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Penal 5

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DIREITO PENAL – PONTO 05
Teoria do tipo. O tipo do crime doloso e o tipo do crime culposo. Crime qualificado pelo resultado e crime preterdoloso. Erro de tipo. Classificação jurídica dos crimes. Crimes comissivos e crimes omissivos. Crimes de dano e de perigo. Punibilidade: causas de extinção da punibilidade. Iter criminis. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior. Crime impossível. Crimes hediondos (Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990). 
Atualizado por MARCELO FREIRE LAGE em 27/08/2012
	TIPO PENAL
	Tipo é o modelo, o padrão de conduta que o Estado, por meio de seu único instrumento – a lei – visa a impedir que seja praticada, ou determina que seja levada a efeito por todos nós.
	Tipo penal: é um instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes (Zaffaroni). Assim, o Estado descreve, precisamente, o modelo de conduta que quer proibir, sob pena de quem lhe desobedecer ser punido de acordo com as sanções previstas em seu preceito secundário. Se alguém adotar determinada conduta que se amolde perfeitamente àquele tipo, estaremos diante da tipicidade.
	Tipicidade: corresponde à subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador.
	Tipicidade formal: mera adequação da conduta ao tipo penal. Essa adequação deve ser perfeita, sob pena de o fato ser considerado formalmente atípico. Assim, se houver conduta parecida com aquela descrita no tipo, não haverá crime. 
	Tipicidade conglobante: conduta antinormativa (contrária à norma penal), não imposta ou fomentada pela norma e não ofensiva a bens de relevo para o Direito Penal (tipicidade material).
	
	Ex: o art. 121 do CP diz ser proibido matar. No entanto, a proibição nele prevista não se dirige a todos, devendo ser excetuada com relação àqueles que têm o dever de matar. No confronto entre a proibição e uma imposição (norma que determina que o carrasco execute a sentença de morte), deve-se concluir que a proibição de matar, nos casos em que a lei prevê, não se dirige ao carrasco. Portanto, sua conduta não seria antinormativa, contrária à norma, mas de acordo, imposta por ela.
	
	O conceito de antinormatividade – e, por conseguinte, de tipicidade conglobante - esvazia um pouco as causas de exclusão de ilicitude relacionadas ao estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de um direto.
	Tipicidade material: consiste em critério que afere a importância do bem no caso concreto, a fim de que possamos concluir se aquele bem específico merece ou não ser protegido pelo Direito Penal. Relaciona-se diretamente ao princípio da intervenção mínima. Este preceitua que a finalidade do Direito Penal é a proteção dos bens mais importantes existentes na sociedade, como a vida, a integridade física, o patrimônio, etc. (princípio da lesividade – adequação social – intervenção mínima – fragmentariedade - insignificância)
	Adequação típica: ocorre quando a conduta do agente se amolda perfeitamente ao tipo penal. Há 2 espécies:
	Adequação típica de subordinação imediata ou direta: ocorre quando tal adequação se dá de maneira perfeita à descrição do tipo. Ex: homicídio (art. 121 do CP). 
	Adequação típica de subordinação mediata ou indireta: ocorre quando o agente, embora atue com vontade de praticar a conduta proibida por determinado tipo incriminador, pratica conduta que não se subsume perfeitamente ao tipo penal. Ex: tentativa de homicídio – se João atirar várias vezes e não matar, embora o desejasse, não haverá perfeita adequação ao art. 121. 
	Para que se possa obter a tipicidade em casos de adequação típica de subordinação mediata ou indireta, deve-se utilizar as chamadas normas de extensão, que são capazes de ampliar o tipo penal, abrangendo hipóteses não expressamente previstas pelo legislador. Ex: art. 14 (tentativa), art. 29 (concurso de pessoas).
	O art. 29 do CP também é uma norma de extensão, uma vez que responderão pela mesma infração todos aqueles que, de qualquer modo, para ela tiverem concorrido, mesmo que não tenham praticado a conduta descrita no núcleo do tipo. Ex: haverá adequação típica no crime de furto não só daquela conduta pelo agente que ingressou na residência da vítima e efetuou a subtração de seus bens móveis, como também daquele que, na função de vigia, permaneceu do lado de fora com a finalidade de dar o alarme se alguém por ali aparecesse (adequação típica de subordinação mediata).
	FASES DA EVOLUÇÃO DO TIPO
	Podem ser destacadas três fases de evolução do tipo:
	
Fase I – Caráter puramente descritivo; Belling – tatbestand​ – tipo puramente descritivo, sem qualquer conteúdo valorativo.
	
Fase II – Teoria da ratio cognoscendi: tipo com caráter indiciário da ilicitude. É majoritária.
	
Fase III – Teoria da ratio essendi - tipo total - passou a ser a própria razão de ser da ilicitude. Fusão entre fato típico e antijuridicidade
	Teoria dos elementos negativos do tipo: decorre da teoria da ratio essendi. Se a conduta não for ilícita, não será típica. Não se fala em caráter indiciário. Existe um tipo total, ou seja, um tipo que deve ser entendido juntamente com a ilicitude da conduta. Haveria, assim, uma fusão do tipo com a ilicitude, de modo que se faltar esta última, ou seja, se o agente atuar amparado por uma causa de justificação, deixará de existir o próprio fato típico. Converte as tradicionais causas de justificação em elementos negativos do tipo.
	Ex: legítima defesa. Para Welzel, primeiro concluímos pelo fato típico, depois analisamos se há antijuridicidade. Para a teoria dos elementos negativos, a análise é conjunta, pois o tipo é total.
	Injusto penal (injusto típico): significa que o fato típico e a antijuridicidade foram objeto de exame, restando agora ser realizado somente o estudo da culpabilidade do agente. O injusto, portanto, é a conduta já valorada como ilícita. A análise se faz em separado: primeiro o fato típico, depois a ilicitude.
	TIPO BÁSICO E TIPOS DERIVADOS
	Tipo básico: é a forma mais simples de descrição da conduta proibida ou imposta pela lei penal. Ex: art. 121, caput.
	Tipo derivado: é a descrição que decorre do tipo básico, podendo diminuir ou aumentar a reprimenda prevista naquela forma mais simples. Ex: 121, §§ 1º e 2º – homicídio privilegiado e qualificado.
	TIPOS NORMAIS E TIPOS ANORMAIS
	
	Trata-se de distinção que fazia sentido para a teoria causal. 
	Tipo normal: aquele que continha apenas elementos objetivos (descritivos) 
	Tipo anormal: aquele que, além dos elementos objetivos, continha elementos subjetivos e normativos. Ex: “com o fim de”, “com o intuito de” - seriam todos tipos anormais.
	Hoje, tal discussão não faz sentido, pois a teoria da ação final entende que o dolo e a culpa estão na conduta, logo fazem parte do fato típico, de modo que todo tipo penal contém elementos subjetivos (tipo complexo), mesmo que não sejam tão evidentes quanto naqueles que contêm as expressões acima destacadas.
	TIPOS FECHADOS E TIPOS ABERTOS
	Tipos fechados: possuem a descrição completa da conduta proibida pela lei penal. Ex: art. 121, caput – matar alguém.
	Tipos abertos: em determinadas situações, por impossibilidade de prever e descrever todas as condutas possíveis de acontecer, o legislador criou tipos cuja descrição não é completa ou precisa. Ex: delitos culposos . Crimes omissivos impróprios (art. 13, § 2º).
	TIPOS CONGRUENTES E TIPOS INCONGRUENTES
	Tipos congruentes: ocorrem quando a parte subjetiva da ação se corresponde com a parte objetiva. Ex: tipos dolosos, homicídio, lesões corporais simples, violação de domicílio, etc. Nestes, quando o elemento subjetivo se esgota, confunde-se com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo.
	Tipos incongruentes: ocorrem quandoa lei estende o tipo subjetivo mais além do tipo objetivo, ou nos casos (mais escassos) em que se restringe o tipo subjetivo frente ao objetivo. Ex1: delitos de motivo, propósito, tendência: art. 159 – extorsão mediante seqüestro (tipo subjetivo além do objetivo, pois o agente atua impelido por um fim especial de obter qualquer vantagem como condição ou preço do resgate). Ex2: crimes preterdolosos (tipo subjetivo inferior ao tipo objetivo).
	Tipo complexo: à época da teoria causal, o tipo penal se aperfeiçoava com a presença unicamente de elementos objetivos. Com a teoria finalista, com dolo e culpa no fato típico, o elemento subjetivo passa a estar presente no tipo. O tipo complexo significa a fusão dos elementos objetivos com elementos de natureza subjetiva.
	Elementares: são dados essenciais à figura típica, sem os quais ocorre uma atipicidade absoluta ou uma atipicidade relativa.
	Atipicidade absoluta: o fato praticado pelo agente se torna um indiferente penal. 
	Atipicidade relativa (ou desclassificação): ocorre a desclassificação do fato para uma outra figura típica. Ex: servidor público que não se vale do cargo para furtar computador. Não há peculato-furto, mas apenas furto.
	Elementos que integram o tipo
	Elementos objetivos do tipo: servem à descrição da ação, do objeto da ação e, sendo o caso, do resultado, das circunstâncias externas do fato e da pessoa do autor. Podem ser:
	I – Elementos descritivos: traduzem o tipo penal.
	II – Elementos normativos: criados e traduzidos por norma ou que, para sua efetiva compreensão, necessitam de uma valoração por parte do intérprete. Recai sobre eles um juízo de valor.
	Elemento subjetivo do tipo: o dolo é, por excelência, o elemento subjetivo do tipo. É o elemento anímico, referente à vontade do agente. Há ainda elementos subjetivos especiais, como o chamado especial fim de agir. Ex: art. 159 – seqüestrar pessoa com o fim de obter qualquer vantagem. 
	Note-se que o dolo se esgota com a consciência + vontade de realizar a ação com o fim de obter o resultado delituoso, ao passo que o especial fim de agir vai além disso.	
	Cezar Bittencourt fala em delitos de intenção, delitos de tendência, especiais motivos de agir e momentos especiais de ânimo.
	Delitos de intenção: requerem um agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior atividade, distintos da realização do tipo penal. Gera os delitos de resultado cortado (ex: extorsão mediante sequestro) e os mutilados de dois atos (ex: quadrilha).
	Delitos de tendência: nesses crimes, não é a vontade do autor que determina o caráter lesivo do acontecer externo, mas outros extratos específicos, inclusive inconscientes. Ex: crimes contra a honra (propósito de ofender); crime do art. 212 (propósito de ultrajar).
	Especiais motivos de agir: encontram-se, frequentemente, fora do tipo penal específico, sem qualquer valoração dogmática, que, por tal razão, somente poderão ser valorados quando da dosimetria penal. Ex: motivo torpe, motivo fútil, motivo nobre, relevante valor social ou moral.
	Momentos especiais de ânimo: características como sem escrúpulos, sem consideração, satisfazer instinto sexual, assinalam “estados anímicos especiais” que não constituem grau de responsabilidade pessoal pelo fato, e, por isso, os inimputáveis podem agir com essas características especiais de ânimo.
	A crítica que se faz à excessiva utilização pelo legislador de categorias subjetivadoras da descrição típica é que se trata de uma forma disfarçada de ultrapassar, com roupagem de legitimidade, os limites taxativos do princípio da reserva legal.
	
	Elementos específicos dos tipos penais
	a) Núcleo do tipo: é o verbo que descreve a conduta proibida pela lei penal. Se houver mais de um verbo, é um crime de ação múltipla.
	b) Sujeito ativo: é aquele que pode praticar a conduta descrita no tipo. Há crimes comuns, próprios e de mão própria. A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo em crime ambiental, desde que responsabilizada juntamente com uma pessoa natural.
	c) Sujeito passivo: pode ser formal ou material. Sujeito passivo formal é o Estado. Sujeito passivo material é o titular do bem ou interesse juridicamente tutelado sobre o qual recai a conduta criminosa (que pode ser, em alguns casos, o Estado também). 	A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de crimes, desde que compatível com sua natureza. Ex: furto – o seu patrimônio móvel pode ser subtraído. Contudo, a injúria não é possível, pois a PJ não tem honra subjetiva.
	d) Objeto material: é a pessoa ou coisa contra a qual recai a conduta criminosa do agente. Ex: furto – objeto material é a coisa alheia móvel subtraída pelo agente. Homicídio – o corpo humano. Não confundir com objeto jurídico (bem tutelado).
	Funções do tipo: garantidora, fundamentadora e selecionadora.
	
	Função garantidora: só o que o tipo proíbe é ilícito, o que é uma garantia ao cidadão.
	Função fundamentadora: se, por um lado, garante os direitos do cidadão, por outro o tipo fundamenta o ius puniendi do Estado. 
	Função selecionadora: o tipo seleciona as condutas que deverão ser proibidas ou impostas pela lei penal, sob a ameaça de sanção. Nesta seleção, em atenção aos princípios da intervenção mínima, da lesividade e da adequação social, o legislador traz para o âmbito do Direito Penal a proteção somente dos bens de maior importância.
	TIPO DOLOSO
	
	Dolo é a vontade e a consciência dirigidas a realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. É formado por um elemento intelectual (consciência) e um elemento volitivo (vontade).
	Consciência: significa o agente saber exatamente aquilo que faz (conduta descrita no tipo objetivo), para que se lhe possa atribuir o resultado lesivo a título de dolo. A consciência, porém, não significa que o agente conhece o tipo penal previsto na lei. Basta que conheça a situação social objetiva, isto é, os elementos que compõe aquele tipo.
	Vontade: constitui influência na ação, ao passo que o desejo é mera atitude emotiva carente de eficácia no mundo exterior. A vontade ocorre apenas quando o sujeito quer o resultado delitivo como consequência de sua própria ação e se atribuiu alguma influência em sua produção.
	O dolo no CP: a regra é a de que todo crime é doloso, somente punindo-se o crime culposo se houver previsão expressa na lei. Ex: crime de dano – só se prevê a figura dolosa.
	Destacam-se 4 teorias (CP adotou teorias do assentimento e da vontade):
	I – Teoria da vontade: o dolo seria tão-somente a vontade livre e consciente de querer praticar a infração penal, isto é, de querer levar a efeito a conduta prevista no tipo penal incriminador.
	II – Teoria do assentimento (consentimento): preconiza que atua com dolo quem, antevendo possível resultado lesivo com a prática de sua conduta, mesmo não o querendo de forma direta, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco de vir a produzi-lo. Exige não apenas o conhecimento ou a previsão de que a conduta e o resultado típicos podem realizar-se, mas também que o agente se ponha de acordo com isso ou na forma de conformar-se ou de aceitar ou de assumir o risco de sua produção.
	III – Teoria da representação: para esta teoria, há dolo sempre que o agente previr o resultado como possível e, ainda assim, decidir pela continuidade de sua conduta. Assim, basta prever o resultado para que haja dolo. Dessarte, para a teoria da representação não há distinção entre dolo eventual e culpa consciente.
	IV – Teoria da probabilidade: estabelece variações entre probabilidade e possibilidade para perquirir acerca de dolo eventual ou imprudência consciente. Ou seja, se o sujeito considera provável a produção do resultado, há dolo eventual. Se considerar possível, há imprudência consciente ou com representação. Baseia-se em dados estatísticos.
	CP: adotou as teorias da vontade e do assentimento. Para o CP, age dolosamente aqueleque, diretamente, quer a produção do resultado, bem como aquele que, mesmo não o desejando de forma direta, assume o risco de produzi-lo. A simples representação mental do resultado não poderá fazer com que o agente seja responsabilizado dolosamente, uma vez que deve, no mínimo, aceitá-lo, não se importando com sua ocorrência.
	Espécies de dolo: dolo direto e dolo indireto.
	Dolo direto: ocorre quando o agente quer, efetivamente, cometer a conduta descrita no tipo, nos termos do art. 18, I, do CP. É o dolo por excelência. Pode ser de 1º ou de 2º grau.
	Dolo direto de 1º grau e Dolo direto de 2º grau
	
	A fase interna de realização da ação é relevante para diferenciar o dolo direto de 1º grau do de 2º grau. 
	
Conforme ensina Cezar Bitencourt, o dolo direto em relação ao fim proposto e aos meios escolhidos é classificado como de primeiro grau. Em relação aos efeitos colaterais, representados como necessários, o dolo é de segundo grau.
	Exemplo: terrorista quer matar autoridade, colocando explosivo no avião. Nesse caso, não somente ocorre a morte da autoridade, mas também de todas as outras pessoas que estavam no voo. O dolo referente à autoridade pública poderá ser considerado direto de primeiro grau, pois a conduta do terrorista foi dirigida finalisticamente a causar-lhe a morte. Com relação às demais pessoas que estavam a bordo do avião, o terrorista sequer as conhecia, como também sequer sabia o número exato de passageiros. Contudo, em razão do meio por ele selecionado a fim de causar a morte da autoridade pública, ou seja, o explosivo colocado na aeronave, o resultado morte com relação a todas as outras pessoas passou a ser considerado como certo. Trata-se de efeito colateral.
	Ou seja, a certeza com relação aos efeitos concomitantes ou colaterais faz com que o dolo do agente seja tido como direto. Contudo, será classificado como de segundo grau, pois que a finalidade primeira não era a de causar a morte dos demais passageiros, que o agente sequer conhecia. Entretanto, em razão do meio selecionado, a morte dos demais também era tida como certa.
	Conclui-se, assim, que a morte de todos foi querida pelo agente, como conseqüência necessária do meio escolhido. Em relação à vítima visada, o dolo foi direto de primeiro grau; em relação às demais, o dolo foi direto de segundo grau. 
	Dolo direto de 2º grau x dolo eventual: no dolo direto de 2º grau, o resultado é certo, sua consequência é necessária, ainda que não querida, ao passo que no dolo eventual, o resultado é aceito pelo agente, porém não há certeza quanto à sua ocorrência.
	
	Dolo indireto: pode ser dividido em dolo alternativo e dolo eventual.
	Dolo alternativo: apresenta-se quando o aspecto volitivo do agente se direciona, de maneira alternativa, seja em relação ao resultado ou em relação à pessoa contra a qual o crime é cometido. Quando disser respeito ao resultado, fala-se em alternatividade objetiva. Quando se referir à pessoa, fala-se em alternatividade subjetiva.
	Dolo eventual: ocorre quando o agente, embora não querendo praticar diretamente a infração penal, não se abstém de agir e, com isso, assume o risco de produzir o resultado que por ele já havia sido previsto e aceito.
	
	Dolo geral (hipótese de erro sucessivo): ocorre quando o agente, julgando ter obtido o resultado intencionado, pratica segunda ação com diverso propósito e só então é que efetivamente o dito resultado se produz. Ex: agente desfere vários golpes de faca na vítima. Supondo-a morta, joga o seu corpo no rio, vindo esta, na realidade, a falecer por afogamento.
	Assim, se houve dolo de matar ao efetuar os golpes na vítima, o agente deverá responder por homicídio doloso, mesmo que o resultado morte advenha de outro modo que não aquele pretendido pelo agente (aberratio causae).
	Dolo genérico e dolo específico
	Distinção que fazia sentido para a teoria natural da ação. Dolo genérico era aquele em que no tipo penal não havia indicativo algum do elemento subjetivo do agente, ao passo que dolo específico era aquele que no tipo penal podia ser identificado o especial fim de agir.
	Contudo, uma vez adotada a teoria finalista da ação, tal distinção não faz mais sentido, pois em todo tipo penal há uma finalidade que o difere de outro, não importando se tal ação é mais ou menos evidenciada no tipo penal.
	Dolo normativo (dolus malus)
	Para os adeptos da teoria causal, a culpabilidade contém dolo e culpa. No dolo, haveria um elemento de natureza normativa, qual seja, a consciência sobre a ilicitude do fato. Assim, por existir um elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato), esse dolo causalista é conhecido como dolo normativo.
	Dolo subsequente
	
	Também conhecido como dolo consecutivo. Corresponde à situação em que o agente produz um resultado sem dolo ou culpa, mas, após verificar o resultado, se alegra com este ou aceita sua produção. Ex: matar por descuido um inimigo e se alegrar depois disso. Não gera responsabilização.
	Dolo e crime de perigo: 
	Os crimes de perigo, abstrato ou concreto, constituem uma antecipação da punição levada a efeito pelo legislador, a fim de que o mal maior, o dano, seja evitado.
	A maioria da doutrina diz que deve haver dolo nas infrações de perigo, pois não há ressalva de crime culposo, conforme determina o art. 18, parágrafo único, do CP. Na verdade, porém, em muitas situações, aquilo que identificamos como um dolo de perigo acaba se confundindo com a inobservância do dever objetivo de cuidado, característica dos crimes culposos.
	TIPO CULPOSO
	A conduta humana que interessa ao Direito Penal só pode ocorrer a título de dolo ou culpa. Se não houver dolo ou culpa, o fato será atípico. O Brasil adotou o modelo numerus clausus: só há crime culposo se o tipo o previr especificamente.
	Crime culposo: é a conduta humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado (Mirabete). De acordo com essa definição, devemos conjugar SEIS elementos:
	a) Conduta humana voluntária (comissiva ou omissiva)
	b) Inobservância de um dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia)
	c) Resultado lesivo não querido, tampouco assumido, pelo agente
	d) Nexo de causalidade entre a conduta do agente que deixa de observar o seu dever de cuidado e o resultado lesivo dela advindo
	e) Previsibilidade
	
	A doutrina diferencia previsibilidade objetiva (homem médio) e previsibilidade subjetiva (situação concreta do agente – ex: leva em conta a profissão).
	f) Tipicidade
	Deve haver previsão legal expressa para essa modalidade de infração (art. 18, parágrafo único). Ao considerar-se a tipicidade, deve ser levada em conta também a tipicidade material.
	CRIME CULPOSO – conduta voluntária, sem observar dever de cuidado, nexo de causalidade, produção de resultado naturalístico, previsível e tipicidade
	Imprudência, negligência e imperícia
	Imprudente é a conduta positiva praticada pelo agente que, por não observar o seu dever de cuidado, causa o resultado lesivo que lhe era previsível. Ex: motorista em velocidade excessiva.
	Negligência é deixar de fazer o que a diligência normal impunha. Ex: não consertar os freios.
	Imperícia diz respeito à inaptidão, momentânea ou não, do agente para o exercício de arte, profissão ou ofício. Está ligada, basicamente, à atividade profissional do agente. Ex: cirurgião plástico que, durante um ato cirúrgico, pode praticar atos que, naquela situação específica, conduzam à imperícia. O mesmo pode ocorrer com motorista experiente em relação a determinada manobra na qual não atuou com sua reconhecida habilidade.
	Crime culposo e tipo aberto
	Os crimes culposos são considerados tipos abertos, pois não há uma definição típica completa e precisa para que se possa adequar a condutado agente ao modelo abstrato previsto na lei. Diante disso, devem ser complementados por via judicial ou doutrinária. 
	Culpa consciente e culpa inconsciente: o crime culposo é caracterizado pela previsibilidade da conduta. 
	Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado, que era previsível.
	Culpa consciente: o agente prevê o resultado.
	Culpa consciente x Dolo eventual: na culpa consciente, o agente, embora preveja o resultado, acredita sinceramente na sua não-ocorrência (não quer o resultado). No dolo eventual, embora o agente não queira o resultado, assume o risco de vir a produzi-lo. O agente não quer produzir o resultado, mas, se este vier a acontecer, pouco importa.
	Culpa imprópria (na verdade, se trata de dolo)
	
	Ocorre nas chamadas descriminantes putativas: situações em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo. Note-se que, nessas situações, há o dolo, mas não a culpabilidade dolosa.
	Art. 20, § 1º: É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
	Situação: legítima defesa putativa. Se o erro for inevitável (escusável), o agente ficará isento de pena. Se for evitável (inescusável), deverá responder pelo crime a título de culpa (imprópria). 
	Na culpa imprópria, é possível a tentativa. Isso porque a conduta é dolosa, só que punida com as penas correspondentes ao crime culposo.
	Compensação e concorrência de culpas
	
	Compensação de culpas: não é admitida.
	Concorrência de culpas: é possível. Em virtude dessa situação, o comportamento do agente/vítima será levado em consideração quando da análise das circunstâncias judiciais, previstas no art. 59 do CP.
	Culpa presumida: não se pode falar em presunção de culpa no Direito Penal. O tipo penal de um delito culposo é um tipo aberto, sendo que, na análise do caso concreto, o juiz deve verificar se a conduta levada a cabo pelo agente infringe seu dever de cuidado objetivo, bem como se era previsível o resultado lesivo ocorrido, para somente depois concluir ou não pela sua culpa.
	Tentativa e crime culposo: não é possível, salvo na culpa imprópria. A conduta do crime culposo é dirigida a um fim lícito, porém, em razão da inobservância de um dever objetivo de cuidado, dá causa a um resultado previsível tipificado na norma penal. 
	Agravação pelo resultado: reza o art. 19 do CP que pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
	A finalidade deste artigo é afastar a responsabilidade penal sem culpa (objetiva), que vigia no CP anterior, evitando-se, dessa forma, que o agente responda por resultados que sequer ingressaram na sua órbita de previsibilidade. É o que se denota, inclusive, da exposição de motivos do CP.
	CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO	
	Atualmente, ocorre o crime qualificado pelo resultado quando o agente atua com dolo na conduta e dolo quando do resultado qualificador, ou dolo na conduta e culpa no resultado qualificador. Ou seja, é DOLO-DOLO ou DOLO-CULPA. Apenas os últimos são preterdolosos, de maneira que nem todo crime qualificado pelo resultado é preterdoloso, mas todo crime preterdoloso é qualificado pelo resultado.
	Ex1: (dolo-dolo): lesão corporal qualificada pela perda ou inutilização de membro, sentido ou função. Ex2: (dolo-culpa): lesão corporal qualificada pelo resultado aborto. Para que se possa imputar tal resultado qualificador, é preciso que ele não tenha sido querido diretamente e nem assumido o risco de produzi-lo, pois, caso contrário, o agente responderá pelo crime de aborto, e não pelo de lesão corporal gravíssima. Além disso, é necessário que a gravidez da vítima entre na esfera de conhecimento do agente, para que, agindo com dolo de causar-lhe lesão, o resultado qualificador possa ser-lhe atribuído.
	Portanto, o agente deve conhecer a gravidez no exemplo. Se não fosse assim, responderia objetivamente pelo resultado. Se não conhece a gravidez, não há sequer culpa.
	Para que se atribua o resultado qualificador ao agente, é preciso que este, embora previsível, não tenha sido previsto pelo agente. Ex: dunas de cabo frio x pedras do Arpoador.
	Crítica aos crimes preterdolosos: há uma série de crimes preterdolosos no ordenamento, o que contraria a necessidade de previsão expressa de crime culposo.	
	ERRO DE TIPO
	
	Erro: é a falsa representação da realidade ou o falso ou equivocado conhecimento de um objeto. É um estado objetivo. Difere conceitualmente da ignorância, que é a falta de representação da realidade ou o desconhecimento total do objeto (estado negativo).
	Erro de tipo: é o erro que recai sobre as elementares, circunstâncias ou qualquer dado que se agregue a determinada figura típica, ou ainda aquele incidente sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora.
	Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
	
	Ressalte-se que o tipo é complexo, reunindo elementos objetivos e subjetivos. A ausência de qualquer um deles elimina o tipo penal. Dessa forma, pode-se dizer que o erro de tipo, como excludente de tipicidade, tem como suporte a teoria finalista da ação, que coloca o dolo na área da tipicidade.	
	No erro de tipo, quem atua “não sabe o que faz”, faltando-lhe, para o dolo do tipo, a representação necessária. Exemplos clássicos: caçador no safári que atira no arbusto, agente toma coisa alheia como própria (ex: veículo do estacionamento), relação sexual com menor de 14 anos supondo-a maior, deixar de agir por desconhecer a qualidade de garantidor.
	Situações: calúnia – atribuir falsamente fato definido como crime. Se acha que o crime foi praticado, há erro de tipo. Desacato – não sabe que o ofendido é funcionário – desaparece o dolo do desacato, podendo configurar, como forma subsidiária, quem sabe, o crime de injúria.
	Erro de tipo nos crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão): o agente desconhece sua condição de garantidor – ou tem dela errada compreensão. Ex: agente não presta socorro, podendo fazê-lo, ignorando que se trata de seu filho, que morre afogado.
	Consequências do erro de tipo: ao afastar a vontade e consciência do agente, o erro de tipo exclui sempre o dolo. No entanto, há situações em que se permite a punição de sua conduta culposa, se houver previsão legal. Por isso, fala-se em erro de tipo invencível (escusável, inevitável – exclui dolo e culpa) e erro de tipo vencível (inescusável, evitável – exclui o dolo, mas resta a culpa).
	É possível a punição a título de culpa, se houver previsão.
	Erro de tipo essencial e erro de tipo acidental
	
	Erro de tipo essencial: recai sobre elementares, circunstâncias ou qualquer outro dado que se agregue à figura típica. Se inevitável, afasta dolo e culpa; se evitável, só afasta o dolo, podendo incidir culpa, se prevista em lei.
	Erro acidental: não visa a afastar o dolo do agente. Este age com a consciência da antijuridicidade do seu comportamento, enganando-se apenas quanto a um elemento não essencial do fato ou errando no movimento de execução. Exemplos: erro sobre o objeto, erro sobre a pessoa, erro na execução e resultado diverso do pretendido, aberratio causae.
	Erro sobre a pessoa: não afasta a configuração do crime, pois cinge-se, especificamente, à identificação da vítima, que em nada modifica a classificação do crime cometido. O dolo do tipo existe. Nesta situação, como determina o § 3º do art. 20, não se consideram as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. No exemplo, o agente responderácomo se tivesse ocasionado a morte de seu pai (incidindo aqui a agravante correspondente).
	
	Aberratio ictus (erro na execução): ocorre quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, em vez de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa. Aplica-se a regra do § 3º do art. 20, aplicável ao erro sobre a pessoa, respondendo como se tivesse atingido a vítima que pretendia ofender. Se atingir também a pessoa que o agente pretendia, aplicar-se-á a regra do concurso formal (art. 70). Na aberratio ictus, o erro ocorre de pessoa para pessoa.
	Aberratio criminis (resultado diverso do pretendido) ocorre quando, fora das hipóteses de erro na execução (aberratio ictus), sobrevier resultado diverso do pretendido. O agente responderá por culpa se o fato for previsto como crime culposo. Caso contrário, não será punido. Se ocorrer também o resultado pretendido, aplica-se a regra do concurso formal. Ao contrário da aberratio ictus, o erro deverá incidir de coisa para pessoa. Ex: X, visando destruir uma vitrine, arremessa uma pedra contra ela e, por erro, não acerta o alvo, mas atinge a lojista. Haverá lesão corporal culposa, sem responsabilidade por tentativa de dano.
	Aberratio causae: é a hipótese em que a aberração está na causa do resultado. Ex: agente, almejando matar a vítima por afogamento, a arremessa do alto de uma ponte, vindo esta, contudo, depois de chocar-se com o pilar central, a falecer por traumatismo craniano. Incluem-se também nas hipóteses de aberratio causae as situações de dolo geral. Ex: depois de estrangular a vítima, o autor, crendo que ela está morta, enforca-a para simular um suicídio. Todavia, fica comprovado que a vítima na verdade morreu em razão do enforcamento. Responde por um só homicídio doloso consumado.
	Descriminantes putativas e erro de tipo
	Descriminar é transformar um fato em indiferente penal. As causas legais que afastam a ilicitude da conduta do agente estão previstas no art. 23 do CP: legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito.
	
	A putatividade refere-se a situações imaginárias que só existem na mente do agente. Somente o agente acredita que a situação existe. 
	Juntando-se as descriminantes do art. 23 (legítima defesa, estado de necessidade, estado de perigo e exercício regular de um direito) com a situação de putatividade, encontramos as chamadas descriminantes putativas. É o caso das situações em que o agente atuou supondo encontrar-se em legítima defesa, estado de necessidade, etc.
	Os erros ocorridos em situação de putatividade também podem ser considerados escusáveis ou inescusáveis:
	
	- Erro escusável: isenta o agente de pena. 
	- Erro inescusável: pode acarretar responsabilização por culpa (culpa imprópria).
	Situação: sujeito é ameaçado de morte por criminoso famoso da região. Adquire revólver para autodefesa. Certo dia, ao se dirigir para casa, em local ermo, depara com o perigoso criminoso, que, agindo como se fosse sacar um arma, leva uma das mãos à cintura, momento em que Rafael, imaginando o assassinato, saca seu revólver, aponta, atira e mata-o. Na verdade, o criminoso não queria matá-lo, e sim tranquilizá-lo, pois entrara na Igreja e ia lhe dar um escapulário para selar as pazes.
	O erro em que incorreu Rafael era plenamente justificado pelas circunstâncias, razão pela qual ficará isento de pena, mesmo não existindo uma situação real de agressão que lhe permitisse agir em sua própria defesa. Haverá, pois, legítima defesa putativa.
	Hipóteses de erro nas descriminantes putativas
	
	Para que se tenha um erro de tipo, nas hipóteses de descriminantes putativas, é preciso que o agente erre, como diz o §1º do art. 20, sobre uma SITUAÇÃO DE FATO que, se existisse, tornaria a ação legítima.
	Isso significa que somente quando o agente tiver uma falsa percepção da realidade no que diz respeito à situação de fato que o envolvia, levando-o a crer que poderia agir amparado por uma causa de exclusão de ilicitude, é que estaremos diante de um erro de tipo. Contudo, quando o erro recair sobre a EXISTÊNCIA ou mesmo sobre os LIMITES de uma causa de justificação, o problema não se resolve como erro de tipo, mas, sim, como erro de proibição (teoria limitada da culpabilidade).
	Teorias limitada e extremada da culpabilidade
	Teoria extremada (estrita) da culpabilidade (Welzel): qualquer erro que recaia sobre uma causa de justificação é erro de proibição, não importando distinguir se o erro incide sobre uma situação de fato ou sobre a existência/limites de uma causa de justificação.
	Teoria limitada da culpabilidade: se o erro do agente recair sobre uma situação fática, há erro de tipo, que passa a ser denominado de erro de tipo permissivo; caso o erro recaia sobre os limites ou a própria existência de uma causa de justificação, o erro é de proibição – direto (existência) ou indireto (limites - chamado de erro de permissão).
	TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE
	
	Erro sobre os pressupostos fáticas da causa de justificação – erro de tipo permissivo
	
	Erro sobre a existência ou os limites de uma causa de justificação – erro de proibição direto (existência) ou indireto (limites – erro de permissão)
	O CP adotou a teoria limitada da culpabilidade, conforme a Exposição de Motivos.
	
	Consequências (Cezar Bittencourt):
	I – Um fato praticado com erro invencível afasta o injusto típico, logo não é antijurídico.
	II – Não é punível a participação em caso de erro sobre os pressupostos fáticos para a causa de justificação, tendo em vista o princípio da acessoriedade limitada da participação, que exige que a ação seja típica + antijurídica.
	III – A tentativa não seria punível, pois sua configuração exige a presença de dolo. Mesmo que o erro fosse vencível, o fato ficaria impune, pois o crime culposo não admite tentativa.
	Se, ao contrário, houvesse adoção da teoria extremada, as consequências seriam outras: mantém-se o dolo, a vítima pode reagir em legítima defesa, haverá punibilidade do partícipe (pois haverá fato típico e ilícito) e será possível a punibilidade da tentativa. 
	
	Teoria da culpabilidade que remete às consequências jurídicas	
	
Pelas consequências do erro nas descriminantes putativas podemos entender tratar-se de um erro sui generis, pois não exclui o dolo (a finalidade do erro de tipo é a exclusão do dolo) e reúne consequências do erro de tipo e do erro de proibição. A maior delas, a isenção de pena, ocorre quando estamos diante de um erro de proibição inevitável. Por outro lado, se evitável ou vencível o erro, o agente responderá com as penas correspondentes a um crime culposo, como acontece com o erro de tipo. Existe, portanto, uma figura híbrida, por essa razão tida como sui generis.
	Diante disso, por não podermos tratar como erro de tipo ou erro de proibição, Luiz Flávio Gomes propõe que se aplique a teoria da culpabilidade que remete às consequências jurídicas para resolver o problema do erro nas descriminantes putativas.
	Este erro sui generis exclui a culpabilidade dolosa, mas não exclui o dolo, não restando responsabilidade penal para o agente. Se vencível o erro, o agente responde pela culpabilidade negligente (pena do crime culposo, se previsto em lei).
	Cezar Bittencourt observa que o erro de tipo permissivo tem estrutura parecida com o erro de tipo, mas com consequência semelhante à do erro de proibição. Ademais, não exclui o dolo do tipo, que permanece íntegro. Ele apenas afasta a culpabilidade dolosa, se for evitável, e igualmente a culposa, se for inevitável.
	CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA DOS CRIMES	
	
	CRITÉRIO: FIGURA DO SUJEITO ATIVO
	Crime comum: é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa; 
		
	Crime próprio: é aquele que somente pode ser cometido por uma determinada categoria de pessoas. Ex.: crimes funcionais.
	Crime de mão própria: é o crime próprio cujo agente precisaagir pessoalmente. Ex: crime de falso testemunho. O STF, porém, a admitiu a participação, em caso em que envolvia advogado. HC 81.327-SP, rel. Ministra Ellen Gracie, 11.12.2001. STF também admite coautoria RHC 81327 / SP.
	CRITÉRIO: MOMENTO CONSUMATIVO
	Crime instantâneo: é aquele cujo momento consumativo ocorre num momento determinado.
	Crime permanente: é aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo até quando queira o agente. Implicações: prescrição, flagrante.
	Crime instantâneo de efeitos permanentes: é o delito instantâneo cujos efeitos deixados após a consumação são visíveis, gerando dúvida em relação à própria consumação. Ex: crime de bigamia: no momento que a pessoa casa pela 2ª vez o delito já se consumou, o que permanece são os efeitos. 
	Estelionato contra a previdência social: 2 posicionamentos. Há julgados do STF e do STJ no sentido de que se trata de crime instantâneo de efeitos permanentes. Há de se observar que em decisão mais recente a 1ª Turma do STF entendeu que (entendimento confirmado em 2011 e 2012): 
O denominado estelionato contra a Previdência Social (CP, art. 171, § 3º), quando praticado pelo próprio beneficiário do resultado do delito, é crime permanente. (...) Consignou-se que o STF tem distinguindo as situações: a do terceiro que implementa fraude para que uma pessoa diferente possa lograr o benefício — em que configurado crime instantâneo de efeitos permanentes — e a do beneficiário acusado pela fraude, que comete crime permanente enquanto mantiver em erro o INSS. Precedentes citados: HC 75053/SP (DJU de 30.4.98); HC 79744/SP (DJU de 12.4.2002) e HC 86467/RS (DJU de 22.6.2007). HC 99112/AM, rel. Min. Marco Aurélio, 20.4.2010. (HC-99112)
Outrossim, neste sentido, diversas decisões da 3ª e 4ª Turmas do TRF1. 
	CRITÉRIO: NECESSIDADE DO RESULTADO PARA A CONSUMAÇÃO
	
Crime de resultado, material ou causal: é aquele que se consuma com a ocorrência do resultado naturalístico.
	Crime de atividade: é aquele que se consuma com a ação ou omissão do agente, independentemente da ocorrência do resultado naturalístico. Podem ser crimes formais ou de mera conduta.
	Crime formal: a ocorrência do resultado naturalístico caracterizará exaurimento. 
 	
Crime de mera conduta: crime de atividade sem a menor probabilidade de gerar o resultado naturalístico. Ex.: violação de domicílio; ato obsceno.
	CRITÉRIO: CARACTERIZAÇÃO DA CONSUMAÇÃO
	Crime de dano: é aquele que somente se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico.
 	
	Crime de perigo: é aquele que se consuma com a mera possibilidade do dano.
	Crime de perigo concreto: delito cujo perigo deve ser investigado e provado.
	Crime de perigo abstrato: delito cujo perigo é presumido pelo tipo penal, não precisa ser provado. Há doutrinadores que pregam a inconstitucionalidade desses crimes, pois violariam o princípio da ofensividade.
	CRITÉRIO: QUANTIDADE DE PESSOAS NECESSÁRIAS PARA A PRÁTICA DO DELITO
	
Crime unissubjetivo: é aquele que pode ser praticado por uma só pessoa, embora nada impeça a co-autoria ou participação.
	Crime plurissubjetivo: é aquele que, por sua conceituação típica, exige dois ou mais agentes para a prática da conduta criminosa.
	Pode haver condutas paralelas (mesmo fim), convergentes (condutas diferentes que se completam, ainda que uma não seja culpável) ou divergentes (dirigidas umas contra as outras).
	CRITÉRIO: QUANTIDADE DE ATOS PARA A CONSUMAÇÃO
	Crime unissubsistente: é aquele que se consuma com a realização de um só ato. Não admite tentativa nem fracionamento.
	Crime plurissubsistente: é aquele cuja consumação é composta de vários atos. Admite tentativa e fracionamento.
	
CRITÉRIO: EXISTÊNCIA DE VESTÍGIOS [classificação do processo penal]
	
Delito de fato permanente: é aquele que deixa vestígios.
	Delito de fato transeunte: é aquele que não deixa vestígios.
	OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
	
Crime progressivo: corresponde à consideração de que um tipo abstratamente considerado contém, de forma implícita, outro, sendo que este deve, necessariamente, ser realizado para se alcançar o resultado. Ex.: homicídio – implicitamente está a lesão corporal.
	Crime progressivo x progressão criminosa
 	Crime progressivo: o agente, desde o início, pretende praticar o crime mais grave e para tanto, por meio de atos sucessivos, praticas gradativas e crescentes violações o bem jurídico. Há uma só infração penal. Desde o início, há a intenção de praticar o crime “maior”.
	Progressão criminosa: o agente deseja inicialmente produzir um resultado menos grave, porém, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar a sua agressão e produzir um resultado mais grave. Haverá mais de 1 infração penal. No início da conduta a intenção do agente é a prática do crime “menor”. Posteriormente sua intenção se altera para a prática do crime de maior gravidade. 
	Crime complexo: crime que prevê, de forma explícita, 2 ou mais tipos penais em uma única descrição legal (SENTIDO ESTRITO), ou aquele que abrange um tipo simples acrescido de fato não típico (SENTIDO AMPLO).
	Crime complexo em sentido amplo: é formado pela conjugação de conduta penalmente tipificada acrescida de um fato atípico. Ex: estupro = violência ou ameaça (conduta típica) + conjunção carnal (figura atípica).
	Crime complexo em sentido estrito: é formado pela conjugação de 2 ou mais figuras típicas.
	Crime habitual: delito que busca punir um conjunto de condutas praticadas pelo agente demonstrativo de um estilo de vida inadequado. Tipo penal criado para punir um estilo de vida. Ex: curandeirismo, casa de prostituição.
	Crime habitual e tentativa: a doutrina majoritária é pela impossibilidade de tentativa.
	Crime habitual e flagrante: a doutrina majoritária é pela possibilidade.
	Crime habitual impróprio: basta um único ato para a configuração do delito, porém a prática de mais de um ato constitui crime único. Ex: gestão temerária ou fraudulenta (Lei 7.492).
	Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: é aquele que contém várias modalidades de condutas (núcleos no preceito primário) em sua descrição legal. Pode ser alternativo (prática de mais de uma conduta constitui crime único) ou cumulativo (prática de mais de uma conduta constitui mais de um crime). Ex: art. 22, parágrafo único, da Lei 7.492 (evasão de divisas) – proteção de bens jurídicos diversos.
	Crime vago: é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade de pessoas destituída de personalidade jurídica.
	Crime condicionado: é aquele que tem punibilidade condicionada a um fato exterior e posterior à consumação. Ex: sonegação fiscal. [constituição do crédito é condição objetiva de punibilidade].
	CRIME X CONTRAVENÇÃO
	Crime: conduta para a qual é cominada pena de reclusão ou detenção e multa, sendo esta última alternativamente ou cumulativamente.
	Contravenção: conduta para a qual é cominada pena de prisão simples e/ou multa.
	
	Art. 28 da Lei 11.343: o STF entendeu que a natureza jurídica do crime vai além da pena aplicada. Não é pelo fato de se aplicar pena diferente de detenção ou reclusão que haveria descaracterização do delito. (preocupação com as condutas praticadas por menores).
	CRIME de tendência intensificada x crime de intenção
 
	Delitos de intenção: requerem um agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior atividade, distintos da realização do tipo penal. Gera os delitos de resultado cortado (ex: extorsão mediante sequestro) e os mutilados de dois atos (ex: quadrilha).
	Delitos de tendência: nesses crimes, não é a vontade do autor que determina o caráter lesivo do acontecer externo, mas outros extratos específicos, inclusive inconscientes. Ex: crimes contra a honra (propósito de ofender); crime do art. 212 (propósito de ultrajar).
	CRIMES COMISSIVOS E OMISSIVOS
	Além de atuar com dolo e culpa, o agente pode praticar a infração penal fazendoou deixando de fazer alguma coisa a que estava obrigado. As condutas, dessa forma, podem ser comissivas (positivas) ou omissivas (negativas).
	Crimes comissivos: o agente direciona sua conduta a uma finalidade ilícita. Ex: crime de furto – finalidade de subtrair os bens móveis pertencentes à vítima. 
	Crimes omissivos: há uma abstenção de uma atividade que era imposta pela lei ao agente, como no crime de omissão de socorro (art. 135). Os crimes omissivos podem ser próprios (puros ou simples) ou impróprios (comissivos por omissão ou omissivos qualificados).
	Crimes omissivos próprios: são os que objetivamente são descritos como uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico. São delitos nos quais existe o chamado dever genérico de proteção.
	Crimes omissivos impróprios: só podem ser praticados pelas pessoas referidas no § 2º do art. 13, uma vez que para elas existe um dever especial de proteção. São elas:
	I – pessoa que se encontre na posição de garante ou garantidor, ou seja, que tenha a obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância;
	II – Pessoa que, de outra forma, assuma a responsabilidade de impedir o resultado;
	III – Pessoa que, com seu comportamento anterior, tenha criado o risco da ocorrência do resultado.
	Coautoria em crimes omissivos (próprios e impróprios): segundo entendimento majoritário, é possível a coautoria em comissivos. O mesmo ocorre com a participação.
Dissecando melhor:
Co-autoria em crimes omissivos (próprios e impróprios): Para Nilo Batista, não se cogita de co-autoria nos delitos omissivos, uma vez que cada agente possui o seu dever de agir de forma individualizada. Já Greco e Bittencourt entendem possível, desde que cada agente possua o dever de agir no caso concreto e exista o liame subjetivo.
Participação em crimes omissivos (próprios e impróprios): Bittencourt afirma ser possível, desde que o partícipe esteja impossibilitado de cumprir a norma mandamental (ex: se for tetraplégico) ou, no caso de delito omissivo impróprio, desde que não esteja incluso na figura do garantidor.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
	O Estado, em determinadas situações previstas expressamente em seus diplomas legais, pode abrir mão ou mesmo perder o direito de punir. Por questões de política criminal, o Estado pode, em algumas situações por ele previstas expressamente, entender por não fazer valer o seu ius puniendi, razão pela qual haverá aquilo que o CP denominou de extinção de punibilidade.
	A extinção da punibilidade não interfere na infração penal em si, mas na existência de dados que pode impedir que o Estado, mesmo existindo a infração penal, seja impedido de exercitar o seu direito de punir. Para aqueles, todavia, que adotam o conceito quadripartido de crime, a punibilidade é um elemento a mais nesse conceito (fato típico + ilícito + culpável + punível), de modo que a extinção da punibilidade acarreta o afastamento da própria infração penal.
	As causas de extinção de punibilidade estão no art. 107, mas o rol não é taxativo. Há outras previsões, por exemplo no art. 312, §2º (peculato) e no art. 89, §5º, da Lei nº 9.099/95. As causas do art. 107 são: morte do agente; anistia, graça ou indulto; abolitio criminis; prescrição, decadência e perempção; renúncia do direito de queixa e o perdão aceito, nos crimes de ação privada; a retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; e perdão judicial, nos casos previstos em lei.
	Morte do agente: em caso de extinção de punibilidade com base em certidão de óbito falsa, o STF e o STJ têm admitido a reabertura do processo.	
	A morte do agente, segundo Rogério Greco, também afastará a aplicação da pena de multa ao condenado, pois ele entende que ela não deve ser tratada como multa tributária, mantendo sua natureza penal.
	Anistia, graça e indulto:
	Anistia: o Estado renuncia ao seu ius puniendi, perdoando a prática de infrações penais que, normalmente, têm cunho político, embora possa ser concedida a crimes comuns. A concessão de anistia é de competência da União (art. 21, XVII, da CF) e de atribuição do Congresso Nacional (art. 48, VII). Pode ser concedida antes ou depois da sentença penal condenatória. A anistia pode ter termos gerais (não conhece exceção de crimes) ou restritos. Pode ser parcial (referente a determinados grupos) ou total. Por fim, pode ser condicional ou incondicional.
	
	Graça e indulto: são de competência do Presidente da República, embora o art. 84, XII, da CF, somente faça menção a este último. É que, na verdade, a graça é tratada como um indulto individual, concedido a pessoa específica, ao passo que o indulto é concedido de maneira coletiva a fatos determinados pelo Chefe do Poder Executivo.
	O indulto coletivo, ou simplesmente indulto, é anualmente concedido pelo Presidente da República, por meio de decreto. Por ser geralmente editado no fim do ano, é conhecido como indulto de natal.
	A Lei nº 8.072 afastou a possibilidade de concessão de anistia, de graça ou indulto aos crimes nela previstos. Já a Lei nº 9.455/97 (tortura) omitiu-se com relação ao indulto, estabelecendo que a tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia (art. 1º, § 6º). A CF só fala, para esses crimes, em vedação da concessão de graça ou anistia.
	Abolitio criminis: ocorre quando o Estado, por razões de política criminal, entende por bem não mais considerar determinado fato como criminoso. O art. 2º do CP estabelece que ninguém poderá ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
	Nenhum efeito penal permanecerá, tais como reincidência e maus antecedentes, permanecendo, contudo, os efeitos de natureza civil. 
	Prescrição, decadência e perempção
	Decadência: é o instituto jurídico mediante o qual a vítima, ou quem tenha qualidade para representá-la, perde o seu direito de queixa ou de representação em virtude do decurso de um certo lapso de tempo. O art. 103 estabelece o prazo de 6 meses, em regra, podendo haver disposição específica em sentido contrário.
	Note-se que o prazo tem início no momento em que o ofendido toma conhecimento de quem foi autor da infração penal. 
	Perempção: corresponde à sanção jurídica, imposta ao querelante, por sua inércia, negligência ou contumácia. Não pode ocorrer antes da queixa. Aplica-se apenas às ações penais de iniciativa privada, propriamente ditas ou personalíssimas, não se destinando, contudo, à ação penal privada subsidiária da pública. Tampouco se aplica à ação penal de iniciativa pública e à ação penal condicionada à representação do ofendido. 4 hipóteses:
	I – quando, iniciada a ação penal, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
	II – Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36, III;
	III – Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente (1), ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais (2);
	
	IV – Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
	Renúncia ao direito de queixa ou perdão aceito nos crimes de ação privada
	
	Renúncia ao direito de queixa: pode ser expressa (declaração assinada) ou tácita. Esta última decorre da prática de atos incompatíveis com a vontade de exercê-lo. Ex: vítima convida o autor do crime para ser seu padrinho de casamento.
	A renúncia em relação a um dos querelados a todos se estenderá (art. 49 do CPP), em obediência ao princípio da indivisibilidade.
	Lei 9.099/95: a composição dos danos civis pelo autor do fato com a vítima implicarenúncia ao direito de queixa desde que tal acordo seja homologado. Fora da Lei 9099, não há renúncia.
	Perdão do ofendido: pode ser processual ou extraprocessual; expresso ou tácito. Natureza bilateral.
	Da mesma forma que na renúncia, o perdão concedido a qualquer dos querelados a todos aproveita (indivisibilidade). Contudo, o querelado pode recusá-lo, por entender que é inocente, desejando levar a ação até o fim. Ou seja, o perdão tem natureza bilateral.
	Ademais, o perdão pode ser concedido por um dos ofendidos, mas isso não inviabiliza o direito dos demais ofendidos de ver prosseguir a ação penal. Isso quer dizer que, sendo a ação penal proposta por vários querelantes, pode cada um deles, individualmente, se for da sua vontade, conceder o perdão sem que, com isso, os demais se vejam também obrigados a perdoar.
	Retratação do agente (nos casos em que a lei a admite): é o ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e denuncia-o a autoridade, retirando o que anteriormente havia dito. É permitida em crimes como os de calúnia e difamação (art. 143 do CP), falso testemunho ou falsa perícia (art. 342).
	No caso da calúnia e da difamação, a retratação realizada antes da sentença isenta o agente de pena. Após proferida a decisão, a retratação não conseguirá mais extinguir a punibilidade. 
	
	Repare que a retratação só é possível para a calúnia e para a difamação, não atingindo a injúria, pois aquelas atingem a honra objetiva da vítima – mediante a imputação de fatos -, ao passo que a injúria ofende a honra subjetiva – conceito que a vítima acha que goza. 
	No crime de falso testemunho ou falsa perícia, prevê-se que o fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. Repare que não se trata de retratação no processo que apura o falso testemunho, e sim no processo em que o ilícito foi cometido.
	Perdão judicial (nos casos previstos em lei): só ocorre nas hipóteses previamente determinadas pela lei, conforme previsão do art. 107. Com esse raciocínio, pelo menos ab initio, torna-se impossível a aplicação da analogia in bonam partem quando se tratar da ampliação das hipóteses de perdão judicial, em razão da previsão legal expressa. No caso do crime de trânsito, embora não haja a previsão, acabou sendo estendida a previsão do CP, mediante a adoção do princípio da razoabilidade (mas há críticas a isso).
	Trata-se de direito subjetivo do réu a declaração do perdão judicial quando presentes os pressupostos exigidos pela norma, e não de mera faculdade do julgador.
	Natureza da sentença de perdão judicial: absolutória, condenatória ou declaratória de extinção da punibilidade. O STJ acatou este último entendimento, o qual se consolidou na sua Súmula 18: A sentença concessiva de perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
	Contudo, ainda não se acomodou a jurisprudência sobre a natureza da sentença concessiva do perdão judicial, embora o Supremo Tribunal Federal tenha anunciado que dela decorrem efeitos secundários. (Isso porque o STF já falou em sentença condenatória, ao passo que há a súmula do STJ que fala em sentença declaratória).
	
	Perdão judicial e Lei nº 9.807/99: Trata-se de hipótese específica relacionada à proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigação policial e ao processo penal.
	Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado:
	I – a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;
	II – a localização da vítima com a sua integridade física preservada;
	III – a recuperação total ou parcial do produto do crime.
	Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.
	Pela redação do art. 13, tudo indica, na opinião de Rogério Greco, que a lei teve como mira o delito de extorsão mediante seqüestro, uma vez que todos os seus incisos a ele se parecem amoldar. No entanto, há quem entenda ser possível a aplicabilidade do artigo a outros delitos.
	Prescrição
	É um instituto jurídico mediante o qual há uma perda do direito de punir atribuído ao Estado, pois este, mesmo querendo levar a efeito o seu direito de punir, não pode fazê-lo. O Estado, por não ter tido capacidade de fazer valer o seu direito de punir em determinado espaço de tempo previsto pela lei, faz com que ocorra a extinção da punibilidade.
	Fundamentos da prescrição: são o decurso do tempo (esquecimento do fato), o desaparecimento da necessidade de dar-se exemplo ao meio social, a dispersão das provas e o fator tranqüilidade (segurança jurídica) para aquele que praticou a infração penal, pois um erro cometido no passado não pode persegui-lo para sempre.
	Natureza jurídica da prescrição: natureza material. 
	Espécies de prescrição: prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória.
	Prescrição da pretensão punitiva: o Estado perde a possibilidade de formar o seu título executivo de natureza judicial. Embora, em algumas situações, chegue até a proferir um decreto condenatório, tal decisão não terá força de título executivo, em virtude da ocorrência da prescrição da pretensão punitiva.
	Repercussões: O réu do processo em que se reconheceu a PPP ainda continuará primário, sem maus antecedentes, ou seja, será como se não tivesse praticado a infração penal. Na esfera cível, a vítima não terá como executar o decreto condenatório, quando houver, visto que a PPP impede a formação do título executivo judicial.
	Prescrição da pretensão executória: diferentemente da PPP, nesta o Estado só perde, em razão do decurso do tempo, o direito de executar sua decisão. O título executivo já foi formado, mas não poderá ser executado.
	Repercussões: são distintas. O condenado, se vier a praticar novo crime, poderá ser considerado reincidente ou poderão ser considerados os maus antecedentes. Além disso, a vítima do delito terá à sua disposição o título executivo judicial criado pela sentença penal condenatória transitada em julgado, nos termos do art. 475-N do CPC.
	Prescrição antes de transitar em julgado a sentença	
	Regula-se pela pena máxima cominada em abstrato para cada infração penal, conforme dispõe o art. 109. Como o cálculo é feito antes mesmo de qualquer sentença condenatória, pode-se concluir que se trata de prescrição da pretensão punitiva do Estado.
	Os prazos do art. 109 servirão não só ao cálculo da prescrição antes da sentença, mas também àqueles relativos à pena já concretizada na sentença condenatória.
	Prescrição das penas restritivas de direito
	
	Conforme dispõe o parágrafo único do art. 109, acompanham os prazos previstos para as penas privativas de liberdade, uma vez que se trata de penas substitutivas.
	Com relação ao delito de consumo de drogas (art. 28 da Lei nº 11.343), para o qual não se previu qualquer pena privativa de liberdade, o art. 30 da Lei nº 11.343/2006 determinou o prazo de 2 anos para a prescrição.
	Prescrição depois de transitar em julgado a sentença penal condenatória
	O art. 110, caput, determina que a prescrição depois de transitada em julgado a sentença penal condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de 1/3, se o condenado é reincidente.
	O caput deve ser conjugado com o § 1º, que dispõe que a prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada.
	Caso ambas as partes tenham recorrido(MP e sentenciado), não havendo ainda trânsito em julgado para o MP, tal sentença ainda poderá sofrer modificações, elevando-se, por exemplo, a pena aplicada, razão pela qual a contagem do prazo prescricional, nessa hipótese, deverá ser ainda realizada levando-se consideração a pena máxima cominada à infração penal.
	Contudo, caso não tenha havido o recurso do MP, ou caso ele venha a ser improvido, como a pena aplicada não poderá ser elevada (non reformatio in pejus), a contagem do prazo prescricional já poderá ser levada a efeito com base na pena concretizada na sentença.
	De qualquer forma, enquanto não há trânsito em julgado para as duas partes, há PPP, e não PPE. 
	
	Cabe destacar ainda a previsão da parte final do caput do art. 110 acerca do aumento de 1/3 do prazo prescricional em caso de reincidência. O entendimento pacífico, inclusive sumulado pelo STJ, é o de que a reincidência não influi no prazo da prescrição punitiva, e sim apenas na executória.
	Momento para o reconhecimento da prescrição
	Por ser matéria de ordem pública, a prescrição pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, em qualquer fase do processo (art. 61 do CPP).
	Prescrição retroativa e intercorrente (ou )
	Prescrição retroativa: ocorria quando, com fundamento na pena aplicada na sentença penal condenatória com trânsito em julgado para o MP ou para o querelante (acusação), o cálculo prescricional era refeito, retroagindo-se, partindo-se do primeiro momento para sua contagem, que é a data do fato.
	A Lei nº 12.234/2010, de 05/05/2010 (entrou em vigor na data da publicação – 06.05.2010), acabou com a prescrição retroativa que ocorria entre o fato e o recebimento da denúncia: Art. 110 - A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
	
	Assim, a prescrição retroativa nos obriga a percorrer novamente apenas o percurso entre a data do recebimento da denúncia ou queixa até a sentença penal condenatória recorrível. Se entre esses dois marcos houver decorrido período de tempo previsto na lei penal como caracterizador da prescrição, deverá ser declarada a extinção da punibilidade, com base na prescrição retroativa. Já entre o fato e o recebimento da denúncia não pode haver prescrição retroativa, restando tão-somente a prescrição pela pena máxima em abstrato.
	Como a prescrição retroativa impede o Estado de formar o título executivo judicial, trata-se de hipótese de prescrição da pretensão punitiva. Difere da prescrição abstrata porque só pode ser reconhecida após a existência de uma sentença penal condenatória trânsita em julgado para a acusação, e desde que não incidente aquela (prescrição pela pena em abstrato).
	Prescrição superveniente ou intercorrente: ocorre depois do trânsito em julgado para a acusação ou do improvimento do seu recurso, tomando-se por base a pena fixada na sentença penal condenatória. Trata-se igualmente de PPP, pois o Estado não consegue formar um título executivo judicial. 
	A diferença da prescrição retroativa para a prescrição superveniente liga-se unicamente ao momento em que ocorrem. A primeira ocorre entre o recebimento da denúncia e a sentença; a segunda, depois da sentença transitada em julgado para a acusação ou do improvimento do seu recurso (até a decisão final para a defesa).
	Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença penal
	Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
	I – do dia em que o crime se consumou;
	Apesar de o art. 4º do CP adotar a teoria da atividade, o art. 111, I, ao contrário, excepcionando a regra, adotou a teoria do resultado. 
	II – no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
	III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
	IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
	Embora se trate de crimes instantâneos, os crimes de bigamia e de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil possuem efeitos permanentes, posto que perduráveis no tempo. Se fosse aplicada a regra geral, o agente poderia retardar indefinidamente o conhecimento da infração, enquanto a prescrição estaria correndo, para consumar-se, talvez, antes mesmo de descobertos o crime e seu autor.
	Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível
	Art. 112. No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
	I – do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
	À exceção da primeira parte deste inciso, as demais hipóteses deste e do inciso II referem-se à PPE.
	Em caso de descumprimento das condições sursitárias ou daqueles estabelecidas para o livramento condicional, os respectivos benefícios legais serão revogados, devendo ser cumprida a pena que fora aplicada ao sentenciado.
	A revogação dos benefícios (sursis e livramento condicional) é o marco inicial da contagem do prazo prescricional. Quanto ao sursis, o sentenciado deverá cumprir integralmente a pena imposta, logo o prazo prescricional, que terá início com o trânsito em julgado da revogação do sursis, será contado com base na pena privativa de liberdade cujo cumprimento havia sido suspenso condicionalmente.
	Quanto ao livramento, o prazo começará a ser contado do trânsito em julgado da revogação, mas deverá basear-se no tempo que resta de pena (art. 113).
	II – do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
	Trata-se da hipótese em que a execução é interrompida. Ex: fuga do condenado. A internação em razão de doença mental, embora represente uma interrupção da execução, não enseja o início da contagem de prazo prescricional, pois representa cumprimento de pena.
	No caso de fuga, o momento da fuga será o termo inicial da prescrição da pretensão executória. Esta será regulada pelo tempo que resta de pena a cumprir.
	No caso de internação, no entanto, o tempo de interrupção da execução será computado como de cumprimento de pena, não se podendo, por isso, correr o prazo de prescrição de maneira simultânea.
	Prescrição da multa
	
	Caso seja aplicada isoladamente, a prescrição da pena de multa ocorrerá em 2 anos. Se for aplicada cumulativa ou alternativamente com a pena privativa de liberdade, a prescrição da pena de multa terá o mesmo prazo desta.
	
Observe-se, por oportuno, que o art. 51, alterado pela Lei nº 9.268/96, ao tratar a multa como dívida de valor, estabeleceu que sejam observadas as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas suspensivas e interruptivas da prescrição. Diante disso, há autores (Fernando Capez) que sustentam que o prazo prescricional seria de 5 anos. Contudo, Rogério Greco entende que a aplicação da lei concernente à Fazenda Pública refere-se, exclusivamente, às hipóteses de suspensão e interrupção, uma vez que não só o art. 51, mas também o art. 114 do CP recebeu suas novas redações por intermédio do mesmo diploma legal (Lei 9268/96), de modo que aquilo que não foi regulado pelo art. 51 deve ser interpretado com base nos prazos do art. 114.
	Redução dos prazos prescricionais	
	O art. 115 do CP, por razões de política criminal, determina a redução pela metade dos prazos prescricionais quando o agente era, ao tempo do crime, ou seja, no momento da ação ou omissão, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos.
	De acordo com a Súmula nº 74 do STJ, para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil (certidão de nascimento, carteira de identidade, carteira de habilitação,etc).
	Com relação aos idosos, a jurisprudência do STJ e do STF caminha no sentido de não estender o prazo diminuído àqueles que completam 70 depois da sentença condenatória até o acórdão proferido pelos tribunais. A 3a. Seção do STJ, por ocasião do julgamento do EREsp.749.912/PR, julgado em 10.02.2010, pacificou o entendimento de que a redução do prazo prescricional prevista no artigo 115 do Código Penal só deve ser aplicada quando o réu atingir 70 anos até a primeira decisão condenatória, seja ela sentença ou acórdão. No mesmo sentido, STF, 2ª Turma; HC 98418 HABEAS CORPUS; Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 09/06/2009.
	Causas suspensivas da prescrição
	São aquelas que suspendem o curso do prazo prescricional que recomeça a correr pelo tempo restante após cessadas as causas que a determinaram. Dessa forma, o tempo anterior é somado ao tempo posterior à cessação da causa que determinou a suspensão do curso do prazo prescricional.
	Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
	I – enquanto não resolvida, em outro processo, questão que dependa o conhecimento da existência do crime;
	
	II – enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
	
	Trata-se de hipótese em que há impossibilidade de obter-se a extradição do criminoso. Assim, busca-se evitar que se extinga o direito estatal de punir.
	O parágrafo único do art. 116 estabelece, ainda, que depois de passada em julgado a sentença condenatória a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
A anterior redação do art. 53, §3º, da CF previa a imediata suspensão do prazo prescricional correspondente às infrações penais praticadas por parlamentares, uma vez indeferido o pedido de licença para o processo ou ausência de deliberação a respeito. Atualmente, depois da edição da EC nº 35, não mais subsiste a necessidade do pedido de licença. Contudo, o STF deve dar ciência à Casa, que poderá deliberar, por voto da maioria de seus membros, pela sustação da ação.
	A sustação da ação acarretará, conforme o §5º do referido artigo, a suspensão da prescrição, enquanto durar o mandato.
	A Lei nº 9.099/95 previu a possibilidade de suspensão da prescrição em caso de suspensão condicional do processo. Durante o período de prova, a partir da data da audiência na qual foi aceita a proposta de suspensão condicional do processo, a prescrição está suspensa.
	O art. 366 do CPP prevê a suspensão da prescrição – juntamente com a suspensão do processo - no caso de o acusado, citado por edital, não constituir advogado nem comparecer. Por fim, o art. 368 do CPP prevê que, durante o procedimento de citação mediante carta rogatória de acusado que esteja em lugar sabido, se suspenderá o prazo da prescrição até o seu cumprimento.
Súmula 415 do STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo
da pena cominada.
	Causas interruptivas da prescrição
	Têm o condão de fazer com que o prazo, a partir delas, seja novamente reiniciado, ou seja, após cada causa interruptiva da prescrição deve ser procedida nova contagem do prazo, desprezando-se, para esse fim, o tempo anterior ao marco interruptivo.
	O art. 117 enumera, de forma taxativa, as causas interruptivas da prescrição:
	I – pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
	II – pela pronúncia;
	III – pela decisão confirmatória da pronúncia;
	IV – pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis (parte final é nova - 2007);
	V – pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
	VI – pela reincidência.
	Observações:
	O aditamento feito à denúncia não interrompe a prescrição, a não ser que contenha novos fatos que se traduzam em nova infração penal, ou que importe em inclusão de novo acusado.
	Se o despacho de recebimento de denúncia for anulado, o prazo prescricional será interrompido somente a partir de um novo despacho de recebimento da peça inaugural, pois o termo inicial da prescrição deve ser o recebimento válido da denúncia. O despacho que rejeita a denúncia ou a queixa não tem força interruptiva da prescrição. Assim, caso rejeitada a denúncia, a interrupção só poderá ocorrer na data em que, em grau recursal, a superior instância vier a recebê-la. 
	Da mesma forma, o recebimento da denúncia/queixa por juiz incompetente não interrompe o curso do prazo prescricional, só o interrompendo o recebimento renovado pelo juiz natural. Quanto a esse aspecto, há controvérsia. Se for absolutamente incompetente, tudo bem; se for relativamente incompetente, há quem entenda que o recebimento da denúncia não seria ato decisório, logo poderia ser ratificado. 
Obs: dos julgados do STF que eu encontrei, somente se tratou do recebimento da denúncia por juiz absolutamente incompetente, sendo que, em todas estas decisões, reconheceu-se a não interrupção da prescrição. Não encontrei julgados do STJ em nenhum dos dois casos.
	Sentença de pronúncia: Se houver recurso da sentença de pronúncia e o Tribunal se manifestar no sentido da desclassificação da infração penal para aquela que não se encontre entre as de competência do júri, a pronúncia já não mais terá força interruptiva. Assim, se o tribunal desclassificar a tentativa de homicídio constante da pronúncia para o crime de lesões corporais, remetendo-se o processo ao juízo competente que, agora, já não mais será o júri, a pronúncia perderá seu efeito interruptivo. 
	Se a desclassificação ainda disser respeito a crime de competência do júri, mantida estará a interrupção da prescrição pela pronúncia. Da mesma forma, a desclassificação determinada pelo Conselho de Sentença não afastará o efeito interruptivo da prescrição atribuído à sentença de pronúncia.
	O STJ editou súmula a respeito deste tema (Súmula 191): A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime. Caso a primeira sentença de pronúncia tenha sido anulada pelo Tribunal, já não terá ela efeito interruptivo, devendo a interrupção ocorrer a partir da publicação da segunda em cartório.
	Publicação da sentença ou acórdão condenatório recorríveis: a sentença penal condenatória recorrível interrompe a prescrição quando da sua publicação em cartório, e não a partir da sua publicação no órgão oficial da imprensa. 
	Se o Tribunal anular a sentença, deixa de interromper-se a prescrição. A interrupção só ocorrerá com a publicação da nova decisão. A sentença concessiva do perdão judicial, por ter uma natureza meramente declaratória de extinção da punibilidade (segundo entendimento do STJ), não interrompe a prescrição.
	A simples leitura do resultado do julgamento durante a sessão do Tribunal já é suficiente para efeitos de se concluir pela publicação do acórdão e conseqüente interrupção da prescrição, não se exigindo, para esse fim, a publicação na imprensa.
	Concurso de pessoas: o efeito interruptivo na PPP estende a todos os réus, inclusive sobre eventual coautor absolvido. Assim, caso condenado em 2º grau, ele estará em pé de igualdade com os demais quanto ao prazo prescricional.
	PPE - Início ou continuação do cumprimento da pena: a data do início ou continuação do cumprimento da pena interrompe a prescrição da pretensão executória do Estado. Isso quer dizer que o Estado já havia formado o seu título, que aguardava apenas a sua execução. Com o início do cumprimento da pena, interrompida estará tal modalidade de prescrição.
	Caso o condenado fuja, o prazo prescricional começa a correr a partir da sua fuga, e será regulado pelo tempo restante da pena. Sendo recapturado e voltando a cumprir o restante da pena que lhe fora imposta, a partir desse instante também estará interrompida a prescrição da pretensão executória. Durante o cumprimento da pena, evidentemente, a prescrição da pretensão executória não tem curso.
	Reincidência: a reincidência só pode gerar efeito de interrupção a partir da data do

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