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Lei de Escala R. Urbano/L. E. E. de Araújo Introdução Em ciência, o trabalho experimental freqüentemente envolve o estudo da relação entre duas variáveis mensuráveis. Um exemplo comum em F 129 seria a relação entre a distância s percorrida por uma esfera em queda livre e o tempo t de queda. Em um experimento deste tipo, a variável dependente (distância) é medida para vários valores da variável independente (tempo). Os dados de tal experimento podem ser registrados no formato de uma tabela: Tabela 1 – Tempo de queda e a distância percorrida durante a queda livre de uma esfera de aço. Tempo (s) Distância (m) 0,89 4 1,26 8 1,55 12 1,79 16 2,00 20 2,19 24 2,37 28 2,53 32 Entretanto, números em uma tabela como a acima não transmitem facilmente a natureza da relação existente entre as variáveis. Assim, para facilitar a visualização desta relação, lançamos os dados da tabela em um gráfico. Vemos na Figura 1 que a relação entre distância e tempo não é linear. Figura 1 – Distância percorrida por uma esfera em queda livre em função do tempo de queda em um gráfico de escala linear. Quando uma das grandezas medidas (s) apresenta uma dependência não-linear com relação a outra variável (t), dizemos que s segue uma Lei de Escala dada por: € s = k⋅ t n (1) Perceba que é muito difícil olharmos para uma curva como a da Figura 1 e afirmarmos com confiança se o comportamento é quadrático, cúbico, etc. Entretanto, uma simples transformação de variáveis pode converter a relação entre as grandezas em uma dependência linear. Aplicando a função logarítmica em ambos os lados da Equação (1), obtemos: € log(s) = log(k) + n log(t) (2) Portanto, podemos identificar a Equação (2) com a equação de uma reta: y = A + B x se fizermos y = log(s) e x = log(t). O coeficiente angular € B = y2 - y1x2 - x1 = log(s2) - log(s1)log(t2) - log(t1) (3) irá fornecer o expoente n da Lei de Escala pois n = B. O coeficiente linear A dá a constante de proporcionalidade k da equação (1) pois log(k) = A, ou k = 10A. Devemos lembrar que o coeficiente linear corresponde ao valor de y quando x = 0, ou y(0). Aplicando a função logarítmica nos dados da Tabela 1 encontramos: Tabela 2 – Logaritmo do tempo t e da distância percorrida s durante a queda livre da esfera de aço. log(t) (s) log(s) (m) -0,05 0,60 0,10 0,90 0,19 1,08 0,25 1,20 0,30 1,30 0,34 1,38 0,37 1,45 0,40 1,51 Agora, se fizermos um gráfico do log(s) em função do log(t) utilizando um papel milimetrado (de escala linear) com os dados da Tabela 2, obteremos a reta mostrada na Figura 2. O coeficiente angular B deve ser calculado a partir de dois pontos P1 e P2 quaisquer da reta que melhor se ajusta aos pontos experimentais. Obs: Jamais utilize pontos experimentais da Tabela 2 no caçulo de B a não ser que eles façam parte da reta. Por exemplo, os pontos (0,10; 0,90) e (0,40; 1,51) indicados pelas setas azuis se encontram sobre a reta neste caso, e portanto podem ser utilizados no cálculo de B, mas nem sempre isso acontece. Assim, substituindo esses valores na Equação (3): € B = y2 - y1x2 - x1 = log(s2) - log(s1)log(t2) - log(t1) = 1,51- 0,9040,00 - 0,10 = 2 → n = 2 (4) Para encontrarmos o coeficiente linear A, no gráfico, procuramos pelo valor de log(s) para log(t) = 0 Nesse caso, € A = log(k) = 0,7 e então, € k =100,7 ≅ 5 m/s2 . Figura 2 – Logaritmo da distância s percorrida por uma esfera em queda livre em função do logaritmo do tempo de queda t em um gráfico de escala linear (papel milimetrado). A distância é medida em metros e o tempo em segundos. As linhas tracejadas indicam como encontrar o coeficiente linear da reta. Alternativamente, podemos trabalhar com um papel em escala logarítmica. Nesse caso, não é necessário tirar o logaritmo dos valores da Tabela 1. O próprio papel se encarrega de fazer isso. A Figura 3 mostra um gráfico log-log dos dados da Tabela 1. Aqui, o coeficiente angular pode ser calculado a partir da Equação (3), novamente escolhendo-se dois pontos da melhor reta (e não necessariamente dois pontos da tabela), ou neste caso em particular, com uma régua medindo-se os catetos do triângulo retângulo. Da Figura 3, € B = y2 - y1x2 - x1 = 4,4 cm2,2 cm = 2 → n = 2,0 (5) Figura 3 – Distância s percorrida por uma esfera em queda livre em função do tempo de queda t em utilizando um gráfico de escalas logarítmicas. As linhas tracejadas indicam como determinar o coeficiente linear da reta, uma vez que log(1) = 0. Já a constante de proporcionalidade k é encontrada no gráfico log-log pelo valor numérico de s para t = 1 (pois log(1) = 0), mas com a unidade apropriada. Da Figura 3, para t = 1,0, temos s = 5,0; logo, k = 5,0 m/s2. Uma alternativa mais simples para se linearizar a equação (1) é possível quando já se conhece o expoente n da Lei de Escala. Através de uma transformação (mudança) de variáveis, fazemos y = s e x = tn, de modo que a constante k seja agora o coeficiente angular da reta 𝑦 = 𝑘𝑥. Ainda em relação ao experimento de queda livre, para n = 2, se fizermos y = s e x = t2, então um gráfico linear de y vs. x deverá mostrar os pontos experimentais dispostos ao longo de uma reta, como mostrado na Figura 4. O coeficiente angular da reta é: € k = s2 - s1x2 - x1 = 32 − 4640 - 0,90 = 5,1 m/s 2 (6) Resumindo, para encontrar graficamente o expoente n da Lei de Escala € s = k⋅ t n há duas maneiras: 1. calcular o coeficiente angular da reta de log(s) vs. log(t) em um gráfico linear ou 2. calcular o coeficiente angular da reta de s vs. t em um gráfico log-log. Para encontrar graficamente a constante de proporcionalidade k há três maneiras: 1. calcular o coeficiente linear da reta de log(s) vs. log(t) em um gráfico linear determinando o valor de log(s) para log(t) = 0, ou 2. determinar na reta em um gráfico log-log de s vs. t o valor de s para t = 1, ou 3. calcular o coeficiente angular da reta de s vs. tn em um gráfico linear, conhecendo n. 4,4 cm Figura 4 – Distância s percorrida por uma esfera de aço em queda livre em função do quadrado do tempo de queda t.
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