantus (lenta/longa duração). Esquemas de Tratamento com Insulina (Basal-Bolus): 1. Insulina Basal: 1 Objetivo: Simular a produção contínua e de base do pâncreas para controlar a glicemia entre as refeições e durante a noite. ○ Tipo usado: Insulinas de ação intermediária ou longa (ex: NPH, Lantus). 2. Insulina Bolus (ou Prandial): 1 Objetivo: Corrigir os picos de glicose que ocorrem logo após as refeições. ○ Tipo usado: Insulinas de ação rápida ou ultra-rápida (ex: Regular, Lispro). Orientações de Aplicação de Insulina: 1. Homogeneização: ○ Insulinas de aspecto leitoso (suspensões, como a NPH) precisam ser homogeneizadas suavemente, rolando o frasco entre as mãos. ○ Alerta: "Não é uma agitação vigorosa! Isso pode desnaturar a proteína e formar bolhas, dificultando a dosagem correta." 2. Rodízio dos Locais de Aplicação: ○ É fundamental que o paciente alterne os locais de aplicação (abdome, braços, coxas). ○ Aplicar sempre no mesmo lugar causa lipodistrofia, um endurecimento do tecido que prejudica a absorção da insulina. Isso faz com que a glicemia fique descontrolada, mesmo com a dose correta. Análise de Casos Clínicos Caso Clínico 1: Hipoglicemia por Interação Medicamentosa · Situação: Paciente com diabetes tipo 2 começou a ter quadros graves de hipoglicemia após iniciar o tratamento para uma pneumonia fúngica com fluconazol. · Análise: 1. O paciente usava prednisona (corticoide), que causa hiperglicemia. Por isso, seu tratamento para diabetes foi intensificado (incluindo gliclazida). 2. O fluconazol é um inibidor enzimático. 3. A gliclazida é metabolizada pela enzima que o fluconazol inibe. 4. Conclusão: Ao tomar fluconazol, o metabolismo da gliclazida foi bloqueado, sua concentração no sangue aumentou drasticamente, e seu efeito de baixar a glicose foi potencializado, levando à hipoglicemia severa. É uma clássica interação medicamentosa. Caso Clínico 4: Hiperglicemia por Aplicação Incorreta · Situação: Paciente de 88 anos com glicemia descontrolada, mesmo aumentando a dose da insulina. Ele confessou aplicar sempre no mesmo local do braço, pois "não sentia a picada". · Análise do(a) professor(a): ○ Causa: A aplicação repetida no mesmo local gerou lipodistrofia (tecido endurecido), o que impediu a correta absorção da insulina, causando a hiperglicemia. ○ Orientação e Alerta: O paciente deve iniciar o rodízio dos locais. ○ Ponto Importante: Ao aplicar em um local novo e saudável, a absorção será muito mais eficaz. Portanto, ele deve voltar para a dose de insulina anterior (mais baixa). Se ele mantiver a dose aumentada no novo local, sofrerá uma hipoglicemia grave. Introdução aos Antibióticos ● Classificação das Bactérias: ○ Gram-positivas: Aparecem com coloração roxa/azul no microscópio. ○ Gram-negativas: Aparecem com coloração vermelha no microscópio. ○ Importância: Essa diferença, que se deve à estrutura da parede celular, é crucial para o diagnóstico e para nortear a escolha do antibiótico, já que muitos agem especificamente em um desses grupos. Interação entre Antibióticos e Bactérias A descoberta dos antibióticos, a começar pela penicilina por Alexander Fleming, revolucionou a medicina. O primeiro antibiótico foi isolado de um fungo (Penicillium) que impedia o crescimento de bactérias. Mecanismo de Ação: Os antibióticos podem ser classificados de duas formas principais: Bactericidas: Matam as bactérias. Bacteriostáticos: Inibem a multiplicação das bactérias, permitindo que o sistema imunológico do hospedeiro elimine a infecção. Alvos de Ação: Os antibióticos atuam em estruturas ou processos vitais para a bactéria e que são diferentes das células humanas, garantindo a seletividade. Os principais alvos são: Parede Celular: Uma estrutura que as células humanas não possuem. Muitos antibióticos, como a penicilina, impedem a sua formação, levando à morte da bactéria. Material Genético (DNA/RNA): Interferem na replicação ou na leitura do material genético bacteriano. Síntese de Proteínas: Bloqueiam os ribossomos bacterianos, que são diferentes dos ribossomos humanos. Membrana Plasmática: Danificam a membrana que envolve a bactéria. Resistência Bacteriana: As bactérias possuem uma notável capacidade de desenvolver mecanismos de resistência, tornando os antibióticos ineficazes. O principal mecanismo é a produção de enzimas que degradam o antibiótico. O uso incorreto e indiscriminado de antibióticos acelera esse processo. Por isso, é fundamentalutilizar esses medicamentos apenas com prescrição médica, na dose correta e pelo tempo determinado. Análise do Caso Clínico 2 A imagem apresenta o seguinte caso clínico: · Paciente: Cida, 57 anos. · Medicação de uso contínuo: Gliclazida (Diamicron®), um hipoglicemiante oral da classe das sulfonilureias, na dose de 30 mg, um comprimido por dia pela manhã. · Automedicação: Ibuprofeno (Advil®), 600 mg, um comprimido duas vezes ao dia, para tratar dores pelo corpo. · Sintomas atuais: Tontura, fraqueza, suores e "batedeira" (palpitações). Orientação e Análise: Os sintomas apresentados pela paciente (tontura, fraqueza, suores e palpitações) são característicos de hipoglicemia (baixa de açúcar no sangue). A interação medicamentosa entre a Gliclazida e o Ibuprofeno é a causa provável desse quadro. O Ibuprofeno, um anti-inflamatório não esteroide (AINE), pode potencializar o efeito dos hipoglicemiantes orais como a Gliclazida. Ele faz isso ao deslocar a sulfonilureia da sua ligação com as proteínas plasmáticas, aumentando a quantidade de fármaco livre na corrente sanguínea e, consequentemente, intensificando seu efeito de redução da glicose. A orientação correta seria instruir a paciente a suspender o uso do Ibuprofeno por conta própria e procurar um médico para investigar a causa das dores no corpo e ajustar o tratamento de forma segura, evitando a automedicação que está resultando em uma perigosa crise de hipoglicemia. image6.jpg image7.jpg image8.jpg image1.jpg image2.jpg image3.jpg image4.jpg image5.jpg