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Tuberculose 1. Estudar a etiologia da tuberculose pulmonar (estrutura do agente); 2. Entender a fisiopatologia da TB P; 3. Compreender as manifestações clínicas da TB P; 4. Identificar o diagnóstico e o tratamento da TB P (mecanismo de ação das drogas); 5. Explicar a incidência epidemiológica da TB P. INTRODUÇÃO: · Doença infectocontagiosa causada por qualquer uma das sete espécies do “complexo Mycobacterium tuberculosis”; · M. Tuberculosis: · Preferência pelo parênquima pulmonar; · Transmissão de pessoa a pessoa através da inalação de partículas de aerossol contaminadas, as quais são produzidas pela tosse, espirro ou fala do paciente “bacilífero” · M. Bovis: · Meio rural; · Ingestao de leite e derivados não pasteurizados produzidos a partir do gado bovino contaminado; · Maior frequência de apresentações extrapulmonares. · Histórico: · Relatos desde 700 a.C (Hipócrates); · Revolução industrial no século XVIII epidemiologia peste branca; · Antes dos antibióticos Sanatórios (repouso ao ar livre); · Atualmente: reemergencia da doença em nível mundial (relacionado ao HIV); · Preenche os critérios de priorização de um agravo em saúde pública: MAGNITUDE, TRANSCEDÊNCIA E VULNERABILIDADE (isto é, alta incidência/prevalência, relevância para a sociedade e potencial de cura). EPIDEMIOLOGIA: · Brasil na 20° posição no ranking internacional do número absoluto de casos; · Cerca de 10% dos novos casos coinfecção pelo HIV; · Afeta a sociedade brasileira de forma heterogênea; · Concentra-se nos grandes aglomerados urbanos, particularmente em seus bolsões de pobreza; · Grupo mais afetado negros (57,5% dos novos casos); · Presidiários: subconjunto de altíssimo risco; · A nível mundial: Ásia, África, Europa e Américas; AGENTE ETIOLÓGICO: · Famíla das micobactérias; · Pequenos bacilos curvos; · Chamadas de Bacilo Álcool-Ácido Resistente (BAAR); · Parede celular com lipídios de alto peso molecular, como o ácido micólico, que protegem o bacido da agressão pelo álcool e pelo ácido. · O M. Tuberculosis é um agente eminentemente patogênico, que vive do parasitismo de seu único reservatório – o ser humano; · Estritamente aeróbio ápices pulmonares; · De todos os infectados, somente cerca de 5-10% adoecem. TRANSMISSÃO E INFECTIVIDADE: · Fala, espirro e tosse gotículas de Flugge atingem bronquíolos e alvéolos (Núcleos de Wells); · Bacilos depositados no ambiente não desempenham papel importante; · Após o contato com essas partículas, quais são os determinantes da chance de infecção? · Concentração de bacilos expelidos: · A maioria dos pcts INFECTADOS não são bacilíferos; · Multibacilíferos: BAAR positivos no escarro principais responsáveis pela transmissão; · Paucibacilíferos: BAAR negativos no escarro, mas cultura positiva; · Não bacilíferos: formas extrapulmonares; · Criancas: geralmente NÃO são bacilíferas (buscar o adulto que transmitiu) · Intensidade e frequência do contato: · Contatos esporádicos raramente são infectados; · Contato domiliar: chance de 30 – 50%; · Condições ambientais: · Ar livre: moléculas rapidamente diluídas e inativadas pela luz UV; · Risco muito maior em ambientes confinados e pouco iluminados. · Resistencia natural do indivíduo exposto. FISIOPATOLOGIA INSTALAÇÃO DA PRIMOINFECÇÃO/INFECÇÃO PRIMÁRIA: · Eventos decorrentes do 1º contato com o agente; · No Brasil, a primo-infecção é mais comum na infância e adolescência; · Chega ao alvéolo Fagocitado por macrófagos locais, que são incapazes de destruí-lo Proliferação dentro dos alvéolos Rompimento da célula Atração de novos macrófagos Desenvolvimento de um pequeno foco pneumônico; · Nesse momento, a imunidade específica ainda não se instalou rápida proliferação bacilar; · Bacilos drenados para linfonodos e corrente sanguínea continuam a se proliferar. SURGIMENTO DA IMUNIDADE: · Após 2-10 semanas, desenvolvimento da imunidade celular específica; · Os LTCD4+ se proliferam (memória imunológica) e ativam os macrófagos (IL-2); · Macrófagos aumentam o citoplasma e sua capacidade bactericida Células epitelioides; · Os macrófagos se acumulam em volta do foco de infecção primária e nos focos linfonodais e hematogênicos; · 95% dos casos controle da infecção e o paciente segue assintomático. · A reunião de macrófagos circundados por um infiltrado de linfócitos compõe o GRANULOMA: · Hipersensibilidade do tipo IV; · Pode ter no seu interior as Células Gigantes de Langerhans; · No centro do granuloma surge uma área de necrose do tipo caseosa Granuloma caseoso (devido aos lipídios degradados da parede micbacteriana) FISIOPATOLOGIA · Além do foco primário, existem múltiplos focos em vários órgãos; · Uma parte dos bacilos permanece latente no interior dos granulomas pode ser reativado tuberculose pós-primária; · O foco granulomatoso pulmonar onde tudo começou é chamado de “foco primário” ou nódulo de Ghon: · Único no terço médio; · Pequeno (1-2mm) e não chega a ser visualizado no RX; · Eventualmente atinge dimensões > 8 mm e aparece no raio X como um nódulo pulmonar solitário; · É comum que ele se calcifique; · Nódulo de Ghon + Adenopatia satélite = Complexo de Ranke. MECANISMO DE DOENÇA: · O desenvolvimento da “tuberculose-doença” depende da “guerra” entre bacilo e hospedeiro; NÃO PRODUZ TOXINAS · A lesão tecidual é decorrente da resposta imunológica do hospedeiro, e não de um efeito direto do bacilo, que é desprovido de toxinas de alto poder lesivo; · Quando a carga bacilar é muito grande resposta imunológica exacerbada: · Alguns conseguem focos regressivos; · Em outros, as células do granuloma continuam tentanto progressão da lesão inflamatória focos progressivos. · Liquefação da necrose caseosa: · Liberação excessiva de enzimas pelos macrófagos que circundam o foco caseoso; · Produtos da degradação local aumentam a osmolaridade, puxando água transformando o material num excelente meio de cultura (rico em nutrientes); · Dessa forma, pela primeira vez o bacilo poderá se multiplicar no ambiente extracelular; · Se a lesão atinge um brônquio e permite a comunicação com o espaço aéreo rico em O2 Caverna tuberculosa (ambiente propício ao acúmulo de quantidades absurdas dos bacilos). PATOLOGIA: · Lesão proliferativa: FISIOPATOLOGIA · Granulomas caseosos bem formados “tubérculos”; · Desenvolvem cápsula fibrosa; · Infecção contida nos focos; · Lesão exsudativa: · Pneumonia tuberculosa; · Alveolos preenchidos por macrófagos e neutrófilos; · Costuma ocorrer nos focos de disseminação broncogenica; SÍNDROMES DA TUBERCULOSE: · A doença se desenvolve em apenas 10% dos infectados; · Tuberculose primária: quando a primo-infecção evolui diretamente para a doença (dentro dos primeiros 3 anos – período de incubação); · Classica em crianças; · Tuberculose pós-primária: após 3 anos ou décadas depois, decorrente da reativação ou de uma reinfecção; · Pessoas > 15 anos. TUBERCULOSE PRIMÁRIA TÍPICA: · Crianças entre 2-12 anos; · Resposta imunolpogica dos linfonodos hilais e mediastinais exacerbada; · Complexo primário pequeno, mas grande adenomegalia; · O aumento do linfonodo pode comprimir o brônquio atelectasia; · A ruptura do foco caseoso para o brônquio resulta em pneumonia tuberculosa. TUBERCULOSE PRIMÁRIA PROGRESSIVA: · Grande inóculo ou baixa imunidade; · Foco primário evolui para uma grande área inflamatória, evoluindo para pneumonia tuberculosa; · Mais comum no terço médio do pulmão; FISIOPATOLOGIA TUBERCULOSE MILIAR: · Forma mais comum emque sutil - da imunidade); · A reativação geralmente ocorre nos lobos superiores e na partr superior do lobo inferior: · Maior tensão de O2; · Menor drenagem linfática. · Como já tem memória, a reação granulomatosa acontece rapidamente; · Possíveis consequências: · Surgimento da “caverna tuberculosa” – um local rico em O2 onde o bacilo se multiplica de orma absurda; · Disseminação broncogênica; · Transmissao da infecção APRESENTAÇÃO CLINICORRADIOLÓGICA TUBERCULOSE PULMONAR PRIMÁRIA: · Quando infectado há menos de 3 anos; · Quase sempre autolimitada; · Mais comum em crianças; · Forte predisposição à adenopatia hilar e mediastinal; · Sintomas aparecem entre 2-10 semanas após infecção; · O quadro clínico da tuberculose pulmonar primária pode ser comparado ao de uma pneumonia atípica... · Febre baixa (38-39ºC) e tosse seca!; · Dura em média 14-21 dias, podendo chegar até 2-3 meses; · Estado geral preservado; · O quadro clínico é inespecífico, mas os achados radiológicos são muito sugestivos: · Adenopatia hilar e/ou mediastinal ipsilateral ao foco primário (a tuberculose primária é a causa mais comum de adenopatia hilar/mediastinal unilateral em crianças!); · Achados tendem a desaparecer com o tempo; · O foco primário regride, mas pode deixar o tuberculoma nódulo calcificado, visto pelo resto da vida; · Complicações da TB PRIMÁRIA: · Atelectasia devido a compressão de um brônquio pelo linfonodo; · Pneumonia tuberculosa, devido à ruptura de um linfonodo infectado; · Evolução para a forma linfo-hematogênica (miliar); · Evolução para a forma primária progressiva APRESENTAÇÃO CLINICORRADIOLÓGICA TUBERCULOSE PÓS-PRIMÁRIA: · É a forma crônica; · Tipica entre 15-40 anos; · Responsavel pela transmissão da doença na população; · Focos de Simon reativados ou reinfectados; · A resposta imunológica é imediata, porém “exagerada” e ineficaz; · Quando os bacilos são expelidos com a fala, espirro ou tosse paciente multibacilífero; Sinais e sintomas: · Maioria dos pacientes é oligossintomática; · Tosse crônica, que pode ser seca, mucoide ou com expectoração purulenta, associada ou não a hemoptoicos; · Ao longo de meses perda de peso, febre vespertina e sudorese noturna; · Alta taxa de transmissão; · A evolução do processo pulmonar é para disseminação broncogênica disseminação para qualquer lobo ou segmento pulmonar; · A “imagem em escada”, característica desta forma de tuberculose, é a presença de um infiltrado no lobo superior (onde se encontra a cavidade) e de um infiltrado no lobo inferior contralateral, por disseminação broncogênica; · Não é comum linfadenopatia hilar/mediastinal. APRESENTAÇÃO CLINICORRADIOLÓGICA TUBERCULOSE PÓS-PRIMÁRIA: Complicações: · Não é autolimitada; · Na tentativa de resolver, ativam-se fibroblastos fibrose parenquimatosa, que provoca destruição irreversível da área afetada; · Quando a fibrose é extensa, o paciente evolui com dispneia e posteriormente com cor pulmonale e insuficiência respiratória; · Tuberculose endobrônquica e tuberculose laríngea; · A caverna tuberculosa pode formar uma fístula broncopleural pneumotórax + empiema tuberculoso; Resumo das alterações radiológicas: · Fase inicial: infiltrado pulmonar misto com imagens lineares convergindo para o hilo; · Fase cavitária: infiltrado pulmonar com cavitação · Fase cavitária com disseminação broncogênica: presença de novos infiltrados · Fase avançada: fibrose pulmonar (retração do parênquima) TUBERCULOSE PRIMÁRIA DO ADULTO: · Curso semelhante ao da infância; · NÃO há adenopatia; · Mais propenso à tuberculose pleural primaria do que à tuberculose pulmonar primaria. APRESENTAÇÃO CLINICORRADIOLÓGICA QUANDO SUSPEITAR DE TUBERCULOSE PULMONAR? · As medidas de saúde pública de maior impacto para o controle da TB na população são a detecção precoce dos casos bacilíferos e seu tratamento adequado; · No geral, cerca de 90% dos casos de TB são pulmonares, e 60% destes são bacilíferos; · Recomenda-se que serviços de saúde em todos os níveis (primário, secundário e terciário), públicos ou privados, sejam estruturados para a realização permanente de busca ativa de Sintomáticos Respiratórios (SR): · Os médicos SEMPRE devem investigar a tosse e solicitar exame do escarro nos inivíudos SR. APRESENTAÇÃO CLINICORRADIOLÓGICA QUANDO SUSPEITAR DE TUBERCULOSE PULMONAR? · As medidas de saúde pública de maior impacto para o controle da TB na população são a detecção precoce dos casos bacilíferos e seu tratamento adequado; · No geral, cerca de 90% dos casos de TB são pulmonares, e 60% destes são bacilíferos; · Recomenda-se que serviços de saúde em todos os níveis (primário, secundário e terciário), públicos ou privados, sejam estruturados para a realização permanente de busca ativa de Sintomáticos Respiratórios (SR): · Os médicos SEMPRE devem investigar a tosse e solicitar exame do escarro nos inivíudos SR. EXEMPLOS DE BUSCA ATIVA: · Visita domiciliar; · Quando internado por qualquer motivo, avaliar se o paciente é SR na anamnese de admissão; · Sistema carcerário e unidades de longa permanência (asilos, hospitais psiquiátricos, albergues para população de rua) – avaliar SR na admissão e de maneira periódica; · A cada 100 SR avaliados, apenas 3 ou 4 sejam bacilíferos. PACIENTE ADULTO (TB PÓS-PRIMÁRIA): DIAGNÓSTICO · Mas pode haver também o diagnóstico · Requer a demonstração da presença do BK (bacilos de Koch) no corpo do pct; · Teste rápido molecular Técnica do PCR: · Detecta o gene da bactéria e sinaliza a existência de resistência a rifampicina; · 2 horas; · Sensibilidade de 90% e especificidade de 99%; · Método de escolha no Brasil; · Não serve para acompanhar resposta ao tto; · Baciloscopia: · Pesquisa direta do bacilo de Koch no exame microscópico; · Uma baciloscopia positiva em qualquer amostra indica tuberculose ativa; · Exame de escolha para acompanhar a resposta terapêutica · Cultura: · Baixo custo e a menor chance de contaminação; · Demora para o crescimento micobacteriano (14 a 30 dias, podendo se estender até 60 dias); clinicoepidemiológico: “Tem cara de TB e só pode ser TB,mas não conseguimos (por qualquer motivo) confirmar formalmente o diagnóstico, nem tampouco outro diagnóstico pode ser estabelecido. Como se trata de doença transmissível de grande impacto na saúde pública, o correto, nesta situação peculiar, é iniciar o tratamento e observar a resposta clínica. O diagnóstico só vai ser posto em xeque (e o tratamento interrompido) se não houver qualquer melhora com o uso de tuberculostáticos... Uma resposta clínica adequada será apenas mais um elemento a fortalecer o diagnóstico clinicoepidemiológico”; · Nos indivíduos de maior vulnerabilidade, independente do resultado do TRM, devemos pedir a cultura com sensibilidade: índios, presidiários, HIV, população de rua, profissionais de saúde; · Radiografia de tórax: É auxiliar no diagnótico, mas não existem achados patognomônicos; · Tumografia computadorizada do tórax; · Broncoscopia; · Histopatologia granulomas caseosos; · Dosagem de ADA (Adenosina deaminase – indicada para doenças bastante específicas). PACIENTE PEDIÁTRICO: DIAGNÓSTICO · Os esquemas de tratamento atualmente preconizados para a tuberculose são: · Costuma ser paucibacilar estudo do escarro negativo; · O diagnóstico em criançasda micobactéria. ISONIAZIDA: inibe a síntese do ácido micólico, componente essencial da parede celular das micobactérias. PIRAZINAMIDA: atividade antimicobacteriana da pirazinamida parece ser parcialmente dependente da conversão em ácido pirazinóico por cepas susceptíveis do M. tuberculosis. Este ácido reduz o pH do ambiente abaixo do necessário para crescimento da micobactéria. ETAMBUTOL: O exato mecanismo não está totalmente conhecido, mas parece inibir a síntese de um ou mais metabólitos, com dano ao metabolismo celular, parada da multiplicação e morte celular. image5.jpeg image6.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image9.jpeg image10.jpeg image11.jpeg image12.jpeg image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.jpeg image18.jpeg image1.jpeg image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg