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AN02FREV001/REV 4.0 87 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ENFERMAGEM EM CENTRO - CIRÚRGICO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 88 CURSO DE ENFERMAGEM EM CENTRO – CIRÚRGICO MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 89 MÓDULO III 7 UNIDADE DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA A fase dos cuidados pós-operatórios imediato começa tão logo o procedimento cirúrgico seja concluído e o paciente transferido para a Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA). Esta Unidade deve ser adjacente ao centro- cirúrgico, oferecendo facilidade de acesso. O estado do paciente deve ser avaliado quanto às necessidades durante a transferência (com oxigênio, dispositivo manual de pressão negativa, um leito no lugar da maca). A permanência do paciente nesta unidade permite rápida convalescença, evita infecções hospitalares, poupa tempo, reduz gastos, ameniza a dor e aumenta a sobrevida do mesmo. Este é o período mais crítico da recuperação do paciente, por isso, vários cuidados de enfermagem são dispensados a ele com as seguintes dificuldades: prestar assistência intensivista até a total recuperação dos reflexos, assistir o paciente integralmente, proporcionando segurança e retorno rápido às suas atividades normais, prevenir complicações, e em alguns casos, auxiliar na reabilitação e na adaptação do paciente às novas condições resultantes da operação, como é o caso, por exemplo, da colostomia, da mastectomia, e da amputação, entre outras. O Enfermeiro assume os cuidados do paciente após uma avaliação inicial e um relato da equipe de transferência; deve sistematizar o registro das informações, mantendo vínculo ativo com os profissionais de saúde, além de oferecer à equipe de enfermagem condições para atuar com o cliente de maneira efetiva, planejada e Período Transoperatório Pós-operatório Imediato Pós-operatório Mediato ou tardio AN02FREV001/REV 4.0 90 segura. O histórico de enfermagem inicial do paciente pós-operatório começa com a determinação da avaliação imediata da via aérea e circulatória adequada. A via aérea é avaliada quanto à perviedade, oxigênio umidificado é aplicado e a frequência respiratória contada. É iniciada a oximetria de pulso em todos os pacientes, e a qualidade dos sons respiratórios é determinada. O paciente é então conectado ao monitor cardíaco, e a frequência cardíaca e ritmo são avaliados, assim como a verificação da pressão arterial. Após a avaliação imediata e completados os registros, inicia-se uma avaliação mais completa pós-anestesia. A avaliação é realizada rapidamente e é específica para o tipo de procedimento cirúrgico. Em alguns casos, o enfermeiro da URPA avalia os sinais vitais na admissão e inicia a avaliação pelo sistema respiratório. A avaliação respiratória consiste em frequência, ritmo, ausculta dos sons respiratórios e o nível de saturação do oxigênio. A presença de uma via aérea artificial e o tipo de sistema de liberação de oxigênio são anotados. O sistema cardiovascular é avaliado pela monitorização da frequência e ritmo cardíacos. A pressão arterial inicial do paciente é comparada para uma ou mais leituras do pré-operatório. A temperatura corporal é obtida e a condição da pele é examinada, incluindo o pulso periférico, se indicado. O paciente é então avaliado quanto ao funcionamento neurológico. O paciente está reativo (despertando da anestesia)? O paciente pode responder aos comandos? O paciente está orientado no mínimo quanto a nomes e hospital? O paciente pode movimentar as extremidades? Existem desvios da função neurológica pré-operatória? Alguns procedimentos operatórios requerem uma avaliação mais detalhada. Para avaliar a função renal, a ingesta e a excreta são examinadas. O líquido total intraoperatório e a estimativa de perda sanguínea são avaliados. Os acessos venosos, infusões e soluções de irrigação são anotados. A presença de todos os acessos venosos, drenos e cateteres são anotados; a excreta de urina é anotada quanto à coloração, quantidade e consistência. Toda informação obtida da avaliação na admissão é anotada no relatório da URPA. AN02FREV001/REV 4.0 91 A avaliação inicial inclui o registro de: 1. Sinais vitais: - Pressão arterial; - Pulso; - Temperatura; - Respiração 2. Nível de consciência 3. Leitura da pressão venosa central (PVC) se indicado; 4. Posição do paciente; 5. Condição e coloração da pele; 6. Necessidade de segurança do paciente; 7. Neurovascular: pulso periférico e sensação nas extremidades quando possível; 8. Condições de curativos ou linhas de sutura; 9. Tipo, perviedade e fixação dos tubos de drenagem, cateteres e recipientes; 10. Quantidade e tipo de drenagem; 11. Resposta muscular e força; 12. Resposta pupilar quando indicado; 13. Terapia venosa: localização, condição, fixação e quantidade de soluções infundidas em acessos venosos (inclusive sangue e derivados); 14. Nível de suporte físico e emocional; 15. Escore numérico de escala utilizada na unidade. A rotina em algumas instituições da frequência da verificação dos sinais vitais, bem como seu estado geral dá-se a cada quinze minutos na primeira hora de chegada do paciente a URPA; a cada trinta minutos na segunda hora e a cada hora nas horas subsequentes até a liberação deste para a unidade de internação de origem. AN02FREV001/REV 4.0 92 8 COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO O enfermeiro circulante ou o anestesiologista notificam informações referentes à cirurgia, incluindo qualquer complicação que o paciente possa apresentar. O aspecto mais importante da intervenção de enfermagem é a observação e a monitorização rigorosas do paciente durante a fase da emergência anestésica. Após uma cirurgia é comum o paciente passar por vários desconfortos, dentre eles os mais comumente encontrados nas cirurgias de médio e grande porte são: 8.1 RESPIRATÓRIA A prioridade nos cuidados ao paciente pós-anestesia é estabelecer a perviedade das vias aéreas. Uma causa muito comum de obstrução das vias aéreas é a língua, que se relaxa devido ao agente anestésico e aos relaxantes musculares usados durante a cirurgia. O paciente pode apresentar roncos, retração dos músculos intercostais, movimentos assincrônicos do tórax e abdômen e uma redução do nível de saturação de oxigênio. A ação que a enfermagem toma pode ser tão simples quanto a estimulação para que o paciente respire profundamente. Se o paciente não estiver responsivo pode precisar abrir a via aérea pela inclinação do queixo ou pela abertura da boca. A inclinação do queixo é realizada pela suspensão deste com uma das mãos, enquanto inclina-se a fronte para trás com a outra. A abertura da boca pela mandíbula é obtida pelo deslocamento da articulação temporomandibular na direção bilateral. Se estas ações não abrem a via aérea, uma via aérea artificial pode precisar ser inserida. Tanto a via aérea oral como a nasal podem ser usadas. Uma via aérea oral está indicada para uso em pacientes que não respondem; uma via aérea nasal está indicada para pacientes que estão despertos porque é mais bem tolerada por AN02FREV001/REV 4.0 93 um paciente consciente. Em certas situações como a apneia, intubação com ventilaçãopode ser requerida. Se a intubação é impossível, o paciente pode precisar de uma traqueostomia, embora isto seja raro. Uma complicação muito séria que pode ocorrer na URPA é o laringoespasmo. Os músculos da laringe contraem-se e obstruem a via aérea parcialmente ou completamente. O laringoespasmo geralmente se deve a uma via aérea irritável. As ações de enfermagem incluem a redução de estímulos irritantes, a hiperextensão da cabeça do paciente, a oxigenação é possivelmente a administração de um aerossol com adrenalina racêmica. Em muitos casos, a ventilação por pressão positiva deve ser administrada por máscara e ambu. Se os sintomas permanecerem por mais de um minuto e não forem aliviados pela pressão positiva, a administração de um relaxante muscular é necessária. A intubação é indesejável e é usada somente como último recurso. O broncoespasmo é uma obstrução da via aérea baixa, sendo causada pelos espasmos dos tubos bronqueais. Os broncodilatadores inalados são a terapia de primeira escolha para estes pacientes, seguidos pela aminofilina EV. A adrenalina e a metilprednisolina também podem ser administradas em alguns casos. 8.2 CARDIOVASCULAR A instabilidade do sistema cardiovascular é um achado frequente depois da cirurgia. Problemas comuns incluem hipotensão, hipertensão e disritmias. A hipotensão é experimentada por cerca de 3% dos pacientes no pós- operatório. A hipotensão tem sido definida com uma pressão arterial menor que 20% do nível basal ou que a pressão do pré-operatório. Muitas vezes, os sinais clínicos de hipotensão são mais confiáveis como um indicador, especialmente no paciente com apenas um registro de pressão no pré-operatório. Os sinais clínicos podem incluir pulso rápido e filiforme, desorientação, sonolência, oligúria, pele fria e pálida. O débito cardíaco e a resistência vascular determinam a pressão arterial. A hipotensão pode ser em razão da disfunção cardíaca como infarto do miocárdio, AN02FREV001/REV 4.0 94 tamponamento, embolia ou medicações, incluindo agentes anestésicos. Nesse caso, o coração não está bombeando muito eficazmente. O oxigênio e estimulantes cardíacos serão usados quando necessário, também com monitoração hemodinâmica. A hipovolemia reduz o débito cardíaco e pode ser causada pela hemorragia, desidratação, ou aumento da pressão positiva expiratória final. A reposição de líquidos e/ou sangue é usada para tratar a hipovolemia. Se o paciente está com hemorragia no local da cirurgia, está indicado o retorno à sala de cirurgia. A resistência vascular reduzida pode estar relacionada com as medicações, anestesia geral e local, ou anafilaxia. A vasodilatação pode ser tratada com líquidos vasopressores ou elevação das pernas do paciente. As reações anafiláticas são tratadas com adrenalina, anti-histaminas e líquidos adicionais. A hipertensão arterial sistêmica é geralmente definida como uma pressão arterial maior que 20% do nível basal do paciente ou do pré-operatório. Se novo, os sinais clínicos são os mais importantes indicadores da gravidade da hipertensão. A cefaleia, alterações do estado mental e dor subesternal são todos indicadores de danos a um órgão fim. A hipertensão assintomática é uma ocorrência comum na URPA e geralmente é considerada como inofensiva. A solução é determinada, geralmente, pela causa. A pressão arterial elevada faz causar aumento da tensão na parede ventricular, pós-carga e trabalho miocárdio. O paciente com uma história de doença cardíaca corre risco de resultados adversos. A hipertensão pode ser em razão do volume pré-carga ou edema pulmonar, que causa um aumento do débito cardíaco. Nesse caso, dá-se diurético ao paciente, faz-se restrição de líquidos e o paciente é monitorizado hemodinamicamente. Outras causas de hipertensão são a dor e a ansiedade, hipotermia, hipoxemia, hipercardia e distensão vesical, todos os quais causam aumento na resistência vascular. Os pacientes com dor são medicados e os pacientes com hipotermia são aquecidos. Os pacientes são bem oxigenados e ventilados, se necessário, para melhorar a hipoxemia ou hipercarpnia. Os pacientes são estimulados a urinar ou são cateterizados para esvaziar toda a bexiga. Drogas anti-hipertensivas são usadas, quando necessárias, para controlar a pressão arterial, os pacientes devem retomar os medicamentos anti-hipertensivos AN02FREV001/REV 4.0 95 prescritos no pré-operatório tão logo quanto possível após a cirurgia. Aos pacientes de cirurgia ambulatorial, bem como aqueles internados, deve ser permitido tomar seus anti-hipertensivos prescritos no dia da cirurgia. Uma causa comum de disritmia Uma causa comum de disritmia posterior à cirurgia é a sinus taquicardia (uma frequência maior que 100 no adulto). Causas frequentes incluem dor, hipoxemia, hipovolemia, aumento da temperatura e ansiedade. A causa subjacente é tratada. Propranolol, mesoprolol, ou esmolol podem ser dados. A sinus bradicardia (frequência cardíaca menor que 60 no adulto) também é uma causa comum de disritmia na URPA. A causa inclui hipoxemia, hipotermia, anestesia espinhal alta, estimulação vagal e algumas medicações que são dadas comumente durante a cirurgia. A causa subjacente é tratada. Atropina é a droga de escolha para aumentar a frequência cardíaca, e geralmente nenhum outro tratamento é requerido. Marca- passo temporário ou permanente pode algumas vezes ser requerido. As contrações vasculares prematuras (CVPs) são representadas pela visualização de um complexo QRS largo e bizarro. As causas mais comuns no período pós-operatório são hipoxemia e hipocalemia. Aquelas condições subjacentes são tratadas. Muitas vezes, se a doença cardíaca ou hipotensão não está presente, as CVPs não requerem medicação. Se a intervenção é requerida, a lidocaína mantém-se como a droga de escolha. 8.3 TEMPERATURA ANORMAL A hipotermia pós-operatória, definida como uma temperatura menor que 36°C continua a ser um problema crescente na URPA. Acredita-se que mais de 60% dos pacientes na URPA apresentem hipotermia. Às vezes, a hipotermia não se constitui em uma ameaça à vida; contudo, ela causa estresse psicológico. A hipotermia pode prolongar o tempo de recuperação e contribuir para a morbidade pós-operatória. O idoso e as crianças maiores de dois anos de idade são especialmente vulneráveis aos efeitos da hipotermia. A prevenção da perda de calor começa na sala de cirurgia. O paciente sob AN02FREV001/REV 4.0 96 anestesia geral não produz calor e é dependente da temperatura ambiental. A prevenção pode incluir o aumento da temperatura ambiental na sala de cirurgia e a cobertura do paciente na chegada para minimizar a exposição. Os umidificadores de aquecimento e os aquecedores de líquidos adicionam calor. Uma técnica recente de prevenção da hipotermia na sala de cirurgia é o dispositivo que força o aquecimento do ar. Na URPA, demandas tremendas são feitas ao corpo se o paciente apresenta calafrios. Os calafrios podem aumentar a necessidade de oxigênio de 300 a 400%. Os pacientes hipotérmicos devem ter iniciada sua oxigenoterapia imediatamente após a admissão. Para um paciente com o coração saudável não pode existir nenhum efeito adverso. Contudo, para o paciente com doença da artéria coronária ou cardiomiopatia, pode ocorrer descompensação. Há outros problemas associados com a hipotermia. A perda do volume intravascular, devido ao deslocamento de líquido do espaço extravascular, provavelmente está relacionada com a vasoconstrição. Quando o paciente começa a reaquecer-se, acontece a vasodilatação e o paciente pode requerer grandes quantidades de líquidos intravenosos para evitar a hipovolemia. O sistema nervoso central fica deprimido pela hipotermia. O paciente na pós- anestesia demorará mais tempo para recuperar a sua temperatura corporal. A perda de nitrogênioe a hipocalemia podem causar uma predisposição à infecção da ferida e problemas cardíacos. A hipotermia retarda o metabolismo e altera os efeitos de algumas drogas anestésicas. De especial interesse é o prolongamento da eliminação de relaxantes musculares nos pacientes hipotérmicos. Podem ocorrer anormalidades na coagulação. A atividade plaquetária declina e aumenta a fibrinólise com a hipotermia. Ambas as condições acentuam a tendência ao sangramento. O reaquecimento é uma prioridade nos cuidados imediatos do paciente pós- operatório porque a normotermia reverte todos os efeitos da hipotermia. Roupas e cobertores úmidos e frios devem ser retirados e aquecidos; roupas e cobertores secos, aplicados à cabeça e ao corpo. Várias técnicas de reaquecimento externo estão disponíveis. A aplicação de cobertores aquecidos de tecido de algodão tem sido a tradição na URPA. Os cobertores aquecidos são aplicados a cada 5 a 10 minutos até que o paciente fique normotérmico. Os cobertores de tecido de algodão AN02FREV001/REV 4.0 97 fazem aumentar a temperatura do paciente gradualmente. Entretanto, eles não aquecem o paciente ativamente, e o processo ainda pode ser lento. Os cobertores de circulação contínua de líquidos ou colchão d'água aquecido têm se mostrado de pouco valor no reaquecimento de pacientes devido ao tamanho da área de superfície em contato com a fonte de calor. As lâmpadas de calor radiante dependem da exposição de grandes áreas da superfície do corpo, o que limita o seu uso aos pacientes adultos. Os aquecedores de líquidos e sangue são úteis para grandes volumes de líquidos frios, mas não reverte a hipotermia. Os dispositivos que forçam o aquecimento do ar, uma tecnologia nova, tem sido apontada como eficaz no reaquecimento de pacientes. Esse dispositivo produz um foco térmico no ambiente, que transfere calor pelo fluxo de ar quente por meio de um cobertor de plástico ou de tecido de papel que cobre o paciente. Esses dispositivos que forçam o aquecimento do ar são agora a terapêutica-padrão na hipotermia de pacientes no serviço da URPA. A hipertermia pode ser uma indicação de um processo infeccioso ou sepse, ou pode indicar um processo hipermetabólico - hipertermia maligna. Isso é uma emergência muito séria, que é genética na origem e desencadeada por agentes anestésicos voláteis e o relaxante muscular despolarizante succinilcolina. A morte acontece, a menos que a hipertermia maligna seja reconhecida imediatamente e tratada. 8.3.1 Cuidados de enfermagem na hipotermia Aquecer o paciente, aplicação de bolsas de água quente, controlar a temperatura verificando os valores constantemente, na hipertermia, retirar cobertores, aplicar compressas (regiões frontal, axilar e inguinal), usar antipiréticos cpm, controlar a T e sinais de instalação de quadro convulsivo. AN02FREV001/REV 4.0 98 8.4 PROCESSO MENTAL ALTERADO O paciente da URPA pode estar desorientado, sonolento, confuso ou delirante. A causa pode variar de efeito residual da anestesia, a dor e ansiedade. A hipoxemia deve ser descartada primeiro; permanece como causa mais comum de agitação pós-operatória. Os pacientes que são dependentes ou abusam de substâncias químicas muitas vezes despertam em estado de agitação. A distensão vesical também pode contribuir para a agitação em um paciente sonolento, confuso. O enfermeiro da URPA deve identificar e eliminar a causa da agitação ou confusão, se possível. O paciente pode participar de pequenas conversações e ser reorientado quanto ao lugar e à pessoa. Dados pré-operatórios de base são importantes para determinar a causa. Mudanças persistentes do estado pré-operatório requerem avaliação completa e possível intervenção do médico. 8.5 DOR A dor é uma experiência subjetiva e pode ou não ser verbalizada. Muitas vezes o profissional de saúde requer sinais objetivos de desconforto além do relato subjetivo da dor do paciente. Como resultado, acredita-se que mais de 75% dos pacientes pós-cirúrgicos são subtratados para dor. Atualmente, tem-se desenvolvido guias clínicos práticos para controle da dor aguda, entende-se que todos os pacientes devem ser avaliados, quanto à gravidade da dor usando uma escala de frequência verbal ou uma escala visual análoga. Intervenções não farmacológicas que podem ser usadas incluem posicionamento, confiança verbal, toque, aplicações de calor ou gelo, massagem, e estimulação elétrica transcutânea do nervo (EETN). Se o paciente foi ensinado no pré-operatório, outras técnicas que podem ser usadas são o relaxamento, imagem AN02FREV001/REV 4.0 99 autossugestiva, distração com música e biofeedback. Evidências têm indicado que a analgesia precoce reduz os problemas pós- operatórios. Drogas anti-inflamatórias não esteroidais (AINES) e opiáceos são os analgésicos de escolha. Uma dose intramuscular de 30 mg de cetorolac é equivalente a 100 mg de meperidina. AINES e opiáceos são usados geralmente em combinação na URPA. O paciente pode receber uma dose de cetorolac na sala de cirurgia ou imediatamente após a chegada a URP A. A dor é então tratada com um opiáceo por via intravenosa, como a morfina, a meperidina e o fentanil. A analgesia controlada pelo paciente (ACP) permite que este controle a administração analgésica. Dosagem, tempo entre as doses e a dosagem máxima que pode ser administrada são prescritos pelo médico. A ACP pode ser iniciada na URPA ou imediatamente na chegada à sala do paciente. Outros métodos de alívio da dor no pós-operatório incluem a colocação de opiáceo espinhal e epidural e a colocação direcionada de anestésico local pelo cirurgião. 8.5.1 Cuidados de enfermagem Avaliar o grau de dor de cada paciente, afastando causas extracirúrgicas, tranquilizar o paciente, orientando-o. Administrar analgésico conforme prescrição médica, anotar tipo, local e intensidade da dor. 8.6 NÁUSEA E VÔMITO Náusea e vômito são problemas pós-operatórios que afetam um grande número de pacientes na URPA. O controle da náusea e do vômito atualmente começa no pré-operatório e continua em todo o período intraoperatório. A terapia preventiva tem sido efetiva na redução da incidência. Não há um único método de prevenção ou tratamento de náusea e vômito. Muitos fatores causais estão relacionados com a anestesia e cirurgia. O AN02FREV001/REV 4.0 100 enfermeiro da URPA deve proteger as vias aéreas do paciente inconsciente ou semiconsciente para prevenir a possibilidade de aspiração de conteúdo gástrico. Fatores precipitantes devem ser eliminados, como evitar conversações que poderiam suscitar náusea e vômito, prevenir o movimento rápido e elevar a cabeça do paciente. Terapia antiemética é planejada para reduzir os sintomas gastrointestinais (GI) sem supersedar o paciente. Uma droga usada frequentemente, especialmente nos serviços de cirurgia ambulatorial, é o droperidol. Outras drogas usadas comumente são metoclopramida (Reglan, Plasil), proclorperazina (Compazine) e prometazina (Fenergan). O agente antiemético odansetron (Zofran) foi aprovado recentemente para a prevenção da náusea e do vômito pós-operatório. Essa droga tornou-se popular devido a sua ausência de efeitos colaterais como a sedação, hipotensão e tremores. Outras medicações úteis incluem dimenidrinato (Dramamine), hidroxizina (Vistaril, Atarax) e escopolamina (Transderm-Scop). 8.6.1 Cuidados de enfermagem Posicionar em decúbito lateral, aspirar se necessário, aspirar por SNG se intenso, higienização oral após episódios, pesquisar a natureza do episódio, anotar características, quantidades, cor, odor, etc. Oferecer gelo para chupar. Um equipamento de aspiração deve ser mantido à beira do leito do paciente até não mais haver risco de aspiração. O enfermeiro observa atentamente se o pacientemostra dificuldade de deglutir ou eliminar secreções orais. Exceto quando houver contraindicação, o enfermeiro coloca o paciente em decúbito lateral até ele conseguir deglutir secreções orais. AN02FREV001/REV 4.0 101 8.7 SOLUÇOS São espasmos diafragmáticos intermitentes, provocados pela irritação do nervo frênico causados por estímulo do nervo por distensão gástrica ou abdominal, peritonite, abscesso diafragmático, pleurisia e tumores torácicos. Ou ainda, por estímulo no centro do nervo (situado na medula espinhal), por uremia e toxemia, ou então por estímulos reflexos decorrentes do tubo de drenagem, exposição ao frio, ingestão de líquidos muito frios ou quentes, obstrução intestinal. No PO, normalmente cessa espontaneamente, mas podem persistir causando complicações como deiscência, vômitos, irritação, etc. Cuidados de enfermagem: eliminar as causas aquecendo o paciente, mudando decúbito, aspirando conteúdo gástrico, estimulando deambulação, fazer o paciente respirar em um saco de papel (aumentando o CO2), reduzindo a irritação nervosa, administrar medicamentos prescritos como o dióxido de carbono e em casos mais graves Amplictil®. Auxiliar na infiltração de anestésico local ou preparo do paciente para esmagamento cirúrgico do nervo (último recurso) 8.8 SEDE É a sensação de ressecamento da boca e faringe por ação inibidora de secreções da Atropina, perdas sanguíneas, de líquidos (sudorese excessiva, evaporação da cavidade, etc.), hipertermia. AN02FREV001/REV 4.0 102 8.8.1 Cuidados de enfermagem Observar os sinais de desidratação pelo turgor da pele, diurese, alterações de PA, sonolência. Verificar o jejum para hidratar EV, umidificar a boca e realizar higiene oral. 8.9 CHOQUE É um quadro grave caracterizado pela oxigenação celular inadequada e pela incapacidade de excretar os produtos do metabolismo, o prognóstico dependerá da rapidez do atendimento. Pode ser classificado em: hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico, séptico, anafilático, pirogênico. A sintomatologia é clássica, pulso taquicárdico e filiforme, hipotensão arterial, dispneia, cianose das extremidades, palidez, sudorese fria, hipotermia, agitação, oligúria ou anúria. 8.9.1 Cuidados de enfermagem Variam de acordo com o tipo, mas basicamente visa avisar o médico imediatamente, controle SSVV, controle de PVC, controle de hemorragias, instalar soroterapia, avaliação neurológica, colher amostra de sangue para tipagem, manter o paciente calmo em DD e MMII elevados, aquecendo moderadamente. Administrar medicamentos cpm, sangue e hemoderivados prescritos, controlar volume, uso de SVD (anúria), preparar material de emergência. AN02FREV001/REV 4.0 103 8.10 COMPLICAÇÕES PULMONARES São os mais comuns e frequentes problemas de PO, sendo as principais complicações as atelectasias, broncopneumonias (Bcp), e embolia pulmonar (principalmente em POM). Todos apresentando como sintomas básicos a hipertermia, alterações de pulso e respiração, dor torácica, dispneia e tosse, tendo como fatores de risco: o tipo de cirurgia (tamanho, localização e duração), repouso prolongado no leito, idade, condições físicas (obesos, desidratados, fumantes) e aspiração de secreções de VAS como o vômito, etc. 8.10.1 Cuidados de enfermagem Estimular a movimentação e deambulação, incentivo dos exercícios respiratórios, estímulo de tosse, tapotagem, aspiração VA, manter material de oxigenoterapia pronto (máscaras, cânulas, cateteres, material de intubação endotraqueal, traqueostomia, etc.), manter nebulização contínua, manter hidratação adequada, verificar SSVV e evitar infusão EV em MMII. 8.11COMPLICAÇÕES URINÁRIAS A mais comum em POI é a retenção urinária, que é caracterizada pela incapacidade de urinar, apesar da vontade, causada por espasmos do esfíncter urinário, cistite aguda, hipertrofia prostática, estenose uretral, perfuração uretral, cálculo uretral, paralisia dos nervos da bexiga ou compressão. AN02FREV001/REV 4.0 104 FIGURA 6 – COMPLICAÇÕES URINÁRIAS FONTE: Disponível em: <http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/15968>. Acesso em: 12 set. 2013. FIGURA 7 – COMPLICAÇÕES URINÁRIAS FONTE: Disponível em: <http://www.uro.com.br/prostexto.htm>. Acesso em: 12 set. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 105 8.11.1 Cuidados de enfermagem Observar a quantidade e frequência urinária, observar queixas álgicas do paciente, a visualização do bexigoma, estimular a diurese com aberturas de torneiras e chuveiro, usar compressas mornas na região suprapúbica (se não houver contraindicação), utilizar SVA se necessário, banhos de assento com água morna. 8.12 HEMORRAGIA É a perda de sangue anormal, cuja consequência para o paciente vai depender da quantidade de sangue perdido e do estado geral no momento. Pode ser venosa ou arterial, primária ou secundária, interna ou externa. Suas causas principais são: defeitos de hemostasia, distúrbios de coagulação e tensão no local da incisão. 8.12.1 Cuidados de enfermagem Identificar precocemente os sinais de hemorragia, principalmente a interna, manter o paciente em repouso, fazer curativo compressivo, comprimir artérias próximas ao local de sangramento, controlar SSVV, posicionar o paciente em DD e MMII elevados (exceto em hemorragias cranianas ou torácicas). 9 COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO MEDIATO OU TARDIO AN02FREV001/REV 4.0 106 Compreende o período que decorre após 24 horas da cirurgia até o momento da alta hospitalar e pode apresentar inúmeras situações de complicações, sendo as principais: 9.1 DISTENSÃO ABDOMINAL É uma complicação relativamente comum no pós-operatório, especialmente em operações abdominais. Após a anestesia, os movimentos peristálticos desaparecem e, muitas vezes, demoram a retornar, fazendo com que líquidos e gases se avolumem no estômago e intestinos. Outras causas: imobilidade do paciente no PO, alimentação imprópria, traumatismo cirúrgico intestinal no transoperatório. Medidas profiláticas incluem a mobilização no leito ou a deambulação precoce. Os sinais e sintomas mais clássicos incluem: abdome de volume aumentado, sensação de plenitude como se estivesse com o estômago cheio, dor abdominal tipo cólica, dificuldade respiratória pela pressão sobre o diafragma, o que pode ocorrer em casos extremos. Os cuidados incluem: estímulo da deambulação, mobilizar o paciente com exercícios passivos no leito quando necessário, incentivar o paciente a alimentar-se de acordo com a prescrição evitando alimentos que provoquem fermentação, realização da sondagem retal por aproximadamente 20 minutos para eliminação de gases do cólon inferior, administrar se prescrito clisteres ou laxantes para estímulo da peristalse, aplicar calor no abdome se não for contraindicado, aspiração gástrica em casos muito graves e que é possível à descompressão por drenagem de conteúdo gástrico. 9.2 COMPLICAÇÕES PULMONARES AN02FREV001/REV 4.0 107 São frequentes e graves para o paciente cirúrgico, em especial para os idosos e debilitados ou aqueles cujo período de convalescença é longo. Grande parte das complicações respiratórias, no entanto, pode ser evitada, a profilaxia consiste em um pré-operatório bem feito e na tomada de precauções durante e após a cirurgia. Por isso, se antes da cirurgia o paciente apresenta sintomas como tosse, espirro, conjuntivas inflamadas e secreção nasal, o cirurgião deve ser avisado imediatamente. Durante a cirurgia, e logo depois também, deve-se evitar que o paciente sinta frio, para protegê-lo de possíveis complicaçõesrespiratórias. Outro procedimento importante para evitar tais problemas é a aspiração de secreções na sala de recuperação. Também é necessário estimular o paciente a realizar exercícios de tosse e respiração, pois com a dor, principalmente em operações torácicas e abdominais, eles evitam respirar profundamente. Dentre as principais complicações encontramos: a) Atelectasia: é a redução do volume de um lobo ou de uma parte ainda maior do pulmão, frequentemente causada pela obstrução de um dos brônquios. Os principais sinais e sintomas são a dispneia de intensidade variável, a cianose em caso de estarem comprometidas grandes áreas do pulmão, dor torácica de localização imprecisa e febre. Em outras palavras, é a obstrução do brônquio por um tampão de muco provocando colabamento dos alvéolos pulmonares. b) Broncopneumonia: ocorre a inflamação da mucosa brônquica associada à inflamação com endurecimento de parte do pulmão ou de todo ele. Normalmente causada por aspiração de vômito ou alimentos, infecção ou intoxicação por produtos químicos. Os sinais mais comuns são a tosse com secreção purulenta ou sanguinolenta, dor ao tossir, febre, dispneia, taquicardia, mal- estar geral. Os cuidados de enfermagem envolvem a identificação dos primeiros sinais de elevação de temperatura, aumento do pulso e respiração, dor torácica, dispneia e tosse, anotando no prontuário do paciente, aspirar secreções, estimular a deambulação ou movimentação no leito, de acordo com as condições do paciente, AN02FREV001/REV 4.0 108 estimular a tosse e a prática de exercícios respiratórios, inclusive com aparelhos especiais, nebulizar, tapotar e promover drenagem postural para o paciente. 9.3 COMPLICAÇÕES VASCULARES São as de natureza circulatória, causadas pela imobilidade do paciente durante a operação. Em virtude disso, o sangue tende a fluir pelas veias mais lentamente do que o normal, podendo levar a problemas como flebite (inflamação de uma veia) e tromboflebite (inflamação de uma veia com formação de coágulos no interior), afetando mais as veias dos membros inferiores. c) Tromboflebite: os coágulos formados e liberados podem ocasionar a interrupção do fluxo sanguíneo de um órgão vital, como por exemplo, do pulmão. Quando o coágulo obstrui a artéria pulmonar, provoca a embolia pulmonar, uma das complicações mais graves no pós-operatório, podendo, inclusive, levar à morte. Os fatores que predispõem a tromboflebite são: já possuir distúrbios venosos em membros inferiores, como varizes; a posição do paciente durante a operação, em especial aquelas nas quais os membros ficam dobrados, como em operações ginecológicas, proctológicas e algumas urológicas; mobilidade no leito e hidratação insuficiente. FIGURA 8 - COMPLICAÇÕES VASCULARES AN02FREV001/REV 4.0 109 FONTE: Disponível em: <http://www.omniccni.com.br/noticias.php?id=26>. Acesso em: 12 set. 2013. FIGURA 9 - COMPLICAÇÕES VASCULARES FONTE: Disponível em: <http://www.unisinos.br/blogs/projeto-alerta/2011/07/11/o-que-e-a-trombose- venosa-profunda>. Acesso em: 12 set. 2013. As medidas preventivas incluem manter o MMII enfaixados, inclusive durante a cirurgia, se for portador de veias varicosas nesses membros; evitar a compressão de vasos sanguíneos, ao posicionar o paciente na mesa cirúrgica; estimular a deambulação precoce; fazer movimentos de extensão e flexão com os MMII, se o paciente estiver impossibilitado de deambular e manter o uso de meias elásticas ou faixas nos MMII, também no PO. Os sinais e sintomas mais comuns incluem: dor local, que se apresenta AN02FREV001/REV 4.0 110 quente, edemaciado, hiperemiado. Febre. Os cuidados incluem: elevar o membro afetado, administrar os anticoagulantes e anti-inflamatórios prescritos e orientar o paciente para fazer repouso, dentre outros. 9.4 COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA Algumas complicações podem ser identificadas na ferida operatória por inúmeras causas diferenciadas no POM, sendo as principais: 9.4.1 Infecção É grande o número de bactérias que causam infecção da ferida operatória, sendo os fatores de risco principais o estado geral, em que a debilidade ou obesidade excessiva, idade avançada, tempo prolongado de internação e da cirurgia, doenças associadas, como o DM e a HAS, responsáveis por grande parte destes casos. Outra situação depende do local da ferida, seu grau de contaminação, falhas cirúrgicas, de realização de curativos, preparo inadequado da pele no pré- operatório, a presença de corpo estranho, de tecido desvitalizado e de hematoma. 9.4.2 Deiscência de sutura e evisceração É a abertura total ou parcial na incisão operatória provocada por rompimento da sutura, infecção, distensão abdominal e estado nutricional. A deiscência com saída de órgãos internos ao meio externo denomina-se evisceração, ocorrendo com maior frequência após cirurgias abdominais. AN02FREV001/REV 4.0 111 FIGURA 10 – DEISCÊNCIA CIRÚRGICA FONTE: Disponível em : <http://4.bp.blogspot.com/- p415f4yBU8U/TmkZ7tIrlTI/AAAAAAAABPc/U2TrWK7ZRLA/s320/22-08-11+4.JPG>. Acesso em: 12 set. 2013. No caso de deiscência pode-se fazer a lavagem com soro fisiológico, utilizar medidas de prevenção e tratamento da ferida operatória e prevenir e tratar a distensão abdominal. No caso da evisceração não manipular os órgãos expostos e não tentar recolocá-los na cavidade, cobrir os órgãos eviscerados com compressas estéreis, umedecidas com soro fisiológico, manter o paciente calmo, em decúbito dorsal e com os joelhos flexionados, deixar o paciente em jejum, comunicar o médico e preparar o paciente para a cirurgia. 9.5 INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO A cirurgia é um procedimento traumático que provoca o rompimento da barreira de defesa da pele, tornando-se, assim, porta de entrada de microrganismos. A infecção do sítio cirúrgico manifesta-se entre 4 a 6 dias após a realização da cirurgia, apresentando localmente eritema, dor, edema e secreção. A prevenção da infecção de sítio cirúrgico envolve medidas pré-operatórias na Unidade de Internação, tais como, por exemplo, abreviação do tempo de AN02FREV001/REV 4.0 112 internação, lavagem criteriosa das mãos pelos profissionais de saúde, banho pré- operatório e tricotomia. No Centro Cirúrgico, as medidas adotadas relacionam-se à preparação do ambiente, equipe cirúrgica e paciente. Segundo o Centers of Desease Control and Prevention (CDC), as infecções de sítio cirúrgico devem ser divididas em: - superficiais: que acometem apenas a pele e o tecido celular subcutâneo; - incisionais profundas: que podem acometer os mesmos tecidos moles mais fáscias e camadas musculares; - infecção de sítio cirúrgico de órgãos ou espaços profundos manipulados durante o ato cirúrgico. As Infecções do sítio cirúrgico são responsáveis por 14 a 16% de todas as infecções hospitalares e representam um problema de saúde pública por acarretarem substancial morbimortalidade e aumentarem os gastos hospitalares. Uma infecção pode ser considerada motivada pela cirurgia se manifestar até 30 dias após o fato. Em alguns casos pode se manifestar até um ano após a cirurgia. Os sinais e sintomas são: para a superficial temos presença de secreção purulenta, cultura positiva de fluídos ou tecidos, dor, hiperemia, edema ou calor local; para a incisional profunda os seguintes sinais e sintomas: febre de 38ºC, dor localizada, rubor e presença de abscessos; e finalmente para órgãos ou espaços profundos temos drenagem purulenta, cultura positiva de fluído ou tecido e abscessos. Alguns fatores de risco contribuem para a aquisição de infecções do sítio cirúrgico, as quais podem ser relacionadas aos pacientes(condições físicas e emocionais), relacionados ao período pré-operatório (internação, procedimentos invasivos e não invasivos, tabagismo, alcoolismo e antibioticoterapia profilática), relacionados ao período intraoperatório (preparação das mãos, limpeza e desinfecção de superfícies, esterilização de artigos médicos e instrumental cirúrgico, uso de roupas e vestimentas cirúrgicas adequadas, ambiente da sala de operação, especificidades da cirurgia e anestesia) e os riscos relacionados ao período pós- operatório (cuidados da incisão). AN02FREV001/REV 4.0 113 10 AVALIAÇÃO O paciente é avaliado com base nos resultados identificados como significativos após a avaliação inicial. - O paciente mantém adequada saturação de oxigênio no ar da sala. - A pressão arterial e a frequência cardíaca estão dentro da variação normal do paciente. - O paciente é normotérmico. - O paciente está orientado quanto a tempo e pessoa. - A dor do paciente reduz-se a nível tolerável. O paciente está relaxado e dormindo a intervalos. O paciente verbaliza alívio da dor. 11 ALTA DA URPA O enfermeiro da URPA completa a avaliação imediatamente antes da alta do paciente e o transfere à enfermaria cirúrgica. O enfermeiro avalia os sinais vitais do paciente, o nível de consciência, as condições do local da cirurgia, o nível de conforto e outros parâmetros como aqueles sugeridos anteriormente. O paciente geralmente recebe alta da URPA que é dada pelo anestesista, o qual pode estar presente e na oportunidade escrever a ordem de alta. Alternativamente, um sistema de escore numérico aprovado pelo Serviço de Anestesia pode ser usado para determinar se o paciente está pronto para a alta. O sistema de escore mais comum em uso é o escore de Aldrete e Kroulik. O escore total de 9 a 10 é aceitável geralmente para a alta da URPA, desde que não haja contraindicação médica. Um relato das condições do paciente é feito para o enfermeiro que assumirá os cuidados do paciente na enfermaria de cirurgia. Esse relato pode ser feito pelo telefone antes que o paciente deixe a URPA ou pessoalmente, depois que o paciente chega à enfermaria. O relato deve incluir a história pré-operatória, informações pertinentes sobre a cirurgia e a recuperação do paciente, medicações que foram administradas, ordens médicas e qualquer outra AN02FREV001/REV 4.0 114 informação importante. 12 ADMISSÃO NA UNIDADE CIRÚRGICA O quarto do paciente é preparado para a admissão, e qualquer equipamento necessário é providenciado. O paciente é colocado no leito com ajuda adequada. As grades laterais do leito devem ser mantidas elevadas até que o paciente esteja completamente consciente para evitar que caia. O paciente é informado para chamar a enfermagem para ajudá-lo na deambulação. A família também é instruída e orientada para manter a segurança do paciente. O equipamento e condição do paciente devem ser explicados aos familiares que estão presentes. 12.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA URPA: Após o recebimento do paciente na unidade cirúrgica, devem ser prestados os seguintes cuidados: 1. Receber o paciente operado, certificando-se do tipo de operação e de anestesia realizados. 2. Checar, logo na chegada, as condições ventilatórias, assim como a presença e a permeabilidade de cânula orofaríngea ou tubo endotraqueal. 3. Realizar exame físico específico, ausculta e observar o estado de consciência do paciente, coloração de pele, mucosas, etc. 4. Posicionar no leito de acordo com a cirurgia e anestesia. Normalmente em decúbito lateral, mas como necessidade por tipo de anestesia em decúbito dorsal, cuidando para a cabeça lateralizada sem travesseiro.5. Conectar drenos e sondas. Se houver necessidade, iniciar o balanço hídrico. 6. Verificar se o curativo cirúrgico apresenta anormalidades, como hemorragias. AN02FREV001/REV 4.0 115 7. Controlar infusões EV, soros, infusão de soroterapias, controle de SSVV tão intensamente conforme o quadro de estabilidade pós-operatória e porte da cirurgia. 8. Controle da diurese. 9. Estimular o paciente a realizar os exercícios respiratórios e de tosse, treinados no pré-operatório. 10. Administrar medicações prescritas criteriosamente. 11. Realizar a mudança de decúbito. 12. Aspirar vias aéreas superiores – VAS - conforme a necessidade, principalmente nos pacientes submetidos à anestesia geral e com déficits respiratórios. QUADRO 13 - ESCALA DE ALDRETE E KROULIK – UTILIZADA COMO ESCORE NUMÉRICO PARA AVALIAÇÃO E ALTA DO PACIENTE NA URPA UNIDADE DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA - ESCALA DE ALDRETE E KROULIK ATIVIDADE 2 1 0 Apto a mover 4 membros Apto a mover 2 membros Incapaz de mover os membros RESPIRAÇÃO 2 1 0 Apto a respirar fundo e tossir Dispneia ou respiração limitada Apneia CIRCULAÇÃO 2 1 0 PA 20 mmHg acima/abaixo do valor pré-anestésico PA 25 mmHg acima/abaixo do valor pré-anestésico PA 50 mmHg acima/abaixo do valor pré-anestésico CONSCIÊNCIA 2 1 0 Lúcido, orientado no tempo e espaço Desperto ao chamar Não responde a estímulos ativos COLORAÇÃO/ Sat. O2 2 Róseo/ Sat. O2 >92% AN02FREV001/REV 4.0 116 1 0 Pálido, marmóreo, ictérico/ Necessita de O2 p/ Sat O2 >90% Cianótico/ Sat. O2<90% mesmo com O2 suplementar 12.2 ÁREA FÍSICA DA URPA A unidade de recuperação pós-anestésica deve estar localizada dentro ou próxima ao centro cirúrgico; CTI e outros recursos como raio-x, laboratório, etc. De acordo com as normas estabelecidas a estrutura física deve obedecer os seguintes itens: - Instalação elétrica – uma tomada de 110 e 220v por leito; - Fornecimento de energia elétrica de emergência (Gerador); - Portas, paredes e pisos apropriados (seguem o indicado para a estrutura do Centro-cirúrgico e salas de operação); - Temperatura ambiente entre 23 e 24ºC; - Ventilação – 12 a 15 trocas/hora; - A iluminação deve favorecer a avaliação precisa e trazer conforto ao paciente; - Os níveis de ruído devem ser mínimos – zona de SILÊNCIO; - Possuir dimensões relacionadas ao tipo e volume de cirurgias realizadas: dois leitos por sala cirúrgica (MS 1994); - Ter área mínima de 8,5 m² por leito. - Possuir equipamentos básicos em cada leito: - Duas saídas de O2 com fluxômetros; - Uma saída de ar comprimido; - Uma fonte a vácuo; - Um foco de luz; - Um monitor cardíaco; - Um oxímetro de pulso; - Um esfigmomanômetro; - Uma cama-maca com grades. AN02FREV001/REV 4.0 117 - Possuir equipamentos e materiais de suporte: - Carro de emergência; - 01 ventilador mecânico; - Materiais de enfermagem diversos; - Entorpecentes; - Cilindros pequenos de O2 para transporte; - Aspirador elétrico; - Elementos: - Sala de estocagem; - Sala de utilidades; - Posto de enfermagem para área de anotações; - Área de preparo de medicações; - Área de visitantes; - Pia para lavagem das mãos. A planta física da URPA deve ser planejada para que haja adequada visualização de todos os pacientes. 12.3 RECURSOS HUMANOS São atribuições do Enfermeiro da URPA: - Ser especialista na área; - Ter reconhecimento científico e prático das situações de emergência que possam ocorrer; - Conhecer as possíveis complicações das especialidades cirúrgicas; - Conhecer as drogas mais usadas em anestesias; - Priorizar prestação dos cuidados complexos ao paciente; - Elaborar plano de cuidados e prescrição para cada paciente; - Aplicar a SAE (Sistematização de Assistência de Enfermagem) – perioperatória; - Conhecer o mapa cirúrgico; - Passar informações do paciente para unidade de origem; AN02FREV001/REV 4.0 118 - Participar de grupos de estudos e pesquisa em anestesia; - Ter visão administrativa da unidade; - Conhecer “o dia cirúrgico”; - Participar de orientaçõesde pacientes e familiares; - Manter o grupo de funcionários treinados; - Controle de entorpecentes; - Estar presente em todas as admissões e altas dos pacientes da URPA; - Viabilizar boletim dos pacientes da unidade a cada hora. São atribuições do técnico de Enfermagem: - Prestar cuidados ao paciente conforme planejamento e supervisão do enfermeiro; - Zelar pelo conforto do paciente; - Aplicar a escala numérica de Aldrete e Kroulik; - Realizar tarefas diárias da unidade determinada pelo enfermeiro; - Participar dos treinamentos; - Emitir junto ao Enfermeiro opiniões e sugestões. 12.4 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Os diagnósticos de enfermagem comuns, relacionados com os cuidados ao paciente pós-anestesia, podem incluir os seguintes: - Padrão respiratório ineficaz; - Débito cardíaco reduzido; - Alto risco para alteração na temperatura corporal; - Processos do pensamento alterado; - Dor. 12.5 IDENTIFICAÇÃO DOS RESULTADOS AN02FREV001/REV 4.0 119 Os resultados identificados para os diagnósticos de enfermagem selecionados poderiam ser afirmados como: - O paciente manterá a ventilação, perfusão e expansão adequadas dos pulmões na alta da URPA; - O paciente manterá o débito cardíaco adequado na alta da URPA; - O paciente manterá a temperatura corporal em níveis normais (35,5 a 37,5°C) na alta da URPA; - O paciente demonstrará apropriado funcionamento cognitivo na alta da URPA; - O paciente exibirá uma redução no nível da dor ou a dor terá melhorado e estará em nível tolerável na alta da URPA. FIM DO MÓDULO III