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POTENCIOMETRIA Profa.Valéria Regina Bellotto Potenciometria Introdução Princípios gerais Eletrodos de referência Eletrodos de calomelano Eletrodos de Ag/AgCl Eletrodos indicadores Eletrodos metálicos Eletrodos de membrana Potenciometria direta Métodos de calibração de eletrodos Definição operacional de pH Medidas de pH Titulações potenciométricas Profa.Valéria Regina Bellotto Potenciometria 1. Introdução Métodos potenciométricos : baseiam-se na medida do potencial de células eletroquímicas, sem consumo apreciável de corrente. Muito empregada para localizar o ponto final em titulações, e.g, titulações de neutralização, titulações de complexação. Determinação de espécies iônicas a partir do potencial de eletrodos de membrana seletiva a íons. Profa.Valéria Regina Bellotto • Eletrodos relativamente livres de interferência; • forma rápida, conveniente e não destrutiva de determinar quantitativamente vários cátions e ânions. Potenciometria 1.1. Princípios Gerais Equipamento: inclui um eletrodo de referência, um eletrodo indicador e um dispositivo para medida do potencial. Apenas potenciais relativos de células podem ser medidos experimentalmente. Potencial da célula é dado pela equação: Ecélula = Eind – Eref + Ej Profa.Valéria Regina Bellotto Representação esquemática: Eref= potencial do eletrodo de referência; Eind= potencial do eletrodo de indicador; Ej= potencial de junção líquida; Eletrodo de referência : - é uma meia-célula que tem um potencial de eletrodo exatamente conhecido; - potencial constante para temperatura constante e - Independente da composição da solução do analito. Eletrodo indicador: - Tem um potencial que varia de uma forma conhecida com alterações na concentração (atividade) do analito. Potenciometria Potencial de junção líquida Um potencial de junção líquida se desenvolve através de uma interface entre duas soluções eletrolíticas de composição diferente. Pode ser minimizado com uma ponte salina Ideal: - cátions e ânios com mobilidade quase iguais - solução de concentração elevada Profa.Valéria Regina Bellotto Potenciometria Profa.Valéria Regina Bellotto Eletrodo de Referência Ponte Salina Solução do Analito Eletrodo Indicador Eletrodo de Referência Ponte Salina Solução do Analito Eletrodo Indicador Célula típica para determinação potenciométrica jrefindcélula EEEE ][ ][ log 1 0592,0 771,0 3 2 Fe Fe E ind ]log[ 1 0592,0 222,0 ClE refFe3+ + e- Fe2+ Eº = 0,771v AgCl (s) + e- Ag(s) + Cl- Eº = 0,222v Célula galvânica para medir razão Fe2+/Fe3+ constante variável Profa.Valéria Regina Bellotto Célula galvânica-determinação de Fe Eletrodo de referência Eletrodos de referência • Características de um eletrodo de referência ideal: ▫ Apresenta reação reversível ▫ Obedece a equação de Nernst ▫ Potencial constante com o tempo ▫ Retorna ao seu potencial original após ter sido submetido a correntes pequenas ▫ Robusto ▫ De fácil construção ▫ Insensível a composição da solução do analito Eletrodos de referência Sendo a semi-reação: H+ + e- 1/2H2 E=0,000V Difícil de ser construído na prática devido à dificuldade de se obter uma solução com atividade de H+=1 Na prática são utilizadas soluções diluídas e aproximações para obter uma condição de atividade unitária. Requer H2 gasoso e superfície catalítica de Pt recentemente preparada, que sofre muita interferência em diversas soluções Potenciometria 2. Eletrodos de referência Tem um potencial exatamente conhecido, constante e independente da composição da solução do analito. Eletrodos de referência de calomelano Hg Hg2Cl2 (saturado), KCl (x mol/L) onde: x representa a concentração de KCl: 0,1 mol/L, 1,0 mol/L ou cerca de 4,6 mol/L (saturado) ECS (eletrodo de calomelano saturado) - potencial é de 0,244 V a 25ºC A reação da meia-célula de calomelano é: Hg2Cl2 (s) +2 e - Hg (l) + 2 Cl - (aq) Profa.Valéria Regina Bellotto Eletrodos de referência • Eletrodo de Calomelano Saturado (Hg/Hg2Cl2) - ECS Representação: Hg|Hg2Cl2 (sat), KCl (saturado)|| Pt Hg Hg2Cl2 Fibra (KCl saturado) Junção Líquida E0 depende de x Eletrodo comercial • Eletrodo prata /cloreto de prata (Ag/AgCl) Semi-reação: AgCl (s) + e- Ag(s) + Cl- E0= +0,199V, (célula saturada com KCl) Ag Ag/AgCl KCl (x mol L-1) Junção Líquida Representação: Ag| AgCl(sat), KCl(sat) || Eletrodos de referência Eletrodo comercial Potenciometria Profa.Valéria Regina Bellotto 3. Eletrodos indicadores Devem responder de forma rápida e reprodutível a variações na concentração de um analito. TRÊS TIPOS: METÁLICOS DE MEMBRANA BASEADOS EM TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO SELETIVO À ÍONS 3. Eletrodos indicadores Profa.Valéria Regina Bellotto • Eletrodo de membrana de vidro • Eletrodo de membrana líquida • Eletrodo de membrana sólida • Eletrodo de membrana sensível a gases • Eletrodo de primeiro tipo • Eletrodo de segundo tipo •Eletrodo de terceiro tipo • Eletrodo redox (inerte) Metálicos Membrana Eletrodos Metálicos Eletrodos de primeiro tipo ( classe 1) Feito de um metal puro que está em equilíbrio direto com seu cátion em solução X n+(aq) + ne - X(s) Profa.Valéria Regina Bellotto Desenvolvem um potencial elétrico em resposta a uma reação redox que se passa na superfície do eletrodo (metal). Eletrodos Indicadores • Metálicos 1Tipo: Limitações: não são muito seletivos alguns somente podem ser utilizados em soluções neutras devido a facilidade de oxidação, alguns metais somente poder ser utilizados com soluções desaeradas. Certos metais (Ex: Fe, Co e Ni) não apresentam potenciais reprodutíveis. Sistemas de eletrodo de primeiro tipo que podem ser utilizados na prática: Ag/Ag+ e Hg/Hg2+ em soluções neutras Zn/Zn2+, Cd/Cd2 (soluções neutras ou alcalinas e desaeradas); Cu/Cu2+, +, Bi/Bi3+, Tl/Tl+, e Pb/Pb2+ (soluções desaeradas). Eletrodos Indicadores Titulação de Ag+ com KSCN utilizando o eletrodo de Ag para determinar as concentrações dos íons Ag+. AgAg/Agind alogn 05912,0 EE Ag+ KSCN Potenciometria Eletrodos de segundo tipo ( classe 2) Os eletrodos metálicos também respondem a atividade de ânions que formam precipitados pouco solúveis ou complexos estáveis com tais cátions. Ex.: Eletrodo indicador de prata para determinação de Cl- Profa.Valéria Regina Bellotto Potenciometria Ex: Eletrodo de mercúrio - Eletrodo indicador em titulações com EDTA Profa.Valéria Regina Bellotto K HgY 2- = 6,3 x 1021 Eletrodos de terceiro tipo Os eletrodos metálicos podem , sobre determinadas circusntâncias, respondem a atividade de um cátion diferente do metal de que é feito o eletrodo. Ex: eletrodo de Hg pode ser usado para determinação de pCa em soluções contendo íons cálcio. Empregado em titulações de Ca com EDTA. Neste caso o eletrodo de Hg se torna um eletrodo de terceiro tipo para o íon cálcio. Potenciometria Eletrodos metálicos inertes para sistemas redox Vários condutores inertes respondem a sistemas redox. Ex: platina, ouro, paládio. O eletrodo de platina, por exemplo, é um indicador conveniente em titulações envolvendo soluções padrão de cério (IV) Potencial do eletrodo deplatina em uma solução contendo cério (III) e cério (IV) Profa.Valéria Regina Bellotto É importante destacar, entretanto, que os processos de transferência de elétrons nos eletrodos inertes ferquentemente não são reversíveis. Como consequência, os eletrodos inertes não respondem da forma prevista a muitas das semi-reações encontradas em uma tabela de potencial eletródico. Ex: um eletrodo de platina imerso em uma solução contendo os íons tiossulfato e tetrationato não desenvolve um potencial reprodutível, porque o processo de transferência de elétrons é lento e , portanto, não reversível na superfície do eletrodo. Potenciometria Profa.Valéria Regina Bellotto Eletrodos indicadores de membrana ( íons seletivos) ( ISE) • Eletrodos de Membrana não-cristalinos • Vidro (silicatos para H+ e Na+) • Líquido (trocadores de íons para Ca2+ e carregadores neutros para K+) • Líquido imobilizado em polímero rígido (cloreto de polivinila para Ca2+ e NO3 -) • Eletrodos de Membrana Cristalinos • Monocristal (LaF3 para F -) • Policristalino ou de cristais mistos (Ag2S para S 2- e Ag+) Propriedades das membranas íon-seletivas • Solubilidade mínima • Condutividade elétrica pequena (migração de íons) • Reatividade seletiva ao analito (troca iônica, cristalização e complexação) Potenciometria Potenciais de membrana Ei = E1 –E2 = 0,0592 log a1 a2 Potencial de interface a2 é mantido constante, então: Ei =L’ + 0,0592 log a1 = L’ - 0,0592 pH Potencial de assimetria gera erro sistemático Correção - calibração com uma ou mais soluções padrões Potenciometria Eletrodo de vidro para outros cátions A incorporação de Al2O3 ou B2O3 ao vidro permitem a determinação de outros cátions, além do H+. Os eletrodos de vidro para Na+, Li+, NH4 + e concentrações totais de cátions monovalentes estão disponíveis comercialmente. Eletrodo de membrana líquida Trocador iônico (fosfato dialquil-cálcio) insolúvel em água preenche os poros de um disco hidrofóbico Na interface: Ex.: eletrodo de cálcio de membrana líquida Eletrodo de membrana líquida Ex.: eletrodo de cálcio de membrana líquida Potenciometria Alguns dos eletrodos de membrana líquida disponíveis comercialmente. Potenciometria Eletrodo de membrana cristalina Membranas sólidas que são seletivas a ânions Membranas preparadas a partir de pequenas pastilhas moldadas de haleto de prata tem sido empregadas em eletrodos para determinação seletiva dos íons cloreto, brometo e iodeto. Membrana policristalina de Ag2S para determinação de íons sulfeto - disponível comercialmente. Em ambos os tipos de membrana os íons prata são suficiente móveis para conduzir eletricidade através do meio sólido. Os íons divalentes não se movem nos cristais. Misturas de PbS, CdS e CuS com Ag2S fornecem membranas que são sensíveis a Pb2+, Cd2+ e Cu2+ , respectivamente Um eletrodo cristalino para íons fluoreto também está disponível comercialmente. Potenciometria Sondas sensíveis a gases É uma célula galvânica cujo potencial está relacionado à concentração da espécie gasosa em solução. Sondas sensíveis a gases Composição da membrana Membrana microporosa fabricada com um polímero hidrofóbico. Esta membrana permite a livre passagem de gases; ao mesmo tempo o polímero previne que a água e os íons do soluto penetrem nos poros. Espessura da membrana : cerca de 0,1 mm. Mecanismo de resposta Ex: CO2 O último equilíbrio provoca uma mudança no pH da solução interna. Esta variação é detectada pelo sistema eletrodo de vidro/calomelano interno. Potenciometria 4. Potenciometria direta 4.1 Método de calibração de eletrodos -Calibração externa -Adição de padrão (1) (2) (susbtituindo 2 em 1 , com rearranjos) Equações relevantes Para cátions Para ânions ( o sinal da equação anterior se inverte) Resolvendo as equações para E célula Para cátions Para ânions Método de calibração externa No método de calibração de eletrodo, K presente nas equações do slide anterior é determinada pela medida de E célula para uma ou mais soluções padrões de pX ou pA conhecidos. Considera-se que o K não varia quando o padrão é substituído pela solução do analito. Isto resulta em erro, pois a composição eletrolítica da solução desconhecida quase sempre difere daquela da solução de calibração; o que representa uma desvantagem séria do método de calibração. Este erro não pode ser eliminado. Mas, pode ser minimizado. Atividade vs Concentração A resposta do eletrodo está relacionada à atividade do analito em vez de sua concentração. Se a amostra desconhecida tem uma força iônica elevada, a concentração dos íons irá diferir consideravelmente da atividade da medida. Uma maneira de converter medidas potenciométricas envolvendo atividade para concentração consiste em fazer uma curva analítica empírica, como a mostrada no slide a seguir. Para que esta abordagem tenha sucesso, é necessário fazer que a composição iônica dos padrões seja essencialmente a mesma da solução contendo o analito. Um tampão de ajuste total da força iônica (TISAB) é empregado para controlar a força iônica e o pH de amostras e padrões em medidas com eletrodos íon-seletivos. Método de adição de padrão O método da adição de padrão envolve a determinação do potencial de eletrodo antes e depois da adição de um volume medido de um padrão a um volume conhecido da solução contendo o analito. Adições múltiplas podem ser feitas. Potenciometria 4.2. Medidas de pH Definição operacional de pH (Endossada pelo NIST norte-americano, organizações similares em outros países e pela IUPAC) Baseia-se na calibração direta do medidor com soluções padrão cuidadosamente prescritas, seguida pela determinação potenciométrica do pH de soluções desconhecidas. Calibração do Eletrodo de vidro O eletrodo de vidro está sujeito ao potencial de assimetria, devido à tensão física do vidro e, sendo assim, é necessário calibrar regularmente este sensor. Titulações potenciométricas Ex.: Determinação de cloreto em água por titulação com nitrato de prata Substituído neste caso por eletrodo de Ag+/S2- Fornecem dados mais confiáveis que aqueles gerados por titulações que empregam indicadores químicos. Potenciometria Titulações de formação de complexos Ex.: titulações com EDTA usando-se eletrodo de mercúrio como indicador. Titulações de neutralização •Bastante útil na titulação de misturas de ácidos ou de ácido polipróticos, sendo isto válido para as bases também. •Determinação das constantes de dissociação Titulações de oxidação-redução Um eletrodo indicador inerte de platina é normalmente utilizado para detectar o ponto final das titulações. Detecção do ponto final Detecção do ponto final - diversas abordagens (métodos) • Mais simples- envolve um gráfico direto do potencial em função do volume do reagente titulante. Estima- se, então, visualmente o ponto de inflexão na porção mais vertical da curva e toma-se este como o ponto final da titulação. • 2ª abordagem – 1ª derivada numérica da curva de titulação. No caso do exemplo citado aqui, o gráfico com os dados da1ª derivada, em função do volume, produz uma curva com um máximo que corresponde ao ponto de inflexão Detecção do ponto final - diversas abordagens (métodos) Obs: Titulação simétrica: ponto de máxima inclinação coincide com o ponto de equivalência.Curvas de titulação assimétrica: semi-reações do analito e do titulante envolvem números diferentes de elétrons, um pequeno erro ocorre se o ponto de inclinação máxima for empregado. • 3ª abordagem – 2ª derivada numérica da curva de titulação. A segunda derivada dos dados altera o sinal no ponto de inflexão. O ponto no qual a 2º derivada passa pelo zero é o ponto de inflexão, que é tomado como o ponto final da titulação. Detecção do ponto final - diversas abordagens (métodos) Exercícios: 1) Calcule o potencial das seguintes células ( em cada caso, considere que as atividades são aproximadamente iguais às concentrações molares e que a temperatura é 25°C). a) ECS Fe3+ (0,0150 mol/L) Fe2+ ( 0,0222V) Pt b) ECS Zn2+ (0,00165 mol/L) Zn 2) Verificou-se que um sistema de eletrodos vidro/calomelano desenvolve um potencial de -0,0412 V quando usado com tampão de pH 6. Com uma solução desconhecida, o potencial registrado foi de -0,2004V. Calcule o pH desta solução desconhecida. Potenciometria Bibliografia BASSET, J.; DENNEY ,R.C.; JEFFERY, G.H.; MENDHAM, J. VOGEL – Análise Inorgânica Quantitativa. 4ªedição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1981. SKOOG, D.A.; WEST, D.M.; HOLLER, F.J.. Fundamentals of Analytical Chemistry. 7 th Edition. Fort Worth:Saunders College Publishing., 1996. SKOOG, D.A.; WEST, D.M.; HOLLER, F.J.; CROUCH, S.R.. Fundamentos de Química Analítica. Tradução da 8ª edição norte- americana. São Paulo:Thomson Learning., 2006. capítulo 21 pag 553- 595
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