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FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS SOBRAL PINTO – FAIESP TÍTULOS DE CRÉDITO CHEQUE Sétimo Semestre de Direito Matutino Docente: Sandra Mara Franco Sette DOUGLAS HENRIQUE CARVALHO WANJURA; GEOVANNE ABNER DE AGUIAR COUTINHO; GIOVANNA PEREIRA RODRIGUES; ISANA SANTOS TEIXEIRA; MÁRCIA VIEIRA RODRIGUES; MARIANA CORRÊA DA SILVA MOURA; PATRÍCIA LÚCIO CAMARGO. Rondonópolis/MT 2019/1 INTRODUÇÃO Tem-se que desde a Idade Média, as mais variadas formas de pagamento surgiram e se aperfeiçoaram com o tempo, conforme a modernização e necessidades existentes. No presente trabalho acadêmico, será abordado o tema cheque relacionado a modalidade de Títulos de Crédito. Ao longo do tempo uma nova modalidade de Título de Crédito surgiu, a qual previa e ainda prevê atualmente a circulação fácil e segura do crédito com natureza jurídica de pagamento à vista. Aperfeiçoado e regulamentado pela Lei nº 7.357/85, o cheque, dispõe de elementos, característica e formas próprias ensejando ainda mais a segurança e circulação do mesmo. CARACTERÍSTICAS DO CHEQUE Compreende-se por cheque um documento formal regulamentado por sua Lei nº 7.357/85. Possui natureza jurídica de ordem de pagamento à vista, a qual é dada a um banco ou instituição financeira que se assemelhe e que observa a Resolução nº 885/83, do Banco Central, por alguém que possua fundos disponíveis naquele, em benefício próprio ou de terceiros. A devida relação se apresenta com as seguintes figuras: Sacador ou emitente - a pessoa que emite o cheque, aquele que dá a ordem; Sacado - a quem a ordem é dada, ou seja, o banco ou instituição financeira; Tomador, beneficiário ou portador - a pessoa em favor de quem é dada a ordem. Para tanto, resume-se que o sacador possua fundos disponíveis em poder do sacado para realizar a ordem de pagamento, como prevê os artigos 3º e 4º da Lei 7.357/85: “Art. 3º O cheque é emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja equiparada, sob pena de não valer como cheque. ” “Art. 4º O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como cheque. ” No mais, destaca-se que o sacado, nesse caso, não tem obrigação cambial alguma e assim não garante o pagamento em razão da insuficiência de fundos na conta corrente do emitente, pagando o título somente se o sacador possuir fundos junto a ele. Se difere de alguns outros títulos de crédito, porém importante afirmar que apresenta os elementos essenciais para ser denominado como tal, dispondo de autonomia, literalidade e cartularidade, cuja aplicabilidade ao cheque é indiscutível. Autonomia: garante ao portador do título um direito autônomo em relação aos credores anteriores, não se obrigando ou vinculando com as relações que ensejaram o título anteriormente. Literalidade: condiz que o direito a ser exercido é aquele que no título está inserido de forma literal. Cartularidade: ou também denominado incorporação está ligado à ideia de que a posse e apresentação do documento é essencial para o exercício do direito ao crédito. No mais, difere ainda da denominada letra de câmbio, pois não admite o aceite, considerando-se não escrito qualquer declaração neste sentido, pois parte-se do ponto de que o sacado não é devedor para ter que aceitar. Assim como dispõe o artigo 6º da Lei nº 7.357/85: “Art. 6º O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer declaração com esse sentido. ” REQUISITOS DO CHEQUE A Lei do cheque nº 7.357/85, em seu artigo 1º, apresenta os requisitos que contêm o mesmo: “Art . 1º O cheque contêm: I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido; II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); IV - a indicação do lugar de pagamento; V - a indicação da data e do lugar de emissão; VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente. ” Considerando os seis requisitos apresentados, apenas quatro são essenciais, ou seja, sua ausência não poderá ser suprida, sendo eles os incisos I, II, III e VI. No que diz respeito aos incisos IV e V, estes apresentam-se como não essenciais, haja vista que a indicação do lugar do pagamento não viola o modelo padrão, segundo as diretrizes do Banco Central. Desta maneira tem-se que: Na ausência do lugar do pagamento - este será o lugar designado junto ao nome do sacado; Sendo vários os lugares para o pagamento: o cheque é pagável no primeiro deles; Não existindo nenhuma indicação quanto ao lugar: será pago no lugar em que foi emitido. No mais, quanto a ausência do lugar da emissão, a lei também supre essa inexistência, considerando emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente. Assim, como dispõe o artigo 2º, incisos I e II da Lei 7.357/85: “Art. 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não vale como cheque, salvo nos casos determinados a seguir: I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão; II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente. ” MODALIDADES DE CHEQUE Cheque ao Portador O cheque ao portador é um cheque no qual não contém especificado o beneficiário, podendo ser pago a quem o apresentar, conforme art. 8º, inciso III, parágrafo único da Lei nº 7.357 de 2 de setembro de 1985: “Art. 8º Pode-se estipular no cheque que seu pagamento seja feito: (...) III - ao portador. Parágrafo único - Vale como cheque ao portador o que não contém indicação do beneficiário e o emitido em favor de pessoa nomeada com a cláusula ‘’ou ao portador’’, ou expressão equivalente. ” Neste tipo de cheque insere-se o valor a pagar e a data, mas não se insere o nome do destinatário. Assim, o cheque pode ser depositado ou levantando por qualquer pessoa que o apresente no banco. Este cheque dá a liberdade de ser depositado na conta que se desejar sendo útil para pagamentos onde não há uma pessoa específica a quem se deve fazer o pagamento, ou quando não se sabe esse nome. É um cheque que pode ser utilizado entre família ou amigos, por exemplo. Contudo, este tipo de cheque levanta algumas questões de segurança, já que pode ser utilizado fraudulentamente por terceiros. Além disso, de acordo com o Banco Central do Brasil, o cheque só pode ser emitido ao portador, ou seja, sem a indicação do beneficiário, até o valor de R$ 100,00 (cem reais). Cheque Visado Nessa modalidade de cheque, o banco denominado SACADO, lança e também assina na parte de trás do título no sentido de declarar que existe fundos capaz de cobrir o valor do título na conta do emissor, e que a partir daí fica reservado para essa finalidade. No entanto somente comporta a realização dessa operação o cheque nominativo não endossado. Cita o art. 7º da Lei Nº 7.357, de 2 de setembro de 1985 que: “Art. 7º “Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, no verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título. ” É uma forma de passar segurança a quem se deve a referida dívida, uma vez que esse visto dado pelo banco agrega uma extrema certeza ao credor de que este terá o valor pago, porém somente no prazo para a apresentação do título. Cuida o parágrafo primeiro destalei que: “§ 1º A aposição de visto, certificação ou outra declaração equivalente obriga o sacado a debitar à conta do emitente a quantia indicada no cheque e a reservá-la em benefício do portador legitimado, durante o prazo de apresentação, sem que fiquem exonerados o emitente, endossantes e demais coobrigados. ” Depois do prazo estabelecido para apresentação se o referido cheque visado não foi apresentado, os valores retidos na conta do emitente se reestabelecem novamente como se escreve o artigo abaixo da referida lei supracitada. “§ 2º O sacado creditará à conta do emitente a quantia reservada, uma vez vencido o prazo de apresentação; e, antes disso, se o cheque lhe for entregue para inutilização. ” Ademais, é de grande valia se atentar quanto a vasta utilidade que tem esse visto, levando em conta que tal visamento do cheque não exclui a responsabilidade que tem os obrigados por tal cheque, ficando o visto apenas como um serviço que trará mais segurança ao credor. Sendo assim, impossibilita a execução em face do banco no que tange o assunto cheque. Contudo se por ventura não for feita a reserva do valor agregado ao cheque, este responderá por perdas e danos, porém jamais terá a possibilidade de ser executado com responsabilidades advindas do cheque, haja vista que o banco possui responsabilidades civil e também funcional, no entanto não é agregado ao banco responsabilidade cartular. Esta modalidade de cheque deve ser emitida de forma nominal, e sua circulação não se fará por endosso. Cheque Cruzado O cheque cruzado é uma das modalidades de cheque vigente atualmente, respaldado pela Lei n º 7.357/85 Lei do Cheque, o qual remete especificamente seus artigos 44 e 45, a esta modalidade de cheque. Tal cheque se caracteriza pela oposição de duas linhas paralelas no anverso do título, o que indica que só poderão ser pagos através de depósito em conta corrente ou poupança. Dentro da espécie de cheque cruzado, há duas categorias distintas. O primeiro é o “cruzamento em branco” ou também denominado cruzamento gera, este caracterizado por possuir somente os dois traços paralelos, sem descrição do banco. Já o segundo é o “cruzamento em preto” ou cruzamento especial, que se distingue por constar a indicação do banco de signatário entre as linhas paralelas. Essas categorias possuem base legal no artigo 44, vejamos: “Art. 44 O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição de dois traços paralelos no anverso do título. § 1º O cruzamento é geral se entre os dois traços não houver nenhuma indicação ou existir apenas a indicação ‘’banco’’, ou outra equivalente. O cruzamento é especial se entre os dois traços existir a indicação do nome do banco. § 2º O cruzamento geral pode ser convertida em especial, mas este não pode converter-se naquele. § 3º A inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é reputada como não existente. ” O banco é obrigado por lei, a acatar a vontade do emitente ou portador, que ao cruzar o cheque está definindo que o pagamento deverá ser realizado somente através de crédito em conta. A lei prevê a responsabilidade do banco por não cumprimento destas disposições. Se o objetivo seja impedir a circulação do cheque por endosso, deverão se valer de outros meios, pois, o cruzamento do cheque não possui esta finalidade. “Art. 45 O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a banco ou a cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cheque com cruzamento especial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o sacado, a cliente seu, mediante crédito em conta. Pode, entretanto, o banco designado incumbir outro da cobrança. § 1º O banco só pode adquirir cheque cruzado de cliente seu ou de outro banco. Só pode cobrá-lo por conta de tais pessoas. § 2º O cheque com vários cruzamentos especiais só pode ser pago pelo sacado no caso de dois cruzamentos, um dos quais para cobrança por câmara de compensação. § 3º Responde pelo dano, até a concorrência do montante do cheque, o sacado ou o banco portador que não observar as disposições precedentes. ” Esta modalidade de cheque, diminui o risco de roube de dinheiro. Como ninguém consegue sacar o valor no caixa, o emitente ou portador, conseguirá assustar o cheque e cancelar a transação, caso este seja roubado. Para que o cheque seja mais seguro, este poderá ser “nominal e cruzado”. Nesse caso, além de cruzar o cheque o emitente indicará o nome de quem irá receber o valor. Isso indica que, além de obrigar que cheque seja depositado, ainda deverá ser na conta de quem está indicado no cheque. Cheque Administrativo O cheque administrativo é um tipo de cheque muito peculiar, nele o emitente e o sacado são a mesma pessoa. É emitido pelo banco sacado contra uma de suas agências, em favor de terceiro. Sua previsão encontra-se no artigo 9°, inciso III, da Lei do cheque. Também é denominado de cheque bancário e de cheque de tesouraria, devendo ser obrigatoriamente nominativo. O pressuposto do cheque administrativo, também chamado bancário, é a na inatividade. Se a lei admitisse sua emissão “ao portador”, poderia o título de uma instituição financeira conceituada acabar substituindo o papel-moeda. Serve essa modalidade de cheque ao aumento da segurança no ato de recebimento de valores. O vendedor de imóvel, ao outorgar a escritura ao comprador, em negócio à vista, normalmente exige o pagamento em cheque administrativo de banco de primeira linha, porque a probabilidade de esse título não ter fundos é remotíssima. Ele surge da possibilidade dada pela Lei Uniforme de Genebra que, no Anexo II, Reservas 8ª e 9ª, dispôs que: “qualquer das Altas Partes Contratantes reserva-se a faculdade de decidir se, fora dos casos previstos no art. 6° da Lei Uniforme, um cheque pode ser sacado sobre o próprio sacador” e “Por derrogação do art. 6° da Lei Uniforme qualquer das Altas Partes Contratantes, quer admita de uma maneira geral o cheque sacado sobre o próprio sacador (art. 8° do presente anexo), quer o admita somente no caso de múltiplos estabelecimentos (art. 6° da Lei Uniforme), reserva-se o direito de proibir a emissão ao portador de cheques deste gênero”. O governo brasileiro manifestou a adoção de ambas as reservas, incluindo na lei ordinária, como se viu no art. 9°, III, o cheque emitido contra o próprio banco sacador e, fiel à Convenção, prescreveu-o quando ao portador. Com tudo, o cheque administrativo foi previsto pela Lei Uniforme de Genebra e teve sua existência r conhecida pelo Brasil. Dessa forma o cheque administrativo pode ser emitido a favor de qualquer pessoa, seja ou não cliente do banco. A obrigação de nomear o beneficiário impede ser usado como substantivos da moeda, o que poderia servir a fraudes fiscais. Podendo ser emitidos à ordem, sendo endossado pelo beneficiário a favor de outrem. Ainda existem em nosso ordenamento jurídico outros tipos de cheques, tais como o cheque especial e o cheque de viagem. O cheque especial é também denominado de cheque garantido e decorre de um contrato firmado entre o banco e o cliente que permite a movimentação da conta para cobrir o pagamento de cheque sem que haja fundos disponíveis, implicando a abertura de crédito ao correntista. Já o cheque de viagem, como o próprio nome já diz, é usado por viajantes para aumentar a segurança no transporte de valores. São vendidos pelos bancos em valores fixos e o portador apõe duas vezes sua assinatura, quando adquire o cheque deve assinar (parte superior do cheque) na presença do banqueiro ou de empregado seu e no momento da emissão. Cheque De Viagem O cheque de viagem, ou também conhecido como Traveller check é um meio de pagamento avista emitido por uma instituição bancária internacional que pode substituir o uso do dinheiro nas viagens, onde é uma forma segura de cheque, pois em sua perda ou roubo o dono será reembolsado. Sendo que os cheques de viagem são emitidos com os valores estabelecidos, são emitidos em dólar americano, canadense e euro. A autora Raiane Ingrid Pereira Costaem seu livro Títulos de Credito, explica como funciona: “Para originar este título, há o depósito em uma instituição nacional dos valores, em moeda nacional, equivalentes aos valores pretendidos em moeda estrangeira, acrescidos de uma taxa de remuneração pelos serviços prestados. Deve haver duas assinaturas no corpo do cheque, uma quando o recebe no banco, outra para o desconto no exterior. ” O cheque de viagem adquire uma quantidade de moeda estrangeira em forma de cheques. Os cheques são de valores já pré-estabelecidos. Quando chegar ao exterior, para usá-los, os cheques serão trocados em casas de câmbio ou pago diretamente em estabelecimentos como hotéis e lojas. Os cheques estão disponíveis em dólar americano. DO AVAL O aval, ato pelo qual alguém assume a obrigação de pagamento também é admitido no cheque. Sendo o aval em branco, presume-se que o avalizado é o próprio emitente do cheque. No tocante as demais características deste instituto, suas regras se assemelham as da letra de câmbio e nota promissória. DA CIRCULAÇÃO No tocante a circulação, o cheque é transmissível por meio de endosso, sendo implícita a cláusula à ordem. Em razão de ser expressa em seu formulário, para impedir seu endosso não basta riscar a expressão “a ordem”, é necessário que conste expressamente no título a cláusula não à ordem, a qual permite a circulação apenas por meio de uma cessão de crédito. Assim, não havendo impedimento expresso algum, o beneficiário do cheque poderá declarar sua vontade de transferir o seu crédito a terceiro através de endosso, sendo que, salvo cláusula em contrário, passa a garantir o pagamento deste. Vale lembrar que, quem transfere o título responde pela existência do título e pelo seu pagamento. Ademais, importante lembrar que o endosso póstumo, no cheque, é aquele feito após o protesto, ou declaração equivalente (apresentação no banco sacado) ou à expiração do prazo de apresentação. DA APRESENTAÇÃO Quanto a apresentação para o pagamento, conta-se do dia da emissão, no prazo de 30 dias, quando emitido no mesmo local onde deve ser pago, e em 60 dias, a contar do dia da emissão quando em praça diversa, ou seja, for emitido em uma cidade para pagamento em outra. Sendo apresentado fora dos prazos, implica-se a perda do direito de regresso contra os coobrigados e seus avalistas. Tratando-se do emitente, haverá perda do direito se havia fundos até aquela data e depois não mais por circunstâncias alheias à sua vontade Para ser comprovada a apresentação, está se dá pela declaração do sacado escrita sobre o cheque, pela declaração da câmera de compensação (chancela do banco) e pelo protesto. É necessária apenas uma apresentação do cheque para que se torne exigível. Considerando que nem sempre é pago pelo sacado na primeira apresentação, como no caso de insuficiência de fundos, faculta-se uma segunda apresentação do cheque após dois dias úteis da primeira apresentação. Se porventura persistir a insuficiência de fundos, o banco deverá inscrever seu nome no cadastro de emitentes de cheques sem fundo (CCF), sendo vedado o fornecimento de talonários ao devedor. O sacado é obrigado a pagar o cheque regular caso a execução ainda não esteja prescrita, independentemente do decurso ou não do prazo de apresentação. Contudo, perdido o prazo, a ação de execução só poderá ser ajuizada contra o emitente e seus eventuais avalistas. O sacado poderá efetuar o pagamento parcial do cheque caso o emitente não tenha fundos suficientes para pagar integralmente o título, realizando menção expressa no documento de um pagamento parcial, sendo que o beneficiário não poderá recusar este pagamento. Todavia na prática os bancos preferem devolver o cheque ainda que fosse possível o pagamento parcial. Quanto aos cheques falsos, o banco tem responsabilidade sobre estes, uma vez que se trata de risco inerente à sua atividade. Resguarda-se, contudo, ao sacado o direito de reaver o que pagou nos casos de dolo ou culpa do correntista (emitente), do endossante ou do beneficiário. DA DEVOLUÇÃO No tocante a causas de devolução do cheque, o banco deverá consignar o motivo da devolução e sua respectiva numeração correspondente. Importante lembrar que a morte do emitente, posterior à emissão do cheque, não é motivo para o não pagamento do título. Entre os motivos de devolução, requer atenção a revogação (contraordem) e à sustação (oposição), declarações de vontade justificadas, pelo emitente para impedir o pagamento do cheque. Para tanto é necessário, pelo emitente, a comunicação ao banco, indicando o motivo do seu ato, não cabendo ao banco discutir os motivos apresentados. Quanto a furto, roubo e extravio, exige-se a apresentação de boletim de ocorrência policial. A ausência de pagamento do cheque deve ser procedida de carimbo com a indicação do motivo de devolução. PROTESTO Tem o mesmo tratamento que nos demais títulos, meio solene de prova, realizado perante o competente cartório, para fins de incorporação ao título a prova do não pagamento do vencimento. O protesto gera interrupção da prescrição, bem como a configuração da impontualidade injustificada do devedor empresário. O prazo de 30 ou 60 dias, contados da emissão do título, deve ser respeitado para realização do protesto, não se tratando de prazo fatal, mas apenas para a possibilidade de cobrança dos devedores indiretos. Caso realizado fora do prazo não produzirá efeitos para cobrança dos devedores indiretos. Assim, o protesto pode ser realizado a qualquer tempo, uma vez que a obrigação ainda existirá, podendo ser exigida por meio da ação de locupletamento ou ação causal. Vale lembrar que por seu caráter executivo extrajudicial, o cheque é hábil a embasar a execução que pode ser movida contra o emitente e seus avalistas e/ou endossantes e avalistas. AÇÃO CAMBIAL Neste caso o prazo de prescrição é de 06 meses, a contar do fim do prazo de apresentação, de 30 dias, quando emitido na mesma praça, e 60 dias, quando em uma diferente. DIREITO DE REGRESSO Também terá prazo de prescrição de 6 meses, contados do dia em que houve o pagamento do cheque ou do dia em que foi demandado judicialmente. CONCLUSÃO Por meio desta atividade foi possível compreender o funcionamento do cheque, título de crédito criado pela Lei nº 9.069/95, o qual disponibiliza aos seus usuários uma circulação fácil e segura, como os demais títulos de créditos. Seu sistema consiste na autorização por ordem de pagamento à vista a um banco, este intitulado sacado, para que seja realizado por este o pagamento de uma determinada quantia a um beneficiário ou tomador. Ademais foi elucidado que o cheque deve ser confeccionado por um banco ou uma instituição financeira semelhante, observadas as formas e os dizeres regulamentados na Resolução nº 885/83, do Banco Central. Especificamente foram verificadas as partes componentes deste título, o prazo para apresentação do cheque ao banco, bem como as formas de cobranças a serem realizadas. Além disso, foram elucidadas todas as modalidades de cheques, desde o cheque ao portador ao de viagem. Por fim, por meio das informações obtidas verificamos a presença de pressupostos no cheque, quais sejam, a essencial participação de uma instituição financeira ao contrário da letra de câmbio que há uma liberdade de escolha do sacado, a exigência de conta corrente entre o emitente e o sacado, e pôr fim a existência de fundos disponíveis no momento da apresentação do cheque. Destarte, trata-se de modalidade de título de crédito que merece destaque em razão de sua utilização por empresários em suas relações de consumo, uma vez que, mesmo diante das inovações negociais no que tange ao direito comercial e empresarial, o cheque ainda faz notória presença neste ambiente. REFERÊNCIAS: Costa, Raiane Ingrid Pereira. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. Títulos de crédito. I. Título, 2017. p. 99). (Lei Nº 7.357, de 2 de setembro de 1985, art. 7º, § 1º e § 2ª). https://www.konkero.com.br/banco/conta-corrente/por-que-cruzar-o-chequehttp://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/lei-do-cheque-n%C2%BA-7357-de-02-de-setembro-de-1985 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7357.htm https://www.economias.pt/cheque-portador/ https://www.meubolsoemdia.com.br/Materias/Como-preencher-cheques MARTINS, Fran – Títulos de Crédito. 16ª adição. 2013 FRAN, Martins, Títulos de Créditos 16 ed. Atualizado por JOAQUIM PENALVA SANTOS e PAULO PENALVA SANTOS. Rio de Janeiro: FORENSE 2013, P 281 a 282. Vade mecum p 55: ed, Daniel Ssheer. Revisão: Claudia Danosk, Luciana Eloy e Ricardo Glimm 2018. BRASIL. Lei n° 6.268, de 24 de novembro de 1975. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6268.htm>. Acesso em: 24 jul. 2012. MAMEDE, Glauston, Direito empresarial brasileiro, títulos de credito 8 ed. SÃO PAULO: ATLAS S.A 2014, P 194, 206.