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O Talento na Visão Organizacional

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Análise de Talentos no Ambiente e Contexto Sócio Organizacional: 
Uma Crítica e Visão Holísticas Acerca das Competências nas Organizações. 
 
David Alexandre Martins 
 
Atualmente, nossa sociedade encontra-se em uma verdadeira torrente de 
revoluções e transformações; seja nas esferas macro –, sociedades, culturas, nações – ou 
micro –, indivíduos, famílias nucleares, “tribos” – as relações e percepções psicossociais 
refletem essa sociedade/cultura cada vez mais globalizada, conectada e informatizada; 
onde nossos cenários internos e externos sofrem constantes pressões vindas de diversas 
direções. 
Influenciadas pelos meios midiáticos – talvez os maiores formadores de opinião 
das massas – nossas preferências, percepções e apercepções, assim como “filtros” 
tomam novas formas e padrões; alguns sonhos e valores particulares se esvaem frente às 
demandas externas, impostas por tantas convenções sociais descartáveis e modismos; a 
“liquidez Social” que Zygmunt Bauman tanto nos alerta, turva e enfraquece nossas 
estruturas individuais, a despeito de aparentemente ínfimas ou particularmente 
imperceptíveis, suas consequências vão exponencialmente se ampliando de forma 
caótica – imprevisível – culminando geralmente no distanciamento de nós mesmos; para 
além, cabe refletir sobre esses mesmos resultados projetados em escalas coletivas e 
massivas, os quais são necessariamente muito mais perniciosos em essência. 
...o mundo que chamo de “líquido” porque, como todos os líquidos, ele 
jamais se imobiliza nem conserva sua forma por muito tempo. Tudo ou quase 
tudo em nosso mundo está sempre em mudança: as modas que seguimos e os 
objetos que despertam nossa atenção [uma atenção, aliás, em constante 
mudança de foco, que hoje se afasta das coisas e dos acontecimentos que nos 
atraíam ontem, que amanhã se distanciará das coisas e acontecimentos que 
nos instigam hoje]; as coisas que sonhamos e que tememos, aquelas que 
desejamos e odiamos, as que nos enchem de esperanças e as que nos enchem 
de aflição. (Zygmunt Bauman, 2009, pag 8.) 
 
Dentro desse cenário, a maioria das grandes organizações ainda se mantém dentro 
da filosofia do capitalismo selvagem – pensamento onde os lucros da alta gestão e 
diretoria superam valores morais e éticos humanos, assim como a competitividade 
justifica comportamentos nada ascéticos. A partir dessa premissa, os olhares e 
perspectivas à cerca do talento podem se tornar controversos; não em sua característica 
necessariamente semântica, mas sob um ponto de vista e numa análise mais profunda e 
processual, filosófica e sociológica. 
Tanto a própria definição de talento quanto a sua aplicabilidade nas organizações, 
existem inevitavelmente graças a sua própria interdependência, a qual passa pelo escopo 
perceptual das próprias organizações; tanto a definição quanto a valorização de tais 
características pessoais/profissionais, assim como suas aplicabilidades, coexistem 
concentricamente se auto-alimentando mutuamente de acordo com as correntes líquidas 
do mercado, influenciado principalmente pelas tendências “do momento”. 
Seja direta ou indiretamente o que ontem fora valorizado, hoje talvez não mais o 
seja, como currículos onde predominam a quantidade de empresas e experiências ainda 
que incipientes – pouco tempo de ligação com a empresa – são interpretadas por 
algumas organizações como sinônimo de agilidade, pro atividade, dinamismo e senso de 
iniciativa do profissional, em detrimento de um perfil mais estável onde predomina a 
constância e dedicação – muito tempo de ligação com a empresa – a poucas 
organizações em seu histórico profissional. Em síntese, a quantidade de experiências 
supera o compromisso e fidelidade. Senso assim, torna-se urgente a busca de um Ethos 
capaz de universalizar o conceito, que determine e norteie de forma clara o 
profissionalismo assentando-o sobre os valores éticos e humanos comprometidos com a 
equanimidade, respeito e cooperação, e não com a famigerada competitividade.

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