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Funções e Limites 15/11/2015 2 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites 3 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Sumário FUNÇÃO .......................................................................................................................................................... 7 DEFINIÇÃO DE FUNÇÃO ............................................................................................................................................ 7 ELEMENTOS PERTINENTES ......................................................................................................................................... 8 Constantes ..................................................................................................................................................... 8 Variáveis ........................................................................................................................................................ 9 RELACIONAMENTO LÓGICO ENTRE VARIÁVEIS ................................................................................................................ 9 Relações simétricas ....................................................................................................................................... 9 Relações assimétricas .................................................................................................................................... 9 RELAÇÃO E FUNÇÃO ............................................................................................................................................... 10 DESCRIÇÕES ......................................................................................................................................................... 10 DOMÍNIO E IMAGEM ............................................................................................................................................. 11 Intervalo da variável .................................................................................................................................... 12 Infinito ...................................................................................................................................................................... 13 Teste da reta vertical ................................................................................................................................... 14 Estudo de caso ......................................................................................................................................................... 14 CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS .................................................................................................................................... 15 Função monótona ....................................................................................................................................... 15 Função biunívoca ......................................................................................................................................... 16 Função inversa ............................................................................................................................................ 16 Gráfico de funções inversas ..................................................................................................................................... 17 Teste da reta horizontal ........................................................................................................................................... 18 Inversa restrita ......................................................................................................................................................... 18 Inversa ao produto da função ..................................................................................................................... 19 Funções simétricas ...................................................................................................................................... 20 Funções com simetria em relação a um eixo ........................................................................................................... 21 Funções com simetria em relação a um ponto ........................................................................................................ 22 RAÍZES DA FUNÇÃO ................................................................................................................................................ 23 Teorema do valor intermediário ................................................................................................................. 23 Polinômio .................................................................................................................................................... 24 Teorema fundamental da Álgebra .............................................................................................................. 25 Forma fatorada do polinômio ..................................................................................................................... 25 Teorema do valor médio das raízes do polinômio ....................................................................................... 26 Valor médio das raízes de algumas funções ............................................................................................................. 27 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS RAÍZES DE FUNÇÕES ........................................................................................................... 28 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS SIMETRIAS DAS FUNÇÕES .................................................................................................... 28 Funções simétricas em relação a algum eixo .............................................................................................. 28 4 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Funções simétricas em relação a algum ponto ........................................................................................... 29 Casos particulares ....................................................................................................................................... 29 VALOR DA FUNÇÃO ................................................................................................................................................ 30 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE FUNÇÕES ..................................................................................................................... 31 Seleção dos valores de entrada ................................................................................................................... 32 FUNÇÕES BASICAS OU ELEMENTARES ............................................................................................................ 35 FUNÇÃO MONÔMIO .............................................................................................................................................. 38 FUNÇÃO NULA ...................................................................................................................................................... 39 FUNÇÃO CONSTANTE ............................................................................................................................................. 39 FUNÇÃO LINEAR .................................................................................................................................................... 39 FUNÇÃO DE 1º GRAU .............................................................................................................................................39 Simetria ....................................................................................................................................................... 40 Coeficiente linear ......................................................................................................................................... 40 Coeficiente angular ..................................................................................................................................... 41 Reta que passa por dois pontos no plano.................................................................................................... 43 Retas paralelas no plano ............................................................................................................................. 45 Retas ortogonais no plano .......................................................................................................................... 47 Ângulo entre duas retas .............................................................................................................................. 50 Exercícios propostos .................................................................................................................................... 51 FUNÇÃO DO 2º GRAU ............................................................................................................................................. 52 Simetria ....................................................................................................................................................... 53 Vértice ......................................................................................................................................................... 53 Teorema da distância entre as raízes da equação do 2º grau .................................................................... 53 Domínio e imagem ...................................................................................................................................... 54 Exercícios propostos .................................................................................................................................... 54 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS .................................................................................................................................. 55 Seno e cosseno ............................................................................................................................................ 55 Domínio .................................................................................................................................................................... 56 Imagem..................................................................................................................................................................... 56 Simetria .................................................................................................................................................................... 56 Período ..................................................................................................................................................................... 56 Raízes........................................................................................................................................................................ 56 FUNÇÕES EXPONENCIAIS E LOGARÍTMICAS .................................................................................................................. 57 Preliminares ................................................................................................................................................ 57 Função exponencial .................................................................................................................................... 57 Propriedades ............................................................................................................................................................ 58 Mudança de base ..................................................................................................................................................... 59 Aplicações................................................................................................................................................................. 59 5 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Função logaritmo ........................................................................................................................................ 60 Propriedades ............................................................................................................................................................ 60 Mudança de base ..................................................................................................................................................... 61 Aplicação .................................................................................................................................................................. 61 CONSIDERAÇÕES SOBRE FUNÇÕES EXPONENCIAIS E LOGARITMOS .................................................................................... 62 Exercícios propostos .................................................................................................................................... 63 LIMITE DA FUNÇÃO ........................................................................................................................................ 64 PROBLEMA .......................................................................................................................................................... 65 Investigar nos extremos longínquos ............................................................................................................ 65 Investigar restrições operatórias ................................................................................................................. 65 INFINITOS E INFINITESIMAIS ..................................................................................................................................... 66 Infinitos........................................................................................................................................................ 66 Infinitésimos ................................................................................................................................................ 67 Operações simbólicas .................................................................................................................................. 67 Estudo de caso 1 ....................................................................................................................................................... 68 Estudo de caso 2 ....................................................................................................................................................... 69 DEFINIÇÃO FORMAL DE LIMITE ................................................................................................................................. 69 Notação ....................................................................................................................................................... 70 Teoremas dos limites ................................................................................................................................... 71 Limites laterais ............................................................................................................................................ 72 Limites especiais .......................................................................................................................................... 72Função seno cardinal ................................................................................................................................................ 72 Número de Napier .................................................................................................................................................... 73 LIMITE DA FUNÇÃO CONTÍNUA ................................................................................................................................. 74 Estudo de caso – função de base ................................................................................................................. 77 Estudo de caso – função polinomial ............................................................................................................ 78 No interior do domínio ............................................................................................................................................. 78 Nos extremos do domínio ........................................................................................................................................ 78 Função polinomial de grau impar ............................................................................................................................. 79 Função polinomial de grau par ................................................................................................................................. 80 LIMITE DE FUNÇÕES DESCONTÍNUAS .......................................................................................................................... 81 Estudo de caso – função racional ................................................................................................................ 81 No interior do domínio ............................................................................................................................................. 81 Nos extremos longínquos do domínio ...................................................................................................................... 82 No zero ..................................................................................................................................................................... 83 Nas fronteiras abertas interiores do domínio .......................................................................................................... 83 APLICAÇÕES ......................................................................................................................................................... 86 Gráfico de funções com restrições operatórias ........................................................................................................ 86 ANEXO I – SÍMBOLOS E SIGNIFICADOS ........................................................................................................... 97 6 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites ANEXO II – ORGANIZAÇÃO GRÁFICA DE IDEIAS .............................................................................................. 99 CONVENÇÕES ..................................................................................................................................................... 100 EVENTOS HOMOGÊNEOS SIMPLES ........................................................................................................................... 101 MEDIDA ALGÉBRICA ............................................................................................................................................. 103 Interpretação verbal .................................................................................................................................. 103 EVENTOS HOMOGÊNEOS COMPOSTOS ..................................................................................................................... 104 Par ordenado ............................................................................................................................................. 104 SISTEMA DE COORDENADAS CARTESIANAS ................................................................................................................ 105 Eixos principais .......................................................................................................................................... 105 Eixos auxiliares .......................................................................................................................................... 106 Quadrantes ................................................................................................................................................ 108 Notação ..................................................................................................................................................... 109 MEDIDAS ALGÉBRICAS NO PLANO ........................................................................................................................... 110 Distância entre dois pontos de um eixo .................................................................................................... 110 Distância entre dois pontos no plano ........................................................................................................ 111 Distância entre um ponto e a origem no plano ......................................................................................... 111 ANEXO III – RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS .................................................................................................. 113 TEOREMA DE PITÁGORAS ...................................................................................................................................... 113 COSSENO .......................................................................................................................................................... 114 SENO ................................................................................................................................................................ 114 TANGENTE ......................................................................................................................................................... 115 ARCO COSSENO .................................................................................................................................................. 115 ARCO SENO ........................................................................................................................................................ 116 ARCO TANGENTE ................................................................................................................................................. 116 CIRCUNFERÊNCIA TRIGONOMÉTRICA ....................................................................................................................... 117 RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NO CÍRCULO UNITÁRIO ................................................................................................. 118 IDENTIDADE FUNDAMENTAL .................................................................................................................................. 118 ÂNGULOS NOTÁVEIS ............................................................................................................................................ 119 REFERÊNCIAS................................................................................................................................................ 121 7 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites FUNÇÃO Funções expressam matematicamente relações entre as grandezas variáveis associadas a fenômenos ou eventos matemáticos, biológicos, físicos, sociais, . Se for possível descrever a relação entre duas grandezaspor uma função então é: Possível determinar inequivocamente seus valores possíveis (os estados), inclusive prever valores ainda não observados; Avaliar as tendências (do fenômeno ou evento) inclusive nos extremos das fronteiras abertas (Limite); Determinar como a função (evento ou fenômeno) varia em torno de um ponto (Derivada) e; Obter ou restaurar (Integral) a função a partir da sua variação. DEFINIÇÃO DE FUNÇÃO Função ( ) é uma regra que expressa sem ambiguidade à relação entre as quantidades e (de um evento ou fenômeno) pertencentes a dois conjuntos e . A ausência de ambiguidade determina que para qualquer valor pertencente ao conjunto existe um e somente um valor de pertencente ao conjunto . A definição especifica um valor qualquer (independência) de , a denominada de variável independente enquanto a outra admite um e somente um valor de para cada (atada, atrelada ou dependente) valor de , a denominada variável dependente. O conjunto , das variáveis independentes, é denominado domínio e o conjunto , das variáveis dependentes, é denominado imagem, ou seja, o independente tem domínio e o dependente tem apenas uma imagem, um reflexo do independente. Uma função está bem definida se são conhecidos sua regra, seu domínio e imagem. 8 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites ELEMENTOS PERTINENTES Os sujeitos, os protagonistas, as variáveis, são os elementos de quem se trata na realidade investigada, as grandezas variáveis associadas ao fenômeno ou evento. Os objetos, os coadjuvantes, os parâmetros ou constantes são os elementos acessórios que mediam as variáveis da realidade investigada. Constantes Uma constante matemática é um valor numérico imutável ou invariável, no contexto do problema. A constante pode ser numérica ou literal. Os objetos imutáveis, invariáveis ou constantes são valores que influenciam as expressões, mas cujo valor numérico é não se altera, por natureza do objeto ou no contexto do problema. São constantes: Por natureza, os números { } e as letras designativas de definições { }. O valor de (razão entre o perímetro e o diâmetro da circunferência) é uma constante universal. O valor de (velocidade da luz) é uma constante que influencia a relação entre as quantidades e que é imutável, neste caso uma constante universal A fórmula de Einstein da equivalência massa–energia, . Massa e energia são duas grandezas relacionadas por uma constante. No contexto do problema, as letras como , e , ou qualquer outra, quando assim designadas. Na formulação um bacuri custa dois reais, explicita uma função na qual o valor a ser pago depende do número de bacuris, o valor dois explicita uma constante, um valor fixo, no contexto do problema, que modifica o comportamento da função. A distância percorrida por um móvel em movimento uniforme, é uma função do tempo que depende da posição inicial e da velocidade (constantes) e do tempo transcorrido (variável independente). Os valores de e são constantes em contexto (de um dado problema). 9 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Variáveis As variáveis representam os elementos de um dado conjunto numérico, ou seja, elementos que podem assumir diferentes valores em uma expressão. Por exemplo, para , dados , e , existem infinitos pares de números e que satisfazem a relação, que lhe tornam verdade, neste caso existe uma relação entre e , as quais são as denominadas variáveis. RELACIONAMENTO LÓGICO ENTRE VARIÁVEIS Funções são descrições matemáticas através de relações entre variáveis independentes, variáveis dependentes e constantes. O relacionamento lógico entre variáveis pode ser simétrico ou assimétrico. Relações simétricas As relações simétricas ocorrem quando ambas são alternativas. Quando um gás é pressionado em um recipiente sua temperatura aumenta e, quando a temperatura de um gás contido em um recipiente aumenta sua pressão aumenta – qual é a causa e qual é o efeito (tanto a pressão quanto a temperatura podem ser variáveis independentes). Relações assimétricas As relações assimétricas são aquelas em que é possível definir, claramente, uma independente e outra dependente. O excesso de velocidade nas estradas e os acidentes fatais apresentam correlação positiva, assim pode-se expressar: o número de acidentes fatais decorre (variável dependente) do excesso de velocidade (variável independente) nas estradas; a reciproca é inadmissível: o excesso de velocidade depende (ou decorre) do número de acidentes fatais. 10 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites RELAÇÃO E FUNÇÃO Uma expressão é denominada relação quando admite mais de um valor de uma variável para um dado valor da outra variável e é denominada função se admite apenas um único valor da variável dependente para cada valor da variável dependente. A equação do espaço, de um móvel com aceleração igual a , posição inicial igual a zero e velocidade inicial nula, especifica a posição no espaço em função do tempo ( ) ( ) , para qualquer valor de { } existe um único valor1 de { }. A expressão correspondente do tempo, ( ) é uma relação, mas não é uma função, pois admite mais de um valor de para o mesmo valor de , por exemplo, a posição está relacionada com { }. O tempo é independente, não pode depender da posição. Função é uma relação especial, uma relação sem ambiguidade. DESCRIÇÕES A descrição de uma função pode ser verbal, numérica, geométrica ou algébrica. A descrição verbal é a formulação textual da regra que estabelece a relação entre as variáveis. A descrição algébrica é a apresentação da função através de uma equação, ( ) A descrição numérica é a representação através do conjunto dos pares ( ) da função. Por convenção, escrito sempre na ordem e forma ( , ). Por uma tabela de valores, Número de bacuris Valor (R$) Tabela 1: função por descrição numérica. 1 Uma função admite um único valor da variável dependente para cada valor da variável dependente e, admite, eventualmente, sem restrições, a existência um mesmo valor da variável dependente para mais um valor da variável independente. No caso, para cada um um único e valores iguais de para valores de diferentes. 11 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites A descrição gráfica é a apresentação geométrica da função, em especial no plano cartesiano, no qual a variável independente é expressa no eixo horizontal e a variável dependente é expressa no eixo vertical, como ilustra a Figura 1. Figura 1: representação gráfica de função Uma função pode ser apresentada como um sistema (Figura 2), ( ) Figura 2: Função - sistema A saída para cada amostra do conjunto de entrada , apresenta sempre com o mesmo resultado pertencente ao conjunto de saída denominado valor de em . DOMÍNIO E IMAGEM Para a função ( ), o conjunto de todas as entradas permitidas ou admissíveis (os valores de ) é denominado de domínio de ( ), e o conjunto de todas as saídas (os valores de ) que resultam quando varia sobre o domínio é denominado imagem de( ), (Figura 3). ( ) A imagem é o reflexo do domínio em consonância com a regra . Figura 3: Domínio e imagem Para os valores admissíveis de , o domínio de ( ) é a projeção de ( ) sobre o eixo e a imagem de ( ) é projeção do sobre o eixo . 12 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Intervalo da variável O domínio e a imagem de uma função real são os conjuntos dos números reais ou alguma extensão numérica delimitada dos números reais ou intervalo. O intervalo é o conjunto dos números compreendidos entre dois outros números reais, seus extremos ou fronteiras, as quais podem ser um limitado ou ilimitado. Um intervalo é descrito na forma (ABNT, 2012): Símbolo Intervalo Significado Exemplos [ ] Fechado de incluído até incluido [ ] { | } ( ] Semiaberto à Esquerda de excluído até incluído ( ] { | } [ ) Semiaberto à Direita de incluído até excluído. [ ) { | } ( ) Aberto de excluído até excluído. ( ) { | } cada fronteira do intervalo pode ser aberta, delimitado por parênteses ou fechada, delimitada por colchete. Por exemplo, Intervalo Notação Equivalência verbal [ ] Todos os números entre zero e dois, incluindo os extremos, fronteiras fechadas. ( ) Todos os números entre zero e dois, excluindo os extremos, fronteiras abertas. [ ) Todos os números entre zero e dois, excluindo o dois. O zero é uma fronteira fechada e o dois é uma fronteira aberta. ( ] Todos os números entre zero e dois, excluindo o zero. O zero é uma fronteira aberta e o dois é uma fronteira fechada. [ ) ( ] Todos os números entre zero e dois, excluindo o um. O zero e o dois são fronteiras fechadas e o um é uma fronteira aberta. 13 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Infinito O infinito pode ser o extremo de um intervalo. O infinito expressa o que é maior do que qualquer quantidade dada de mesma natureza, aquilo que não tem limites, que pode ser aumentado ou estendido tanto quanto se queira. A sequência dos números naturais, por exemplo, para os quais é sempre possível obter, indefinidamente, o próximo. O Infinito não é único, não é um número, é como a classe de uma grandeza que possui valores ilimitados, denota algo ilimitado, inumerável, imensurável. Conjuntos infinitos podem ter tamanhos diferentes, por exemplo, a quantidade dos números reais é infinita, a quantidade dos números naturais é infinita. Os números naturais são um subconjunto dos números reais, portanto a quantidade de números reais (infinita) é maior que a quantidade de números naturais (infinita). O infinito é representado simbolicamente na matemática pela lemniscata (do latim lemniscata, ornada de fitas). O infinito pode ser um extremo (não incluso) do intervalo, assim: ou ( ] | ou [ ) | ou ( ) O conjunto de definição dos números reais ( ) especifica que números reais se estendem desde até com intervalo aberto (o infindo não pode pertencer a um conjunto dito real). Assim, o intervalo é sempre aberto em relação ao infinito ou, o infinito está além dos números reais, do que real. Textualmente, o infinito não pertence ao real. Se a definição de uma dada função real não impõe nenhuma restrição operatória, ou seja, é determinável para qualquer valor de ( ), então seu domínio é o conjunto dos números reais, por exemplo, para a função definida pela regra o domínio é ( ). Se a definição de uma dada função real impõe alguma restrição operatória, ou seja, não pode ser determinada para algum valor de ( ), então seu domínio é um subconjunto dos números reais, por exemplo, para a função definida pela regra , indefinida para , assim o domínio é ( ) ( ). 14 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Por exemplo, a função definida pela regra, ( ) admite como argumento, como valor de , qualquer valor real, e os valores ( ) que a função pode assumir são os números reais positivos. O domínio são os números reais ( ) e a imagem são os números reais positivos ( ). A função definida por, ( ) Admite como argumento, como valor de , qualquer valor real diferente de (que implica em uma divisão por zero, o que não é permitido na matemática). Assim o domínio são os numero reais menos a unidade, { } ( ) ( ). Teste da reta vertical A definição da função especifica que uma função não pode produzir duas saídas distintas para uma mesma entrada. Teste da reta vertical: O gráfico de uma função, no plano cartesiano, não pode ser interceptado mais de uma vez por qualquer reta vertical, ou seja, uma curva é o gráfico de uma função se e somente se nenhuma reta vertical cruza a curva mais de uma vez. Por exemplo, qualquer eixo auxiliar horizontal da forma é uma função e; qualquer eixo auxiliar vertical da forma não é função. Estudo de caso Considere o estudo sobre o crescimento de um jovem entre seis e dezesseis anos. A idade é sempre crescente, a altura, a menos de alguma anomalia, é sempre crescente (Figura 4) e o peso aumenta com oscilações, como ilustra a Figura 5. Figura 4: Altura com a idade. Figura 5: Peso com a idade. Neste caso, o peso apresenta, além de pequenas flutuações, um crescimento inicial significativo, seguido de uma redução (exercícios, doença, dieta?) e uma retomada do crescimento com taxas menores. 15 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Tanto a altura quanto o peso são descritos sem ambiguidade em função da idade (para cada idade, um e somente um valor de peso ou da altura). A idade é a variável independente e o peso e a altura são variáveis dependentes. A representação do peso com a altura (Figura 6) e da altura com o peso (Figura 7) são mostradas a seguir. Figura 6: Peso com altura. Figura 7: Altura com peso. Expressando o peso (vertical) de acordo com altura (horizontal) temos uma função (cada valor da altura admite um e somente um valor peso). Neste caso, a altura é a variável independente e o peso é a variável dependente, ( ). Expressando a altura (vertical) de acordo com peso (horizontal) temos apenas uma relação (não é uma função, para alguns valores de peso temos a mesma altura, com explicitado na figura, por uma reta vertical), é matematicamente uma descrição ambígua. CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS Função monótona Se para qualquer valor de entre dois pontos e , pertencentes ao domínio, à função é denominada: Monótona crescente se ( ) ( ) ( ) Monótona estritamente crescente se ( ) ( ) ( ) Monótona decrescente se ( ) ( ) ( ) Monótona estritamente decrescente se ( ) ( ) ( ) 16 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Função biunívoca Uma função é denominada biunívoca se e somente se, a cardinalidade (número de elementos) do domínio é igual à cardinalidade da imagem e se para cada elemento pertencente ao domínio existe um e somente um elemento pertencente à imagem , ou seja, cada elemento do domínio está associado a um único elemento da imagem e vice- versa. { } ( ) ( ) { ( ) ( )} Uma função biunívoca monótona é estritamentecrescente ou estritamente decrescente. Função inversa Se uma função ( ) é biunívoca monótona em um intervalo então admite uma função inversa2 ( ) no intervalo, ( ) e ( ) Tal que ( ( )) e ( ( )) Ou seja, as variáveis, de uma função biunívoca monótona, podem trocar (permutar) de papeis. Por exemplo, para ( ) . Trocando os papeis temos , ou seja, ( ) tal que ( ( )) e ( ( )) ( ) Para ( ) . Trocando os papeis temos , ou seja, ( ) 2 A notação usual para função inversa é ( ), não utilizada para não confundir com a função inversa ao produto. 17 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Gráfico de funções inversas Funções inversas são graficamente simétricas em relação à reta . Por exemplo, para ( ) . Trocando os papeis temos e ( ) tal que ( ( )) ( ) e ( ( )) ( ) . A Figura 8 mostra o eixo de simetria ( ) e ilustra a função ( ) e sua inversa ( ) . Figura 8: Funções inversas do 1º grau. A inversa da função exponencial, . Trocando os papeis das protagonistas temos , ou por definição, a função logaritmo é a função inversa da exponencial, tal que e . A Figura 9 mostra o gráfico das funções exponencial e logaritmo. Figura 9: Função exponencial e inversa. Observar que ( ( )) é elemento da imagem de ( ) e ( ( )) é elemento do domínio de ( ). 18 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Teste da reta horizontal O gráfico de uma função que admita inversa, no plano cartesiano, não pode ser interceptado mais de uma vez por qualquer reta horizontal. A expressão é uma função, pode ser escrita na forma ( ), pois cada valor de implica em um único valor de , ilustrado na Figura 10. Figura 10: Gráfico de uma função A expressão não é uma função, admite mais de um valor de para cada valor de . A reta vertical cruza a relação em dois pontos ( √ ) e ( √ ), como ilustra a Figura 11. Figura 11: Gráfico de uma relação. Inversa restrita Neste caso, a função só admite inversa em parte do domínio. A função ( ) , por exemplo, definida apenas para valores de reais positivos é biunívoca. Trocando os papeis temos resulta em , a qual só pertence aos reais se , ou seja, a inversa real existe se , Neste caso, é conveniente escrever √ . 19 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites A Figura 12 mostra o eixo de simetria, a função e sua inversa. Figura 12: Inversas restritas A função raiz quadrada é a função inversa restrita ( ) da função potência de grau dois, assim, √ As funções trigonométricas são funções periódicas, não satisfazem o teste da reta horizontal, só admitem inversas restritas. Trocando os papeis da função seno, , se obtêm , ou por definição, , a função arco seno é função inversa restrita do seno, tal que se é um número real pertencente ao intervalo então é um ângulo, um número real pertencente ao intervalo . Por exemplo, A função arco cosseno é função inversa restrita da função cosseno, tal que se é um número real pertencente ao intervalo então é um ângulo, um número real pertencente ao intervalo . Por exemplo, √ √ Observar que seno e cosseno expressam relações entre dois lados, é adimensional enquanto o arco seno é um ângulo definido em graus ou radianos. Inversa ao produto da função A inversa ao produto da função é aquela cuja multiplicação resulta na identidade multiplicativa, um, ( ) Ou ( ) ( ) 20 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Por exemplo, Função Inversa ao produto da função Não confundir função inversa com função inversa ao produto da função. Funções simétricas Alguns objetos e funções apresentam simetrias, dentre as quais a simetria em relação a um eixo e a simetria em relação a um ponto. Um objeto apresenta simetria em relação a um eixo se uma rotação de em torno de um eixo de simetria que cruza o objeto ao centro, não altera a forma. O pentágono regular apresenta simetria em relação a um eixo, como ilustra a Figura 13. Um objeto apresenta simetria em relação a um ponto se uma rotação de em torno de um ponto central do objeto, não altera a forma. O paralelogramo apresenta simetria em relação ao ponto, conforme ilustrado na Figura 14. Figura 13: Simetria em relação a um eixo, Figura 14: Simetria em relação a um ponto. Símbolos matemáticos como , , , , e as letras O, X, I, H apresentam simetria em relação a eixo vertical, em relação a um eixo horizontal e em relação a um ponto. As letras A, U, T, W, Y, V, M apresentam simetria em relação a um eixo vertical (eixo vertical que passa pelo centro). As letras S, Z e N apresentam simetria em relação a um ponto (ponto no centro da letra). As letras B e D apresentam simetria em relação a um eixo horizontal. As letras como Q, R, P, F, G, K, L, Ç são assimétricas. 21 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Funções com simetria em relação a um eixo Uma função é simétrica em relação a um eixo se uma rotação de em torno do eixo de simetria não altera a forma (Figura 15), . Figura 15: Função com simetria em relação a um eixo. Se a função é simétrica em relação a um eixo, os valores da função à direita do eixo podem ser obtidos dos valores à esquerda do eixo, ou vice-versa, ( ) ( ) Por exemplo, se na função da figura, o eixo de simetria é então os valores da função para pontos equidistantes do eixo de simetria são iguais entre si, para , ( ) ( ), para , ( ) ( ), para , ( ) ( ), . Função par Em particular, quando temos a simetria em relação ao eixo , conforme ilustra a Figura 16, então a função é denominada de função par, tal que ( ) ( ) Figura 16: Função par. 22 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Funções com simetria em relação a um ponto Uma função é simétrica em relação a um ponto ( ) se uma rotação de em torno do ponto de simetria não altera a forma (Figura 17) então, ( ) ( ) Figura 17: Função com simetria em relação a um ponto. Por exemplo, se na função da figura, o ponto de simetria é ( ) então valores da função para pontos equidistantes do ponto de simetria são relacionados entre si pela fórmula, ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Ou seja, para , ( ) ( ), para , ( ) ( ), para ( ) ( ), . A simetria simplifica a determinação de pontos de uma função com simetria ao ponto se a formulação ( ) ( ) for mais simples que a expressão da função. Função impar Em particular, se a simetria é em relação à origem, comomostrada na Figura 18, temos a denominada de função ímpar, ( ) ( ) Figura 18: Função impar. 23 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites RAÍZES DA FUNÇÃO As raízes (do latim com significado de base ou fundamento) ou zeros da função são valores de , { }, que satisfazem a condição ( ) , ou seja, os valores da função ( ) que interceptam o eixo horizontal ( ). No gráfico da função, o número de cruzamentos pelo eixo horizontal é igual ao número de raízes reais diferentes entre si. Teorema do valor intermediário Se uma equação polinomial real é contínua no intervalo ( ), o teorema do valor intermediário garante que se ( ) e ( ) tem o mesmo sinal, então não existem raízes ou existe um número par de raízes ( , , , , ) e se ( ) e ( ) possuem sinais diferentes, então existe um número impar de raízes ( , 3, , , ). A função ( ) , por exemplo, intercepta o eixo em um ponto ( ) tal que e , assim , ou seja, uma raiz real, Neste caso, se então para todo valor tem-se ( ) e para qualquer valor obtemos ( ) . A Figura 19 mostra o gráfico da função ( ) a qual mostra três raízes reais localizadas em { }, tal que substituindo ou ou na equação obtemos ( ) . Por exemplo, para , temos, ( ) Figura 19: Função e raízes. As raízes são valores especiais ou posições para os quais as funções interceptam a base, o eixo horizontal e as árvores interceptam a base, o solo. Entre as raízes se verificam as mais significativas variações no comportamento da função, entre duas raízes diferentes sucessivas ocorrem inversões da concavidade da função, máximos locais ou mínimos locais (Figura 19). 24 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Polinômio O monômio é formado por um único termo e, portanto não envolve soma e subtração, ( ) Para expoente um e zero, e , se utiliza notação implícita, e . Um polinômio (do grego poly (muitos) e monômios) ou função polinomial é uma soma de monômios, descrita por equações algébricas com coeficientes e , de grau positivo (maior expoente com coeficiente não nulo, ou e ), na forma geral, ( ) ∑ A parcela é o termo constante. A parcela é o termo dominante e o coeficiente é o coeficiente do termo dominante. O polinômio é dito completo se todos os coeficientes até são diferentes de zero, e é denominado incompleto se algum coeficiente de até é igual à zero, por definição, . O monômio , por exemplo, é um polinômio incompleto ( ). A função constante ( ) é um polinômio completo de grau zero. Por exemplo, A função constante ( ) é uma função polinomial de grau zero (o zero é maior expoente implícito, com coeficiente não nulo), com . A função de 1º grau ( ) é uma função polinomial de 1º grau (o um é maior expoente implícito com coeficiente não nulo), com , . A função do 2º grau ( ) é uma função polinomial de 2º grau (dois é o maior expoente com coeficiente não nulo), com , , . A função de 2º grau ( ) é uma função polinomial de 2º grau (incompleta), com , , . A função de 4º grau ( ) é uma função polinomial de 4º grau (incompleta), com , , , , . 25 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Teorema fundamental da Álgebra O teorema fundamental da álgebra (TFA) garante que o número de raízes (reais e complexas) de uma função polinomial é igual ao seu grau. As raízes são os valores de que tornam verdade a equação, ( ) Forma fatorada do polinômio Uma função polinomial racional inteira ( ) pode ser escrita na forma fatorada por suas raízes reais ou complexas { }, ( ) ( )( )( ) ( ) A relação entre a forma geral e a forma fatorada são descritas através das relações de Vieta–Girard, ( ) (∑ ) (∑ ) ( ) ( ) Por exemplo, raízes { } ( ) { } ( ) ( ) Se as raízes são { } e então ∑ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Ou seja, ( ) ( )( ) Para as raízes { } e então ( ) ( )( )( ) 26 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Teorema do valor médio das raízes do polinômio Igualando o termo de da forma geral com o termo da forma obtida através das relações de Vieta–Girard sintetizada, tem-se, (∑ ) A média das raízes ou valor médio das raízes { } reais e complexas de uma função polinomial de grau é, ̅ ( ) ∑ na qual é o grau do polinômio, é o coeficiente do termo de maior grau e é o coeficiente do termo de grau . O valor médio das raízes de um polinômio com coeficientes reais é sempre um número real. Raízes complexas, se existirem, devem ser pares complexos conjugados ( e ) cuja soma é o numero real . Por exemplo, o polinômio ( ) , possui uma raiz real e duas raízes complexas conjugadas e . O valor médio das raízes é, ̅ ( ) ou ̅ ( ) Por exemplo, Raízes Polinômio Valor médio das raízes { } ( ) ̅ ( ) { } ( ) ̅ ( ) { } ( ) ̅ ( ) { } ( ) ̅ { } ( ) ̅ ( ) { } ( ) ̅ { } ( ) ̅ ( ) 27 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Valor médio das raízes de algumas funções O valor médio das raízes função monômio definida por um termo ( ) , ou seja, é igual a, ̅ O valor médio das raízes de um polinômio completo do 1º grau, função do 1º grau ou função afim, ( ) ( ) é igual a, ̅ A raiz é única e igual ao valor médio, ̅ Por exemplo, a raiz e o valor médio da raiz da função ( ) são, ̅ ( ) O valor médio das raízes para um polinômio ou função do 2º grau ( ) é igual a, ̅ A função do 2º grau é simétrica em relação ao eixo ̅, tal que, ( ̅ ) ( ̅ ) Para um polinômio ou função do 3º grau ( ) o valor médio das raízes é, ̅ A função polinomial de 3º grau é simétrica em relação ao ponto ( ̅ ( ̅)), ( ̅) ̅ ̅ ̅ Tal que, ( ̅ ) ( ̅) ( ̅ ) 28 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites CONSIDERAÇÕES SOBRE AS RAÍZESDE FUNÇÕES Funções polinomiais de grau , com coeficientes reais, possuem raízes reais ou complexas conjugadas. O número de possíveis raízes reais, de uma função polinomial com maior expoente impar com coeficientes reais, são { }. O número de possíveis raízes reais, de um função polinomial com maior expoente par com coeficientes reais, são { }. A função seno apresenta uma raiz na origem e as demais raízes são afastadas entre si de . O valor médio das raízes da função seno é zero. A função cosseno apresenta uma raiz em ⁄ e as demais raízes são afastadas entre si de . O valor médio das raízes da função cosseno é zero. A função tangente apresenta uma raiz na origem e as demais raízes são afastadas entre si de . O valor médio das raízes da função tangente é zero. A função exponencial não possui raízes reais. A função logaritmo apresenta uma única raiz real em . As funções de grau zero e exponencial, não possuem raízes reais, não cruzam o eixo real e não apresentam mudanças de concavidade, são monótonas e exibem um único sinal ( ou ) em todo domínio. As funções de 1º grau e logaritmo possuem uma única raiz, interceptam o eixo real apenas uma vez, não apresentam mudanças de concavidade, são monótonas. CONSIDERAÇÕES SOBRE AS SIMETRIAS DAS FUNÇÕES Funções simétricas em relação a algum eixo São simétricas em relação a um eixo as funções monômio de expoente par, constante, 2º grau e cosseno ou . Todas atendem a equação, ( ) ( ) 29 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Funções simétricas em relação a algum ponto São simétricas em relação a algum ponto ( ( )) as funções monômios de expoente impar, constante, 1º grau, 3º grau, seno, tangente, arco seno, arco tangente ou . Todas atendem a equação, ( ) ( ) ( ) Casos particulares Funções polinomiais de grau inferior a quatro são sempre simétricas. Funções polinomiais de grau zero (simetria a qualquer eixo vertical e simetria a qualquer ponto, ), grau um (simetria a qualquer ponto pertencente à reta), grau dois (simetria ao eixo ̅) e grau três (simetria ao ponto ( ̅ ( ̅))). Por exemplo, a função polinomial de 3º grau ( ) . ̅ ( ̅) Por simetria, ( ̅ ) ( ̅) ( ̅ ) ( ) ( ) ̅ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) e ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) e ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) e ( ) ( ) ( ) ( ) e ( ) ( ) ( ) ( ) e ( ) Cada valor calculado permite determinar outro equidistante do ponto de simetria. Funções polinomiais de grau superior ou igual a quatro, em geral, não exibem simetria, entretanto se a simetria existir é em relação ao eixo ̅ para grau par ou a ao ponto ( ̅ ( ̅)) para grau impar. A função constante ( ) é simétrica em relação a qualquer eixo e também é simétrica em relação a qualquer ponto ( ). Existem funções que não possuem nenhuma simetria. 30 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites VALOR DA FUNÇÃO O valor de uma função é o resultado, ou valor de , quando substituímos o valor da variável independente , pertencente ao domínio, na regra especificada ( ). A função é uma expressão (não ambígua), assim os cálculos deve ser realizados em consonância com as leis de precedência intraexpressão, ApPMA. O valor da função pode ser numérico ou literal (letras que representam números). O valor é numérico se os parâmetros e o argumento são numéricos e é literal se os parâmetros ou os argumentos são literais. Considere, por exemplo, a função definida através da regra ( ) . Argumento Cálculo Resultado Tipo3 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Se uma função é simétrica em relação a um eixo ou em relação a um ponto então para cada valor calculado pode ser obtido outro por simetria. A função ( ) é simétrica em relação ao eixo ̅ Assim ( ̅ ) ( ̅ ), ou seja, para obtêm-se ( ) ( ), para obtêm-se ( ) ( ), para obtêm-se ( ) ( ), . A função ( ) é simétrica em relação ao ponto ( ̅ ( ̅)) ̅ e ( ̅) Assim ( ̅ ) ( ̅) ( ̅ ), ou seja, para obtêm-se ( ) ( ), para obtêm-se ( ) ( ), para obtêm-se ( ) ( ), . 3 – tipo numérico, – tipo literal 31 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE FUNÇÕES O gráfico de uma função é formado pelo conjunto de pontos ( , ) traçados sobre o sistema de coordenadas cartesianas retangulares ou plano cartesiano (mais detalhes em anexo), cujas coordenadas satisfazem a equação ( ). Na representação gráfica, ou representação no plano cartesiano, a variável independe é alocada segundo o eixo das abscissas (horizontal) e a variável dependente é alocada com o eixo das ordenadas (vertical). O sistema de coordenadas permite a representação gráfica de pares ordenados ( ) no plano, o que possibilita interpretar geometricamente os vínculos entre variáveis e suas representações: 1. Conhecida a descrição textual ou a fórmula pode-se obter uma lista ou tabela de pares ( ), os quais podem ser representados no plano cartesiano para uma representação geométrica, um gráfico, ou; 2. Dado uma representação geométrica, pode-se obter uma lista de pares ( ), os quais permitem uma descrição através de um texto ou quiçá por uma fórmula. Os pontos podem ser obtidos e marcados em qualquer ordem, entretanto, por convenção, a leitura de uma curva no plano se faz da esquerda para a direita. Casos I. Tabela de pontos A representação de uma tabela de pontos no plano cartesiano é direta. Cada par de pontos da tabela é alocada na posição correspondente. Por exemplo, seja uma lista com pares de valores das medidas de um experimento, dispostos em uma tabela, na forma, 32 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Os valores admissíveis (conforme a tabela) de são números inteiros positivos, { } e os valores correspondentes de são números reais entre e , { }. A Figura 20 mostra os pontos marcados no plano. Em geral, para facilitar a visualização são traçados linhas entre pontos (Figura 21). Figura 20: por pontos Figura 21: Por pontos conectados O gráfico dos pares permite visualizar o comportamento de em função de , para todos os pontos do domínio. Casos II. Fórmula Para a representação gráfica, no plano cartesiano, de uma fórmula na forma ( ), é necessário preliminarmente computar, como um teste por hipótese, os valores das ordenada { } para um conjunto “arbitrário” de abscissas { }pertencentes ao domínio. Para a fórmula , tomando arbitrariamente valores de { }, obtemos valores correspondentes de { }. A tabela dos pares e o gráfico são os do exemplo anterior. Seleção dos valores de entrada Os valores de entrada são arbitrários, entretanto o estudo e o conhecimento da função fornecem subsídios para especificar quais devem ser utilizados para configurar o gráfico da função. A quantidade de pontos não é garantia que a figura é representativa do comportamento da função. 33 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Alguns pontos notáveis do gráfico da função, se existirem, são importantes para o traçado do gráfico. Existência de raízes. Pontos, se existirem, na forma ( ) para os quais a função intercepta o eixo horizontal, tal que ( ) . Interceptação do eixo vertical. Ponto, se existir, na forma ( ) que a função intercepta o eixo vertical, tal que ( ), se . Observação, para qualquer função polinomial é termo constante, . Existência de simetria. As funções polinomiais de grau zero a três, seno, cosseno e tangente possuem simetria. A escolha do intervalo sem o estudo da função pode acarretar em graves erros de interpretação. A Figura 22 mostra a função definida pela regra ( ) para os pontos { }. Figura 22: Representação insatisfatória. No caso, “alguém” precipitadamente, por escolha insuficiente dos valores escolhidos da variável independente e a consequente representação insatisfatória, poderia “inferir” que a função é sempre decrescente. 34 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Entre as raízes se verificam as mais significativas variações no comportamento da função, entre duas raízes diferentes sucessivas ocorrem inversões da concavidade da função, máximos locais ou mínimos locais. O valor médio das raízes, se este existir, é um ponto em torno do qual o gráfico deve ser traçado. O estudo mais pormenorizado e abrangente para valores da variável independente iguais a { } mostra que a função ( ) é decrescente até um determinado valor de , apresenta um valor mínimo neste ponto, e é crescente após este mínimo, descreve uma parábola como ilustra a Figura 23. Figura 23: Representação satisfatória. No exemplo, sabendo que uma função do 2º grau, da forma ( ) , descreve uma parábola com um eixo de simetria, ̅ , possui um vértice em ( ̅ ( ̅)). Ou seja, a função ( ) , descreve uma parábola com eixo de simetria ̅ ( ) ( ) e vértice em ( ). Para representar satisfatóriamente o comportamento da função devemos considerar valores de abaixo e a cima do eixo de simetria . Observar que ( ̅) e , ou seja, ( ̅) , portanto a função ( ) não possui raízes reais (não intercepta o eixo horizontal). Outras informações relevantes para o traçado do gráfico são a tendencia da função nas fronteiras, em especial da fronteiras abertas, do domínio consequencia do estudo da função nos estremos limites das funções, o limite e; a existência de máximos e minimos locais decorrentes do estudo da variação da função, a derivada. 35 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites FUNÇÕES BASICAS OU ELEMENTARES Tomando a função monômio como função de base, as demais funções básicas ou elementares ( ) podem ser escritas como uma combinação de funções de base, na forma, ( ) ∑ ( ) As funções básicas ou elementares são as que podem ser formadas, a partir da função de base, por combinações lineares, finitas ou infinitas, e as resultantes de suas translações, reflexões, compressões, expansões, adições e subtrações, multiplicações e divisões, suas funções inversas, as inversas das funções, compostas e por partes elementares. A Tabela 2 lista algumas funções básicas ou elementares. Função básica Formulação Polinomial Soma finita de funções de base, multiplicadas por constantes, com expoente inteiro. ( ) Grau zero Ou função constante é o polinômio cujo maior expoente da potência é zero, ( ) 1º grau Polinômio cujo maior expoente da potência é um, ( ) 2º grau Polinômio cujo maior expoente da potência é dois, ( ) Racional Divisão entre dois polinômios. ( ) ( ) ( ) Exponencial ( ) 36 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites ( ) ( ) ( ) ( ) Logarítmica Função inversa da exponencial, ( ) ( ) (( ) ( ) ( ) ) ( ) (( ) ( ) ( ) ) Seno ( ) Cosseno ( ) Tangente Divisão entre o seno e o cosseno da variável independente. ( ) Arco seno Função inversa do seno, ( ) ( ) Arco cosseno Função inversa do cosseno, ( ) ( ) ( ) Arco tangente Função inversa da tangente, ( ) ( ) Cossecante Inversa ao produto da função seno. ( ) Secante Inversa ao produto da função cosseno. ( ) Cotangente Inversa ao produto da função tangente. 37 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites ( ) Elementar ( ) Tabela 2: Funções básicas A função erro de Gauss, , por exemplo, utilizada para o calculo da integral da distribuição normal, definida por uma integral, não é uma função básica ou elementar. √ ∫ A função delta de Dirac, ( ), a função impulso não é uma função básica ou elementar. ( ) { ∫ ( ) Uma função básica admite representação em série de potências, como pela série de Taylor–Maclaurin. 38 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites FUNÇÃO MONÔMIO A função monômio é uma expressão matemática com um único termo definido na forma, ( ) O número real é denominado coeficiente do monômio e o número natural é o denominado grau ou expoente do monômio. A figura mostra gráficos de ( ) para e e { }. Domínio ( ) Imagem { } Domínio ( ) Imagem { } Domínio ( ) Imagem ( ) Domínio ( ) Imagem ( )Domínio ( ) Imagem [ ) Domínio ( ) Imagem ( ] Domínio ( ) Imagem ( ) Domínio ( ) Imagem ( ) O valor médio das raízes função do monômio é, ̅ 39 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites A função monômio de grau possui raízes, todas iguais a zero. As funções monômios com expoente par exibem simetria par e funções monômios com expoente impar exibem simetria impar. FUNÇÃO NULA A função monômio nula, , ( ) é denominada função nula. FUNÇÃO CONSTANTE A função monômio constante, , ( ) não varia, é denominada função constante. FUNÇÃO LINEAR A função monômio do 1º grau, , ( ) , na qual qualquer variação de é acompanhada de uma variação exatamente proporcional em , é denominada função linear, tal que, ( ) ( ) ( ) FUNÇÃO DE 1º GRAU A função de 1º grau ou função afim (que tem afinidade, parentesco) permite descrever e modelar fenômenos ou processos que admitem um dado valor inicial e crescem ou decrescem com taxa constante. Um plano de saúde, por exemplo, cobra cinquenta reais por mês e uma taxa fixa de quarenta reais por consulta. A equação que modela este processo é definida pela equação na qual o valor de é o número de consultas e é o valor a ser pago. Um achocolatado em pó especifica, nas informações nutricionais, . A equação que modela o número de calorias fornecido por este achocolatado é dada por 40 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites na qual o valor de é a quantidade de gramas do achocolatado e é o número de calorias em quilocalorias. A representação gráfica da função de 1º grau ( ) é uma reta com ângulo de inclinação , que intercepta o eixo vertical em e intercepta o eixo horizontal (raiz) em ⁄ (Figura 24). Função de 1º grau Definição Gráfico Propriedades ( ) ou ( ) Figura 24: Função de 1º grau. ( ) ( ) ( ) ⁄ Simetria A função polinomial de 1º grau possui simetria em relação a qualquer de seus pontos, ou seja, para qualquer ponto ( ) pertencente à função. ( ) ( ) Coeficiente linear Para na equação obtemos . O coeficiente linear é o valor em da reta quando esta intercepta o eixo e é denominado de coeficiente linear da reta. O ponto ( ) pertence a reta . Se o valor do coeficiente linear aumenta então o gráfico da função de 1º grau se desloca para cima. Se o valor do coeficiente linear diminui então o gráfico da função de 1º grau se desloca para baixo. 41 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Coeficiente angular A inclinação da reta é o ângulo que a reta faz com relação ao eixo horizontal, como ilustra a Figura 25. A medida do ângulo de inclinação pode ser obtida indiretamente através de sua tangente. ( ) ( ) Figura 25: Ângulo de inclinação. O ângulo de inclinação, o declive e o coeficiente angular ( ) explicitam a taxa variação, a taxa de crescimento (ou decrescimento) da reta. ( ) O coeficiente angular é a razão entre a variação da função no intervalo ( ) ( ) e a respectiva variação no intervalo . O coeficiente angular é a medida da variação da função, a declividade ou grau de inclinação da reta, é igual à tangente de sua inclinação, A Figura 26 ilustra o comportamento da função de acordo com o coeficiente angular. A reta é crescente se cada valor subsequente4 é maior que o antecedente e, A reta é decrescente se cada valor subsequente é menor que o antecedente e, Figura 26: retas crescente, constante e decrescente. A reta é constante se os valores antecedentes e subsequentes de uma reta são iguais, e . 4 Por convenção, a leitura, e a descrição, de uma curva no plano se realiza da esquerda para a direita. 42 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites A Figura 27 mostra uma função do 1º grau crescente. A Figura 28 mostra uma função do 1º grau decrescente e a Figura 29 mostra uma função de grau zero, uma constante. Figura 27: Reta crescente. Figura 28: Reta decrescente. Figura 29: Reta constante5. O valor do coeficiente angular determina o valor da taxa de crescimento ou decrescimento da função. Quanto maior o valor absoluto do coeficiente angular maior será a taxa de crescimento ou decrescimento. Figura 30: Coeficiente angular da reta. A tabela mostra alguns valores da função do 1º grau com e , ( ) ( ) Tomando os pontos ( ( ) ) e ( ( ) ) temos, ( ) ( ) O valor do coeficiente angular da reta é uma constante, ou seja, não depende de qual par de pontos são considerados (verifique). A taxa de variação (ou coeficiente angular) da função ( ) é igual a dois. O ângulo de inclinação da reta, em radianos, é . 5 Não é, efetivamente, uma função de 1º grau, é uma função constante, de grau zero. 43 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Reta que passa por dois pontos no plano I. Sobre um dado ponto isolado no plano ( ( )) passam uma infinidade de funções do primeiro grau ( ) , tal que ( ) Ou seja, existem infinitas combinações de e que satisfazem um dado ponto no plano, ou ainda, por um ponto no plano passam uma infinidade de retas. Figura 31: Reta entre dois pontos. II. Só existe, entretanto, um único conjunto de e que satisfazem simultaneamente dois pontos ( ( )) e ( ( )). Ou seja, entre dois pontos no plano passa uma e somente uma reta, conforme ilustra a Figura 31. A reta que passa pelos pontos ( ) e ( ) tem que satisfazer simultaneamente as equações das retas que passam pelos dois pontos. ( ) ( ) ( ) Resulta no sistema de equações, { ( ) ( ) Resolvendo o sistema de equações, obtemos, ( ) ( ) ( ) ( ) O coeficiente angular. ( ) ( ) O coeficiente linear. É possível ainda determinar ( ) ( ) O ângulo de inclinação. 44 Antônio Marcos Araújo AMARTEMÁTICA Funções & Limites Exercícios resolvidos 1. Obter a equação da reta que passa pelos pontos ( ) e ( ). Dos dados ( ) ( ) Solução Gráfico ( ) ( ) ( ) ( ) Retrospecto ( ) 〈 〉 ( ) ( ) 〈 〉 ( ) O coeficiente linear da reta é igual à zero, e, o coeficiente angular é igual a dois, . O gráfico da reta cruza o eixo vertical
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