Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

DIREITOS 
HUMANOS E 
LEGISLAÇÃO 
SOCIAL 
André Okano 
EAD
Editora Universitária Adventista
Divisão Sul-Americana (DSA)
Presidente: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação: Antônio Marcos da Silva Alves
Instituto Adventista de Ensino (IAE), mantenedora do Unasp
Presidente: Maurício Lima
Secretário: Charles Rampanelli
Tesoureiro/CFO: Telson Vargas
Reitor: Martin Kuhn 
Vice-reitor administrativo: Claudio Knoener 
Vice-reitor para educação superior e diretor do campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso 
Vice-reitor e diretor do campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri 
Vice-reitor para a educação básica e diretor do campus Hortolândia: José Prudêncio Júnior 
Pró-Reitor Financeiro: Paulo Ricardo Monarin
Pró-reitor de graduação: Edilei Rodrigues de Lames 
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes 
Pró-reitor de gestão integrada: Mauricio Guimarães Lima
Pró-reitor de pós-graduação lato sensu: Luis Henrique dos Santos 
Pró-reitor de desenvolvimento espiritual: João Brito Netto 
Pró-reitor de educação a distância: Jonas Rafael Nikolay
Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn; Me. José Prudêncio Jr.; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Carlos Ferri; 
Esp. Claudio Knoener; Dr. Allan Novaes; Dr. Edilei Lames; Esp. Evandro Fávero; Me. João Brito; Dra. Lizbeth Kanyat; 
Dr. Vanderlei Dorneles; Dr. Silvano Barbosa; Dr. Fabio Alfieri; Dra. Silvia Quadros; Esp. Regiane Cardoso de Oliveira; 
Me. Lucas Alves; Dr. Adolfo Suárez; Esp. Marcelo de Carvalho; Me. Diogo Cavalcanti
Editor-chefe: Allan Macedo de Novaes
Editor-assistente: Gabriel A. Costa
Responsável editorial pelo EAD: Regiane Cardoso de Oliveira
DIREITOS 
HUMANOS E 
LEGISLAÇÃO 
SOCIAL 
1ª Edição, 2025
Editora Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
André Okano 
Mestre em Direito pela Universidade 
Metodista de Piracicaba- UNIMEP 
Okano, André
Direitos humanos e legislação social [livro eletrônico] / André Okano. -- 1. ed. -- Engenheiro 
Coelho, SP : Unasp Virtual, 2025.
PDF
Bibliografia.
ISBN 978-65-5489-218-6
1. Democracia - Brasil 2. Direitos humanos - Brasil 3. Direitos humanos - História 4. Movimento 
operário 5. Movimentos sociais 6. O Estado I. Título.
25-290109 CDD-323.0981
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para catálogo sistemático:
1. Brasil : Direitos Humanos : Ciência política 323.098
Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Direitos Humanos e Legislação Social 
1ª edição – 2025
e-book (pdf)
Designer Instrucional: Anderson de Souza
Analista editorial: Ana Isabel de Castro, João Paulo Alves
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani 
Capa: Jonathas Sant’Ana
Diagramação: Felipe Rocha, Kenny Zukowski
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp
Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900
Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 
www.unaspress.com.br
Editora Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc:
Maria Isabela Almeida Slujalkovsky 
Mestre em Política Social e Territórios pela UFRB
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. 
Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da 
editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
FUNDAMENTOS ÉTICO-POLÍTICOS E 
INSTITUCIONAIS DOS DIREITOS HUMANOS ............................................. 8
Introdução ...................................................................................................................9
Organização da sociedade ............................................................................................9
A evolução dos Direitos Humanos no Brasil .........................................................10
A Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH ........................................12
A teoria geracional e os princípios que fundamentam os direitos humanos ................13
Fundamentação legal e institucional que 
sustentam a proteção e promoção dos direitos humanos ............................................16
Objetivos do Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH ...........................18
Considerações finais ...................................................................................................19
Referências .................................................................................................................19
LUTAS SOCIAIS E CONSTRUÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DOS DIREITOS ......... 21
Introdução ..................................................................................................................22
Movimentos sociais e formas de resistência da sociedade na luta por direitos ............22
As raízes das lutas sociais no período colonial e imperial .....................................23
Primeira República e o surgimento do movimento operário ................................24
Ditadura militar e a resistência civil .....................................................................24
Movimentos sociais contemporâneos: democracia, inclusão e resistência ...........25
Organização da sociedade capitalista ..........................................................................25
Relação entre os direitos individuais e sociais..............................................................27
Considerações finais ...................................................................................................28
Referências .................................................................................................................28
CONCEPÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS 
E SISTEMAS DE PROTEÇÃO ..................................................................... 30
Introdução ..................................................................................................................31
Definição e diferenciação das concepções 
moderna e contemporânea dos direitos humanos ......................................................31
A concepção contemporânea dos Direitos Humanos ............................................32
Organização dos sistemas internacional, regional 
e local de proteção aos direitos humanos ....................................................................35
Organização das Nações Unidas e seu papel 
na garantia dos direitos humanos .......................................................................36
Sistemas global e regional de proteção ...............................................................38
Dispositivos legais na defesa dos direitos humanos .............................................40
Considerações finais ...................................................................................................41
Referências .................................................................................................................41
O ESTADO BRASILEIRO E A CONSTRUÇÃO DE DIREITOS.......................... 42
Introdução ..................................................................................................................43
O cenário dos direitos humanos no Brasil ....................................................................43
Instrumentos e políticas de efetivação dos direitos humanos no Brasil ...............46
Violações a direitos humanos no brasil ........................................................................47
Avanços e retrocessos na garantia da 
efetivação dos direitos humanos no Brasil ..................................................................49
Considerações finais ...................................................................................................50
Referências .................................................................................................................51
EMENTA
Compreensão dos fundamentos ético-políticos, 
legais e institucionais dos direitos humanos. Análise 
das lutas sociais, dos processos de resistência e da 
construção sócio- histórica dos direitos individuais 
e sociaisno contexto da organização da sociedade 
capitalista. Definição das concepções moderna 
e contemporânea dos direitos humanos e da 
organização dos sistemas internacional, regional e 
local de proteção. Análise do processo de organização 
da sociedade e do Estado brasileiro como parte dos 
avanços e retrocessos na construção de direitos. 
UNIDADE 3
CONCEPÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS 
E SISTEMAS DE PROTEÇÃO
31
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
INTRODUÇÃO
Os direitos das pessoas, em suas relações com a sociedade, como você já deve saber, resultam de uma 
construção social, de conteúdo ético, advindo de um processo histórico e dinâmico de conquistas e de con-
solidação de espaços emancipatórios da dignidade humana. Conforme sintetiza Doreto (2021), após alguns 
acontecimentos históricos, foi elaborada e aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela repre-
senta uma tentativa de contribuir com a luta da sociedade contra situações de discriminação, preconceito e 
opressão, valorizando a noção de igualdade entre todos os indivíduos e a dignidade humana. 
A evolução dos Direitos Humanos ao longo dos tempos pode ser melhor entendida de acordo com a 
Teoria Geracional (ou Dimensional). Nela, os direitos são classificados em até quatro ou cinco gerações, con-
forme o entendimento de alguns doutrinadores. 
Neste estudo, construiremos a concepção moderna e contemporânea a partir da DUDH e dos concei-
tos extraídos da já conhecida Teoria. Além disso, conheceremos as instituições internacionais, regionais e 
locais de defesa e promoção dos direitos humanos. Por fim, há diversas organizações no mundo todo que se 
dedicam a defender e proteger os direitos humanos, denunciando toda e qualquer forma de violação, e nós 
estudaremos sobre elas.
Os objetivos desta unidade são:
• Compreender a concepção moderna e contemporânea dos direitos humanos;
• Compreender os Direitos Humanos diante das evoluções históricas da sociedade;
• Conhecer as instituições internacionais, regionais e locais de defesa e promoção dos direitos humanos.
Bom estudo!
DEFINIÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DAS CONCEPÇÕES 
MODERNA E CONTEMPORÂNEA DOS DIREITOS HUMANOS
Como já estudamos, os direitos humanos são fruto de um processo de construção que envolveu e en-
volve os interesses de toda a sociedade, tanto governos quanto sociedade civil. Têm por objetivo assegurar 
a dignidade e evitar o sofrimento humano, por meio de um espaço de luta e ação social, algo que deve ser 
sempre reivindicado. Segundo Bobbio (2004 apud Doreto):
pois bem, o que distingue o momento atual em relação às épocas precedentes e reforça a demanda por 
novos direitos é a forma de poder que prevalece sobre todos os outros. A luta pelos direitos teve como 
primeiro adversário o poder religioso; depois, o poder político; e, por fim, o poder econômico. Hoje, as 
ameaças à vida, à liberdade e à segurança podem vir do poder sempre maior que as conquistas da ciência 
e das aplicações dela derivadas dão a quem está em condição de usá-las. Entramos na era que é chamada 
de pós-moderna e é caracterizada pelo enorme progresso, vertiginoso e irreversível, da transformação 
tecnológica e, consequentemente, também tecnocrática do mundo. Desde o dia em que Bacon disse que 
a ciência é poder, o homem percorreu um longo caminho! O crescimento do saber só fez aumentar a pos-
sibilidade do homem de dominara natureza e os outros homens (p.28).
32
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
Doreto (2021) explica que uma forma de representar a evolução dos direitos humanos ao longo do tempo 
conforme os contextos de cada momento é utilizar-se da classificação dos direitos humanos por meio de “gera-
ções/dimensões”, uma vez que as categorias propostas se baseiam no momento histórico de sua construção.
Relembrando a Teoria geracional/dimensional que você já deve conhecer, conforme explica Doreto 
(2021), a primeira geração traz ideias de liberdade, relacionadas especialmente aos direitos civis e políticos. 
Os direitos conquistados restringiam-se a determinados indivíduos e, assim, não eram aplicados a toda a 
sociedade. A autora acrescenta ainda que, nessa geração, o Estado deveria limitar sua intervenção na ação 
humana, considerando o direito à liberdade de todos, sendo exemplos de direitos assegurados a liberdade 
de expressão, o direito de ir e vir, o direito à privacidade, entre outros. 
Os direitos humanos considerados de segunda geração têm como marco oficial a Primeira Guerra Mun-
dial (1914–1918), crescendo paralelamente à ideologia do estado de bem-estar social. Nessa lógica, Doreto 
(2021) explica que a proposta é que os direitos, até então limitados a uma classe, sejam expandidos para 
todos os indivíduos por meio de políticas públicas que garantam saúde, trabalho, moradia, direito ao voto e a 
participar da vida pública, entre outros. Assim, nessa geração, fica evidente a necessidade de se exigirem do 
Estado condições iguais para todos, com a finalidade de que tenham uma vida mais digna. 
A terceira geração de direitos surge na década de 1960 e tem como foco principal os ideais de solida-
riedade e fraternidade. Nesta geração, conforme explica Doreto (2021), além da proteção aos grupos mais 
vulneráveis (mulheres, pessoas com deficiência, e outros), inclui-se na proposta a proteção ao meio ambiente. 
Na atualidade, há discussões entre os intelectuais sobre a inclusão da quarta e quinta geração de di-
reitos, que envolve informática e bioética, mas eles ainda divergem opiniões e tal geração não está de fato 
estabelecida (Doreto, 2021).
Em paralelo, conforme esclarece Bobbio (2004 apud Doreto, 2021), a elaboração e a promulgação da DUDH 
tiveram por objetivo primordial responder às atrocidades e à barbárie totalitária, trazendo uma concepção con-
temporânea de direitos humanos, que é reconhecida pela universalidade e indivisibilidade desses direitos. A DUDH 
abrange, de forma universal, os direitos humanos, fundamentada no princípio de que ser humano é o único requi-
sito para que os direitos sejam exercidos, considerando que se trata de um ser essencialmente moral, dotado de 
existência e dignidade. Piovesan (2004) sintetiza a concepção contemporânea de direitos humanos pelos proces-
sos de universalização e internacionalização desses direitos, compreendidos sob o prisma de sua indivisibilidade.
A CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA DOS DIREITOS HUMANOS
Conforme se extrai do artigo “Pela implementação dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Pro-
postas e Perspectivas” de Alessandra Passos Gotti, a concepção contemporânea de direitos humanos foi intro-
duzida pela Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948. A DUDH surgiu como um código de princí-
pios e valores universais a serem respeitados e protegidos pelos Estados, demarcando a concepção inovadora 
de que os direitos humanos são direitos universais, cuja proteção não deve se reduzir ao domínio reservado 
do Estado, por revelar tema de legítimo interesse internacional. 
A nova concepção dos direitos humanos introduzida pela Declaração aponta para duas importantes 
consequências:
1. A revisão da noção tradicional de soberania absoluta do Estado, que passa a sofrer um proces-
so de relativização, à medida em que são admitidas intervenções no plano nacional em prol 
da proteção dos direitos humanos e;
33
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
2. A cristalização da ideia de que o indivíduo deve ter direitos protegidos na esfera internacional, 
na condição de sujeito de direito.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos envolve a proteção do indivíduo e o respeito à sua dig-
nidade de forma bastante ampla. No entanto, a autora ressalta a necessidade do conhecimento da sociedade 
acerca desses direitos e de sua importância para que eles sejam de fato assegurados e para que se possam 
evitar violações (Doreto, 2021).
Além disso,conforme ela explica, a garantia dos direitos civis e políticos é condição para a observância 
dos direitos sociais, econômicos e culturais e vice-versa, tendo em vista a característica de indivisibilidade dos 
direitos humanos. Nesse sentido, se um deles for violado, os demais também o são. Portanto, a autora conclui 
os direitos humanos como uma unidade indivisível, interdependente e inter-relacionada, conjugando os di-
reitos civis e políticos aos direitos sociais, econômicos e culturais (Doreto, 2021). 
Segundo Flávia Piovesan (1996 apud Gotti, [s.d.]), os direitos civis e políticos perdem sua efetividade 
quando não estão acompanhados dos direitos econômicos, sociais e culturais, que, por sua vez, também não 
têm pleno significado se não forem garantidas as liberdades fundamentais em sua forma mais abrangente. A 
autora defende que liberdade e justiça social são inseparáveis e que é impossível conceber uma sem a outra. 
Para ela, os direitos humanos formam um todo indivisível e integrado, em que cada dimensão está interligada 
e depende das demais.
Hector Gros Espiell (1986 apud Piovesan, 2004), ao analisar a natureza dos direitos humanos, destaca 
que apenas a garantia plena de todos os direitos — civis, políticos, econômicos, sociais e culturais — assegura 
a concretização real de cada um deles. Ele argumenta que a ausência de efetividade dos direitos sociais e eco-
nômicos torna os civis e políticos apenas formais, e o contrário também é verdadeiro: sem liberdade ampla e 
efetiva, os demais direitos perdem sua relevância. 
O autor enfatiza que a noção de totalidade, interdependência e indivisibilidade desses direitos já es-
tava presente na Carta das Nações Unidas, sendo reforçada posteriormente por documentos internacionais 
como a Declaração Universal de 1948, os Pactos de 1966, a Proclamação de Teerã de 1968 e a Resolução da 
Assembleia Geral de 1977.
A ordem contemporânea assinala sete desafios centrais à implementação dos direitos humanos, se-
gundo Piovesan (2005 apud DORETO, 2021):
1. Universalismo vs. relativismo cultural (o que traduz o questionamento acerca do próprio 
fundamento dos direitos humanos e da existência de um mínimo ético irredutível; isto é, se a 
fonte dos direitos humanos é a dignidade humana ou é a cultura); 
2. Laicidade estatal vs. fundamentalismos religiosos (debate que impacta, sobretudo, os 
direitos humanos das mulheres, no que se refere à sexualidade e à reprodução); 
3. Direito ao desenvolvimento vs. assimetrias globais (em um mundo em que 85% da renda 
mundial concentra-se em poder dos 15% mais ricos, enquanto os 85% mais pobres retêm 
apenas 15% da renda mundial);
4. Proteção dos direitos econômicos, sociais e culturais vs. desafios da globalização econô-
mica (o que aponta ao temerário processo de flexibilização dos direitos sociais e de redefini-
ção de políticas públicas em uma ordem acentuadamente assimétrica);
34
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
5. Respeito à diversidade vs. intolerâncias (o que implica o desafio de assegurar a igualdade 
com respeito à diferença e às diversidades);
6. Combate ao terror vs. preservação de direitos e liberdades públicas (o que acena aos 
desafios da agenda pós 11 de setembro, tendencialmente restritiva dos direitos humanos); 
7. Unilateralismo vs. multilateralismo (em uma ordem marcada pela existência de uma única 
superpotência mundial e pelo esforço de resgate de organismos multilaterais) (p.29).
Como os direitos são uma construção, as violações a esses direitos também o são, ou seja, as violações, 
as exclusões, as discriminações e as intolerâncias são produtos da construção do processo histórico e das 
ações humanas. Assim, podemos dizer que, conforme menciona Doreto (2021) é necessário romper com a 
cultura que se formou sobre a naturalização e a banalização das expressões da questão social. 
Nesse contexto, Piovesan (apud Doreto, 2021) defende que é necessário fortalecer o Estado de Direito 
e promover a paz — tanto em nível global quanto regional e local — por meio de uma cultura de direitos hu-
manos. Para ela, essa cultura deve funcionar como uma forma de resistência e como o único caminho possível 
para a emancipação humana em nosso tempo. 
Consoante exemplifica Doreto (2021, p.30), a realidade brasileira, analisada historicamente, ainda está 
distante da garantia à inviolabilidade dos direitos humanos, ao observarmos, por exemplo:
• violência policial e sua impunidade; 
• superlotação do sistema prisional; 
• proliferação de doenças; 
• acesso inadequado à saúde; 
• tortura; 
• trabalho escravo; 
• impedimento do exercício do direito à vida, à liberdade, ao trabalho, à moradia, à saúde, à edu-
cação e à previdência social;
• injustiças; 
• discriminações; 
• perseguições; 
• genocídios; 
• tráfico de pessoas; 
• outras violações à dignidade do ser humano.
35
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
Por fim, Doreto (2021) reflete, de forma assertiva, vivermos hoje um caos às avessas, em que muitas 
vezes nos questionamos: em que/onde estão os direitos humanos? Porém, como lembra Neiva (2012 apud 
DORETO, 2021, p.31), “é preciso lembrar todos os dias que direitos humanos são para todos e todas. Isso signi-
fica que independe de gênero, raça, etnia, idade, origem, classe, orientação sexual, condição física, presos ou 
livres”. Assim, não deve haver distinção no exercício dos direitos, como proclama a desigualdade de classes 
sociais, pois todos os seres humanos nascem livres e iguais.
ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS INTERNACIONAL, REGIONAL 
E LOCAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
A partir da aprovação da Declaração Universal de 1948, e da concepção contemporânea de direitos hu-
manos por ela introduzida, começa a se desenvolver o direito internacional dos direitos humanos, mediante 
a adoção de inúmeros tratados internacionais voltados para a proteção de direitos fundamentais (Piovesan, 
2004). Desse momento em diante, os crimes contra os direitos humanos fundamentais que não são tratados 
de forma justa pelas nações tornam-se casos de Direito Internacional.
Os sistemas de proteção se apresentam de forma global e regional. Essa forma de organização busca 
defender os direitos humanos em âmbito internacional ou por grupo de países que, por maior proximidade 
física e cultural, conseguem atender, de forma mais rápida e eficiente, às demandas da humanidade na ga-
rantia dos seus direitos. 
A questão dos direitos humanos é tratada pela Organização das Nações Unidas (ONU), mas não somen-
te por ela. Com o desenvolvimento da sociedade e a crescente violação contra os direitos humanos, tornou-se 
necessário que novas instituições independentes atuassem em parceria com a ONU.
Um exemplo disso é a criação de tribunais internacionais. Esse processo foi se desenvolvendo com o 
tempo até se chegar a um tribunal penal internacional permanente, demonstrando, assim, que a luta pela 
garantia dos direitos humanos é uma luta social, política e jurídica.
O Tribunal Penal Internacional, que tem sede em Haia, na Holanda, é um órgão independente, atua em 
parceria com a ONU e tem por objetivo investigar e julgar indivíduos acusados de crimes que preocupam a 
comunidade internacional, que são:
• genocídio; 
• crimes de guerra; 
• crimes contra a humanidade; 
• crimes de agressão.
Conforme ensina Doreto (2021), as ações só chegam até o Tribunal Penal Internacional caso a nação 
não esteja atuando sobre o caso, esteja protegendo os indivíduos acusados, ou não tenha como organizar um 
processo dessa magnitude. Isso demonstra que há sempre um respeito à soberania nacional, mas, quando 
essa soberania se sobrepõe aos direitos humanos fundamentais, os sistemas de proteção podem denunciar a 
situação para investigação e julgamento de casos que são objeto do Tribunal Penal Internacional. 
36
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIALOs indivíduos condenados por esse tribunal são reclusos também na 
Holanda, em prisão específica para pessoas julgadas culpadas. As vítimas, 
além de ouvidas, são protegidas pelo Tribunal Penal Internacional. 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS E SEU PAPEL 
NA GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
A ONU foi criada como forma de garantir o consenso internacional 
em questões que envolvem o desenvolvimento econômico, social, cultural 
e principalmente a defesa dos direitos humanos e das liberdades indivi-
duais (Freitas, 2016 apud Doreto, 2021). A partir da criação da DUDH em 
1948, foram organizados diversos dispositivos de controle proteção dos di-
reitos humanos em dois sistemas de proteção: o global e o regional.
Conforme ensina Doreto (2021), a ONU exerce papel importante na 
defesa e promoção dos direitos humanos por ser o órgão representativo 
internacionalmente que toma decisões que refletem em todos os povos, 
sem discriminação de cor, etnia ou classe social. 
Ela foi fundada a partir da Carta das Nações Unidas, em que foram 
expressos os ideais e os propósitos dos povos cujos governos se uniram 
para constituir as Nações Unidas. É uma organização internacional forma-
da por países que se reuniram para imprimir ações voltadas para a paz e 
o desenvolvimento mundiais. A ONU foi oficialmente instituída em 24 de 
outubro de 1945. 
O Sistema de Direitos Humanos da ONU consiste em quatro entida-
des permanentes, que atuam de forma interligada, e algumas entidades 
temporárias, como comissões de inquérito independentes. Os quatro orga-
nismos permanentes de direito são (Doreto, 2021, p.34):
• Conselho de Direitos Humanos da ONU, órgão subsidiário da 
Assembleia Geral, com 47 Estados-membros eleitos por um 
período de 3 anos. O Brasil foi eleito em 2023 para um manda-
to entre os anos de 2024-2026;
• Procedimentos especiais (na sua maioria relatores especiais, mas 
também alguns grupos de trabalho e especialistas independentes);
• Organismos de tratados da ONU; 
• Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos 
Humanos (ACNUDH), que faz parte do Secretariado da ONU.
A ONU internacional e a ONU Brasil possuem alguns documentos 
para tratar dos direitos humanos, que são:
1. DUDH (1948); 
A ONU busca o consenso interna-
cional principalmente em relação à 
defesa dos direitos humanos . 
Fonte: AdobeStock
37
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
2. Guia Prático Campo de ação da sociedade civil e o sistema dos direitos humanos das Nações Unidas;
3. Mapa do Encarceramento — os jovens do Brasil; 
4. Relatório do Subcomitê de Prevenção da Tortura (SPT) sobre o Brasil (2012);
5. Diretrizes para a Observação de Manifestações e Protestos Sociais;
6. Guia de Orientação das Nações Unidas no Brasil para Denúncias de Discriminação Étnico-racial;
7. Relatório sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias e Arbitrárias (2007); 
8. Declaração de Durban (2001).
IMPORTANTE
“Cabe à ONU consolidar mecanismos de monitoramento, como relatórios e reforço de articulação das 
diversas instâncias, voltados para os direitos humanos. Todas as decisões tomadas na ONU são resultados 
de negociações entre os Estados-membros, em que várias estratégias são utilizadas, como a pressão e a 
persuasão, que velam também motivações nobres e éticas, de cooperação de natureza política, estratégica 
ou econômica. As decisões também são estabelecidas por meio do diálogo, da moderação e da razão, 
favorecendo o desenvolvimento de uma ética com foco na tolerância e na razão” (Doreto, 2021, p.33).
Desde 1947, a ONU tem representação fixa no Brasil, e sua apresentação varia de acordo com as de-
mandas de cada governo. “Seu principal objetivo é maximizar, de maneira coordenada, o trabalho da ONU, 
para que o Sistema possa proporcionar uma resposta coletiva, coerente e integrada às prioridades e necessi-
dades nacionais, no marco dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e dos demais compromissos 
internacionais” (ONU, [20—b] apud Doreto, 2021, p. 35). 
Doreto (2021) ensina que o Sistema das Nações Unidas no Brasil tem por objetivo alinhar os seus ser-
viços às necessidades de um país dinâmico, multifacetado e diversificado, contribuindo para o desenvolvi-
mento humano sustentável, o crescimento do País e o combate à pobreza. Como resultado, a ONU Brasil tem 
elaborado alguns artigos técnicos nos diferentes campos do conhecimento para incitar o debate e a reflexão 
sobre os desafios de uma sociedade cada vez mais heterogênea e a necessidade de soluções inovadoras para 
tais desafios. Alguns artigos técnicos já publicados são:
• Direitos humanos das mulheres;
• Trabalho escravo;
• Adolescência, juventude e redução da maioridade penal;
• Trabalho infantil: uma agenda rumo ao cumprimento das metas de erradicação;
• Avanços e desafios da proteção aos refugiados no Brasil;
38
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
• Inclusão social e os direitos das pessoas com deficiência no Brasil: uma agenda de desenvolvi-
mento pós-2015;
• População e direitos: Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD) para 
além de 2014.
Desde a sua criação, a ONU tem realizado diversas iniciativas para garantir os direitos humanos e pro-
mover o seu desenvolvimento em sintonia com o progresso da sociedade. Nesse sentido, a ONU desempenha 
um importante papel quanto à garantia do acesso aos direitos, uma vez que as cartas constitucionais dos 
países vão seguir também os princípios dos direitos humanos definidos pela referida instituição.
SISTEMAS GLOBAL E REGIONAL DE PROTEÇÃO
O sistema global de proteção é um conjunto de tratados, declarações e instrumentos originados pela 
Carta das Nações Unidas escrita em 1945, que marca a criação da ONU e é considerada a primeira norma legal 
do Direito Internacional. Esse sistema busca assegurar os direitos e as liberdades fundamentais dos indiví-
duos em detrimento da soberania nacional (Freitas, 2016 apud Doreto, 2021). O sistema global de proteção 
funciona por meio de mecanismos convencionais e extraconvencionais. 
Os mecanismos convencionais são formados pelas Convenções de Direitos Humanos, que são tratados 
internacionais assinados pelos países que se comprometem a atender ao que determina o consenso ratifi-
cado pela convenção. Essas convenções são organizadas pela ONU, nas quais o secretário-geral “[...] é encar-
regado de depositar instrumentos de ratificação dos tratados e de informar os Estados Parte sobre novas 
ratificações, reservas ou propostas de emenda” (Mohallem et al., 2015 apud Doreto, 2021, p.42). 
Existem nove convenções cardeais de direitos humanos, que são os principais tratados que orientam, 
de forma geral, as ações de direitos humanos em âmbito internacional. São elas:
1. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965);
2. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966); 
3. Pacto Internacional dos Direitos Civil e Políticos (1966); 
4. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a 
Mulher (1979);
5. Convenção Internacional contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos 
ou Degradantes (1984);
6. Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças (1999); 
7. Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e 
os Membros de suas Famílias (1990);
8. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006);
9. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos 
Forçados (2006).
39
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
Essas nove convenções são apresentadas como as principais pautas que necessitavam de uma organi-
zação pela ONU e do compromisso dos países-membros de atuarem junto a essas minorias. Cada país orga-
niza sua arquitetura legalpara atender a essas questões. 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 se apresenta a partir da defesa dos direitos humanos. Segundo Mo-
raes (2011 apud Doreto, 2021), o Brasil assinou todos esses tratados. Dentro do ordenamento jurídico brasileiro, um 
tratado internacional assinado pelo Brasil e aprovado pelas duas câmaras têm status de emenda constitucional, ou 
seja, já é parte da arquitetura jurídica nacional que todos os entes federados devem respeitar. 
Os mecanismos extraconvencionais têm como único documento norteador a DUDH, na qual a violação 
dos direitos humanos fundamentais é inadmissível, mesmo que a nação não tenha assinado qualquer tratado 
em conjunto com outros países. O direito humano fundamental é superior a qualquer nação e independe de 
sua legislação nacional. Assim, Moraes (2011 apud Doreto, 2021) aponta:
O importante é realçar que os direitos humanos fundamentais relacionam-se diretamente com a garantia 
de não ingerência do Estado na esfera individual e a consagração da dignidade da pessoa humana, tendo 
um universal reconhecimento por parte da maioria dos Estados, seja em nível constitucional, infraconstitu-
cional, seja em nível de direito consuetudinário ou mesmo por tratados e convenções internacionais. A pre-
visão desses direitos coloca-se em elevada posição hermenêutica em relação aos demais direitos previstos 
no ordenamento jurídico, apresentando diversas características: imprescritibilidade, irrenunciabilidade, 
inviolabilidade, universalidade, efetividade, interdependência e complementariedade. (p. 43).
Esse sistema global se organiza por meio de mecanismos convencionais, nos quais a ONU atua como 
fiscalizadora dos tratados assinados pelas nações por meio de comitês temáticos ratificados nas convenções 
cardeais. Assim, os países que assinaram esses tratados devem atender, em seus territórios, as questões com 
as quais se comprometeram. O mecanismo extraconvencional se baseia na DUDH e, por meio do Conselho de 
Direitos Humanos, exige de todas as nações o cumprimento dos direitos humanos fundamentais, indepen-
dentemente de suas leis internas. 
Complementando o sistema global, temos também o sistema regional de proteção, que se organiza 
por continentes. Assim, temos os seguintes sistemas:
• africano;
• interamericano;
• europeu; 
• árabe;
• asiático.
Em relação ao sistema global, o sistema regional tem menos países envolvidos, assim, conforme ensi-
na Doreto (2021), o debate é mais rápido. Além disso, questões regionais e culturais são compreendidas de 
forma mais abrangente por esses países devido à proximidade entre as nações. Assim, o respeito à cultura 
local, a seus costumes e crenças — aliado à análise política, econômica e social desse bloco — complementa 
a análise macro dos direitos humanos, sem desconsiderar o regionalismo. 
Os sistemas regionais são complementares ao sistema global, cabendo ao indivíduo escolher reclamar 
os seus direitos no sistema que melhor o atender, considerando sempre o princípio da norma mais favorável 
40
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
à vítima. Em um sistema regional, o consenso acaba por ser mais célere, como também as decisões. Isso sig-
nifica que esses conselhos costumam apresentar formas mais ágeis de monitoramento das ações em favor 
dos direitos humanos.
DISPOSITIVOS LEGAIS NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
O Brasil aceita o que promulgam as Convenções Internacionais de Direitos Humanos que são assinadas 
pelo País. Depois de aprovadas pela maioria das duas casas legislativas federais, essas decisões têm caráter de 
emenda constitucional. Assim, no ordenamento jurídico nacional, as Convenções Internacionais de Direitos 
Humanos estão abaixo apenas da Constituição Federal, representando, assim, o compromisso brasileiro com 
a pauta internacional na defesa dos direitos humanos fundamentais
Nesse sentido, no Brasil, todas as legislações devem se pautar na defesa intransigente dos direitos hu-
manos e na garantia da dignidade da pessoa humana. Assim, o Judiciário responde a essas questões em sua 
organização judiciária tanto na justiça comum quanto na especial. 
Conforme ensina DORETO (2021), os sistemas regionais monitoram os compromissos assinados pelas 
suas nações, visto que conseguem perceber as violações mais de perto. Eles também recebem denúncias de 
entidades jurídicas sobre descumprimento das nações participantes. Quando o país não pertence a nenhum 
sistema regional, cabe à organização se dirigir diretamente ao sistema global de proteção. Salientamos que 
não há como impetrar uma denúncia individualmente. Segundo Piovesan (2004, apud Doreto, 2021):
Faz-se ainda fundamental que todos os tratados possam contar com uma eficaz sistemática de monitoramento, 
prevendo os relatórios, as petições individuais e as comunicações interestatais. Insiste-se na adoção do meca-
nismo de petição individual por todos os tratados internacionais de proteção de direitos humanos, já que esse 
mecanismo permite o acesso direto de indivíduos aos órgãos internacionais de monitoramento (p.49).
Além disso, a autora explica que a possibilidade de peticionar de forma individual somente ocorre 
junto ao sistema regional de proteção. Junto ao sistema global de proteção, apenas instituições podem pe-
ticionar denúncias. As denúncias devem ser referentes a violações de direitos humanos que não são tratadas 
de forma justa por Estados, fazendo parte ou não dos sistemas regionais e global de proteção.
O sistema regional de proteção interamericano possui dois órgãos que monitoram as obrigações con-
traídas pelas nações participantes da OEA: a CIDH e a Corte Interamericana de Direitos Humanos (IDH).
As petições encaminhadas à CIDH devem apresentar as violações dos direitos humanos e especificar se 
o papel do Estado-Nação na questão ocorre por ação — quando o Estado promove a violação ou é conivente 
com indivíduos que cometem crimes contra a humanidade — ou por omissão — quando a não atuação dos 
comandantes políticos possibilita que os direitos humanos sejam desrespeitados.
Se a petição for aceita por todos os caminhos, seguirá para uma atuação consensual, tanto por respei-
tando a soberania nacional quanto porque a comissão não possui o poder de punição. 
Já a IDH não recebe petições individuais, apenas da CIDH e dos Estados-membros. Essa Corte é uma 
instituição de caráter jurídico que tem a função de julgar os casos não resolvidos de forma consensual pela 
CIDH. A sede da IDH fica em São José, Costa Rica. A IDH é composta por juízes eleitos pelos Estados-Membros, 
e sua atribuição é “interpretar e aplicar a Convenção Americana e outros tratados interamericanos de direitos 
humanos, em particular por meio da emissão de sentenças sobre casos e opiniões consultivas” (Mohallem et 
al., 2015 apud Doreto, 2021, p.50).
41
CoNCEpçõEs Dos DIrEItos HUmANos E sIstEmAs DE protEção
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO SOCIAL 
O Brasil, mesmo com seu ordenamento jurídico organizado na defesa dos diretos humanos em sua his-
tória, apresenta diversos momentos de violações que nem sempre são julgados de forma coerente por nosso 
Judiciário. Assim, conhecer e reconhecer os dispositivos legais para que se possa cobrar o compromisso pú-
blico com os direitos humanos é papel de todos os cidadãos brasileiros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Os conhecimentos adquiridos até aqui nos permitiram aprofundar o entendimento sobre os desafios 
enfrentados na efetivação dos direitos humanos no Brasil, especialmente em relação aos sujeitos historica-
mente marginalizados, como mulheres, população negra, povos indígenas, e pessoas em situação de vulne-
rabilidade social. Ao longo do estudo, foi possível compreender como as lutas sociais, os movimentos orga-
nizados e as políticas públicas vêm atuando como instrumentos fundamentais de resistência e promoção da 
dignidade humana.
Ao conectar os marcos legais às demandas sociais, percebemos que o Direito não pode se limitar à suadimensão normativa, devendo assumir um papel transformador. Mais do que conhecer a legislação, é neces-
sário compreender os contextos sociais que moldam as lutas por reconhecimento e justiça.
Assim, conclui-se que a atuação jurídica comprometida com os direitos humanos deve estar alinhada 
à escuta de vozes muitas vezes silenciadas e à construção de práticas inclusivas. A promoção da cidadania 
plena, como princípio norteador, impõe ao futuro jurista o dever de enfrentar, com responsabilidade e cons-
ciência histórica, os mecanismos de exclusão ainda presentes na sociedade brasileira.
REFERÊNCIAS
DORETO, D. T. Direitos humanos e legislação social. Porto Alegre: SAGAH, 2021.
GOTTI, A. P. Pela Implementação dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Propostas e Perspectivas. 
DHNET. Disponível em: https://www.dhnet.org.br/direitos/dhesc/gotti.html. Acesso em: 14 jul. 2025.
PIOVESAN, F. Direitos sociais, econômicos e culturais e direitos civis e políticos. Revista Internacional 
de Direitos Humanos. Ano 1. n. 1. jan./jun. p. 20-47. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sur/a/
vv3p3pQXYPv5dhH3sCLN46F/?format=pdf&lang=pt . Acesso em: 14 jul. 2025.
https://www.dhnet.org.br/direitos/dhesc/gotti.html
https://www.scielo.br/j/sur/a/vv3p3pQXYPv5dhH3sCLN46F/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/sur/a/vv3p3pQXYPv5dhH3sCLN46F/?format=pdf&lang=pt
	Referências
	Concepções dos Direitos Humanos 
e Sistemas de Proteção
	Introdução
	Definição e diferenciação das concepções 
moderna e contemporânea dos direitos humanos
	A concepção contemporânea dos Direitos Humanos
	Organização dos sistemas internacional, regional 
e local de proteção aos direitos humanos
	Organização das Nações Unidas e seu papel 
na garantia dos direitos humanos
	Sistemas global e regional de proteção
	Dispositivos legais na defesa dos direitos humanos
	Considerações finais 
	Referências

Mais conteúdos dessa disciplina