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DIREITO CIVIL I AULA 01

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL – UCS 
 CURSO DE DIREITO – DIREITO CIVIL – PARTE GERAL I 
 
O QUE É DIREITO? 
Segundo De Plácido e Silva
1
, a palavra DIREITO é derivada do latim directum, do verbo dirigere (dirigir, 
ordenar, endireitar), quer o vocábulo, etimologicamente, significar, o que é reto, o que não se desvia, “entendendo-se tudo 
aquilo que é conforme a razão, à justiça, à equidade. 
Há imensa coleção de conceitos disponíveis – carência de unidade conceitual – o direito permanece a ser 
conceituado. Intuitivamente: certo, correto, justo. Contudo, a palavra pode ser empregada como substantivo (ela estuda 
Direito, o meu direito está protegido), adjetivo (homem direito), advérbio (ele deve andar direito). O Direito, jus, dos 
romanos é a arte do bom e do eqüitativo (ars boni et aequi). O Direito procura melhorar as relações e estabelecer regras 
justas de conduta. (VENOSA, 2006, p. 9). Pode ser definido como: “Conjunto de regras que regem o convívio social 
estabelecendo limites às ações de seus membros”. O direito regula e ordena a sociedade. 
O ordenamento jurídico ou o direito posto pelo Estado (direito positivo). A dogmática jurídica consiste no estudo 
das normas de um ordenamento em determinado período (VENOSA, 2006). O estudo do ordenamento jurídico, não se 
prende ao estudo exclusivamente de leis. Para solucionar problemas relativos a conflitos entre normas e lacunas do 
ordenamento jurídico existem as fontes do direito. 
 
FONTES DO DIREITO
2
: Fontes – do latim = fons, fontis – nascente de água (De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico. 
14 ed. RJ: Forense, 1998). Como surge o direito? *Fontes históricas; *Fontes materiais; *Fontes formais: Lei, costumes, 
doutrina, jurisprudência, princípios. Fontes do Direito Civil: A principal fonte do direito civil é o Código Civil: antigo 
Código Civil – Lei n. 3.071 de 1916, substituído pelo Código Civil de 2002: Lei 10.406 de 2002, que entrou em vigor em 
11 de janeiro de 2003. Além do Código Civil, existem outras leis de natureza civil, por exemplo: Lei do Divórcio, Lei de 
Alimentos, Lei do Inquilinato. Na omissão da lei, o juiz vale-se da analogia, costumes, princípios gerais, doutrina, 
jurisprudência e eqüidade. 
 
 
SISTEMAS JURÍDICOS: Segundo VENOSA (2007, p. 68), os vários ordenamentos podem ser reunidos em sistemas, 
sendo sistema jurídico “um agrupamento de ordenamentos unidos por elementos comuns, tanto pelo regulamento da vida 
em sociedade, como pela existência de instituições jurídicas e administrativas semelhantes”. Do rol dos sistemas jurídicos 
no mundo contemporâneo, destacamos o sistema romano-germânico, ao qual pertence o direito brasileiro. 
 
SISTEMA ROMANO-GERMÂNICO 
 
Sistema adotado no Brasil. 
A lei prepondera como centro gravitador do direito. Para o jurista de formação romana, todo raciocínio terá como ponto de 
partida o Código ou Leis. As outras fontes subordinam-se à lei. 
 
No sistema civil (romano-germânico) parte-se da lei para a reflexão, reconhecendo-se as demais fontes como complemento. 
Nosso sistema – primeiro a lei – em caso de lacunas – outras fontes. 
 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
Direito Civil é o direito comum, que rege a relação entre os particulares. Rege a vida das pessoas desde antes da 
concepção, conferindo relevância inclusive ao embrião (art. 1.597, CC), até a morte e mesmo após ela, regulando os 
efeitos da sucessão causa mortis, por exemplo, e exigindo respeito à memória dos mortos (ex: art. 12, CC). 
O direito civil rege as relações mais simples da vida cotidiana, estabelecendo os direitos e deveres das pessoas, 
disciplinando as relações jurídicas concernentes às pessoas, aos bens e suas relações, por isso é denominado “Constituição 
do Homem Comum” (REALE, p. 338). No Direito Civil preponderam as normas jurídicas reguladoras das atividades dos 
particulares. São reguladas as relações puramente pessoais e relações patrimoniais, além trazer em seu texto normas 
gerais, institutos comuns a todos os ramos do direito. 
 
 
 
 
 
LOCALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL FRENTE AO DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO 
 
 
1 DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário jurídico. 14ª edição. Forense: RJ, 1998, p. 268, 
2
 Não há entre os doutrinadores uma uniformidade em relação ao estudo das fontes do direito. 
Divisão do Direito: “Toda ciência, para ser bem estudada, precisa ser dividida, ter as suas partes claramente 
discriminadas”3. NADER4 explica que a divisão mais antiga do direito é representada pelas classes do DIREITO 
PÚBLICO E DIREITO PRIVADO, peculiar aos sistemas jurídicos de tradição romano-germânica. 
 
REALE (p. 339) ensina que a divisão, surgiu, à época, com base no critério da utilidade pública ou particular, conforme 
exemplo abaixo: 
DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO 
Diz respeito às coisas do Estado. São ramos do Direito 
Público, por exemplo: Direito Constitucional
5
, Direito 
Administrativo, Direito Processual
6
, Direito Penal
7
 
Direito Tributário. 
 
Refere-se aos interesses de particulares. No direito privado 
destaca-se o DIREITO CIVIL, que abrange, hoje, o direito 
comercial, denominado direito empresarial. 
 
Os interesses protegidos pelo direito civil são interesses privados. Contudo não é possível tratar do direito privado 
sem contrapô-lo ao Direito Público. Assim, há grande polêmica sobre a manutenção desta distinção fundada na 
contraposição entre a utilidade pública e privada, pois o “Estado cobre, atualmente, a sociedade inteira, visando proteger a 
universalidade dos indivíduos, crescendo, dia a dia a interferência dos poderes públicos” (REALE, p. 339). Exemplos: 
Direito de Família; Propriedade, etc. 
 
A interferência avassaladora do Estado faz com que se questione a manutenção da distinção tradicional entre 
Direito Público e Privado. Hoje em dia, fala-se em “Publicização do Direito Privado”. 
 
Tanto o Direito Público, quanto o Direito Privado, podem ser divididos em: 
DIREITO INTERNO DIREITO INTERNACIONAL 
É aquele que tem vigência em um determinado território 
(zona de interferência ou incidência de determinado poder 
político) 
Rege relações atingidas por regras internacionais, seja 
entre particulares, ou Estados entre si. 
 
 
NOÇÕES HISTÓRICAS DO DIREITO BRASILEIRO 
O estudo da história do Direito brasileiro, deve obrigatoriamente iniciar-se pelo direito português, que inserido no 
contexto do direito continental europeu, apresenta a influência do direito romano, germânico e cristão. 
 
Brasil-colônia: O primeiro período da colonização brasileira, que vai até 1549, foi marcado por Capitanias Hereditárias – 
extensas faixas de terras destinadas aos nobres portugueses para que, por conta própria, as explorassem e se 
comprometessem com a respectiva povoação (era um sistema tipicamente feudal). O sistema jurídico que vigorava 
durante todo o Brasil-Colônia era o mesmo que existia em Portugal, ou seja, as Ordenações do Reino, compostas pelas 
Ordenações Afonsinas (1446), Ordenações Manuelinas (1521), Ordenações Filipinas (Portugal sob o domínio da Espanha 
- 1603), estas, fruto da união das Ordenações Manuelinas, com as Leis extravagantes em vigência. As normas relativas ao 
Direito Civil vigoraram até o Código de 1916 (fonte: MACIEL, AGUIAR, 2007). As principais fontes dessas ordenações 
foram o Direito Romano e o Canônico, dos quais foram extraídos trechos inteiros. As ordenações do reino observaram a 
forma e conteúdo do Corpus Jus Civilis (VENOSA, p. 302). As Ordenações Filipinas vigoraram no Brasil durante todo o 
período colonial, atingindo a fase republicana 
 
Brasil – Império (7 de setembro de 1822): Família Real no Brasil : Napoleão invade Portugal e força a vinda da corte 
portuguesa ao Brasil- a Corte portuguesa chegaao Brasil em 1808 (instala-se no Rio de Janeiro)- A Abertura dos Portos 
as nações amigas: Inglaterra- Realizações de D.João: criação do Banco do Brasil, Jardim Botânico, Teatro Real, Imprensa 
Régia, Escola Médica. O processo de Independência do Brasil : - portugueses exigem a volta da família real; - D.Pedro 
fica no Brasil como príncipe regente.- Portugal quer recolonizar o Brasil; - Dia do Fico (9 de janeiro de 1822); 
Independência do Brasil (1822): com o apoio da elite, D.Pedro declara o Brasil independente (7 DE SETEMBRO DE 
1822):- Poucas mudanças após a Independência: permanece a escravidão / monarquia / povo não participou- apoio da 
Inglaterra. Primeira Constituição (1824): determinou que se organizasse um Código Civil e um Código Criminal para o 
 
3
 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 339. 
4 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 21ª Edição. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p.93. 
5
 As normas constitucionais são normas supremas, às quais todas as outras devem se adequar. 
6
 Regula a realização da prestação jurisdicional do Estado, “necessária à solução dos conflitos de interesses surgidos entre os 
particulares, ou entre estes e o próprio Estado”. REALE, p. 346. 
7
 “Sistema de princípios e regras, mediante os quais se tipificam as normas de conduta consideradas criminosas, e para as quais são 
cominadas, de maneira precisa e prévia, penas ou medidas de segurança, visando a objetivos determinados”. REALE, p. 347 
Império. Em 11 de agosto de 1827 foram criados os primeiros cursos de direito no Brasil: São Paulo e Olinda – 
transferido para Recife, posteriormente. A cultura jurídica nacional formou-se em torno dessas duas faculdades. 
 
Brasil- República (15 de novembro de 1889): Instalou-se a República. A primeira Constituição republicana, de 1891, 
implantou o federalismo, o presidencialismo e a separação harmônica dos três poderes: Legislativo, Executivo e 
Judiciário. Em matéria civil, as ordenações Filipinas vigoraram, até a promulgação Código Civil em 1916. 
 
 
CODIFICAÇÃO 
As Ordenações Filipinas vigoraram no Brasil até que se elaborasse o Código Civil. Após a independência do 
Brasil, a primeira Constituição, de 1824, referiu-se à organização de um Código Civil “baseado na justiça e na eqüidade”. 
Assim, relata GONAÇLVES, em 1865 a tarefa de elaboração do Código Civil foi confiada a TEIXEIRA DE 
FREITAS
8
, que já havia apresentado, em 1858, um trabalho de Consolidação das leis civis. 
O projeto então elaborado, denominado “Esboço do Código Civil”, continha cinco mil artigos e acabou não sendo 
acolhido, após sofrer críticas da comissão revisora. 
Várias Outras tentativas foram feitas após a proclamação da República, com a indicação de Clóvis Beviláqua
9
, 
foi o projeto do Código Civil por ele elaborado, depois de revisto, encaminhado ao Presidente da República, que remeteu 
ao Congresso Nacional, em 1900. Pouco antes, Coelho Rodrigues havia sido escolhido para o encargo e apresentou um 
projeto de incontestável merecimento, em condições de se converter em lei, mas que não obteve as graças do Legislativo, 
onde não teve andamento. Clóvis Beviláqua foi então convidado para este fim, com a recomendação de aproveitar, tanto 
quanto possível, o Projeto de Coelho Rodrigues. Desse modo foi possível desencumbir-se da difícil tarefa em pouco mais 
de seis meses. 
A complexidade e o dinamismo das relações sociais determinaram a criação, no país, de verdadeiros 
microssistemas jurídicos, decorrentes da edição de leis especiais de elevado alcance social e alargada abrangência, como 
a Lei do Divórcio (Lei 6.515/1977), o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), a Lei dos Registros Públicos 
(Lei 6.15/1973) e outras, que fixam o verdadeiro arcabouço normativo para setores inteiros retirados do Código Civil, 
provocando insinuações no sentido de que o Código Civil não estaria mais no centro do sistema legal, passando a 
desempenhar, muitas vezes, um papel subsidiário, como Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) e da lei do Inquilinato (Lei 
n. 8.245/1991), por exemplo. 
Por outro lado, a denominada “constitucionalização do Direito Civil” (expressão utilizada pelo fato de 
importantes institutos do direito privado, como a propriedade, a família e o contrato, terem, hoje, as suas vigas mestras 
assentadas na Constituição Federal), estaria contribuindo para esta fragmentação do direito civil. 
Esta situação suscitou discussões sobre a conveniência de se ter um direito civil codificado, chegando, alguns, a 
se posicionar contra a aprovação do Código Civil de 2002, sugerindo a manutenção e ampliação dos denominados 
microssistemas, sustentando que a idéia e sedimentação estática das normas, que caracteriza a codificação, estaria 
ultrapassada. 
Todavia, explica GONÇALVES “os Códigos são importantes instrumentos de unificação do direito, 
consolidando, por esse meio a unidade política da nação. Constituem eles a estrutura fundamental do ordenamento 
jurídico de um país e um eficiente meio de unificação dos usos e costumes da população. A codificação tem, ademais o 
grande mérito de organizar e sistematizar cientificamente o direito, possibilitanto maior estabilidade nas relações 
jurídicas”. Por tais razões, a codificação prevaleceu. 
Historicamente, o grande passo foi dado na França, com o Código de Napoleão, de 1804, que permanece até hoje 
regulando a vida jurídica de um povo altamente civilizado, tendo servido de modelo a diversos países na elaboração de 
seu direito positivo. Posteriormente, o Código alemão, o BGB (Bürgerliches Gesetzbutch), serviu de base para o Código 
Civil brasileiro de 1916. 
 
CÓDIGO CIVIL DE 1916 (Lei 3.071 de 1º de janeiro de 1916) 
 
O Código Civil de 1916 continha 1807 artigos. Os Códigos Francês de 1804 e Alemão de 1896 exerceram 
influência em sua elaboração, tendo sido adotadas várias de suas concepções. 
O Código brasileiro de 1916 era estruturado da seguinte forma: PARTE GERAL: trazia conceitos, categorias e 
princípios básicos aplicáveis a todos os livros da Parte Especial e que produziam reflexos em todo o ordenamento 
jurídico. PARTE ESPECIAL: Família, Coisas, Obrigações e Sucessões. 
Alguns doutrinadores atribuem a influência do BGB a idéia da parte geral, contudo, mesmo antes do BGB, 
Teixeira de Freitas, em sua Consolidação das Leis Civis de 1858, havia estruturado desta forma. 
O Código de 1916 refletia as concepções predominantes no final dos séculos XIX e início do século XX, em 
grande parte, ultrapassadas, baseadas no individualismo então reinante, especialmente ao tratar do direito de propriedade 
 
8 AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS foi Jurista Baiano, nascido em 1816. 
9
 CLÓVIS BEVILÁQUA. Cearense, nascido em 1859. 
e da liberdade de contratar. A concepção individualista prevaleceu nos Códigos Civis do Ocidente – Código de Napoleão 
(1804), Código Civil Alemão - geralmente indicado pelas iniciais BGB (1900), e o Código Civil brasileiro de 1916.
10
 
A evolução social, o progresso cultural e desenvolvimento científico pelos quais passou a sociedade brasileira no 
decorrer do século passado provocaram transformações que exigiram do direito uma continua adaptação, mediante 
crescente elaboração de leis especiais que modificaram consideravelmente o direito civil. Exemplo: Estatuto da Mulher 
Casada (Lei n. 4121/62), Lei do Divórcio (Lei 6515/1977), Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e leis 
que reconheceram os direitos dos companheiros (Lei 8971/94 e Lei 9278/96). Essas leis, entre outras, revogaram e 
atualizaram dispositivos do Código anterior. 
A própria Constituição Federal de 1988 trouxe importantes inovações, por exemplo, no direito de família:filiação, direitos iguais aos cônjuges, coisas: propriedade, etc... 
 
CÓDIGO CIVIL DE 2002 
Em 1967, o Governo nomeou uma Comissão de Juristas sob a supervisão de Miguel Reale
11
, convidando para 
integrá-la: José Carlos Moreira Alves (Parte Geral), Agostinho Alvim (Direito das Obrigações), Sylvio Marcondes 
(Direito de Empresa), Ebert Vianna Chamoun (Direito das Coisas), Clóvis do Couto e Silva (Direito de Família) e 
Torquato Castro ( Direito das Sucessões). 
Essa comissão apresentou, em 1972, um Anteprojeto, com a disposição de preservar, no que fosse possível, e no 
aspecto geral, a estrutura e as disposições do Código de 1916, mas reformulando-o, no âmbito pessoal, com base nos 
valores éticos e sociais revelados pela experiência legislativa e jurisprudencial. Procurou atualizar a técnica do Código 
Civil anterior e afastar-se as concepções individualistas que nortearam este diploma para seguir orientação compatível 
com a socialização do direito contemporâneo, sem se descuidar do valor fundamental da pessoa humana. 
Enviado ao Congresso Nacional, transformou-se no Projeto de Lei n. 634/75, que unificou, parcialmente, o direito 
privado. Contém 2.046 artigos e divide-se em Parte Geral, que trata das pessoas, dos bens e dos fatos jurídicos, e Parte 
Especial, dividida em 5 livros, com os seguintes títulos: Direito das Obrigações, Direito de Empresa, Direito das Coisas, 
Direito de Família e Direito das Sucessões. 
A demora na tramitação fez com que fosse atropelado por leis especiais mais modernas e pela própria 
Constituição Federal de 1988, especialmente no âmbito de direito de família. Em razão disto, foi encaminhado ao 
Congresso o Projeto de Lei n. 6990/2002, com proposta de alteração de mais de uma centena de artigos. 
 
ESTRUTURA E CONTEÚDO DO CODIGO CIVIL DE 2002 
O novo Código Civil manteve a estrutura do Código de 1916, seguindo a influência Germânica, dividido em Parte 
Geral e Partes Especiais. Houve alteração na ordem dos livros que compõem o Código Civil, e a inclusão do Direito de 
Empresa, que representa uma inovação a caminho da unificação parcial do direito privado. 
O Código Civil de 2002 subordina-se hierarquicamente aos ditames constitucionais, que traçam os princípios 
básicos norteadores do direito privado. 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
Os princípios básicos do Código Civil de 2002 são: socialidade, eticidade e operabilidade. 
 
1) Princípio da sociabilidade: reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda do valor 
fundamental da pessoa humana. Essa adaptação passa pela revolução tecnológica, pela emancipação da mulher, que 
provocou alterações como a expressão pátrio poder para poder familiar, pelo novo conceito de propriedade e posse 
(posse-trabalho ou posse pro labore), diminuição dos prazos de usucapião, etc.. 
 
2) Princípio da eticidade: funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores. Prioriza a 
eqüidade, a boa-fé. Confere maior poder ao juiz para encontrar a solução mais justa e eqüitativa. Ex: contratos 
 
3) Princípio da operabilidade: leva em conta que o direito é feito para ser efetivado, executado, evitando complicações e 
perplexidades. 
 
 
TÉCNICAS DE CODIFICAÇÃO 
Os Códigos não apresentam diferenças o tocante às leis ordinárias. São organizados em artigos, que seguem 
numeração contínua. São divididos em Capítulos, Títulos e Seções. Os artigos são subdivididos em parágrafos e alíneas. 
Costuma-se numerar os artigos de 1ª ao 9ª, pelos ordinais, e a partir do 10, pelos cardinais, assim como os parágrafos. Os 
incisos, dentro dos artigos, vêm numerados em números romanos. Quando o artigo possui vários parágrafos, usa-se o 
símbolo “§”. Quando o artigo possui só um artigo, denomina-se “parágrafo único”, e se escreve por extenso. 
 
 
 
10 REALE, p. 359. 
11
 Jurista, filósofo, educador - (1910-2006). 
LEI DE INTRODUÇÃO às normas do Direito Brasileiro (DECRETO-LEI 4.657/42) 
A Lei de Introdução ao Código Civil é um diploma legislativo autônomo (tem numeração própria), não se 
confundindo ou integrando o Código Civil. Trata-se de uma lei de introdução às leis. A LINDB não serve como 
introdução ao Direito Civil, mas a todo o sistema legislativo brasileiro. DINIZ explica que a LICC “estende-se muito 
além do Código Civil, por abranger princípios determinativos da aplicabilidade das normas, questões de hermenêutica 
jurídica relativas ao direito privado e ao direito público e por conter normas de direito internacional privado” (DINIZ, 
1996, p. 3). 
A Lei de Introdução ao Código Civil é “uma lex legum, ou seja, um conjunto de normas sobre normas, 
constituindo um direito sobre direito, um superdireito, um direito coordenador do direito. Não rege as relações da vida, 
mas sim as normas, uma vez que indica como interpreta-las ou aplica-las, determinando-lhes a vigência e a eficácia suas 
dimensões espácio-temporais, assinalando suas projeções nas situações conflitivas de ordenamentos jurídicos nacionais e 
alienígenas, evidenciando os respectivos elementos de conexão”. (BEVILÁQUA apud DINIZ, 1996, p. 3) 
 A LINDB tem por conteúdo a disciplina: a) do início da obrigatoriedade da lei (art. 1º); b) do tempo da 
obrigatoriedade da lei (art. 2º); c) da garantia da eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei 
vigente, que a comprometeria (art. 3º); d) dos mecanismos de integração das normas, quando houver lacuna (art. 4º); e) 
dos critérios de hermenêutica jurídica (art. 5º); f) do direito intertemporal, para assegurar a certeza, segurança e 
estabilidade do ordenamento jurídico-positivo, preservando as situações consolidadas em que o interesse individual 
prevalece (art. 6º); g) do direito internacional privado; 
A Lei de Introdução ao Código Civil tem peso de lei ordinária, subordina-se à hierarquia das leis e à revogação posterior. 
 
REFERÊNCIAS: 
 
DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário Jurídico. RJ: Forense, 1998. 
 
DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro interpretada. São Paulo: Saraiva, 1996. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol I. Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2006. 
 
MACIEL, José Fábio Rodrigues; AGUIAR, Renan. História do Direito. SP: Saraiva, 2007 
 
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 21ª Edição. Rio de Janeiro: Forense, 2001 
 
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao Estudo do Direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Parte Geral. São Paulo: Atlas, 2007.

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